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PRODUÇÃO GRÁFICA AULA 6 Prof. Humberto Costa 2 CONVERSA INICIAL Prezado aluno, esta aula tem por objetivo abordar cinco temas importantes no universo da Produção Gráfica. São temas que ampliarão seus conhecimentos e te darão elementos para produzir e eleger os processos corretos a serem utilizados em um projeto de design. Nesse caminho a ser trilhado, vamos falar das tintas, dos processos de acabamento, de encadernação, de cortes e dobras e finalizaremos com a Estampagem e Gofragem. CONTEXTUALIZANDO Tão importante quanto o papel são as tintas. Conhecê-las faz parte do repertório de qualquer profissional envolvido com a Produção Gráfica. Atualmente, há tintas recomendadas para cada tipo de suporte, bem como para cada processo de impressão que será utilizado na produção de um material impresso. Os avanços tecnológicos ocorridos permitiram o desenvolvimento de vários tipos de tintas e algumas delas têm aplicação bem específica, como é o caso das tintas termocrômicas e das tintas reativas à luz UV, por exemplo. Veremos que o processo de acabamento é capaz de agregar valor a um produto. De outro lado, um acabamento mal escolhido ou mal executado pode deitar por terra todo um trabalho e isso trará inúmeros dissabores para o profissional e para o cliente. É verdade que muitas gráficas são capazes de executar algum tipo de acabamento. No entanto, acabamentos especiais ou mais elaborados devem ser feitos por empresas especializadas. As dobras e cortes podem fazer grande diferença em um trabalho. A escolha correta das dobras também pode agregar valor a um trabalho, uma vez que ressalta qualidades positivas de um trabalho. Para se ter uma ideia, quanto maior a gramatura do papel, menor será o número de dobras possível e, em certos casos, em vez da dobra, a alternativa viável será o vinco. Isso para correr o risco de “quebrar” o papel. O mesmo pode ser dito acerca do corte. Hoje em dia, temos cortes que são feitos por processos sofisticados, como o corte a laser. No que concerne à Estampagem e à Gofragem, veremos que tais processos de acabamento são capazes de conferir sofisticação a um trabalho. Todavia, estão sujeitos a gostos e estilo de uma época. 3 TEMA 1 – TINTAS As tintas, assim como o papel, por exemplo, representam um custo considerável no universo da Produção Gráfica. Também é outro elemento que causa muita poluição. No geral, as empresas tendem a investir considerável soma na pesquisa para minimizar o uso desse agente e, consequentemente, seu impacto no meio ambiente. Gutemberg, após inventar a imprensa, também desenvolveu a tinta que seria utilizada no processo de impressão. Essa tinta era feita de óleo de linhaça fervido com resina, sabão e fuligem (Bann, 2012). Também eram empregados água e cola na composição das tintas. Depois da descoberta de novas substâncias vegetais e minerais, pigmentos, pastas-base e óleos sintéticos, as tintas passaram por uma evolução industrial (Silva, 2008). Na atualidade, encontramos diversos tipos de tintas que são capazes de imprimir em diversos suportes e de serem usadas em diferentes processos de impressão. Basicamente, as tintas podem ser divididas em dois grupos: líquidas e pastosas. As tintas líquidas apresentam maior fluidez e são usadas em processos de impressão com a Flexografia e a Rotogravura. Já as tintas pastosas apresentam viscosidade (alta ou baixa) e são utilizadas em processos de impressão como Offset e em processos relevográficos. Figura 1 – O pigmento Créditos: Rosa Frei/Shutterstock. 4 Na atualidade, as tintas são compostas dos seguintes ingredientes: pigmento (ver Figura 1), resinas, líquidos e aditivos. O pigmento, orgânico ou inorgânico, tem por função conferir cor e cobertura, além de melhorar determinadas características físicas da tinta. As resinas são responsáveis pela aglutinação do pigmento. Os líquidos são responsáveis por conferir fluidez às tintas, e assim elas são capazes de serem transportadas nos roletes entintadores e na blanqueta da impressora. Os aditivos colaboram para que haja um bom desempenho na impressão e na secagem do material impresso. Na produção das tintas, na grande maioria dos casos, os ingredientes acima são misturados. Pode ser usado um misturador de tintas que dissolve os ingredientes até obter uma consistência uniforme. Na Figura 2, vemos uma tinta sendo produzida com a mistura de pigmento. Note que um misturador está sendo usado na produção. Figura 2 – Produção de uma cor Créditos: DenisProduction.com/Shutterstock. Segundo a teoria cromática, as tintas podem ser classificadas pelos seguintes aspectos: tom, saturação e luminosidade. O tom diz respeito à cor da tinta (vermelho, azul, amarelo etc.). Há também o subtom, isto é, a variação da cor (amarelo-esverdeado, vermelho-amarelado etc.). A saturação diz respeito à pureza da cor. Uma tinta saturada é mais pura e mais limpa, e uma tinta menos saturada é mais escura (suja). A luminosidade se refere à capacidade de reflexão da luz branca. 5 Acerca da secagem, esta pode ocorrer por absorção/oxidação, fotopolimerização e elevação da temperatura (Silva, 2008). A secagem por absorção ocorre quando o suporte absorve a tinta (a impressão feita em papel, por exemplo). Na oxidação, a tinta, ao entrar em contato com o Oxigênio seca (algo que acontece no processo de impressão Offset). Na secagem por fotopolimerização, a tinta UV seca quando entra em contato com a luz ultravioleta. Esse tipo de tinta é utilizado na impressão de suporte não porosos, como é o caso dos plásticos em geral e dos papéis metalizados. Na secagem da tinta por elevação de temperatura, o suporte impresso passa por um forno elétrico. Encontramos esse tipo de secagem sendo usado nas impressoras rotativas que são alimentadas por bobinas de papel. As tintas das quatro cores de processo (CMYK) são produzidas seguindo padrões internacionais. Isso é importante para que as cores obtidas sejam iguais, independentemente da região geográfica. No caso das cores especiais, estas são misturadas manualmente. Nesse aspecto, a utilização de cores especiais costuma seguir o padrão Pantone Matching System (PMS), pois tal sistema tornou a correspondência de cores mais preciso. No que tange às tintas metálicas, estas contêm em sua composição pós metálicos refinados como o cobre, o alumínio ou o bronze. Tais materiais são utilizados para produzir cores metálicas ou para conferir o efeito prateado ou doutorado nas tintas. Os avanços tecnológicos no âmbito das tintas para impressão foram responsáveis por viabilizar tintas com baixa toxicidade, as quais são utilizadas para a impressão de embalagens de alimentos e brinquedos, por exemplo. Há normas rigorosas que determinam como essas tintas devem ser produzidas. Tais avanços também foram responsáveis pelas tintas de segurança que são utilizadas para identificar algum tipo de falsificação em impressos de segurança. Tais tintas, quando entram em contato com algum reativo, sofrem alteração de cor. Isso ajuda a evitar fraudes ou possibilita a identificação da autenticidade de um impresso. As tintas termocrômicas, aquelas que passam a ser visíveis ou mudam de cor quando expostas ao calor ou ao frio, constituem exemplos de algo possível apenas por intermédio dos avanços tecnológicos. Também há as tintas cheque e as tintas coin. As tintas cheque mudam de tonalidade quando entram em contato com solventes. As tintas coin reagem quando entram em contato com metal e muda a cor para cinza claro. As tintas reativas à luz UV passam a ser visíveis quando expostas à luz ultravioleta. 6 No âmbito da Impressão Digital, há a utilização de toner e a impressão por jato de tinta. Há dois tipos de toners: secos e líquidos. Com os avanços, os toners, que são caros, estão sendo paulatinamentesubstituídos pela tinta. Isso certamente reduzirá consideravelmente os custos de impressão. Já a tinta utilizada na impressão a jato de tinta é a base de água ou de solvente (Bann, 2012). As preocupações com o meio ambiente também são partilhadas no universo das tintas, uma vez que estas podem causar impactos ambientais consideráveis. À medida que os avanços tecnológicos acontecem, há o emprego de elementos menos agressivos ao meio ambiente, tais como o óleo vegetal (no lugar do óleo mineral). Além do mais, as tintas passaram a usar água em sua base, em vez de solvente. Os resíduos de tinta ou sobras de tinta passaram a ser reaproveitados na produção de tintas recicladas. Todos esses avanços contribuem decisivamente para a minimização dos impactos negativos no meio ambiente. Saiba mais A produção de tinta gráfica é um processo muito interessante. Para saber mais sobre tal processo, assista a este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=gZnCEPVx4lg>. TEMA 2 – ACABAMENTOS No universo da Produção Gráfica, o processo de acabamento recebe atenção especial, principalmente porque pode agregar valor a um produto. Também merece atenção o fato de que um acabamento incorreto ou mal executado pode interferir no manuseio do material e/ou reduzir a sua durabilidade. Estão envolvidos no acabamento a Encadernação, os Cortes e Dobras, Estampagem e Gofragem. Neste tópico, abordaremos os acabamentos destinados às superfícies. Os acabamentos destinados à superfície podem envolver, por exemplo, a aplicação de vernizes e a laminação. A aplicação de verniz tem a capacidade de conferir ao trabalho gráfico enobrecimento e sofisticação por meio de aspectos táteis, visuais e até olfativos. Também pode adicionar aos materiais impressos características de proteção contra o atrito com outras superfícies e resistência à umidade. 7 No mercado, encontramos duas formas principais de aplicação de vernizes: in-line e off-line. A aplicação in-line acontece no último estágio do processo de impressão por intermédio do uso de um dos tinteiros. No universo da Produção Gráfica, o método mais utilizado para aplicação de verniz é o processo off-line. Nesse processo, o material, após impresso, é direcionado para máquinas específicas que aplicam uma variedade de vernizes com o uso de tela serigráfica, os quais são gravados a partir de um fotolito (Silva, 2008). A aplicação do verniz pode ser feita na em todo o impresso (verniz total) ou apenas em uma área específica (verniz reserva). No mercado, podemos encontrar quatro tipos de vernizes: à base de solvente, à base de água, oxidativos e com secagem ou cura UV (ultravioleta). Em suma, a diferença entre os tipos de vernizes está na finalidade da aplicação e no sistema de secagem, sendo alguns deles aplicados diretamente em uma unidade tinteira da impressora, enquanto outros são aplicados em sistemas de envernizamentos específicos (Capelasso; Nicodemo; Menezes, 2018). Também há no mercado uma grande variedade de vernizes destinados às mais diversas aplicações e finalidades. Os vernizes mais comuns são: brilho, alto brilho, fosco, resistência a atrito, perolizado, high gloss, soft touch, termocrômico, dicromático, gliter, fluorescente, texturizado e fosforescente. Saiba mais Para ver uma máquina destinada à aplicação de verniz localizado automática, acesse este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=HTLnistUbNM>. Para ver como funciona uma Calandra manual para aplicação de verniz e o processo de cura com utilização de lâmpada UV, acesse este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=CODqZ6IT5zs>. A Plastificação é outro tipo de acabamento destinado a superfícies de impressos em geral. Nesse processo, um filme plástico, sem propriedades adesivas, é aplicado no material impresso. Esse processo ocorre com o uso de pressão e de calor que são aplicados sobre o filme plástico, na superfície do suporte. A Plastificação protege o material impresso da umidade e confere maior rigidez, isso porque a Plastificação deixa o material impresso mais espesso. Todavia, devemos considerar que o material plastificado é sensível a riscos e 8 apresenta elevado grau de atrito com outras superfícies. Diante disso, considere que a Plastificação é indicada para materiais que serão muito manuseados, tais como livros, apostilas, cardápios e pastas, por exemplo. Há a recomendação de não plastificar materiais com gramatura inferior a 150g/m². Saiba mais Se você quiser ver o funcionamento de uma pequena plastificadora, acesse este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=iV0zmQatdKo>. A Laminação é outro tipo de acabamento destinado a superfícies de impressos em geral. Tal processo consiste em adicionar um revestimento que é baseado em filme plástico, previamente adesivado por pressão e por calor. Nesse processo, utilizamos máquinas termolaminadoras que trabalham com cilindros aquecidos, pressionando o filme plástico por sobre o suporte no qual ele ficará aderido. A Laminação apresenta como principal benefício a proteção contra riscos e desgastes, bem como proporciona um toque sutil e suave. O maior cuidado que se deve tomar ao utilizar a Laminação refere-se ao suporte. Recomenda-se utilizar suportes com gramatura igual ou superior a 105g/m². Caso isso não seja observado, pode acontecer de o filme se curvar e enrolar, o que praticamente compromete o material impresso. Outros benefícios que a Laminação oferece ao trabalho gráfico são: brilho, alto brilho, fosco, prateado, metalizado, holográfico, gofrado, antirrisco e aveludado. Há uma possibilidade grande de se combinar a Laminação com outros acabamentos. A escolha da combinação adequada conferirá elegância ao trabalho impresso. Podemos citar como exemplo os acabamentos complementados com Vernizes e Hot stamping. Saiba mais Nos vídeos a seguir, você pode ver como ocorre a Laminação de uma placa que permite a escrita, bem como sua remoção: <https://www.youtube.com/watch?v=rJWxZN6qnYI> e <https://www.youtube.com/watch?v=1XdzlmdJ_ZI>. A seguir, trataremos de outros processos que poderão ser utilizados para complementar o acabamento de um trabalho gráfico, como é o caso da Dobra e Corte, a Encadernação e a Estampagem e Gofragem. 9 TEMA 3 – DOBRAS E CORTES No universo da Produção Gráfica, temos as impressoras rotativas que produzem cadernos contendo 4, 8, 16 ou 32 páginas. Os cadernos serão dobrados, como vimos anteriormente, de acordo com a imposição que foi utilizada. Nas impressoras planas e após a impressão, as folhas necessitam ser dobradas em uma dobradeira. No meio gráfico, é comum encontrarmos o termo vinco sendo usado como sinônimo de dobra. É bem verdade que a dobra é o resultado do vinco, o qual torna fácil a dobradura exatamente a área que foi indicada no suporte. As máquinas responsáveis por executar as dobras são chamadas de dobradeiras e são desenvolvidas com o propósito de tornar possível vários tipos de acabamentos, obtidos a partir de dois elementos: a bolsa e a faca. Na dobradura com bolsa, posicionamos um gabarito de bloqueio para delimitar a área que será dobrada. Em um segundo passo, o suporte é tracionado para baixo por intermédio do conjunto de cilindros, e assim origina-se a dobra. Na dobradura com faca, a própria faca direciona o suporte para um conjunto de cilindros giratórios. A Figura 3 ilustra o que foi dito aqui. Figura 3 – Diagrama do funcionamento do corte com bolsa e corte com faca Fonte: Humberto Costa. Quando o material é dobrado, o resultado é a sobreposição de uma ou mais páginas do mesmo impresso. Via de regra, as dobras podem ser paralelas ou cruzadas. Na dobradura paralela, as dobras ficam uma ao lado da outra. Na 10 dobradura cruzada, as dobras ficam perpendiculares, formando um ângulo de 90º. Examine a Figura 4 para ter uma ideia acerca do que foi tratadoaqui. Acerca das dobras editoriais, ao abordarmos a imposição de páginas, dissemos que a formação do caderno inicia com a folha inteira, a qual é dobrada de forma mista, e dobraduras paralelas e cruzadas são utilizadas. Assim, quem dita as regras do acabamento é a imposição do caderno que foi impresso e, como visto, este pode ter 4, 8, 16, 32 ou 64 páginas, dependendo do formato do projeto e de outras variações. A Figura 5 mostra um exemplo de dobradura que formará um caderno composto por 16 páginas, com 7 dobraduras. Figura 4 – Material dobrado Nome Nº de Dobras Páginas Classificação charuto 2 6 Paralela Créditos: PNG BOARD/Shutterstock. Nome Nº de Dobras Páginas Classificação 4 dobras 4 8 Cruzada 11 Créditos: Intellson/Shutterstock. Figura 5 – Caderno composto por 16 páginas, com 7 dobraduras Créditos: Yeti studio/Shutterstock. 12 Saiba mais Se você quiser ver como funciona o sistema de dobra em uma grande gráfica, assista a esse vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=F_vN9Dt8a4c>. Fique atento e veja como o material entra na máquina e como o caderno é formado, ficando pronto para a próxima etapa. No meio gráfico, os cortes são pensados para que se obtenha o melhor aproveitamento do papel. Nesse processo, utilizamos um equipamento industrial que é chamado de guilhotina. Trata-se de uma máquina de médio a grande porte e que consegue cortar muitas folhas ao mesmo tempo. Vide a Figura 6 que exibe uma guilhotina de grande porte. Figura 6 – Guilhotina industrial Créditos: Studio 72/Shutterstock. Se a gráfica for pequena, como uma gráfica rápida, por exemplo, a guilhotina pode ser manual, mas esta é mais indicada para o refile de materiais. A Figura 7 exibe um exemplo de guilhotina manual. 13 Figura 7 – Guilhotina manual Créditos: SmileKorn/Shutterstock. Dependendo do tipo de trabalho, o corte do suporte só poderá ser feito com a utilização de facas especiais que executam corte em outros formatos que não sejam o linear. Cortes especiais são exigidos, por exemplo, quando se projeta uma embalagem irregular. No processo de corte, encontramos também o refile. Trata-se de um processo que visa finalizar o impresso acabado, obedecendo às marcas de sangria que foram definidas. Também podemos utilizar o refile para separar impressos que foram imposicionados em páginas individuais, fazer o acabamento do miolo de livros com capa flexível ou capa dura e fazer o acabamento de revistas, por exemplo. Atenção para o fato de que, embora os termos refile e corte apresentam o mesmo sentido, eles são diferentes quanto à finalidade. O corte está relacionado com o dimensionamento da folha de impressão. O refile é aplicado no impresso já acabado e deve seguir rigorosamente as marcas de impressão chamadas de sangria. TEMA 4 – ENCADERNAÇÃO No universo da Produção Gráfica, a Encadernação também é um elemento importante. Isso porque a maneira como os impressos são encadernados, bem como os materiais que são utilizados na encadernação têm capacidade para causar impacto positivo ou negativo. Além disso, a Encadernação influencia no custo do material e isso deve ser levado em conta. 14 Para a encadernação de livros, depois que os cadernos são montados e organizados na sequência de páginas correta, passamos para a construção do miolo e, nessa etapa, os cadernos são unidos uns aos outros e formam, então, um único bloco. O bloco formado poderá ser colado ou costurado e poderá receber uma variedade de capas: capa flexível, capa flexível simples, capa flexível com orelhas, capa rígida, capa rígida arredondada, capa rígida quadrada e sobrecapa (Capelasso; Nicodemo; Menezes, 2018). Podemos utilizar a encadernação sem costura em livros de capa flexível e em revistas. Para tal tipo de encadernação, utilizamos cola para unir o miolo à lombada e para unir tudo à capa. As colas mais comumente utilizadas são de PVA e as termossoldáveis (cola quente). O adesivo do tipo PUR está sendo cada vez mais utilizado, uma vez que ele confere mais resistência à encadernação e possibilita que o livro seja aberto mais facilmente (Bann, 2012). Também podemos usar a costura na encadernação de livros com capa mole. Trata-se de um processo mais dispendioso, mas que reduz a possibilidade de as páginas se soltarem. A encadernação costurada é preferida quando o produto utiliza papel couché brilhante e/ou papéis densos ou rígidos. Ademais, tal tipo de encadernação é indicada para materiais que serão muito manuseados, tais como manuais, livros didáticos etc., pois ela é mais resistente. Na encadernação com costura, as folhas de cada caderno são unidas por costura na dobra do formato aberto. Os cadernos são unidos com o uso da cola. Para manuais e publicações de baixa tiragem, podemos recorrer à encadernação com espiral, Wire-o e com pente plástico. A encadernação com espiral usa uma espécie de mola feita em plástico que é colocada nas folhas previamente perfuradas. A encadernação Wire-o (duplo anel) usa uma espécie de espiral feita de arame metálico, que é mais robusto e confere sofisticação ao material (vide Figura 8). Ao invés dos furos redondos usados na encadernação com espiral, usamos furos quadrados. Encontramos esse tipo de encadernação em cadernos e calendários. Além disso, esse tipo de encadernação admite o uso de papéis com gramatura de diferentes tipos. 15 Figura 8 – Caderno com encadernação Wire-O Créditos: photosyncphotosync/Shutterstock. Para encadernar revistas ou brochuras com poucas folhas e que não utilizam papéis com gramatura alta, podemos utilizar o grampeamento. Esse processo consiste em prender o miolo à capa por meio de grampos (vide Figura 9). Figura 9 – Brochura encadernada com grampos Créditos: Roman Samokhin/Shutterstock. 16 Para encadernar livros com número maior de páginas ou que necessitam de um aspecto mais elegante, podemos usar a capa dura. Trata-se de uma capa feita com papelão espesso e que pode ser empastada com papel (impresso ou não), com couro, bem como outros suportes sintéticos desenvolvidos para tal finalidade. Os cadernos são costurados para formar o miolo e este é juntado à capa dura por um conjunto formado de duas folhas, as guardas, que são aplicadas com a ajuda de cola. Livros de luxo, bem como materiais que necessitam de uma aparência luxuosa e sofisticada podem ser encadernados manualmente. Para tanto, podemos utilizar o couro ou tecido para fazer a capa. Os cadernos serão costurados para formar o miolo. Caso o material necessite de resistência, podemos recorrer à aplicação de uma tela e de cola para unir todos os cadernos à capa. Cabe colocar que esse processo de encadernação é muito dispendioso, caro e demorado. No entanto, há certa demanda no mercado por encadernadores profissionais, uma vez que há falta de mão de obra qualificada. Se você se identificar com esse tipo de trabalho presente no universo da Produção Gráfica, pode ser uma boa alternativa se especializar. Saiba mais Veja como é possível fazer encadernação térmica rápida e barata. Assista a este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=1cmBaQLdrEw>. Se você quiser ver como funciona o sistema de encadernação artesanal de um livro com capa dura, assista a este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=TIeQg8I3GS0>. Para conhecer como é feita a encadernação de teses, dissertações e monografias, assista a este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=nXWdZn1qoxo>. TEMA 5 – ESTAMPAGEM E GOFRAGEM A Estampagem e a Gofragem são dois processos de acabamento que visam conferir sofisticação e enobrecimento a um trabalho. Há no mercado empresas que trabalham apenas com esses tipos de acabamento. Há gráficas que dispõem desses processos em seu portfólio e assim oferecem uma gama ampliada de serviços. 17 O Hot stampingé um processo de estampagem laminada a quente utilizado em livros com capa dura. Tal processo consiste em pressionar uma lâmina metálica contra o suporte, utilizando um clichê (matriz) aquecido. A matriz contém aquilo que deve ser gravado em alto relevo. Assim, uma fina película metalizada adere ao suporte, que pode ser o papel ou plástico. Se esse processo for combinado com relevo, teremos um resultado tridimensional no suporte. No mercado, encontramos o laminado metálico (prateado ou dourado), laminados com cores sólidas e não metálicas e também os laminados metálicos holográficos (Bann, 2012). O clichê utilizado no Hot stamping é fabricado em zinco ou em magnésio se for destinado a um trabalho com baixa tiragem. Caso contrário, são fabricados em bronze ou em cobre, pois precisam durar mais. Já as folhas metálicas são fabricadas em celofane (Silva, 2018). O Hot stamping não é indicado para textos finos ou detalhes que necessitam de refinamento. Na Figura 10, você pode ver um trabalho que utilizou o Hot stamping em papel reciclado. Figura 10 – Hot stamping em papel reciclado Créditos: Castleski/Shutterstock. 18 Saiba mais Para ver como é feita a impressão Hot stamping, assista a este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=LsJZ3tC3YBk>. O Cold foil (ou estampagem a frio) é um processo que, assim como o anterior, não utiliza tinta. Uma cola é imprensa por sobre o suporte por intermédio do processo Flexográfico ou Offset (Bann, 2012). Após a impressão da cola, a folha metálica é então laminada sobre o suporte e se adere à área de grafismo. Aquilo que estiver na área de contragrafismo e, portanto, que não deve aparecer, é removido. Este processo utiliza chapa comum, e não moldes. Devemos dizer, ainda, que essa técnica é muito empregada na produção de embalagens e rótulos de alimentos, produtos de beleza, higiene e produtos farmacêuticos. A Estampagem cega ou Relevo seco é outro processo que não utiliza tinta e, com o uso de clichês, obtém-se o relevo por pressão a frio por sobre o suporte. O clichê é composto por duas partes que são o molde e o contramolde que podem ser fabricados em metal, zinco, magnésio ou fotopolímero (Capelasso; Nicodemo; Menezes, 2018). Nesse processo, o molde é pressionado pelo verso do suporte sobre o contramolde, marcando-o e resultando no relevo que foi planejado. É recomendável que se utilize, nesse processo, suportes com gramaturas mais altas, visando evitar problemas com rasgos e esmagamento. Saiba mais Para ver como é feita a Estampagem cega, assista a este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=rt9BoxZjesI>. A Gofragem é considerada um acabamento de superfície e consiste em passar o suporte por entre duas calandras cilíndricas para dotar o papel com texturas específicas, tais como o linho (ver Figura 11), reboco, casca de ovo etc. A Gofragem produz uma impressão em baixo relevo. Uma das calandras contém a textura desejada e que será impressa no suporte (Villas-Boas, 2008). Com a disponibilidade de papéis texturizados de fábrica, o custo alto da Gofragem só é justificado em casos em que a impressão possa perder em qualidade, tais como em policromias detalhadas. 19 Figura 11 – Textura de linho conferida ao papel com a Gofragem Créditos: Yulia Yugina/Shutterstock. Saiba mais Para ver e conhecer o processo Gofragem, assista a este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=0jrgLxNRhYw>. TROCANDO IDEIAS Para ampliar os conhecimentos adquirido nesta aula, propomos que você pesquise sobre outros acabamentos possíveis e troque com os colegas, via fórum, as impressões, opiniões e conceitos que foram aprendidos. Sugerimos que o alvo da pesquisa seja sobre outros acabamentos, mais exatamente sobre o refile e o vinco e perfuração. NA PRÁTICA Prezado aluno, dando seguimento no intento de ampliar seus conhecimentos, como forma de praticar, sugerimos que você pesquise sobre os seguintes temas: • Dobras: dobra francesa; • Corte: meio corte. • Relevo: relevo americano. 20 Na sequência, elabore um pequeno texto para cada um dos temas pesquisados, descrevendo as particularidades de cada tema e suas aplicações no universo da Produção Gráfica. Se quiser, você pode diversificar as fontes: procurar textos em blogues, assistir a vídeos explicativos ou mesmo usar os dois tipos de fontes para escrever seu texto. Ou em vez de você criar um texto, você pode criar um painel visual (virtual ou não) que seja capaz de demonstrar as particularidades de cada tema, bem como suas aplicações no universo da Produção Gráfica. FINALIZANDO Nesta aula, vimos que as tintas, bem como o papel, representam um custo considerável no universo da Produção Gráfica. Também é outro elemento que causa muita poluição e, portanto, merece atenção em termos de aprimoramentos que visem minimizar os impactos ambientais. Também pudemos perceber o quanto é indispensável ter conhecimento acerca dos acabamentos gráficos que estão disponíveis no mercado. Na hora de selecionar a opção mais adequada ao seu projeto, tanto o designer quanto o profissional da gráfica devem conhecer a cada um dos processos de acabamento, visando ao processo que satisfaça as necessidades do cliente. 21 REFERÊNCIAS BANN, D. Novo manual de produção gráfica. Porto Alegre: Bookman, 2012. CAPELASSO, E. L.; NICODEMO, S.; MENEZES, V. D. R. Produção Gráfica: do projeto ao produto. São Paulo: Editora Senac, 2018. SILVA, C. Produção gráfica: novas tecnologias. São Paulo: Pancrom, 2008. VILLAS-BOAS, A. Produção Gráfica para Designers. 3. ed. Rio de Janeiro: 2008.