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Reforma Urbana no Rio de Janeiro

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2a SÉRIE
Aula 15 – 3º bimestre
História
Etapa Ensino Médio
Uma “Paris tropical”: a modernização do Rio de Janeiro via “bota-abaixo”!
Reforma urbana;
Favelização;
Políticas higienistas.
Contextualizar historicamente o projeto de políticas públicas de urbanização da Primeira República para a capital do país – o Rio de Janeiro;
Analisar os impactos da reforma urbana, enfatizando o autoritarismo do "bota-abaixo" e os desdobramentos nas condições de vida, trabalho e moradia da população local;
Estabelecer relações acerca das políticas de urbanização, comparando seus desdobramentos de forma crítica (favelização e gentrificação de espaços urbanos).
Conteúdo
Objetivos
(EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
Reforma urbana são políticas de planejamento social para democratizar o direito à cidade. Seu propósito é readequar os espaços das cidades que não são utilizados, ou utilizados de forma precária. Nesses locais, visa-se construir moradias privadas ou espaços públicos para demandas de lazer, cultura, saúde, educação e outros. 
Imagens do Morro da Providência (“Morro da Favela”) no início do século XX e em 2022. Bairro da Gamboa, cidade do Rio de Janeiro
Para começar
Imagens:
Morro da Providência (Morro da Favela), início do século. Fotografia de A. Malta. Arquivo da Cidade. Disponível em: https://cutt.ly/4wiNPirC. Acesso em: 11 jul. 2023. 
Morro da Providência, fevereiro de 2022. Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em: https://cutt.ly/awiNSpZX Acesso em: 11 de jul. 2023.
Você conhece, em sua cidade, algum projeto de reforma urbana ou plano diretor, que vise reorganizar os espaços da cidade e garantir a melhoria da qualidade de vida da população? 
Qual a importância dessas ações diante das desigualdades e da segregação espacial nos espaços urbanos? Discutam!
TODOS FALAM!
3 MIN.
Para começar
Leia as fontes nos slides a seguir e, em dupla, discuta coletivamente! Registre suas reflexões.
Qual a ironia apresentada na crônica de Lima Barreto em relação à cidade do Rio de Janeiro no período republicano?
Qual ação está sendo narrada na charge da fonte 2? O que é possível afirmar sobre a capital, o Rio de Janeiro, no contexto da publicação da charge? E a charge da fonte 3? O que podemos inferir sobre as condições de vida de determinados setores da população?
Na prática
FONTE 1. 
Revista Careta, 15 de janeiro de 1921. 
 (Lima Barreto)
“Vê-se bem que a principal preocupação do atual governador do Rio de Janeiro é dividi-lo em duas cidades: uma será europeia [...] Todo o dia, pela manhã, quando vou dar o meu passeio filosófico e higiênico, pelos arredores da minha casa suburbana, tropeço nos caldeirões da rua principal da localidade de minha residência, rua essa que foi calçada há bem cinquenta anos, a pedregulhos respeitáveis [...] Por que será que ela não reserva um pouquito dos seus cuidados para essa útil rua das minhas vizinhanças, que até é caminho de defuntos para o cemitério de Inhaúma? [...] Municipalidades de todo o mundo constroem casas populares; a nossa, construindo hotéis chics, espera que, à vista do exemplo, os habitantes da Favela e do Salgueiro modifiquem o estilo das suas barracas. Pode ser…”. 
Na prática
Referência:
BARRETO, LIMA. Careta, 15 de janeiro de 1921. Apud: GONÇALVES, Renata de Sá; FERRO, Lígia (org.). Cidades em mudança: processos participativos em Portugal e no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad X, 2018. Disponível em: https://cutt.ly/mwi4QvNL. Acesso em: 12 jul. 2023.
O Dr. Passos com passo seguro foi à noite ao ex-Paço e quando amanheceu o dia… Foi um dia um barracão. 
(Charge de Calixto Cordeiro ou K. Lixto, Revista O Malho, março de 1903).
Charge do então prefeito Pereira Passos do Rio de Janeiro, com sua picareta pronta para demolir, em tempo recorde, tudo o que se pusesse no caminho da almejada modernização da cidade. 
Revista O Malho, charge de Calixto Cordeiro ou K. Lixto, O Malho, março de 1903.
FONTE 2. 
Imagens:
Charge de Calixto Cordeiro (K. Lixto), O Malho, março de 1903. Disponível em: https://cutt.ly/twi4dB1j Acesso em: 12 jul.de 2023.
Charge do então prefeito Pereira Passos, com sua picareta pronta para demolir, em tempo recorde, tudo o que se pusesse no caminho da almejada modernização da cidade. Revista O Malho, edição de 18 de março de 1905, p. 27. Calixto Cordeiro (K. Lixto). Disponível em: https://cutt.ly/Zwi7fWlj Acesso em: 12 jul.de 2023.
FONTE 3. 
Por causa das Avenidas
Que é isso? No meio da rua?
Que é que o senhor quer, não há casas…
Charge de Raul Pederneira, publicada na Revista O Malho, em 28 de maio de 1904.
Na prática
Imagem:
Charge de Raul Pederneira, publicada em O Malho, em 28 de maio de 1904, p. 26. Disponível em: https://cutt.ly/rwi4n3P6 Acesso em: 12 jul. 2023.
Qual a ironia apresentada na crônica de Lima Barreto em relação à cidade do Rio de Janeiro no período republicano?
Correção
A crônica de Lima Barreto constrói imagens textuais que permitem ao leitor “percorrer” o Rio modernizado em contraste com os espaços urbanos periféricos (localidade na qual a população pobre foi apartada com as reformas da cidade). A partir das ironias, Barreto tece considerações sobre a constituição da tão proclamada chegada da “civilização” no Brasil, defendida pelas elites política e econômica do país. Ao explicitar essa segregação social – refletida na organização do espaço urbano –, ele evidencia a ordem pretendida pelo regime republicano, satirizando que se espera que os habitantes dos morros construam suas barracas ao estilo francês!
Na prática
As charges da revista O Malho de 1903 e 1905 (fonte 2), apresentam caricaturas do então prefeito, Francisco Pereira Passos (mandato de 1902-1906) e a sua política de urbanização e saneamento (denominada Reforma Pereira Passos) ou para a população pobre que ia sendo expulsa da região central, o “bota-abaixo”. O intuito era “civilizar” a capital brasileira. 
Já a charge da fonte 3 reitera o projeto político republicano, que teve entre seus desdobramentos problemas habitacionais históricos na cidade com a ocupação dos morros, as favelas, que passaram a fazer parte da imagem urbana carioca de contraponto à modernização.
Qual ação está sendo narrada na charge da fonte 2? O que é possível afirmar sobre a capital, o Rio de Janeiro, no contexto da publicação da charge? E a charge da fonte 3? O que podemos inferir sobre as condições de vida de determinados setores da população?
Correção
Na prática
Reforma urbana no Rio de Janeiro
“Impossibilitados de participar diretamente das decisões políticas e sendo as escolhas eleitorais controladas pelos grupos oligárquicos, setores da população, em vários momentos, expressaram sua discórdia em relação ao grupo dirigente e às elites econômicas mediante movimentos reivindicatórios ou de protesto. 
O Rio de Janeiro era a capital da República, além de ser importante cidade portuária e canal de comércio com outros países. Sua população estava próxima de um milhão de habitantes no início do século XX, não havendo nenhuma outra cidade desse porte no país. Grande parte dessa população era formada por ex-escravos que viviam em casarões decadentes na região central da cidade próxima ao porto, os quais haviam sido reformados para abrigar muitas famílias.” (CATELLI JR., 2011). 
Foco no conteúdo
Referência:
JR. CATELLI, R. História em rede: conhecimentos do Brasil e do mundo. São Paulo: Scipione, 2011.
“As condições de higiene eram precárias, não havendo infraestrutura suficiente para abrigar a população que se avolumava cada vez mais. 
Distantes dos valores da elite europeizada, essa população era considerada uma ameaça à ordem”.(CATELLI JR., 2011). 
Fotografia Augusto Malta de moradias na rua da Sé, no Rio de Janeiro, em 1906. Barracões que ficavam ao fundo dos prédios, chamados de “cortiços”. A imagem é anterior ao “Bota-Abaixo”, a reformaurbana de Pereira Passos. 
Foco no conteúdo
Referência:
JR. CATELLI, R. História em rede: conhecimentos do Brasil e do mundo. São Paulo: Scipione, 2011.
Imagem:
Fotografia Augusto Malta de moradias na rua da Sé, no Rio de Janeiro, em 1906. Barracões que ficavam ao fundo dos prédios, chamados de “cortiços”, imagem anterior ao “Bota-Abaixo”, a reforma urbana de Pereira Passos. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Disponível em:https://cutt.ly/Nwi7xZgO Acesso em: 12 jul. 2023.
*Augusto César Malta de Campos (1864 -1957) se destacou como fotógrafo oficial da municipalidade, registrando as transformações urbanas, entre 1900 e 1930, idealizadas por Pereira Passos na Capital Federal, o Rio de Janeiro.
“Preocupado com a imagem internacional que a capital brasileira ofereceria aos investidores estrangeiros e com as condições sanitárias da cidade, sempre atingida por epidemias de dengue, tuberculose, tifo, mas especialmente de febre amarela e varíola o governo republicano decidiu realizar uma reforma na capital em três frentes: modernização do porto, reforma urbana e saneamento”. (CATELLI JR., 2011). 
Demolições e obras de preparação para pavimentação na Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, 1904. 
Foco no conteúdo
Referência:
JR. CATELLI, R. História em rede: conhecimentos do Brasil e do mundo. São Paulo: Scipione, 2011.
Imagem:
Brasiliana Fotográfica. Construção da Avenida Central - obras de preparação para pavimentação; trecho em direção à Prainha (atual Praça Mauá). Acervo Instituto Moreira Salles. Disponível em: https://cutt.ly/swi7WAf3 Acesso em: 12 jul. 2023.
“A primeira medida dos reformadores, entre os quais estavam o urbanista e prefeito Pereira Passos e o engenheiro Lauro Muller, foi derrubar os casarões da área central do Rio de Janeiro. 
Dessa forma, iniciou-se o processo de erradicação das doenças, a reforma urbana e a melhoria do acesso ao porto”. (CATELLI JR., 2011). 
Alargamento da Rua Uruguaiana, 1905. Fotografia de Augusto Malta.
Foco no conteúdo
Referência:
JR. CATELLI, R. História em rede: conhecimentos do Brasil e do mundo. São Paulo: Scipione, 2011.
Imagem:
Alargamento da Rua Uruguaiana, 1905. Fotografia de Augusto Malta.Coleção Gilberto Ferrez. Instituto Moreira Salles. Disponível em: https://cutt.ly/Ewi5PVpt Acesso em: 12 jul. 2023.
“As famílias que foram despejadas das casas não receberam indenização, restando-lhes apenas a opção de ir para os morros, onde começaram a ser construídos barracões de madeira. Outras famílias foram morar em cortiços, que logo se tornaram alvo da vigilância sanitária. Caso houvesse uma suspeita de foco de varíola, os moradores eram expulsos das residências, que eram demolidas”. (CATELLI JR., 2011). 
Fotografia de Augusto Malta do Morro da Providência, ou da Favella, que começou a ser ocupado em finais do século XIX por soldados que retornaram da Guerra de Canudos. Continuou crescendo no início do século XX, à medida que recebia a população que ia sendo despejada pelo “bota-abaixo”. Rio de Janeiro, 18 de julho de 1927. 
Referência:
JR. CATELLI, R. História em rede: conhecimentos do Brasil e do mundo. São Paulo: Scipione, 2011.
Imagem:
As habitações precárias, transformadas em cortiço ou casa de cômodos, eram alvos da política do “bota-abaixo”. Fotografia de Augusto Malta. Museu da Imagem e do Som do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: https://cutt.ly/twi5Hdcs Acesso em: 12 jul. 2023.
“Na área antes ocupada pelos casarões, instalaram-se largas avenidas inspiradas no modelo francês, já que também na França havia sido feita uma reforma urbana. Foram construídos luxuosos palacetes, praças e jardins no lugar de 600 edificações”.(CATELLI JR., 2011). 
A remodelação da cidade previa a inserção dos hábitos das metrópoles europeias. O Decreto do prefeito Pereira Passos determinou que só pessoas em trajes completos poderiam circular pela Avenida Central, com ar afrancesado a avenida era o ícone dos novos tempos republicanos. 
Foco no conteúdo
Referência:
JR. CATELLI, R. História em rede: conhecimentos do Brasil e do mundo. São Paulo: Scipione, 2011.
Imagem:
Avenida Central : Rio de Janeiro, [191-?]. Avenida Rio Branco (Rio de Janeiro, RJ). Biblioteca Nacional. https://cutt.ly/0wi52Xqz Acesso em: 12 jul. 2023.
A partir da leitura dos textos nos slides a seguir, desenvolva suas ideias sobre o tema e registre!
Fale mais sobre isso. Aprofunde seus argumentos! 
Os anseios pelo progresso e os projetos de modernização e industrialização no contexto republicano alteraram as condições de vida e de trabalho das populações pobres, como negros e imigrantes nos centros urbanos? Qual seria a relação entre as reformas urbanas no Rio de Janeiro – o chamado “bota-abaixo”, de Pereira Passos – e o surgimento de segregação espacial e de favelização para determinados grupos sociais? 
Na prática
FONTE 1. 
“No alvorecer do século XX, o Rio de Janeiro sofreu, de fato, uma intervenção que alterou profundamente sua fisionomia e estrutura, e que repercutiu como um terremoto nas condições de vida da população, dando origem a uma paisagem nova, que reproduzia vários traços daquela cunhada por Georges Eugène Haussmann, em Paris, três décadas antes. Além das obras de demolição e reconstrução sem precedentes na história dessa e de outras cidades brasileiras, um cipoal de leis e posturas procurou coibir ou disciplinar esferas da existência social refratárias à ação do Estado. [...] Na paisagem urbana colonial, os escravos coloriam as ruas com seus cantos de trabalho. No começo do século XX, eram negros, mestiços e brancos, brasileiros e europeus, irmanados na condição de homens juridicamente livres - escravos, agora, de suas necessidades”. (BENCHIMOL, 2013).
Refratário: resistente.
Na prática
Referência:
BENCHIMOL, J. Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro. IN: FERREIRA. J; DELGADO. L. de A. N. (orgs.). O Brasil Republicano. O tempo do liberalismo excludente: da Proclamação da República à Revolução de 1930. Vol. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. 
*Georges Haussmann foi o prefeito que pôs abaixo os bairros medievais parisienses para construir uma nova e moderna metrópole. 
“[...] colhem-se vívidos retratos de personagens desse universo: meninos vendendo jornais, negro fabricando cestas na calçada, vendedor de carvão puxando burros carregados, o português que toca os perus com a vara comprida, o vendedor de abacaxi, o italiano do peixe, a negra da canjica...
Fosse a intenção banir ambulantes e artesãos, ou formas arcaicas de distribuição e transporte, fosse apenas arrecadar recursos, 0 fato é que Pereira Passos usou de todo o rigor contra esses segmentos mais vulneráveis da População, para os quais O pagamento de licenças ou multas representava, muitas vezes, encargo insustentável [...].
O embelezamento imposto à força de decretos atingiu, também, frações do capital mercantil. Foi proibida, nas lojas, a exposição de artigos nos umbrais e vãos de porta que davam para a via pública; agora só em vitrines. [...] Independentemente das razões invocadas para justificar cada um desses atos, eles traduzem um discurso, uma mentalidade, um projeto moralizador e autoritário ao extremo: ao Estado cabia transformar, na marra, a multidão indisciplinada de "pés descalços" em cidadãos talhados segundo os estereótipos que serviam à burguesia europeia para o exercício de sua dominação”. (BENCHIMOL, 2013).
Referência:
BENCHIMOL, J. Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro. IN: FERREIRA. J; DELGADO. L. de A. N. (orgs.). O Brasil Republicano. O tempo do liberalismo excludente: da Proclamação da República à Revolução de 1930. Vol. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. 
FONTE 2. 
“Quando as finanças da República foram recuperadas [...], sobraram recursos para as obras há muito planejadas de saneamento e embelezamento da cidade. Tudo foi feito com a eficiência e rapidez permitidas pelo estilo autoritário e tecnocrático inaugurado pela República. O engenheiro-prefeito pediu a suspensãodo funcionamento da Câmara dos Vereadores por seis meses para poder agir livremente e decretar a legislação necessária para o rápido encaminhamento das reformas. Um médico sanitarista foi encarregado das medidas de higiene pública. Tendo Paris como modelo, o centro da cidade foi depressa modificado, a avenida Beira-Mar foi aberta, jardins foram criados e reformados [...] sem esquecer a construção do novo porto”. [...] (CARVALHO, 1987).
Na prática
Referência:
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 40-41 .
“[...] A população que se comprimia nas áreas afetadas pelo bota-abaixo de Pereira Passos teve ou de apertar-se mais no que ficou intocado, ou de subir os morros adjacentes, ou de deslocar-se para a Cidade Nova e para os subúrbios da Central. Abriu-se espaço para o mundo elegante que anteriormente se limitava aos bairros chiques, como Botafogo, e se espremia na rua do Ouvidor.
[...] 
No Rio reformado circulava o mundo belle époque fascinado com a Europa, envergonhado do Brasil, em particular do Brasil pobre e do Brasil negro”. (CARVALHO, 1987).
Na prática
Referência:
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 40-41 .
“Não há quem ignore que, com as demolições e reconstrucções que o aformoseamento da cidade exigiu, houve no Rio uma verdadeira “crise de habitação”. O numero de casas habitáveis diminuiu em geral [...] Além disso, diminuiu especialmente, e de modo notável, o numero de casas modestas destinadas á moradia da gente pobre, - porque, substituindo as ruas estreitas e humildes [...] rasgaram-se ruas largas e sumptuosas em que edificaram palacetes elegantes e caros. 
[...] É uma crise completa e terrivel: ha poucas casas para os humildes, e essas mesmas poucas alugam-se por um preço que não é acessivel ao que possuem os pouco favorecidos de fortuna [...].” Kosmos - Revista Artistica, Scientifica e Litteraria (RJ), 1907. [Grafia original]. 
FONTE 3.
Referência:
Kosmos - Revista Artistica, Scientifica e Litteraria (RJ), 1907. Biblioteca Nacional digital, p.02. Disponível em: https://cutt.ly/Hwi61KMK Acesso em: 12 jul. 2023. 
Correção
Os anseios pelo progresso e os projetos de modernização e industrialização no contexto republicano alteraram as condições de vida e de trabalho das populações pobres, como negros e imigrantes nos centros urbanos? Qual seria a relação entre as reformas urbanas no Rio de Janeiro – o chamado “bota-abaixo”, de Pereira Passos – e o surgimento de segregação espacial e de favelização para determinados grupos sociais? 
O contexto da modernização da cidade do Rio de Janeiro está relacionado ao fenômeno das desigualdades e exclusão sociais, além da estigmatização de grupos sociais decorrentes do surgimento das favelas. A urbanização e as políticas públicas republicanas, de caráter autoritário, alteraram os espaços públicos e o acesso ao trabalho, levando determinados grupos sociais, cada vez mais, no sentido literal, à margem da sociedade.
Na prática
Da mesma maneira, as formas de trabalho exercidas pela população pobre de nacionais, ex-escravizados, mas também imigrantes que não se fixavam nas fazendas de café e dirigiam-se aos centros urbanos em busca de oportunidades de emprego eram precárias. Apesar do crescente processo de industrialização, principalmente da produção de gêneros de consumo, a demanda por trabalhadores era menor do que o acelerado crescimento demográfico das cidades, legando a esses grupos a informalidade, a deterioração das condições de trabalho. Obviamente, os negros possuíam ainda maior dificuldade de acesso ao trabalho, disputando com imigrantes oportunidades, e, para o discurso do período, “um ser anômalo para os novos tempos”, já que representava o passado escravocrata, “com tendências ao desregramento e à desorganização”, o que lhes legou à marginalidade social. 
Correção
Na prática
Referência:
WISSENBACH, M. C. Da escravidão à liberdade: dimensões de uma privacidade possível. In: NOVAIS, F.; SEVCENKO, N. (org.). História da vida privada no Brasil. República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 112-113.
As políticas públicas concernentes à moradia mostravam as “preocupações” com o avanço dos cortiços, também decorrentes do aumento populacional, tendo em vista suas condições sanitárias, no entanto, as “soluções” eram a proibição e coerção, desalojando e levando esses grupos a outras áreas da cidade. A população pobre era afastada das regiões centrais, agora ocupadas pelas elites, com seus figurinos parisienses. 
As desigualdades e a estratificação socioespaciais revelam permanências evidentes na contemporaneidade, já que, ao longo do tempo, cortiços e favelas coexistiram e ampliaram as áreas periféricas da cidade, como o caso do Rio de Janeiro.
Correção
Na prática
PROBLEMAS & SOLUÇÕES
É recorrente nas grandes cidades o problema da gentrificação*. 
“A reforma higienista realizada há mais de um século formatou a capital fluminense a partir de uma tendência que ainda se repete. Para ampliar as vias e implementar praças, houve um custo humano. Os cortiços foram fechados, e a população despejada para o que viria a se consolidar como as favelas atuais. Atualmente, a região portuária do Rio de Janeiro, por exemplo, está entre as regiões mais gentrificadas”.
(Adaptado de Estadão Mobilidade, 2022).
*Processo de transformação de áreas urbanas que leva ao encarecimento do custo de vida e aprofunda a segregação socioespacial nas cidades.
Aplicando
Referência:
Estadão Summit Mobilidade. Gentrificação: 3 casos documentados no Brasil. Set. 2022. Disponível em: https://cutt.ly/ZwooQUqD. Acesso em: 13 jul. 2023.
“Grandes espaços restam vazios, com barracões abandonados, enquanto centenas de milhares de pessoas se acumulam em espaços mínimos nos morros cariocas — questão que se tornou ainda mais dramática durante a pandemia, que exigiu um isolamento impossível nas condições da geografia dessas comunidades. As ‘revitalizações’ da região portuária do Rio — agora, conhecida como Porto Maravilha — aconteceram sob forte pressão de dois eventos: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
As críticas feitas a esse processo não são pelo investimento, exatamente, mas por se tratar de um fenômeno que afasta as pessoas pobres e ‘higieniza’ os locais, agravando a desigualdade social e acendendo um alerta sobre o racismo”. (Adaptado de Estadão Mobilidade, 2022).
Aplicando
Referência:
Estadão Summit Mobilidade. Gentrificação: 3 casos documentados no Brasil. Set. 2022. Disponível em: https://cutt.ly/ZwooQUqD. Acesso em: 13 jul. 2023.
Elabore, em itens, argumentos, avaliando os problemas relacionados à gentrificação e ao lado possíveis soluções! 
“O problema é sensível também porque hoje já ocorre um processo chamado de gentrificação periférica, ou seja, mesmo as favelas vivem esse problema, tornando a resolução cada vez mais complexa.” (Adaptado de Estadão Mobilidade, 2022).
Aplicando
Referência:
Estadão Summit Mobilidade. Gentrificação: 3 casos documentados no Brasil. Set. 2022. Disponível em: https://cutt.ly/ZwooQUqD. Acesso em: 13 jul. 2023.
Contextualizamos historicamente o projeto de políticas públicas de urbanização da Primeira República para a capital do país – o Rio de Janeiro;
Analisamos os impactos da reforma urbana, enfatizando o autoritarismo do "bota-abaixo" e os desdobramentos nas condições de vida, trabalho e moradia da população local;
Estabelecemos relações acerca das políticas de urbanização, comparando seus desdobramentos de forma crítica (favelização e gentrificação de espaços urbanos).
O que aprendemos hoje?
Tarefa SP
Localizador: 99470
Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br
Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
Copie o localizador acima e cole nocampo de busca.
Clique em “Procurar”. 
Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/
30
Slide 6 – BARRETO, Lima. Careta, 15 de janeiro de 1921. In: GONÇALVES, Renata de Sá; FERRO, Lígia (org.). Cidades em mudança: processos participativos em Portugal e no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad X, 2018. Disponível em: https://cutt.ly/mwi4QvNL. Acesso em: 12 jul. 2023.
Slides 11 a 16 – JR. CATELLI, R. História em rede: conhecimentos do Brasil e do mundo. São Paulo: Scipione, 2011.
Slides 18 e 19 – BENCHIMOL, J. Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro. In: FERREIRA, J; DELGADO. L. de A. N. (org.). O Brasil republicano. O tempo do liberalismo excludente: da Proclamação da República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. v. 1.
Slides 20 e 21 – CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
Referências
Slide 22 – Kosmos – Revista Artistica, Scientifica e Liiteraria (RJ), 1907. Biblioteca Nacional digital, p. 2. Disponível em: https://cutt.ly/Hwi61KMK. Acesso em: 12 jul. 2023. 
Slide 24 – WISSENBACH, M. C. Da escravidão à liberdade: dimensões de uma privacidade possível. In: NOVAIS, F.; SEVCENKO, N. (org.). História da vida privada no Brasil. República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. 
Slide 26 a 28 – Estadão Summit Mobilidade. Gentrificação: 3 casos documentados no Brasil. Set. 2022. Disponível em: https://cutt.ly/ZwooQUqD. Acesso em: 13 jul. 2023.
LEMOV, Doug. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2023. 
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – Morro da Providência (Morro da Favella), início do século. Fotografia de A. Malta. Arquivo da Cidade. Disponível em: https://cutt.ly/4wiNPirC. Acesso em: 11 jul. 2023; Morro da Providência, fevereiro de 2022. Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em: https://cutt.ly/awiNSpZX. Acesso em: 11 jul. 2023.
Slide 7 – Charge de Calixto Cordeiro (K. Lixto), O Malho, março de 1903. Disponível em: https://cutt.ly/twi4dB1j. Acesso em: 12 jul. 2023; Revista O Malho, edição de 18 de março de 1905, p. 27. Calixto Cordeiro (K. Lixto). Disponível em: https://cutt.ly/Zwi7fWlj. Acesso em: 12 jul.de 2023
Slide 8 – Charge de Raul Pederneira, publicada em O Malho, em 28 de maio de 1904, p. 26. Disponível em: https://cutt.ly/rwi4n3P6. Acesso em: 12 jul. 2023. 
Slide 12 – Fotografia Augusto Malta de moradias na rua da Sé, no Rio de Janeiro, em 1906. Barracões que ficavam ao fundo dos prédios, chamados de “cortiços”, imagem anterior ao “Bota-Abaixo”, a reforma urbana de Pereira Passos. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Disponível em: https://cutt.ly/Nwi7xZgO. Acesso em: 12 jul. 2023.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 13 – Brasiliana Fotográfica. Construção da Avenida Central – obras de preparação para pavimentação; trecho em direção à Prainha (atual Praça Mauá). Acervo Instituto Moreira Salles. Disponível em: https://cutt.ly/swi7WAf3. Acesso em: 12 jul. 2023.
Slide 14 – Alargamento da Rua Uruguaiana, 1905. Fotografia de Augusto Malta. Coleção Gilberto Ferrez. Instituto Moreira Salles. Disponível em: https://cutt.ly/Ewi5PVpt. Acesso em: 12 jul. 2023.
Slide 15 – As habitações precárias, transformadas em cortiço ou casa de cômodos, eram alvos da política do “bota-abaixo”. Fotografia de Augusto Malta. Museu da Imagem e do Som do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: https://cutt.ly/twi5Hdcs. Acesso em: 12 jul. 2023.
Slide 16 – Avenida Central: Rio de Janeiro, [191-?]. Avenida Rio Branco (Rio de Janeiro, RJ). Biblioteca Nacional. https://cutt.ly/0wi52Xqz. Acesso em: 12 jul. 2023.
Gifs e imagens ilustrativas elaboradas especialmente para este material a partir do Canvas. Disponível em: https://www.canva.com/pt_br/. Acesso em: 13 jul. 2023. 
Referências
Material 
Digital

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