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gestão de carreira de cargos de livre provimento

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O INGRESSO DO SERVIDOR EM CARGOS DE LIVRE INGRESSO
Conceitos, atuações e distribuição dos cargos
Em regra, como já vimos, o ingresso no serviço público se dá por concurso. Entretanto, existe a possibilidade de o gestor público nomear determinado profissional para ocupar um cargo público de livre provimento.
A Constituição Federal define que os cargos em comissão são de livre ingresso e exoneração no serviço público:
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração [...]
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento
BRASIL, 1988, II, V, grifos nossos
Precisamos pontuar a diferença dos termos funções de confiança e cargos em comissão.
Funções de confiança: As funções de confiança podem ser exercidas exclusivamente por servidores estatutários, ocupantes de cargos efetivos (servidores de carreira).
Cargos de comissão: Os cargos em comissão, por sua vez, podem ser ocupados por qualquer pessoa, servidor público ou não.
Atenção
Para o servidor que ocupa exclusivamente um cargo de confiança, aplica-se, diferentemente dos servidores efetivos, o regime geral da Previdência Social.
Atuações e distribuição dos cargos
Versaremos agora sobre as atividades que os servidores podem exercer na máquina pública.
Um cargo em comissão, por exemplo, é de livre nomeação e exoneração, ou seja, a Administração Pública é livre para nomear e exonerar qualquer pessoa para ocupá-lo, seja ela um servidor efetivo ou não.
Nos últimos anos, guiado pelo princípio da eficiência, diversas legislações se preocuparam em criar requisitos mínimos para o ingresso em cargos em comissão. Seu objetivo era tornar as nomeações mais profissionais e menos políticas, inclusive criando processos seletivos para elas.
Quanto à distribuição dos cargos, pensemos no exemplo da Administração Pública Federal. Ela apresenta seis níveis de cargos em comissão chamados de DAS (sigla de grupo-direção e assessoramento superiores).
O quadro a seguir contém a descrição de cada cargo e as atividades a serem exercidas na Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional:
	Código do cargo
	Atividade correspondente
	DAS 101.6
	Secretário de órgãos finalísticos, dirigentes de autarquias e fundações e subsecretários de órgãos da Presidência da República.
	DAS 101.5
	Chefe de gabinete de Ministro de Estado, diretor de departamento, consultor jurídico, secretário de controle interno e subsecretário de planejamento, orçamento e administração.
	DAS 101.4
	Coordenador-geral, chefe de gabinete de autarquias e fundações e chefe de assessoria de gabinete de Ministro de Estado.
	DAS 101.3
	Coordenador.
	DAS 101.2
	Chefe de divisão.
	DAS 101.1
	Chefe de seção e assistência intermediária.
Quadro: Descrição de cargos e atividades
Extraído de BRASIL, 2003.
Critérios gerais de ocupação
Observaremos alguns critérios estabelecidos a partir da publicação do Decreto nº 9.727, que criou requisitos para os ocupantes de cargo de comissão. Sua abrangência engloba desde um ocupante de tipo de cargo até um servidor efetivo que tenha uma Função Comissionada do Poder Executivo (FCPE):
	DAS OU FCPE
	Art. 2º São critérios gerais para a ocupação de DAS ou de FCPE:
	I - idoneidade moral e reputação ilibada;
	
	II – perfil profissional ou formação acadêmica compatível com o cargo ou a função para o qual tenha sido indicado; e
	
	III - não enquadramento nas hipóteses de inelegibilidade previstas no inciso I do caput do art. 1º da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.
Quadro: DAS ou FCPE
Extraído de BRASIL, 2019.
De acordo com o parágrafo único, os ocupantes de DAS ou de FCPE deverão informar prontamente a superveniência da restrição de que trata o inciso III do caput à autoridade responsável por sua nomeação ou designação.
	DAS E FCPE de níveis 2 e 3
	Art. 3º Além do disposto no art. 2º, os ocupantes de DAS ou de FCPE de níveis 2 e 3 atenderão, no mínimo, a um dos seguintes critérios específicos:
	I - possuir experiência profissional de, no mínimo, dois anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ou da entidade ou em áreas relacionadas às atribuições e às competências do cargo ou da função;
	
	II - ter ocupado cargo em comissão ou função de confiança em qualquer Poder, inclusive na Administração Pública indireta, de qualquer ente federativo por, no mínimo, um ano;
	
	III - possuir título de especialista, mestre ou doutor em área correlata às áreas de atuação do órgão ou da entidade ou em áreas relacionadas às atribuições do cargo ou da função;
	
	IV - ser servidor público ocupante de cargo efetivo de nível superior ou militar do círculo hierárquico de oficial ou oficial-general; ou
	
	V - ter concluído cursos de capacitação em escolas de governo em áreas correlatas ao cargo ou à função para o qual tenha sido indicado, com carga horária mínima acumulada de cento e vinte horas.
Quadro: DAS e FCPE de níveis 2 e 3.
Extraído de BRASIL, 2019.
	DAS e FCPE de nível 4
	Art. 4º Além do disposto no art. 2º, os ocupantes de DAS ou de FCPE de nível 4 atenderão, no mínimo, a um dos seguintes critérios específicos:
	I - possuir experiência profissional de, no mínimo, três anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ou da entidade ou em áreas relacionadas às atribuições e às competências do cargo ou da função;
	
	II - ter ocupado cargo em comissão ou função de confiança em qualquer Poder, inclusive na Administração Pública indireta, de qualquer ente federativo por, no mínimo, dois anos; ou
	
	III - possuir título de especialista, mestre ou doutor em área correlata às áreas de atuação do órgão ou da entidade ou em áreas relacionadas às atribuições do cargo ou da função.
Quadro: DAS e FCPE de nível 4.
Extraído de BRASIL, 2019.
	DAS e FCPE de níveis 5 e 6
	Art. 5º Além do disposto no art. 2º, os ocupantes de DAS e FCPE de níveis 5 e 6 atenderão, no mínimo, a um dos seguintes critérios específicos:
	I - possuir experiência profissional de, no mínimo, cinco anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ou da entidade ou em áreas relacionadas às atribuições e às competências do cargo ou da função;
	
	II - ter ocupado cargo em comissão ou função de confiança equivalente a DAS de nível 3 ou superior em qualquer Poder, inclusive na Administração Pública indireta, de qualquer ente federativo por, no mínimo, três anos; ou
	
	III - possuir título de mestre ou doutor em área correlata às áreas de atuação do órgão ou da entidade ou em áreas relacionadas às atribuições do cargo ou da função.
Quadro: DAS e FCPE de níveis 5 e 6.
Extraído de BRASIL, 2019.
O FCPE é uma função gratificada exclusiva para os servidores ocupantes de cargos efetivos que têm equivalência a um cargo comissionado.
Essa legislação teve como objetivo estimular fatores técnicos em detrimento dos políticos, ou seja, devem ser consideradas questões profissionais na escolha de alguém para ocupar um cargo em comissão na Administração Pública Federal. Podemos observar que, quanto maior o nível do DAS, mais exigências existem para se ocupar o cargo.
ATIVIDADE DE GESTÃO, CHEFIA E ASSESSORAMENTO
Direção, chefia e assessoramento
A direção trata-se da função administrativa responsável por lidar com pessoas. A principal função dela é colocar em prática o que foi planejado e organizado.
Depois que o planejamento for concluído, é na direção que serão geridos os recursos e as pessoas. Ao dirigir, é necessário saber influenciar corretamente sua equipe, já que o foco é atingir os objetivos propostos.
Uma pessoa na função de direção, portanto, deve saber liderar. Um servidor que ocupe um cargo de direção precisa se concentrar em motivar, liderar e saber se comunicarcom as pessoas para alcançar as metas propostas no planejamento. No serviço público, a função de direção é relacionada à alta cúpula dos órgãos.
Exemplo
Presidência e diretorias.
A função de chefia também é uma forma de direção no contexto da Administração Pública, estando vinculada a ela (direção) em níveis inferiores na estrutura.
Exemplo
Seções e divisões.
O ocupante de um cargo em comissão geralmente possui um conhecimento técnico na área de atuação, pois ela é a responsável por fazer a interface entre a governança da instituição e a área técnica.
Souza (2011, p. 4) define assessoramento como:
[...] uma atividade-meio que vem sendo cada vez mais difundida no mundo do trabalho. Esse serviço é prestado por empresa especializada em assessoria, com uma equipe multiprofissional, ou por um assessor independente. Em ambos os casos, é necessário que o assessor possua grande qualificação profissional e expressiva experiência nos assuntos envolvidos, conhecimento técnico e habilidade para orientar e estimular as ações a serem desenvolvidas.
SOUZA, 2011, p. 4
Em relação às instituições públicas, podemos destacar a tese de Goerck e Viccar (2004). Para os dois autores, a assessoria é a realização de um serviço de prestação de serviço a um órgão, podendo ser realizado individualmente ou de forma interdisciplinar.
Um assessor tem, portanto, a função de staff. Isso significa que ele opera como uma “consultoria” ao tomador de decisão, devendo aconselhar e fundamentar as possibilidades e as justificativas para uma correta decisão administrativa.
Conheça as áreas nos quais esse profissional pode atuar:
Clique nas informações a seguir.
Jurídica
Imprensa
Administrativo
Técnica
A grande vantagem do cargo comissionado para a Administração Pública é poder admitir um profissional com base em critérios mais subjetivos.
Exemplo
Entrevista e análise do currículo.
Esse processo é mais rápido e flexível que o de um concurso público. Entretanto, o ocupante de cargo em comissão não tem um plano de carreira. Dessa forma, muitas vezes, ocorre uma rotatividade, pois não existe um desenvolvimento profissional como o de um servidor efetivo.
REFLEXÃO SOBRE OS CARGOS COMISSIONADOS
Várias questões podem ser debatidas ao falarmos de cargos comissionados no serviço público.
Pensemos na questão política e profissional.
Esse debate é bem interessante. Como o cargo comissionado é de livre nomeação e exoneração, ele não exige um processo seletivo. Assim, desde que cumpridos os requisitos mínimos, qualquer pessoa pode exercê-lo.
Do ponto de vista empresarial, é importante que o gestor público tenha a facilidade de “contratar” um profissional capaz de contribuir para uma necessidade específica da instituição de forma ágil e flexível. Afinal, um processo de concurso público pode demorar anos para ser autorizado. Como falamos anteriormente, ele não consegue analisar características importantes no âmbito profissional.
Veja um exemplo:
Um prefeito necessita de um gerente de projetos com experiência em liderança, pois ele chefiará dez engenheiros na construção de uma ponte em sua cidade. Essa construção é de caráter emergencial, já que está deixando um bairro isolado do resto da cidade.
Essa equipe é formada por engenheiros que, trabalhando há muito tempo na Secretaria de Obras municipal, estão desmotivados em seus postos de trabalho.
Se o prefeito optar por fazer um concurso, além de ter de cumprir uma série de exigências (o que demanda tempo), poderá contratar um profissional com pouca experiência em trabalhar no serviço público, necessitando de um período maior para se adaptar à cultura organizacional da prefeitura.
Contudo, se resolver contratar alguém para um cargo comissionado, ele poderá entrevistar candidatos e analisar de forma criteriosa as características necessárias (que não se restringem aos conhecimentos técnicos e acadêmicos) para a função. Nesse sentido, tal processo é rápido e menos burocrático.
Ponte em construção.
Podemos observar, assim, que a contratação de profissionais para ocupar cargos de liderança é importante no contexto público. Afinal, o gestor deve alocar pessoas em quem confia e que possuam uma forma de trabalhar alinhada com as suas diretrizes, pois seu objetivo é conseguir cumprir as metas estabelecidas, fazendo a instituição atingir sua função na sociedade.
Atenção
Em geral, a Administração Pública tem de ser composta, em sua maioria, por servidores efetivos. No entanto, o cargo comissionado tem extrema relevância nela.
O que acontece em algumas instituições são disfunções em relação à nomeação de servidores comissionados, pois, algumas vezes, são usados critérios que transcendem a esfera profissional.
Exemplo
Influência do aspecto político.
Como esse cargo é de livre nomeação e exoneração, alguns gestores públicos se voltam apenas para questões políticas e particulares, escolhendo profissionais com formação e experiência incompatíveis com o cargo que ocupa. Tal medida é uma disfunção da finalidade da política de cargos comissionados.
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