Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA NA IMPLANTAÇÃO DE GERADOR EM UM SUPERMERCADO LOCALIZADO EM CANDEIAS, REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR-BA. Caio Meira Bastos1 Thiago Assis dos Santos2 Orientadora: Vanessa Nascimento Monteiro 3 RESUMO Com o avanço populacional os comércios de pequeno e médio porte estão buscando soluções para suprir as suas necessidades energéticas em caso de falta ocasionadas por acidentes nas distribuidoras de energias. As soluções mais comuns são a utilização de geradores a diesel de stand by com acionamento automático para caso de desligamento total das redes ocasionada por acidentes, vandalismos ou manutenções programadas. Desta forma, o estudo foi elaborado em um supermercado localizado em Candeias, região metropolitana de Salvador-Ba, com o objetivo de mostra outro modelo mais viável para comércios que já tem uma instalação de um mini gerador de energia proveniente da incidência de luz solar nas placas. Nesse artigo mostraremos soluções simples ligadas em bancos de baterias para que seja utilizada em caso de falta de energia nas distribuidoras por um determinado tempo, seguindo os indicadores fornecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para que o estabelecimento esteja em funcionamento, possibilitando a comercialização dos produtos sem que haja perdas em seus faturamentos mensais, contribuindo com os lucros dos comércios. . Palavras chave: Geradores a diesel. Falta de energia. Perdas de energia. Energia solar. 1 INTRODUÇÃO Desde que o mundo conheceu a eletricidade, a humanidade segue num ciclo de desenvolvimento exponencial e com o consequente aumento da população, as cidades vêm construindo muitos empreendimentos que necessitam da energia 1 Bacharelando em Engenharia Elétrica pelo Centro Universitario Jorge Amado. E-mail:caiomeirabastos@gmail.com 2 Bacharelando em Engenharia Mecânica pelo Centro Universitario Jorge Amado. E-mail: thiagoassis1425@gmail.com 3 Professora orientadora Engenheira Química, Mestra em Química e Matemática. E-mail: vmonteiro1907@unijorge.pro.br 2 elétrica. Com a tendência de diminuição de um dos meios de combustíveis fósseis mais usados pela sociedade,o petróleo, as empresas tem buscado novos meios de geração de energias renováveis. De acordo com Motta (2021) “Além da falta de chuvas, o consumo de energia elétrica tem aumentado no país, impulsionado pela recuperação econômica.” Esses problemas vêm afetando as pequenas e médias empresas por não terem recursos profissionais e financeiros para investir em maneiras para manter uma reserva de energia, seja ela por banco de baterias ou por geradores a diesel. Essas faltas de energias fazem com que as mesmas tenham perdas em vendas impactando no seu faturamento anual e diminuindo seus lucros. Segundo Silva (2022), visando a melhoria do fornecimento de energia, a ANEEL criou uma metodologia de cálculos de indicadores como o DEC que representa a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora e o FEC que é a Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora, mas o grande desafio das distribuidoras é limitar os indicadores. É possível visualizar que os indicadores diminuiram, mas é um caminho muito lento. O DEC de 2011 a 2020 reduziu de 18,61 para 11,5 horas, ou seja, houve uma diminuição de 7 horas de interrupções no fornecimento de energia, segundo a ANEEL em seus balanços anuais de indicadores. As interrupções ocorrem com relativa frequência em intervalos curtos e as vezes bem maiores até a completa normalização, em especial, quando ocorre o rompimento dos cabeamentos dos postes, problemas em isoladores e transformadores, queima de fusíveis (canelas) etc. O problema se potencializada para os que dependem da venda de alimentos refrigerados, como os supermercados e atacados que comercializam perecíveis, bem como os hospitais, clínicas, home care, dentre outros. Como solução, são aderidos equipamentos de suporte, os conhecidos geradores à combustíveis e geradores à baterias. As redes de supermercados, indústrias e outros estabelecimentos com maior demanda, vem utilizando geradores de energia a diesel no horário de ponta, como forma de redução do custo com energia elétrica e, ao mesmo tempo, tem a opção de geração em caso de falta de energia, mitigando assim, o problema das interrupções de fornecimento. 3 Mesmo com todos os investimentos que a empresa de energia faz para melhorias em suas manutenções e operações, há fatores externos como de acidentes, sobrecargas atmosféricas e vandalismo que ajudam para um aumento dos indicadores A energia fotovoltaica também tem papel fundamental para a redução do custo com energia elétrica, seja nos estabelecimentos comerciais e nas residências tendo a vantagem de suprir a tendência pela opção crescente de geração através de fonte de energia renovável, sendo integrado a rede de distribuição, porém não suprindo a necessidade do fornecimento em caso de falta de energia. Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo apresentar um estudo de viabilidade econômica do sistema de suporte energético voltado a um supermercado localizado em Candeias, região metropolitana de Salvador-Ba, que já utiliza sistema fotovoltaico on-grid, que diminui os custos da geração de energia disponibilizado pela concessionária, mas não resolve o problema de falta de energia. Com isso, viu- se a possibilidade de adequar o sistema já existente para off-grid, que tem por princípio promover armazenamento de energia através do banco de baterias, ou se seria mais viável instalar um gerador à diesel. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Energia Solar é uma fonte de energia primária, que vem da irradiação solar. Tanto a luz quanto o calor dos raios do sol podem ser transformados em outros tipos de energia ou até mesmo combustíveis. Para isso, são utilizadas diversas tecnologias e uma dessas é a energia solar fotovoltaica. 2.1 SISTEMA FOTOVOLTAICO O sistema fotovoltaico é uma tecnologia que tem como objetivo gerar energia a partir da irradiação solar. Este feito só é possível graças a um grande fenômeno fisico chamado de efeito fotovoltaico (figura 1), que nada mais é que o surgimento de uma tensão elétrica em um material que seja semicondutor, como o silício, quando esta exposto a luz. 4 Figura 1 – representação do efeito fotovoltaico. Fonte: Intelbras Blog, 2023. De acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (2007), as tecnologias FV (fotovoltaica) usam semicondutores para converter fótons de luz diretamente em eletricidade. Com o passar dos anos comércios e industrias começaram a investir seu capital em módulos solar, pois, a mesma utiliza de uma fonte inesgotável para a terra: a luz solar. Desta forma, existe uma redução de custos em contas de energias com a sua própria geração. Após a resolução normativa ANEEL nº 482/2012, o crescimento de energia solar em micro e minigeração houve uma crescente, passando de 1GW em 2019 para 10GW em Março de 2022, onde criou a possibilidade de clientes terem o consumo próprio e ainda o excedente ser eventualmente fornecido para a rede de distribuição local, assim, atraindo grandes retornos financeiros. Os módulos fotovoltaicos podem ser associados em serie e/ou paralelo, com o propósito de manter a configuração necessária para uma qualidade de energia adequada para o funcionamento dos dispositivos sem que haja danos para os equipamentos elétricos. Esses módulos, em conjuntos, são chamados de arranjos. Normalmente são utilizados arranjos com 10 módulos em série, quando conectados na rede elétrica, que operam com tensões elevadas. Quando os módulos são conectados em série, a 5 tensãode saída corresponde a soma de tensões dos módulos e a corrente que circula é a mesma (figura 2). Figura 2 – Módulo fotovoltaico em série. Fonte: Renato Galbiatti Parminondi, 2018. Os sistemas de módulos em paralelos são mais comuns em sistemas autônomos, que operam em baixa tensão. A tensão fornecida de saída é a mesma que é fornecida por um modulo individual. Já a corrente é a soma do valor de cada módulo (figura 3). Figura 3 – Módulo fotovoltaico em paralelo. Fonte: Renato Galbiatti Parminondi, 2018. 6 Desta forma, o sistema fotovoltaico pode ser disposta de duas maneiras: on grig, quando esta conectado a uma rede pública de distribuição elétrica e off grid, quando opera de forma autônoma. 2.1.1 Energia solar on grid O sistema de energia solar on grid é o modelo que conecta rede geradora á rede de distribuição de energia da concessionaria, que, em caso de excesso de geração de acordo com o consumo do cliente, a concessionária utilizaria na rede comum de energia e liberaria um crédito para o cliente utilizar quando for necessário, ou quando a geração reduzisse por pouco incidência solar ou para abatimento em contas conforme o Artigo 14 do Decreto-lei nº 5.163, de 2004. Esse sistema é composto somente pela unidade geradora (placas solares), inversores para converter a corrente contínua (CC) em corrente alternada (CA) que é a utilizada pelas residências (figura 4). Figura 4 – Sistema on grid. Fonte: SEBRAE, 2020. O modelo on grid é o mais utilizado atualmente, pois esse modelo elimina a necessidade de ter baterias para o armazenamento de energia elétrica gerada em 7 excesso. Nesse modelo, a energia em excesso é mandada à concessionária, para ser consumida, obtendo assim uma redução nos custos e nas manutenções. Este sistema pode ser instalado em residências e empresas independente do tamanho. As principais vantagens desse sistema é a compensação da energia elétrica, que funciona da seguinte forma (figura 5): Figura 5 – vantagens do sistema on grid. Fonte: Itelbras Blog, 2023. Já a maior desvantagem desse modelo é que não há nenhum armazenamento de energia por parte do cliente, assim podendo obter uma falta de energia quando houver problemas na rede elétrica da concessionária Sendo assim, o sistema on grid é composto por: Módulos fotovoltaicos: placas solares responsáveis pela conversão da energia solar para a energia elétrica, também utilizado nos sistemas off grid. Inversor de frequência: assim como utilizado no off grid para conversão de energia, no sistema on grid também tem essa finalidade, já que a geração dos módulos solares é em corrente continua (CC) e a rede de distribuição em corrente alternada (CA), os inversores são colocados também para manter a geração na mesma frequência do sistema elétrico a ser conectado. Todo o inversor para ser instalado na rede elétrica 8 deverá seguir os requisitos mínimos de desempenhos e segurança dos sistemas e equipamentos para energia fotovoltaica de acordo com a portaria 004/2011 do INMETRO. Quadro de distribuição: o quadro de distribuição é responsável por direcionar a energia para os locais adequados, nele também são colocados os dispositivos de proteção (Disjuntores e DPS). Medidor bidirecional: o medidor bidirecional é utilizado para monitorar a energia elétrica consumida e a injetada na rede elétrica, sendo um instrumento de extrema necessidade para a instalação on grid. Nele é mostrado todos os valores em kWh (quilowatt-hora) e é feito a subtração dos dois valores para registrar se houve excesso de consumo ou excesso de injeção de energia na concessionária. Todos os medidores têm que ser certificado pelo INMETRO seguindo os requisitos técnicos da Portaria Inmetro nº. 431. 2.1.2 Energia solar off grid O sistema off grid é totalmente autônomo e um sistema com geração própria de energia com abastecimento por um banco de baterias, ou seja, não possui a necessidade de estar conectado à rede principal de fornecimento de energia, pelo fato de que, este banco de baterias entrará em funcionamento assim que o estabelecimento possua uma necessidade de geração de energia, como em dias nublados. O sistema off grid tem como principal característica o autossustento, que nada mais é que a capacidade de armazenar a energia solar em baterias para ser utilizada quando não existir produção.Como se trata de um sistema totalmente autônomo, o seu funcionamento acontece à parte da rede elétrica. Os aparelhos eletrônicos e domésticos são abastecidos de forma direta. Este sistema é uma boa opção para ser utilizado em locais remotos, pois se torna uma maneira mais econômica de gerar energia elétrica. Este sistema tem o funcionamento igual ao on grid e tem um aproveitamento em atividades como bombeamento de água eletrificação de cercas, iluminação, dentre outros. Com a capacidade de armazenamento da energia solar em baterias, pode ser utilizada até durante a noite. 9 A operação do off grid acontece com a mesma qualidade e padrão de captação de luz para converter de energia solar em energia elétrica, utilizando de equipamentos como painéis solares, inversor solar, controlador de carga e baterias (figura 6). Figura 6 – equipamentos utilizados no sistema off grid. Fonte: Ren Light Energy, 2019. Módulos fotovoltaicos: placas solares responsáveis pela conversão da energia solar para a energia elétrica, também utilizado nos sistemas on grid. Controladores de cargas: os controladores são utilizados para proteção das cargas utilizadas em correntes continuas (CC) e dos bancos de baterias contra sobrecargas. Esses controladores não poderão falhar em sistemas isolados, pois caso falhem os danos podem ser irreversíveis para as cargas. São também responsáveis por desconectar as baterias do sistema de geração quando atinge a plena carga. Esses controladores deverão ser projetados de acordo com a carga e com as baterias utilizadas no sistema. 10 Baterias: em um sistema de geração solar há grandes variações de geração por conta da quantidade de luminosidade no decorrer do dia, impactando na potência de geração dos módulos como forma de atenuar essas variações. São colocadas algumas formas de armazenar a energia com baterias conectadas no sistema. Atualmente há vários tipos de baterias, mas por motivos econômicos as mais usuais são as de chumbo e ácido. Inversor de frequência: assim como utilizados nos sistemas on grid, o inversor de frequência é responsável por transformar a corrente continua (CC) dos módulos em correntes alternadas (CA), a fim de ser utilizadas em equipamentos onde é necessário o seu tipo de uso. Sendo assim, existem diferentes vantagens entre um sistema off grid de pequeno e grande porte, onde o de pequeno porte é caracterizado por gerar energia em menor escala, porém ainda independente da energia elétrica convencional. Além disso pode haver diminuição do consumo de combustíveis fósseis, aumento da disponibilidade de energia e redução de custos. Já o sistema de grande porte possui uma menor dependência de combustíveis fósseis, diminuição de custos com transporte de combustíveis, menor índice de emissão de gás carbônico e redução de riscos de acidentes. Como todo sistema, o off grid possui desvantagens que devem ser consideradas como: custo mais elevado se comparado ao on grid, apresenta uma menor eficiência energetica e cousa impactos ao meio ambiente por depender de baterias. 2.1.3 Banco de baterias Segundo Cide (2012), as baterias armazenam energia elétrica em forma de energia química e são formadas por placas positivas e negativas mergulhadaem uma solução aquosa chamada de eletrólito (baterias ventiladas) ou mergulhadas em um gel pastoso (baterias seladas). Para Parfomak (2012) , baterias são dispositivos que transformam energia química diretamente em energia elétrica através de reações eletroquímicas de oxidação. Essa reação envolve uma transferência de elétrons de um material, 11 embora ser comum o uso do nome de “bateria” para essa unidade eletroquímica, a bateria é um conjunto de células ligadas diretamente em serie ou em paralelo a depender da necessidade de utilidade em níveis de potência e corrente. Os bancos de baterias (figura 7) são um conjunto de baterias afim de trazer maior armazenamento para o sistema, sendo utilizada em serie ou em paralelo. O dimensionamento para os bancos de baterias precisa-se de algumas informações, potência total do sistema que será utilizado e o tempo de utilização em horas que seguirá os índices calculados pela ANEEL. Figura 7 – tipo de banco de baterias. Fonte: Supplier, 2023. Uma conexão de baterias em série tem a tensão das duas baterias somadas mantendo a mesma taxa de corrente. Por exemplo, duas baterias de 12 volts unidas vão passar produzir 24 volts, possuindo uma capacidade total igual a 60 amperes. De acordo com Carlos (2020), para fazer a conexão das baterias em série, usa-se um fio jumper para conectar o terminal negativo da primeira bateria com o terminal positivo da segunda bateria. Usa-se um outro conjunto de cabos para unir os terminais positivos e negativos abertos à sua aplicação (figura 8). 12 Figura 8 – exemplo de ligação em série. Fonte: Aprendendo Elétrica, 2020. As baterias a serem conectadas precisam ter a mesma tensão e capacidade nominal corrente. Caso contrário, poderá ocasionar problemas no carregamento e diminuir a duração das baterias. De acordo com Carlos (2020), a conexão de baterias em pararelo aumenta a taxa de corrente, porém a tensão permanece a mesma. É importante notar que, devido o aumento da corrente das baterias, haverá a necessidade de um cabo com seção maior para suportar. Para unir as baterias em paralelo, é necessário utilizar um fio jumper para conectar os dois terminais positivos e os outros dois terminais negativos entre si, ou seja, negativo com negativo e positivo com positivo (figura 9). Figura 9 – exemplo de ligação em paralelo. Fonte: Aprendendo Elétrica, 2020. 13 2.1.3.1 Tipos de baterias No decorrer de um projeto de implantação de sistema fotovoltaico off grid, é muito importante escolher o tipo de bateria que irá formar o banco de bateria. As mais conhecidas são: Baterias chumbo-ácido: é um tipo de bateria utilizada para alimentar o sistema elétrico de motos, caminhões e carros. Possui baixo custo, transfere uma quantidade de corrente muito alta e tem vida útil longa. Funcionam muito bem também em baixas temperaturas, porém são pesadas, perigosas pelo fato do chumbo ser um material tóxico e não são adeptas a descargas muito longas por conta do fenômeno de salvatação. Baterias a gel: são baterias ao chumbo-ácido onde o eletrólito não é liquído e sim gelatinoso. São baterias sem manutanção, feitas para ciclos de descargas muito profundos, podendo durar três vezes mais do que as de chumbo-ácido, suportando um elevado ciclo de cargas e descargas. O custo é mais elevado, se comparado a bateria de chumbo-ácido e quando carregadas inadequadamente possuem uma vida útil pequena. Baterias AGM: são baterias compactas, imunes a curto circuito e são muito resistentes no que tange a solicitação mecânica. Podem ser dispostas em qulquer posição com vida útil de, em média, 10 anos. Não desestabilizam em altas temperaturas. São para correntes elevadas, baixa autodescarga e carregam com rápidez. Custam mais que as baterias a gel. 3 GERADORES
Compartilhar