Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SAÚDE DA MULHER Escola Técnica Complemento Professora Enfermeira Sarah Canelas sarah.canelas@gmail.com PAISM O Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) foi criado em 1984 com a proposta de descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços, incluindo ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação. A assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto, puerpério, climatério, planejamento familiar, IST, câncer de colo de útero e de mama, além do atendimento a outras necessidades femininas, também fazem parte do PAISM. PAISM A criação do PAISM foi uma demanda dos movimentos sociais femininos e dos movimentos sanitaristas, que ajudaram a construir o Programa. Antes do PAISM, só era vista a saúde reprodutiva da mulher. As outras queixas não eram investigadas. A mulher precisa ser vista em sua integralidade e hoje temos ações voltadas para a promoção da saúde e medidas de prevenção. Foi ampliado o atendimento para casos de câncer, obesidade, drogas e também violência doméstica e sexual. PAISM Os últimos anos também marcaram a implantação de políticas de saúde femininas, como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, lançada em 2004 pelo Ministério da Saúde. No mesmo ano, foi criado o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal. Em 2005, foi implantada a Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos e, no ano seguinte, foi instituída a Política de Atenção Integral à Reprodução Humana Assistida. Em 2007, surgiram a Política Nacional de Planejamento Familiar e o Plano Integrado de Enfrentamento da Feminização da Epidemia de AIDS e, em 2008, foi lançada a Política Nacional pelo Parto Natural e Contra as Cesáreas Desnecessárias em parceria com a Agência Nacional de Saúde (ANS). PAISM Os resultados das políticas de saúde da mulher podem ser medidos pelos indicadores divulgados pelo Ministério da Saúde. Um bom exemplo é o Pré-Natal. Em 1986, o percentual de grávidas que nunca consultaram um médico era de 26%. Já em 2006, esse número caiu para 1,3%. O aleitamento materno também tem números positivos. A Pesquisa Nacional de Demografia e saúde (PNDS 2006) mostrou que 40% dos bebês são alimentados exclusivamente com leite materno nos primeiros seis meses de vida. Em relação aos partos, houve um aumento de 77,6% para 88,7% na assistência do médico durante o parto nos últimos 25 anos. No meio rural, a presença do médico passou de 57,7%, em 1996, para 82,6% em 2006. Já na área de prevenção ao câncer ginecológico, houve uma ampliação do número de mamografias de 2,02 milhões, em 2003, para 2,9 milhões em 2008. Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período, às demandas relativas à gravidez e ao parto. Os programas materno-infantis, elaborados nas décadas de 30, 50 e 70, traduziam uma visão restrita sobre a mulher, baseada em sua especificidade biológica e no seu papel social de mãe e doméstica, responsável pela criação, pela educação e pelo cuidado com a saúde dos filhos e demais familiares. Há análises que demonstram que esses programas preconizavam as ações materno- infantis como estratégia de proteção aos grupos de risco e em situação de maior vulnerabilidade, como era o caso das crianças e gestantes. Outra característica desses programas era a verticalidade e a falta de integração com outros programas e ações propostos pelo governo federal. As metas eram definidas pelo nível central, sem qualquer avaliação das necessidades de saúde das populações locais. Um dos resultados dessa prática é a fragmentação da assistência (COSTA, 1999) e o baixo impacto nos indicadores de saúde da mulher. Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher A Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher deve contemplar a população feminina em idade reprodutiva, ou seja, de 10 a 49 anos, são 58.404.409 e representam 65% do total da população feminina, conformando um segmento social importante para a elaboração das políticas de saúde. Segundo Laurenti (2002), em pesquisa realizada nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, analisando óbitos em mulheres de 10 a 49 anos (ou seja, mulheres em idade fértil), as dez primeiras causas de morte encontradas foram as seguintes, em ordem decrescente: acidente vascular cerebral, aids, homicídios, câncer de mama, acidente de transporte, neoplasia de órgãos digestivos, doença hipertensiva, doença isquêmica do coração, diabetes e câncer de colo do útero. A mortalidade associada ao ciclo gravídico-puerperal e ao aborto não aparece entre as dez primeiras causas de óbito nessa faixa etária. No entanto, a gravidade do problema é evidenciada quando se chama atenção para o fato de que a gravidez é um evento relacionado à vivência da sexualidade, portanto não é doença, e que, em 92% dos casos, as mortes maternas são evitáveis. Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher A mortalidade materna é um bom indicador para avaliar as condições de saúde de uma população. A partir de análises das condições em que e como morrem as mulheres, pode-se avaliar o grau de desenvolvimento de uma determinada sociedade. Razões de Mortalidade Materna (RMM) elevadas são indicativas de precárias condições socioeconômicas, baixo grau de informação e escolaridade, dinâmicas familiares em que a violência está presente e, sobretudo, dificuldades de acesso a serviços de saúde de boa qualidade. Estudo realizado pela OMS estimou que, em 1990, aproximadamente 585.000 mulheres em todo o mundo morreram vítimas de complicações ligadas ao ciclo gravídico-puerperal. Apenas 5% delas viviam em países desenvolvidos (COELHO, 2003). Nas capitais brasileiras, para o ano de 2001, a RMM corrigida foi de 74,5 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos. As principais causas da mortalidade materna são a hipertensão arterial, as hemorragias, a infecção puerperal e o aborto, todas evitáveis (BRASIL, 2003). Objetivos Gerais da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher ◦ Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro. ◦ Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer espécie. ◦ Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. Objetivos Específicos e Estratégias da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher ◦ Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para as portadoras da infecção pelo HIV e outras DST; ◦ Estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde; ◦ Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adolescentes; ◦ Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência doméstica e sexual; ◦ Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids na população feminina; ◦ Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina; Objetivos Específicos e Estratégias da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher ◦ Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob o enfoque de gênero; ◦ Implantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério; ◦ Promover a atenção à saúde da mulher na terceira idade; ◦ Promover a atenção à saúde da mulhernegra; ◦ Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da cidade; ◦ Promover a atenção à saúde da mulher indígena; Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e controle de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids nessa população; ◦ Fortalecer a participação e o controle social na definição e implementação das políticas de atenção integral à saúde das mulheres Anatomia Feminina Anatomia Feminina Fisiologia Feminina – Funções gerais ◦ Produzir gametas - ovócito ◦ Secretar hormônios sexuais ◦ Receber os espermatozóides ◦ Fornecer locais para fertilização, implantação e desenvolvimento embrionário e fetal. ◦ Oferecer condições para o parto ◦ Prover nutrição do feto Fisiologia Feminina – Funções Especificas ◦ Ovários São responsáveis pela produção dos gametas e hormônios femininos. Localizam-se lateralmente na cavidade pélvica, em depressões denominadas fossas ováricas. ◦ Tubas Uterinas As tubas uterinas têm como função a condução dos ovócitos. A tuba está subdividida em quatro partes, que indo do útero para o ovário, é: intramural ou uterina, istmo, ampola e infundíbulo. O infundíbulo tem forma de funil em cuja base se encontra o óstio abdominal da tuba e é dotado em suas margens de uma série de franjas irregulares – as fímbrias. Fisiologia Feminina – Funções Especificas ◦ Útero É um órgão oco, cuja função é alojar o embrião/feto até que este complete seu desenvolvimento pré- natal. Está localizado na cavidade pélvica, póstero-superiormente à bexiga urinária e anterior ao reto. Sua posição é descrita como em anteversoflexão, formando um ângulo de aproximadamente 90º com a vagina. Externamente, no útero, distinguem-se quatro regiões anatômicas: fundo, corpo, istmo e cérvix ou colo do útero. Internamente apresenta uma abertura mediana chamada de canal uterino que se abre para a vagina através do óstio uterino. O ligamento largo, juntamente com o ligamento redondo, é o principal meio de fixação do útero. ◦ Vagina As suas funções são: servir como órgão de cópula, canal do parto e via de excreção do fluxo menstrual. Está localizada entre a bexiga urinária, o reto e o canal anal. A cavidade da vagina possui um lúmen estreito, sendo que suas paredes ficam praticamente unidas. A vagina se comunica com o útero por meio do óstio uterino e com o meio externo por meio do óstio da vagina, que se abre no vestíbulo da vagina. Órgãos Genitais Externos Os órgãos genitais externos em conjunto formam o pudendo feminino ou vulva. Vulva ou pudendo feminino: ◦ Monte do púbis - É uma elevação mediana, anterior à sínfise púbica e constituída principalmente de tecido adiposo. Apresenta pelos espessos chamados de pelos pubianos, que aparecem na puberdade e com distribuição característica. ◦ Lábios maiores do pudendo - É duas pregas cutâneas, alongadas, que delimitam entre si uma fenda, a rima do pudendo. Após a puberdade apresentam-se hiperpigmentadas e cobertos de pelos somente nas suas faces externas, sendo suas faces internas lisas e desprovidas de pelos. ◦ Lábios menores do pudendo - São duas pequenas pregas cutâneas, localizadas medialmente aos lábios maiores. É recoberto por pele lisa, úmida e vermelha. Ficam protegidos pelos lábios maiores, exceto nas crianças e na idade avançada, quando os lábios maiores apresentam menor quantidade de tecido adiposo diminuindo assim o seu volume. O espaço entre os lábios menores é o vestíbulo da vagina, onde estão localizados o óstio externo da uretra, o óstio da vagina e os orifícios dos ductos das glândulas vestibulares. Órgãos Genitais Externos ◦ Glândulas vestibulares maiores e menores - As maiores são em número de duas e as menores em número variável. Estão situadas profundamente no vestíbulo e possuem ductos que se abrem ao redor do ostio vaginal onde liberam um muco lubrificador. ◦ Clitóris – É o homólogo do pênis, ou mais exatamente, dos corpos cavernosos do pênis. Possui duas extremidades fixadas ao ísquio e ao púbis chamados de ramos do clitóris, que se juntam formando o corpo do clitóris, e este apresenta uma dilatação distal denominada glande do clitóris. Apenas a glande do clitóris é visível e está ligada à excitabilidade sexual feminina. ◦ Bulbo do vestíbulo - É formado por duas massas pares de tecido erétil, alongadas e dispostas ao redor do óstio da vagina. Não são visíveis na superfície porque estão profundamente situados e recobertos. São os homólogos do bulbo do pênis e porção adjacente do corpo esponjoso. Quando cheios de sangue, dilatam-se e desta forma proporcionam maior contato entre o pênis e o orifício da vagina. Fases reprodutivas da mulher As fases da mulher podem ser divididas de formas diferentes, conforme estudos, pesquisas e autores e especialistas. Mas existem quatro que são comumente abordadas: ◦ Menarca; ◦ Idade fértil ou Menacme; ◦ Climatério; ◦ Menopausa; ◦ Senilidade ou Pós-menopausa. Menarca ◦ A primeira menstruação (menarca) é o fim da infância (puberdade) e um dos períodos mais marcantes da vida reprodutiva feminina. ◦ Não existe uma idade fixa para que ela aconteça, mas varia dos 10 aos 15 anos. ◦ A menstruação dura em torno de 3 a 8 dias. Os ciclos podem ser irregulares no início, mas normalizam com o passar do tempo, após o amadurecimento do eixo hormonal. ◦ Nessa fase, ocorrem inúmeras mudanças no corpo feminino, já que tem início a produção de hormônios pelos ovários (estrogênio e progesterona). Essas alterações podem ser visíveis ainda na puberdade: estirão de crescimento, aumento dos quadris, aparecimento de pelos pubianos e desenvolvimento das mamas. ◦ A primeira menstruação indica que a adolescente está ovulando, por isso já é possível engravidar. Idade fértil ou Menacme ◦ É o período em que a mulher se encontra em idade fértil. Inicia-se com a puberdade e vai até a menopausa. ◦ Nessa fase da vida, a mulher pode ficar grávida e, quanto mais cedo, maior a chance de gravidez. O declínio da chance ocorre depois dos 35 anos de idade. Climatério É o período de transição do período fértil para o período não reprodutivo. A primeira fase do climatério ocorre a partir dos 40 anos, quando o ciclo menstrual reduz, embora o fluxo possa ser abundante. A segunda fase ocorre por volta dos 50 anos; nessa etapa, o ciclo fica mais longo, e o fluxo, bem menor. É nessa fase que as ondas de calor e a irritabilidade começam a surgir. Todas essas mudanças ocorrem por causa do estrógeno. A produção desse hormônio pelos óvulos é drasticamente reduzida durante a fase de transição. A ausência do estrógeno é a responsável pelas ondas de calor, alteração da libido e perda de massa óssea, o que aumenta o risco de osteoporose. Na fase do climatério, ocorrem ciclos menstruais irregulares, por isso existe uma pequena chance de engravidar. Para se ter uma ideia, até os 35 anos de idade, as chances de gravidez são de 85% por ano. Dos 40 aos 44 anos, quando tem início o climatério, esse índice pode cair para 10% a 15%. Menopausa A menopausa corresponde ao último ciclo menstrual, ou seja, a última menstruação. Ocorre, em geral, entre os 45 e 55 anos. Quando ocorre por volta dos 40 anos, é chamada de menopausa prematura ou precoce. O termo menopausa é, muitas vezes, utilizado indevidamente para designar o climatério, que é a fase de transição do período reprodutivo, ou fértil, para o não reprodutivo na vida da mulher. A principal característica da menopausa é a parada das menstruações. Ao falar dos sintomas da menopausa, algumas pessoas podem encará-la como como um problema de saúde. Apesar de poder apresentar dificuldades, o climatério é um período importante e inevitável na vida da mulher, devendo ser encarado como um processo natural, e não como doença. Para muitas mulheres, a chegada da menopausa provoca irregularidades menstruais, menstruações mais escassas, hemorragias, menstruações mais ou menos frequentes. Outrossinais e sintomas característicos como ondas de calor (fogachos), alterações do sono, da libido e do humor, bem como atrofia (enfraquecimento ou definhamento) dos órgãos genitais, aparecem em seguida. Senilidade ou Pós-menopausa ◦ Desencadeia alterações significativas no organismo da mulher, como perda da libido, maior propensão a infecções urinárias, aumento do risco de câncer de mama, osteoporose, doenças cardíacas e depressão. ◦ Muitas mulheres optam pela reposição hormonal para suprir a falta do estrogênio e diminuir os efeitos dessa ausência brusca no corpo. Entretanto, é fundamental procurar a orientação de um ginecologista para verificar as melhores condições da terapia hormonal durante o climatério e a menopausa.
Compartilhar