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E-BOOK MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II Aglomerantes Apresentação Os aglomerantes são materiais ativos, ligantes, que no geral apresentam-se pulverulentos. Sua principal função é promover a união entre os grãos dos agregados e dependendo dos componentes aos quais é misturado, podem formar pastas, argamassas e concretos. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar os conceitos dos materiais aglomerantes e alguns dos principais materiais utilizados como aglomerantes nas obras de construção civil. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir aglomerantes.• Identificar as principais aplicações destes materiais.• Listar tipos de aglomerantes existentes.• Desafio A cal viva ainda não é o aglomerante utilizado em construções, pois o óxido deve ser hidratado mediante o processo de extinção para que possa ser utilizado como tal. Do ponto de vista da segurança da obra e dos operadores opte qual o material representa menor risco de operação e justifique sua resposta. Infográfico Os aglomerantes podem ser classificados quanto à atividade química em que temos os quimicamente ativos e os quimicamente inertes. Entre os aglomerantes quimicamente ativos temos duas subcategorias incluídas que são os aéreos e os hidráulicos. Observe na imagem: Conteúdo do livro A estabilização de solos se refere a qualquer tratamento do solo que aumente sua resistência natural, seja por alternativas mecânicas ou por alternativas químicas. Na construção civil, a estabilização geralmente se refere ao processo no qual a compactação é precedida da adição de "agente de estabilização", em que altera-se a composição química do solo e resulta em um material mais estável. Para aprofundar ainda mais seu conhecimento, acompanhe o capítulo Aglomerantes do livro Materiais de Construção que norteia as discussões presentes nesta Unidade. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO André Luis Abitante Ederval de Souza Lisboa Gustavo Alves G. de Melo Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 L769m Lisboa, Ederval de Souza. Materiais de construção : concreto e argamassa [recurso eletrônico] / Ederval de Souza Lisboa, Edir dos Santos Alves, Gustavo Henrique Alves Gomes de Melo. – 2. ed. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-013-9 1. Materiais de construção. 2. Concreto. 3. Argamassa. Engenharia. I. Alves, Edir dos Santos. II. Melo, Gustavo Henrique Alves Gomes de. III. Título. CDU 691.3:62 Aglomerantes Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar o processo de fabricação do cimento Portland. � Classificar os tipos de cimento. � Identificar os principais ensaios utilizados para caracterização do cimento. Introdução Este texto apresentará a forma de fabricação dos aglomerantes da construção civil. O principal aglomerante utilizado na atualidade é o cimento Portland, e você conhecerá suas principais características e seus tipos. Conceitos Os aglomerantes não são materiais passivos e tem como função principal pro- mover a ligação entre o grão do material inerte, denominado agregado. Sua aplicação está associada na constituição dos seguintes componentes aos quais é misturado: � Pastas: misturado apenas com água. � Argamassa: água e agregado miúdo. � Concreto: água, agregado miúdo e graúdo. Os aglomerantes são comumente classificados em ativos e inertes. Os aglo- merantes ativos podem ser: � Aéreos: endurecem pela ação do ar e posteriormente tem resistência redu- zida na presença de água, por exemplo o gesso. � Hidráulicos: ocorre o fenômeno de hidratação que só endurecem em con- tato com a água, exemplo cimento. Já os aglomerantes inertes são aqueles que endurecem por meio do pro- cesso de secagem, por exemplo, a argila. A constituição de um aglomerante pode ser obtida de um ou mais constituintes e ainda conter aditivos. O gesso e a cal são os aglomerantes mais antigos e não cumprem função estrutural nas construções civis, embora tenham vasta aplicação em outras áreas como saúde, saneamento e siderurgia. A cal é um aglomerante inorgânico, produzido a partir de rochas calcárias, composto principalmente de cálcio e magnésio, na forma de um fino pó. A principal aplicação é a cal hidratada para a produção de argamassa com uma importante função de promover a retenção da água no estado fresco e boa contribuição para o endurecimento. O gesso de construção é um material produzido por calcinação do minério natural gipso, de sulfato de cálcio hidratado residual, constituído essencial- mente de sulfatos de cálcio, e gipsita, procedente da matéria-prima. No Brasil, a principal aplicação é para fins de revestimento de alvenaria, em especial para blocos, painéis para forros e divisórias. Os aglomerantes hidráulicos são produtos de processos realizados à altas temperaturas, cuja principal característica é a ausência de água quimi- camente combinada, conhecidos como cimento. Por ser um aglomerante que é muito resistente a ação da água, lhe é atribuído a denominação de cimento hidráulico. Todos os sacos de cimento obrigatoriamente devem informar na embalagem o nome do fabricante e o endereço, entre outros dados de identificação. Além disso, a sigla que identifica o tipo de cimento deve constar em letras maiúsculas e, logo em seguida, vir especificada a classe de resistência do produto em números. Você deve atentar também para a data de validade, que não pode ser superior a 3 meses. Outro detalhe é o tamanho dos sacos, que contém 20, 40 ou 50 quilos – pesagens diferentes disso podem indicar procedência duvidosa. Prefira cimentos produzidos nos padrões esta- belecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e com Selo de Quali- dade da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) (Figura 1). Exemplo Aglomerantes 31 No saco de 50kg, nas extremidades no alto e abaixo, devem constar a classe e tipo do cimento - CPI, CPII etc.O tipo e classe do cimento também devem estar estampados nas laterais do saco de 50kg No centro da embalagem deve constar a marca do produto em extremidades no alt devem constar a cla do cimento - CPI, nstar a marcaa Frente Verso Tipo e classe kgNo sacoo dede 5500k id d l e clalasse dodo cimento evem estar estampa l doo i t TTipo con do nstar a marca pprodudutot a Figura 1. Como identificar um saco de cimento. Fonte: Cichinelli (2008). Tipos de cimento O cimento aluminoso é produzido a partir do cozimento da bauxita e do cal- cário, sendo a composição básica o aluminato de cálcio, são especialmente empregados quando é desejável resistência a sulfatos e para finalidades re- fratárias. O cimento branco é fabricado com matéria-prima que contenha o mínimo possível de óxido de ferro, pelo emprego de argilas a partir de rochas carbo- natadas sem ferro. Várias medidas são empregadas para evitar a alteração da cor. Os cimentos coloridos são, em geral, obtidos a partir da adição de pig- mentos ao cimento branco ou pela ação de clínqueres que possuem cores es- peciais. Você deve estar atento para não comprometer negativamente as proprie- dades como pega, resistência e durabilidade do cimento que é manipulado com pigmentos. O cimento Portland e suas diversas modificações têm larga aplicação nas obras da construção civil, e é uma mistura complexa de vários óxidos mine- rais que apresenta um mecanismo mais complicado de hidratação. Materiais de construção: concreto e argamassa32 Para a compreensão do processo de obtenção do cimento Portland é im- portante entender que o clínquer é o produto resultante da calcinação até a fusão inicial da mistura calcário e argila. Quando atinge a fase final de pro- dução do cimento, o clínquer é moído com percentagem de 3% de gipsita, cuja função é regular a pega do cimento. Segundo Alves (2006),existem vários tipos de cimento classificados: � Cimento Portland comum � CP I: cimento Portland comum. � CP I-S: cimento Portland comum com adição. � Cimento Portland composto � CP II-E: cimento Portland composto com escória. � CP II-Z: cimento Portland composto com pozolana. � CP II-F: cimento Portland composto com fíler. � CP III: cimento Portland de alto forno. � CP IV: cimento Portland composto pozolâmico. � CP V-ARI: cimento Portland composto de alta resistência inicial. Ensaios de cimento O cimento Portland utiliza na sua produção calcário, sílica, alumina e óxido de ferro. Esses compostos principais que constituem o cimento são quimi- camente representados de forma abreviada por apenas uma letra para cada óxido, conforme a seguinte combinação: � CaO = C � SiO2 = S � Al2O3 = A � Fe2O3 = F Para você entender melhor, esses compostos estão organizados na Tabela 1. Aglomerantes 33 Nome do composto Composição em óxidos Abreviatura Silicato tricálcico 3CaO.SiO2 C3S Silicato dicálcico 2CaO.SiO2 C2S Aluminato tricálcico 3CaO.Al2O3 C3A Ferroaluminato tetracálcico 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF Tabela 1. Principais compostos do cimento Portland. Fonte: Neville e Brooks (2013, p. 10). Na presença da água, os silicatos e aluminatos da Tabela 1 se hidratam, formando compostos hidratados para produzirem uma massa sólida e resis- tente. Essa hidratação gera uma reação química, que libera uma quantidade de calor, definida em Joules, por grama de cimento anidro, até que o processo de hidratação se complete a uma determinada temperatura, definida como calor de hidratação. Esse calor de hidratação depende da composição química do cimento e se aproxima bastante da soma do calor de hidratação de cada composto puro hidratado separadamente, que está resumido na Tabela 2. Composto Calor de hidratação J/g Cal/g C3S 502 120 C2S 260 62 C3A 867 207 C4AF 419 100 Tabela 2. Calor de hidratação dos compostos puros. Fonte: Neville e Brooks (2013, p. 14). A qualidade de um produto que é produzido em larga escala requer um sistema de verificação para uma ação rápida de correção no processo de fa- bricação. Para isso, se faz necessário medir e manter as propriedades exigidas por normas e, assim, contribuir para a produção de um concreto ou uma arga- massa de boa qualidade. Materiais de construção: concreto e argamassa34 Assim como em qualquer área de atuação é importante contar com um bom laboratório que tem a missão de fazer os necessários ensaios e também auxiliar a pesquisa de melhorias na qualidade do cimento produzido. Entre os ensaios mais usuais para caracterizar um cimento destaca-se en- saios de finura, tempo de pega, expansibilidade e resistência, sendo relevante saber um pouco sobre cada um deles. A velocidade, a hidratação e a resistência requerem uma finura elevada. Um parâmetro que determina a finura de um cimento é a superfície espe- cífica (m2/kg), porém existem três métodos os quais apresentam resultados diferentes. Você pode ver uma comparação dos diferentes métodos na Tabela 3. Para esses ensaios no Brasil, você deve consultar as normas ABNT NBR 16.372 e ABNT NBR 11.579 (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2012, 2015a). Cimento Superfície específica (m2/kg) medida por: Método Wagner Método Lea e Nurse Método de adsorção de nitrogênio A 180 260 790 B 230 415 1.000 Tabela 3. Exemplos de superfície específica do cimento medidas. por diferentes métodos. Fonte: Neville e Brooks (2013, p. 17). Alguns ensaios requerem a utilização de uma pasta de cimento pura, com a consistência padrão devendo ser determinada para qualquer cimento de acordo com a quantidade de água requerida para sua obtenção. O aparelho usado para determinar essa pasta de cimento chama-se Vitac, e o procedimento a ser usado com esse aparelho é fazer a medição da profun- didade de penetração de uma sonda de 10 mm de diâmetro, chamada de sonda de Tetmajer, sob ação de seu próprio peso. Apenas quando a sonda atinge uma profundidade de penetração definida sobre essa pasta a mesma encontra-se na consistência normal. A quantidade de água deve estar entre 26 a 36% da massa de cimento seco. No Brasil, esse ensaio deve seguir a norma ABNT NBR NM 43 (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2003). Antes de explicar o ensaio para definir o tempo de pega da pasta de ci- mento, é importante definir o que é pega do cimento. Pega refere-se a mu- Aglomerantes 35 dança do estado dessa pasta do estado fluido para rígido, cujo processo gera calor e sua temperatura aumenta. Os tempos que caracterizam o início e o fim da pega são observados pela liberação de calor, que no início ocorre com uma rápida elevação e no final verifica-se um pico de temperatura. Faz uso do mesmo aparelho Vitac, mas utilizando outros recursos e ações. O tempo de início da pega é medido usando-se uma agulha de 1 mm de diâmetro, que penetra na pasta normal por meio de um peso normalizado. Quando a agulha não penetra mais que 5 mm, a partir do fundo do molde, considera-se que o início da pega ocorreu, sendo medido desde momento de adição de água ao cimento. No Brasil, o tempo mínimo de início de pega para todos os cimentos é de 1 hora, mas alguns países utilizam 45 minutos. Para os ensaios no Brasil, deve- -se seguir as normas ABNT NBR NM 43 (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2003a), que definem as condições ambientais e o seu ensaio; e as condições de armazenamento da amostra pela ABNT NBR NM 65 (Asso- ciação Brasileira de Normas Técnicas, 2003b). O fim da pega é determinado por uma agulha com um acessório vazado de metal, de forma a deixar uma marca circular de 5 mm de diâmetro, acoplado a 0,5 mm acima da ponta da agulha. O tempo de fim de pega é estabelecido quando a agulha faz uma marca na superfície da pasta, mas a borda cortante não consegue marca-la. As normas britânicas estabelecem que o fim de pega deve ocorrer em um tempo máximo de 10 horas para os cimentos Portland, sendo este o mesmo valor especificado pelas normas americanas ASTM (NE- VILLE; BROOKS, 2013). Para definir os tempos de início e fim da pega no Brasil, faz-se uso da norma ABNT NBR NM 65 (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2003b). Ao finalizar a pega, observa-se o grau de alteração de volume da pasta testada, a qual não deve apresentar uma grande variação, pois para algumas aplicações pode caracterizar degradação. Os cimentos que apresentam essas expansões são chamados de expan- sivos, e as reações da cal livre, magnésio e sulfato de cálcio são os motiva- dores desse processo. Materiais de construção: concreto e argamassa36 O ensaio de expansibilidade consiste em fazer uso de uma pasta de ci- mento de consistência normal, armazenada em água por 24 horas. Após esse período, a temperatura é aumentada, sendo mantida em água fervente por 1 hora, seguindo-se o resfriamento até́ a temperatura inicial. Caso a expansão exceda um determinado valor, outro ensaio é realizado, dessa vez após o ci- mento ter sido espalhado e exposto ao ar por 7 dias. Ao fim desse período, a cal pode ter sofrido hidratação ou carbonatação. Um novo ensaio de expansão é, então, realizado, e o valor resultante deve atingir no máximo 50% do valor especificado originalmente. Um cimento que não atende a pelo menos um desses ensaios não deve ser utilizado. Para a determinação da resistência do cimento não é confeccionado um corpo de prova padrão a partir da pasta normalizada. Os corpos para os en- saios são feitos usando argamassa ou concreto sob condições controladas, e os mais comuns são os ensaios de tração direta, compressão e flexão. Para atender as condições de trabalho no lugar de tração, faz-se apenas ensaios com carregamentos para a compressão. No Brasil, a determinação da resistência à compressão do cimento é nor- malizada pela ABNT NBR 7.215 versão corrigida de 1997 (Associação Brasi- leira de Normas Técnicas, 1996). Nesse ensaio, os corpos de prova são cilín- dricos (diâmetro de 50 mm e alturade 100 mm), produzidos com argamassa de cimento e areia normal (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2015b) na proporção, em massa, de 1:3, sendo a relação água/cimento igual a 0,48. As normas brasileiras de cimento estabelecem três classes de resistência, 25 MPa, 32 MPa e 40 MPa, para os cimentos CP I, CP II, CP III e CP IV. Esse valor corresponde à média de quatro corpos de prova, ensaiados em com- pressão aos 28 dias. Para o cimento CP V, por se tratar de cimento de alta resistência inicial, não é feita exigência de resistência aos 28 dias, sendo ado- tado a idade de sete dias e resistência mínima de 34 MPa nesta idade. O ensaio de resistência à flexão, descrito na ASTM C348–02 (ASTM INTERNATIONAL, 2002), utiliza um prisma de argamassa simplesmente apoiado, com carregamento no meio do vão. As proporções da mistura e os procedimentos para armazenamento e cura são os mesmos dos ensaios de resistência à compressão. Como citado anteriormente, uma vantagem desse teste é que o ensaio do cubo modificado também pode ser executado (NE- VILLE; BROOKS, 2013). Aglomerantes 37 Processo de fabricação do cimento Portland O cimento Portland é um cimento produzido pela pulverização de clínqueres constituídos especialmente por silicatos de cálcio hidráulicos cristalinos e uma pequena quantidade de uma ou mais formas de sulfato de cálcio e até 5% de calcário como adição na moagem. Os clínqueres são nódulos com diâme- tros que variam de 5 a 25 mm de material sintetizado, que é produzido quando uma mistura de matérias-primas em proporções adequadas é aquecida sob elevadas temperaturas. Antes de realizar o processo de tratamento térmico da farinha que irá se converter em clínquer é necessário fazer uma boa homogeneização. Para isso, é fundamental os processos de britagem, moagem e mistura. A receita para obter o clínquer desejado no processo requer a análise química dos constituintes dessa farinha, que deve ser composta por partículas menores de 75 µm. Um dos processos de fabricação do cimento é denominado via úmida, e para isso a lama deve conter de 30 a 40% de água. Nos modernos processo de fabricação, a opção por via seca ocorre por ser energeticamente mais efi- ciente, em função da necessidade de retirada da água por evaporação antes de ocorrer a clinterização. Por meio do processo de via seca são equipados pré-aquecedores multifá- sicos suspensos com maior eficiência de troca térmica entre os gases e a fa- rinha, exigindo 800 kcal de energia de combustível fóssil para kg de clínquer, ao passo que o processo de via úmida requer cerca de 1.400 kcal/kg. A Figura 2 mostra um fluxograma simplificado de um processo fabri- cação de cimento, e a Figura 3, uma vista aérea de uma fábrica de cimento. Materiais de construção: concreto e argamassa38 Calcário Depósito Argila Moinho de cru Homogeneização Pré-aquecedor Forno Moagem de cimento Silos de cimento Carregamento Silo de clínquer Britador Britador Pré-homogeneização Figura 2. Fluxograma do processo de fabricação do cimento. Fonte: Blog do Cimento (2015). Aglomerantes 39 Figura 3. Vista aérea de uma fábrica de cimento. Fonte: Richard Thornton/Shutterstock. A etapa principal do processo é a operação da cliquerização realizada em um forno rotativo, que consiste em um cilindro de aço inclinado revestido com tijolos refratários. A farinha pré-aquecida e parcialmente calcinada entra pela extremidade superior do forno em rotação contínua e é transportada para a parte inferior, a uma velocidade controlada pela inclinação e velocidade de rotação do forno. Carvão pulverizado, óleo ou gás combustível é injetado pelas extremidades inferior da zona de calcinação, em que temperaturas de 1.450 a 1.550ºC podem ser atingidas, e as reações químicas envolvendo a for- mação dos compostos do cimento Portland são completados. O mercado do cimento no Brasil é atualmente composto por 22 grupos cimenteiros, nacionais e estrangeiros, com 95 plantas produzindo (setembro de 2015), espalhadas por todas as regiões brasileiras. A capacidade instalada anunciada do país é de 82 milhões de toneladas/ano, mas pelos últimos levan- tamentos, estima-se que a capacidade instalada já tenha ultrapassado os 96 milhões de toneladas/ano, devendo chegar aos 100 milhões de toneladas até o final de 2016, com a entrada das plantas em construção. Somente no ano passado e até o mês de agosto de 2015, mesmo com o mercado apontando queda no consumo, foram adicionadas mais 5 milhões de toneladas anuais à capacidade instalada do parque industrial cimenteiro. Na Tabela 4 estão representados os 22 grupos cimenteiros, com 95 plantas em produção de 31 marcas diferentes de cimento, distribuídos em 24 estados do Brasil. Materiais de construção: concreto e argamassa40 Grupos Marcas Nº de plantas UF das plantas Votorantim Votoran, Poty, Itau, Tocantins, Ribeirão 26 CE-DF-MA-MG-MS- -MT-PA-PR-RJ-RO- -RS-SE-SP-TO Intercement Cauê e Cimpor 16 AL-BA-GO-MG-MS- -PB-PE-RS-SP Nassau Nassau 11 AM-BA-CE-ES-MA- -PA-PE-PI-RN-SE Lafarge Lafarge, Campeão, Montes Claros e Mauá 9 BA-MG-GO-PB-RJ Holcim Holcim 5 ES-MG-RJ-SP Mizu Mizu 6 AM-ES-RJ-RN-SE-SP CSN CSN 2 MG e RJ Tupi Tupi 3 MG-RJ-SP Ivens Dias Branco Apodi 2 CE Ricardo Brenand Nacional 2 MG e PB Secil Supremo 2 PR E SC CVB (Masaveu e Ferroeste) Açaí 1 MA Queiroz Galvão e Cornélio Brennand Bravo 1 MA Ciplan Ciplan 1 DF Elizabeth Elizabeth 1 PB Cimento Itambé Itambé 1 PR Icibra Itaqui e Lafarge 1 MA LIZ Liz 1 MG Grupo Petribú Pajeú 1 PE Pozosul Pozosul 1 SC Mineradora Car- mocal Uau 1 MG Grupo ASA Forte 1 PE Tabela 4. Plantas cimenteiras por grupo no Brasil em 2015. Fonte: Cimento.org (2015). Aglomerantes 41 Figura. Fonte: holbox/Shutterstock.com Conforme descreve Battagin (2016), a palavra cimento é originada do latim caementu, que designava na velha Roma espécie de pedra natural de rochedos e não esquadre- jada. A origem do cimento remonta há cerca de 4.500 anos. Os imponentes monu- mentos do Egito antigo já utilizavam uma liga constituída por uma mistura de gesso calcinado. As grandes obras gregas e romanas, como o Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso de solos de origem vulcânica da ilha grega de Santorino ou das proximidades da cidade italiana de Pozzuoli, que possuíam propriedades de endureci- mento sob a ação da água. O grande passo no desenvolvimento do cimento foi dado em 1756 pelo inglês John Smeaton, que conseguiu obter um produto de alta resistência por meio de calcinação de calcários moles e argilosos. Em 1818, o francês Vicat obteve resultados semelhantes aos de Smeaton, pela mistura de componentes argilosos e calcários. Ele é considerado o inventor do cimento artificial. Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras calcárias e argila, transformando-as em um pó fino. Assim, per- cebeu que obtinha uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland, que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland (BATTAGIN, 2016). Materiais de construção: concreto e argamassa42 1. O que é calor de hidratação do cimento Portland? a) Aumento de temperatura do cimento devido à hidratação dos seus compostos. b) Teor de alumina de um cimento. c) Finura do cimento. d) Tempo de pega. e) Ensaio para caracterização da finura do cimento. 2. Qual dos itens abaixo NÃO causa aumento de volume no cimento durante sua aplicação? a) Óxido de cálcio. b) Óxido de magnésio. c) Hidratação do cimento. d) Elevado calor de hidratação. e) Clinquerização. 3. Caracterize de acordo com a velo- cidade de ganho de resistência o composto C3A do cimento. a) Nos 28 primeiros dias. b) Depois dos 28 dias. c) Depois de anos. d) Instantaneamente. e) Nunca. 4. Qual dos itens abaixo NÃO é influen-ciado pela finura do cimento? a) Preço. b) Calor de hidratação. c) Calcário. d) Tempo de pega. e) Superfície específica. 5. Qual dos cimentos abaixo NÃO é mais vendido no Brasil? a) CPII. b) CPI. c) CPIII. d) CPIV. e) CPV. ALVES, J. D. Materiais de construção. 8. ed. Goiânia: Editora UFG, 2006. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR NM 43:2003. Cimento Portland – de- terminação da pasta de consistência normal. Rio de Janeiro: ABNT, 2003a. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR NM 65:2003. Cimento Portland – de- terminação do tempo de pega. Rio de Janeiro: ABNT, 2003b. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 7214:2015. Areia normal para en- saio de cimento – especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2015b. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 7215:1996 Versão Corrigida:1997. Ci- mento Portland – determinação da resistência à compressão. Rio de Janeiro: ABNT, 1996. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 11579:2012 Versão Corrigida:2013. Cimento Portland — Determinação do índice de finura por meio da peneira 75 μm (nº 200). Rio de Janeiro: ABNT, 2012. Referências Aglomerantes 43 Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 16372:2015. Cimento Portland e ou- tros materiais em pó – determinação da finura pelo método de permeabilidade ao ar (méto- do de Blaine). Rio de Janeiro: ABNT, 2015a. ASTM INTERNATIONAL. ASTM C348 – 02. Standard Test Method for Flexural Strength of Hydraulic-Cement Mortars. West Conshohocken: ASTM International, 2002. BATTAGIN, A. F. Uma breve história do cimento Portland. São Paulo: Associação Brasileira de Cimento Portland, [2015?]. Disponível em: <http://www.abcp.org.br/cms/basico- -sobre-cimento/historia/uma-breve-historia-do-cimento-portland/>. Acesso em: 14 jul. 2016. BLOG DO CIMENTO. Fluxogramas de fabricação de cimento Portland. 2015. Disponível em: <http://blogdocimento.blogspot.com.br/2015/09/fluxogramas-de-fabricacao-de- -cimento.html>. Acesso em: 19 jul. 2016. CICHINELLI, G. Materiais e ferramentas: cimento não é tudo igual, não! Pini, ed. 16, mar. 2008. Disponível em: <http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/16/mate- riais-cimento-nao-e-tudo-igual-nao-76288-1.aspx>. Acesso em: 17 jul. 2016. CIMENTO.ORG. Cimento no Brasil. Brasília: Cimento.org, 2015. Disponível em: <http://ci- mento.org/cimento-no-brasil/>. Acesso em: 17 jul. 2016. NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. Materiais de construção: concreto e argamassa44 Dica do professor No vídeo você vai estudar alguns dos principais materiais utilizados como aglomerantes nas obras de construção civil relativos a cal, ao gesso e ao cimento. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/75f31f5e896bd0eec20721869a37a4cd Exercícios 1) O que é plasticidade em cales? A) Grau de facilidade de aplicação da cal como revestimento. B) Perdas de volume. C) Volume de pasta de cal obtida através de uma tonelada de cal viva. D) Carbonato de cálcio submetido à ação de calor. E) Hidratação da cal viva. 2) Você sabe que o gesso faz parte família de aglomerantes simples. A obtenção do gesso se dá através: A) Calcinação do calcário dolomítico. B) Calcinação da gipsita natural. C) Isolamento das impurezas do sulfato biidratado de cálcio. D) Calcinação da sílica. E) Calcinação de carbonatos de cálcio e de magnésio. 3) Definimos a cal metalúrgica como: A) Produto da hidratação da cal viva. B) Mistura de escórias de alto forno com cal hidráulica. C) Mistura de cinzas vulcânicas com cal hidratada. D) Sulfatos hidratados e anidros de cálcio. E) Calcinação de rochas calcárias que contenham proporção de materiais argilosos. 4) A respeito dos aglomerantes especiais, é correto afirmar: A) Cimentos oxicloretos também chamados de cimento sorel são materiais moles e poucos resistentes à abrasão. B) Furan, que é um aglomerante orgânico, é extremamente resistente a ácido nítrico concentrado. C) Cimentos fenólicos possuem resistência ao meio alcalino. D) Resina epóxi é um aglomerante orgânico classificado como aglomerante especial. E) Enxofre fundido é um aglomerante que não resiste satisfatoriamente a ácidos. 5) No Brasil, o gesso não deve ser utilizado para aplicações em ambientes externos em função de sua: A) Solubilização na água. B) Resistência mecânica. C) Resistência à compressão. D) Isolamento. E) Aderência. Na prática Acompanhe um exemplo de um aglomerante ambientalmente correto. Em meados de 1975, as enormes proporções de rejeitos industriais oriundos da fabricação do ácido fosfórico no sul e sudeste do país motivaram a industrialização do fosfogesso conhecido como gesso sintético. O fosfogesso ou gesso sintético é um material de origem química, em que a rocha fosfática é atacada quimicamente pelo ácido sulfúrico. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Argamassas de revestimento para alvenaria contendo vermiculita expandida e agregados de borracha reciclada de pneus - Propriedades relevantes Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Construção Dinâmica na TV - A construção civil na televisão brasileira Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Saiba como funciona a extração de calcário Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.scielo.br/pdf/ce/v60n353/10.pdf https://www.youtube.com/embed/QH4voo_ex48?rel=0 https://www.youtube.com/embed/-qDz-TnoH1g?rel=0 Agregados artificiais Apresentação APRESENTAÇÃO Olá! Você sabe que agregados são materiais particulados não coesivos e de atividade química considerada nula? Podem ser classificados de acordo com sua origem, granulometria e peso. O nível de desempenho em serviço de um determinado agregado depende também das propriedades geológicas da rocha de origem. Você deve conhecer as informações sobre o tipo de rocha, sua composição mineralógica, sua composição química, sua granulação, seu grau de alteração, sua tendência à degradação, à abrasão ou à fratura sob diversos tipos de aplicações. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar os agregados artificiais, sua origem, sua classificação e suas aplicações. Bons estudos! Ao final desta unidade, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Elencar os principais tipos de agregados artificiais e suas respectivas aplicações na construção civil. • Identificar as propriedades dos agregados artificiais.• Caracterizar os agregados artificiais quanto à sua granulometria e ao seu formato.• Desafio Suponha que você seja o engenheiro responsável por uma obra de grande porte no sul do Brasil. Você precisa escolher entre argila expandida, vermiculita ou hematita. Justifique sua escolha baseada nas propriedades dos agregados e dos requisitos do projeto. Infográfico Os agregados classificam-se segundo a origem, as dimensões das partículas e o peso específico aparente. Segundo a origem, você estudará os agregados artificias. Os agregados utilizados na tecnologia do concreto, por sua vez, podem ser classificados segundo as dimensões das partículas em miúdos ou graúdos e também de acordo com seu peso específico aparente, que leva em conta a densidade do material que constitui as partículas dos agregados. Observe no infográfico os principais tipos de agregados artificias. Conteúdo do livro Embora os diversos ensaios descritos nos itens seguintes deem um indicativo da qualidade do agregado, não é possível relacionar as propriedades dos agregados ao desenvolvimento da resistência potencial do concreto e, na realidade, não é possível traduzir aspropriedades dos agregados em propriedades de produção do concreto. Acompanhe um trecho do livro "Tecnologia do Concreto" para saber mais sobre as propriedades mecânicas dos agregados a partir do título Aderência até o final do título Propriedades físicas. Boa leitura! Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 N523t Neville, A. M. Tecnologia do concreto [recurso eletrônico] / A. M. Neville, J. J. Brooks ; tradução: Ruy Alberto Cremonini. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-8260-072-6 1. Engenharia civil. 2. Concreto. I. Brooks, J. J. II. Título. CDU 691.32 A.M. Neville é consultor de Engenharia Civil. Ele foi Vice Presidente da Royal Aca- demy of Engineering, Reitor e Vice-Chanceler da University of Dundee. Tem anos de experiência como professor, pesquisador e consultor em Engenharia Civil e Es- trutural na Europa e América do Norte e no Extremo Oriente. Recebeu inúmeros prêmios e medalhas, e é membro Honorário do American Concrete Institute, da British Concrete Society e do Instituto Brasileiro de Concreto. J.J. Brooks é consultor, ex-professor sênior na Engenharia Civil e de Materiais e Diretor dos Estudos de Pós-Graduação na Escola de Engenharia Civil da University of Leeds. É membro do American Concrete Institute e da International Masonry Society. Capítulo 3 Agregados 47 A forma e a textura superficial dos agregados, especialmente dos agregados mi- údos, exercem grande influência na demanda de água da mistura (ver página 79). Em termos práticos, mais água será necessária quanto maior for o teor de vazios de agregados no estado solto. Geralmente, a lamelaridade e a forma do agregado graúdo têm um importante efeito sobre a trabalhabilidade do concreto, sendo esta decrescente com o aumento do índice de angulosidade. Propriedades mecânicas Embora os diversos ensaios descritos nos itens seguintes deem um indicativo da qualidade do agregado, não é possível relacionar as propriedades dos agregados ao desenvolvimento da resistência potencial do concreto e, na realidade, não é possível traduzir as propriedades dos agregados em propriedades de produção do concreto. Aderência Tanto a forma quanto a textura superficial influenciam consideravelmente na re- sistência do concreto, em especial para concretos de alta resistência, sendo que a resistência à flexão é mais afetada que a resistência à compressão. Um agregado de textura mais áspera resulta em melhor aderência entre as partículas e a matriz de cimento. Da mesma forma, a maior área superficial de agregados mais angulosos resulta em maior aderência. Em geral, características de textura que não permitem a penetração da pasta na superfície das partículas não contribuem para uma boa ade- rência e, assim, agregados mais macios, porosos e com partículas mineralógicamente heterogêneas resultam em melhor aderência. A determinação da qualidade da aderência ainda é difícil e não existem ensaios confiáveis. Em geral, quando a aderência é boa, um corpo de prova de concreto rom- pido deve conter algumas partículas partidas, além de um maior número de partícu- las separadas da pasta. Entretanto, um excesso de partículas fraturadas pode indicar um agregado de baixa resistência. Resistência Obviamente a resistência à compressão do concreto não pode ser muito maior do que a resistência da maior parte dos agregados nele contidos, apesar de não ser fá- cil determinar a resistência à compressão do agregado propriamente dito. Algumas poucas partículas fracas podem ser admitidas e, além disso, os vazios podem ser considerados como partículas de agregados com resistência nula. As informações necessárias sobre as partículas de agregado devem ser obtidas a partir de métodos de ensaios indiretos, como ensaios de resistência ao esmagamento de amostras preparadas de rocha, valores de esmagamento de agregados soltos e desempenho do agregado em concreto. Este último pode significar experiências an- teriores com um determinado agregado ou verificações experimentais, substituindo um agregado de qualidade reconhecida em uma determinada composição de concre- to pelo agregado em análise. 48 Tecnologia do Concreto Ensaios em amostras preparadas são pouco utilizados, mas o valor de 200 MPa pode ser citado como um bom valor médio de amostras submetidas a ensaios de resistência à compressão, apesar de que vários agregados excelentes apresentam va- lores inferiores a 80 MPa. Deve-se destacar que a resistência necessária do agregado é consideravelmente maior que os valores normais da resistência do concreto em função de as tensões reais nos pontos de contato das partículas individuais poderem superar em muito a tensão de compressão nominal aplicada. Por outro lado, agre- gados de resistência e módulo de elasticidade moderados ou baixos podem ser úteis para preservar a integridade do concreto, pois as mudanças de volume resultantes de causas térmicas ou variações de umidade resultam em menor tensão na pasta de ci- mento quando o agregado é compressível, enquanto um agregado rígido pode levar à fissuração da pasta de cimento envolvente. O ensaio do índice de esmagamento do agregado é prescrito pela BS 812–110: 1990 e pela BS EN 1097–2: 1998 e é uma importante ferramenta quando da utiliza- ção de agregados de desempenho desconhecido. O material a ser ensaiado deve passar na peneira 14,0 mm e ficar retido na penei- ra 10,0 mm. Quando, no entanto, essa dimensão não estiver disponível, partículas de outras dimensões podem ser usadas, mas, em geral, dimensões maiores resultam em valores de esmagamento mais elevados, enquanto as menores resultam em valores mais baixos que ensaios realizados com a mesma rocha na dimensão normalizada. A amos- tra deve ser seca em estufa na faixa de 100 a 110°C por 4 horas e, então, colocada em um molde cilíndrico e compactada segundo procedimento normalizado. Um pistão é colo- cado no topo dos agregados e todo o conjunto posicionado em uma máquina de ensaio à compressão, sendo submetido a uma carga de 400 kN (tensão de 22,1 MPa) na área total do pistão; a carga é aumentada gradualmente em um período de 10 minutos. Após o alívio da carga, os agregados são removidos e peneirados em uma peneira de 2,36 mm3 no caso de amostras de dimensões padrões, ou seja, entre 14,0 e 10,0 mm. Para amostras de outras dimensões, a dimensão da peneira é prescrita pelas normas BS 812–110: 1990 e BS EN 1097–2: 1998. A relação da massa de material passante na peneira, em relação à massa total da amostra, é denominada índice de esmagamento do agregado.* Não há relação explícita entre o índice de esmagamento do agregado e sua re- sistência à compressão, mas esse valor é, em geral, maior quanto menor for a resis- tência à compressão. Para índices de esmagamento entre 25 e 30, o ensaio é pouco sensível à variação da resistência de agregados mais fracos. Isso se deve ao fato dos agregados mais fracos serem esmagados antes da aplicação do carregamento total de 400 kN, o que faz com que esses materiais sejam compactados e, assim, a quanti- dade total esmagada durante as etapas finais do ensaio seja reduzida. Por essa razão, o valor de 10% de finos é incluído na BS 812–111:1990 e um ensaio de resistência à fragmentação é prescrito pela BS EN 1097–2:1998. A BS 812– 111: 1990 utiliza o ensaio de esmagamento para determinar a carga necessária para 3 Para dimensões das peneiras, ver Tabela 3.6 * N. de T.: A NBR 9938:1987 estabelece o método para avaliação da resistência ao esmagamento de agre- gados graúdos, similar ao método descrito. Capítulo 3 Agregados 49 produzir 10% de finos a partir de partículas de 14,0 a 10,0 mm. Isso é alcançado pela aplicação de uma carga progressivamente maior no pistão de maneira a causar uma penetração em 10 minutos de cerca de: 15 mm para agregados arredondados ou parcialmente arredondados; 20 mm para agregados britados; 24 mm para agregados alveolares (como aargila expandida ou escória expandida – ver Capítulo 18). Essas penetrações devem resultar em uma porcentagem de finos passantes na peneira 2,36 mm entre 7,5 e 12,5%. Sendo y a porcentagem de finos devido à carga máxima de x kN, então a carga necessária para resultar em 10% de finos é dada por: O ensaio de resistência à fragmentação envolve o esmagamento dinâmico de uma amostra de agregados de dimensões entre 12,5 e 8 mm, por 10 impactos, sendo medida a porcentagem de finos passantes por cinco peneiras abaixo de 8 mm. A resistência à frag- mentação é dada pela quantidade total passante por todas as peneiras dividida por 5. Em função de a resistência ao esmagamento de alguns agregados ser significativa- mente menor quando em condição saturado superfície seca (ver página 53), as normas BS 812–111: 1990 e BS EN 1097–2: 1998 estabelecem essa condição de umidade, que é mais representativa de condições reais que a condição seca em estufa. Entretanto, após o esmagamento, os finos devem ser secos até massa constante ou por 12 horas a 105°C. Deve ser destacado que, nesse ensaio, diferentemente do ensaio de esmagamen- to, um resultado numérico maior indica uma maior resistência do agregado. A BS 882: 1992 prescreve um valor mínimo de 150 kN para agregados a serem utilizados em acabamentos de pisos de concreto sujeitos a uso pesado, 100 kN para agregados de utilização em superfícies de pavimentos de concreto sujeitos à abrasão e 50 kN quando utilizados em outros concretos. Tenacidade A tenacidade pode ser definida como a resistência do agregado à ruptura por impacto, sendo usual a determinação do índice de impacto de agregados soltos. Os procedimen- tos detalhados dos ensaios são apresentados pelas normas BS 812–112: 1990 e BS EN 1097–2: 1998.* O resultado desses ensaios é relacionado ao índice de esmagamento e pode ser utilizado como um ensaio alternativo. Pelas mesmas razões apresentadas na página 50, ambas normas citam que os agregados podem ser ensaiados também na condição saturado e superfície seca. As dimensões das partículas ensaiadas são as mes- mas do ensaio de esmagamento, bem como os teores admitidos da fração menor que * N. de T.: O termo original toughness define a medida da capacidade de um material em absorver energia até a fratura. O ensaio descrito não se relaciona a essa propriedade, pois avalia a resistência de partículas de agregados submetidas a repetidos impactos. Não há medida de absorção de energia ou deformação. O referido ensaio não é normalizado no Brasil. 50 Tecnologia do Concreto 2,36 mm. O impacto é dado por 15 quedas de um martelo-padrão, sujeito ao peso pró- prio, sobre o agregado no interior de um recipiente cilíndrico. Esse procedimento resul- ta em uma fragmentação similar à produzida pelo pistão no ensaio de esmagamento. A BS 882: 1992 estabelece os seguintes valores máximos para a média de duas amostras: 25% quando o agregado será utilizado em acabamentos de piso de concreto submetido a uso pesado 30% quando o agregado será utilizado em superfícies de concreto sujeitas à abrasão 45% quando utilizado em outros concretos Dureza A dureza ou resistência ao desgaste é uma importante propriedade de concretos utilizados em rodovias e em pisos sujeitos a tráfego pesado. O índice de desgaste por abrasão dos agregados é determinado pela BS 812–113: 1990. Uma camada de resina com partículas de agregados incorporadas, com dimensões entre 14,0 e 20,0 mm, é submetida à abrasão por areia em uma máquina giratória. O índice de desgaste por abrasão é definido como a porcentagem de massa perdida. O índice de polimento de rocha é uma avaliação alternativa, em que o agregado graúdo é submetido ao polimento por pneus de borracha, conforme prescrito pela BS EN 1097–8: 2000. O índice de polimento é determinado a partir de medições do atrito. Caso esse índice exceda 60, o índice de desgaste por abrasão deve ser utilizado para a avaliação do desgaste. O desgaste também pode ser avaliado pelo teste de atrito (BS EN 1097–1: 1996). O ensaio Los Angeles combina os processos de atrito e abrasão e dá resultados que mostram uma boa correlação, não somente com o desgaste real dos agregados no concreto, mas também com as resistências à compressão e flexão do concreto produzido com o mesmo agregado. Nesse ensaio, o agregado de uma determinada granulometria é colocado em um tambor cilíndrico, montado horizontalmente, que possui uma aleta interna. Uma carga de esferas de aço é adicionada e o tambor é girado por um determinado número de rotações. As quedas e tombamentos do agregado e das esferas resultam em abrasão e atrito do agregado, e é medido o valor percentual de material fragmentado. O ensaio Los Angeles pode ser realizado em agregados de diferentes dimensões, obtendo-se o mesmo valor de desgaste, desde que a massa da amostra, a carga de bolas e o número de rotações sejam adequados. Esses valores estão estabelecidos pela ASTM C 131–06. Para verificar a possibilidade de degradação de um agregado miúdo desconheci- do em uma mistura prolongada de concreto fresco, é aconselhada a realização de um ensaio de atrito em condição úmida para determinar quanto material menor que 75 �m (peneira n° 200) é produzido. Entretanto, o ensaio de abrasão Los Angeles não é muito adequado para essa determinação; na realidade, não existe nenhum equipa- mento normalizado adequado.* * N. de T.: No Brasil, a avaliação da dureza de agregados é feita pelo ensaio de abrasão Los Angeles, nor- malizado pela NBR NM 51:2001. Capítulo 3 Agregados 51 Propriedades físicas Várias propriedades físicas dos agregados, similares às estudadas em física bási- ca, são importantes para o seu comportamento no concreto e para as proprieda- des do concreto produzido com um determinado agregado. Essas propriedades físicas dos agregados e suas determinações serão analisadas a partir de agora. Massa específica* Como os agregados em geral contêm poros permeáveis e impermeáveis (ver página 52), massa específica deve ser cuidadosamente definida e, de fato, há diversos tipos de massa específica. A massa específica absoluta refere-se ao volume de material sólido excluindo todos os poros. Massa específica é a relação entre a massa de agregado seco e seu vo- lume excluindo os capilares. A massa específica aparente é definida como a relação entre a massa do agregado seco e seu volume, incluindo os poros permeáveis.** A massa específica normalmente é a grandeza necessária em tecnologia do con- creto e pode ser obtida pela relação entre a massa do agregado seco em estufa à tem- peratura de 100 a 110°C durante 24 horas e a massa de água que ocupa um volume igual ao volume de sólidos, incluindo os poros impermeáveis. A massa de água é de- terminada com a utilização de um recipiente cuidadosamente preenchido com água até um volume determinado. Esse método é normalizado pela ASTM C 128-04a para agregados miúdos.*** Sendo D a massa de agregados secos em estufa, C a massa do recipiente cheio de água e B a massa do recipiente com a amostra e completado com água, a massa de água que ocupa o mesmo volume que os sólidos é C – (B – D); portanto, a massa específica é: O recipiente, conhecido como picnômetro, normalmente é um frasco de capacidade de 1 litro com tampa metálica estanque de formato cônico e com um pequeno ori- fício na parte superior. Dessa forma, o picnômetro pode ser enchido com água de maneira que contenha sempre o mesmo volume.**** Para a massa específica dos agregados graúdos, a ASTM C 127-04 prescreve o método da balança hidrostática. A BS 812-102: 1995 e a BS EN 1097-3: 1998 tam- bém prescrevem o método da balança hidrostática para agregados com dimensões * N. de T.: Tendo em vista a diferença de nomenclaturas, este item foi adaptado às normas e aos termos brasileiros. ** N. de T.: As definições de massa específica e massa específica aparente constam da NBR NM 52:2009, sendo ambas expressas em g/cm3. *** N. de T.: Conhecido como método do picnômetro. ****N. de T.: No Brasil a determinação da massa específica de agregados miúdos é normalizada pela NBR NM 52:2009. Dica do professor Aproximadamente 3/4 do volume de concreto são ocupados pelos agregados, em função disso, você deve saber que sua qualidade é de grande importância. Os agregados não só limitam a resistência do concreto, como também suas propriedades afetam significativamente a durabilidade e o desempenho estrutural do concreto. Acompanhe no vídeo os agregados artificiais e suas principais aplicações. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/93722d6a3e3f46eca577d9fe8d7b4980 Exercícios 1) , 1) Assinale a alternativa que contenha um agregado natural: A) Pedra britada. B) Brita 01. C) Argila expandida. D) Escória de alto-forno. E) Seixo rolado. 2) , 2) Os agregados podem ser classificados de acordo com o material que constitui as partículas de acordo com sua densidade em leves, médios e pesados. Contém um material considerado leve: A) Barita. B) Cascalho. C) Areia. D) Escória. E) Escória granulada. 3) , 3) Definimos a tenacidade dos agregados como: A) A tenacidade é definida como a resistência ao desgaste. B) A tenacidade pode ser definida como a resistência do agregado à ruptura por impacto. C) A tenacidade refere-se ao volume de material sólido excluindo todos os poros. D) A tenacidade refere-se ao volume de material sólido excluindo todos os poros. E) A tenacidade pode ser definida como a água excedente no agregado na condição saturado. 4) , 4) O ensaio Los Angeles determina: A) Desgaste dos agregados. B) Teor de umidade. C) Massa específica. D) Porosidade. E) Permeabilidade e absorção. 5) , 5) O processo de dividir uma amostra de agregado em frações de partículas de mesma dimensão é denominado: A) Dureza. B) Teor de umidade. C) Sanidade. D) Teor de impurezas orgânicas. E) Análise granulométrica. Na prática Você sabia que várias são as rochas aptas a serem exploradas para a produção dos agregados artificiais? Cada região pode ter uma rocha na natureza de acordo com sua vantagem na produção dos agregados. Dentre as rochas naturais mais comumentes exploradas temos: • Granito que é uma rocha plutônica de cor cinza; • Basalto que é uma rocha vulcânica básica de cor cinza em tons escuros; • Gnaisse que é uma rocha metamórfica; • Calcário que é uma rocha sedimentar; • Arenito que caracteriza-se por ser de origem sedimentar; • Hematita que é constituída basicamente de óxido férrico. Também é possível obtermos agregados artificiais a partir de resíduos industriais. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Rostale Mineradora - Brita e pó de brita. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Conheça os tipos de pedra brita Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Visita à fábrica de argila expandida da CINEXPAN Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. Pág. 51 até a pág. 57. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://www.youtube.com/embed/FIypzEpJ_3o?rel=0 https://www.youtube.com/embed/CvD7w-6pDUs?rel=0 https://www.youtube.com/embed/-ZOwzo15vnc?el=0 Agregados naturais Apresentação Você sabia que os agregados podem ser classificados de acordo com sua origem, tamanho de partículas e peso? Estes materiais, em tempos de desenvolvimento do concreto, eram adicionados à massa de cimento e de água, objetivando a economia. Atualmente os agregados representam cerca de 80% do peso do concreto trazendo benefícios quanto a parâmetros como: retração e resistência, em que o tamanho, a densidade e a forma dos seus grãos podem trazer as mais variadas características desejadas ao concreto. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar os agregados naturais e identificar os principais tipos de agregados naturais e suas respectivas aplicações na construção civil. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os principais tipos de agregados naturais e suas respectivas aplicações na construção civil. • Identificar as propriedades dos agregados naturais.• Caracterizar os agregados naturais quanto à sua granulometria e formato.• Desafio Muito mais do que construir através do empilhamento de tijolos ou montar estruturas metálicas, construir é um projeto elaborado que requer análise minuciosa de cálculos, detalhes estruturais, tomadas de decisões, entre outros fatores que podem fazer toda a diferença no produto final da obra. Diante disso, você como parte do time de engenheiros do projeto, precisa optar pela utilização de cascalho ou brita para preparação de concretos, quando o aspecto fundamental a ser observado deve ser a trabalhabilidade do concreto. Justifique sua escolha. Infográfico Os agregados classificam-se, segundo a origem, dimensões das partículas e peso específico aparente. Os agregados utilizados na tecnologia do concreto, por sua vez, podem ser classificados, segundo as dimensões das partículas, em miúdos ou graúdos e também de acordo com seu peso específico aparente, que leva em conta a densidade do material que constitui as partículas dos agregados. Observe no infográfico algumas características dos agregados naturais. Conteúdo do livro Os agregados podem ser classificados, de acordo com sua origem petrográfica, dimensões e segundo sua forma e textura. O concreto geralmente é produzido com agregados de dimensões máximas que variam entre 10mm a 50mm, sendo 20mm um valor típico. As características externas dos agregados, em especial a forma e a textura superficial da partícula, são importantes para as propriedades do concreto fresco e endurecido. Acompanhe um trecho do livro "Tecnologia do Concreto". Inicie sua leitura a partir do título Classificação segundo as dimensões até o final da página 47. Boa leitura. Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 N523t Neville, A. M. Tecnologia do concreto [recurso eletrônico] / A. M. Neville, J. J. Brooks ; tradução: Ruy Alberto Cremonini. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-8260-072-6 1. Engenharia civil. 2. Concreto. I. Brooks, J. J. II. Título. CDU 691.32 A.M. Neville é consultor de Engenharia Civil. Ele foi Vice Presidente da Royal Aca- demy of Engineering, Reitor e Vice-Chanceler da University of Dundee. Tem anos de experiência como professor, pesquisador e consultor em Engenharia Civil e Es- trutural na Europa e América do Norte e no Extremo Oriente. Recebeu inúmeros prêmios e medalhas, e é membro Honorário do American Concrete Institute, da British Concrete Society e do Instituto Brasileiro de Concreto. J.J. Brooks é consultor, ex-professor sênior na Engenharia Civil e de Materiais e Diretor dos Estudos de Pós-Graduação na Escola de Engenharia Civil da University of Leeds. É membro do American Concrete Institute e da International Masonry Society. 42 Tecnologia do Concreto Classificação segundo as dimensões O concreto geralmente é produzido com agregados de dimensões máximas que variam entre 10 mm a 50 mm, sendo 20 mm um valor típico. A distribuição das dimensões é denominada granulometria. Concretos de menor exigência de qualidade podem ser produzidos com agregados de jazidas que contêm toda uma variação de dimensões, dos maiores aos menores, denominados bica corrida. A alternativa mais usual e sempre uti- lizada para a produção de concretos de boa qualidade é a obtenção de agregados sepa- rados em duas partes; a separação principal é a dimensão de 5 mm ou a peneiraASTM N° 4, estabelecendo assim a divisão entre agregados miúdos (areia) e agregados graúdos (ver Tabela 3.6). Algumas vezes o termo agregado é utilizado para designar os agrega- dos graúdos, de forma a distingui-los da areia, mas essa não é a denominação correta. Considera-se que a areia, em geral, tem como dimensão mínima o valor de 0,07 mm ou pouco menor. O material com dimensões entre 0,06 mm e 0,002 mm é classifi- cado como silte e as partículas menores, denominadas argila. Marga é um material de consistência mole, constituído de areia, silte e argila em iguais proporções.* Classificação petrográfica Do ponto de visto petrográfico, os agregados podem ser divididos em vários grupos de rochas com características comuns (ver Tabela 3.1). A classificação em grupos não significa a adequação do agregado à produção de concreto, pois materiais inade- quados podem ser encontrados em qualquer grupo, embora alguns grupos tenham a tendência de ter melhores resultados que outros. Deve ser ressaltado que várias deno- minações comerciais e usuais frequentemente não correspondem à classificação pe- trográfica correta. A descrição petrográfica é apresentada na BS 812: Parte 102: 1989. Na norma americana ASTM C 294–05, são apresentadas as descrições dos mi- nerais mais comuns ou importantes encontrados nos agregados, ou seja: Minerais de sílica – (quartzo, opala, calcedônia, tridimita, cristobalita) Feldspatos Minerais micáceos Minerais carbonáticos Minerais sulfáticos Minerais de sulfeto de ferro Minerais ferromagnesianos Zeólitos Minerais de óxido de ferro Minerais argilosos Os detalhes de métodos mineralógicos e petrográficos estão além do escopo des- te livro, mas é importante ter consciência de que o exame geológico dos agregados é uma poderosa ferramenta na determinação de sua qualidade e, em especial, para * N. de T.: A norma brasileira NBR 7211:2009 estabelece 4,75 mm como a divisão entre agregados miúdos e agregados graúdos. A mesma norma define agregado total como aquele resultante de britagem de rochas cujo beneficiamento resulta em uma distribuição granulométrica formada por agregados miúdos e graúdos ou pela mistura intencional de areia natural e agregados britados. Capítulo 3 Agregados 43 comparar um novo agregado com um de histórico conhecido. Além disso, proprie- dades adversas, como a presença de formas instáveis de sílica, pode ser identificada. Nos casos de agregados artificiais (ver Capítulo 18), a influência dos métodos de produção e processamento também é estudada.* * N. de T.: As normas NBR NM 66:1998 (Agregados – Constituintes mineralógicos dos agregados naturais – Terminologia) e NBR 6502:1995 (Rochas e solos – Terminologia) definem, respectivamente, os termos utili- zados na descrição dos constituintes mineralógicos dos agregados naturais utilizados no concreto e os termos relativos aos materiais da crosta terrestre, rochas e solos, para fins de engenharia geotécnica de fundações e obras de terra. Os termos apresentados nesta seção foram baseados, sempre que possível, nessas normas. Tabela 3.1 Classificação dos agregados naturais segundo o tipo de rocha Grupo Basalto Andesito Basalto Porfiritos básicos Diabásio Todos os tipos de doleritos, incluindo teralito e teschenito Epidiorito Lamprófiro Quartzo-dolerito Espilito Grupo Flint Chert Flint Grupo Gabro Diorito básico Gnaisse básico Gabro Hornblenda Norito Peridotito Picrito Serpentinito Grupo Granito Gnaisse Granito Granodiorito Granulito Pegmatito Quartzo-diorito Sienito Grupo Arenito (incluindo rochas vulcânicas fragmen- tadas) Arcósio Grauvaca Arenito Tufo Grupo Hornfels Todos os tipos de rochas de contato alteradas, exceto mármore Grupo Calcário Dolomito Calcário Mármore Grupo Porfirítico Aplito Dacito Felsito Granófiro Queratófiro Microgranito Pórfiro Quartzo-porfirítico Riólito Traquito Grupo Quartzito Quartzito Arenito quarzítico Quartzito recristalizado Grupo Xisto Filito Xisto Folhelho Todas as rochas altamente cisalhadas 44 Tecnologia do Concreto Classificação segundo forma e textura As características externas dos agregados, em especial a forma e a textura superficial da partícula, são importantes para as propriedades do concreto fresco e endurecido. A forma de corpos tridimensionais é de difícil descrição, sendo, então, importante definir algumas características geométricas desses corpos. O arredondamento avalia a agudeza relativa ou angulosidade das arestas de uma partícula. O arredondamento real é consequência da resistência mecânica e resistên- cia ao desgaste da rocha-mãe e do desgaste a que a partícula foi submetida. No caso de agregados britados, a forma depende das características da rocha-mãe, do tipo de britador e de sua taxa de redução, isto é, a relação da dimensão do produto britado quando comparado à dimensão inicial. Uma classificação geral prática das formas das partículas é dada na Tabela 3.2. Tabela 3.2 Classificação segundo a forma das partículas e exemplos Classificação Descrição Exemplos Arredondado Totalmente desgastado pela ação de água ou totalmente conformado por atrito Seixo de rio ou zonas lito- râneas marítimas; areia de deserto, de origem eólica ou de litoral marítimo Irregular Naturalmente irregular ou parcialmente conformado por atrito com arestas arre- dondadas Outros seixos, flint Lamelar Material em que a espessura é menor que as outras duas dimensões Rochas lamelares Anguloso Possuem arestas bem definidas na interse- ção de faces razoavelmente planas Pedras britadas de todos os tipos, talus e escória britada Alongado Material, em geral, anguloso no qual o comprimento é consideravelmente maior que as outras duas dimensões — Lamelar e alongado Material com o comprimento bem maior que a largura e esta bem maior que a es- pessura — Embora não exista normalização da ASTM, algumas vezes é utilizada nos Esta- dos Unidos a seguinte classificação: Totalmente redondo – sem face original Arredondado – quase todas as faces inexistentes Subarredondado – consideravelmente desgastado, faces com área reduzida Subanguloso – algum desgaste com faces intactas Anguloso – poucas evidências de desgaste Como o grau de empacotamento das partículas de um mesmo tamanho depende de sua forma, a angulosidade do agregado pode ser estimada pela proporção de vazios Capítulo 3 Agregados 45 entre as partículas compactadas segundo um procedimento padronizado. Original- mente a BS 812: parte 1: 1975 quantificava esse efeito pelo índice de angulosidade, ou seja, 67 menos a porcentagem de volume de sólidos em um recipiente preenchido, de maneira normalizada, com agregados. As dimensões das partículas usadas no ensaio devem ser controladas dentro de limites estreitos e devem preferencialmente estar em uma das quatro faixas: 20,0 e 14,0 mm; 14,0 e 10,0 mm; 10,0 e 6,3 mm e 6,3 e 5,0 mm. O número 67 na expressão do cálculo do índice de angulosidade representa o volume de sólidos da maioria dos cascalhos arredondados; portanto, o índice de angulosidade mede a porcentagem de vazios de um material em relação ao índice do cascalho, isto é, 33. Para agregados de uso prático, o índice varia entre 0 e 11, e quanto maior o valor, mais anguloso é o agregado. Outro aspecto da forma dos agregados graúdos é sua esfericidade, definida como uma função da relação entre a área superficial da partícula e seu volume (superfície específica). A esfericidade está relacionada à estratificação e clivagem da rocha-mãe e é influenciada também pelo tipo de equipamento de britagem nos casos de redução das dimensões artificialmente. Partículas com elevada relação entre área superficial e volume são de especial interesse, já que diminuem a trabalhabilidade das misturas (ver página 79). Partículas alongadas e lamelares têm essa característica, sendo que as últimas podem influenciar negativamente na durabilidade do concreto, pois têm a tendência de se acomodar segundo um plano orientado, com formação de vazios e acúmulo de água abaixo dele. A presençade partículas alongadas ou lamelares, aci- ma de 10 a 15% em relação à massa de agregados graúdos, geralmente é considerada indesejável, apesar de não haver limites estabelecidos. A classificação dessas partículas é feita por meio de gabaritos, conforme descri- ção da BS 812–105.1 e 2. O método é baseado no pressuposto de que uma partícu- la é lamelar se sua espessura (menor dimensão) é 0,6 vezes menor que a dimensão média da peneira da fração de tamanho a que pertence a partícula. De mesma for- ma, a partícula na qual o comprimento (maior dimensão) é maior que 1,8 vezes a dimensão média da peneira da fração de tamanho a que ela pertence é dita como alongada. A dimensão média é definida como a média aritmética entre a dimensão da peneira onde a partícula ficou retida e a dimensão da peneira acima. Um controle dimensional rígido é necessário e as peneiras consideradas não são da série normal para agregados, mas 75,0; 63,0; 50,0; 37,5; 28,0; 20,0; 14,0; 10,0; 6,30 e 5,00 mm. A BS EN 1933–4: 2000 descreve um ensaio para avaliação da forma que é similar ao ensaio de alongamento, mas, embora úteis, nenhum desses ensaios descreve adequa- damente a forma da partícula. A massa de partículas lamelares expressa como uma porcentagem da amostra é denominada como índice de lamelaridade. O índice de alongamento e o índice de forma são definidos da mesma maneira. Algumas partículas são ao mesmo tempo alongadas e lamelares, sendo então contabilizadas em ambas categorias.* * N. de T.: A NBR 7809:2006 normaliza a determinação do índice de forma do agregado graúdo pelo mé- todo do paquímetro. Segundo a NBR 7211:2009, esse índice não deve ser superior a 3. 46 Tecnologia do Concreto Enquanto a BS EN 12620: 2002 limita o índice de lamelaridade dos agregados graúdos em 50, a BS 882: 1992 especifica o mesmo limite para cascalho; entretanto, para agregados britados ou parcialmente britados, o limite é 40%. Agregados de regiões marinhas podem conter conchas que devem ter seu teor controlado por serem frágeis e também por poderem diminuir a trabalhabilidade das misturas. O teor de conchas é determinado por pesagem das conchas e de fragmentos coletados manualmente de uma amostra de agregados maiores que 5 mm. Detalhes do ensaio são apresentados nas normas BS 812–106: 1985 e BS EN 933–7: 1998. Segundo a BS EN 12620: 2002, quando necessário, o teor de conchas dos agre- gados graúdos deve ser classificado em duas categorias: maior ou menor que 10%. A norma britânica BS 882: 1992 limita o teor de conchas em agregados graúdos em 20% quando a dimensão máxima é 10 mm e em 8% quando for superior. Os limites se aplicam a um agregado de dimensão única, graduado e brita corrida. Não há limites para o teor de conchas em agregados miúdos. A classificação segundo a textura superficial é baseada no grau de polimento da superfície das partículas, sendo polidas ou opacas, lisas ou ásperas. O tipo de aspereza também deve ser analisado. A textura superficial depende da dureza, de dimensões dos grãos e de características de porosidade da rocha-mãe (rochas duras, densas e grãos finos em geral resultam em superfícies de fratura lisas), bem como o grau com que as forças atuantes sobre a superfície das partículas as tenham alisado ou tornado ásperas. A avaliação visual da aspereza é bastante aceitável, mas para evitar erros pode ser adotada a classificação da Tabela 3.3. Tabela 3.3 Classificação dos agregados segundo a textura superficial e exemplos Grupo Textura superficial Características Exemplos 1 Vítrea Fratura conchoidal Flint negro, escória vitrificada 2 Lisa Desgastado por água ou alisa- do devido à fratura de rochas laminadas ou de granulação fina Seixo, chert, ardósia, mármore e alguns riólitos 3 Granular Fratura mostrando grãos mais ou menos uniformes arredon- dados Arenito, oólito 4 Áspera Fratura áspera de rochas de granulação fina ou média con- tendo constituintes cristalinos de difícil visualização Basalto, felsito, pórfiro, calcário 5 Cristalina Presença de constituintes cris- talinos de fácil visualização Granito, gabro, gnaisse 6 Alveolar Com poros e cavidades visíveis Tijolo, pedra-pome, escória expandida, clínquer, argila ex- pandida Capítulo 3 Agregados 47 A forma e a textura superficial dos agregados, especialmente dos agregados mi- údos, exercem grande influência na demanda de água da mistura (ver página 79). Em termos práticos, mais água será necessária quanto maior for o teor de vazios de agregados no estado solto. Geralmente, a lamelaridade e a forma do agregado graúdo têm um importante efeito sobre a trabalhabilidade do concreto, sendo esta decrescente com o aumento do índice de angulosidade. Propriedades mecânicas Embora os diversos ensaios descritos nos itens seguintes deem um indicativo da qualidade do agregado, não é possível relacionar as propriedades dos agregados ao desenvolvimento da resistência potencial do concreto e, na realidade, não é possível traduzir as propriedades dos agregados em propriedades de produção do concreto. Aderência Tanto a forma quanto a textura superficial influenciam consideravelmente na re- sistência do concreto, em especial para concretos de alta resistência, sendo que a resistência à flexão é mais afetada que a resistência à compressão. Um agregado de textura mais áspera resulta em melhor aderência entre as partículas e a matriz de cimento. Da mesma forma, a maior área superficial de agregados mais angulosos resulta em maior aderência. Em geral, características de textura que não permitem a penetração da pasta na superfície das partículas não contribuem para uma boa ade- rência e, assim, agregados mais macios, porosos e com partículas mineralógicamente heterogêneas resultam em melhor aderência. A determinação da qualidade da aderência ainda é difícil e não existem ensaios confiáveis. Em geral, quando a aderência é boa, um corpo de prova de concreto rom- pido deve conter algumas partículas partidas, além de um maior número de partícu- las separadas da pasta. Entretanto, um excesso de partículas fraturadas pode indicar um agregado de baixa resistência. Resistência Obviamente a resistência à compressão do concreto não pode ser muito maior do que a resistência da maior parte dos agregados nele contidos, apesar de não ser fá- cil determinar a resistência à compressão do agregado propriamente dito. Algumas poucas partículas fracas podem ser admitidas e, além disso, os vazios podem ser considerados como partículas de agregados com resistência nula. As informações necessárias sobre as partículas de agregado devem ser obtidas a partir de métodos de ensaios indiretos, como ensaios de resistência ao esmagamento de amostras preparadas de rocha, valores de esmagamento de agregados soltos e desempenho do agregado em concreto. Este último pode significar experiências an- teriores com um determinado agregado ou verificações experimentais, substituindo um agregado de qualidade reconhecida em uma determinada composição de concre- to pelo agregado em análise. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor Você sabe que em torno de 70% do volume do concreto são ocupados pelos agregados, e que não é surpresa que a qualidade destes seja de suma importância na obtenção de um concreto com boa performance. Os agregados exercem nítida influência não apenas na resistência mecânica do produto acabado como, também, em sua durabilidade e em seu desempenho estrutural. Acompanhe no vídeo alguns exemplos de agregados naturais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/06b3edb73f59681194d392335aaf0105 Exercícios 1) De acordo com o material que constitui as partículas, podemos classificar os agregados, de acordo com a sua densidade, em leves, médiose pesados. Contém um material considerado leve: A) Vermiculita. B) Barita. C) Cascalho. D) Areia. E) Escória. 2) Assinale a alternativa que contenha um agregado natural: A) Brita. B) Pedra britada. C) Pó de pedra. D) Bica corrida. E) Seixos. 3) Os agregados classificam-se segundo sua origem, dimensões das partículas e o peso específico aparente. Conforme o peso específico aparente, assinale a alternativa que contenha um agregado pesado. A) Escória granulada. B) Calcário. C) Granito. D) Magnetita. E) Arenito. 4) Os módulos de finura para areais bem granulados enquadram-se na NBR e variam de acordo com certos limites expostos na norma. Assinale a alternativa que contenha Areia Muito fina. A) Módulo Finura 1,35. B) Faixa inicial módulo de finura 1,71. C) Faixa inicial módulo de finura 2,11. D) Faixa inicial módulo de finura 2,71. E) Módulo de finura 4,00. 5) A areia seca absorve água, formando uma película em torno dos grãos. Essa é uma propriedade mecânica chamada de: A) Inchamento. B) Higroscopia. C) Coesão aparente. D) Resistência à compressão. E) Friabilidade. Na prática Veja um agregado natural muito usado na construção civil. A areia seca apresenta-se em duas fases, de sólidos (grãos) e vazios (ar). Já a areia úmida possui uma fase adicional que é a água. Areais cujo espaço entre grãos (vazios) é muito pequeno apresentam higroscopia ou ascensão capilar, ou seja, quando a areia contata a água na base. A água que se encontra no interior da massa alcança, devido à capilaridade, um nível acima da água no exterior. É importante então que você saiba que quanto mais fina é a areia, mais alta será a sua ascensão capilar. Essa característica do material deve ser considerada, em algumas aplicações, como pisos e filtros. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Processo de extração da areia no rio Teles Pires Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. CDE instala equipamento para lavagem e classificação de areia e agregados no Sul do Brasil Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Introdução aos Agregados Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/y1dQwOdOdLM?rel=0 https://www.youtube.com/embed/FvmeoSGbDok https://www.youtube.com/embed/GgMol_YvERA?rel=0 Cal Apresentação A cal, também chamada de óxido de cálcio, é um material de suma importância para a indústria. É obtida pela decomposição térmica do calcário em temperaturas entre 825°C e 900°C. Também podemos chamá-la de cal viva ou cal virgem, que é um composto sólido branco. Este material é utilizado em diversos ramos da indústria, não só na construção civil para elaboração das argamassas, mas também na indústria cerâmica e na siderurgia da obtenção do ferro e da indústria farmacêutica. Além de sua importante aplicação na agricultura, em que o óxido de cálcio é usado para produzir hidróxido de cálcio, que controla a acidez dos solos. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer a composição da cal, seus tipos e suas aplicações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a composição da cal.• Listar as aplicações da cal.• Definir aglomerantes hidráulicos e aéreos.• Desafio Imagine que você seja o engenheiro civil de uma construtora responsável por construir uma série de empreendimentos e um parque de obras de um município do interior do seu Estado. Opte pelo material que atende aos dois requisitos e justifique sua escolha. Infográfico O calcário após ser extraído, selecionado e moído, é colocado em fornos industriais sob altas temperaturas. Este processo é chamado de calcinação, que origina o CaO (óxido de cálcio: cal) e CO2 (gás carbônico). Para que essa reação ocorra à temperatura mínima deve ser de 850°C. Para a obtenção da cal hidratada é necessário promover a reação da cal virgem com água, em que ocorre desprendimento de calor. Acompanhe no infográfico o Ciclo da cal. Conteúdo do livro A tinta para caiação é constituída pela cal extinta, recebendo quantidades moderadas de água. A cal viva é extinta com facilidade, porém deve ser desenvolvida por pessoal habilitado e que tem experiência com a técnica, pois trata-se de um processo diferenciado, além de ser um processo de alto valor, sendo utilizado, atualmente, apenas em edificações com valor histórico. Além da tinta para caiação, a cal pode ser utilizada na fabricação de blocos e painéis, para estabilização de solos e, ainda, atua como um aglomerante aéreo, melhorando o comportamento reológico das argamassas. No capítulo Cal, que compõe esta Unidade de Aprendizagem, você irá identificar a composição da cal, as diferentes formas de aplicação e, também, irá compreender a diferença entre aglomerante hidráulico e aglomerante aéreo. Bons estudos! MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar a composição da cal. > Listar as aplicações da cal. > Definir aglomerantes hidráulicos e aéreos. Introdução A cal é obtida por meio da calcinação de rochas calcárias, que dão origem a um ligante inorgânico, sendo um pó muito fino. Dentre as formas de apresen- tação, podem ser encontradas no mercado a cal virgem e a cal hidratada. A cal virgem é composta por óxidos de cálcio e magnésio, enquanto a cal hidratada é constituída por hidróxidos de cálcio e de magnésio. Na construção civil, a cal hidratada é a mais utilizada. Dentre as formulações, a cal pode ser utilizada no desenvolvimento de elementos, como blocos e painéis, como aglomerante, em argamassas e em tintas, como o processo de caiação, gerando um acabamento bem branco e luminoso, com alta durabilidade. Neste capítulo, você vai identificar os diferentes elementos que compõem a cal, compreendendo a atuação de cada um destes no produto final, bem como as diversas formas de aplicação — em argamassas, blocos, pinturas e estabilização de solos. Cal Jaqueline Ramos Grabasck Composição da cal A indústria da construção civil apresenta uma grande diversidade de materiais e componentes que são aplicados para desenvolver acabamentos, elemen- tos estruturais e, até mesmo, para adequar deficiências de determinados elementos. De acordo com Cincotto, Quarcioni e John (2007), a cal advém da calcina- ção de rochas calcárias, contendo cálcio e magnésio, que resultam em um ligante inorgânico em forma de pó, sendo muito fino. Ao reagir com o CO2, a cal endurece. Ela é encontrada no mercado na forma de cal virgem e cal hidratada. A cal virgem apresenta em sua composição óxidos de cálcio (cal) e de magnésio (periclásio). Já a cal hidratada é constituída de hidróxidos de cálcio e de magnésio, apresentando, também, uma pequena fração de óxidos não hidratados. Na construção civil, é mais comum a utilização da cal hidratada. Cincotto, Quarcioni e John (2007) indicam que as matérias-primas da cal são carbonáticas, ou seja, os calcários são formados por calcita (carbonato de cálcio), e os dolomitos são constituídos por dolomita (carbonato de cálcio e magnésio). A cal virgem apresenta carbonatos, pois durante a calcinação não ocorre a transformação completa dos carbonatos em óxidos. Assim como a hidratação dos óxidos também não é completa, resultando em óxidos não hidratados. A Figura 1 apresenta o processo de extração da rocha calcária, seguindo para o desmonte, a britagem e a calcinação em fornos, que corres- ponde à queima do material em temperaturas elevadas, para, então, seguir para moagem em moinhos de bolas, resultando na cal virgem. Essa cal virgem passa por hidratação, para posterior moagem e enfim tornar-se a cal hidratada. Em termos de composição química, a cal pode ser do tipo cálcica ou do- lomítica. A cal cálcica apresenta no mínimo 75% de CaO e a cal dolomítica apresenta nomínimo 20% de MgO, sendo que a soma de CaO e MgO deve ser sempre superior a 95%. Já os componentes argilosos, SiO2, Al2O3 e Fe2O3, devem representar no máximo 5%. Para as amostras advindas de forno de calcinação, a proporção residual de CO2 deve ser menor que 3%, enquanto as amostras advindas de outros locais devem apresentar menos de 10% (COELHO; TORGAL; JALALI, 2009). Cal2 Figura 1. Processo de extração da rocha calcária e produção da cal virgem e da cal hidratada Fonte: Poliorketes/Shutterstock.com, Parmna/Shutterstock.com, Salienko Evgenii/Shutterstock. com, RHJPhtotoandilustration/Shutterstock.com, cpaulfell/Shutterstock.com, Agustin Parada Soria/Shutterstock.com, RHJPhtotoandilustration/Shutterstock.com, Bonruk/Shutterstock.com e Suliman Razvan/Shutterstock.com. Extração do calcário Desmonte Britagem Cal virgem Moagem em moinho de bolas Calcinação em fornos verticais (queima) 900 a 1.200°C → 1,14 MJ/kg de óxido de cálcio → 74°C Hidratação Moagem Cal hidratada ← H2O O processo de cozimento do calcário puro, a uma temperatura de 800 a 900°C, resulta no óxido de cálcio, que será denominado cal viva, sendo esta a constituinte da cal aérea. A cal viva tem a cor branca, é amorfa, apresenta uma variação de grãos de 15 a 20 cm, tendo uma estrutura porosa e formas idênticas às dos grãos da rocha original. Ao ser misturada com a água, a cal gera calor e resulta no aumento de seu volume em até 3,5 vezes o seu volume Cal 3 inicial, dando origem a cal apagada. Porém, caso seja utilizada apenas a quantidade necessária de água, a cal apagada será gerada em forma de pó (COELHO; TORGAL; JALALI, 2009). Durante o processo de hidratação da cal, ocorre uma grande liberação de calor, por meio do fenômeno exotérmico, que é chamada de extinção ou apagamento, processo considerado perigoso. Coelho, Torgal e Jalali (2009) apresentam os seguintes métodos de extinção: � espontânea — capta apenas a umidade do ar e não extingue com- pletamente a cal viva, por ser um processo muito lento e, ainda, por acarretar a absorção do dióxido de carbono; � por aspersão — utiliza-se 25 a 50% de água, após faz-se o seu cobri- mento com areia, entretanto a extinção não ocorre por completo; � por imersão — a cal viva é fragmentada e mergulhada em água até entrar em efervescência, para então ser acondiciona em barris cobertos; � por fusão — a cal viva é misturada em quantidade de água pré-deter- minada até se obter uma mistura homogênea, para então ser coada, separando os grãos não hidratados; então, é deixada coberta por no mínimo uma semana ou, para uso em acabamentos, no mínimo 3 meses; � em autoclaves — o processo de extinção ocorre de maneira completa, o que resulta em um produto de melhor qualidade. A cal hidráulica, segundo Coelho, Torgal e Jalali (2009), é obtida mediante o cozimento de calcários argilosos, que apresentam de 8 a 20% de argilas, em fornos contínuos verticais de alvenaria, com revestimento refratário, atingindo temperaturas entre 1.000°C e 1.500°C e obtendo-se óxido de cálcio, silicatos e aluminatos de cálcio, que conferem hidraulicidade a cal. Já Cincotto, Quarcioni e John (2007) indicam que a cal hidráulica é obtida pela calcinação de calcário argiloso, porém, em 900°C, e hidratada para reagir com a cal virgem, resultando em um produto hidratado que contém silicato e aluminato anidros. A cal aérea advém de calcários puros, com menos de 5% de impurezas, sendo constituída por óxido ou hidróxido de cálcio, que ao ter contato com o dióxido de carbono irá endurecer lentamente. A cal viva é a cal aérea cons- tituída por óxido de cálcio e por óxido de magnésio, e sua produção decorre da calcinação de rocha calcária e/ou de dolomite, resultando em reação exotérmica ao entrar em contato com a água. Já a cal hidratada também Cal4 advém da cal aérea, cálcica ou dolomítica, resultante da extinção de cales vivas. A cal cálcica é formada por óxido de cálcio ou por hidróxido de cálcio, sem adições de materiais hidráulicos ou pozolânicos. Já a cal dolomítica constitui-se de óxido de cálcio e de óxido de magnésio ou hidróxido de cálcio e hidróxido de magnésio, não apresentando adições de materiais hidráulicos ou pozolânicos. Já a cal hidráulica natural é formada por hidróxido de cálcio, silicatos de cálcio e aluminatos de cálcio, reagindo tanto com a água, como com o dióxido de carbono, acarretando seu endurecimento. A cal hidráulica natural com material adicional pode apresentar materiais pozolânicos ou hidráulicos apropriados, apresentando até 20% de adição em massa. Por fim, a cal hidráulica é composta por hidróxido de cálcio, silicatos de cálcio e aluminatos de cálcio, também endurecendo em contato com a água e com o dióxido de carbono (COELHO; TORGAL; JALALI, 2009). A composição dos elementos deve ser cuidadosamente analisada devido às reações químicas que podem surgir durante a mistura com diferentes componentes. Aplicações da cal De acordo com Cincotto, Quarcioni e John (2007), a cal é o ligante mais antigo, sendo considerado o único ligante, até a invenção do cimento Portland. Os autores apresentam a cal como um ligante aéreo, não sendo indicada para utilização em exposição continuada a água, por apresentar baixa resistência a ela. Em contraponto, o cimento pode ficar exposto a água, por se tratar de um ligante hidráulico. Ainda segundo Cincotto, Quarcioni e John (2007), na construção civil, a cal pode ser utilizada em argamassas, concretos asfálticos, solos estabilizados, na produção de isolantes térmico, blocos sílico-calcários e pinturas à base de cal. Apresenta, também, aplicabilidade em outros setores, como na siderur- gia, no tratamento de água, na dessulfuração de gases, na neutralização de resíduos ácidos e na produção de papel (CINCOTTO; QUARCIONI; JOHN, 2007). De acordo com Santos (2011), a cal caiu em desuso com a descoberta do cimento, apresentando maior utilização em casos de reabilitação ou para conservar as tradições. No entanto, a cal pode ser utilizada na fabricação de blocos sílico-calcários, misturada ao gesso, na fabricação de estuque, mistu- rada a pozolanas, para vir a resultar em ligantes hidráulicos, em argamassas para reboco e pela forma de caiação. Cal 5 A cal não deve ser utilizada em concretos e argamassas que estejam em contato com armaduras de aço, pois contribui na elevação da alcalinidade do concreto, resultando, assim, na corrosão da armadura. Argamassa de cal A definição de argamassas dá-se a uma mistura de agregado miúdo, aglome- rante e água. Com o passar dos anos, essa mistura recebeu adições com o intuito de melhorar o desempenho dos produtos gerados e a sua durabilidade. Conforme Coelho, Torgal e Jalali (2009), a cal hidratada apresenta um excelente desempenho como aglomerante, atuando na união dos grãos de areia das argamassas, sendo considerada um dos principais elementos das argamassas. Devido à leveza e à finura dos grãos, as partículas atuam como um lubrificante, ao serem misturadas com a água, reduzindo o atrito entre os grãos de areia, além de proporcionar fluidez, coesão e retenção de água, o que resulta em uma argamassa com maior plasticidade, melhor trabalhabilidade e maior produtividade, pois acarreta a redução do custo do m³. Os autores complementam que ao adicionar cal na argamassa de cimento, será possível obter a resistência suficiente à compressão e à aderência, podendo ser utilizada em assentamento de blocos ou para executar reves- timentos. Devido à alcalinidade da cal hidratada, não ocorre a oxidação das ferragens, pois a cal atua como agente bactericida e fungicida, evitando a ocorrência de manchas e o apodrecimento precoce dos revestimentos. A sua utilização ainda resulta em economia de tinta, pois apresenta acaba- mento mais liso e cor clara, sendo compatível com qualquer tipo de tinta e acabamentos, desde que seja realizada a cura mínima de 28 dias (COELHO; TORGAL; JALALI, 2009). De acordo com Faria (2018), a argamassa mistade terra e cal aérea era utilizada, antigamente, para rebocos exteriores e para realizar o assenta- mento e o tratamento de juntas de alvenaria, podendo ser utilizada também argamassas só de cal aérea, sendo usualmente aplicada em forma de pasta. Faria (2018) indica que a argamassa de terra e cal aérea apresenta vantagens econômicas, ambientais e técnicas, devido à possibilidade de utilizar menor quantidade de cal aérea e ao fato de a terra advir de processo de escavações, sendo classificada como resíduo de construção e demolição (RCD). Cal6 Blocos e concreto Ao adicionar a cal hidratada no concreto, torna-se perceptível o aumento da durabilidade dos materiais. Com o passar do tempo, observou-se a atuação do leite de cal frente ao ataque de cloretos e a carbonatação, podendo ser utilizado até 25% para tornar os elementos mais densos, além de reduzir o tempo de pega (COELHO; TORGAL; JALALI, 2009). A cal ainda pode ser adicionada a cimentos com baixa alcalinidade, para melhorar a qualidade da mistura. De acordo com Coelho, Torgal e Jalali (2009), a fabricação de blocos e peças pré-fabricadas à base de cimento pode ter o percentual de cimento reduzido, ao ser adicionada a cal. No desenvolvimento de blocos sílico-calcários, utiliza-se areia siliciosa, cal e água, passando por cura a vapor, em alta pressão, realizada em autoclave. Esses blocos são utilizados para a execução de alvenarias, sendo utilizados como elementos estruturais, devido ao seu alto índice de resistência mecânica, que varia de 15 a 40 MPa (COELHO; TORGAL; JALALI, 2009). O concreto celular é desenvolvido por meio da reação química que ocorre entre a cal, o cimento Portland, a areia silicosa e o pó de alumínio, passando por cura em autoclave. O concreto celular autoclavado é utilizado para desenvolver blocos, caixas e painéis de lajes (Figura 2) (COELHO; TORGAL; JALALI, 2009). Figura 2. Colocação de painel de laje em concreto celular autoclavado. Fonte: Coelho, Torgal e Jalali (2009, p. 50). Cal 7 Silva (2015) complementa que a autoclavagem deve ocorrer em forno especial, sob pressão de 10 atmosferas e temperatura de 180°C, sendo con- siderada esta a etapa mais importante do processo de fabricação, devido à ocorrência de aceleração da hidratação, gerando uma segunda reação, que proporciona força, rigidez e estabilidade dimensional aos elementos. Pintura à base de cal Segundo Bauer (2008), a tinta para caiação apresenta como principal com- ponente a cal extinta, sendo as propriedades variáveis conforme a forma que é obtida. Com quantidades moderadas de água, a cal viva é extinta com facilidade, de forma que os pedaços de CaO são hidratados vigorosamente, para então se esfarelar, resultando em um pó fino, macio e quase seco de Ca(OH)2. Ao ser adicionada mais água, resulta em uma massa gordurosa e plástica, que pode ser utilizada para desenvolver argamassa com areia ou para fazer tinta para caiação. A Figura 3 apresenta a aplicação da tinta de caiação. Figura 3. Caiação tradicional. Fonte: Coelho, Torgal e Jalali (2009, p. 52). A fabricação da tinta de caiação pode ocorrer no próprio canteiro de obras ou em indústrias especializadas. Porém, quando desenvolvida em canteiro, o profissional deve ter cuidado na elaboração, a fim de adicionar apenas a quantidade necessária de água, nos momentos certos, para que a cal reaja de forma adequada, em cada fase do processo. Cal8 Bauer (2008) indica que o leite de cal pode ser utilizado diretamente com tinta de caiação, resultando em um acabamento muito branco e luminoso. Para colorizar a tinta, o autor indica a utilização de pigmentos ou corantes resistentes, não devendo ultrapassar um percentual de 10%. Ao se utilizar a tinta de caiação, deve-se realizar duas demãos, de forma que a primeira deve apresentar mais ou menos a metade da quantidade de cal extinta, em comparação com a segunda demão, que não deve apresentar fixadores. Coelho, Torgal e Jalali (2009) indicam a utilização de cal aérea em pasta, a fim de garantir melhor aderência e maior durabilidade. Os autores também reforçam a precisão que deve haver na relação cal/pigmento/água — ao utilizar muita água, a cal e o pigmento podem migrar facilmente para superfície; já a quantidade de água insuficiente comprometerá a homogeneidade da cal e a sua aplicação. Além da caiação, a cal pode ser utilizada na execução de barramento, juntamente com pó de pedra ou areia, pigmento inorgânico e água. Por se tratar de uma técnica antiga, utilizada principalmente no Barroco, necessita- -se de equipe especializada, que realmente conheça o processo de execução, sendo utilizada, atualmente, apenas em edifícios de valor histórico, devido ao seu alto custo (COELHO; TORGAL; JALALI, 2009). Estabilização de solos Coelho, Torgal e Jalali (2009) afirmam que a utilização de cal para a esta- bilização de solos já era empregada pelos Romanos, retornando em 1924 nos Estados Unidos e em seguida na Rússia, para construção de rodovias. Apesar de o cimento também ser utilizado para a estabilização, o uso da cal apresenta efeitos mais rápidos. A estabilização de solos que combinam bases e sub-bases necessita de uma mistura solo-cal com resistência adequada e condições de umidade que possibilitem aumentar a resistência e manter a compactação após o espalha- mento da mistura (Figura 4). Recomenda-se a utilização de no mínimo 5% de cal, a fim de elevar a durabilidade da mistura, mesmo quando quantidades menores já forem suficientes para se obter a resistência adequada (COELHO; TORGAL; JALALI, 2009). Cal 9 Figura 4. Estabilização de solo com cal Fonte: Coelho, Torgal e Jalali (2009, p. 58). Aglomerantes Segundo Coelho, Torgal e Jalali (2009), a classificação das cales aéreas ocorre conforme o teor de CaO + MgO; para as cales hidráulicas, a classificação dá-se por meio da resistência mínima de compressão aos 28 dias. Segundo Costa (2014, p. 5), “[...] os aglomerantes são materiais que tem a capacidade de aglutinar partículas e que funcionam como elementos ativos no estabelecimento da ligação entre os vários componentes das argamassas [...]”. Sua classificação dá-se em hidráulicos, aéreos, betuminosos ou poliméricos. De acordo com Lira, Queiroz e Schwartz (2007), os aglomerantes, usual- mente, são materiais pulverulentos que, ao serem misturados com água, formam uma pasta que endurece por processos físico-químicos, atuando na aderência entre os constituintes da argamassa ou do concreto. Aglomerante hidráulico O aglomerante hidráulico trata-se, basicamente, de um ligante que, ao entrar em contato com água, resulta em reações químicas que acarretam o seu en- durecimento. De acordo com Beja (2014), o aglomerante hidráulico promove a estabilização, potencializando o aumento da rigidez e da resistência à flexão do material então estabilizado. O autor complementa que os estabilizantes hidráulicos possibilitam o ganho no desempenho estrutural, além de gerar homogeneidade das características construtivas. Conforme Catoia (2007), o cimento Portland é considerado um aglomerante hidráulico que advém da moagem do clínquer, que é composto por silicatos de cálcio hidráulicos, apresentando uma ou mais formas de sulfato de cálcio adicionado, sendo resultado da calcinação e da clinquerização de uma mistura Cal10 de calcário e argila. A qualidade do produto final dependerá da matéria-prima, das adições feitas após a calcinação e do grau de finura resultante da moagem. Segundo Senff, Folgueras e Hotza (2005), na construção civil utiliza-se o cimento Portland como principal aglomerante hidráulico, o qual apresenta, em sua composição, clínquer e adições — o clínquer é composto por matérias- -primas ricas em Al, Si, Ca e Mg, e as adições são responsáveis por conferir características específicas a cada cimento. Ao ser misturado com a água, o cimento Portland apresenta características aglutinantes, envolvendo os materiais da mistura. As diversas adições que podem ser realizadaspossibilitam variadas aplicações e diversos tipos de cimento. A gipsita é uma adição que está presente em todos os cimentos Por- tland, sendo responsável pelo controle do tempo de pega; sem a sua adição, ao entrar em contato com a água, o cimento endureceria muito rapidamente, inviabilizando o seu manuseio (SENFF; FOLGUERAS; HOTZA, 2005). O clínquer do cimento Portland é composto por óxido de cal, óxido de silício, óxido de alumínio, óxido de ferro, óxido de magnésio, óxido de sódio, óxido de potássio e uma pequena fração de anidrido sulfúrico. Ao serem combinados, os óxidos resultam nas seguintes fases: silicato tricálcico, silicato dicálcico, aluminato de cálcio e ferrita. Ao entrar em contato com a água, o clínquer reage quimicamente e surgem diversas fases hidratadas, que ocorrem com velocidades distintas. A alteração da velocidade de hidratação do cimento Portland varia conforme a finura do clínquer, a sua composição química e a porcentagem de água adicionada à mistura (SENFF; FOLGUERAS; HOTZA, 2005). Aglomerante aéreo De acordo com Lira, Queiroz e Schwartz (2007), o gesso é um aglomerante aéreo, constituído pela calcinação da gipsita natural, utilizado em sua forma natural na fabricação do cimento Portland e na agricultura; a forma calcinada é utilizada na indústria e na construção civil. Os autores complementam que a classificação do gesso se dá por um aglomerante quimicamente ativo, que vem a endurecer ao entrar em contato com o CO2, devido a uma ação química. Costa e Pacheco (2017) afirmam que a cal hidratada é um aglomerante aéreo, sendo muito utilizado na construção civil para melhorar o comportamento reológico das argamassas. As autoras indicam que a cal hidratada vem sendo substituída por aditivos e adições minerais, que apresentam características semelhantes em seu estado fresco. Cal 11 Devido ao processo de endurecimento lento, que necessita do contato com o anidrido carbônico, o seu emprego em argamassas apresenta um ganho pequeno de resistência nas idades iniciais da mistura. Outro fator que contribui para a redução da sua utilização dá-se pelas elevadas espessuras desenvolvidas com a argamassa de cal em revestimentos, devido ao seu endurecimento lento, o que acarreta atrasos no cronograma da obra (COSTA; PACHECO, 2017). De acordo com Costa e Pacheco (2017), a aplicação de cal hidratada na argamassa lhe confere trabalhabilidade e durabilidade; no entanto, por não haver requisitos na normalização brasileira para o seu uso efetivo em ar- gamassas, a cal hidratada vem sendo utilizada em argamassas simples na restauração de prédios históricos, devido ao fato de apresentarem produtos compatíveis tanto química como fisicamente. Conforme Costa e Pacheco (2017), as argamassas mistas, que são com- postas por cimento, cal e areia, passam pelos processos de hidratação do cimento e de carbonatação da cal, os quais são diferentes durante a fase de endurecimento do material. O processo de carbonatação é responsável por alterar a cinética convencional de hidratação do clínquer, atuando diretamente na hidratação, que é o fator principal no endurecimento da argamassa. Já a argamassa simples, composta por cal e areia, é apresentada pelas autoras com um processo de carbonatação lento, que pode seguir durante anos. Segundo Costa e Pacheco (2017), conforme a quantidade de CO2 existente, pode-se afirmar se ocorreu calcinação na rocha ou carbonatação da cal no período de armazenamento. Da mesma forma, a alta quantidade de óxidos totais (CaO + MgO) indicará que maior será o seu poder aglomerante e menor será o seu percentual de impurezas. O uso da cal na construção civil advém desde os tempos antigos, sendo utilizado como argamassa e revestimentos, além da sua aplicação como pintura. A sua alta durabilidade pode ser observada em edificações que se mantêm até os dias atuais. O aglomerante aéreo corresponde a um ligante, que, ao entrar em contato com o CO2, inicia o seu processo de endurecimento. Conforme a quantidade de CO2 existente, pode ocorrer a calcinação ou a carbonatação. O processo que resulta em um produto sólido e rígido, devido ao contato do aglomerante com o gás carbônico, é denominado carbonatação (COSTA; PACHECO, 2017). O aglomerante hidráulico corresponde a um ligante que reage com a adição da água. As reações químicas geradas com essa adição resultam no endurecimento da mistura. Cal12 Referências BAUER, L. A. F. Materiais de construção. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. BEJA, I. A. Agregado reciclado de construção e demolição com adição de aglomerantes hidráulicos como sub-base de pavimentos. 2014. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transportes) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Dis- ponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3138/tde-16102014-151237/ publico/Dissertacao_IgorAmorimBeja.pdf. Acesso em: 28 mar. 2021. CATOIA, T. Ladrilhos e revestimentos hidráulicos de alto desempenho. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/dis- poniveis/18/18134/tde-21052007-141754/publico/2007ME_ThiagoCatoia.pdf. 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Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/cadernoexatas/article/view/8420/3855. Acesso em: 28 mar. 2021. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito- res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Cal14 Dica do professor Aglomerantes são materiais ligantes, geralmente pulverulentos, que possuem a função de promover a união entre os grãos dos agregados. Os aglomerantes são utilizados na obtenção de pastas, de argamassas e de concretos. Na construção civil temos três tipos de aglomerantes inorgânicos, cada um possui uma finalidade específica que vai de acordo com sua propriedade isolada. Agora que você sabe que a cal é um aglomerante, conheça mais sobre as suas aplicações no vídeo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/324cadad6a595f6e2201fb21d2f13690 Exercícios 1) Sabe-se que a Cal advém de rochas calcárias, que contem cálcio e magnésio, resultante em ligante inorgânio, na forma de pó. Com relação a Cal virgem, assinale a alternativa que apresenta a sua composição: A) hidróxido de cálcio e magnésio B) carbonato de cálcio e calcita C) óxidos de cálcio e magnésio D) carbonato de cálcio e magnésio E) carbonato de cálcio e hidróxido de cálcio 2) O processo de extração da cal é de vital importância para o material ser utilizado na construção civil. Face ao exposto, assinale a alternativa que corresponde a ordem do processo de extração da cal: ( ) Britagem ( ) Moagem em moinho ( ) Extração do calcário ( ) Calcinação em fornos verticais ( ) Cal virgem ( ) Cal hidratada ( ) Desmonte ( ) Hidratação ( ) Moagem A) 1-3-5-9-2-4-7-8-6 B) 3-5-1-6-4-7-2-9-8 C) 4-3-2-1-5-6-8-9-7 D) 3-5-2-6-4-7-1-8-9 E) 4-1-3-2-6-7-9-8-5 3) Durante o processo de hidratação da cal, ocorre uma enorme liberação de calor, pois a hidratação é um processo exotérmico. Tal processo é chamada de extinção ou apagamento, um processo extremamente perigoso. De acordo com Coelho, Torgal e Jalali (2009) existem alguns métodos de extinção. Face a isso, correlacione os métodos e marque a questão correta: 1 - Espontânea 2 - Por aspersão 3 - Por imersão 4 - Por fusão 5 - Em autoclaves ( ) utiliza-se 25 a 50% de água, após faz-se o seu cobrimento com areia, entretanto a extinção não ocorre por completo; ( ) a cal viva é misturada em quantidade de água pré-determinada até se obter uma mistura homogênea, para então ser coada, separando os grãos não hidratados; então, é deixada coberta por no mínimo uma semana ou, para uso em acabamentos, no mínimo 3 meses; ( ) o processo de extinção ocorre de maneira completa, o que resulta em um produto de melhor qualidade. ( ) a cal viva é fragmentada e mergulhada em água até entrar em efervescência, para então ser acondiciona em barris cobertos; ( ) capta apenas a umidade do ar e não extingue completamente a cal viva, por ser um processo muito lento e, ainda, por acarretar a absorção do dióxido de carbono A) 2-4-5-3-1 B) 1-4-5-3-2 C) 2-5-1-4-3 D) 2-4-3-1-5 E) 4-5-3-1-2 4) Assinale a alternativa CORRETA a respeito da cal pozolânica: A) Oferece menor resistência à corrosão. B) Pouca aderência. C) Alta liberação de calor. D) Menor trabalhabilidade. E) Alta resistência à corrosão. 5) Assinale a alternativa correta a respeito da cal aérea: A) A cal gorda constitui-se de calcários com teores de argila e outras impurezas em até 5%. B) O produto obtido pelo cozimento dos calcários é designado de cal extinta. C) A cal viva também é chamada de cal apagada. D) As cais aéreas magras são acinzentadas. E) As cais aéreas magras são brancas, em função de sua pureza. Na prática Você sabia que a cal possui utilidades na construção civil que vão além da aplicação tradicional em argamassas de assentamento e revestimentos? Chamamos de "caiação" a pintura à base de cal e essa técnica pode ser aplicada em paredes externas e internas, bem como em superfícies rústicas e porosas como alvenarias de cimento, cal, concreto e bloco de concreto. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Construção Dinâmica na TV #179 - A construção civil na televisão brasileira Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Comportamento das argamassas de revestimento no estado fresco, compostas com areia de britagem de rocha calcária e areia natural Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/QH4voo_ex48?rel=0 http://www.scielo.br/pdf/rmat/v23n3/1517-7076-rmat-23-03-e12196.pdf Cimento Apresentação APRESENTAÇÃO Olá! O cimento é um material ligante pulverulento de cor acinzentada, sendo resultado da queima do calcário, argila e posterior adição de gesso. Em 1756 o inglês John Smeaton conseguiu obter um produto de alta resistência por meio de calcinação de calcários moles e argilosos. Em 1818, o francês Vicat obteve resultados semelhantes aos de Smeaton pela mistura de componentes argilosos e calcários. Em função desta descoberta, Vicat é considerado o inventor do cimento artificial. No ano de 1824, o inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras calcárias e argila, transformando-as em um pó fino. Durante esse processo, Asldin que era construtor, notou que era possível obter uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto às pedras empregadas nas construções. Joseph Aspdin patenteou a mistura, que não se dissolvia em água e foi chamada de Cimento Portland, em função de apresentar algumas características semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer os principais tipos de cimento, suas matérias-primas e as etapas de fabricação. Bons estudos! Ao final desta unidade, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Listar as principais matérias-primas utilizadas na fabricação de cimento.• Elencar as etapas de fabricação de Cimento Portland.• Definir os principais tipos de cimento.• Desafio Imagine que você seja o responsável técnico por uma obra de rede de esgoto subterrânea e precisa definir os materiais mais adequados para o tipo de estrutura. Qual dos tipos de cimento é o mais adequado para a obra? Justifique sua resposta. Infográfico Acompanhe no infográfico as principais matérias-primasdo cimento e como é o seu processo de produção. Conteúdo do livro Desde a criação do cimento seu emprego na construção civil é essencial. Contudo, no decorrer dos anos, as características e propriedades desta importante mistura foram aprimoradas, e, devido a isso, atualmente existem diferentes tipos de cimento Portland, que possuem diversos aditivos e composições distintas. Este avanço contribuiu ainda mais para a versatilidade e aplicação deste produto, podendo ser utilizado desde aplicações gerais na construção civil até no preparo de solo-cimento, artefatos de concreto, argamassa armada, diferentes tipos de concreto e construções de tubulações de esgoto e efluentes industriais. No capítulo Cimento, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar conceitos importantes relacionados ao processo de fabricação do cimento Portland, conhecendo as matérias- primas empregadas e as propriedades que estas conferem a mistura. Além disso, conhecerá as etapas envolvidas na obtenção deste importante produto e os diferentes tipos de cimento existentes, suas propriedades e aplicações. Boa leitura. QUÍMICA INDUSTRIAL QUÍM ICA INDUSTRIAL MARCELO GAUTO GILBER ROSA GAUTO // ROSA Artigos elaborados por profissionais atuantes no mercado Casos que introduzem o assunto a ser discutido no capítulo Noções básicas da corrosão e das operações unitárias que envolvem os processos estudados Projeto gráfico e pedagógico especialmente desenvolvido Exercícios para fixação do conteúdo Esta obra chega para preencher uma lacuna: a de inserir os alunos nos processos mais importantes da indústria química. Dirigido especialmente para as áreas de química, meio ambiente, plásticos e petroquímica e aos estudantes da química em geral, aborda de forma qualitativa conteúdos como tratamento de água, petróleo, polímeros, siderurgia, óleos vegetais, sabões, bebidas fermentadas, entre outros. O objetivo dos autores é oferecer uma visão geral da indústria química para quem busca qualificação técnica na área. O livro conta com os seguintes recursos para promover a aprendizagem: QUÍMICA INDUSTRIAL MARCELO GAUTO GILBER ROSA Estudante: visite www. grupoa.com.br/tekne para ter acesso a materiais complementares. Professor: visite a Área do Professor em www. grupoa.com.br para acessar PowerPoints® com aulas estruturadas e outros materiais. www.grupoa.com.br QUÍMICA Conheça também: Química Analítica Rosa, Gauto & Gonçalves 39230_Quimica_Industrial.indd 1 14/09/12 15:28 G278q Gauto, Marcelo. Química industrial [recurso eletrônico] / Marcelo Gauto, Gilber Rosa. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-65837-61-3 1. Química. 2. Indústria química. 3. Tecnologia química. I. Rosa, Gilber. II. Título. CDU 66 Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150 capítulo 6 Fabricação do cimento A palavra cimento é originada do latim caementu, que designava, na Roma antiga, uma espécie de pedra natural de rochedos. A origem do cimento data de aproximadamente 4.500 anos atrás. Diversas misturas de substâncias foram usadas desde a Antiguidade nas construções de templos e palácios. As grandes obras gregas e romanas, como o Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso de solos de origem vulcânica (pozolânico), que possuíam propriedades de endurecimento sob a ação da água. Neste capítulo, vamos estudar o desgaste corrosivo do concreto, bem como os principais tipos de cimento e as reações químicas que estão na gênese do seu preparo. Objetivos Indicar as principais matérias-primas utilizadas na fabricação de cimento. Entender como ocorre o processo de fabricação de cimento Portland. Conhecer as reações químicas envolvidas no preparo do cimento. Saber quais são os principais tipos de cimento. Aprender sobre coprocessamento. Entender como estruturas de concreto sofrem desgaste corrosivo. Compreender a operação unitária de transporte de sólidos. Gauto - Quimica Industrial.indd 173 15/10/2012 12:58:14 174 Q uí m ic a in du st ri al Para iniciar... A extração de minérios no Brasil Semelhante ao que ocorre na indústria siderúrgica, a produção de cimento consome de forma intensiva di- versos minérios. O processo de obtenção dos diversos minérios, tais como minério de ferro, calcário e argila, por exemplo, tem como base o extrativismo mineral. A extração desses minerais de suas jazidas provoca sérias alterações na região onde estão localizadas suas reservas. Além das mudanças físicas da região, associadas à retirada do minério, há questões socio- ambientais envolvidas, como o gerenciamento de re- síduos decorrentes da extração, poluição da água, ga- rimpos ilegais, utilização de mão de obra escrava, por vezes, e o que fazer com a área após a sua exaustão. Hoje, as grandes mineradoras conseguem reduzir parte do impacto da atividade, além de tomarem me- didas compensatórias para as comunidades afetadas. A reconstituição da área afetada pode exigir repor a terra extraída do “buraco”, além do reflorestamento de milhares de hectares em alguns casos. A reconsti- tuição, porém, é lenta, podendo levar décadas, e cus- ta caro, mas é possível e está sendo feita na maioria das grandes jazidas. Graças a essa nova fase da mineração industrial, hoje o garimpeiro artesanal passou a ser um problema maior que as grandes mineradoras, já que o garimpei- ro solitário age sem fiscalização e pautado pelo ins- tinto de sobrevivência. Por isso, usa elementos como o mercúrio para a extração do ouro, por exemplo, po- luindo os rios da região e expondo sua própria saúde. Além disso, muitas vezes, invade terras indígenas e ribeirinhas, levando consigo prostituição, jogo, alco- olismo e drogas para o entorno do garimpo. Pautar o garimpo de forma legal, é um grande desafio a ser superado no Brasil ainda hoje. Introdução O grande passo no desenvolvimento do cimento foi dado em 1756 pelo inglês John Smeaton, que conseguiu obter um produto de alta resistência por meio de calcinação de calcários moles e argilosos. Em 1818, o francês Vicat obteve resultados semelhantes aos de Smeaton pela mistura de componentes argilosos e calcários. Ele é considerado o inventor do cimento artificial. Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras calcárias e argila, transformando-as em um pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano e batizada de cimento Portland, que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland. Gauto - Quimica Industrial.indd 174 15/10/2012 12:58:16 175 ca pí tu lo 6 Fa br ic aç ão d o ci m en to Matérias-primas As principais matérias‑primas que compõem o cimento são calcário, argila e gesso. O calcá‑ rio é constituído basicamente de carbonato de cálcio (CaCO3) que, dependendo da sua origem geológica, pode conter várias impurezas, tais como magnésio, silício, alumínio ou ferro. A argila é constituída por silicatos complexos contendo alumínio e ferro como cátions principais, além de potássio, magnésio, sódio, cálcio, titânio, entre outros. A argila fornece óxidos de alumínio, ferro e silício à pasta do cimento, de modo que se pode utilizar bauxita, minério de ferro e areia, respectivamente, para corrigir os teores dos componentes neces- sários. O gesso é o produto de adição final no processo de fabricação do cimento a fim de regular o tempo de pega (endurecimento) por ocasião das reações de hidratação que ocorrem nessa fase. Constituído basicamente por sulfato de cálcio (CaSO4), o gesso pode ser anidro, di-hidratado ou penta-hidratado. Também é utilizado o gesso proveniente da indústria de ácido fosfóricoa partir da apatita Ca5(PO4)3(OH, F, Cl). Processo de fabricação Dois métodos ainda são utilizados para a fabricação de cimento: processo seco e processo úmido; este último, todavia, em menor número. Nos dois métodos, as matérias-primas anteriormente cita- das são extraídas das jazidas e britadas para adquirirem dimensões trabalháveis. Os dois métodos originam um produto intermediário chamado clínquer, e o cimento final é idêntico nos dois casos. O processo úmido foi originalmente utilizado no início da fabricação industrial de cimento e é caracterizado pela simplicidade da instalação e da operação dos moinhos e fornos. Além disso, consegue-se uma excelente mistura com menor emissão de pó, necessitando de sistemas bem primitivos de despoeiramento. No processo úmido, uma mistura das matérias-primas é moída com a adição de aproximadamente 40% de água e entra no forno rotativo sob a forma de polpa. É um processo pouco utilizado por- que eliminar a água utilizada consome muita energia. As suas principais vantagens são melhores manuseio e transporte das matéria-primas e o menor desgaste dos moinhos. Já o processo seco tem a vantagem determinante de economizar combustível, uma vez que não há água para eva- porar no forno. Comparativamente, um forno de via úmida consome cerca de 1250 kcal por kg de clínquer contra 750 kcal de um forno de via seca. No processo seco, a mistura de matérias-primas é moída a seco e alimenta o forno em forma de pó. A umidade da mistura do moinho é retirada pelo aproveitamento dos gases quentes do forno. O forno de um processo por via seca é mais curto do que um por via úmida, a homogeneização é mais Gauto - Quimica Industrial.indd 175 15/10/2012 12:58:17 176 Q uí m ic a in du st ri al difícil e, como produzem muita poeira, as instalações requerem equipamentos de despoeiramento muito mais complexos. A seguir, apresentamos uma descrição mais detalhada do processo a seco. Produção do cimento por via seca Industrialmente, o cimento é fabricado por via seca, tendo calcário e argila como principais insu- mos e uma pequena quantidade de compostos contendo ferro. As matérias-primas são extraídas das minas, britadas e misturadas em determinadas proporções. A mistura contendo 90% de calcá- rio e 10% de argila, aproximadamente, chamada de farinha crua, passa por moagem em moinho de bolas, rolos ou barras, onde se processa o início da mistura das matérias-primas e, ao mesmo tempo, a sua pulverização. A mistura crua é homogeneizada em silos verticais de grande porte através de processos pneumá- ticos e por gravidade. Dos silos de homogeneização, a farinha é introduzida em um forno, passan- do antes por pré-aquecedores – equipamentos que aproveitam o calor dos gases provenientes do forno e promovem o aquecimento do material. O forno é rotativo, apresenta uma ligeira inclinação (5º a 10º) e tem dimensões de 60 a 200 m de comprimento e 2 a 6 m de diâmetro (Figura 6.1). No forno rotativo, a mistura é calcinada à tempe- ratura de 1450 ºC, resultando o clínquer, que, ao sair do forno, é resfriado e armazenado em silos. Finalmente, o clínquer é reduzido a pó por meio da moagem (moinho de cimento), juntamente com gesso e outros aditivos. O gesso, como já dissemos, tem a função de retardar o endurecimento do clínquer, pois esse processo seria muito rápido quando a água fosse adicionada ao clínquer puro. Junto com o clínquer, adições de gesso, escória de ferro, pozolana e o próprio calcário compõem os diversos tipos de cimento. Essas substâncias são estocadas separadamente antes de entrarem Figura 6.1 Forno rotativo para produção do clínquer. Gauto - Quimica Industrial.indd 176 15/10/2012 12:58:17 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor A palavra cimento é originada do latim caementu, que designava, na Roma antiga, uma espécie de pedra natural de rochedos. O cimento deu origem em meados de 4.500 anos atrás. Desde a antiguidade, diversas misturas de substâncias foram utilizadas nas construções antigas como templos e palácios. As grandes obras gregas e romanas, como o Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso de solos de origem vulcânica, as quais chamamos de pozolonas, que possuíam propriedades de endurecimento sob a ação da água. No vídeo você vai estudar o cimento, seu processo de fabricação e os tipos existentes. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/73e913a9916f5ea6812f28cdc05614f2 Exercícios 1) De acordo com o que você estudou referente aos diferentes tipos de cimentos, assinale a alternativa correta a respeito do Cimento Portland Comum CP I e CP I-S: A) CP I-S é um tipo de Cimento Portland sem qualquer adição além do gesso. B) Apresenta melhor resistência ao ataque dos sulfatos contidos no solo. C) Contém adição de escória granulada de alto-forno. D) A única adição presente no CP I é o gesso. E) Cimento Portland Comum CP I é composto de 94% a 56% de clínquer+gesso e 6% a 34% de escória. 2) , 2) A resistência mecânica dos cimentos é determinada: A) Pela ruptura à compressão dos corpos de prova realizados com argamassa. B) No momento em que a pasta adquire consistência que a torna imprópria para o trabalho. C) Em ocorrência de expansões volumétricas. D) Na quantidade de calor liberado durante o processo de endurecimento do cimento. E) Através da dissolução de amostras secas de cimento em pó e de cimento parcialmente hidratado em misturas de ácidos nítrico e clorídrico em uma garrafa térmica. 3) , 3) No processo de fabricação do cimento, a etapa que compreende a operação de beneficiamento de matéria-prima rochosa cujo objetivo é o de reduzir o material à condição de grãos de tamanho conveniente é chamada de: A) Extração da matéria-prima. B) Britagem. C) Moedura e mistura. D) Queima. E) Expedição. 4) , 4) O gesso é adicionado ao cimento para: A) Aumentar a trabalhabilidade. B) Adquirir maior impermeabilidade. C) Melhora a durabilidade. D) Melhorar a resistência final. E) Controlar o tempo de pega. 5) , 5) A sigla designada ao Cimento Portland composto com pozolana: A) CP III. B) CP I. C) CP II-F. D) CP II-E. E) CP II-Z. Na prática Observe um tipo de cimento muito resistente. O cimento aluminoso é um aglomerante hidráulico produzido a partir da fundição de calcário e de bauxita moída em teor inferior a 30%, que é misturado em fornos de alta temperatura para posterior resfriamento, britamento e redução de granulometria. Entre as principais características do cimento aluminoso, você deve conhecer: • Cura rápida o que significa até 24 horas e com níveis de resistência superiores a 45 MPa; • Aglomerante de alto custo; • Possui elevado calor de hidratação; • Não desprende cal livre; • Produz concretos/argamassas com resistência ao calor até 1200oC; • Resiste à abrasão e à corrosão; • Em temperaturas baixas possui endurecimento considerado normal. As principais aplicações do cimento aluminoso são: • Concretos refratários; • Pisos para tráfego após 6 horas de aplicação; • Chumbamentos; • Concretagens no mar para aproveitar maré baixa; • Pré-moldados (instantâneo); • Assentamento e rejunte de tijolos refratários; • Mistura ao Cimento Portland para acelerar pega. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Tipos de Cimento Portland Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Processo de fabricação do cimento Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Tecnologia do Concreto NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. Da página 34 até 41. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://www.youtube.com/embed/JXgDVvqWmDA?rel=0https://www.youtube.com/embed/CXcUM5TCtTA?rel=0 Classificação dos agregados Apresentação APRESENTAÇÃO Olá! Os agregados são materiais particulados, incoesivos e sem atividade química, constituídos basicamente por uma mistura de partículas de diversos tamanhos. No campo da engenharia civil, os agregados são definidos como materiais granulosos e inertes utilizados na composição de argamassas e de concretos que contribuem para incremento da resistência mecânica e das reduções de custos dos projetos. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer como se classificam os agregados e as principais aplicações destes materiais na Engenharia Civil. Bons estudos! Ao final desta unidade, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Classificar agregados quanto a sua origem e seu tamanho.• Diferenciar agregados miúdos de graúdos.• Listar as principais aplicações dos agregados.• Desafio Durante a obra no qual você é responsável, fez-se necessária a medição do teor de umidade em uma amostra de areia pelo método expedito da frigideira. Após o procedimento uma equipe de pedreiros pergunta a você por que a determinação da umidade da areia é importante? Responda e calcule o teor de umidade presente na amostra. Infográfico Observe no infográfico que podemos classificar os agregados quanto a sua origem em naturais ou em artificiais. Sendo os naturais aqueles que se formam por processos de intemperismo e de abrasão ou através do processo de britagem de blocos de rocha. Já os artificiais são aqueles que solicitam processos específicos para serem obtidos, como a argila expandida. Outra forma de classificá-los é quanto a sua granulometria, que pode ser graúda ou miúda. E por último, quanto à massa unitária, em leves, pesados e normais. Conteúdo do livro O processo de dividir uma amostra de agregado em frações de partículas de mesma dimensão é denominado análise granulométrica e seu objetivo é determinar a graduação ou a distribuição das dimensões do agregado. Uma amostra de agregado seca ao ar é classificada por meio da agitação ou da vibração de uma série de peneiras empilhadas em ordem decrescente, por um tempo especificado, de maneira que o material retido em cada peneira represente a fração de material maior que a peneira em questão, mas menor que a peneira acima. Acompanhe o trecho do livro "Química industrial", iniciando sua leitura pelo título Análise granulométrica até o final da Tabela 5.1 Dimensão de saídas das peneiras padrão série ASTM e Tyler. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Dica do professor Aproximadamente 3⁄4 do volume de concreto são ocupados pelos agregados, portanto a qualidade destes materiais é de suma importância. No vídeo você vai observar que os agregados alteram a resistência do concreto e também afetam significativamente a durabilidade e o desempenho estrutural dele. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/1b944962980d35e0400a483df79dc9bc Exercícios 1) , 1) Com base na classificação dos agregados naturais segundo o tipo de rocha, escolha a alternativa correta para o quartzo-dolerito. A) Grupo Basalto. B) Grupo Arenito. C) Grupo Granito. D) Grupo Quartzito. E) Grupo Porfirítico. 2) , 2) Sabemos que a grauvaca é uma rocha sedimentar clástica, arenosa que pode apresentar cores cinza à esverdeada devido aos minerais máficos e aos fragmentos de rocha que a compõe. Assinale a alternativa correta de acordo com sua classificação petrográfica: A) Grupo Porfirítico. B) Grupo Arenito. C) Grupo Xisto. D) Grupo Calcário. E) Grupo Hornfels. 3) , 3) De acordo com a forma das partículas, podemos dizer que seixos de rio são: A) Alongados. B) Irregulares. C) Arredondados. D) Lamelares. E) Angulosos. 4) , 4) De acordo com a forma das partículas, as pedras britadas podem ser classificados como: A) Angulosos. B) Irregulares. C) Arredondados. D) Alongados. E) Lamelares. 5) , 5) Sabemos que os resíduos da britagem de granito são utilizados como agregados em argamassa para construção civil. Assinale a alternativa CORRETA para classificação do granito quanto à textura superficial: A) Alveolar. B) Vítrea. C) Lisa. D) Granular. E) Cristalina. Na prática Você sabia que os agregados ocupam de 55 a 75% do volume dos concretos? Sua principal função é atuar com elemento inerte em concretos e em argamassas, em razão de seu custo e de sua possibilidade de trazer as propriedades desejadas aos concretos. A ESCÓRIA de ALTO-FORNO é o resíduo em forma de grânulo cinza resultante da fabricação de ferro-gusa. Há poucos anos, a escória proveniente deste processo não era considerada como um material aplicável, até que estudos proporcionaram a descoberta deste material como ligante hidráulico. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Processo de Produccion de Agregados Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Planta Trituradora de Agregados Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Planta para Hacer Arena Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. 3d Planta Lavado Arena Gigante https://www.youtube.com/embed/7b4uKnwB8dk?rel=0 https://www.youtube.com/embed/nFRAS2-xCGc?rel=0 https://www.youtube.com/embed/899QVrCGUgU?rel=0 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Agregado reciclado: um novo material da construção civil Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/9VUrwkIjdi8?rel=0 http://periodicos.ufsm.br/reget/article/view/11297/pdf Classificação dos materiais de construção Apresentação Sabemos que materiais aplicados em construção civil são definidos como todos os insumos necessários para a execução de uma obra civil. Além das condições técnicas, econômicas e estéticas devemos também conhecer a respeito da classificação dos materiais de construção visando a melhor forma de aplicá-los. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer a classificação dos materiais de construção de acordo com diferentes critérios, tais como origem e função. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Classificar os materiais quanto à sua origem e/ou obtenção.• Identificar os materiais quanto à sua função.• Diferenciar os materiais quanto à sua composição.• Desafio Imagine que hoje seja seu primeiro dia de trabalho em um canteiro de obras e ao chegar você se depara com uma enorme quantidade de cal no local. Responda de forma simplificada quais são as substâncias químicas que compõem a cal? São permitidas impurezas neste material? Caso afirmativo justifique sua resposta citando ao menos dois exemplos de impureza. Infográfico Devido à concepção de projetos estruturais cada vez mais arrojados e o desenvolvimento das tecnologias de fabricação de materiais de construção, torna-se cada vez mais necessário o conhecimento destes materiais para que haja maior segurança e maior responsabilidade sobre as construções realizadas. Acompanhe no infográfico a classificação dos materiais de construção. Conteúdo do livro Os materiais de construção civil variam de acordo com sua origem, natureza e função na edificação. Assim, para a execução de uma obra de construção civil, é fundamental que o profissional responsável avalie as condições técnicas, econômicas e estéticas durante a escolha dos materiais. Além disso, deve conhecer a classificação dos materiais de construção visando a melhor forma de aplicá-los. No capítulo Classificação dos Materiais de Construção,do livro Processos Construtivos, você vai estudar a classificação dos materiais de acordo com a sua origem, natureza e função exercida na edificação. Vai aprender a identificar os critérios de escolha dos materiais de construção, bem como as propriedades dos principais grupos de materiais. PROCESSOS CONSTRUTIVOS Diego da Luz Adorna Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 P963 Processos construtivos / André Luís Abitante ... [et al.] ; [revisão técnica: Shanna Trichês Lucchesi]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 271 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-224-9 1. Engenharia civil. 2. Processos construtivos. CDU 624 Revisão técnica: Shanna Trichês Lucchesi Mestre em Engenharia de Produção Professora do curso de Engenharia Civil Processos construtivos_Impressa.indd 2 06/10/2017 16:28:50 Classificação dos materiais de construção Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Classi� car os materiais quanto à sua origem, natureza e função. Identi� car os critérios de escolha de materiais de construção civil. Especi� car as propriedades dos principais materiais de construção civil. Introdução Os materiais de construção civil variam de acordo com sua origem, na- tureza e função na edificação. Assim, para a execução de uma obra de construção civil, é fundamental que o profissional responsável avalie as condições técnicas, econômicas e estéticas durante a escolha dos materiais. Além disso, deve conhecer a classificação dos materiais de construção visando a melhor forma de aplicá-los. Neste capítulo, você vai estudar a classificação dos materiais de acordo com a sua origem, natureza e função exercida na edificação. Vai aprender a identificar os critérios de escolha dos materiais de construção, bem como as propriedades dos principais grupos de materiais. Classificação dos materiais: origem, natureza e função Origem Os materiais, no que se refere à sua origem, podem ser classifi cados em naturais, artifi ciais e combinados. Os materiais naturais são aqueles que podem ser encontrados na natureza prontos para serem utilizados ou, ainda, necessitando apenas de um tratamento simplificado, como lavagem ou redução de tamanho. Processos construtivos_U1_C04.indd 53 06/10/2017 13:30:27 Os materiais naturais podem ser subdivididos em: Materiais de origem vegetal, como a madeira. Materiais de origem mineral, como a areia e a brita. Materiais de origem animal também já foram utilizados na construção civil, como o óleo de baleia, utilizado no Brasil Colonial para a produção de argamassas (SANTIAGO, 2007). Os materiais artificiais são aqueles obtidos por meio de processos indus- triais, podendo ser subdivididos em: Materiais provenientes de compostos químicos, como os plásticos, as tintas e as colas. Materiais provenientes de metais, por exemplo, as ligas metálicas, como o aço. Materiais provenientes de produtos naturais, como o gesso e os materiais cerâmicos. Os materiais combinados, por fim, são aqueles obtidos pela combinação de materiais naturais e materiais artificiais. Como exemplos, podemos citar os concretos e as argamassas, pois são resultados da combinação de agregados (ge- ralmente, materiais naturais) com aglomerantes (geralmente, materiais artificiais. Natureza De acordo com a sua natureza, os materiais podem ser classifi cados como metálicos, cerâmicos ou poliméricos. Os materiais metálicos são extraídos de minérios e, em seguida, transforma- dos por complexos processos metalúrgicos. Eles podem ser subdivididos em: Ferrosos: aqueles que têm como principal componente o ferro, como o aço e o ferro fundido. Não ferrosos: todos os outros metais utilizados na construção civil, exceto o ferro e seus derivados. Podem ser de elevada densidade, por Classificação dos materiais de construção54 Processos construtivos_U1_C04.indd 54 06/10/2017 13:30:27 exemplo, o níquel, o cobalto e o chumbo, ou de baixa densidade, como o alumínio. Os materiais cerâmicos — também denominados inorgânicos não metálicos — são compostos por substâncias inorgânicas formadas por liga- ções iônicas e/ou covalentes, como o tijolo e o azulejo. Por fim, os materiais poliméricos são compostos por substâncias orgânicas de estrutura complexa, cristalina ou amorfa, em que predomina a ligação covalente. Como exemplos desse tipo de material, podemos citar o PVC e o polipropileno. Os materiais poliméricos podem ser naturais (madeira, borracha e fibras vegetais) ou sintéticos (os plásticos). Função Os materiais, no que se refere à sua função, podem ser classifi cados em: Materiais estruturais: são os materiais que constituem os elementos resistentes de uma construção, como o concreto, o aço e a madeira. Materiais de vedação: são os materiais que preenchem os espaços entre os elementos estruturais, como os tijolos cerâmicos. Materiais de revestimento: são aqueles que revestem os materiais estruturais e os materiais de vedação, por exemplo, as argamassas, as tintas e as cerâmicas. Materiais de isolamento térmico: são os materiais utilizados para melhorar o desempenho térmico das edificações, como o poliestireno e a cortiça. Materiais de isolamento acústico: são os materiais utilizados para melhorar o desempenho acústico das edificações, como a cortiça. Materiais impermeabilizantes: são os materiais utilizados para im- permeabilizar elementos de construção, como as mantas asfálticas. Critérios de escolha dos materiais de construção civil A escolha dos materiais de construção civil deve ser realizada de acordo com critérios técnicos, econômicos, estéticos, sociais e ambientais. 55Classificação dos materiais de construção Processos construtivos_U1_C04.indd 55 06/10/2017 13:30:27 Critérios técnicos Os critérios técnicos consistem nas propriedades que o material de construção deve possuir para que atenda as exigências determinadas em projeto. Os prin- cipais critérios técnicos que devem ser considerados na escolha de materiais de construção civil estão apresentados na Figura 1. Figura 1. Critérios técnicos para a escolha de materiais de construção civil. Fonte: Adaptada de Hagemann (2011, p. 15). Veja a seguir o detalhamento dos critérios técnicos: Resistência mecânica: os materiais de construção utilizados na cons- trução de uma estrutura devem ser capazes de resistir às solicitações impostas a ela. O concreto, por exemplo, apresenta elevada resistência a compressão; contudo, possui baixa capacidade resistente frente a esforços de tração. Desse modo, deve ser combinado com o aço, resul- tando no material denominado concreto armado. Trabalhabilidade: essa propriedade está relacionada com a facilidade de manuseio e aplicação de determinado material durante a execução da estrutura. O concreto, por exemplo, deve possuir trabalhabilidade adequada para que preencha as fôrmas e os espaçamentos entre as armaduras. As argamassas devem possuir trabalhabilidade para recobrir e aderir ao substrato. Durabilidade: a durabilidade consiste na capacidade do material de cumprir adequadamente as funções para as quais foi projetado, ao longo da vida útil, sem necessitar de intervenções significativas, além Classificação dos materiais de construção56 Processos construtivos_U1_C04.indd 56 06/10/2017 13:30:28 das preestabelecidas. A durabilidade insuficiente dos materiais leva à necessidade de reparos e manutenção, com evidentes perdas financeiras, podendo, além disso, acarretar riscos à segurança e ocasionar perda de funcionalidade da edificação. Higiene: os materiais utilizados em obra devem ser compatíveis com as condições de higiene exigidas em projeto. Em ambientes úmidos, por exemplo, devem ser evitados materiais que propiciem o desenvolvimento de fungos e bolor. Em hospitais, devem ser utilizados materiais que permitam a limpeza com rapidez e eficiência. Segurança: os materiais de construçãoutilizados devem conferir segu- rança durante seu uso. Como exemplo, podemos citar o uso de pisos em áreas úmidas, os quais devem possuir características antiderrapantes, proporcionando segurança às pessoas durante o uso. Isolamento termoacústico: os materiais devem possuir caracterís- ticas térmicas e acústicas condizentes com as exigências de projeto. Por exemplo, a construção de fachadas com vidros escuros, os quais absorvem calor e impedem a passagem de luz, pode acarretar gastos ex- cessivos, durante o uso, com iluminação e sistemas de condicionamento de temperatura. A falta de isolamento acústico — ou o uso inadequado deste — entre lajes de edifícios de apartamentos pode prejudicar a sua funcionalidade, no que se refere ao sossego dos habitantes. Critérios econômicos O objetivo, do ponto de vista econômico, é construir a edifi cação com o menor custo possível, sem ignorar os critérios técnicos. Os critérios econômicos para a escolha de um material devem considerar as implicações futuras ao longo da vida útil do material, ou seja, além de serem considerados os custos referentes à aquisição e construção com determinado material, devem ser considerados os custos referentes ao uso, à manutenção e à disposição fi nal. Esses critérios devem, portanto, ser analisados paralelamente aos critérios técnicos e ambientais, pois precisam estar associados ao desempenho da edificação, que depende das propriedades dos materiais e do impacto que a sua utilização exercerá no ambiente. Critérios ambientais Os materiais de construção civil causam impactos ambientais nas etapas de extração, produção, execução, uso, manutenção e disposição fi nal. Os principais 57Classificação dos materiais de construção Processos construtivos_U1_C04.indd 57 06/10/2017 13:30:28 critérios ambientais que devem ser considerados na escolha de materiais de construção civil estão apresentados na Figura 2. Figura 2. Critérios ambientais para a escolha de materiais de construção civil. Fonte: Adaptada de Oliveira (2015). Veja a seguir o detalhamento dos critérios ambientais utilizados na escolha dos materiais de construção civil: Utilização de recursos naturais: a construção civil é responsável pelo consumo de grandes quantidades de recursos naturais. Esses recursos podem ser não renováveis, como os minérios utilizados na produção do aço, ou renováveis, como a madeira. Do ponto de vista ambiental, a utilização de recursos renováveis pode causar menos danos ambien- tais, desde que a reposição dos recursos consumidos seja realizada de maneira adequada. Toxicidade: alguns materiais de construção civil, compostos por produ- tos químicos, apresentam um grau elevado de toxicidade ao ambiente, como tintas e vernizes. Outros materiais, como o cimento Portland, emitem grandes quantidades de CO2 durante seu processo de produção. Energia incorporada: consiste na mensuração da energia necessária para a extração da matéria-prima, produção do material, transporte e aplicação na obra. Quanto maior a energia incorporada, maiores os impactos ambientais resultantes da utilização de determinado material. A produção de cimento Portland, por exemplo, possui grande energia Classificação dos materiais de construção58 Processos construtivos_U1_C04.indd 58 06/10/2017 13:30:29 incorporada, especialmente no que se refere à extração da matéria- -prima e produção do material. Contudo, a substituição do cimento por materiais que necessitem de menos energia para produção nem sempre é viável, em função da energia gasta com transporte e aplicação na obra. O estudo de energia incorporada deve ser realizado paralelamente ao estudo econômico, durante a fase de projeto, permitindo que as melhores opções sejam escolhidas. Durabilidade: a durabilidade já foi citada como critério técnico; no entanto, apresenta também características ambientais. Quanto maior for a durabilidade do material aplicado em obra, menor será a necessidade de produção de novos materiais para substituir o primeiro, reduzindo o consumo de recursos naturais, gastos de energia e emissão de poluentes. Disposição final: a construção civil gera uma grande quantidade de resíduos, gerados durante os processos de produção dos materiais, execução das obras, manutenção e, por fim, demolição da edificação. Visando reduzir os impactos ambientais gerados pela disposição desses resíduos na natureza, vêm sendo desenvolvidas formas de reaproveita- mento e reciclagem. Como exemplo, podemos citar o uso de resíduos de construção e demolição (RCD) como agregados em concreto. Critérios estéticos Do ponto de vista estético, devem ser escolhidos os materiais que proporcio- nem uma aparência agradável ao ambiente, seguindo as exigências do cliente. Propriedades dos principais materiais de construção civil Os materiais de construção civil podem ser agrupados em três tipos básicos: metais, cerâmicas e polímeros. A classifi cação nesses três grupos considera, principalmente, a composição química e a estrutura atômica dos materiais (CALLISTER JR., 2002). Além desses, há mais um grupo importante dentro da engenharia civil: os compósitos. Metais Formados pela combinação de elementos metálicos, os metais se caracterizam por possuírem um grande número de elétrons não ligados a qualquer átomo 59Classificação dos materiais de construção Processos construtivos_U1_C04.indd 59 06/10/2017 13:30:29 em particular. Esse comportamento dos elétrons é responsável por muitas das propriedades dos metais, as quais são apresentadas a seguir: Condutividade elétrica: os metais são excelentes condutores de eletri- cidade. Bauer (2008) destaca que o cobre, por exemplo, é tradicional- mente utilizado na transmissão de energia elétrica; todavia, por razões econômicas, vem sendo substituído pelo alumínio. Condutividade térmica: os metais são excelentes condutores térmicos; dessa forma, estão sujeitos aos efeitos da dilatação e contração térmica, ou seja, a variações dimensionais em função das mudanças de temperatura. Resistência mecânica: os metais são, de modo geral, muito resistentes. Além disso, caracterizam-se por apresentarem ductilidade, ou seja, deformam-se quando submetidos a carregamentos; por isso, são muito utilizados em aplicações estruturais. Em função de sua alta resistência à tração, o aço é associado ao concreto, resultando no material deno- minado concreto armado. Os metais não são transparentes à luz visível, apresentando uma superfície polida, de aparência lustrosa. Todos os metais comuns são sólidos a tempe- raturas ordinárias (BAUER, 2008). Cerâmicas As cerâmicas são materiais constituídos quase que totalmente por argilas, sendo encontrados na forma de telhas, tijolos, pisos, cimento, vidro, entre outros. As cerâmicas são compostas por elementos metálicos e não metálicos, como óxidos, nitretos e carbetos. A seguir, são apresentadas as principais propriedades das cerâmicas: Fragilidade: as cerâmicas são materiais frágeis, ou seja, não apresentam deformações antes da ruptura. Além disso, apresentam maior resistência a ambientes abrasivos que os metais e os polímeros. Isolamento termoacústico: as cerâmicas são excelentes isolantes tér- micos e acústicos. Além disso, apresentam maior resistência a altas temperaturas que os metais e os polímeros. A resistência mecânica e a porosidade das cerâmicas variam de acordo com a quantidade de água utilizada na mistura e com os procedimentos de fundição do material. Classificação dos materiais de construção60 Processos construtivos_U1_C04.indd 60 06/10/2017 13:30:29 Polímeros Os polímeros são obtidos por meio de reações de polimerização, que consistem na ligação de duas ou mais estruturas menores (denominas monômeros), formando uma estrutura múltipla. Callister (2002) afi rma que os polímeros são, em muitos casos, compostos orgânicos formados por carbono, hidrogênio e outros elementos não metálicos. Como exemplos de polímeros, podemoscitar os plásticos e as borrachas. Os materiais poliméricos possuem ductilidade. Além disso, caracterizam- -se por apresentar baixa resistência mecânica e baixa estabilidade frente a altas temperaturas. Em geral, os polímeros possuem baixa densidade e podem ser extremamente flexíveis. Compósitos Os materiais compósitos são formados pela união de dois ou mais materiais distintos, não solúveis entre si. O objetivo dessa associação é combinar as características desses materiais, formando um novo material com melhor desempenho. Callister (2002) destaca como exemplo de material compósito a fi bra de vidro, que possui a resistência do vidro e a fl exibilidade de um polímero. Para saber mais sobre os materiais compósitos, leia o texto “Novos compósitos eco- -eficientes para aplicações não estruturais na construção” (EIRES; JALALI; CAMÕES, 2010). 61Classificação dos materiais de construção Processos construtivos_U1_C04.indd 61 06/10/2017 13:30:29 1. De acordo com a origem, os materiais podem ser classificados em naturais, artificiais e combinados. Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta. a) Os materiais artificiais são aqueles obtidos a partir de processos industriais. Como exemplo, pode ser citado o gesso, um material artificial proveniente de compostos químicos. b) Os materiais naturais são aqueles encontrados na natureza, prontos para o uso. São materiais de origem exclusivamente mineral, como a areia, a brita e a madeira. c) A brita é um material obtido por meio da redução de tamanho de rochas naturais, sendo classificado, deste modo, como um material artificial. d) Os materiais artificiais podem ser provenientes de compostos químicos, metais ou de produtos naturais. As ligas metálicas são materiais provenientes de metais, enquanto que as tintas são materiais provenientes de compostos químicos. e) Os materiais combinados são resultantes da combinação entre materiais naturais e materiais artificiais, como, por exemplo, as cerâmicas. 2. De acordo com a natureza, os materiais se classificam em metálicos, cerâmicos e poliméricos. Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta. a) Os materiais metálicos ferrosos são aqueles cujo principal componente é o ferro. Aos demais, é conferida a alcunha de materiais metálicos não ferrosos, como, por exemplo, o aço. b) Os materiais cerâmicos, como o tijolo, são compostos orgânicos formados por meio de ligações iônicas ou covalentes. c) Os materiais metálicos são obtidos por meio da transformação de minérios extraídos do solo, por meio de processos metalúrgicos. d) Os materiais poliméricos são compostos por substâncias orgânicas, de estrutura necessariamente cristalina, como o PVC e o Polipropileno. e) Os materiais poliméricos são exclusivamente sintéticos, como o PVC, o Polipropileno e demais tipos de plásticos. 3. Os materiais de construção civil exercem diferentes funções em uma edificação. Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta. a) As argamassas de cimento são um exemplo de material de revestimento, enquanto que o concreto é um exemplo de material estrutural. b) As mantas asfálticas são um exemplo de materiais de revestimento, pois possuem a função de cobrir os elementos de construção. c) O concreto e o aço são os principais materiais estruturais utilizados na construção civil. A madeira, em função de suas propriedades, não pode ser utilizada com esta função. Classificação dos materiais de construção62 Processos construtivos_U1_C04.indd 62 06/10/2017 13:30:29 d) As placas cerâmicas são um exemplo de material de vedação, por preenchem o espaço entre os elementos estruturais. e) Os materiais podem exercer uma única função, simultaneamente, dentro de uma edificação. 4. Os materiais de construção civil são escolhidos a partir de critérios técnicos, econômicos, ambientais e estéticos. Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta. a) A durabilidade consiste na capacidade do material em manter suas características ao longo da vida útil de serviço. É um critério exclusivamente técnico. b) Os critérios técnicos se referem às propriedades que os materiais devem possuir para atender as demandas de projeto, como higiene, segurança e resistência mecânica. c) Os critérios econômicos devem considerar o desempenho da edificação, o qual é avaliado de acordo com o simples cumprimento dos critérios técnicos. d) Os critérios ambientais consideram os impactos causados pelas obras de construção civil. Os impactos analisados são referentes aos processos de construção e demolição de uma edificação. e) A energia incorporada consiste na soma das energias necessárias para extração da matéria-prima, produção do material, transporte e aplicação em obra. Deve ser analisada, exclusivamente, a partir do ponto de vista econômico e técnico. 5. Os metais podem ser agrupados em metais, cerâmicas, polímeros e compósitos. Analise as afirmativas abaixo, referentes às propriedades destes materiais, e assinale a alternativa correta. a) As cerâmicas são materiais frágeis, ou seja, apresentam grandes deformações quando submetidas a carregamentos. b) Os metais apresentam grande número de elétrons livres, possuindo, deste modo, uma alta condutividade elétrica. A condutividade térmica dos metais, contudo, é baixa. c) Os materiais cerâmicos apresentam características de isolamento térmico e acústico, além de apresentar maior resistência a altas temperaturas, quando comparados a metais. d) Os metais são materiais dúcteis, ou seja, não se deformam quando submetidos a carregamentos. e) Os materiais compósitos são aqueles resultantes da união de dois ou mais materiais distintos, solúveis entre si. 63Classificação dos materiais de construção Processos construtivos_U1_C04.indd 63 06/10/2017 13:30:30 BAUER, L. A. F. Materiais de construção. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. v. 2. CALLISTER JR., W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. EIRES, R.; JALALI, S.; CAMÕES, A. Novos compósitos eco-eficientes para aplicações não estruturais na construção. Revista Internacional Construlink, v. 8, n. 23, fev. 2010. HAGEMANN, S. E. Apostila de materiais de construção básicos. [S.l.]: Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, 2011. OLIVEIRA, T. Y. M. Estudo sobre o uso de materiais de construção alternativos que otimizam a sustentabilidade em edificações. 2015. 114 f. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) –Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. SANTIAGO, C. C. Argamassas tradicionais de cal. Salvador: EDUFBA, 2007. Leitura recomendada AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção civil: normas, especificações, aplicação e ensaios de laboratório. São Paulo: PINI, 2012. Classificação dos materiais de construção64 Processos construtivos_U1_C04.indd 64 06/10/2017 13:30:30 Conteúdo: Dica do professor A correta utilização de um material só será verificada com um profundo conhecimento de suas propriedades características. Assista o vídeo que trará a classificação dos materiais de construção. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/deb6dd87921450d690fe08a3153fe6be Exercícios 1) O gesso acartonado é um material utilizado para confecção de paredes leves e fechar ambientes sem acarretar muitas cargas no pavimento onde são colocadas. Quanto à função, classificamos materiais como: A) Material Natural. B) Material Artificial. C) Material de Vedação. D) Material de Proteção. E) Material Composto. 2) As rochas ornamentais como mármore e granito são extraídas de uma jazida, cortadas e polidas para seu uso, um tratamento simples que alcança resultados bons no ponto de vista estético. Quanto à origem,esse material pode ser classificado como: A) Material Natural. B) Material Artificial. C) Material Composto. D) Material de Vedação. E) Material com Função Estrutural. 3) Para a confecção de concretos leves, utilizamos um agregado a partir da argila expandida, que é formada por silicatos de alumínio e de óxidos de ferro e de alumínio. Pode ter propriedades expansivas quando expostas a altas temperaturas. Quanto à origem do material, a argila expandida pode ser classificada como: A) Material Natural. B) Material Artificial. C) Material com função estrutural. D) Material de Vedação. E) Material de Proteção. 4) Os metais possuem estrutura interna do tipo: A) Cristalina. B) Fibrosa. C) Vítrea. D) Agregado complexo. E) Fibroso com estrutura complexa. 5) A tinta é um material que é utilizado para cobertura de madeiras e de alvenaria para evitar a degradação delas no decorrer do tempo. Quanto à função esse material pode ser classificado como: A) Material com função estrutural. B) Material de Proteção. C) Material de Vedação. D) Material Artificial. E) Material Natural. Na prática Relacionando o conteúdo à pratica, observe exemplos de materiais cuja estrutura apresentam soluções sólidas substitucional. Ocorre quando o átomo do soluto é semelhante em dimensões e em estruturas eletrônicas ao átomo do solvente. Durante a formação de uma solução sólida substitucional ocorrem substituições de alguns átomos da matriz do solvente por átomos que são semelhantes do soluto. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Madeira e sua utilidade na construção civil Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Dicas sobre Planejamento na Construção Civil Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Descolamentos de placas cerâmicas em prédios novos geram prejuízo e conflitos para empresas Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. ALLEN, E.; IANO, J. Fundamentos da engenharia de edificações: materiais e métodos Inicie sua leitura a partir do tópico Produção de perfis estruturais (página 418) até o final do tópico Soldagem (página 430). Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://www.youtube.com/embed/CeKR4elp6dA https://www.youtube.com/embed/zbFKQA_kL1o?rel=0 http://pavaoeassociados.com.br/descolamentos-de-placas-ceramicas-em-predios-novos-geram-prejuizo-e-conflitos-para-empresas/ Aula 1 - Introdução aos Materiais Básicos de Construção Civil Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/s4DWuWnF0BI Controle tecnológico do concreto Apresentação Você sabia que, dos materiais empregados em construções, o concreto é mundialmente um dos mais utilizados, sendo empregado desde construções de estradas até usinas nucleares? Estima-se que seu consumo por habitante gire em torno de 1,9 toneladas por ano, 11 bilhões de toneladas de concreto consumidas anualmente. Isso se explica pela excelente resistência à água, tornando-se ideal para construção de estruturas para o seu controle, armazenamento e transporte; pela facilidade na obtenção dos seus elementos constituintes; e pelo baixo custo aliado a uma rápida disponibilidade do material para a obra. Um concreto mal elaborado ou trabalhado pode acarretar em severos problemas em edificações, gerando estruturas em que precocemente são diagnosticadas patologias. Por isso a importância do estudo do controle tecnológico do concreto, a partir de normas que estabelecem métodos de ensaios que levarão a uma adequada durabilidade, resistência mecânica, trabalhabilidade e vida útil. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o controle tecnológico do concreto, reconhecendo a importância de sua aplicação. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a importância do controle tecnológico do concreto.• Selecionar as formas de armazenamento dos itens que compõem o concreto.• Reconhecer os ensaios aplicados ao concreto.• Desafio Você foi contratado para gerenciar uma construção na Alameda dos Anjos, e definiu que o consumo de cimento deveria ser de quinze sacos por semana. Na segunda-feira, chegou na obra o primeiro lote com trinta sacos de cimentos, e na quarta-feira chegou o segundo lote com mais sessenta sacos. Veja como o mestre-de-obras guardou os sacos: Com base na norma NBR, aponte os acertos e erros do mestre-de-obras ao acondicionar os lotes de cimento. Em seguida, indique as correções a serem feitas para adequar o recebimento à norma. Infográfico A ASCC (American Society for Concrete Construction) estima que seja gasto de 10 a 15% do custo total da estrutura para corrigir e efetuar retrabalhos sobre o concreto, a fim de obter-se um nível aceitável de qualidade. Neste infográfico, você verá os principais itens que influenciam na qualidade do concreto, divididos em influências externas e influência dos Materiais Constituintes do Concreto (MCCs). Conteúdo do livro Leia o capítulo Controle Tecnológico do Concreto e veja os fatores envolvidos no uso do concreto, tais como os cuidados no armanezamento dos materiais que o compõe, o controle no recebimento e o ensaio de compressão. Boa leitura! MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO André Luis Abitante Ederval de Souza Lisboa Gustavo Alves G. de Melo Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 L769m Lisboa, Ederval de Souza. Materiais de construção : concreto e argamassa [recurso eletrônico] / Ederval de Souza Lisboa, Edir dos Santos Alves, Gustavo Henrique Alves Gomes de Melo. – 2. ed. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-013-9 1. Materiais de construção. 2. Concreto. 3. Argamassa. Engenharia. I. Alves, Edir dos Santos. II. Melo, Gustavo Henrique Alves Gomes de. III. Título. CDU 691.3:62 Controle tecnológico do concreto Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar a importância do controle tecnológico do concreto. � Selecionar as formas de armazenamento dos itens que compõem o concreto. � Reconhecer os ensaios aplicados ao concreto. Introdução Dos materiais empregados em construções, o concreto é mundial- mente um dos mais utilizados, sendo empregado desde construções de estradas até usinas nucleares. Estima-se que seu consumo por habitante gire em torno de 1,9 tonelada por ano, 11 bilhões de tone- ladas de concreto consumidas anualmente (perdendo em consumo apenas para a água), dentre os motivos que levam a esses números se destacam: a excelente resistência à água, tornando-se ideal para construção de estruturas para controle, armazenamento e transporte da água; a facilidade na obtenção dos seus elementos constituintes; e o baixo custo aliado a uma rápida disponibilidade do material para a obra. Um concreto mal elaborado e/ou trabalhado pode acarretar em sé- rios problemas em edificações, gerando estruturas que precocemen- te serão diagnosticadas patológicas. Por isso, é muito importante que você, como profissional da área, estude o controle tecnológico do concreto, a partir de normas que estabelecem métodos de ensaios que culminarão numa durabilidade, resistência mecânica, trabalhabi- lidade e vida útil adequada. Acesse as publicações da Associação Brasileira de Patologia das Construções (2016) para ver mais sobre patologia nas construções. Fatores que influenciam a qualidade do concreto As edificações, com os seus mais variados itens, tendem a requerer concreto com propriedades específicas. Após a determinação das características do concreto, a efetiva qualidade se dá com o controle da mistura, transporte, lançamento, adensamento, desforma e cura, propiciando condições para a ob- tenção deum material uniforme, com as propriedades exigidas, ao fim que se destina, e da forma mais econômica. Somente com o controle tecnológico é possível se certificar sobre o de- sempenho das estruturas, de modo a garantir o padrão de qualidade solicitado em projeto e normas técnicas. O controle propicia a detecção de não confor- midades, viabilizando eventuais intervenções corretivas nas estruturas. A ASCC (AMERICAN SOCIETY FOR CONCRETE CONSTRUCTION, 2016) estima que seja gasto de 10 a 15% do custo total da estrutura para cor- rigir e efetuar retrabalhos sobre o concreto a fim de obter-se um nível acei- tável de qualidade. Veja na Figura 1 os principais itens que influenciam na qualidade do concreto, divididos em influências externas e influência dos materiais constituintes do concreto (MCCs). Materiais de construção: concreto e argamassa180 Figura 1. Fatores que influenciam a qualidade do concreto. Fonte: Capuruço (2010, p. 11). Acesse o Manual do concreto dosado em central (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EM- PRESAS DE SERVIÇOS DE CONCRETAGEM NO BRASIL, 2007) para ter mais informações de concreto dosado em centrais. Controle tecnológico do concreto 181 Cuidados no armazenamento dos materiais componentes do concreto O controle do concreto não se deve ser realizado somente após a mistura, para uma qualidade do produto final é imprescindível que os materiais constituintes do concreto também recebam cuidados adequados antes mesmo de sua mistura. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da norma ABNT NBR 12655:2015 orienta acerca dos cuidados com esses materiais: Documentação: A norma estabelece um período mínimo de cinco anos de armazenamento dos documentos comprobatórios da origem e características dos materiais. Eles devem ser separados identificados e armazenados em locais adequados, de acordo com o tipo, a marca, e a classe do produto. Cimento: Devem ser acondicionados em ambientes fechados, livre da ação de chuvas ou névoas; empilhados no limite máximo de quinze sacos para períodos de utilização de até quinze dias ou limite máximo de dez sacos, para períodos maiores; não podem estar em contato direto com o solo, e sim posicionados sobre paletes ou estrado de madeira, evitando dessa forma a umidade prove- niente do solo. Para os casos de utilização do cimento a granel, este deve ser armazenado em silos estanques, com aberturas para carregamento, descarregamento, ins- peção e respiradouro com filtro. As características do material devem estar em local visível e de fácil acesso. Agregados: Não é indicado o contato direto dos agregados com o solo, de modo a evitar a contaminação com outros sólidos ou líquidos que possam comprometer a durabilidade do concreto e causar a corrosão da armadura. Devem ser acondi- cionados sobre uma base que permita escoar a água livre, a fim de eliminá-la. Água: A água deve ser armazenada em recipientes estaques e que possam ser fe- chados, isso para se evitar eventuais contaminações com outras substâncias que comprometam a durabilidade do concreto e causem a corrosão da armadura. Aditivos: Os aditivos devem ser armazenados segundo as especificações dos fabricantes. Materiais de construção: concreto e argamassa182 Sílica ativa, metacaulim e outros materiais pozolânicos: Assim como os agregados, não é indicado o contato direto com o solo, de modo a evitar a contaminação com outros sólidos ou líquidos que possam comprometer a durabilidade do concreto e causar a corrosão da armadura. Devem ser acondicio- nados sobre uma base que permita escoar a água livre, a fim de eliminá-la. Concreto normal (C): 2000 kg/m³ < massa específica seca < 2800 kg/m³ Concreto leve (CL): massa específica seca < 2000 kg/m³ A ABNT, através da norma ABNT NBR 7211:2015, determina os limites má- ximos aceitáveis de substâncias nocivas no agregado miúdo conforme Tabelas 1 e no agregado graúdo conforme Tabela 2, ambos com relação à massa do material. Tabela 1. Limites máximos aceitáveis de substâncias nocivas no agregado miúdo com relação à massa do material. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2015b, p. 6). Controle tecnológico do concreto 183 Tabela 2. Limites máximos aceitáveis de substâncias nocivas no agregado graúdo com relação à massa do material. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2015b, p. 9). Acesse a Revista Areia e Brita (2007) para ver mais sobre agregados. Controle no recebimento No recebimento do concreto, ou elaboração na obra, os testes também são muito importantes, dentre os mais conhecidos está o de determinação da con- sistência pelo abatimento do tronco de cone, mais conhecido como slump test, conforme a ABNT NBR NM 67:1998. Com esse ensaio é possível verificar a consistência do concreto, pois ela influência, entre outras coisas, na trabalha- bilidade do concreto. Neste ensaio, o concreto é inserido dentro de uma forma tronco-cônica em três camadas igualmente adensadas, cada uma com 25 golpes. Após o material alcançar a extremidade superior do cone (região de menor diâmetro), a forma é retirada lentamente, num movimento vertical, em seguida é medida a diferença entre a altura da forma e a altura da massa de concreto depois de assentada. A Figura 2 a seguir ilustra o ensaio mencionado. Materiais de construção: concreto e argamassa184 Figura 2. Ilustração do ensaio de abatimento do tronco de cone. Fonte: Allen e Iano (2013, p. 525). Veja na Figura 3 a seguir os tipos de resultados que podem ser encontrados no ensaio de abatimento de tronco de cone e na Tabela 3 o tipo de trabalhabi- lidade em relação ao valor do abatimento. Figura 3. Abatimento verdadeiro, cisalhamento e colapso. Fonte: Neville (2016, p. 200). Tipo de trabalhabilidade Abatimento (mm) Abatimento zero 0 Muito baixa 5-10 Baixa 15-30 Média 35-75 Alta 80-155 Muito alta 160 ao colapso Tabela 3. Tipos de trabalhabilidade e variações do abatimento. Fonte: Adaptada de Neville (2016, p. 200). Controle tecnológico do concreto 185 Ensaio de compressão Vários ensaios podem ser utilizados para verificar a qualidade do concreto, e dentre os mais difundidos se destaca o de avaliação da resistência à com- pressão. A norma ABNT NBR 5739:2007 trata do procedimento para mol- dagem e cura de corpos de prova de concreto e a norma ABNT NBR 5738:2015 trata dos ensaios de compressão de corpos de prova cilíndricos de concreto. Veja na Figura 4 um corpo de prova cilíndrico para análise, e a na Figura 5 um corpo de prova sendo submetido ao ensaio de compressão. Figura 4. Corpo de prova cilíndrico para ensaio de compressão. Materiais de construção: concreto e argamassa186 Figura 5. Corpo de prova sendo submeti- do ao ensaio de compressão. Outros tipos de ensaios em concreto Existem muitos outros importantes ensaios já consolidados que podem ser reali- zados em concreto, como: ensaio do fator de compactação, ensaio de fluidez da ASTM, ensaio de remoldagem, ensaio Vebe, ensaio da mesa de espalhamento, ensaio de penetração de bola e ensaio de adensabilidade, ensaio K de Nasser, en- saio Tattersall, ensaio de dureza superficial pelo esclerômetro de reflexão, ensaio de arrancamento (pull-out test), ensaio de fratura interna, ensaio de arrancamento do tipo break-off, ensaio de arrancamento do tipo pull-off, ensaio de velocidade de propagação de onda ultrassônica. Há também muitos outros em estágio de desenvolvimento, como radiografia de raios gama ou raios X de alta energia (para identificar vazios), radiometria (para calcular a massa específica), transmissão ou reflexão de nêutrons (para estimar o teor de umidade do concreto) e o radar de penetração na superfície (para detectar vazios, fissuras ou descamação). Controle tecnológico do concreto 187 Acesse o site do Instituto Brasileiro do Concreto (2016) para ter mais informações do concreto no Brasil. 1. Sobre a documentação referente aos materiais constituintes do concreto, assinale a alternativa correta: a) A norma estabelece um período máximode cinco anos de ar- mazenamento dos documentos comprobatórios da origem e características dos materiais. b) A norma estabelece um período máximo de dois anos de arma- zenamento dos documentos comprobatórios da origem e características dos materiais. c) A norma estabelece um período mínimo de dois anos de arma- zenamento dos documentos comprobatórios da origem e características dos materiais. d) A norma estabelece um período mínimo de dez anos de arma- zenamento dos documentos comprobatórios da origem e características dos materiais. e) A norma estabelece um período mínimo de cinco anos de arma- zenamento dos documentos comprobatórios da origem e características dos materiais. 2. Sobre os cuidados no armazena- mento dos agregados, assinale a alternativa correta: a) Podem estar em contato direto com o solo, apesar do risco de contaminação com outros sólidos ou líquidos que possam compro- meter a durabilidade do concreto e causar a corrosão da armadura. b) Não podem estar em contato direto com o solo, apesar de não haver risco de contaminação com outros sólidos ou líquidos que possam comprometer a dura- bilidade do concreto e causar a corrosão da armadura. c) Podem estar em contato direto com o solo, pois nunca há risco de contaminação com outros sólidos ou líquidos que possam comprometer a durabilidade do concreto e causar a corrosão da armadura. d) Não podem estar em contato direto com o solo, e sim posicio- nados sobre paletes ou estrado de madeira, evitando dessa forma a umidade proveniente do solo. e) Devem ser acondicionados sobre uma base que permita escoar a água livre, a fim de eliminá-la. 3. Assinale a alternativa correta sobre os limites aceitáveis de substâncias nocivas no agregado miúdo com relação à massa do material. a) A quantidade máxima é de Materiais de construção: concreto e argamassa188 1% para materiais carbonosos, quando do concreto aparente. b) A quantidade máxima é de 0,5% de materiais carbonosos, quando do concreto não aparente. c) A quantidade mínima é de 1% de materiais carbonosos, quando do concreto não aparente. d) A quantidade máxima é de 5% de torrões de argila e materiais friáveis. e) A quantidade máxima é de 3% de torrões de argila e materiais friáveis. 4. Sobre o ensaio de determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone, mais conhecido como slump test, assinale a alternativa correta. a) O concreto é inserido dentro de uma forma cilíndrica em três camadas igualmente adensadas, cada uma com 25 golpes. b) O concreto é inserido dentro de uma forma tronco-cônica em seis camadas igualmente adensadas, cada uma com 25 golpes. c) O concreto é inserido dentro de uma forma tronco-cônica em três camadas igualmente adensadas, cada uma com 75 golpes. d) Após a massa de concreto al- cançar a extremidade superior do cone (região de menor diâmetro), a forma deve ser retirada rapida- mente. e) Com esse ensaio é possível se ve- rificar a consistência do concreto, sendo que esta influencia entre outras coisas, na trabalhabilidade do concreto. 5. Assinale a alternativa correta sobre os tipos de trabalhabilidade e variações do abatimento. a) Para um abatimento de 4 mm a trabalhabilidade é classificada como muito baixa. b) Para um abatimento de 170 mm a trabalhabilidade é classificada como alta. c) Para um abatimento de 17 mm a trabalhabilidade é classificada como média. d) Para um abatimento de 75 mm a trabalhabilidade é classificada como alta. e) Para um abatimento de 29 mm a trabalhabilidade é classificada como baixa. Controle tecnológico do concreto 189 ALLEN, E.; IANO, J. Fundamentos da engenharia de edificações: materiais e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. 1008 p. AMERICAN SOCIETY FOR CONCRETE CONSTRUCTION. Site. St. Louis: ASCC, 2016. Disponível em: <https://www.ascconline.org> Acesso em: 31 dez. 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE SERVIÇO DE CONCRETAGEM DO BRASIL. Manual do concreto dosado em central. São Paulo: ABESC, 2007. Disponível em: < http:// www.abesc.org.br/assets/files/manual-cdc.pdf > Acesso em: 31 dez. 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5738:2015 versão corrigi- da:2016. Concreto - Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5739:2007. Concreto - Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro: ABNT, 2007. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7211:2015. Agregados para concreto - Especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2015b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12655:2015. Concreto de cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação — Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2015a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR NM 67:1998. Concreto - Deter- minação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro: ABNT, 1998. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES. Site. Porto Alegre: ALCONPAT BRASIL, 2016. Disponível em: <http://alconpat.org.br/publicacoes/>. Acesso em: 11 jan. 2017. CAPURUÇO, F. R. P. Controle tecnológico do concreto: direitos e deveres. In: ENCONTRO UNIFICADO DA CADEIA PRODUTIVA DAS INDÚSTRIAS DE CONSTRUÇÃO – MINASCON, 7., 2010, Belo Horizonte. Apresentação... Belo Horizonte: ABECE, 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DO CONCRETO. Site. São Paulo: IBRACON, 2016. Disponível em: <http://www.ibracon.org.br>. Acesso em: 25 dez. 2016. NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016. REVISTA AREIA & BRITA. São Paulo: ANEPAC, 2007. Leitura recomendada NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. Referências Materiais de construção: concreto e argamassa190 Dica do professor Veja, na Dica do Professor, como é feito o ensaio de determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone, mais conhecido como slump test. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/fcfbede529af2e216ae3297fe5c3d3fb Exercícios 1) Sobre a documentação referente aos materiais constituintes do concreto, assinale a alternativa correta: A) A norma estabelece um período máximo de cinco anos de armazenamento dos documentos comprobatórios da origem e características dos materiais. B) A norma estabelece um período máximo de dois anos de armazenamento dos documentos comprobatórios da origem e características dos materiais. C) A norma estabelece um período mínimo de dois anos de armazenamento dos documentos comprobatórios da origem e características dos materiais. D) A norma estabelece um período mínimo de dez anos de armazenamento dos documentos comprobatórios da origem e características dos materiais. E) A norma estabelece um período mínimo de cinco anos de armazenamento dos documentos comprobatórios da origem e características dos materiais. 2) Sobre os cuidados no armazenamento dos agregados, assinale a alternativa correta: A) Podem estar em contato direto com o solo, apesar do risco de contaminação com outros sólidos ou líquidos que possam comprometer a durabilidade do concreto e causar a corrosão da armadura. B) Não podem estar em contato direto com o solo, apesar de não haver risco de contaminação com outros sólidos ou líquidos que possam comprometer a durabilidade do concreto e causar a corrosão da armadura. C) Podem estar em contato direto com o solo, pois nunca haverá riscos de contaminação com outros sólidos ou líquidos que possam comprometer a durabilidade do concreto e causar a corrosão da armadura. D) Não podem estar em contato direto com o solo, e sim posicionados sobre paletes ou estrado de madeira, evitando, dessa forma, a umidade proveniente do solo. E) Devem ser acondicionados sobre uma base que permita escoar a água livre, a fim de eliminá- la. 3) Assinalea alternativa correta sobre os limites aceitáveis de substâncias nocivas no agregado miúdo com relação à massa do material. A) A quantidade máxima é de 1% para materiais carbonosos, nos casos de concreto aparente. B) A quantidade máxima é de 0,5% de materiais carbonosos, nos casos de concreto não aparente. C) A quantidade mínima é de 1% de materiais carbonosos, nos casos de concreto não aparente. D) A quantidade máxima é de 5% de torrões de argila e materiais friáveis. E) A quantidade máxima é de 3% de torrões de argila e materiais friáveis. 4) Sobre o ensaio de determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone, mais conhecido como slump test, assinale a alternativa correta: A) O concreto é inserido dentro de uma forma cilindrica em três camadas igualmente adensadas, cada uma com 25 golpes. B) O concreto é inserido dentro de uma forma tronco-cônica em seis camadas igualmente adensadas, cada uma com 25 golpes. C) O concreto é inserido dentro de uma forma tronco-cônica em três camadas igualmente adensadas, cada uma com 75 golpes. D) Após a massa de concreto alcançar a extremidade superior do cone (região de menor diâmetro), a forma deve ser retirada rapidamente. E) Com esse ensaio é possível se verificar a consistência do concreto, sendo que esta influencia, entre outras coisas, na trabalhabilidade do concreto. 5) Assinale a alternativa correta sobre os tipos de trabalhabilidade e variações do abatimento: A) Para um abatimento de 4 mm, a trabalhabilidade é classificada como muito baixa. B) Para um abatimento de 170 mm, a trabalhabilidade é classificada como alta. C) Para um abatimento de 17 mm, a trabalhabilidade é classificada como média. D) Para um abatimento de 75 mm, a trabalhabilidade é classificada como alta. E) Para um abatimento de 29 mm, a trabalhabilidade é classificada como baixa. Na prática Tanto o concreto feito no local (obra) como o recebido de empresas de concretagem precisam ter as características necessárias para se atingir o nível de aceitação. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Controle Tecnológico do Concreto Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Fundamentos da engenharia de edificações: materiais e métodos. Allen, Edward; Iano, Joseph Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Instituto Brasileiro do Concreto Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Associação Brasileira de Patologia das Construções Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/K4WGHoWFHto http://site.ibracon.org.br/ https://alconpat.org.br/homepage/publicacoes/ Manual do concreto dosado em central Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Revista Areia e Brita Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. O que é o fck do concredo? # MateriaisdeConstrução Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.abesc.org.br/assets/files/manual-cdc.pdf http://www.anepac.org.br/publicacoes/revista-areia-e-brita https://www.youtube.com/embed/XRWwYkwRgb8 Estrutura e propriedade dos materiais Apresentação Todas as obras da construção civil são realizadas com recurso de materiais de construção, sendo assim, exige-se o conhecimento adequado de sua estrutura e das suas propriedades, além dos processos de fabricação ou de transformação, de modo a garantir um nível preestabelecido de qualidade para determinado produto. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá que toda e qualquer atividade humana, a partir de certas matérias-primas e por meio de processos de fabricação para obter um produto final, pode ser controlada. Dessa forma, torna-se necessário conhecer o processamento das matérias-primas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar como o processamento das matérias-primas pode influenciar a estrutura macroscópica e microestrutural dos materiais. • Relacionar estrutura interna com propriedades dos materiais (composição química, resistência mecânica, peso, propriedade de absorção de energia, maleabilidade, conformabilidade, etc.). • Reconhecer as macropropriedades dos materiais: propriedade mecânica, elétrica, térmica, magnética, óptica e deteriorativa. • Infográfico As propriedades macroscópicas de um material variam de acordo com o tipo e a intensidade da resposta para um determinado estímulo imposto. Entre as principais propriedades dos materiais estão as mecânicas, elétricas, térmicas e deteriorativas. No Infográfico a seguir você vai conhecer essas propriedades. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/915837cf-97d7-4f36-b9b2-411660f7d5bd/b9f1ac0e-988c-4c12-826c-301323edc9a6.jpg Conteúdo do livro Os materiais estão presentes no cotidiano do homem: vestimentas, transporte, abrigo, comunicação, alimentação, entre outros. O desenvolvimento do homem se associa à habilidade em identificar e aperfeiçoar os materiais disponíveis para melhor atender suas necessidades. O mesmo ocorre com os materiais encontrados na natureza que são utilizados nos processos de construção civil. Leia o capítulo Estrutura e propriedade dos materiais, que faz parte da obra Materiais da construção, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, no qual você vai aprender que toda e qualquer atividade humana, a partir de certas matérias-primas e por meio de processos de fabricação para obter um produto final, pode ser controlada. Boa leitura. MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO Roberta Centofante Estrutura e propriedade dos materiais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar como o processamento das matérias-primas pode influen- ciar a estrutura macroscópica e microestrutural dos materiais. � Relacionar estrutura interna com propriedades dos materiais (compo- sição química, resistência mecânica, peso, propriedade de absorção de energia, maleabilidade, conformabilidade, etc.). � Reconhecer as macropropriedades dos materiais: propriedade mecâ- nica, elétrica, térmica, magnética, óptica e deteriorativa. Introdução Neste capítulo, você aprenderá que toda e qualquer atividade humana, a partir de certas matérias-primas e por meio de processos de fabricação para obter um produto final, pode ser controlada. Dessa forma, torna-se necessário conhecer o processamento das matérias-primas, bem como sua influência na estrutura dos materiais que comporão. Assim, levando em conta que todas as obras da construção civil são realizadas com recurso de materiais de construção, exige-se o conheci- mento adequado de sua estrutura e das suas propriedades, além dos processos de fabricação ou de transformação, para garantir um nível preestabelecido de qualidade para determinado produto. Influência do processamento das matérias-primas na estrutura dos materiais A área da Engenharia associada à geração e à aplicação de conhecimentos relacionando composição, estrutura e processamento de materiais com as suas propriedades e usos é conhecida como Ciência e Engenharia dos Materiais. Tem como objetivos desenvolver materiais já conhecidos – visando a novas aplicações ou melhorias no desempenho –, novos materiais para aplicações conhecidas e novos materiais para novas aplicações. Os materiais classificam-se da seguinte forma. � Metais: são substâncias inorgânicas compostas por um ou mais ele- mentos metálicos, podendo conter elementos não metálicos. São resis- tentes e bons condutores de eletricidade. Muitas de suas propriedadesatribuem-se ao grande número de elétrons não localizados. � Polímeros: materiais sintéticos, compreendem os plásticos e as borra- chas. São compostos orgânicos com cadeia molecular de longa extensão sem cristalinidade. � Cerâmicos: compostos inorgânicos com elementos metálicos e não metálicos. Incluem também os minerais argilosos, cimento e vidro. São duros, porém muito quebradiços e podem ser cristalinos, não cristalinos ou a mistura de ambos. � Compósitos: materiais reforçados com fibras ou partículas. São com- binações de dois ou mais materiais, em que um elemento de reforço é envolvido por uma matriz. A matriz pode ser polimérica, metálica ou cerâmica. � Biomateriais: substâncias naturais ou sintéticas toleradas de forma transitória ou permanente pelos diversos tecidos que constituem o organismo humano. São empregados para implantes no corpo humano. Assim, considerando a variação da composição dos materiais de acordo com a sua natureza química e a estrutura associada ao seu arranjo, pode-se e deve-se analisá-la em diferentes escalas. Entre as escalas analisadas, estão a microestrutura e a macroestrutura. Dessa forma, tendo em vista que os materiais passam por sistemas de processamento para que sejam produzidos, deve-se conhecer a sua estrutura interna e suas propriedades objetivando es- colher os mais adequados para cada aplicação e desenvolvimento dos melhores métodos de processamento. Estrutura e propriedade dos materiais2 O material cerâmico, por exemplo, consiste em materiais que resistem a elevadas temperaturas, geralmente funcionando como isolantes elétricos; além disso, são quimicamente estáveis sob condições ambientais severas e, normalmente, duros e frágeis. No entanto, esses materiais têm diferentes composições, podendo ser classificados em silicatos, óxidos, carbetos e nitre- tos. Ainda, com base na sua aplicação, podem ser classificados como vidros, cerâmicas avançadas, cerâmicas tradicionais, abrasivos e cimento. A cerâmica vermelha, que compreende produtos cerâmicos que, após a queima, apresentam colocação vermelha, de acordo com Maia (2012) tem como matéria-prima as argilas comuns e apresenta várias etapas de processamento, como extração, pré-preparo da matéria-prima, preparação da mistura (moagem e dosagem), conformação, corte, secagem, queima e, por fim, inspeção e estocagem dos produtos acabados. Sendo a argila uma mistura de diferentes minerais com tamanhos variados de partículas e, ainda, obtidos de diferentes fontes e com teores distintos de argilominerais, representa um material a ser analisado adequadamente por suas propriedades de granulometria, plasticidade e com- posição mineralógica, pois estas determinarão a qualidade das peças a serem fabricadas. Existem diversos tipos de argila, como caulim, bentonita, argila de grês, argila vermelha, refratária e argila bola. No caso de cerâmicas tradicionais, empregadas em tijolos, louças, refratários e abrasivos, em geral, pela porosidade, não são boas condutoras de calor e devem ser aquecidas em altíssimas temperaturas antes de fundir. Além disso, são resistentes e rígidas, mas também bastante frágeis, devendo, por isso, ser utilizadas técnicas especiais de processamento do material para que fiquem suficientemente resistentes à fratura, ao ponto de poderem ser usadas em aplicações estruturais por meio de uma modificação da estrutura interna. Entre os processos de fabricação da cerâmica utilizada em obras de engenharia, como exploração de jazida, extração de matéria-prima, tratamento, molda- gem, cozimento e secagem, o cozimento se caracteriza como o processo mais importante, de acordo com Ambrozewicz (2015), pois toda a água é eliminada nessa fase, ocorrendo mudanças químicas e estruturais na argila. A queima/ cozimento divide-se em três fases: desidratação, complementando a secagem; oxidação, queima a matéria orgânica e elimina o carvão e o enxofre para evitar possíveis patologias e melhorar a qualidade do produto; e vitrificação, quando a sílica se funde formando pequenas quantidades de vidro que aglutinam os demais elementos e fecham os poros dando resistência ao material, fase em que ocorrem as mudanças químicas. Segundo Callister Junior (2006), a composição dos materiais consiste em um conceito de química com significados similares, mas ligeiramente dife- 3Estrutura e propriedade dos materiais rentes, caso se refira a uma substância pura ou a uma mistura. A composição química de uma substância pura corresponde às quantidades relativas dos elementos que constituem essa substância, podendo ser expressa por meio da fórmula química da substância. Já o termo “estrutura”, quando relacionado a um material, refere-se normalmente ao arranjo interno dos seus constituintes, que dependem da escala na qual será analisado o material. Essa escala pode variar desde dimensões atômicas até dimensões de milímetros ou metros; assim, a forma de processamento das matérias-primas influencia diretamente na estrutura dos materiais, tanto em escala micro quanto macro. Com o tempo, descobriram-se técnicas para a produção de materiais para conferir propriedades superiores às dos produtos naturais e que as propriedades de um material podem ser alteradas, por exemplo, por tratamentos térmicos ou adição de outras substâncias. Dessa forma, pode-se definir o processamento de matérias-primas como um conjunto de técnicas empregadas para obtenção de materiais com formas e propriedades específicas, de acordo com Callister Junior (2006). Por exemplo, o óxido de alumínio (Al2O3) pode ser processado por diferentes métodos, resultando em materiais com distintas propriedades — as diferenças ópticas são uma consequência de diferenças nas estruturas desse material, resultadas da maneira como foi processado. Assim, é possível obter, a partir de um único material, dispositivos ópticos com o uso em tecnologia de laser e smartphones, sendo transparente e resistente, ou, ainda, translúcido e resistente ao vapor de sódio (lâmpada de vapor de sódio) ou, também, isolante elétrico resistente (vela de ignição). Os processos de micromanufatura são utilizados para elementos plásticos, metálicos e compósitos para a produção de peças pequenas, em particular em larga escala. Todos os produtos manufaturados ou fabricados são constituídos de átomos. Guazzelli e Perez (2009) afirmam que nanotecnologias, por exemplo, conseguem criar novos materiais sintéticos ou modificar os existentes a partir dos átomos ou moléculas. De acordo com Pereira (2009), os plásticos fazem parte da família dos polímeros, os quais se constituem de moléculas caracterizadas pela repetição múltipla de uma ou mais espécies de átomos, formando macromoléculas que se ligam através de reações químicas. A matéria-prima dos plásticos é o pe- tróleo, rico em carbono, podendo ser feitas várias combinações nas moléculas resultando em uma variedade quase infinita de plásticos com propriedades químicas diferentes. A maioria dos plásticos é quimicamente inerte e incapaz de sofrer reações químicas com outras substâncias, tornando-se de difícil desintegração; por isso, pode-se armazenar álcool, sabão, água, ácido ou gasolina em um recipiente de plástico sem dissolvê-lo. Estrutura e propriedade dos materiais4 Segundo Mortimer e Machado (2013), de acordo com características como a plasticidade, é possível separar os polímeros em termoplásticos, que podem ser moldados pelo aquecimento e ser reciclados, e termofixos (ou termorrígidos), que não permitem um reprocessamento, não podendo ser reciclados. Durante o processamento de alguns tipos de plástico, a matéria-prima é aquecida para um rearranjo de átomos, dando origem aos plásticos termofixos, cujo formato, após o resfriamento e o endurecimento, mantém-se, sem que consigam voltar à sua forma original. Segundo Smith e Hashemi (2012), em estado sólido, alguns processos envolvidos na produção e utilização de materiais de engenharia estão rela- cionados à velocidadea qual os átomos se movem. Portanto, em muitos deles ocorrem reações que envolvem um rearranjo espontâneo dos átomos em outros arranjos atômicos novos ou mais estáveis. No processamento da maior parte dos materiais metálicos, por exemplo, são, em um primeiro momento, fundidos em um forno que funciona como reservatório de material líquido, ao qual é possível adicionar elementos de liga para obter ligas com diferentes composições. De acordo com Ferraz (2003), a partir do aquecimento do minério de ferro (matéria-prima para produção do aço), cuja origem básica é o óxido de ferro, em fornos especiais em presença de carbono e de fundentes, adicionados para auxiliar a produção da escória, dá-se origem ao denominado ferro-gusa, que contém de 3,5 a 4,0% de carbono em sua estrutura. Após esse processo, e como resultado de uma segunda fusão, tem-se o ferro fundido, com teores de carbono entre 2 e 6,7%. Por fim, o aço consiste no resultado da descarbo- natação do ferro-gusa, ou seja, é produzido a partir deste, controlando-se o teor de carbono para o máximo 2% e obtendo-se, assim, uma liga metálica constituída basicamente de ferro e carbono, em que os aços diferenciam-se entre si pela forma, o tamanho e a uniformidade dos grãos que os compõem e, ainda, por sua composição química, que pode ser alterada em razão do interesse de sua aplicação final. Estrutura interna e as propriedades dos materiais A determinação e o conhecimento das propriedades dos materiais são muito importantes para a escolha do material para determinada aplicação, bem como para o projeto e a fabricação de algum componente, visto que o comportamento 5Estrutura e propriedade dos materiais de um material depende do agrupamento e da organização dos átomos e da estrutura interna. Cada um dos materiais tem características próprias: o ferro fundido é duro e frágil; o aço é bastante resistente; o vidro transparente e frágil; o plástico impermeável; a borracha elástica; o tecido bom isolante térmico, etc. Então, dureza, fragilidade, resistência, impermeabilidade, elasticidade e condução de calor consiste em alguns exemplos de propriedades específicas de cada material, intimamente relacionadas à natureza das ligações que existem entre os átomos, ou seja, as propriedades dos materiais dependem da composição química e da microestrutura (arranjo cristalino, tamanho dos grãos, defeitos) do material. De acordo com Callister Junior (2006), a compreensão de muitas proprie- dades físicas dos materiais baseia-se no conhecimento das forças interatômicas que unem os átomos, prendendo-os. Desse modo, pode-se ilustrar melhor os princípios das ligações atômicas considerando-se a interação entre dois átomos isolados à medida que são colocados em proximidade desde uma separação infinita — em grandes distâncias, as interações entre eles são desprezíveis. Contudo, à medida que os átomos se aproximam, cada um deles exerce uma força sobre o outro, e a magnitude dessa força, denominada atrativa ou repul- siva, é função da separação ou distância interatômica. Há três tipos diferentes de ligações primárias ou químicas encontradas nos sólidos — iônica, covalente e metálica —, em geral, originando-se da tendência dos átomos de adquirir estruturas eletrônicas estáveis. Callister Junior (2006) afirma que a natureza da ligação depende das estruturas eletrônicas dos áto- mos constituintes e que, para cada tipo, a ligação envolve, necessariamente, os elétrons de valência. Além destas, forças e energias secundárias ou forças de van der Waals também são encontradas em muitos materiais. E, embora mais fracas, influenciam as propriedades físicas de alguns materiais, sendo representadas pelas ligações entre moléculas polares e dipolos induzidos, ligações dipolo permanentes e pontes de hidrogênio. A ligação iônica, encontrada em compostos cuja composição envolve tanto elementos metálicos quanto não metálicos, dá-se pela atração entre íons de carga elétrica contrária (íons positivos – cátions e íons negativos – ânions), motivada por forças coulombianas. De acordo com Callister Junior (2006), na ligação iônica, a magnitude é igual em todas as direções ao redor do íon; portanto, para que os materiais iônicos sejam estáveis em um arranjo tridimen- sional, todos os íons positivos devem ter íons carregados negativamente. Nos materiais cerâmicos, por exemplo, a ligação predominante é iônica, situação em que as energias de ligação são relativamente altas. Dessa forma, os materiais Estrutura e propriedade dos materiais6 iônicos são materiais duros e quebradiços e, ainda, isolantes elétricos e térmi- cos. Ainda assim, vale lembrar que a ligação atômica nesses materiais varia desde puramente iônica até totalmente covalente: muitas cerâmicas exibem uma combinação dos dois tipos de ligação, e o nível do caráter iônico depende das eletronegatividades dos átomos. Além disso, duas características dos íons componentes em materiais cerâmicos cristalinos influenciam a estrutura do cristal — a magnitude da carga elétrica em cada um dos íons componentes (o cristal deve ser eletricamente neutro) e os tamanhos relativos dos cátions e ânions (raios iônicos). Os materiais cerâmicos são formados por espécies químicas metálicas e não metálicas, com ligações iônicas e covalentes com elétrons ligados em posições definidas e fixas. Suas principais propriedades são resistência mecânica, baixa deformação na ruptura, estabilidade a altas temperaturas, resistência ao ataque químico e isolamento elétrico. A ligação covalente se dá por meio de uma aproximação muito intensa entre dois elementos químicos que se ligarão, de maneira que alguns elétrons da camada de valência de um dos átomos circundam o núcleo do outro átomo, e vice-versa. Desse modo, os elementos não perdem nem ganham elétrons, mas sim os compartilham. Para Callister Junior (2006), as ligações covalentes podem ser muito fortes, como no diamante, muito duro e com temperatura de fusão muito alta, ou muito fracas, como no bismuto, que funde em temperatura muito baixa em comparação ao diamante. Os materiais poliméricos tipificam essa ligação, sendo a estrutura molecular básica uma longa cadeia de átomos de carbono que se encontram ligados entre si de maneira covalente. O carbono, por exemplo, é um elemento que existe em várias formas polimórficas e também no estado amorfo, ou seja, aqueles em que os átomos não representam qualquer tipo de regularidade ou organização em termos de sua disposição espacial, ou, caso exista algum ordenamento, ocorre a curto alcance. Esse grupo de materiais, segundo Callister Junior (2006), não se enquadra, na realidade, dentro de qualquer um dos esquemas de classificação tradicionais para metais, cerâmicas e polímeros. O diamante, à temperatura e à pressão atmosférica ambientes, é um polimorfo do carbono, em que cada átomo de sua estrutura se liga a quatro outros átomos de carbono por ligações covalentes. A superfície de perfuratrizes e de outras ferramentas, como discos de corte, tem sido revestida com películas de diamante com o objetivo, por exemplo, de aumentar a dureza superficial dos materiais. Outro polimorfo do carbono é a grafita, com uma estrutura cristalina muito diferente da do diamante, sendo mais estável à temperatura e à pres- são atmosférica ambientes, em que alguns elétrons participam de uma fraca 7Estrutura e propriedade dos materiais ligação do tipo van der Waals, e, como consequência, dá origem a excelentes propriedades lubrificantes. A grafita é utilizada com frequência como ele- mento de aquecimento em fornos elétricos, soldas, moldes de fundição para ligas metálicas e cerâmicas, para materiais refratários e isolamentos de alta temperatura por suas propriedades de elevada resistência e boa estabilidade química a temperaturas elevadas. Já os metais são compostos da combinação de elementos metálicos com grande quantidade de elétrons livres, não ligados a qualquer átomo em parti- cular, constituindo-sena denominada ligação metálica, que se configura em uma nuvem eletrônica com o compartilhamento dos elétrons entre átomos vizinhos. Então, as propriedades dos metais derivam dessa sua constituição, em que, microscopicamente, apresentam uma estrutura cristalina na qual os átomos se dispõem de forma ordenada. Tanto metais quanto ligas têm resistência mecânica relativamente elevada, bem como alta rigidez, ductilidade ou conformabilidade, além de resistência a choques mecânicos, e são particularmente úteis em aplicações estruturais, embora metais puros raramente sejam usados. Por isso, a combinação de metais, chamadas de ligas, permitem melhorar uma propriedade específica desejada ou obter uma melhor combinação de propriedades pela modificação da estrutura interna do material. De acordo com Callister Junior (2006), para aços com elevada resistência, por exemplo, a melhor combinação de caracte- rísticas mecânicas pode ser obtida se uma microestrutura predominantemente martensítica for desenvolvida ao longo de toda a sua seção reta. Essa microes- trutura é convertida em martensita revenida durante um tratamento térmico de revenimento. A martensita é um microconstituinte formado quando ligas de ferro-carbono austenitizadas são resfriadas rapidamente (ou temperadas) até uma temperatura relativamente baixa, e a transformação martensítica ocorre quando a taxa de tempera é rápida o suficiente para prevenir a difusão do carbono. O endurecimento consiste em um parâmetro usado para avaliar a influência da composição sobre a suscetibilidade à formação de uma estrutura predominantemente martensítica durante um tratamento térmico específico. Sabe-se, ainda, que os cientistas de materiais examinam o aço com o auxílio de microscópios para determinar se suas propriedades podem ser alteradas, a fim de atender os requisitos desejados. Ao considerar o aço em chapas, quando empregado na fabricação de chassis de automóveis, é preciso empregar um material com resistência bastante elevada, mas que possibilite a Estrutura e propriedade dos materiais8 conformação de superfícies com propriedades aerodinâmicas. Outro aspecto considerado é a economia de combustível; portanto, o aço em chapas deve ser também leve e fino. Além disso, tais tipos de aço precisam, em caso de colisão, absorver quantidades significativas de energia, significando, em suma, requisitos contraditórios. Dessa forma, características como composição química, resistência mecânica, peso, propriedades de absorção de energia e maleabilidade devem ser levadas em consideração. Como ocorre com os metais e os materiais cerâmicos, as propriedades dos polímeros estão relacionadas de maneira complexa aos elementos estruturais do material. Os polímeros se constituem em moléculas de cadeia longa com grupos repetitivos que apresentam ligações covalentes geralmente muito for- tes. Os principais elementos dessa cadeia são carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, flúor e outros elementos não metálicos. As cadeias se unem entre si por ligações secundárias (forças de van der Waals) relativamente fracas. Suas propriedades principais são baixa resistência, baixa densidade, facilidade de conformação em formas complexas, difícil reparação e, em geral, baixa resistência aos raios ultravioleta. De acordo com Callister Junior (2006), algumas das características mecânicas e térmicas dos polímeros representam uma função da habilidade dos segmentos da cadeia em experimentar uma rotação em resposta a aplicações de tensões ou a vibrações térmicas. As características físicas de um polímero dependem do seu peso molecular, da sua forma e, também, das diferenças na estrutura das cadeias moleculares. As técnicas modernas de síntese de polímeros permitem um controle considerável sobre várias possibilidades estruturais. Entre as estruturas moleculares, estão as lineares, ramificadas, com ligações cruzadas, em rede, além de várias configurações isoméricas. Portanto, os materiais são escolhidos a partir de um banco de dados obtidos por meio de ensaios laboratoriais, os quais, muitas vezes, podem não se ajustar exatamente às aplicações reais de Engenharia, embora funcionem como um norte para a escolha do melhor material. Por exemplo, materiais com a mesma composição química podem ter propriedades mecânicas muito diferentes, determinadas por sua microestrutura. Além disso, mudanças de tempera- tura, natureza cíclica das tensões aplicadas, alterações químicas causadas pela oxidação, corrosão ou erosão, mudanças microestruturais causadas pela temperatura, ação de eventuais defeitos introduzidos durante a fabricação e outros fatores são capazes de alterar o comportamento mecânico dos materiais. 9Estrutura e propriedade dos materiais Para saber mais sobre como a estrutura interna dos materiais influencia nas suas propriedades, sugerimos o livro Fundamentos da Engenharia e Ciência dos Materiais, de William F. Smith e Javad Hashemi, publicado pela McGraw-Hill/Bookman em 2012. Macropropriedades dos materiais Pode-se conceituar a propriedade de um material de acordo com o tipo e a intensidade da resposta a um estímulo imposto a este. Entre as propriedades dos materiais, estão as mecânicas, físicas, elétricas, térmicas, magnéticas, ópticas, químicas e de degradação (corrosão, oxidação, desgaste). As propriedades mecânicas correspondem a um conjunto de propriedades de grande importância na indústria mecânica, as quais surgem quando o material está sujeito a esforços de natureza mecânica. Isso quer dizer que se avalia a capacidade do material de transmitir ou resistir aos esforços que lhe são aplicados, ou seja, determina-se a maior ou menor capacidade que o ma- terial apresenta não só durante o processo de fabricação, mas também durante sua utilização. O comportamento de um material quando sujeito a esforços mecânicos define as propriedades mecânicas; dessa forma, solicitações como cargas, peso próprio, ação do vento, etc. podem ser chamadas de esforços mecânicos, a que constantemente se submetem os materiais de construção. Existem alguns comportamentos dos materiais quanto à deformação, quando solicitados a um esforço, que podem ser elásticos ou plásticos. O comportamento elástico refere-se ao momento em que, quando se aplica uma tensão no material e ele deforma, seguida da remoção desse carregamento, sua estrutura inicial é recuperado. O comportamento plástico se dá quando não ocorre essa recuperação inicial após a retirada de tensão, mas uma re- cuperação parcial. A plasticidade pode se apresentar no material como maleabilidade — pro- priedade que um material (p. ex., um aço) apresenta de poder ser laminado, estampado, forjado, entortado e repuxado — e como ductilidade, que corres- ponde ao oposto da fragilidade — os materiais, ao sofrerem a ação de uma força, deformam-se plasticamente sem se romperem. Uma característica do Estrutura e propriedade dos materiais10 material dúctil é suportar uma elevada deformação (geralmente compreendem os materiais com baixo teor de carbono). Quando o material tem a capacidade de absorver pouca energia até a fratura é denominado frágil, ou seja, rompe-se com baixa deformação. Entre as propriedades mecânicas, a mais importante é a resistência mecâ- nica, a qual corresponde à resistência à ação de determinados tipos de esforços, como a tração e a compressão, isto é, permite que o material consiga resistir à ação dos esforços. A resistência mecânica está relacionada às forças internas de atração existentes entre as partículas que compõem o material e, também, relaciona a deformação com a aplicação de uma carga. A dureza consiste na resistência do material à penetração, ao desgaste mecânico e à deformação plástica permanente. Em geral, materiais duros são também frágeis e, quanto maior a dureza, maior a resistência ao desgaste. E, ainda, a fragilidade corresponde à propriedade na qual o material apresenta baixa resistência a choques, podendo-se dizer que se tratade materiais duros que tendem a quebrar quando sofrem choques ou batidas (p. ex., o vidro). Os materiais também podem ter comportamentos distintos quanto à tena- cidade e à resiliência. A primeira é a capacidade de absorver energia antes da ruptura, diferindo-se da resistência à tração, que significa a medida necessária de tensão para o material romper. E a resiliência equivale à capacidade de absorver energia quando a ruptura ocorre no estado elástico, ou seja, trata-se da capacidade do material de absorver energia quando deformado elasticamente. Segundo Callister Junior (2006), a aplicabilidade dos materiais cerâmicos é limitada em certos aspectos em virtude de suas propriedades mecânicas, em muitos aspectos inferiores, por exemplo, às dos metais. A principal des- vantagem consiste em uma disposição à fratura metrófica de maneira frágil, com muito pouca absorção de energia, em que o processo de fratura frágil refere-se à formação e à propagação de trincas pela seção reta do material em uma direção perpendicular à carga aplicada. Para os polímeros, suas propriedades mecânicas são especificadas por meio de muitos dos mesmos parâmetros usados para os metais, como módulo de elasticidade, limite de resistência à tração e resistências ao impacto e à fadiga — aqui, o aumento da temperatura, por exemplo, ou a diminuição da taxa de deformação levam a uma diminuição do modulo de tração, a uma redução do limite de resistência à tração e a uma melhoria da ductilidade. Já as propriedades elétricas determinam o comportamento dos materiais quando submetidos à passagem de uma corrente elétrica. Elas podem ser 11Estrutura e propriedade dos materiais classificadas como condutividade elétrica, que corresponde à capacidade de determinados materiais de conduzir a corrente elétrica, e, ainda, resistividade, a resistência que o material oferece à passagem da corrente elétrica, como a capa plástica que recobre o fio elétrico. Vale ressaltar que a capacidade isolante de um material nem sempre é proporcional à espessura, existindo outros fatores, como área específica e porosidade, que influenciam nessa característica. A madeira, por exemplo, é um material que apresenta comportamento isolante quando seca; no entanto, quando úmida, tem característica condutora. Ainda, as propriedades térmicas são as que determinam o comportamento dos materiais quando submetidos a variações de temperatura, tanto no proces- samento do material quanto na sua utilização. Tal propriedade é verificada no comportamento que o material pode oferecer quando em trabalho (materiais resistentes a altas ou baixas temperaturas), ou seja, um material pode contrair ou dilatar com a temperatura e sua estrutura se alterar. O conhecimento dessa propriedade também está relacionado à fabricação do material onde o ponto de fusão corresponde à temperatura que o material passa do estado sólido para o líquido e o ponto de ebulição, a temperatura em que o material passa do estado líquido para o gasoso. E, ainda, dentro das propriedades térmicas, está a dilatação térmica, a propriedade que faz com que os materiais, em geral, aumentem de tamanho em temperaturas elevadas, e a condutividade térmica, a capacidade que determinados materiais têm de conduzir o calor. Os materiais metálicos apresentam plasticidade, isto é, podem ser deformados ao se quebrarem e são bons condutores de calor e de eletricidade. Essas propriedades térmica e elétrica estão ligadas à mobilidade dos elétrons e dos átomos da estrutura desses materiais. Em comparação a materiais não metálicos, é possível verificar que, em sua maioria, são maus condutores de calor e eletricidade. A Figura 1 mostra uma fotografia de um cubo quente fabricado a partir de um material isolante à base de fibra de sílica. Apenas alguns segundos após ter sido retirado de um forno quente, o cubo pode ser segurado pelas arestas Estrutura e propriedade dos materiais12 com as mãos nuas. A condutividade térmica desse material é tão pequena que a condução de calor do seu interior para a superfície é muito reduzida. Figura 1. Cubo quente feito a partir de material isolante. Fonte: Callister Junior (2006). Para as construções, por exemplo, a condutividade térmica consiste em um parâmetro muito importante, pois permite estimar o fluxo de calor através de uma parede, ou seja, ao se considerarem dois ambientes separados por um elemento com diferentes temperaturas, o calor do ambiente mais quente será transmitido por condução externa e radiação para a superfície da parede, atravessando por condutividade interna e transmitindo-se para o ambiente frio por condutividade externa e radiação. A propriedade magnética é aquela que demonstra a resposta de um material à aplicação de um campo magnético, como o equipamento envolvido na técnica de ressonância magnética. Já a propriedade óptica é aquela em que o estímulo é a radiação eletro- magnética ou a radiação luminosa, verificada pela transmitância de luz de três amostras de óxido de alumínio, uma em monocristral, outra em vários 13Estrutura e propriedade dos materiais monocristais muito pequenos e conectados entre si e outra com vários cristais muito pequenos e grande número de poros, conforme mostra a Figura 2. Figura 2. Transmitância de luz nas amostras de óxido de alumínio. Fonte: Adaptada de Callister Junior (2006) Monocristal Vários monocristais muito pequenos conectados entre si Vários cristais muito pequenos e grande números de poros A propriedade química de um material é aquela relacionada à reatividade química dele — uma barra de aço pode ser dobrada até a forma de uma ferradura utilizando-se um conjunto de porca e parafuso e, enquanto a peça fica imersa em água do mar, trincas de corrosão sob tensão se formam ao longo da parte dobrada, ou seja, nas regiões em que as forças de tração são maiores. Tais propriedades dizem respeito à diminuição da eficiência do material quando em contato com outros materiais ou com o ambiente. Em obras, é comum a ocorrência de corrosão (a ácidos e soluções salinas) e fadiga. De acordo com Callister Junior (2006), os mecanismos de deterioração são diferentes para os três diferentes tipos de materiais. Nos metais, existe uma perda efetiva de material, seja ela por dissolução (corrosão), seja pela formação de uma incrustação ou película de material não metálico (oxidação). Os materiais cerâmicos são relativamente resistentes à deterioração, geral- mente em elevadas temperaturas ou em meio externo. No caso dos polímeros, os mecanismos e as consequências são diferentes, sendo utilizado o termo “degradação”. Estes podem dissolver quando expostos a um solvente líquido ou absorver o solvente e sofrer inchamento. Estrutura e propriedade dos materiais14 AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laboratório. São Paulo: Pini, 2015. 460 p. CALLISTER JUNIOR, W. D. Fundamentos da ciência e engenharia de materiais. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. 702 p. FERRAZ, H. O Aço na Construção Civil. Revista Eletrônica de Ciências, São Carlos, n. 22, out.-dez. 2003. Disponível em: <https://www.ft.unicamp.br/~mariaacm/ST114/O%20 A%C7O%20NA%20CONSTRU%C7%C3O%20CIVIL.pdf>. Acesso em: 8 out. 2018. GUAZZELLI, M. J.; PEREZ, J. Nanotecnologia: a manipulação do invisível. CV Artes Grá- ficas Ltda. Ipê; Dom Pedro de Alcântara: Centro Ecológico, 2009. 44 p. Disponível em: <http://www.centroecologico.org.br/novastecnologias/novastecnologias_1.pdf>. Acesso em: 8 out. 2018. MAIA, F. S. Avaliação de massas cerâmicas, processamento e propriedades dos produtos de cerâmica vermelha do polo cerâmico de Campos dos Goytacazes. 2012. 115 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais)– Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2012. Disponível em: <http://uenf. br/posgraduacao/engenharia-de-materiais/wp-content/uploads/sites/2/2013/07/ Diserta%C3%A7%C3%A3o-Fernanda-dos-Santos-Maia.pdf>.Acesso em: 8 out. 2018. MORTIMER, E. F.; MACHADO, A. H. Química: ensino médio. 2. ed. São Paulo: Scipione, 2013. 3 v. PEREIRA, F. S. G. Polímeros: fundamentos científicos e tecnológicos. Recife: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, 2009. 94 p. (Apostila de curso). SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre: AMGH; Bookman, 2012. 734 p. Leitura recomendada SHACKELFORD, J. F. Ciência dos materiais. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2008. 576 p. 15Estrutura e propriedade dos materiais Conteúdo: Dica do professor Materiais naturais são transformados, permitindo que um novo material seja utilizado em diversas situações, nas quais estes não seriam apropriados. Sendo assim, é importante conhecer as classificações dos materiais naturais para que se faça o melhor uso de suas propriedades. Na Dica do Professor a seguir, você vai ver as três classificações básicas de materiais, as quais você precisa saber para definir qual é o melhor material a ser utilizado na construção de uma edificação. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/e3bf75ec0dac53da6cf3f361b4fd9f55 Exercícios 1) Os materiais podem ser de várias classes de acordo com as suas propriedades. O objetivo de estudar suas tecnologias consiste em: A) controlar precisamente e individualmente os átomos para fabricar materiais com propriedades e desempenho específicos. B) fabricar materiais com novas propriedades. C) controlar as propriedades dos materiais. D) estudar e produzir materiais a nível macro para fabricar materiais com propriedades específicas. E) controlar os átomos, em geral, para fabricar materiais com desempenho específico. 2) A determinação e o conhecimento dos materiais são muito importantes para a escolha do material para determinada aplicação. Essa escolha é a partir: A) de um banco de dados obtidos por meio de ensaios laboratoriais. B) da análise do agrupamento e da organização dos átomos. C) da estrutura interna do material. D) da análise das características físicas do material. E) da avaliação da composição química dos materiais. O carbono é um elemento que existe em várias formas polimórficas e também no estado amorfo. A figura a seguir representa, respectivamente, quais estruturas desse elemento? 3) A) Uma célula unitária para a estrutura cristalina da grafita e a estrutura do diamante. B) Uma estrutura de um sólido cristalino de carbono simples e a estrutura do diamante. C) Uma célula unitária para a estrutura cúbica do diamante e a estrutura da grafita. D) A estrutura de uma célula de carbono da grafita e a estrutura cristalina do diamante. E) A estrutura da grafita e uma célula unitária para a estrutura cristalina cúbica do diamante. 4) O estudo das propriedades elétricas aborda os conceitos de resistividade e condutividade elétrica, pois são as mais relevantes quanto aos materiais de construção. Assinale a alternativa que define essas propriedades corretamente. A) Condutividade elétrica é a resistência à passagem da corrente elétrica através de um material, e a resistividade é a facilidade com que um material é capaz de transmitir uma corrente elétrica. B) Condutividade elétrica é a facilidade com que um material é capaz de transmitir uma corrente elétrica, e a resistividade é a resistência à passagem da corrente elétrica através de um material. C) Condutividade elétrica é a capacidade que um material apresenta de absorver energia, e a resistividade é a facilidade com que um material é capaz de transmitir uma corrente elétrica. D) Condutividade elétrica é a facilidade com que um material é capaz de transmitir uma corrente elétrica, e a resistividade é a capacidade que um material apresenta em absorver a energia. E) Condutividade elétrica é a resistência à passagem da corrente elétrica através de um material, e a resistividade é a capacidade que um material apresenta em absorver a energia. 5) A compreensão de muitas propriedades físicas dos materiais baseia-se no entendimento das forças existentes entre as moléculas. Em relação às ligações atômicas, assinale a alternativa correta. A) Cada ligação tem por objetivo fazer com que os átomos adquiram ligações metálicas. B) As ligações não costumam ocorrer concomitantemente em um mesmo material. C) Há três tipos de ligações diferentes: iônica, covalente e a força de Van der Waals. D) As ligações atômicas em alguns materiais podem ser puramente iônicas ou covalentes. E) A ligação metálica se dá por meio de uma aproximação muito intensa dos elementos. Na prática A estrutura amorfa é aquela observada em materiais que poderiam apresentar uma estrutura cristalina quando solidificados em condições especiais, ou seja, quando é resfriado a partir do líquido e exibe um aumento contínuo de sua viscosidade. Essas estruturas também podem ser chamadas de estruturas vítreas, as quais são formadas por arranjos atômicos aleatórios e sem simetria. Sendo assim, o vidro na construção civil deve ser fabricado com os devidos cuidados para que sejam garantidas as suas propriedades e a sua estrutura. Confira a seguir essa estrutura. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/0723413b-f944-41ca-b316-858656b9830e/0a0078cc-f40e-4155-a957-97d4bf3593c0.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Micro e nano manufatura: uma revisão de literatura No link a seguir, você terá acesso a um artigo que aborda o sistema de manufatura industrial, por meio de processos micro e nano com base em uma revisão de literatura. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos13/41818470.pdf Gesso Apresentação Você sabia que o gesso é um aglomerante já utilizado no Egito há mais de 4.500 anos? O mecanismo de endurecimento do gesso ocorre pela ação química do CO2 do ar e é obtido pela desidratação total ou parcial da gipsita, que é composta de sulfato de cálcio mais ou menos impuro, hidratado com moléculas de água. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar sobre o processo de obtenção do gesso e suas aplicações na construção civil. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o processo de obtenção do gesso.• Listar as aplicações do gesso.• Definir o conceito de aglomerantes aéreos.• Desafio Suponha que você seja o engenheiro responsável por uma obra e está realizando construção de casas. Considerando a questão financeira, a qualidade e a durabilidade da obra, por qual material você opta? Justifique sua escolha. Infográfico Você deve saber que os aglomerantes aéreos são aqueles que têm a propriedade de endurecer por reações de hidratação ou pela ação química do anidrido carbônico (CO2) presente na atmosfera e que, após endurecer, não adquire resistência à água. Este é o caso do gesso. Confira no infográfico. Conteúdo do livro O cimento de elevado teor de alumina é fabricado a partir do calcário e bauxita, sendo esta constituída por alumina hidratada, óxidos de ferro e titânio e pequenas quantidades de sílica. Esse material possui elevada resistência inicial no geral. Para aprofundar ainda mais seu conhecimento, acompanhe o capítulo Gesso do livro Materiais de Construção que norteia as discussões presentes nesta Unidade. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO André Luis Abitante Ederval de Souza Lisboa Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 A148m Abitante, André Luís. Materiais de construção [recurso eletrônico] / André Luís Abitante, Ederval de Souza Lisboa. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-009-21. Materiais de construção. I. Lisboa, Ederval de Souza. CDU 691 Livro_Materiais_construcao.indb IILivro_Materiais_construcao.indb II 12/01/2017 15:07:4812/01/2017 15:07:48 Gesso Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o processo de obtenção do gesso. Listar as aplicações do gesso. Defi nir o conceito de aglomerantes aéreos. Introdução O gesso é um aglomerante muito utilizado. Há evidências de que esse material seja utilizado no Egito há mais de 4.500 anos. Assim, é muito importante que, você, como profissional, conheça o processo de obten- ção do gesso e suas aplicações na construção civil, assuntos que serão tratados neste capítulo. Conceito de aglomerantes Os aglomerantes são defi nidos como produtos empregados para fi xar ou aglomerar outros materiais entre si. Geralmente são materiais pulverulen tos em forma de pó e ao misturá-lo com a água formam uma pasta capaz de endurecer por simples secagem ou devido à ocorrência de reações químicas. O mecanismo de endurecimento do gesso ocorre pela ação química do CO2 do ar e é obtido pela desidratação total ou parcial da gipsita, que é composta de sulfato de cálcio mais ou menos impuro, hidratado com moléculas de água. Materiais_construcao_U2_C02.indd 69Materiais_construcao_U2_C02.indd 69 12/01/2017 14:56:2712/01/2017 14:56:27 Existem alguns termos característicos para definir a mistura de um aglomerante com materiais específicos. Entre os mais conhecidos podemos citar: Pasta base: aglomerante (ou mistura de aglomerantes) + água Argamassa: aglomerante(s) + agregado míudo + água Concreto: aglomerante(s) + agregado míudo + agregado graúdo + água De acordo com Petrucci (1975), devido ao mecanismo de endurecimento, os aglomerantes podem ser classificados em: Aglomerantes inertes: seu endurecimento ocorre devido à secagem natural do material. A argila é um exemplo de aglomerante inerte. Aglomerantes ativos: seu endurecimento se dá por meio de reações químicas. É o caso da cal e do cimento. Os aglomerantes quimicamente ativos são subdivididos em dois grupos: ■ Aglomerantes aéreos: são aqueles que conservam suas proprie- dades e processam seu endurecimento somen te na presença de ar (e CO2). Como exemplo deste tipo de aglomerante, temos o gesso e a cal. ■ Aglomerantes hidráulicos: caracterizados por conservarem suas propriedades em presença de ar e água, mas seu endurecimento ocorre sob influência exclusiva da água, fenômeno chamado de hidratação. O cimento é o principal aglomerante hidráulico utili- zado na construção civil. Quanto à composição, os aglomerantes são classificados em: Aglomerantes simples: são formados por apenas um produto com pequenas adições de outros componentes com o objetivo de melhorar algumas características do produto final, como por exemplo, regular a sua pega (secagem). Normalmente as adições não ultrapassam 5% em peso do material. O cimento Portland comum é um exemplo deste tipo de material. Existem também os mistos, que são misturas de um ou mais aglomerantes. Aglomerantes com adição: é composto por um aglomerante simples com adições em quantidades superio res, com o objetivo de conferir propriedades especiais ao aglomerante, como menor permeabilidade, menor calor de hidratação, menor retração, entre outras. Materiais de construção70 Materiais_construcao_U2_C02.indd 70Materiais_construcao_U2_C02.indd 70 12/01/2017 14:56:2812/01/2017 14:56:28 Aglomerantes compostos: formados pela mistura de subprodutos industriais ou produtos de baixo custo com aglomerante simples. O re- sultado é um aglomerante com custo de produção relativamente mais baixo e com pro priedades específicas. Como exemplo, temos o cimento pozolânico, que é uma mistura do cimento Portland com uma adição chamada pozolana. A propriedade/ característica mais importante é o tempo que os aglome- rantes levam para começar a pro cessar o endurecimento da pasta em que são empregados. O período inicial de solidificação da pasta é chamado de pega. Denominamos de início de pega o momento em que a pasta começa a endu- recer, per dendo parte de sua plasticidade; e fim de pega o momento em que a pasta se solidifica completamente, perdendo toda sua plasticidade, porém, isto não significa que já tenha atingido toda sua resistência. Outra propriedade é o coeficiente de rendimento, ou melhor, o volume de pasta obtido com uma unidade de volume de aglomerante. Cr = V’ / Vt Cr = (d / D) + a Onde: V’ = volume de pasta Vt = volume de aglomerante d = densidade aparente D = densidade absoluta a = volume de água Produção do gesso O gesso é um aglomerante obtido a partir da eliminação parcial ou total da água de cristalização contida em uma rocha natural chamada gipsita (CaSO4.2H2O), que ocorre na natureza em camadas estratifi cadas, grandes jazidas sedimen- tares, geologicamente denominadas de evaporitos. Esse material é encontrado na natureza com algum teor de impurezas como a sílica (SiO2), a alumina (Al2O3), o óxido de ferro (FeO), e o carbonato de cálcio (CaCO3), sendo o teor máximo de impurezas limitado em 6%. A gipsita é o tipo estrutural de gesso mais consumido, pois é utilizado pela indústria cimenteira, como produto de adição final no processo de fabricação do cimento Portland, com a finalidade de regular o tempo de pega por ocasião das reações de hidratação dos sulfatos. 71Gesso Materiais_construcao_U2_C02.indd 71Materiais_construcao_U2_C02.indd 71 12/01/2017 14:56:2812/01/2017 14:56:28 A obtenção do gesso ocorre por meio de três etapas: 1) a extração da rocha, 2) a diminuição de tamanho da mesma, por processos de trituração e 3) a queima do material. A última etapa também é conhecida como calcinação e consiste em expor a rocha a temperaturas que geralmente variam entre 100 e 300ºC, obtendo como resultado o gesso com desprendimento de vapor d’água. De acordo com a temperatura de queima podem resultar diferentes tipos de produtos, por exemplo, o mais utilizado, o gesso rápido ou de estucador (queima entre 150º e 250º). O processo de queima da gipsita normalmente é feito em fornos rotativos e pode ser resumido (fabricação de gesso de estucador) na equação química a seguir: A reação química acima resulta em um gesso com peso específico entre 0,7 a 1,0 kg/dm3 e resistência de 2,7 kg/dm3. Outros tipos de gesso podem ser produzidos e dependem do calor de calcinação empregado, como o gesso sulfato-anidro solúvel (250° a 400°C), o sulfato-anidro insolúvel (400° a 600°C) e o gesso hidráulico (900° a 1200°C). Após a calcinação, as pedras são moídas e as pastas são preparadas para utilização. O endurecimento (ou hidratação) do gesso se dá pelo fenômeno reverso da calcinação, ou seja, a calcinação desidrata a gipsita retirando uma e meia molécula de água, enquanto o endurecimento da pasta de gesso ocorre por recebimento destas moléculas de volta. A quantidade de água necessária à hidratação do gesso é em torno de 18% a 19%. De acordo com Oliveira (2008) o gesso, ao ser misturado com água, torna-se plástico e enrijece rapi damente, retornando a sua composição original. Essa combinação faz-se com a produção de uma fina malha de cristais de sulfato hidratado, interpenetrada, responsável pela coesão do conjunto (fenô meno conhecido como pega). A quantidade de água utilizada na produção de pasta e argamassa influencia sobremaneira o processo de endurecimento e ganho de resistência, sendo prejudicial tanto a falta como o excesso de água. O processo de pega do gesso inicia-se de 2 a 3 minutos após a mistura com a água, com liberação de calor (processo exotérmico) e ganho de resistência, podendo durar semanas, sendo altamente influenciado por: Tempo e temperatura de calcinação da gipsita. Finura do gesso. Quantidade de água de amassamento (água utilizada na mistura). Presença de impurezas. Materiais de construção72 Materiais_construcao_U2_C02.indd72Materiais_construcao_U2_C02.indd 72 12/01/2017 14:56:2812/01/2017 14:56:28 Normalmente, o gesso possui tempo de pega entre 15 e 20 minutos. A temperatura da água funciona como acelerador de pega e a quantidade como retardador, ou seja, quanto maior a temperatura da água, mais rápido o material reage; e quanto maior a quantidade de água, mais lentamente ocorrem as reações. Quanto maior a quantidade de água adicionada, maior a porosidade e menor a resistência. Oliveira (2008) afirma que quando o processo de calcinação do gesso é feito em temperaturas mais ele vadas o resultado é um material de pega mais lenta, porém de maior resistência. Segundo o mes mo autor, as pastas de gesso, depois de endurecidas, atingem resistência à compressão entre 5,0 e 15,0 MPa. De acordo com Petrucci (1975) a quantidade de água necessária para o amassamento do gesso é de 50% a 70%. O amassamento é feito com excesso de água para evitar uma pega muito rápida, tornando a pasta manuseável por tempo suficiente à aplicação. A perda de água excedente conduz ao endure- cimento e aumento da resistência. Para conhecer mais sobre as principais normas referentes ao gesso na construção civil, leia: NBR 12127:1991, NBR 12128:1991, NBR 12129:1991, NBR 12130:1991, NBR 12775:1992, NBR 13207:1994, NBR 13867:1997, NBR 14715:2010, NBR 16382:2015 e NBR 15758:2009. Características fundamentais do gesso O gesso, como material de construção, é um pó branco, de elevada fi nura, comercializado principal mente em sacos de 50 kg, podendo ser chamado de gesso, estuque ou gesso-molde. Algumas empresas fornecem embalagens de 1 kg, 20 kg e 40 kg. 73Gesso Materiais_construcao_U2_C02.indd 73Materiais_construcao_U2_C02.indd 73 12/01/2017 14:56:2812/01/2017 14:56:28 No Brasil, o gesso é um material relativamente escasso. As reservas na- cionais conhecidas de gesso natural são suficientes para atender ao consumo interno nos níveis atuais por cerca de 1000 anos, porém, a má distribuição geológica dos depósitos, restritos a Região Nordeste e as enormes proporções de rejeitos industriais da fabricação do ácido fosfórico no Sul e Sudeste do país, motivaram a industrialização do fosfogesso ou gesso sintético, a partir de 1975. As principais jazidas economicamente exploradas encontram-se: a) Na Serra de Araripina, em região confrontante dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. b) Na região de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte. c) Nas regiões de Codó, Balsas e Carolina, no Estado do Maranhão. Você sabia que o uso do gesso se tornou obrigatório nas construções na França, pelo Rei Luis XIV (conhecido como Rei Sol) em 1667, devido ao incêndio que destruiu a cidade de Londres no ano anterior? A partir do decreto promulgado pelo rei francês, as estruturas das casas, que na época eram normalmente feitas em madeira, passaram a ser revestidas com gesso, para protegê-las do fogo. Com isso, o uso do gesso na construção civil aumentou ainda mais. O uso do gesso na construção civil é conveniente devido às seguintes propriedades: Facilidade de moldagem, o que o faz um material excelente para fabrica- ção de ornamentos utilizados como acabamentos e efeitos decorativos. Ótima aparência: o gesso depois de endurecido apresenta superfície lisa e branca, dando ótimo acabamento, tanto em revestimentos de argamassa como em painéis ou adornos. Os revestimentos em gesso eliminam a necessidade de massa corrida na pintura, que precisa ser aplicada nos revestimentos com argamassa convencional. Boas propriedades térmicas, acústicas e impermeabilidade do ar, sendo um excelente isolante contra propagação de fogo. Boa aderência a tijolos, concreto, pedra e ferro, podendo ser utilizado como revestimento de paredes de alvenaria sem necessidade de aplicação de chapisco, necessário para as argamassas convencionais. Entretanto, Materiais de construção74 Materiais_construcao_U2_C02.indd 74Materiais_construcao_U2_C02.indd 74 12/01/2017 14:56:2812/01/2017 14:56:28 sua espessura deve ser pequena, exigindo paredes ou tetos regularizados. Por outro lado, não possui boa aderência a superfícies de madeira e é desaconselhável seu uso em superfícies metálicas, pelo risco de corrosão. Produtividade elevada: a aplicação dos revestimentos em gesso é mais rápida e fácil do que a das argamassas convencionais e seu tempo de cura é menor, fazendo com que se possa iniciar a pintura mais cedo. Figura 1. Revestimento em gesso. Fonte: BaLL LunLa / Shutterstock.com Gesso como material de construção O futuro da construção civil aponta para o uso cada vez frequente do gesso. Utilizado principalmente como material de acabamento em interiores, para obtenção de superfícies lisas, ele pode substituir a massa corrida e a massa fi na. Nesse caso, pode ser utilizado puro (apenas misturado com água) ou em misturas com areias, sob a forma de argamassas; porém, quando usado em revestimentos, a espessura da camada de gesso deve ser pequena (embora possa atingir até 2,0 cm, o ideal é em torno de 0,5 cm), pois espessuras ele- vadas fazem ele trincar. O custo do revestimento em gesso é menor, quando comparado às argamassas convencionais mais a massa corrida. 75Gesso Materiais_construcao_U2_C02.indd 75Materiais_construcao_U2_C02.indd 75 12/01/2017 14:56:2812/01/2017 14:56:28 O gesso tem baixa resistência a choques, não devendo ser utilizado em áreas de tráfego intenso de pessoas ou cargas, como acontece, por exemplo, em áreas de circulação de prédios comerciais ou industriais. Seu uso é indicado para áreas internas residenciais ou de escritórios. No Brasil, devido à relativa escassez, é pouco empregado como aglomerante e muito utilizado em fins ornamentais, como para a fabricação em larga escala de molduras, sancas e placas para forro. Em pregado no formato de placas também nas chamadas paredes leves ou drywall. Essas placas são utilizadas em forros, divisórias, para dar acabamento em uma parede de alvenaria bruta ou em mal esta do, ou para melhorar os índices de vedações térmicos ou acústicos do ambiente em que for empregado. Por ser um aglomerante aéreo, não se presta para a aplicação em ambientes externos devido à baixa resistência em presença da água. Pode, entretanto, ser usado em áreas internas úmidas, como banheiros, por exemplo, desde que convenientemente protegido. O gesso corrói o aço, por isso, não se pode reforça-lo, a não ser com armaduras galvanizadas, fibras sintéticas, tecidos. O gesso é um isolante de tipo médio, podendo proteger a estrutura contra incêndios, absorvendo grande quantidade de calor. Figura 2. Sancas e ornamentos em gesso. Fonte: Roman Kosolapov / Shutterstock.com Materiais de construção76 Materiais_construcao_U2_C02.indd 76Materiais_construcao_U2_C02.indd 76 12/01/2017 14:56:2812/01/2017 14:56:28 Figura 3. Placas de gesso acartonado / drywall. Fonte: Archideaphoto / Shutterstock.com 1. O limite de impurezas do gesso varia desde pequenas proporções até um limite máximo de: a) 6%. b) 1%. c) 0,1%. d) 0%. e) 2%. 2. No processo de fabricação do cimento o gesso é adicionado para: a) aumentar sua resistência. b) controlar o tempo de pega. c) aumentar a resistência à água. d) características estéticas. e) reduzir o tempo de pega. 3. Assinale a alternativa correta a respeito do gesso: a) Pastas e argamassas de gesso não aderem a tijolos. b) Pastas endurecidas com gesso não possuem propriedades acústicas. c) Pastas endurecidas com gesso possuem excelente isolamento acústico. d) Condutibilidade térmica das pastas endurecidas de gesso é alta. e) Pastas endurecidas de gesso não aderem a pedras. 4. O gesso quando misturado com a água inicia seu processo de endurecimento em razão da formação de uma malha de cristais. Depois de iniciada a pega, ele continua a endurecer como os demais aglomerantes. Portanto é correto afirmar que: a) Temperatura e tempo de calcinação não influenciam no tempo da pega. 77GessoMateriais_construcao_U2_C02.indd 77Materiais_construcao_U2_C02.indd 77 12/01/2017 14:56:2812/01/2017 14:56:28 b) A finura não é um influenciador d o tempo de pega. c) Presença de impurezas ou uso de aditivos influenciam no tempo de pega. d) Presença de impurezas não influencia no tempo de pega do gesso. e) Quantidade de água no amassamento não influencia no tempo de pega do gesso 5. A desidratação da gipsita através do processo de calcinação é realizada dentro de um limite de temperaturas e pressões de operação de cozimento conduzindo a formação de alguns sulfatos. Com relação aos sulfatos produzidos, é correto afirmar: a) Em temperaturas superiores a 300°C são produzidos duas variedades de sulfatos semi-hidratados. b) Entre 100°C e 300°C são produzidas duas variedades de sulfato anidro solúvel, ambos não reidratam facilmente e são inertes. c) O sulfato anidro insolúvel na presença de água não reidrata rapidamente. d) O sulfato anidro insolúvel na presença de água reidrata rapidamente, produzindo o fenômeno chamado de pega do gesso. e) Em temperaturas superiores a 300°C são produzidos duas variedades de sulfato anidro solúvel. OLIVEIRA. H. M. Aglomerantes. In: BAUER, L.F.A (Org.). Materiais de construção I. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. P. 11-34 PETRUCCI, E. G. R. Materiais de construção. Porto Alegre: Globo, 1975. Leituras recomendadas ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO. São Paulo: Abril, 1985- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12127:1991. Gesso para construção - Determinação das propriedades físicas do pó - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 1991. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12128:1991. Gesso para construção - Determinação das propriedades físicas da pasta - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 1991. Materiais de construção78 Materiais_construcao_U2_C02.indd 78Materiais_construcao_U2_C02.indd 78 12/01/2017 14:56:2812/01/2017 14:56:28 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12129:1991. Gesso para construção - Determinação das propriedades mecânicas - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 1991. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12130:1991. Gesso para construção - Determinação da água livre e de cristalização e teores de óxido de cálcio e anidrido sulfúrico - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 1991. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12775:1992. Placas lisas de gesso para forro - Determinação das dimensões e propriedades físicas - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 1992. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13207:1994. Gesso para construção civil – Especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13867:1997. Revestimento interno de paredes e tetos com pasta de gesso - Materiais, preparo, aplicação e acabamento. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14715-1:2010. Chapas de gesso para drywall Parte 1: Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14715-2:2010. Chapas de gesso para drywall Parte 2: Métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 16382:2015. Placas de gesso para forro – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15758-1:2009. Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executi- vos para montagem Parte 1: Requisitos para sistemas usados como paredes. Rio de Janeiro: ABNT, 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15758-2:2009. Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem Parte 2: Requisitos para sistemas usados como forros. Rio de Janeiro: ABNT, 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15758-3:2009. Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall - Projeto e procedimentos executivos para montagem Parte 3: Requisitos para sistemas usados como revestimentos. Rio de Janeiro: ABNT 2009,. FINESTRA/BRASIL. São Paulo: Arco Editorial, 1995- SILVA, M. R. Materiais de construção. São Paulo: PINI, 1985. TÉCHNE: REVISTA DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÃO. São Paulo: Pini, 1992- 79Gesso Materiais_construcao_U2_C02.indd 79Materiais_construcao_U2_C02.indd 79 12/01/2017 14:56:2912/01/2017 14:56:29 Dica do professor No vídeo você vai ver o aglomerante gesso, que é o produto de adição final no processo de fabricação do cimento, neste caso, sua função é regular o tempo de pega por ocasião das reações de hidratação. É encontrado sob as formas de gipsita hemiidratado ou bassanita e anidrita. Também é comum o uso do gesso proveniente da indústria de ácido fosfórico a partir da apatita. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/dbe6614d9003a8f90d748e703b4532f5 Exercícios 1) O limite de impurezas do gesso varia desde pequenas proporções até um limite máximo de: A) 6%. B) 1%. C) 0,1%. D) 0%. E) 2%. 2) No processo de fabricação do cimento o gesso é adicionado para: A) Aumentar sua resistência. B) Controlar o tempo de pega. C) Aumentar a resistência à água. D) Características estéticas. E) Reduzir o tempo de pega. 3) Assinale a alternativa correta a respeito do gesso: A) Pastas e argamassas de gesso não aderem a tijolos. B) Pastas endurecidas com gesso não possuem propriedades acústicas. C) Pastas endurecidas com gesso possuem excelente isolamento acústico. D) Condutibilidade térmica das pastas endurecidas de gesso é alta. E) Pastas endurecidas de gesso não aderem a pedras. 4) O gesso quando misturado com a água inicia seu processo de endurecimento em razão da formação de uma malha de cristais. Depois de iniciada a pega, ele continua a endurecer como os demais aglomerantes. Portanto é correto afirmar que: A) Temperatura e tempo de calcinação não influenciam no tempo da pega. B) A finura não é um influenciador do tempo de pega. C) Presença de impurezas ou uso de aditivos influenciam no tempo de pega. D) Presença de impurezas não influencia no tempo de pega do gesso. E) Quantidade de água no amassamento não influencia no tempo de pega do gesso. 5) A desidratação da gipsita através do processo de calcinação é realizada dentro de um limite de temperaturas e pressões de operação de cozimento conduzindo a formação de alguns sulfatos. Com relação aos sulfatos produzidos, é correto afirmar: A) Em temperaturas superiores a 300°C são produzidos duas variedades de sulfatos semi- hidratados. B) Entre 100°C e 300°C são produzidas duas variedades de sulfato anidro solúvel, ambos não reidratam facilmente e são inertes. C) O sulfato anidro insolúvel na presença de água não reidrata rapidamente. D) O sulfato anidro insolúvel na presença de água reidrata rapidamente, produzindo o fenômeno chamado de pega do gesso. E) Em temperaturas superiores a 300°C são produzidos duas variedades de sulfato anidro solúvel. Na prática Acompanhe o exemplo de um material feito com gesso muito utilizado em forros e em paredes. Chapas de gesso acartonado, ou comercialmente conhecido como dry wall, são chapas fabricadas por processo de laminação contínua de uma mistura de gesso, água e aditivos entre duas lâminas de cartão. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Revestuimento de paredes e teto em gesso Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/y1vk0MJxz28?rel=0 Materiais Cerâmicos – Propriedades Apresentação Os materiais cerâmicos são inorgânicos e não metálicos e consistem de elementos metálicos e ametálicos ligados por meio de ligações iônicas e/ou covalentes. Suas composições químicas e estruturais podem variarconsideravelmente. Sendo assim, as propriedades dos materiais cerâmicos também variam bastante devido às diferenças de suas ligações. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar os materiais cerâmicos, suas estruturas e suas aplicações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer as estruturas cristalinas cerâmicas.• Descrever as propriedades mecânicas das cerâmicas e seus correspondentes mecanismos.• Definir as propriedades térmicas das cerâmicas.• Desafio Suponha que você seja o responsável pela qualidade da empresa "Materiais Cerâmicos Ltda.", empresa muito conhecida pela qualidade no mercado. Diante do ocorrido, você deve definir por aceitar ou rejeitar todo o lote. Justifique sua resposta. Infográfico De maneira geral, os materiais cerâmicos são rígidos e quebradiços e apresentam baixa resistência mecânica e ductilidade. Na maior parte, cerâmicas são ótimos isolantes elétricos e térmicos devido à ausência de elétrons de condução. Além disso, os materiais cerâmicos possuem alta temperatura de fusão e alta estabilidade química nos mais variados ambientes devido à estabilidade de suas fortes ligações químicas. Em função destas propriedades, os materiais cerâmicos são indispensáveis para muitas aplicações no campo da engenharia. Veja no infográfico as propriedades destes materiais. Conteúdo do livro De modo geral, a maioria dos materiais cerâmicos possuem baixas condutividades térmicas devido a suas fortes ligações iônico-covalentes e são bons isolantes térmicos. Devido à alta resistência térmica, materiais cerâmicos são usados como refratários, que são materiais que resistem à ação de ambientes quentes, tanto líquidos quanto gasosos. Refratários são largamente usados pelas indústrias metalúrgica, química, cerâmica e vítrea. Para aprofundar ainda mais seu conhecimento, acompanhe o capítulo Materiais Cerâmicos: Propriedades do livro Materiais de Construção que norteia as discussões presentes nesta Unidade. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO André Luis Abitante Ederval de Souza Lisboa Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 A148m Abitante, André Luís. Materiais de construção [recurso eletrônico] / André Luís Abitante, Ederval de Souza Lisboa. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-009-2 1. Materiais de construção. I. Lisboa, Ederval de Souza. CDU 691 Livro_Materiais_construcao.indb IILivro_Materiais_construcao.indb II 12/01/2017 15:07:4812/01/2017 15:07:48 Materiais cerâmicos: propriedades Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer as estruturas cristalinas cerâmicas. Descrever as propriedades mecânicas das cerâmicas e seus mecanis- mos correspondentes. Defi nir as propriedades térmicas das cerâmicas. Introdução Os materiais cerâmicos são inorgânicos, não metálicos e consistem de elementos metálicos e ametálicos ligados por meio de ligações iônicas e/ou covalentes. As composições químicas e estruturais desses mate- riais podem variar de maneira considerável. Assim, as propriedades dos materiais cerâmicos também variam bastante devido às diferenças de suas ligações. É muito importante, portanto, que você conheça os materiais cerâ- micos, suas estruturas e suas aplicações, assunto que será tratado neste capítulo. Argila para cerâmicas Cerâmica é a pedra artifi cialmente obtida pela moldagem, secagem e cozedura de argilas ou misturas contendo argilas. A argila como material de construção começou a ser utilizada pela sua abundância, pelo custo reduzido e por ser um material que, na presença de água, pode ser moldado facilmente, secando e endurecendo na presença de calor. Além disso, o uso dos produtos cerâmicos produzidos a partir do cozimento das argi las surgiu da necessidade de um material similar às rochas nos locais onde havia a sua escassez. Materiais_construcao_U1_C02.indd 27Materiais_construcao_U1_C02.indd 27 22/12/2016 14:30:0822/12/2016 14:30:08 A argila é um material constituído por compostos de silicatos e alumina hidratados. De acordo com Petrucci (1975), as diferentes espécies de argilas consideradas como puras são, na realidade, misturas de diferentes hidrossili- catos de alumínio, denominados de materiais argilosos. Os materiais ar gilosos se diferenciam entre si pelas diferentes proporções de sílica, alumina e água em sua composição, além da estrutura molecular diferenciada. Os principais materiais argilosos de importância como material de construção são a caulinita, a montmorilonita e a ilita. Silva (1985) e Petrucci (1975) apresentam as principais formas de classi- ficação das argilas, segundo os critérios de estrutura dos minerais e emprego do material. De acordo com a estrutura do material, as argilas podem ser classificadas em: estrutura laminar e estrutura foliácela. As argilas de estrutura laminar têm seus minerais arranjados em lâminas e são as argilas utilizadas na fabricação dos produtos cerâmicos. Entre as argilas de estrutura laminar podemos destacar: Caulinita: são as argilas consideradas mais puras. Utilizadas na fabri- cação de porcelanas, materiais refratários e em cerâmicas sanitárias. Montmorilonita: por ser um material absorvente é pouco utilizada sozinha. É aplicada em misturas às cauli nitas para corrigir a plasticidade. Micáceas: são muito utilizadas na fabricação de tijolos. Quanto ao seu emprego, as argilas são classificadas da seguinte maneira: Fusíveis: são aquelas que se deformam a temperaturas menores de 1200ºC. Utilizadas na fabricação de tijolos e telhas, grés, cimento, materiais sanitários. Infusíveis: são resistentes a temperaturas elevadas. Utilizadas para a fabricação de porcelanas. Refratárias: não deformam a temperaturas da ordem de 1500°C e possuem baixa condutibilidade térmica, sendo utilizadas para aplica- ções em que o material deva resistir ao calor, como na construção e revestimentos de fornos. Segundo Silva (1985) e Petrucci (1975), a argila apresenta algumas carac- terísticas que explicam o seu comportamento como material de cons trução: Plasticidade: um material possui plasticidade quando se deforma sob a ação de uma força e mantém essa defor mação após cessar a força que a Materiais de construção28 Materiais_construcao_U1_C02.indd 28Materiais_construcao_U1_C02.indd 28 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 originou. A plasticidade das argilas é em função da quantidade de água presente no material. De acordo com Silva (1985), quanto mais água, até certo ponto, maior a plasticidade da argila e a partir desse ponto, se for adicionada mais água, a argila se torna um líquido viscoso. Quanto mais pura a argila, mais plás tica é a sua mistura com água e quanto maior a temperatura, menor a plasticidade, porque a quantidade de água é reduzida. Existem substâncias que aumentam esta plasticidade (carbonatos, hidróxidos, silicatos e oxalatos) ou as que diminuem (ar incorporado, detergentes, sabões, pó de minerais, areia e pó de cerâmica). Estas substâncias são usadas como aditivo para correções na fabricação da cerâmica. A plasticidade depende também do tamanho, formato e comportamento químico dos grãos. Ação do calor: nas argilas, a ação do calor pode ocasionar variação na densidade, porosidade, dureza, resistência, plasticidade, textura, condutibilidade térmica, desidratação e formação de novos compostos. As argilas cauliníticas perdem pouca água em temperaturas inferiores a 400°C, mas acima desta temperatura perdem água de constitui ção (água combinada quimicamente), modificando sua estrutura. As argilas em que predomina a montmorilonita perdem quase toda a água a 150°C e as micáceas a 100ºC, sendo que ambas começam a perder água de constitui ção a partir de 400°C. Retração e dilatação: De acordo com Silva (1985), a caulinita se dilata de modo regular, perdendoágua de amassa mento de 0°C a 500°C e contrai-se em temperaturas de 500°C a 1.100°C. As argilas micáceas dilatam-se progressi vamente até 870°C, contraindo-se em seguida. Porosidade: é a relação entre o volume de poros e o volume total de material. Quanto maior a porosidade, maior a absorção de água e menor a massa específica, a condutibilidade térmica, a resistência mecânica e a resistência à abrasão. Quanto maior a comunicação entre os poros, maior é a permeabilidade; ou seja, a facilidade de líquidos e gases de circularem pelo material. A porosidade das argilas depende dos seus constituintes, da forma, tamanho e posição das partículas (argilas de grãos grossos são mais permeáveis que as de grãos finos) e dos processos de fabricação. A porosidade age diretamente na capacidade calorífica do material, já que em um poro a propagação do calor só é possível por radiação, ou seja, exemplificando, um forno revestido com material mais poroso (um refratário) pode ser aquecido e resfriado muito mais rapidamente e eficientemente. 29Materiais cerâmicos: propriedades Materiais_construcao_U1_C02.indd 29Materiais_construcao_U1_C02.indd 29 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 Composição e impurezas: alguns constituintes presentes nas ar- gilas podem melhorar suas propriedades, enquanto alguns podem ocasionar defeitos aos produtos. Compostos de sílica e de alumínio fazem parte da constituição prin cipal das argilas. A sílica pode estar presente de maneira livre ou combinada. Quando livre, segundo Silva (1985) aumenta a brancura do produto cozido, diminui a plastici- dade, reduz a retração, diminui a resistência à tração e à variação de temperatura e causa variações na refratariedade. Os compostos de alumínio diminuem o ponto de fusão e a plasticidade e aumen- tam a resistência, a densidade e a impenetrabilidade do produto cozido. Compostos alcalinos e de ferro diminuem a plasticidade e a refratariedade, sendo que o último dá cor vermelha ao material. Compostos cálcicos desprendem calor e aumentam de volume, po- dendo ocasionar rompimento da peça. A fim de eliminar ou reduzir as impurezas, a argila pode passar por processos de purificação. Esses processos podem ser de natureza física como uma lavagem ou peneiramento e de natureza química, que envolvem modificação na temperatura, combinação entre alguns compostos e inibição da atividade de outros. A argila é encontrada abundantemente na natureza, nas margens dos rios e manguezais. É barata e fácil de manipular. É reciclável e se conserva ao longo dos anos somente exigindo um pouco de cuidado e umidade. A argila se origina da desagregação de rochas que comumente contém feldspato, por intemperismo. O intemperismo é a ação física e química do ambiente sobre as rochas. A ação química caracteriza-se pelo ataque químico que é feito, por exemplo, pelo ácido carbônico presente na atmosfera e outros elementos agressivos de chuvas e águas. A ação física se refere à erosão, aos vulcanismos, à pressão, à descompressão, entre outros. No final, parte da rocha é transformada e fragmentada em partículas muito pequenas, chamadas de argilo-minerais. Materiais de construção30 Materiais_construcao_U1_C02.indd 30Materiais_construcao_U1_C02.indd 30 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 Estrutura cristalina das cerâmicas Na fabricação dos materiais cerâmicos, os insumos são submetidos a altas temperaturas, resultando em reações termoquímicas que produzem as ligações atômicas no material. Os materiais cerâmicos são conhecidos por representarem uma classe de materiais com elevada dureza, alta fragilidade e resistência a temperaturas elevadas. Essas características estão diretamente ligadas à na- tureza das ligações e arranjos que os átomos dos materiais cerâmicos exibem. Esses materiais são definidos como substâncias inorgânicas e não-metálicas, e são constituídos por elementos metálicos e não-metálicos, unidos por meio de ligações iônicas ou covalentes. Comparativamente aos metais, os materiais cerâmicos apresentam as seguintes características: São péssimos transmissores de calor e eletricidade. São resistentes à compressão, em geral, são cerca de 5 a 6 vezes supe- riores à resistência à tração (os metais têm melhor resistência à tração). São química e termicamente mais estáveis. Exibem número elevado de fases (normalmente, os materiais metálicos são monofásicos ou bifásicos). Possuem alta fragilidade (o processo de deslizamento de planos atômicos é mais difícil que nos metais), baixa resistência a impactos. Em comparação aos polímeros, os materiais cerâmicos: Têm estabilidade térmica superior e resistência mecânica muito maior. Ambos não conduzem bem o calor e a eletricidade. Ambos exibem processo de cristalização difícil, resultado das comple- xidades estruturais nesses dois tipos de material. A estrutura dos materiais cerâmicos pode ser formada por um número elevado de átomos com diferentes funções, e é determinada pela natureza das ligações atômicas presentes, bem como das características dos elementos envolvidos em tais ligações. Na maioria dos materiais cerâmicos, a estrutura é o resultado da quantidade relativa de ligações iônicas e covalentes presentes (veja no Quadro 1), cujas parcelas dependem basicamente da eletronegatividade dos átomos envolvidos. 31Materiais cerâmicos: propriedades Materiais_construcao_U1_C02.indd 31Materiais_construcao_U1_C02.indd 31 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 Composto cerâmico Átomos Eletronegatividades % de caráter iônico % de caráter covalente MgO Mg – O 1,2 – 3,5 = – 2,3 73 27 Al2O3 Al – O 1,5 – 3,5 = – 2,0 63 37 SiO2 Si – O 1,8 – 3,5 = –1,7 51 49 Si3N4 Si – N 1,8 – 3,0 = –1,2 30 70 SiC Si – C 1,8 – 2,5 = – 0,7 11 89 Quadro 1. Caráter iônico para diferentes materiais cerâmicos. O caráter iônico ou covalente define, em parte, o tipo de estrutura que o composto cerâmico exibe. Na maioria dos compostos cerâmicos o caráter iônico é predominante. Como os sólidos iônicos exibem tendência de formar estruturas altamente compactas, o limite de tal compactação é dado pela relação entre os raios iônicos dos íons envolvidos, como também pelo balanço eletrostático entre eles. Além disso, para que a ligação iônica aconteça é necessário que os cátions e ânions estejam em contato. No composto iônico o número de ânions em contato com um cátion é definido como número de coordenação (NC). Para os materiais com ligações iônicas, o fator que exerce influência fundamental, além do eletroquímico, está ligado às relações geométricas entre os íons envolvidos: Se os íons são iguais, o NC será igual a 12 (estruturas CFC – cúbica de face centrada – ou HC – hexagonal compacta). Se os íons são diferentes, o NC dependerá da relação entre seus raios, r/R, onde r é o raio do cátion e R o raio do ânion. Existe uma relação ideal (r/R)ideal, onde o ajuste geométrico é perfeito (veja no Quadro 2); Materiais de construção32 Materiais_construcao_U1_C02.indd 32Materiais_construcao_U1_C02.indd 32 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 NC (r/R)ideal 3 0,155 4 0,225 6 0,414 8 0,732 12 1,00 Quadro 2. Números de coordenação para relação ideal entre raios iônicos. Geralmente, os ânions são maiores que os cátions (veja no Quadro 3). Este fato está relacionado à força que o núcleo exerce na eletrosfera: com a perda de elétrons (gerando cátions), os elétrons restantes são atraídos em direção ao núcleo de maneira mais forte, o que reduz o raio iônico; com o ganho de elétrons (gerando ânions) o raio iônico aumenta. Cátion Raio iônico (nm) Ânion Raio iônico (nm) Cs+ 0,170 Br- 0,196 K+ 0,138 CI- 0,181 Na+ 0,098 F- 0,133 Ni2+ 0,069 I- 0,220 Mg2+ 0,072 S2- 0,184 Mn2+ 0,067 O2- 0,140 Quadro 3. Raios de cátions e ânions. As principais estruturas cristalinas dos metais são ocupadas parcialmente por átomos. Como a estrutura cerâmica exibe tendência à alta compactação, conformecitado anteriormente, os arranjos cristalinos podem ser assumidos 33Materiais cerâmicos: propriedades Materiais_construcao_U1_C02.indd 33Materiais_construcao_U1_C02.indd 33 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 por compostos iônicos, desde que os ânions (de maior tamanho) estejam situados nas posições originais da rede e os cátions (de menor tamanho) nos seus interstícios. Estruturas cerâmicas “AX” Em função da forma de ocupação da estrutura, os compostos cerâmicos sim- ples, denominados AX, onde A representa um cátion e X um ânion, podem apresentar as seguintes estruturas: estrutura do NaCl, estrutura do CsCl e estrutura do ZnS. Estrutura do NaCl (cloreto de sódio) Neste tipo de estrutura, existe um número equivalente de cátions e ânions. O NC (obtido da relação r/R = 0,564, maior que 0,414 e menor que 0,732) é igual a 6. Como o número de cátions é igual ao de ânions, o NC é igual para ambos os íons. A estrutura desse composto é gerada a partir de um arranjo CFC dos ânions, tendo em seus interstícios, os cátions. Exemplos: NaCl, MgO, MnS e o LiF. Estrutura do CsCl (cloreto de césio) Esse tipo de estrutura, também é formada por um número equivalente de cátions e ânions. O NC nesse caso (r = 0,170 nm e R = 0,181 nm, r/R = 0,939) é igual a 8. A estrutura desse composto é gerada a partir de um arranjo CS dos ânions, tendo em seus interstícios, os cátions. A troca de posições dos ânions e dos cátions não conduz a qualquer alteração do arranjo iônico. Estrutura do ZnS (sulfeto de zinco) Nessa estrutura o composto ZnS tem estrutura formada a partir de um arranjo CFC do enxofre com o Zn ocupando interstícios tetraédricos. O caráter das ligações é altamente covalente. Além do ZnS, os compostos que exibem este tipo de arranjo são: ZnTe e SiC. Figura 1. Estruturas cristalinas cúbicas do tipo “AX”. Materiais de construção34 Materiais_construcao_U1_C02.indd 34Materiais_construcao_U1_C02.indd 34 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 Estrutura cerâmicas “AnXm” Além dos cristais simples do tipo AX, alguns cristais do tipo AnXm podem ser facilmente previstos. Dos cristais AnXm, os mais simples são do tipo AX2. O número de cátions e ânions é diferente devido à necessidade de um balanço de cargas, o que resulta em dois ânions para cada cátion: Estrutura do CaF2 (fluorita) Esse composto forma uma estrutura relativamente simples em que os ânions exibem o arranjo CS e os cátions ocupam posições intersticiais. O NC é agora diferente para o cátion e para o ânion. Para os íons do “Ca”, o NC é igual a 8, enquanto para os íons do “F” é de 4. Para evitar a propagação de trincas já existentes são desejáveis: 1. Alto módulo de elasticidade, diminuindo o nível de energia elástica armazenada. 2. Baixa resistência mecânica, para que as tensões sejam aliviadas pela formação de trincas. 3. Alto valor da razão (coeficiente) de Poisson. 4. Maior número de trincas com pequeno comprimento (microtrincamento). Obtenção das cerâmicas e suas características De uma maneira geral, para a fabricação de tijolos, telhas, lajotas, ladrilhos, peças sanitárias e outras cerâmicas, observam-se as seguintes fases: a) Extração de argila e composição: normalmente a argila vermelha, extraída em laterais de rios ou barrancos, é utilizada para tijolos, te- lhas, lajotas e ladrilhos. As argilas claras, tipo caulim, utilizadas para azulejos, porcelanas, etc. b) Preparo da matéria prima: constitui-se nas misturas e na maceração das argilas, para eliminação de nódulos que comprometeriam a quali- dade do produto final. Nas pequenas olarias, de trabalhos manuais, essa maceração é feita de maneira rudimentar com um moinho de tração 35Materiais cerâmicos: propriedades Materiais_construcao_U1_C02.indd 35Materiais_construcao_U1_C02.indd 35 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 animal. Nas olarias de telhas, o equipamento utilizado é chamado “maromba”. c) Moldagem: é diferente para os diversos produtos cerâmicos. Com pasta seca ou semi-seca (4 a 10% de água) molda-se com prensas (azulejos, pisos, tijolos e telhas). Com pasta plástica consistente (20 a 35% de água) molda-se em formas de madeira ou torno de oleiro (vasos, potes, etc.). Com pasta fluida (30 a 50% de água) molda-se em formas porosas de gesso e, depois de seca, a peça descola desta (porcelanas, louças sanitárias e peças de formato complexo). d) Secagem: se a cerâmica for úmida para o forno aparecem tensões in- ternas e o consequente fendilhamento. Um tijolo, por exemplo, contém cerca de 1 kg de água após a moldagem, e a secagem é feita ao ar livre e leva de 3 a 6 semanas, em pequenas olarias. Nas olarias maiores pode-se utilizar a secagem por ar quente-úmido e por radiação infravermelha, o que dá um controle rigoroso dessa fase, com custo elevado. e) Cozimento: é a fase final do processo produtivo da cerâmica. Nas pequenas olarias os fornos são à lenha, onde os materiais crus são colocados manualmente (empilhados). Como a lenha é posta na parte inferior, obtém-se geralmente, tijolos supercozidos nas primeiras ca- madas, bons tijolos nas fiadas intermediárias e tijolos quase crus nas superiores. Os outros tipos de fornos têm produtos mais satisfatórios porque são contínuos, isto é, os materiais entram sobre vagonetes e recebem toda a caloria do processo. f) Esfriamento: Nesta fase o único cuidado é evitar um resfriamento muito brusco, que pode fendilhar a peça pela rápida retração. Depois de produzidos, para avaliação da resistência mecânica de um ce- râmico, prefere-se sempre um ensaio de flexão. Não ocorre através de tração por três motivos básicos: É difícil preparar e testar amostras que tenham a geometria exigida. É difícil prender e testar materiais frágeis sem fraturá-los. As cerâmicas falham após uma deformação de aproximadamente 0,1%, o que exige que as amostras sejam perfeitamente alinhadas, com o objetivo de evitar a presença de tensões de dobramento ou flexão, as quais não são facilmente calculadas. Para produtos com boa tenacidade (difícil de partir), por exemplo, deve- -se fabricar peças com menos porosidade, com tamanhos menores de grãos, Materiais de construção36 Materiais_construcao_U1_C02.indd 36Materiais_construcao_U1_C02.indd 36 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 acrescentar-se uma segunda fase (ex. adição de ZrO2 em uma matriz de Al2O3) e/ou introduzir microtrincamentos na estrutura. Em uso, os materiais podem fadigar (propagação de trincas até a fratura) mecânica, térmica e estaticamente. Mecanicamente principalmente devido ao rompimento das ligações iônicas e covalentes, pela falta de plasticidade (após o cozimento) e aplicação de cargas cíclicas. Termicamente quando o corpo sólido é aquecido e resfriado, não de forma brusca, o que caracteriza o chamado “choque térmico”. Estaticamente é o rompimento do material sob um estado de tensões constante, durante um certo tempo, em ambientes úmidos. A fluência ‒ deformação permanente que ocorre com os materiais ao serem submetidos à tensão constante e temperaturas altas ‒ nos cerâmicos ocorre, em geral, em temperaturas mais elevadas quando comparadas com metais. Tijolos e telhas a) Tijolo comum (maciço): conforme a qualidade da argila e o cozimento, apresenta resistência à compressão entre 5 kgf/cm² e 120 kgf/cm², geralmente 30 kgf/cm². Nas pequenas olarias a moldagem é manual, em formas de madeira umedecidas, nas quais se passa leve camada de areia, para o barro não aderir, enche-se as formas e soca-se com os dedos, arrasa-se com arame e régua de madeira e debruça-se o tijolo sobre tábuas, para a secagem. A cerâmica moldada, quando crua, tem o nome de adobe. As olarias de maior porte já contam com máquinas que fabricam o tijolo por prensagem ou por extrusão. Diferenças con- sideráveis de tamanho e cor denotam desuniformidade da argila ou do cozimento. Ao se percutir dois tijolos, deve aparecer um som limpo, característico de bom cozimento; um som cavo,chocho, indica peça crua, e som agudo sugere peça supercozida, o que nem sempre é dese- jável, pois dificulta a execução das instalações elétricas e hidráulicas pela dificuldade de corte. A uniformidade de peso denota igualdade da mistura em todas as peças e também igual teor de umidade presente. Ao cortar-se o tijolo com a colher de pedreiro, deve surgir fratura plana, reta, indício de uniformidade, e cor uniforme da crosta ao meio, sem mancha central que indica mau cozimento. A ABNT NBR 8041:1983 estabelece as medidas 190 x 90 x 57mm e 190 x 90 x 90 mm, no en- tanto devido ao desconhecimento e/ou tradição, tijolos de diferentes tamanhos são encontrados. 37Materiais cerâmicos: propriedades Materiais_construcao_U1_C02.indd 37Materiais_construcao_U1_C02.indd 37 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 Figura 2. Tijolo cerâmico maciço. Fonte: bogdanhoda / Shutterstock.com b) Tijolo furado: são fabricados por extrusão. A maromba expulsa o barro através de uma boquilha que dá o tamanho e configuração do bloco. A outra dimensão, espessura do bloco, vai ser definida no corte, que é feito por arame. Normalmente, dessa forma, a fabricação é contínua com intervalos para o corte e retirada para secagem. As medidas comerciais mais comuns são 90 x 190 x 190 mm (tijolo baiano) e 140 x 190 x 390 mm (bloco vedação ou estrutural). A alvenaria feita com bloco vedação 90 mm resiste a 105 minutos de fogo e a estrutural de 140 mm, 175 minutos. Esta, revestida nas duas faces, apresenta isolamento acústico de 42 dB. c) Telhas cerâmicas: são basicamente de dois tipos: as planas e as curvas. Nas planas destaca-se a “francesa” e a de “escamas”, que é uma placa. Entre as curvas são comuns a “capa-canal”, a “romana”, a “portuguesa” e a “italiana”. Devido à relativa facilidade de se modificar a fabricação, surge, de vez em quando, algum outro tipo de telha, do qual você ficar atento para a qualidade, estudando as possibilidades de utilização, impermeabilidade, encaixe, etc. As telhas devem apresentar absorção máxima de 20%, não podem permitir a percolação e nem vazamentos nos encaixes. Elas admitem variação dimensional de +/-2% e empena- mento máximo de 5 mm. Quando percutir duas telhas, deve haver som metálico. Uma telha francesa pesa cerca de 2,5 kg e deve ser aplicada Materiais de construção38 Materiais_construcao_U1_C02.indd 38Materiais_construcao_U1_C02.indd 38 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 com declividade de 32 a 40% e utilizar-se 15 peças por m². Quando o projeto exige inclinação maior, a olaria deve produzir com furo no encaixe para permitir a amarração, o que se faz com arame e cobre. As telhas curvas devem ter as mesmas características do barro das planas, declividade de 30 a 40% e utiliza-se cerca de 16 peças por m². Cerâmicos e polímeros não apresentam elétrons livres (que absorvem fótons de luz) e podem ser transparentes à luz visível. Fenômenos importantes: refração, transmissão, reflexão e absorção. Azulejos e afins Os azulejos são obtidos a partir de uma mistura de argilas, caulins, areia e outros minerais (feldspato, quartzo, calcário, talco), prensando em moldes metálicos, queimada a mais de 900 ºC e esmaltada numa das faces pela fusão de um esmalte, geralmente em segunda queima. Sua fabricação difere um pouco das demais cerâmicas pois apresentam mais algumas etapas: atomização, prensagem, primeiro cozimento, esmaltação e segunda queima. Características técnicas previstas em norma a) Variação das dimensões: é o desvio, em percentual, das dimensões de cada peça em relação à média do lote. b) Qualidade de superfície e tonalidade: 95% das peças presentes numa caixa devem pertencer à qualidade especificada na embalagem. Na fábrica a classificação é feita visualmente num conjunto de peças coloca- das num painel devidamente iluminado, como o observador a: ■ 1 metro de distância – sem defeitos visíveis = classe A ■ 1 metro de distância – com defeitos visíveis = classe B ■ 3 metros de distância – com defeitos visíveis = classe C c) Absorção de água: é o percentual de água absorvida pela peça em peso quando imersa em água em ebulição por duas horas. É fundamental que você conheça dessa propriedade para sabermos o comportamento 39Materiais cerâmicos: propriedades Materiais_construcao_U1_C02.indd 39Materiais_construcao_U1_C02.indd 39 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 da argamassa, bem como a conveniência ou não no local de utilização de determinado produto. d) Dilatação térmica linear: o coeficiente de dilatação térmica linear é o aumento de dimensão que ocorre em cada milímetro de um corpo de prova quando a temperatura aumenta 1 ºC. Em função desta propriedade e pela diferença entre a cerâmica e a argamassa, não se recomenda o assentamento com junta seca. e) Resistência ao gretamento: gretamento são microfissuras na superfície da peça, que parecem teias e prejudicam a aparência e comprometem a impermeabilidade. f) Resistência a ataque químico: os ensaios são feitos com solução de azul de metileno e permanganato de potássio para saber da resistência a agentes que provocam manchas. Para ensaiar a resistência aos produtos domésticos de limpeza e aditivos de piscinas, você deve usar como reagentes o ácido cítrico a 10%, entre outros, por 6 horas. Para testar à ação de ácidos e bases você deve usar soluções de ácido clorídrico e hidróxido de potássio a 3%, por 7 dias. g) Resistência à abrasão: é importantíssimo para que você possa definir o material de acordo com a utilização. A tabela seguinte apresenta uma classificação aproximada, baseada no método PEI – Porcelam Enamel Institute e é orientativa: PEI 0 100 Não são recomendados para pisos. PEI I 150 Pavimentos onde se caminha descalço ou com sapato de sola macia, sem ligações para o exterior (banheiros, dormitórios, etc.). PEI II 600 Pavimentos onde se caminha com sapatos normais (salas residenciais). PEI III 1.500 Ambientes onde se caminha com sapatos com pequena quantidade de pó abrasivo (cozinhas, varandas). PEI IV Até 12.000 Pavimentos onde se caminha com algum abrasivo, mas não muito severo (entradas, halls, lojas). PEI V Acima de 12.000 Pavimentos sujeitos a circulação severa (áreas públicas, shoppings, aeroportos, lojas). Quadro 4. Utilização específica dos pisos. Materiais de construção40 Materiais_construcao_U1_C02.indd 40Materiais_construcao_U1_C02.indd 40 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 1. Assinale alternativa correta a respeito da condutividade térmica dos materiais cerâmicos: a) Íons em solução sólida aumentam acentuadamente a condutividade térmica. b) Fases amorfas são melhores condutoras que cerâmicas cristalinas de igual composição química. c) Poros diminuem a condutividade térmica de cerâmicos. d) Poros aumentam a condutividade térmica de cerâmico. e) Forma e orientação de grãos não causam impacto na condutividade térmica dos materiais cerâmicos. 2. A avaliação da resistência mecânica de um cerâmico é medida através do ensaio de: a) tração. b) ensaio de flexão. c) ensaio fadiga. d) choque térmico. e) compressão. 3. Para que ocorra o aumento da tenacidade dos materiais cerâmicos deve-se: a) diminuir a porosidade. b) aumentar o tamanho do grão. c) evitar segunda fase. d) aumentar a porosidade. e) redução dos microtrincamentos. 4. Definimos fadiga térmica dos materiais cerâmicos como: a) colapso que acontece nas cerâmicas quando submetidas sucessivas vezes a cargas altas. b) corpo sólido aquecido e posteriormente resfriado. c) rompimento do material cerâmico em um estado de tensão constante durante período de tempo em ambientes úmidos. d) variação brusca de temperatura. e) deformação permanente que ocorre com os materiais ao ser em submetidos à tensão constante e à temperatura elevada. 5. Assinale alternativa que contenha um material que inclua substância capaz de reduzir a plasticidade das argilas: a) Carbonatos. b) Hidróxidos. c) Oxalatos.d) Silicatos. e) Detergentes. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8041:1983. Tijolo maciço cerâmico para alvenaria - Forma e dimensões – Padronização. Rio de Janeiro: ABNT, 1983. 41Materiais cerâmicos: propriedades Materiais_construcao_U1_C02.indd 41Materiais_construcao_U1_C02.indd 41 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 PETRUCCI, E. G. R. Materiais de construção. Porto Alegre: Globo, 1975. SILVA, M. R. Materiais de construção. São Paulo: PINI, 1985. Leituras recomendadas ASKELAND, D. R.; PHULÉ, P. P. The science and engineering of materials. 4th ed. Boston: Thomson Learning, 2003. CALLISTER JR., W. D. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. CARAM JR., R. Estrutura e propriedades dos materiais. Campinas: UNICAMP, 2000. Apos- tilha de aula. SMITH, W. F. Princípios de ciência e engenharia de materiais. 3rd ed. New York: McGraw- -Hill, 1998. VAN VLACK, L.H. Princípios de ciência dos materiais. 3. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. Materiais de construção42 Materiais_construcao_U1_C02.indd 42Materiais_construcao_U1_C02.indd 42 22/12/2016 14:30:0922/12/2016 14:30:09 Dica do professor O processamento dos materiais cerâmicos envolve a aglomeração, partículas de pequena granulometria por uma variedade de métodos nos estados líquidos, seco ou plástico. Após o processo de formação, os materiais cerâmicos passam por tratamento térmico por sinterização ou vitrificação. Acompanhe no vídeo como é bastante extensa a variação das propriedades dos materiais cerâmicos, pois o caminho do processo produtivo dita as propriedades do material final. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/f2ce177170f426551f1004c61ac2d43e Exercícios 1) Assinale alternativa correta a respeito da condutividade térmica dos materiais cerâmicos: A) Íons em solução sólida aumentam acentuadamente a condutividade térmica. B) Fases amorfas são melhores condutoras que cerâmicas cristalinas de igual composição química. C) Poros diminuem a condutividade térmica de cerâmicos. D) Poros aumentam a condutividade térmica de cerâmico. E) Forma e orientação de grãos não causam impacto na condutividade térmica dos materiais cerâmicos. 2) A avaliação da resistência mecânica de um cerâmico é medida através do ensaio de: A) Tração. B) Ensaio de flexão. C) Ensaio fadiga. D) Choque térmico. E) Compressão. 3) Para que ocorra o aumento da tenacidade dos materiais cerâmicos deve-se: A) Diminuir a porosidade. B) Aumentar o tamanho do grão. C) Evitar segunda fase. D) Aumentar a porosidade. E) Redução dos microtrincamentos. 4) Definimos fadiga térmica dos materiais cerâmicos como: A) Colapso que acontece nas cerâmicas quando submetidas sucessivas vezes a cargas altas. B) Corpo sólido aquecido e posteriormente resfriado. C) Rompimento do material cerâmico em um estado de tensão constante durante período de tempo em ambientes úmidos. D) Variação brusca de temperatura. E) Deformação permanente que ocorre com os materiais ao serem submetidos à tensão constante e à temperatura elevada. 5) Assinale alternativa que contenha um material que inclua substâncias capaz de reduzir a plasticidade das argilas: A) Carbonatos. B) Hidróxidos. C) Oxalatos. D) Silicatos. E) Detergentes. Na prática Veja um exemplo de isolante térmico que não possui característica refratária e é muito presente em nosso cotidiano. Você deve saber que os materiais cerâmicos caracterizam-se por serem bons isolantes elétricos e térmicos devido à ausência de elétrons de condução. Em função destas propriedades, muitas cerâmicas são usadas para isolamento elétrico e refratários na Engenharia Civil. O grupo dos materiais refratários compreende uma vasta gama de produtos, que têm como finalidade suportar temperaturas elevadas nas condições específicas de processo e de operação, em que podem ocorrer esforços mecânicos, ataques químicos, variações bruscas de temperatura e outras solicitações. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Limite de Plasticidade Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Limites de Liquidez e Plasticidade Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Limite de Liquidez Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Cerâmica - vida moderna, edifícios modernos https://www.youtube.com/embed/voyfCB9wsiU?rel=0 https://www.youtube.com/embed/lJaxegudEwA?rel=0 https://www.youtube.com/embed/1N_jc014LH0?rel=0 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/aaKTOGqcAGs?rel=0 Materiais cerâmicos Apresentação Chamam-se cerâmicas as pedras artificiais cuja obtenção se dá através da moldagem, secagem e cozedura de argilas ou das misturas dessas. A principal fonte de matéria-prima das cerâmicas é a argila, que fica aglutinada por uma pequena quantidade de vidro oriundo da ação do calor de cocção sobre os compostos de argila. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer os materiais cerâmicos, suas aplicações e suas principais matérias-primas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir materiais cerâmicos.• Listar aplicações dos materiais cerâmicos.• Elencar as principais matérias-primas dos materiais cerâmicos.• Desafio Suponha que você seja o profissional responsável pela logística do recebimento de materiais para um grande canteiro de obras. Você sabe que o recebimento de materiais de construção é uma etapa muito importante e grandes lotes recebidos na obra requerem uma série de verificações. Com base no resultado obtido, opte pelo recebimento ou recusa do lote. Justifique sua escolha. Infográfico A argila é utilizada como material de construção e sua aplicação iniciou-se em função de sua abundância, baixo custo e por sua trabalhabilidade, que, na presença de água, pode ser moldado facilmente, secando e endurecendo na presença de calor. Observe no infográfico a composição das cerâmicas tradicionais. Conteúdo do livro Cerâmicas tradicionais são feitas a partir de três componentes básicos: argila, sílica (sílex) e feldspato. A argila consiste principalmente de silicatos hidratados de alumínio ( Al2O3.SiO2.H2O) com pequenas quantidades de outros óxidos como TiO2, Fe2O3, MgO, CaO, Na2O e K2O. Nas cerâmicas tradicionais a argila traz propriedades que facilitam o trato com o material antes do cozimento de endurecimento e constitui a maior parte do material que compõe o corpo. Acompanhe um trecho do livro "Fundamentos de Engenharia e Ciência dos Materiais", a partir do título Cerâmicas tradicionais até o final do item Zircônia. Boa leitura. FUNDAMENTOS DE ENGENHARIA e Ciência dos Materiais William F. SMITH Javad HASHEMI S663f Smith, William F. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais [recurso eletrônico] / William F. Smith, Javad Hashemi ; tradução: Necesio Gomes Costa, Ricardo Dias Martins de Carvalho, Mírian de Lourdes Noronha Motta Melo. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-8055-115-0 1. Engenharia. 2. Ciência dos materiais. I. Hashemi, Javad. II. Título. CDU 62 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 424 Fundamentos de Engenharia e Ciência dos Materiais 11.5 ceRâmicAs tRAdiciOnAis e de engenhARiA 11.5.1 cerâmicas tradicionais Cerâmicas tradicionais são feitas a partir de três componentes básicos: argila, sílica (sílex) e feldspato. A argila consiste principalmente de silicatos hidratados de alumínio (Al2O3.SiO2.H2O) com pequenas quantidade deoutros óxidos como TiO2, Fe2O3, MgO, CaO, Na2O e K2O. A Tabela 11.4 lista as compo-sições químicas de diversas argilas industriais. A argila nas cerâmicas tradicionais confere propriedades que facilitam o trato com o material antes do cozimento de endurecimento, e constitui a maior parte do material que compõe o corpo. A sílica (SiO2), também chamada de sílex ou quartzo, possui uma alta temperatura de fusão e é o componente refratário das cerâmicas tradicionais. Feldspato de potassa (potássio), que possui a composição básica K2O.Al2O3.6SiO2, apresenta uma baixa temperatura de fusão e cria o vidro quando a mistura cerâmica é cozida. Ele une os componentes refratários. tabela 11.4 Composições químicas de algumas argilas. % em peso da maioria dos óxidos perda de igniçãotipo da cerâmica al2o3 Sio2 Fe2o3 tio2 Cao Mgo na2o K2o H2o Caulina 37,4 45,5 1,68 1,30 0,004 0,03 0,011 0,005 13,9 Argila Tenn Ball 30,9 54,0 0,74 1,50 0,14 0,20 0,45 0,72 ... 11,4 Argila Ky. Ball 32,0 51,7 0,90 1,52 0,21 0,19 0,38 0,89 ... 12,3 Fonte: P.W. Lee, “Ceramics”, Reinhlod, 1961. Capítulo 11 Cerâmica 425 Produtos de argila estrutural como tijolos de construção, tubulações de esgoto, telhas de dreno, telhas para telhado e porcelana para piso são feitos de argila natural, que contêm todos os três compo- nentes básicos. Produtos de louça branca como porcelana elétrica, porcelana chinesa de jantar e louça sanitária são obtidos de componentes da argila, sílica e feldspato, para os quais a composição é controlada. A Tabela 11.5 lista as composições químicas de algumas louças brancas triaxiais. O termo “triaxial” é usado uma vez que há três materiais principais na sua composição. Faixas de composições típicas para diferentes louças brancas são apresentadas no diagrama ternário sílica-leucita-mulita da Figura 11.30. As faixas de composição de algumas louças brancas são indicadas pelas áreas circundadas. As mudanças ocorridas na estrutura de corpos triaxiais durante o cozimento ainda não foram com- pletamente explicadas devido a sua complexidade. A Tabela 11.6 é um resumo aproximado do que provavelmente ocorre durante o cozimento de um corpo de louça branca. A Figura 11.31 é uma micrografia eletrônica da microestrutura de uma porcelana de isolamento elé- trica. Conforme se observa nesta micrografia, a estrutura é bem heterogênea. Grandes grãos de quartzo são circundados por uma solução de contorno de vidro de sílica superior. Agulhas de mulita que cruzam os relictos de feldspato e as misturas refinadas de vidro-mulita estão presentes. Porcelanas triaxiais são isoladores satisfatórios para usos em frequências de 60 Hz, mas em altas frequências, as perdas dielétricas se tornam muito altas. As consideráveis quantidades de álcalis de- rivadas do feldspato, usadas como fluxo, aumentam a condutividade elétrica e as perdas dielétricas de porcelanas triaxiais. 11.5.2 cerâmicas de engenharia Em contraste com as cerâmicas tradicionais, que são principalmente constituídas de argila, as ce- râmicas técnicas ou de engenharia são principalmente compostos puros ou quase puros de óxidos, carbetos ou nitretos. Algumas das importantes cerâmicas de engenharia são a alumina (Al2O3), ni- treto de silício (Si3N4), carbeto de silício (SiC) e a zircônia (ZrO2), combinados com outros óxidos refratários. As temperaturas de fusão de algumas dessas cerâmicas estão listadas na Tabela 11.1, e as propriedades mecânicas de alguns desses materiais constam na Tabela 11.7. Uma breve descrição de algumas das propriedades, processos e aplicações de algumas cerâmicas importantes de engenharia são listadas na sequência. tabela 11.5 Algumas composições químicas triaxiais de louça branca. tipo do corpo argila chinesa argila ball Feldspato Sílex outros Porcelana dura 40 10 25 25 Louça de isolamento elétrico 27 14 26 33 Louça vítrea sanitária 30 20 34 18 Isolantes elétricos 23 25 34 18 Telha vítrea 26 30 32 12 Louça branca semivítrea 23 30 25 21 Ossos de china 25 ... 15 22 Cinzas de 38 ossos China hotel 31 10 22 35 2 CaCO3 Porcelana dentária 5 ... 95 Fonte: Extraído de W.D. Kingery, H.K Bowen, and D.R. Uhlmann, “Introduction to Ceramics”, 2. ed., Wiley, 1976, p. 532. 426 Fundamentos de Engenharia e Ciência dos Materiais y Sílica SiO21.713� 990� 1.100 1.140� 1.315� 1.600 Le uc ita 1. 20 0 Corundum Mulita 1. 60 0 1. 50 0 1. 40 0 1. 30 0 1.588� Feldspato Utensílios de porcelana Porcelana dentária Cristobalita Tridimita Feldspato potássico K2O�Al2O3�6SiO2 Leucita K2O�Al2O3�4SiO2 Mulita 3Al2O3�2SiO2 Metacaolina Al2O3�2SiO2 1.810� Isoladores elétricos Porcelana dura, semivitroso, cerâmica branca Telha vítrea, vaso sanitário Figura 11.30 Áreas das composições da louça branca triaxial mostradas do diagrama de equilíbrio de fase da sílica-leucita-mulita. (W.D. Kingery, H.K Bowen, and D.R. Uhlmann, “Introduction to Ceramics”, 2. ed., Wiley, 1976, p. 533.) tabela 11.6 História de vida de um corpo triaxial. temperatura (°C) reações Até 100 Perda da umidade 100 – 200 Remoção da água absorvida 450 Desidroxilação 500 Oxidação da matéria orgânica 573 Inversão do quartzo para a forma superior. Pequenos danos ao volume total 980 Formação de espinelas na argila; início do encolhimento 1.000 Formação da mutila primária 1.050 – 1.100 Vidro se forma do feldspato, mulita cresce, encolhimento continua 1.200 Mais vidro, mulita cresce, poros fechando, alguma solução de quartzo 1.250 60% de vidro, 21% mulita, 19% quartzo, poros ao mínimo Fonte: F. Norton, “Elements of Ceramics”, 2. ed., Addison-Wesley, 1974, p. 140. Capítulo 11 Cerâmica 427 Alumina (Al2O3) A alumina foi originalmente desenvolvida para tubulações refratárias e cadinhos de alta pureza sob altas tempera- turas, e atualmente possui uma utilização mais ampla. Um clássico exemplo da aplicação da alumina é no material do isolador de vela de ignição (Figura 11.24). Óxido de alumínio é geralmente poten- cializado com óxido de magnésio, prensado a frio e sinterizado, produzindo o tipo de microestrutura apresentado na Figura 11.32. Note a uniformidade da estrutura do grão de alumina quando com- parado a microestrutura da porcelana elétrica da Figura 11.31. A alumina é usada com frequência para aplicações elétricas de alta qualidade, nas quais se fazem necessárias a baixa perda dielétrica e a alta resistividade. Nitrito de silício (Si3N4) De todas as cerâmicas de engenharia, o nitreto de silício possui, provavelmente, a combinação de proprie- dades de engenharia mais útil. O Si3N4 se dissocia de forma signi- ficativa a temperaturas acima de 1.800 °C e, portanto, não pode ser diretamente sinterizado. O Si3N4 pode ser processado pela ligação de reação na qual um compacto de pó de silício é nitretizado em um fluxo de gás nitrogênio. Este processo produz um Si3N4 microporo- so com moderada resistência (Tabela 11.7). O Si3N4 mais resistente e não poroso é produzido pelo prensamento a quente com 1 a 5% de MgO. O Si3N4 tem sido explorado para o uso em peças de motores avançados (Figura 1.9a). Carbeto de silício (SiC) O carbeto de silício é um tipo de carbeto duro e refratário, com incrível resistência a oxidação a altas temperaturas. Apesar de não ser um óxido, o SiC a altas temperaturas forma uma camada protetora de SiO2 junto ao corpo principal. O SiC pode ser sinterizado a 2.100 °C com 0,5 a 1% de B como produto auxiliar da sinterização. O SiC é comumente usado como reforço fibroso para matrizes metálicas e cerâmicas de materiais compósitos. 5 m Figura 11.31 Micrografia eletrônica de um isolante elétrico de porcelana (gravados 10 s, 0 °C, 40% HF, réplica de sílica.) (S.T. Lundin, conforme mostrado em W.D. Kingery, H.K Bowen, and D.R. Uhlmann, “Introduction to Ceramics”, 2. ed., Wiley, 1976, p. 539.) Figura 11.32 Microestrutura do sinterizado, óxido de alumínio em pó potencializado com óxido de magnésio. A temperatura de sinterização foi de 1.700 °C. A microestrutura é quase livre de poros, contendoalguns somente entre os grãos. (Aumento de 500.) (Cortesia de C. Greskovich and K.W. Lay.) 428 Fundamentos de Engenharia e Ciência dos Materiais Zircônia (ZrO2) A zircônia pura é polimórfica e se transforma da estrutura tetragonal para monoclíni- ca a aproximados 1.170 °C, acompanhada de expansão volumétrica, estando sujeita, portanto, a fratura. Contudo, combinando ZrO2 com outros óxidos refratários como o CaO, MgO e Y2O3, a estrutura cúbica pode ser estabilizada a temperatura ambiente e utilizada em algumas aplicações. Combinando ZrO2 com 9% de MgO e usando tratamentos térmicos especiais, a zircônia parcialmente estabilizada pode ser produzida com alta resistência à fratura, o que levou a novas aplicações dessas cerâmicas. (Ver Seção 11.6 de resistência a fratura de cerâmicas para mais detalhes.) tabela 11.7 Propriedades mecânicas de materiais cerâmicos de engenharia selecionados. Material densidade (g/cm³) resistência à compressão resistência à tração resistência à flexão resistência à fratura Mpa ksi Mpa ksi Mpa ksi Mpa ksi Al2O3 (99%) 3,85 2585 375 207 30 345 50 4 3,63 Si3N4 (prensado a quente) 3,19 3450 500 ... ... 690 100 6,6 5,99 Si3N4 (ligado por reação) 2,8 770 112 ... ... 255 37 3,6 3,27 SiC (sinterizado) 3,1 3860 560 170 25 550 80 4 2,63 ZrO2, 9% MgO (par- cialmente estabilizado) 5,5 1860 270 ... ... 690 100 8+ 7,26+ Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor A característica estrutural dos materiais cerâmicos conferem a estas propriedades físicas como resistência ao ataque de produtos químicos, resistência à tração e à compressão e à elevada dureza. Acompanhe no vídeo a definição, tipos de materiais cerâmicos e sua principal composição química. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/1fb647399c28c8065e64a15ead913be4 Exercícios 1) A principal matéria-prima dos materiais cerâmicos é: A) Rochas. B) Calcários. C) Argilas. D) Seixos. E) Material artificial. 2) Quanto ao seu emprego, as argilas infusíveis são bastante puras, não deformam à temperatura de 1.500ºC e têm baixo coeficiente de condutividade térmica. Assinale a alternativa que possua uma aplicação deste material: A) Vaso sanitário. B) Revestimento de fornos. C) Pia sanitária. D) Telha. E) Grés. 3) Assinale a alternativa que contenha um exemplo de cerâmica tradicional: A) Facas confeccionadas a partir de zircônia. B) Anilhas de carboneto de silício. C) Alumina em painéis de fornos. D) Parafusos e invólucros cilíndricos de lâmpadas de alta intensidade. E) Louça sanitária. 4) Chamamos de retração como propriedade das argilas: A) A capacidade de uma massa de argila mudar de forma sem que ocorra a ruptura da massa. B) Percentual de aumento de peso da peça após imersão em água. C) Perda de água de capilaridade e amassamento como resultante da temperatura. D) Perda de água adsorvida e enrijecimento mediante aquecimento. E) No processo de secagem, devido à perda de água, ocorre a retração da peça. 5) Assinale a alternativa que contenha um exemplo de Cerâmico Técnico: A) Tijoleiras. B) Ladrilhos. C) Ladrilhos de Grés. D) Pastilhas. E) Bocal de carboneto de silício. Na prática Você sabia que o vidro é um material cerâmico? O vidro é composto de materiais inorgânicos submetidos a altas temperaturas. O que difere o vidro de outras cerâmicas é o aquecimento até a fusão e o resfriamento para estado sólido rígido e sem cristalização de seus constituintes. Além disso, o vidro possui estrutura não cristalina também chamada de amorfa em que suas moléculas não estão arranjadas em uma ordem regular repetida em cadeia longa como ocorre em sólidos cristalinos. Dentre os diversos tipos de vidro, os mais utilizados na construção civil são: • vidros planos • vidros planos lisos • vidros cristais • vidros impressos • vidros refletivos • vidros antirreflexos • vidros temperados • vidros laminados • vidros aramados • vidros coloridos • vidros serigrafados • vidros curvos • espelhos fabricados a partir do vidro comum. Estudos indicam que através dos avanços da tecnologia de fabricação do vidro, será viável substituir materiais como o aço e o concreto das estruturas. Essa evolução poderá trazer inúmeros benefícios, dentre eles, grandes reduções no custo final das obras. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Telecurso 2000 Materiais Cerâmicos Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Cerâmica - vida moderna, edifícios modernos Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. O Segredo das Coisas - Tijolo Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/hxB0udRVdnU?rel=0 https://www.youtube.com/embed/aaKTOGqcAGs?rel=0 https://www.youtube.com/embed/9QIMqFgICCs?rel=0 Materiais de Construção de cerâmica I Apresentação APRESENTAÇÃO Olá! Você deve saber que a aplicação de materiais cerâmicos na indústria da construção civil é de enorme importância, e envolve uma grande gama de produtos que nela são aplicados. Os exemplos mais comuns de produtos originados a partir da cerâmica são tijolos, telhas, ladrilhos, azulejos, pastilhas, manilhas, entre outros. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar os materiais de construção de cerâmica. Bons estudos! Ao final desta unidade, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os materiais da lista de revestimentos cerâmicos.• Identificar as telhas cerâmicas, as propriedades do material e seus respectivos processos de fabricação. • Listar aplicações dos blocos e tijolos cerâmicos.• Desafio Suponha que você seja o engenheiro responsável pela validação de novos materiais da empresa "AABB Materiais Cerâmicos Ltda". Você trabalha na linha de fabricação de telhas cerâmicas e deve acompanhar os resultados dos ensaios previstos pela norma regulamentadora vigente e recebe o laudo da análise do lote fabricado recentemente referente ao ensaio de absorção de água. Veja o relatório preliminar enviado pelo técnico do laboratório. Infográfico Os materiais cerâmicos são uma excelente opção para obras de engenharia civil, pois aprimoram e trazem embelezamento a elas. Além disso, os materiais cerâmicos possuem propriedades físico- mecânicas, que garantem sua utilização nas mais variadas aplicações, o que é proporcionado por meio de diferentes tecnologias de processos de fabricação e matéria-prima. Acompanhe alguns exemplos de materiais cerâmicos no infográfico. Conteúdo do livro Entre os materiais selecionados de alvenaria, o tijolo possui dois aspectos importantes: resistência ao fogo e tamanho. Como um produto do fogo, ele é muito resistente a incêndios. O seu tamanho pequeno de unidade torna o trabalho de alvenaria bastante flexível para se adaptar a geometrias e aos padrões de pequena escala e confere uma agradável escala e textura à parede ou ao piso de tijolos. Acompanhe um trecho do livro "Fundamentos da Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos". Inicie sua leitura a partir do título Moldagem de tijolos até o título Assentando tijolos. Boa leitura. Tradutores: Alexandre Ferreira da Silva Salvaterra Amanda Elisa Barros Gehrke Ana Luisa Jeanty de Seixas André Cavedon Ripoll Jonas Arend Henriqson José Alberto Azambuja Luana Kath Sattler de Almeida Miguel Aloysio Sattler Ruy Alberto Cremonini Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CBR 10/2052 A425f Allen, Edward. Fundamentos de engenharia de edificações [recursoeletrônico] : materiais e métodos / Edward Allen, Joseph Iano ; revisão técnica desta edição: José Alberto Azambuja, Miguel Aloysio Sattler, Ruy Alberto Cremonini. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-8260-078-8 1. Engenharia civil. 2. Engenharia de edificações – Materiais e métodos. I. Iano, Joseph. II. Título. CDU 624.01 304 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos ALVENARIA DE TIJOLOS Dentre os materiais de alvenaria, o ti- jolo é especial em dois aspectos: resis- tência ao fogo e tamanho. Como um produto do fogo, ele é o tipo de uni- dade de alvenaria mais resistente a incêndios. Seu tamanho pode ser res- ponsável por muito do amor, que mui- tas pessoas sentem instintivamente pelo tijolo: um tijolo tradicional é moldado e dimensionado para caber na mão humana. Tijolos dimensiona- dos para a mão são menos prováveis de fissurar durante a secagem ou a queima do que tijolos maiores, e eles são de mais fácil manipulação pelo pedreiro. Este tamanho pequeno de unidade torna o trabalho de alvenaria bastante flexível para se adaptar a ge- ometrias e padrões de pequena escala e confere uma agradável escala e tex- tura à parede ou ao piso de tijolos. Moldagem de tijolos Por causa de seu peso e volume, que os tornam caros para transportar em lon- gas distâncias, os tijolos são produzi- dos por um grande número de fábricas relativamente pequenas e dispersas, a partir de uma variedade de argilas lo- cais. A matéria-prima é escavada em jazidas, triturada, moída e peneirada para reduzi-la a uma consistência fina. Ela é, então, misturada com água, para produzir uma argila plástica, pronta para ser moldada em tijolos. Três métodos principais são usa- dos hoje para moldar tijolos: o proces- so de barro mole, o processo de pren- sagem seca e o processo de barro rijo. Materiais de alvenaria de tijolos • A argamassa é feita de minerais geralmente abundantes no pla- neta. O cimento Portland e a cal são produtos de alto conteúdo energético. (Para mais informações sobre a sustentabilidade da produção de cimento, veja o Capítulo 13.) • Argila e xisto, matéria-prima para tijolos, são abundantes. Eles são normalmente obtidos a partir de escavações a céu aberto, com con- tínuo distúrbio da drenagem, vegetação e habitat da vida selvagem. • O tijolo cerâmico pode incluir pó de tijolo reciclado, resíduo pós-in- dustrial, como cinzas volantes, e uma variedade de outros produtos residuais na sua fabricação. Fabricação de tijolos • As olarias são usualmente localizadas próximas às fontes de ma- téria-prima. • A fabricação de tijolos produz pouco resíduo. A argila não queima- da é facilmente reciclada no processo produtivo. Tijolos queimados que são inutilizáveis são triturados e reciclados no processo produ- tivo ou utilizados como material de paisagismo. • A manufatura de tijolos requer quantidades relativamente grandes de água. A água que não evapora pode ser reutilizada muitas vezes. Pouca ou nenhuma água precisa ser descartada como resíduo. • Por causa da energia utilizada na sua queima, o tijolo é um produto de relativamente alto conteúdo energético. Sua energia incorporada pode variar de aproximadamente 1.000 a 4.000 BTU por libra (2,3 – 9,3 MJ/Kg). • A fonte energética mais comum para os fornos de tijolos é o gás na- tural, embora petróleo e carvão também sejam utilizados*. A queima da alvenaria cerâmica produz emissões de flúor e cloro. Outros tipos de poluição do ar podem resultar de fornos indevidamente regulados. • A maioria dos tijolos é vendida para uso em mercados regionais, próximos ao seu ponto de manufatura. Isso reduz a energia neces- sária para o transporte e faz com que a maioria dos tijolos possa se candidatar a créditos como material regional. Construção em alvenaria de tijolos • Relativamente poucas quantidades de resíduos são geradas no local da construção, durante o trabalho de alvenaria, incluindo tijolos par- tidos, tijolos insatisfatórios e argamassa não utilizada. Estes resíduos geralmente vão para aterros ou são enterrados no próprio local. • Seladores aplicados à alvenaria de tijolos, para provê-los de repe- lência à água e proteção contra manchas, são fontes potenciais de emissões. Seladores à base de solventes geralmente têm maiores emissões do que os produtos à base d’água. Edifícios em alvenaria de tijolos • A alvenaria de tijolos não é normalmente associada a quaisquer problemas de qualidade do ar interno; entretanto, em raras cir- cunstâncias, ela possa ser fonte de gás radônio. • A massa térmica da alvenaria de tijolos pode ser um útil compo- nente em estratégias de redução de consumo de combustível para aquecimento e resfriamento, como aquecimento solar e resfria- mento noturno. • A alvenaria de tijolos é uma forma durável de construção, que exige relativamente pouca manutenção e que pode durar por um período bastante longo. • A construção com alvenaria de tijolos pode reduzir a dependência de acabamentos com tintas, uma fonte de compostos orgânicos voláteis. • A alvenaria de tijolos é resistente à umidade e ao desenvolvimento de mofo. • Quando um edifício de tijolos é demolido, os tijolos em boas con- dições podem ser limpos e reutilizados (uma vez que suas pro- priedades físicas tenham sido verificadas como adequadas para o novo uso). Resíduos de tijolos podem ser moídos e utilizados para paisagismo. Resíduos de tijolos e argamassa podem também ser utilizados como aterro no próprio local. Muito deste resíduo, entre- tanto, é eliminado para fora do local, em aterros sanitários. CONSIDERAÇÕES SOBRE SUSTENTABILIDADE EM ALVENARIA DE TIJOLOS * N. de T.: No Brasil, a fonte mais comum é a biomassa, na forma de resíduos de madeira (serragem, maravalha, resíduos da produção de móveis, etc.). Capítulo 8 Alvenaria de Tijolos 305 O mais antigo é o processo de barro mole, no qual uma argila relativamen- te úmida (20-30% de água) é prensa- da em moldes retangulares simples, à mão ou com o auxílio de máquinas de moldagem (Figura 8.7). Para impedir a aderência da argila viscosa nos mol- des, estes podem ser mergulhados em água, imediatamente antes de serem preenchidos, produzindo tijolos com uma superfície relativamente lisa e densa, que são conhecidos como tijo- los de molde úmido. Se areia for aplica- da ao molde molhado, logo antes de enformar o tijolo, serão produzidos tijolos de molde em areia, com uma su- perfície de textura áspera. O processo de prensagem seca é utilizado para argilas que encolhem excessivamente durante a secagem. A argila misturada a um mínimo de água (até 10%) é pressionada em moldes de aço, por meio de uma má- quina trabalhando com uma pressão muito elevada. O processo de barro rijo, de alta produção, é, atualmente, o mais am- plamente utilizado. A argila, conten- do entre 12% e 15% de água, passa por um sistema a vácuo para remover quaisquer bolhas de ar, e então é ex- trudada, através de uma matriz retan- gular (Figuras 8.8 e 8.9). Assim que a argila sai da matriz, texturas ou finas misturas de argilas coloridas podem ser aplicadas em sua superfície, con- forme desejado. A coluna retangular de argila umedecida é empurrada pela pressão de extrusão por uma mesa de corte, na qual fios de corte automáti- cos a fatiam em tijolos. Após a moldagem por qualquer um desses três processos, os tijolos vão para um forno de secagem de bai- xa temperatura por um ou dois dias. Então eles estão prontos para a trans- formação em sua forma final, pelo processo conhecido como queima. Queima de tijolos Antes do aparecimento dos fornos modernos, os tijolos eram mais co- mumente queimados por meio do seu empilhamento em um arranjo de for- ma livre chamado pilha, cobrindo-se a Figura 8.7 Uma forma simples de madeira produz sete tijolos de molde úmido por vez. (Foto de Edward Allen) Figura 8.8 Umacoluna de argila emerge da matriz no processo de moldagem de tijolos de barro rijo. (Cortesia da Brick Industry Association) 306 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos Figura 8.9 Grupos rotatórios de fios paralelos cortam a coluna de argila em tijolos individuais, pron- tos para secagem e queima. (Cortesia da Brick Industry Association) (a) Figura 8.10 Três estágios na queima de tijolos de molde úmido, em uma pequena fábrica. (a) Tijolos empilhados em um vagonete de forno, pron- tos para a queima. Os espaços abertos entre os tijolos permitem que os gases quentes do forno penetrem no interior da pilha. O lei- to do vagonete do forno é feito de material refratário, o qual não é afetado pelo calor do forno. (b) Os vagonetes de tijolos são rolados até a extremidade distante deste forno a gás, tipo túnel, intermitente. Quando a queima se completa, a grande porta na extremidade mais próxima é aberta e os vagonetes de ti- jolos são rolados para fora, pelos trilhos que podem ser vistos no canto inferior direito da imagem. (c) Depois de os tijolos queimados terem sido classificados, eles são amarra- dos nestes “cubos” para transporte. (Foto de Edward Allen) Capítulo 8 Alvenaria de Tijolos 307 pilha com terra ou argila, fazendo-se uma fogueira sob a pilha e manten- do-se o fogo por um período de vários dias. Depois de resfriada, a pilha era desfeita e os tijolos eram selecionados de acordo com o grau de queima que cada um tivesse obtido. Os tijolos con- tíguos ao fogo (tijolos clínquer) eram, muitas vezes, queimados demais e distorcidos, tornando-os pouco atra- entes e, portanto, inadequados para alvenaria de tijolos aparentes. Os ti- jolos em uma zona da pilha próxima ao fogo eram totalmente queimados, mas não distorcidos, adequados para tijolos externos, com um alto grau de resistência a intempéries. Os tijo- los mais distantes do fogo eram mais macios, e deixados de lado para uso como tijolos de reserva, enquanto al- guns dos tijolos do perímetro da pilha não eram queimados suficientemen- te para nenhuma finalidade e eram descartados. Em períodos anteriores ao transporte mecanizado, os tijolos para um edifício eram, frequentemen- te, produzidos do barro obtido no ter- reno da obra e eram queimados em pilhas próximas à construção. Nos dias de hoje, os tijolos são, geralmente, queimados em um for- no intermitente ou em um forno tipo túnel, contínuo. O forno intermitente é uma estrutura fixa, que é carrega- da com tijolos, queimada, resfriada e descarregada (Figura 8.10). Para maior produtividade, os tijolos são passados continuamente por um longo forno tipo túnel, em estrados especiais sobre trilhos, que emer- gem na porção final, totalmente queimados. Em qualquer um dos tipos de forno, os primeiros estágios da queima são de emissão de vapor de água e desidratação, que retiram a água remanescente da argila. As próximas etapas são oxidação e vi- trificação, durante as quais a tem- peratura se eleva de 1.800 até 2.400 graus Fahrenheit (1.000-1.300°C) e a argila é transformada em um mate- rial cerâmico. Este pode ser seguido por um estágio chamado flashing, no qual o fogo é regulado para criar uma atmosfera de redução no forno, que promove variações de cores nos tijo- los. Finalmente, os tijolos são resfria- dos, sob condições controladas, para atingir a coloração desejada e evitar rachaduras térmicas. Os tijolos res- friados são inspecionados, selecio- nados e embalados para transporte. Todo o processo de queima dura de 40 a 150 horas e é monitorado conti- nuamente, para manter a qualidade (b) (c) Figura 8.10 (continuação) 308 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos da produção. Ocorre considerável re- tração nos tijolos durante a secagem e a queima; isto deve ser levado em conta no momento de planejar os moldes para os tijolos. Quanto mais alta é a temperatura, maior a retra- ção e mais escura a cor do tijolo. Os tijolos são frequentemente utiliza- dos em uma variada gama de cores, com os tijolos mais escuros sendo inevitavelmente menores do que os mais claros. Mesmo em tijolos de co- loração uniforme, alguma variação de tamanho é esperada, e os tijolos, em geral, estão sujeitos a um certo grau de distorção, resultante do pro- cesso de queima. A cor de um tijolo depende da composição química da argila e da temperatura e da química do fogo no forno. Temperaturas mais altas, como observado no parágrafo anterior, pro- duzem tijolos mais escuros. O ferro, que prevalece na maioria das argilas, torna-se vermelho em um fogo oxi- dante e roxo em um fogo redutor. Ou- tros elementos químicos interagem, de forma similar, com a atmosfera do forno para compor ainda outras cores. Para cores mais claras, as fa- ces dos tijolos podem ser esmaltadas, como em objetos de cerâmica, seja durante a queima normal, ou em uma queima adicional. Tamanhos de tijolos Não existe tijolo verdadeiramente padrão. O mais próximo disso, nos Estados Unidos, é o tijolo modular, dimensionado para construir pa- redes em módulos de 4 polegadas (101 mm), horizontalmente, e 8 po- legadas (203 mm), verticalmente, mas o tijolo modular não encontrou pronta aceitação em algumas partes do país e os tamanhos tradicionais persistem regionalmente. A Figura 8.11 mostra os tamanhos de tijolos que representam, aproximadamen- te, 90% de todos os tijolos utilizados nos Estados Unidos. Na prática, o projetista, quando selecionando os tijolos para um edifício, usualmen- te vê amostras reais, antes de com- pletar os desenhos para o edifício, e dimensiona os desenhos de acordo com o tamanho dos tijolos específi- cos selecionados (Figura 8.22). Para a maioria dos tijolos, na gama de ta- manhos tradicionais, três fiadas de tijolos, mais as três juntas de arga- massa que as acompanham, somam uma altura de 8 polegadas (203 mm). As dimensões de comprimento de- vem ser calculadas especificamente para o tijolo selecionado e devem incluir a espessura das juntas de ar- gamassa. O uso de tijolos maiores pode le- var a economias substanciais na cons- trução. Um tijolo utility, por exemplo, possui a mesma altura nominal que um tijolo modular padrão, mas, por ser mais comprido, seu custo na pa- rede, por pé quadrado, é aproximada- mente 25% mais baixo e a resistência à compressão da parede é aproxima- damente 25% mais alta, por causa da menor proporção de argamassa. O projetista deve também considerar, entretanto, que uma parede cons- truída com tijolos maiores pode iludir o observador em relação à escala do edifício. Tamanhos e formatos personali- zados de tijolos são frequentemente requeridos para edifícios com de- talhes especiais, ornamentação ou geometrias incomuns (Figuras 8.12 e 8.13). Esses são facilmente produzidos pela maioria dos fabricantes de tijo- los, se lhes for dado tempo suficiente. Nome Largura Comprimento Altura Modular 3½” ou 3 ” (90 mm) 7½” ou 7 ” (190 mm) 2¼” (57 mm) Standard 3½” ou 3 ” (90 mm) 8” (200 mm) 2¼” (57 mm) Engineer Modular 3½” ou 3 ” (90 mm) 7½” ou 7 ” (190 mm) 2 ” a 2 ” (70 mm) Engineer Standard 3½” ou 3 ” (90 mm) 8” (200 mm) 2 ” (70 mm) Closure Modular 3½” ou 3 ” (90 mm) 7½” ou 7 ” (190 mm) 3½” ou 3 ” (90 mm) Closure Standard 3½” ou 3 ” (90 mm) 8” (200 mm) 3 ” (90 mm) Roman 3½” ou 3 ” (90 mm) 11½” ou 11 ” (290 mm) 1 ” (40 mm) Norman 3½” ou 3 ” (90 mm) 11½” ou 11 ” (290 mm) 2¼” (57 mm) Engineer Norman 3½” ou 3 ” (90 mm) 11½” ou 11 ” (290 mm) 2 ” a 2 ” (70 mm) Utility 3½” ou 3 ” (90 mm) 11½” ou 11 ” (290 mm) 3½” ou 3 ” (90 mm) King Size 3” (75 mm) 9 ” (240 mm) 2 ” ou 2 ” (70 mm) Queen Size 3” (75 mm) 7 ” ou 8” (190 mm) 2 ” (70 mm) Figura 8.11 Dimensões de tijolos comumente utilizados na América do Norte, conforme estabelecido pela Brick Industry Association. Esta lista dá uma ideia da diversidade de tamanhos e formatos disponíveis e da dificuldade de se generalizar quanto a dimensões de tijolos. Os tijolos modulares são dimensionadospara que três fiadas, mais as juntas de argamassa, somem uma dimensão vertical de 8 polegadas (203 mm), e o comprimento de um tijolo, mais junta de argamassa, tenha uma dimensão horizontal de 8 polegadas (203 mm). As dimensões alternativas, de cada tijolo, são calculadas para espessuras de junta de argamassa de ” (9,5 mm) e ½” (12,7 mm). Capítulo 8 Alvenaria de Tijolos 309 Figura 8.12 Os tijolos podem ser moldados personaliza- dos para desempenhar funções particulares. Esta fiada, em uma parede de assentamento inglês, foi moldada para uma curva de corni- ja. (Foto de Edward Allen) Figura 8.13 Alguns formatos de tijolo personalizados co- mumente utilizados. Note que cada formato de tijolo exige tijolos especiais de canto, tan- to internos, quanto externos, além dos tijolos básicos de arremate. Os tijolos angulares são necessários para que se obtenham cantos bem feitos, em paredes que se encontram em ângulos que não sejam retos. O tijolo dobradiça, no canto inferior direito do dese- nho, é um formato tradicional, que pode ser utilizado para fazer cantos em qualquer ân- gulo desejado. Tijolos radiais produzem uma superfície suavemente curvada de parede, em qualquer raio especificado. Formatos co- muns, não mostrados aqui, incluem aduelas, para qualquer forma e tamanho de arco de- sejado, e tijolos de canto arredondado, para degraus de escada. Cornijas Peitoris Guarnições Cumeeiras Angulares e Radiais 310 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos Classificações de tijolos Os tijolos mais comuns utilizados na construção são classificados como tijolos aparentes (ASTM C216), ti- jolos de construção (ASTM C62) ou tijolos furados (ASTM C652). Tijolos aparentes (também chamados tijolos à vista) se destinam tanto para uso estrutural quanto não estrutural, em que a aparência é importante. Os ti- jolos de construção são utilizados nos casos em que a aparência não impor- ta, como paredes de apoio em alvena- ria, que serão ocultadas na conclusão do trabalho. Tanto tijolos aparentes quanto tijolos de construção são es- pecificados como unidades maciças. Unidades maciças podem, de fato, ser genuinamente maciças ou, apesar da nomenclatura, elas podem ser per- furadas ou endentadas (Figura 8.14), desde que qualquer plano medido, pa- ralelo à superfície de suporte do tijolo, seja, pelo menos, 75% sólido. Ao redu- zir o volume e a espessura da argila, perfurações e endentações permitem secagem e queima mais uniformes, reduzem custos de combustível para a queima e de transporte e criam ti- jolos mais leves e fáceis de manusear. (Onde tijolos genuinamente maciços são requeridos, especificações devem exigir tijolos 100% maciços, não per- furados e não endentados). Os tijolos furados, definidos de acordo com a ASTM C652, devem ser até 60% vaza- dos e são utilizados, principalmente, para permitir a inserção e ancoragem de barras de aço de armação em pare- des simples de alvenaria (Figura 8.14). Tijolos de pavimentação (ASTM C902) são utilizados para pavimen- tação de calçadas, caminhos e pá- tios e devem obedecer a requisitos especiais, não apenas de resistência a congelamento-descongelamento, mas também de absorção de água e resistência à abrasão. Tijolos refratá- rios (ASTM C64) são utilizados para revestimento de lareiras e caldeiras. Estes são feitos de argilas especiais, chamadas refratárias, que produzem tijolos com qualidades refratárias (re- sistência a temperaturas muito altas). Os tijolos refratários são assentados com juntas bastante finas de arga- massa refratária. Escolhendo tijolos Nós já consideramos três importantes qualidades que o projetista deve levar em conta ao escolher tijolos para um edifício em particular: processo de moldagem, coloração e tamanho. Di- versas outras qualidades também são importantes. As normas ASTM para ti- jolos estabelecem classes de tijolos ba- seados na durabilidade, e, para tijolos que estarão expostos, os tipos, basea- dos na uniformidade de formato e ta- manho (Figura 8.15). A classe do tijolo estabelece requisitos mínimos para re- sistência à compressão e absorção de água. A durabilidade geral do tijolo e sua resistência às intempéries podem, então, ser relacionadas a um mapa de índices climáticos, derivados de dados sobre precipitações de inverno e ciclos de congelamento-degelo (Figura 8.16). O tijolo de Classe SW é recomendado para uso externo, em todas as regiões do mapa marcadas com intemperismo severo ou moderado, assim como para todo o tijolo em contato com a terra. O tijolo Classe MW é recomendado para uso apenas acima do solo, em áreas marcadas no mapa como de intempe- rismo desprezível. O tijolo Classe NW deveria ser utilizado apenas em locais externos abrigados de intempéries, ou internamente. Além de influenciar a durabilida- de, a resistência à compressão de um tijolo é, também, de óbvia importân- cia, quando utilizado na construção de paredes estruturais e pilastras. De acordo com as normas ASTM, a re- sistência mínima à compressão, para tijolos de construção e tijolos apa- rentes, varia, dependendo da classe, de 1.500 a 3.000 libras por polegada quadrada (psi) (10-21 MPa). Entre- tanto, tijolos de mais alta resistência estão prontamente disponíveis. Uma resistência à compressão de 10.000 psi (69 MPa) não é incomum para tijo- los utilizados em alvenaria estrutural. Em aplicações de alta resistência, a resistência do tijolo pode exceder os 20.000 psi (138 MPa). A resistência da alvenaria cons- truída depende não apenas da resis- tência dos tijolos, mas, também, da re- sistência da argamassa e, se reforçada com aço, da quantidade e resistência da armadura. As forças típicas de tra- balho em compressão, para paredes não armadas e de baixa resistência, variam de 75 a 400 psi (0.52-2.8 MPa). Com materiais de alvenaria de maior resistência e a adição de armadura em aço, valores significativamente maio- res podem ser alcançados. O tipo de tijolo define os limites na variação de tamanho, distorção no formato e lesões (extensão de da- nos à superfície ou a cantos visíveis) entre as unidades de tijolos (Figura 8.15). O Tipo FBS é considerado um tijolo aparente, de uso geral, e é o tipo mais comum vendido. Os tijolos Tipo FBX possuem limites mais rigorosos em características de aparência e são destinados para trabalhos em alvena- ria com juntas bastante finas ou para padrões de vinculação que exigem tolerâncias dimensionais bastante próximas. Os tijolos Tipo FBA são ca- racterizados pelas significativas varia- ções em tamanho e formato, típicas de tijolos feitos à mão ou fabricados intencionalmente para tal efeito. Figura 8.14 Da esquerda para a direita: tijolo perfurado, tijolo furado e tijolo endentado. Tijolos perfurados e endentados são considerados maciços, desde que permaneçam com, pelo menos, 75% de solidez. Um tijolo furado pode ser até 60% vazado. Capítulo 8 Alvenaria de Tijolos 311 Durabilidade do tijolo aparente, tijolo de construção e tijolo furado Classe SW Qualquer região de intemperismo, todo tijolo em contato com a terra Classe MW Tijolo acima do solo, em regiões indicadas na Figura 8.16, com intemperismo desprezível apenas Classe NW Locais abrigados ou internos apenas Uniformidade de aparência do tijolo aparente Tipo FBX Mínima variação em tamanho por unidade, mínima distorção no formato, mínima lesão Tipo FBS Tijolo aparente de uso geral, com variação mais ampla em tamanho e formato, maiores lesões Tipo FBA Grande variação permitida em tamanho e formato, conforme definido pelo fabricante Figura 8.15 Classes e tipos de tijolos. As classes de tijolos classificam os tijolos de acordo com sua dura- bilidade e resistência à ação de congelamento-descongelamento. As classes listadas aqui são aplicáveis ao tijolo aparente, ao tijolo de construção e ao tijolo furado. Os tijolos de pavimenta- ção são classificados de maneira similar, porém utilizando as designações, em ordem decres- centede resistência à intempérie, SX, MX e NX. Os tipos de tijolos os classificam de acordo com sua uniformidade de tamanho e de formato. Os tipos listados aqui se aplicam somente ao tijolo aparente. Tijolos furados são manufaturados nos tipos designados HBX, HBS, HBB e HBA, em ordem decrescente de uniformidade, e os tijolos de pavimentação são manufaturados nos tipos PX, PS e PA. Tijolos de construção, que não são visíveis na obra concluída, não são classificados pela aparência. Figura 8.16 Regiões de intemperismo nos Estados Unidos, conforme determinado pelas chuvas de inver- no e os ciclos de congelamento. O tijolo Classe SW é recomendado para todo tijolo em contato com a terra e para alvenaria externa, em todas as regiões, exceto as de intemperismo desprezí- vel. (Cortesia da Brick Industry Association) Intemperismo severo Intemperismo moderado Intemperismo desprezível 312 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos Assentando tijolos A Figura 8.17 mostra o vocabulário básico para o assentamento de ti- jolos nos Estados Unidos. Os tijolos são assentados em posições varia- das, por questões visuais, razões es- truturais ou ambas. A parede mais simples de tijolos é a de largura de uma unidade, com tijolos assenta- dos com a face paralela à parede e a dimensão mais longa na horizontal. Para paredes com largura de duas ou mais unidades, são usados tijolos na transversal, para unir duas fiadas pa- ralelas em uma unidade estrutural. Fiadas de tijolos assentados sobre a face são comumente utilizadas para coroamento de muros de jardim e para peitoris inclinados sob janelas, Figura 8.17 Terminologia básica para trabalho em alvenaria. Junta vertical Uma fiada é uma camada horizontal de tijolos ou outras unidades de alvenaria Uma parede simples é uma camada vertical de unidades de alvenaria, com largura de uma unidade Junta entre paredes Junta horizontal Um rocklock é um tijolo assentado sobre sua face menor, com topo aparente na parede Um stretcher é um tijolo assentado longitudinalmente com a face paralela à parede e sua dimensão mais longa na horizontal Um header é um tijolo assentado na transversal de maneira a unir duas fiadas longitudinais Um soldier é um tijolo assentado de topo com sua face paralela à parede Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor Você pode encontrar no mercado uma imensa variedade de produtos confeccionados a partir da cerâmica. Essa variedade ocorre em função da origem da matéria-prima, diferentes tipos de processos de fabricação e em função da finalidade da aplicação a que será aplicado determinado tipo de produto. Acompanhe no vídeo os blocos e os tijolos de telhas cerâmicas, bem como seu processo de obtenção e particularidades. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/71770f4d658effb67a30979fc2bf6ed2 Exercícios 1) , 1) Assinale a alternativa que contenha o produto cerâmico comumente utilizado na fase de acabamento de uma obra: A) Telha americana. B) Telha colonial. C) Tijolo maciço. D) Blocos cerâmicos vazados. E) Ladrilhos. 2) , 2) As telhas cerâmicas podem ser agrupadas em dois grupos: as de encaixe e as de tipo capa e canal. Sendo assim, assinale a alternativa que contenha apenas telhas do tipo encaixe. A) Telha-francesa e telha-romana. B) Telha-francesa e telha colonial. C) Colonial e paulista. D) Plan e Termoplan. E) Paulista e Termoplan. 3) , 3) De acordo com a NBR 13817, os revestimentos cerâmicos são divididos em grupos conforme sua respectiva resistência à abrasão. Assinale a alternativa que contenha um material de resistência considerada altíssima: A) PEI 5. B) PEI 3. C) PEI 2. D) Grupo 0. E) PEI 1. 4) , 4) Os blocos cerâmicos de vedação ou estruturais possuem sua resistência à compressão mínima relacionada à sua área bruta e devem atender os valores indicados na NBR 7171. De acordo com a norma, indique a alternativa que contenha classe 60. A) Resistência à compressão na área bruta (MPa) = 1,0. B) Resistência à compressão na área bruta (MPa) = 1,5. C) Resistência à compressão na área bruta (MPa) = 10. D) Resistência à compressão na área bruta (MPa) = 7,0. E) Resistência à compressão na área bruta (MPa) = 6,0. 5) , 5) Outra propriedade importante principalmente em pisos cerâmicos é a facilidade de limpeza. Assinale a alternativa que contenha um revestimento cerâmico em que haja impossibilidade de remoção de manchas: A) CLASSE 1. B) CLASSE 5. C) CLASSE 3. D) CLASSE 2. E) CLASSE 4. Na prática Você sabia que os revestimentos cerâmicos devem seguir as classificações conforme descrito em normas técnicas? As placas cerâmicas são classificadas em função de seu grau de absorção de água estabelecendo limites de características dimensionais, físicas, químicas e mecânicas para cada faixa de absorção. Essa classificação é de suma importância em projetos em que existam choques e variações de temperatura e umidade. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Telha prensada a seco Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Produção de telhas Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. O Segredo das coisas - tijolo Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Fundamentos da Engenharia de Edificações - Materiais e Métodos Allen, Edward; Iano, Joseph Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://www.youtube.com/embed/ovxKYyVUns8?rel=0 https://www.youtube.com/embed/z8zpH73m-Q0?rel=0 https://www.youtube.com/embed/9QIMqFgICCs?erl=0 Materiais de Construção de cerâmica II Apresentação APRESENTAÇÃO Olá! Você sabia que materiais cerâmicos são aqueles materiais obtidos pela moldagem, secagem e cozimento de argilas ou de misturas de materiais contendo argilas? Podemos classificar os materiais cerâmicos em materiais de cerâmica vermelha porosos e materiais de cerâmica vermelha vidrados; materiais de louça como pó de pedra, grés e porcelana e materiais refratários. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar os materiais de louça e os materiais refratários. Bons estudos! Ao final desta unidade, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar as propriedades e as aplicações dos materiais de louça.• Classificar os materiais cerâmicos de louça em pó de pedra, grés e porcelana.• Listar aplicações e propriedades dos materiais refratários.• Desafio Suponha que você seja o engenheiro responsável pela revisão do escopo do projeto de um banco. Diante de sua análise informe se você aprova ou não o projeto e justifique sua resposta indicando qual PEI correto ou o porquê da utilização do PEI 1. Infográfico Observe no infográfico que nos produtos de alta vitrificação há dois tipos de materiais: a louça e o grés cerâmico. Os materiais de louça conhecidos como faiança, embora apresentem impermeabilidade em sua superfície possuem maior porosidade em seu interior; os materiais de grés cerâmico possuem textura quase compacta. Conteúdo do livro As cerâmicas tradicionais são feitas a partir de três componentes básicos: argila, sílica (sílex) e feldspato. A argila consiste principalmente de silicatos hidratados de alumínio (com pequenas quantidades de outros óxidos. Em contraste com as cerâmicas tradicionais, que são principalmente constituídas de argila, as cerâmicas técnicas ou de engenharia são principalmente compostos puros ou quase puros de óxidos, carbetos ou nitretos. Acompanhe um trecho do livro "Fundamentosde Engenharia e Ciência dos Materiais". Inicie sua leitura a partir do titulo Cerâmicas tradicionais e de engenharia até o final da página 428. Boa leitura! FUNDAMENTOS DE ENGENHARIA e Ciência dos Materiais William F. SMITH Javad HASHEMI S663f Smith, William F. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais [recurso eletrônico] / William F. Smith, Javad Hashemi ; tradução: Necesio Gomes Costa, Ricardo Dias Martins de Carvalho, Mírian de Lourdes Noronha Motta Melo. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-8055-115-0 1. Engenharia. 2. Ciência dos materiais. I. Hashemi, Javad. II. Título. CDU 62 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 424 Fundamentos de Engenharia e Ciência dos Materiais 0,50 CaO-dopado com MgO ar estático 0,40 0,30 1.330 �C 1.430 �C Pc � 0,20 Pg � 0,54 0,20 P t � t0 (min) 0,10 4000 800 1.200 1.600 2.000 Figura 11.29 Porosidade versus tempo para compactos de MgO dopados com 0,2% p.p. de CaO e sinterizados em ar estático a 1.330 e 1.430 °C. Note que a maior temperatura de sinterização produz um decaimento mais rápido na porosidade e um nível menor de porosidade. (Extraído de B. Wong and J.A. Pask, J. Am. Ceram. Soc. 62:141 (1979).) 11.5 ceRâmicAs tRAdiciOnAis e de engenhARiA 11.5.1 cerâmicas tradicionais Cerâmicas tradicionais são feitas a partir de três componentes básicos: argila, sílica (sílex) e feldspato. A argila consiste principalmente de silicatos hidratados de alumínio (Al2O3.SiO2.H2O) com pequenas quantidade de outros óxidos como TiO2, Fe2O3, MgO, CaO, Na2O e K2O. A Tabela 11.4 lista as compo- sições químicas de diversas argilas industriais. A argila nas cerâmicas tradicionais confere propriedades que facilitam o trato com o material antes do cozimento de endurecimento, e constitui a maior parte do material que compõe o corpo. A sílica (SiO2), também chamada de sílex ou quartzo, possui uma alta temperatura de fusão e é o componente refratário das cerâmicas tradicionais. Feldspato de potassa (potássio), que possui a composição básica K2O.Al2O3.6SiO2, apresenta uma baixa temperatura de fusão e cria o vidro quando a mistura cerâmica é cozida. Ele une os componentes refratários. tabela 11.4 Composições químicas de algumas argilas. % em peso da maioria dos óxidos perda de igniçãotipo da cerâmica al2o3 Sio2 Fe2o3 tio2 Cao Mgo na2o K2o H2o Caulina 37,4 45,5 1,68 1,30 0,004 0,03 0,011 0,005 13,9 Argila Tenn Ball 30,9 54,0 0,74 1,50 0,14 0,20 0,45 0,72 ... 11,4 Argila Ky. Ball 32,0 51,7 0,90 1,52 0,21 0,19 0,38 0,89 ... 12,3 Fonte: P.W. Lee, “Ceramics”, Reinhlod, 1961. Capítulo 11 Cerâmica 425 Produtos de argila estrutural como tijolos de construção, tubulações de esgoto, telhas de dreno, telhas para telhado e porcelana para piso são feitos de argila natural, que contêm todos os três compo- nentes básicos. Produtos de louça branca como porcelana elétrica, porcelana chinesa de jantar e louça sanitária são obtidos de componentes da argila, sílica e feldspato, para os quais a composição é controlada. A Tabela 11.5 lista as composições químicas de algumas louças brancas triaxiais. O termo “triaxial” é usado uma vez que há três materiais principais na sua composição. Faixas de composições típicas para diferentes louças brancas são apresentadas no diagrama ternário sílica-leucita-mulita da Figura 11.30. As faixas de composição de algumas louças brancas são indicadas pelas áreas circundadas. As mudanças ocorridas na estrutura de corpos triaxiais durante o cozimento ainda não foram com- pletamente explicadas devido a sua complexidade. A Tabela 11.6 é um resumo aproximado do que provavelmente ocorre durante o cozimento de um corpo de louça branca. A Figura 11.31 é uma micrografia eletrônica da microestrutura de uma porcelana de isolamento elé- trica. Conforme se observa nesta micrografia, a estrutura é bem heterogênea. Grandes grãos de quartzo são circundados por uma solução de contorno de vidro de sílica superior. Agulhas de mulita que cruzam os relictos de feldspato e as misturas refinadas de vidro-mulita estão presentes. Porcelanas triaxiais são isoladores satisfatórios para usos em frequências de 60 Hz, mas em altas frequências, as perdas dielétricas se tornam muito altas. As consideráveis quantidades de álcalis de- rivadas do feldspato, usadas como fluxo, aumentam a condutividade elétrica e as perdas dielétricas de porcelanas triaxiais. 11.5.2 cerâmicas de engenharia Em contraste com as cerâmicas tradicionais, que são principalmente constituídas de argila, as ce- râmicas técnicas ou de engenharia são principalmente compostos puros ou quase puros de óxidos, carbetos ou nitretos. Algumas das importantes cerâmicas de engenharia são a alumina (Al2O3), ni- treto de silício (Si3N4), carbeto de silício (SiC) e a zircônia (ZrO2), combinados com outros óxidos refratários. As temperaturas de fusão de algumas dessas cerâmicas estão listadas na Tabela 11.1, e as propriedades mecânicas de alguns desses materiais constam na Tabela 11.7. Uma breve descrição de algumas das propriedades, processos e aplicações de algumas cerâmicas importantes de engenharia são listadas na sequência. tabela 11.5 Algumas composições químicas triaxiais de louça branca. tipo do corpo argila chinesa argila ball Feldspato Sílex outros Porcelana dura 40 10 25 25 Louça de isolamento elétrico 27 14 26 33 Louça vítrea sanitária 30 20 34 18 Isolantes elétricos 23 25 34 18 Telha vítrea 26 30 32 12 Louça branca semivítrea 23 30 25 21 Ossos de china 25 ... 15 22 Cinzas de 38 ossos China hotel 31 10 22 35 2 CaCO3 Porcelana dentária 5 ... 95 Fonte: Extraído de W.D. Kingery, H.K Bowen, and D.R. Uhlmann, “Introduction to Ceramics”, 2. ed., Wiley, 1976, p. 532. 426 Fundamentos de Engenharia e Ciência dos Materiais y Sílica SiO21.713� 990� 1.100 1.140� 1.315� 1.600 Le uc ita 1. 20 0 Corundum Mulita 1. 60 0 1. 50 0 1. 40 0 1. 30 0 1.588� Feldspato Utensílios de porcelana Porcelana dentária Cristobalita Tridimita Feldspato potássico K2O�Al2O3�6SiO2 Leucita K2O�Al2O3�4SiO2 Mulita 3Al2O3�2SiO2 Metacaolina Al2O3�2SiO2 1.810� Isoladores elétricos Porcelana dura, semivitroso, cerâmica branca Telha vítrea, vaso sanitário Figura 11.30 Áreas das composições da louça branca triaxial mostradas do diagrama de equilíbrio de fase da sílica-leucita-mulita. (W.D. Kingery, H.K Bowen, and D.R. Uhlmann, “Introduction to Ceramics”, 2. ed., Wiley, 1976, p. 533.) tabela 11.6 História de vida de um corpo triaxial. temperatura (°C) reações Até 100 Perda da umidade 100 – 200 Remoção da água absorvida 450 Desidroxilação 500 Oxidação da matéria orgânica 573 Inversão do quartzo para a forma superior. Pequenos danos ao volume total 980 Formação de espinelas na argila; início do encolhimento 1.000 Formação da mutila primária 1.050 – 1.100 Vidro se forma do feldspato, mulita cresce, encolhimento continua 1.200 Mais vidro, mulita cresce, poros fechando, alguma solução de quartzo 1.250 60% de vidro, 21% mulita, 19% quartzo, poros ao mínimo Fonte: F. Norton, “Elements of Ceramics”, 2. ed., Addison-Wesley, 1974, p. 140. Capítulo 11 Cerâmica 427 Alumina (Al2O3) A alumina foi originalmente desenvolvida para tubulações refratárias e cadinhos de alta pureza sob altas tempera- turas, e atualmente possui uma utilização mais ampla. Um clássico exemplo da aplicação da alumina é no material do isolador de vela de ignição (Figura 11.24). Óxido de alumínio é geralmente poten- cializado com óxido de magnésio, prensado a frio e sinterizado, produzindo o tipo de microestrutura apresentado na Figura 11.32. Note a uniformidade da estrutura do grão de alumina quando com- parado a microestrutura da porcelana elétrica da Figura 11.31. A alumina é usada com frequência para aplicações elétricas de alta qualidade, nas quais se fazem necessárias a baixa perda dielétrica e a alta resistividade. Nitrito desilício (Si3N4) De todas as cerâmicas de engenharia, o nitreto de silício possui, provavelmente, a combinação de proprie- dades de engenharia mais útil. O Si3N4 se dissocia de forma signi- ficativa a temperaturas acima de 1.800 °C e, portanto, não pode ser diretamente sinterizado. O Si3N4 pode ser processado pela ligação de reação na qual um compacto de pó de silício é nitretizado em um fluxo de gás nitrogênio. Este processo produz um Si3N4 microporo- so com moderada resistência (Tabela 11.7). O Si3N4 mais resistente e não poroso é produzido pelo prensamento a quente com 1 a 5% de MgO. O Si3N4 tem sido explorado para o uso em peças de motores avançados (Figura 1.9a). Carbeto de silício (SiC) O carbeto de silício é um tipo de carbeto duro e refratário, com incrível resistência a oxidação a altas temperaturas. Apesar de não ser um óxido, o SiC a altas temperaturas forma uma camada protetora de SiO2 junto ao corpo principal. O SiC pode ser sinterizado a 2.100 °C com 0,5 a 1% de B como produto auxiliar da sinterização. O SiC é comumente usado como reforço fibroso para matrizes metálicas e cerâmicas de materiais compósitos. 5 m Figura 11.31 Micrografia eletrônica de um isolante elétrico de porcelana (gravados 10 s, 0 °C, 40% HF, réplica de sílica.) (S.T. Lundin, conforme mostrado em W.D. Kingery, H.K Bowen, and D.R. Uhlmann, “Introduction to Ceramics”, 2. ed., Wiley, 1976, p. 539.) Figura 11.32 Microestrutura do sinterizado, óxido de alumínio em pó potencializado com óxido de magnésio. A temperatura de sinterização foi de 1.700 °C. A microestrutura é quase livre de poros, contendo alguns somente entre os grãos. (Aumento de 500.) (Cortesia de C. Greskovich and K.W. Lay.) 428 Fundamentos de Engenharia e Ciência dos Materiais Zircônia (ZrO2) A zircônia pura é polimórfica e se transforma da estrutura tetragonal para monoclíni- ca a aproximados 1.170 °C, acompanhada de expansão volumétrica, estando sujeita, portanto, a fratura. Contudo, combinando ZrO2 com outros óxidos refratários como o CaO, MgO e Y2O3, a estrutura cúbica pode ser estabilizada a temperatura ambiente e utilizada em algumas aplicações. Combinando ZrO2 com 9% de MgO e usando tratamentos térmicos especiais, a zircônia parcialmente estabilizada pode ser produzida com alta resistência à fratura, o que levou a novas aplicações dessas cerâmicas. (Ver Seção 11.6 de resistência a fratura de cerâmicas para mais detalhes.) 11.6 PROPRiedAdes mecânicAs dAs ceRâmicAs 11.6.1 generalidades Enquanto classe de materiais, as cerâmicas são relativamente frágeis. A resistência à tração observada nas cerâmicas varia bastante, assumindo valores muito pequenos de menos de 100 psi (0,69 MPa) até aproximados 106 psi (7 × 10³ MPa) para cerâmicas rápidas como o Al2O3 preparadas sob condições cuidadosamente controladas. Contudo, mesmo como classe de materiais, poucas cerâmicas possuem resistência à tração acima de 25.000 psi (172 MPa). Materiais cerâmicos possuem também uma vasta diferença entre suas resistências à tração e compressão, sendo a resistência de compressão de 5 a 10 vezes maior que a resistência à tração, conforme a indicação na Tabela 11.7, para 99% dos materiais cerâmicos de Al2O3. Também, muitos materiais cerâmicos são duros e possuem baixa resistência a im- pacto devido a suas ligações covalente-iônicas. Apesar disso, há diversas exceções a estas observações gerais. Por exemplo, argila plastificada é um material cerâmico que é tenaz e deformável com facilidade devido às fracas forças ligantes secundárias entre as camadas de átomos fortemente unidos por ligações iônico-covalentes. 11.6.2 mecanismos para a deformação de materiais cerâmicos A falta de plasticidade em cerâmicas cristalinas se deve as suas ligações químicas iônicas e covalentes. Nos metais, o fluxo plástico ocorre principalmente pelo movimento das falhas em linha (discordâncias) na estrutura cristalina sobre planos cristalinos de escorregamento especiais (ver Seção 6.5). Nos metais, as discordâncias se movem sob relativa pequena tensão devido à natureza não direcional da ligação metálica e também porque os átomos envolvidos nesta ligação possuem cargas negativas distribuídas igualmente nas suas superfícies. Isto é, não há cargas negativas ou positivas envolvidas no processo de ligação metálica. tabela 11.7 Propriedades mecânicas de materiais cerâmicos de engenharia selecionados. Material densidade (g/cm³) resistência à compressão resistência à tração resistência à flexão resistência à fratura Mpa ksi Mpa ksi Mpa ksi Mpa ksi Al2O3 (99%) 3,85 2585 375 207 30 345 50 4 3,63 Si3N4 (prensado a quente) 3,19 3450 500 ... ... 690 100 6,6 5,99 Si3N4 (ligado por reação) 2,8 770 112 ... ... 255 37 3,6 3,27 SiC (sinterizado) 3,1 3860 560 170 25 550 80 4 2,63 ZrO2, 9% MgO (par- cialmente estabilizado) 5,5 1860 270 ... ... 690 100 8+ 7,26+ Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor Acompanhe no vídeo os tipos de materiais cerâmicos de alta vitrificação. Há dois tipos diferentes de cerâmica de alta vitrificação: o grés e a louça. A diferença básica entre eles na qualidade está na textura interna. Os materiais de louça são mais porosos no interior do que os grés. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/42ebcac23fc00446f9eb5e64559702bf Exercícios 1) Assinale a alternativa que contenha compostos cerâmicos com a mesma estrutura cristalina de cloreto de césio (CsCl). A) MgO. B) CaO. C) NiO. D) TlBr. E) NaCl. 2) , 2) Assinale a alternativa que contenha compostos cerâmicos com a mesma estrutura cristalina do cloreto de sódio (NaCl). A) FeO. B) AgMg. C) LiMg. D) AlNi. E) β-Cu-Zn. 3) , 3) O composto cerâmico CaTiO3 possui estrutura relacionada aos materiais piezoelétricos. Essa estrutura chama-se: A) Estrutura cristalina da perovskita. B) Estrutura cristalina da espinela. C) A estrutura cristalina da antifluorita. D) Estrutura cristalina do fluoreto de cálcio. E) Estrutura cristalina do NaCla. 4) , 4) O composto cerâmico a seguir possui qual estrutura cristalina? Assinale alternativa correta a respeito da estrutura cristalina do CaZrO3: A) Estrutura cristalina do fluoreto de cálcio. B) Estrutura cristalina da perovskita. C) Estrutura cristalina da blenda de sulfeto de zinco. D) Estrutura cristalina de cloreto de césio. E) Estrutura cristalina do cloreto de sódio. 5) , 5) Assinale a alternativa que contenha materiais de alta vitrificação: A) Louça feldspática. B) Adobe. C) Tijoleiras. D) Telha. E) Tijolo maciço. Na prática Conheça um pouco mais sobre o grés cerâmico. É um material de alta vitrificação, cujo produto final apresenta uma textura quase compacta. Esses materiais são construídos com argila fusível. O grés porcelanato é um dos produtos existentes no mercado que se destaca devido as suas propriedades físico-mecânicas que permitem que esse material possua ótimo desempenho e vida útil prolongada. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: FÁBRICA MANUFATTI - Cobogós e Revestimentos Artesanais Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Geração de energia com cerâmica de piezo - Aplicações Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Propriedades Superficiais de Peças de Grês Porcelanato: Influência de Diferentes Recobrimentos Protetores Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. NORMAS REVESTIMENTOS CERÂMICOS https://www.youtube.com/embed/81t6iCMmZM0?rel=0 https://www.youtube.com/embed/KL4PgSX1yVA?rel=0 http://www.ceramicaindustrial.org.br/pdf/v11n03/a01v11n3a390.pdf Aponte a câmerapara o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/revestimentos.asp#normas Materiais de construção Apresentação Materiais de construção são todos os corpos, objetos ou substâncias que são usados em qualquer obra de engenharia. Desde o início da civilização, os materiais são utilizados para facilitar a vida do ser humano. Na Pré-história, o sílex lascado era o principal material utilizado na confecção de objetos e ferramentas. Na sequência, o homem passou a produzir seus utensílios cotidianos a partir da pedra polida, evoluindo para aplicação de cerâmicas em materiais a partir da descoberta do fogo. Neste mesmo período, o que hoje conhecemos como compósito, o barro reforçado com madeira e palha possibilitava a construção de casas. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer os conceitos da ciência e engenharia de materiais aplicados a materiais de construção e reconhecer a importância destes materiais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar os pilares da ciência e engenharia de materiais aplicados a materiais de construção.• Definir materiais de construção civil.• Identificar os níveis de estudo/informações sobre os materiais.• Desafio Imagine que você seja o candidato à vaga de técnico em qualidade de uma empresa que fabrica telhas. Após a entrevista, você deve realizar um teste com a seguinte questão: Defina o material argila e a propriedade que permite que este material seja moldado em finas camadas sem que se rompa. Por que o material é vermelho? Infográfico Obras de engenharia civil são realizadas com a utilização de materiais de construção. O uso racional destes materiais, do ponto de vista técnico e econômico, exige o conhecimento adequado das suas propriedades e dos processos de fabricação ou de transformação. Só assim será possível selecionar, entre as variadas opções viáveis que existem atualmente, aquela que permita melhores desempenhos. Observe no infográfico as propriedades dos materiais de construção. Conteúdo do livro As tarefas do arquiteto e do engenheiro seriam de impossível realização sem o suporte de dezenas de agências reguladoras, associações comerciais, organizações profissionais e outros grupos que produzem e disseminam informações sobre materiais e métodos de construção. Alguns dos mais importantes serão discutidos nas seções do livro "Fundamentos de Estruturas de Philip Garrison". Comece seus estudos a partir do titulo Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria. Boa leitura. Albano, J.F. – Vias de transporte Allen, E.; Iano, J. – Fundamentos da engenharia de edificações: materiais e métodos, 5.ed. Beer, F.P. et al. – Estática e mecânica dos materiais Beer, F.P. et al. – Mecânica dos materiais, 7.ed. Cocian, L.F.E. – Introdução à engenharia Dym, C.L. et al. – Introdução à engenharia: uma abordagem baseada em projeto, 3.ed. Leet, K.M.; Uang, C.; Gilbert, A.M. – Fundamentos da análise estrutural, 3.ed. Najafi, M. – Tecnologia não destrutiva: planejamento, equipamentos e métodos Nash, W.A.; Potter, M.C. – Resistência dos materiais, 5.ed. Neville, A.M. – Propriedades do concreto, 5.ed. Neville, A.M.; Brooks, J.J. – Tecnologia do concreto, 2.ed. Peurifoy, R.L. et al. – Planejamento, equipamentos e métodos para construção civil, 8.ed. O projeto estrutural é parte fundamental de qualquer projeto mecânico ou de construção civil, seja de uma máquina, de um edifício ou de uma ponte. O cálculo estrutural envolve conceitos físicos e formulações matemáticas para definição da geometria e a análise da estabilidade e da resistência de uma estrutura. Fundamentos de Estruturas traz os conceitos essenciais da matéria em linguagem simples, clara, objetiva e ilustrativa para facilitar sua compreensão e sua aplicação. O leitor encontrará neste texto: conceitos estruturais explicados com o uso de analogias e de exemplos; conceitos matemáticos expressos com clareza e no contexto dos conceitos físicos envolvidos; exemplos e casos do mundo real para enfatizar a relevância do conteúdo apresentado. Leitura indicada para as disciplinas de Estruturas, Estruturas de Concreto e Alvenaria, Estruturas de Madeira, Estruturas Metálicas, Resistência dos Materiais, Estabilidade, Análise de Estruturas e afins ministradas nos cursos de engenharia civil, arquitetura, construção civile engenharia mecânica. Este livro contém apresentações em PowerPoint com todas as fotografias do livro a cores. Também está dis- ponível a solução (em inglês) de alguns dos problemas propostos. Os interessados nestes materiais podem acessar o , buscar pela página dosite loja.grupoa.com.br livro e clicar no ícone Conteúdo Online. D:\Trabalho\Bookman\03173 - GARRISON - Fundamentos de Estrutura - 3ed\Arquivo aberto\03173 - GARRISON_Fundamentos_Estruturas_3ed 20-06.cdr quinta-feira, 12 de julho de 2018 16:14:26 Perfil de cores: Desativado Composição Tela padrão G242f Garrison, Philip. Fundamentos de estruturas [recurso eletrônico] / Philip Garrison; tradução: Ronald Saraiva de Menezes; revisão técnica: Luttgardes de Oliveira Neto. – 3. ed. – Porto Alegre: Bookman, 2018. Editado como livro impresso em 2018. ISBN 978-85-8260-481-6 1. Engenharia civil. I. Título. CDU 624.01 Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147 Philip Garrison BSc, MBA, CEng, MICE, MIStructE, MCIHT, é engenheiro civil e estrutural credenciado e professor sênior de Design Estrutural do Departamento de Engenharia Civil da Leeds Beckett University. 21 Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria Introdução O foco principal deste livro são os fundamentos da análise estrutural. Até aqui, não prestamos muita atenção no material constituinte de uma viga, um pilar ou uma laje. Existem, é claro, mui- tos materiais disponíveis para usarmos, mas neste capítulo vamos examinar os quatro principais materiais estruturais, que são: concreto, aço, madeira e alvenaria. Tanto arquitetos quanto engenheiros têm que decidir já num estágio inicial qual material (ou combinação de materiais) usarão em um projeto específico. Mas é difícil tomar tal decisão se você não sabe nada sobre os diversos materiais. O propósito deste capítulo é discutir diferentes materiais disponíveis para o profissional da construção. Qual é o melhor material? Uma pergunta natural a essa altura é: qual é o melhor material? Bem, depende do que você quer dizer com “melhor”. “Melhor” significa mais resistente, mais rígido, mais barato, prontamente disponível ou mais atraente? Ou tudo isso? Ou talvez nada disso? Se pararmos para pensar, concluiremos que não existe um material de construção que seja o melhor em todos os aspectos. Se existisse, todas as estruturas de edificações no mundo seriam feitas exclusivamente deste material. Isso claramente não acontece. Quando observamos o mun- do à nossa volta, vemos edificações de tijolos ou de pedra, de madeira, com estruturas de aço ou de concreto armado. Em certas partes do mundo, vemos edificações construídas de gelo, lama ou bambu. Fica claro que há muitos materiais diferentes que podem ser utilizados em edificações e cada um tem suas vantagens e desvantagens. A analogia da chaleira elétrica Se você observar seu ambiente cotidiano, perceberá que objetos específicos tendem a ser feitos de certos materiais. Isso porque tais materiais são especialmente apropriados para certas apli- cações. Pneus de carro, por exemplo, são feitos de borracha, janelas são feitas de vidro e canetas geralmente são feitas de plástico. Sabemos também que certos materiais são flagrantemente inadequados para determinadas aplicações. Por exemplo: • lentes de contato jamais são feitas de aço • fuselagens de aviões jamais são construídas com tijolos • computadores jamais são feitos de concreto • radiadores jamais são feitos de plástico (embora talvez até pudessem ser) Garrison_21.indd 218Garrison_21.indd218 30/05/2018 17:46:0930/05/2018 17:46:09 Capítulo 21 • Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria 219 Vejamos o caso de uma chaleira elétrica como exemplo. Se você revisar as propriedades desejá- veis numa chaleira elétrica, talvez chegue a algumas ou a todas as seguintes conclusões: • Resistência: a chaleira elétrica deve ser forte o bastante para conter água e resistir à pressão do vapor em seu interior. Também deve ser resistente o bastante para não quebrar se alguém deixá-la cair numa superfície dura. • Propriedades termais: a chaleira elétrica deve ser capaz de resistir à temperatura da água em ebulição e não deve quebrar, derreter ou se deformar a tais temperaturas. Também deve ser capaz de suportar mudanças bruscas de temperatura se, por exemplo, água fria for derrama- da dentro de uma chaleira elétrica que recém continha água fervente. • Rigidez: a chaleira elétrica não deve se deformar devido à pressão da água ou do vapor. • Descarte: o que acontecerá com a chaleira elétrica no fim de sua vida útil? • Disponibilidade de materiais: os materiais devem estar prontamente disponíveis nas quanti- dades necessárias para a produção em massa de chaleiras elétricas. • Custos de fabricação: o processo fabril deve ser suavemente integrado, para que as chaleiras elétricas sejam produzidas ao menor custo possível. • Durabilidade: a chaleira elétrica não deve apodrecer, ser corroída ou se degradar de alguma outra forma com o uso. • Vedação: a chaleira elétrica deve ser à prova d’água. • Atratividade: a chaleira elétrica deve ter um visual suficientemente atraente para que as pes- soas desejem comprá-la. Um fabricante de chaleiras elétricas tem de encontrar um material que apresente todas as pro- priedades listadas. Até o fim dos anos 70, todas as chaleiras elétricas eram feitas de aço; então, fo- ram desenvolvidos plásticos capazes de suportar as altas temperaturas sem se deformarem. Hoje em dia, a maioria das chaleiras elétricas é feita de plástico, pois existem plásticos disponíveis que atendem a todos os requisitos recém citados e que são mais baratos do que o aço. Vejamos quais seriam as consequências de fabricar chaleiras elétricas usando outros materiais. • Uma chaleira elétrica de madeira é possivelmente mais cara de fabricar. Seria difícil obter uma vedação à prova d’água, e a madeira acabaria apodrecendo sob tamanha umidade e vapor, a menos que conservantes – que podem ser venenosos! – fossem usados. • Seria difícil (e, portanto, economicamente inviável) criar uma chaleira elétrica de concreto com as dimensões necessárias; caso contrário, ela seria pesada demais. Ademais, a superfície do concreto poderia acabar se dissolvendo na água em ebulição. • Uma chaleira elétrica de alvenaria seria impraticável pelos mesmos motivos que uma feita de concreto, com a formação de juntas à prova d’água representando um problema adicional. Então qual foi o motivo dessa conversa sobre as propriedades preferíveis numa chaleira elétrica? Bem, algumas das propriedades recém listadas, desejáveis na fabricação de chaleiras elétricas, também representam propriedades importantes dos materiais a serem usados em estruturas. Examinemos algumas delas detalhadamente. Fatores a serem considerados na seleção de materiais Disponibilidade Materiais de construção são usados em grandes quantidades e, portanto, precisam estar pronta- mente disponíveis. Pedras e argila são extraídas na maior parte do Reino Unido, por isso a alve- naria (uso de pedras, tijolos e blocos de concreto) é amplamente usada em construção doméstica. (Até os anos 60, por exemplo, todas as edificações na cidade escocesa de Aberdeen eram feitas de granito, que estava facilmente disponível numa jazida local). Em algumas partes do mundo, Garrison_21.indd 219Garrison_21.indd 219 30/05/2018 17:46:1130/05/2018 17:46:11 220 Fundamentos de Estruturas outros materiais localmente disponíveis são excelentes para construção. Além disso, a mão de obra local costuma estar familiarizada com o uso de materiais localmente disponíveis. Resistência Os materiais precisam ser resistentes o suficiente (sob tração e/ou compressão) para o seu pro- pósito-alvo. Claramente, alguns materiais são mais resistentes do que outros. A escolha de um material frágil demais para uma aplicação específica é um equívoco óbvio, mas a seleção de um material mais resistente do que o necessário também é indesejável. Rigidez Rigidez, ou dureza, não deve ser confundida com resistência: alguns materiais resistentes não são rígidos (como as cordas) e alguns materiais rígidos não são resistentes (como o vidro). Quan- to mais rígido um material, menos ele sofrerá deflexão. A rigidez de um material é proporcional ao valor do seu módulo de Young. (Para uma derivação do módulo de Young, veja o Capítulo 18.) Os valores típicos para o módulo de Young sendo considerados neste capítulo são os seguintes: • Aço: 210 kN/mm2 • Alumínio: 71 kN/mm2 • Concreto: 14 kN/mm2 • Madeira: 5 – 10 kN/mm2 Pode-se perceber, a partir desses valores, que o aço é de longe o mais rígido dentre os materiais estruturais comuns – para uma mesma seção transversal, o aço é três vezes mais rígido do que o alumínio, 15 vezes mais rígido do que o concreto e mais de 20 vezes mais rígido do que a madei- ra. Lembre-se, porém, que isso só vale para uma mesma seção transversal, então essas rigidezes relativas irão variar dependendo da seção transversal usada. Vimos no Capítulo 1 que a deflexão precisa ser controlada, mas é menos crítica em algumas aplicações do que em outras. Um material super-rígido, portanto, nem sempre é necessário ou mesmo desejável. Velocidade de construção Alguns tipos de construções podem ser erigidas mais depressa do que outras. Uma estrutu- ra reticular de aço pode ser completada em bem menos tempo do que uma de alvenaria. Mas velocidade de construção nem sempre é crucial, e às vezes uma perda em agilidade pode ser contrabalançada por custos menores. Para ilustrar, basta imaginar alguém lhe dizendo que uma edificação pode ser construída duas vezes mais rápido, só que pelo dobro do custo. Custo/economia Uma questão complexa. Arquitetos e engenheiros estão sempre procurando minimizar custos. Há um velho ditado que diz que um engenheiro pode fazer por um centavo aquilo que qualquer pessoa pode fazer por dois centavos. Precisamos levar em consideração o custo das matérias- -primas, o custo de conversão do material em sua forma utilizável, custos de transporte e custos associados à mão de obra. Capacidade de acomodar movimento Todas as edificações tendem a se mover. Alguns materiais são capazes de acomodar isso melhor do que outros. Construções de tijolos, por exemplo, conseguem suportar movimento melhor do que uma estrutura com pórtico de aço. Garrison_21.indd 220Garrison_21.indd 220 30/05/2018 17:46:1130/05/2018 17:46:11 Capítulo 21 • Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria 221 Durabilidade Com o passar do tempo, alguns materiais apodrecem, se decompõem, sofrem corrosão ou per- dem lascas, etc. Com certos materiais, isso acontece antes do que com outros; em outras palavras, alguns materiais são mais duráveis do que outros. Custos e programas de manutenção precisam ser levados em consideração. É notório, por exemplo, que a Ponte Ferroviária do Rio Forth, na Escócia, é repintada a cada 3 ou 5 anos a fim de controlar a corrosão da estrutura de aço. Descarte Nada dura para sempre. Que destino será dado à edificação ao final de sua vida útil? O material poderá ser reutilizado ou convertido em algo aproveitável? Quais são os custos associados a isso? Proteção contra incêndio Existe a lamentável possibilidade de que qualquer edificação venha a pegar fogo. Alguns mate- riais apresentam melhores propriedades anti-incêndio do que outros. Tamanho e natureza do local A localização de uma edificação pode influenciar a escolha de materiais. Problemas de engarra- famentos, exigências legaislocais e obstruções físicas podem limitar o porte das entregas ao local e quantas vezes ao dia elas podem ocorrer. Analisaremos agora cada um dos principais materiais estruturais individualmente. Como você verá, cada material tem suas vantagens e desvantagens. Concreto Concreto é fabricado misturando-se ingredientes – cimento, agregados miúdos (areia), agrega- dos graúdos (seixos e pedras britadas) e água – em proporções predeterminadas de uma maneira controlada para formar um fluido cinzento semelhante a mingau. Esse concreto fresco é trans- portado para o local onde se faz necessário e é derramado em “moldes” do formato e tamanho exigidos. Esses moldes, conhecidos como formas ou nichos, costumam ser feitos de madeira ou de aço. Reações químicas ocorrem no concreto, que levam ao assentamento, endurecimento e ganho em resistência ao longo de um período de semanas. A produção de concreto precisa ser cuidadosamente controlada. Em primeiro lugar, seus materiais constituintes de ocorrência natural são variáveis em qualidade. Em segundo, concreto fresco é suscetível a altas ou baixas temperaturas e precisa ser aplicado em seu destino o mais rápido possível antes da “pega” (ou seja, antes de seu endurecimento). Em terceiro lugar, um tra- tamento descuidado do concreto fresco – quando, por exemplo, ele é derramado de uma grande altura ou quando bate contra a forma – pode levar à segregação de seus constituintes, o que pode afetar a integridade do concreto acabado. O concreto é resistente sob compressão (usualmente 30 – 40 N/mm2), mas frágil sob tração (3 – 8 N/mm2). Como vimos no Capítulo 3, qualquer elemento estrutural f lexionado – como uma viga ou uma laje – experimenta tração; portanto, se um elemento for feito de concreto, ele precisa ser reforçado por barras de aço. Concreto com barras de aço é conhecido como concreto armado. Na prática, todo o concreto visto em estruturas é concreto armado. O concreto armado tem inúmeras vantagens: • Apresenta alta resistência à compressão. • É moldável em qualquer formato desejável. • Por ser moldável, pode ser usado para formar elementos estruturalmente contínuos. Garrison_21.indd 221Garrison_21.indd 221 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 222 Fundamentos de Estruturas • É durável: não sofre corrosão nem apodrece. • Apresenta boas propriedades anti-incêndio. • Também tem boas propriedades de isolamento térmico e acústico. • É relativamente barato de se produzir – embora sua colocação no local exija bastante mão de obra, o que aumenta os custos. • Pode ser usado em composição (isto é, dois materiais atuando em conjunto) com aço estrutural. • Pode ser amplamente usado em fundações, pilares, vigas, lajes, pontes, estradas e dormentes ferroviários. • É adequado para estruturas de pequenos vãos em edifícios altos ou baixos. • O concreto protendido – concreto no qual fios ou cabos protendidos são instalados – é mais resistente do que o concreto armado e, portanto, elementos mais longos e mais esbeltos po- dem ser obtidos. Por isso, o concreto protendido é adequado para grandes vãos e pórticos rígidos. Você lerá mais a respeito de protensão no Capítulo 25. • Elementos feitos de concreto (vigas, pilares, etc.) podem ser produzidos em fábricas para, só então, depois de endurecidos, serem transportados para um local de construção e erigidos na posição desejada. Tais elementos são chamados de pré-moldados. A construção mais usual com concreto, em que o material é derramado em formas ou nichos no local, é chamada de construção in situ. Contudo, as seguintes desvantagens do concreto armado também precisam ser levadas em con- sideração: • É pesado, tanto física quanto esteticamente. • Como indicado anteriormente, a construção usando concreto armado precisa ser cuidadosa- mente controlada e exige bastante mão de obra. É “bagunçada”, exigindo formas, armadura, colocação e compactação do concreto. • Depois de derramado, o concreto leva várias semanas para atingir a resistência necessária. Isso atrasa as atividades de construção subsequentes (a menos que o concreto seja pré-moldado). • Ainda que não sofra corrosão ou apodrecimento, o concreto pode sofrer outros problemas, como esboroamento, fissuras (levando a possível corrosão da armadura) e carbonação (rea- ção química com a atmosfera que causa deterioração). Alvenaria Tradicionalmente, o termo alvenaria remete à ocupação do alvenel (pedreiro). Nos tempos atuais, o termo costuma se aplicar às construções envolvendo tijolos e blocos cerâmicos ou de concreto. Tijolos e blocos (cerâmicos ou de concreto) vêm em pequenas unidades cuboides que podem ser erguidas manualmente. Eles são dispostos em fileiras por um pedreiro para formar paredes ou pilares. Argamassa é usada para “colar” as unidades individuais umas às outras e preencher as lacunas ou quaisquer irregularidades entre as unidades. As vantagens da alvenaria são as seguintes: • Possui grande resistência compressiva, tornando-a ideal para paredes, pilares e arcos, todos os quais encontram-se sob compressão pura. • É durável – nenhum acabamento é necessário. • É feito de matérias-primas facilmente encontradas a baixo custo. • Nenhuma planta complicada é necessária. • Apresenta uma aparência atraente. • Apresenta flexibilidade em termos de design – tijolos e blocos podem ser combinados para compor formatos complexos. • A alvenaria apresenta boas propriedades anti-incêndio e boas propriedades térmicas/acústicas. Garrison_21.indd 222Garrison_21.indd 222 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 Capítulo 21 • Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria 223 As desvantagens da alvenaria são as seguintes: • Possui baixíssima resistência à tração, o que significa que não pode ser usada para elementos que sofrem flexão, como vigas e lajes. • Comparada à madeira (o outro material usado para construção doméstica de poucos pavi- mentos), a alvenaria é pesada; portanto, amplas fundações são necessárias, e os custos de transporte são altos. • Gelo e ataque químico podem causar esboroamento em alvenaria. • Eflorescência – formações de salitre de má aparência (mas inofensivas) – podem ocorrer em alvenaria após um ciclo de umedecimento e secagem. Devido à sua durabilidade, edificações de alvenaria têm excelente potencial para novos aprovei- tamentos. A Figura 21.1 exibe uma igreja tradicional de pedra na cidade holandesa de Maastricht que atualmente desfruta de uma vida nova como uma livraria. Madeira A madeira é o único material estrutural que é usado em seu estado de ocorrência natural. O com- primento e a seção transversal de uma viga de madeira são limitados pela altura e pela espessura da árvore da qual ela é obtida. Vigas de madeira mais longas e de maior seção transversal podem ser obtidas fatiando-se a madeira em tábuas mais finas e colando-as entre si ao longo de seus comprimentos e em suas Figura 21.1 Uma igreja transformada em livraria. Garrison_21.indd 223Garrison_21.indd 223 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 224 Fundamentos de Estruturas extremidades, mas este é um processo caro raramente usado no Reino Unido. Isso é conhecido como madeira laminada colada (MLC). São dois os tipos de madeira disponíveis: 1. as folhosas (hardwood), obtidas de árvores decíduas (que perdem suas folhas); 2. as coníferas (softwood), obtidas de árvores perenes. As coníferas costumam ser usadas para propósitos estruturais. A madeira é um dos materiais mais antigos usados em edificação e apresenta as seguintes vantagens estruturais: • É leve, com uma alta razão resistência/peso. • É fácil de cortar e moldar. • Ao contrário do que seria de se esperar, comporta-se bem em caso de incêndio. • Apresenta boa durabilidade química. • Tem uma aparência agradável. • É relativamente barata. • Embora tenha pouca rigidez, é relativamente rígida considerando-se sua leveza. • É adequada para estruturas de edificações baixas que sustentam cargas pequenas ou mode- radas, para pórticosrígidos e para coberturas. Mas a madeira apresenta as seguintes desvantagens: • Devido à sua baixa resistência, seus vãos são limitados, assim como a altura de edificações de madeira. • É difícil formar junções em certas circunstâncias. • Como mencionado há pouco, o tamanho de uma peça de madeira está limitado ao tamanho da árvore da qual ela provém. • A madeira é suscetível a apodrecimento e degradação se não passar por manutenção ade- quada. Aço As peças estruturais de aço são fabricadas em perfis padronizados. Elas apresentam as seguintes vantagens: • Sua resistência é alta tanto sob tração quanto sob compressão (mas aço sob compressão pode ser um problema – veja logo adiante). • O aço apresenta uma alta razão resistência/peso. • Como os perfis de aço são produzidos em fábricas sob condições cuidadosamente aferidas, um alto controle de qualidade é garantido. • A aparência do aço é elegante, com elementos esbeltos, superfícies suaves e bordas retas e agudas. • Pré-fabricação é possível. • O aço apresenta alta rigidez. • O aço é um material econômico: uma pequena quantidade sustenta uma carga relativamente grande. • O aço é indicado para edifícios baixos/altos e estruturas de telhados com quaisquer vãos. O aço, porém, apresenta as seguintes desvantagens: • É pesado: são necessários guindastes para levantar elementos metálicos. • É um material de alto custo. • Apresenta um problema de durabilidade: sofre corrosão se não receber proteção e manutenção. Garrison_21.indd 224Garrison_21.indd 224 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 Capítulo 21 • Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria 225 • Apresenta baixa resistência a fogo; portanto, elementos estruturais metálicos precisam ser protegidos por outros materiais. • Devido aos perfis esbeltos usados em elementos metálicos, eles são propensos à f lambagem sob compressão. Este é um critério importante ao se projetar um elemento estrutural metálico. O Sage, na cidade de Gateshead, norte da Inglaterra, é uma casa de espetáculos que abrange três salas de concerto separadas, envelopadas por uma casca de aço e vidro que se curva em três di- mensões, o que exigiu a fabricação de elementos metálicos complexos. Seus críticos afirmam que o edifício ficou parecendo uma lesma gigante. Alumínio O alumínio raramente é usado como material estrutural, exceto em estruturas muito pequenas (como estufas). Suas principais propriedades são as seguintes: • Sua resistência é aproximadamente a mesma que a do aço-carbono (mild steel). • É mais rígido do que o concreto ou a madeira. • É menos rígido do que o aço, mas é mais leve. • Apresenta uma alta razão resistência/peso. • Mas é caro. Então como eu decido quais materiais usar em determinada edificação? A discussão a seguir diz respeito a construções no Reino Unido, embora parte dela também pos- sa se aplicar a outras partes do mundo. Estrutura com pórtico ou sem pórtico? A primeira decisão a ser tomada é se a estrutura terá ou não um pórtico. Em uma estrutura com pórtico, um “esqueleto” de vigas e pilares é usado para conduzir as cargas estruturais edifício Figura 21.2 Sage, Gateshead, Inglaterra. Garrison_21.indd 225Garrison_21.indd 225 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 226 Fundamentos de Estruturas abaixo, até suas fundações. O pórtico costuma ser feito de aço ou de concreto armado, mas em estruturas bem pequenas (geralmente de um único pavimento), ele pode ser feito de madeira ou de alumínio. O edifício acabado costuma apresentar também paredes externas e internas, mas elas não são estruturais e não sustentam outras cargas além de seu próprio peso. Em uma estrutura sem pórtico, as paredes sustentam cargas e costumam ser feitas de alvena- ria, mas também podem ser feitas de concreto armado. Exemplo 21.1 Imagine o seguinte cenário: Dependendo de sua especialização, você chefia ou um escritório de arquitetura ou uma agên- cia de consultoria em engenharia. Um dos seus clientes, uma incorporadora, propõe construir um edifício comercial em um local específico. As dimensões do prédio planejado ainda precisam ser concluídas, mas sabe-se que ele terá dois pavimentos, com área total de 60 m × 20 m. Depois de completado, o prédio será alugado ou para uma única empresa ou, com as subdivisões apro- priadas, para inúmeras empresas inquilinas de menor porte. Na primeira reunião com a equipe responsável pelo projeto, o cliente pede seu conselho so- bre a necessidade de ter ou não um pórtico estrutural. Escreva sua resposta, apresentando justi- ficativas completas para sua escolha. Após refletir sobre isso, sua resposta provavelmente seria de que uma estrutura com pórtico é a opção apropriada, pelos seguintes motivos: • Está claro que o uso do prédio não foi rigidamente definido. Trata-se de um edifício de escri- tórios, mas pode ser ocupado por várias empresas, e as empresas inquilinas podem crescer (e consequentemente precisar de mais espaço) ou encolher (exigindo menos espaço). Empresas inquilinas podem ir e vir com o passar do tempo. Sendo assim, o espaço disponível deve ser o mais flexível possível, a fim de acomodar as necessidades variáveis dos inquilinos. O melhor é que tal f lexibilidade não seja tolhida pela presença de paredes internas de sustentação de carga (paredes estruturais). • A ausência de paredes estruturais implica que haverá mais área útil. Embora esse aumento em área útil acabe sendo relativamente pequeno, será uma boa notícia para a incorporadora cliente, que estará ávida para espremer o máximo possível de metros quadrados locáveis dentro do prédio. • Se não houver paredes estruturais – que seriam feitas de concreto ou de alvenaria e, portan- to, relativamente pesadas – o edifício como um todo será mais leve. Essa leveza relativa im- plicaria na atuação de cargas menores sobre as fundações, o que, por sua vez, significaria que as fundações poderiam ser menos substanciais e, portanto, mais baratas. Seu cliente ficaria encantado com qualquer economia de custos que você pudesse lhe oferecer. • Estruturas com pórtico de aço ou de concreto armado podem ser erigidas em bem menos tempo que estruturas com cargas sustentadas por alvenaria. Isso novamente agradará seu cliente, que preferirá ver a estrutura concluída (e, assim, faturando com locações) o mais cedo possível – de preferência para ontem. No entanto, como ocorre com a maioria dos projetos no “mundo real”, as coisas não avançam assim, sem sobressaltos, e ocorre uma virada nesse enredo: Na segunda reunião com a equipe responsável pelo projeto, o seu cliente se mostra temeroso pela possível chegada de uma recessão que causará uma diminuição drástica na demanda por ocupação de escritórios. Ele vislumbra, porém, uma demanda crescente por acomodações hote- leiras de qualidade e, por isso, acabou substituindo o projeto do edifício de escritórios pelo pro- jeto de um hotel no mesmo local, o qual, quando concluído, será vendido para a rede hoteleira Dream Easy Inn. Devido a restrições de planejamento, a altura e as dimensões gerais do prédio continuarão as mesmas que antes. Garrison_21.indd 226Garrison_21.indd 226 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 Capítulo 21 • Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria 227 Seu cliente lhe pergunta se essa mudança de uso alteraria seu conselho anterior a respeito da estrutura do edifício. Qual é a sua resposta? Apresente motivos. Agora o esquema mudou totalmente. Ainda que o formato e o tamanho finais do prédio con- tinuem os mesmos que antes, ele será usado para um fim completamente diferente. As necessi- dades de uma rede hoteleira (e dos hóspedes, que pagam por suas acomodações) são vastamente diferentes das demandas de uma empresa inquilina de espaço para escritório (e dos funcionários que ela emprega). Por isso, o arquiteto e o engenheiro precisam repensar o projeto. Nesse caso, você pode muito bem decidir que a estrutura com pórtico não é apropriada, pelas seguintes razões:• Os hóspedes de um hotel querem ter uma boa noite de sono. Por isso, é importante que o quarto de hotel esteja na temperatura certa e seja silencioso – nenhum hóspede gosta de ser perturbado por barulho do quarto vizinho ou da rua. Altos níveis de isolamento térmico e acústico são, portanto, prioridades. Faz sentido usar paredes de alvenaria estrutural, pois, corretamente especificadas, elas proporcionam um nível adequado de isolamento térmico e acústico, além de formarem parte da estrutura do edifício. • Ao contrário do projeto envolvendo escritórios, nenhuma flexibilidade é necessária num prédio usado como hotel. É improvável que seu proprietário tenha a necessidade de alterar, no futuro, o tamanho dos quartos individuais ou a localização de determinadas paredes. • Mais uma vez, você deve levar em consideração as necessidades do seu cliente. Como ele ven- derá o prédio para uma rede hoteleira depois de concluída a obra, sua principal preocupação é que o edifício acabado seja uma aquisição atraente para tal operador. Seu cliente não está preocupado com o faturamento potencial do prédio no futuro. • Vale ressaltar que este é um edifício baixo (apenas dois andares). A decisão poderia ser dife- rente com um edifício alto, onde a eficiência de uma estrutura com pórtico acabaria suplan- tando outras considerações. Podemos extrapolar as lições que aprendemos a partir deste exemplo específico para casos gerais da seguinte forma: Características de estruturas com pórtico: • flexibilidade: apto a acomodar novos usos; • pequeno ganho de área útil; • mais leve, exigindo fundações menores (e consequentemente mais baratas); • mais rapidez na construção. Características de estruturas sem pórtico: • propriedades inerentes de isolamento térmico e acústico na alvenaria, tornando-se útil para hotéis ou prédios de apartamentos onde o isolamento é importante; • nenhuma flexibilidade no uso do prédio – mas isso talvez nem seja uma necessidade. A seguir temos uma lista dos materiais usados para constituintes estruturais específicos. Paredes • alvenaria (estruturas sem pórtico) • alvenaria, montante de madeira, painéis de alumínio (estruturas com pórtico) Pisos • vigotas de madeira sustentando tábuas corridas (uso doméstico: pequenas cargas, vãos curtos) • concreto armado in situ (uso industrial/comercial geral) • concreto pré-moldado (indicado para leiautes de piso regulares e repetitivos) • compósito: concreto in situ sobre chapas de aço onduladas (popular em edifícios oficiais) Garrison_21.indd 227Garrison_21.indd 227 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 228 Fundamentos de Estruturas Vigas • madeira (apenas para vão curtos) • concreto armado in situ (uso industrial/comercial geral) • concreto pré-moldado (incomum, a não ser protendido) • concreto protendido (indicado quando longos vãos são necessários) • aço Pilares • madeira (apenas para uso doméstico e construção de pequena escala) • concreto armado • aço Tesouras de telhado • treliça de madeira ou construção com caibros/terças (uso apenas doméstico) • treliça ou pórtico de aço (edifícios comerciais/industriais com vãos mais amplos) Fundações • concreto (geralmente armado, a não ser para construção doméstica) Garrison_21.indd 228Garrison_21.indd 228 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 Dica do professor O vídeo a seguir apresenta a você os principais materiais de construção utilizados para as diversas obras de engenharia civil, bem como suas principais caraterísticas e propriedades, fatores que interferem na escolha do material mais adequado para cada projeto. Não é possivel executar qualquer tipo de obra sem a utilização de algum tipo de material de construção, por isso, parte da qualidade de uma obra depende da qualidade dos materiais nela empregada. Assista ao vídeo! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/aab76d36900c65be8fbfc40ef1109b84 Exercícios 1) Não se caracteriza como um fator de escolha dos materiais de construção: A) Descarte de material B) Disponibilidade do material C) Durabilidade do material D) Resistência a tração e compressão E) Baixo custo do material 2) Qual a definição de dureza? A) A relação entre a massa do componente com o mesmo volume de agua destilada em temperatura específica. B) Resistência que o material oferece à penetração de um corpo duro. C) A relação entre massa e volume. D) O espaço que determinada quantidade de material ocupa. E) Propriedade do material de ocupar determinado lugar no espaço. 3) Qual a definição de peso? A) A relação entre a massa do componente com o mesmo volume de agua destilada em temperatura específica. B) Resistência que o material oferece à penetração de um corpo duro. C) A relação entre massa e volume. D) O espaço que determinada quantidade de material ocupa. E) É definido como a força com que a massa é atraída para o centro da Terra e varia de local para local. 4) Se colocarmos um tijolo na água, ele sairá molhado por ter a característica de absorver água. Tal característica ocorre em função de uma propriedade do tijolo. Que propriedade é essa? A) Maleabilidade. B) Porosidade. C) Desgaste. D) Ductilidade. E) Dureza. 5) A figura a seguir demonstra um dos esforços aos quais os materiais de construção estão constantemente submetidos. Trata-se de um esforço de: A) Tração. B) Compressão. C) Torção. D) Flexão. E) Cisalhamento. Na prática Você sabia que a denominação "cimento Portland" é genericamente utilizada até hoje e que não representa nenhuma marca comercial? O cimento atual é uma combinação química de cálcio, sílica, ferro e alumínio, que passa por complexos processos industriais. Esta receita básica é praticamente a mesma desde os tempos de Aspdin, mesmo havendo diferenças significativas em função das modernizações do processo e das matérias-primas utilizadas. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Ensaio de resistência à compressão de concreto - LABMATEC - UNIVASF. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Resistência à flexão de uma viga de concreto armado. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. BERNARDES, M. A globalização na indústria da construção. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Aula 01 - Conceitos Básicos - Propriedades dos Materiais https://www.youtube.com/embed/6TsqUeLjHA8?rel=0 https://www.youtube.com/embed/TNGviY-dh9c?rel=0 http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/178/a-globalizacao-na-industria-da-construcao-370382-1.aspx Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/Xhorz6goaG4