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Falas importantes da Tutora Lilian do Valle Se a filosofia é essencial para a educação, não é porque ela antecipa todas as respostas que devem ser encontradas, é justamente por quê E quando ela se faz compromisso de interrogação permanente, e é desta forma que ela é prática de emancipação, que ela é terreno de luta pela autonomia. As concepções filosóficas da educação ainda interessam é porque ela nos ajudam a descortinar franjas enormes daquilo que ainda não se pensou daquilo que ainda não interrogamos em nossa atividade cotidiana. É numa luta permanente contra a tendência à acomodação do pensamento, contra assintomática preferência pelas respostas, ao invés de perguntas. Eis porque conceder filosoficamente a educação é, antes de mais nada, entendê-la como terreno de permanente questionamento, de interrogação aberta. É assim que a filosofia investe a educação, e não oferece um menu de concepções a ser escolhidas com o nosso prato feito educacional. Pretendemos demonstrar que, dada a natureza desse objeto, qualquer definição da filosofia da educação e de suas exigências só podem nascer da interrogação da própria prática da educação, e dos sentidos que para elas são praticamente produzidos. Em particular a elucidação filosófica da natureza prático-poiética da Educação com 2 A reflexão filosófica a consagrar um lugar central a uma dimensão que apenas subsidiariamente interessa e ciências: a criação e a autocriação necessariamente envolvidas na educação. nesse sentido a tarefa da filosofia da educação se define também como luta contra a tendência de reduzir a educação a mero campo de aplicação de teorias ou de técnicas. A filosofia é, assim, esse compromisso com a interrogação que não quer se fechar, e é dessa forma que ela é prática de emancipação, que ela é terreno de luta pela autonomia. Porém, no caso do humano, nunca é possível dizer inteiramente o que é, nunca se poderá prever totalmente seu comportamento, pela simples razão que o modo de ser do homem, sua existência, toma a forma de autocriação incessante. Por isso não há, para ele, um conhecimento preciso e infalível. Não se pode dizer o que o homem será ao nascer, nem ao menos aquilo em que se tornará, a partir daí. Sempre haverá, entre a legítima necessidade de compreender o humano e a realidade, uma enorme fenda, e esta fenda se chama criação. Por isso, a educação é um enigma. Autonomia --> liberdade --> criação humana --> (O humano cria, e sua primeira criação é a si próprio. Historicamente, essa evidência - de que "o modo de ser" próprio da espécie humana é a criação - foi e vem sendo sistematicamente ocultada. A isso (Castoriadis) chama de heteronomia : a alienação individual e coletiva. uma sociedade heteronoma tende a produzir indivíduos que desconhecem e alienam esse poder criador em si mesmo. Isso se reflete Na tentativa de controle no campo educacional, equivocada noção de que o processo educativo pode ser inteiramente explicado e seus resultados preditos pelas teorias, conquistados pela rigorosa aplicação dos métodos, concretizadas no recurso sistemático as teorias. e dessa forma na ausência da Autonomia social individual a educação fica reduzida ao que não é: ao espaço de mera aplicação de teorias e de procedimentos pensados a priori. Como essas teorias e procedimentos não são postos em questão, disso resulta a resistência ao controle sobre a qual falávamos vai ser interpretada como erro, vai ser explicada pela identificação de culpados: de um lado, o aluno - que é rebelde, que é indisciplinado, que é incapaz... De outro, o professor - que é incompetente, que falha em sua tarefa. Na educação, o projeto de autonomia depende da atualização de um poder poder ser. Explique-se: este «poder poder» ser significa que não há um conteúdo objetivo para definir como o humano é determinado desde o nascimento, não há uma virtude específica, uma predisposição particular que definam o que o humano é ao nascer. Esse modo de conceber a educação, que entende sua tarefa como a de simples atualização de germens, das «potencialidades» que estão presentes em cada indivíduo é, sem dúvida, muito corrente em educação. É com base nessa concepção que, desde Aristóteles, considerou-se que os mestres deviam «avaliar» o potencial de seus discípulos, para determinar aqueles que deveriam ser objeto de maior ou de menor investimento e atenção educacionais. Além de altamente perigosa, pelos preconceitos e injustiças que acaba por legitimar, esta posição apóia-se em uma falsa antropologia. Se ela fosse consistente, o humano nada criaria, apenas teria a opção de desenvolver, ou não, talentos rigidamente determinados por sua disposição natural. Mas são muitas as evidências de que a natureza humana é infinitamente mais rica, e deve ser definida como possibilidade de criar suas próprias possibilidades como ser. A esse poder, chamamos, justamente, criação. Uma vez que, por envolver seres humanos, cada situação educativa é única, o educador, por mais que apoiado nas teorias, nos métodos e técnicas que tem a seu dispor, está sempre diante desse grande enigma, de uma interrogação que não lhe cabe desvendar, nem responder, porque esta interrogação refere-se ao ser do outro, à sua liberdade. [10:27, 2/9/2018] lcontarini: A auto-alteração dos indivíduos, que a educação ajuda a provocar e de que deve tornar cada aluno consciente, nunca é, em suma, o resultado da aplicação de uma teoria, «produto» de um fazer técnico. Mas cabe à educação cuidar para que o aluno tome consciência de sua autonomia; de que ele não está, apesar das aparências, inteiramente condicionado pelas determinações sociais, biológicas, históricas e educacionais. Da mesma forma, analisando as condições educacionais colocadas em ação, pode-se até avaliar mais ou menos objetivamente o que o aluno aprendeu, mas jamais se poderá prever aquilo que fará, ou explicar aquilo no que se tornou como resultado direto de uma ação educativa objetivada. No entanto, elucidar aquilo que somos, ou aquilo em que nos tornamos é perceber que o que somos não resulta de uma fatalidade, mas sempre, também, de uma escolha, de uma deliberação. A elucidação é a tomada de consciência de que o papel de cada um, diante de si mesmo e diante da sociedade, nunca é passivo, é a tomada de consciência de seu poder criador. Como conjunto de construções teóricas com pretensões explicativas, a educação dá forçosamente lugar a um conhecimento que é sempre, como diz Castoriadis, fragmentário, incompleto, provisório. Como prática de atuação, a educação é uma recriação constante dos procedimentos, dos métodos, do modo como nos relacionamos com as técnicas pedagógicas e instrucionais, mas é também o terreno em que se operam essas e outras deliberações mais importantes, que não podem ser garantidas ou determinadas a priori, legitimadas pela autoridade teórica ou técnica. Elucidar o que é e o que se pensa que deve ser a educação é concebê-la filosoficamente. A filosofia tem esse papel importante, e ineliminável, em toda educação que se quer emancipadora: tal como a teoria, ela não fornece à prática educacional garantias, ela não pode justificar nem antecipadamente nem posteriormente as nossas ações, ela não pode se substituir à iniciativa que é sempre a do professor; mas ela é o instrumento pelo qual se pode ganhar consciência da liberdade, da necessidade de deliberação frente à questão: «o que penso que deve ser a educação?» Ela permite tomar consciência e prestar contas daquilo que se faz de si mesmo mim e de sua prática e, desta forma, permite participar de modo sempre próprio e específico da construção coletiva do sentido da educação. A filosofia é instrumento para elucidação dos sentidos que a educação veio adquirindo e adquire em cada contexto social e histórico particular, e ela permite identificartodas estas questões como essenciais para a prática da educação. E, assim, fica claro que a concepção filosófica da educação é uma tarefa de auto-reflexão individual e coletiva, e que seu objeto parte e tem como fim a emancipação humana e, portanto, a construção de uma sociedade democrática. O momento do cativo é momento de liberdade e construção de autonomia. a função emancipadora da educação deve ser de possibilitar que o indivíduo passe a ser adotado pela reflexão, de tomar consciência de seu poder de deliberar. Deliberar é uma atividade criadora que cabe ao educador. A filosofia é o instrumento questionador que permite ao educador refletir e deliberar, de forma fundamentada, sobre a prática pedagógica, afim de uma educação que leva o indivíduo a autonomia e emancipação. AP1 filosofia da educação 1-discuta a afirmação de Antonio gramsci de que "somos todos filósofos"a partir dos argumentos apresentados no texto 1 sobre a definição filosófica da Educação. 2-"atitude de interrogação a que Visa a filosofia fundamenta-se, não não poder de uma racionalidade humana e impessoal, mas na convicção do Poder da criação humana que, decerto, se manifesta na cultura que nos procede e que supera os limites de nossas experiências, mas que também se manifesta em nossa própria existência" (texto 2) Explique o excerto acima relacionando ao compromisso da filosofia com a formação humana. https://www.passeidireto.com/arquivo/16896519/filosofia-da-educacao----pedagogia-uerj-cederj- material-completo Filosofia da Educação Ao compreender Castoriadis e sua atividade filosófica como a concretização de um compromisso de interrogação ilimitada sobre o que se é e se vive no espaço socialhistórico, para fundamentar ação consciente e deliberada do humano, ela reafirma sua coerência com a definição que ele apresenta de filosofia: “[…] compromisso com a totalidade do pensável” (p. 17), que se expressa na “[…] atitude de levar a sério a convicção que fez nascer a filosofia: a de que tudo o que vivemos e concebemos pode e deve ser objeto de nossa interrogação.” (VALLE, 2008, p. 495-496). Uma delas remete à própria definição do que é Filosofia e sua finalidade: “[…] compromisso com a totalidade do pensável” (CASTORIADIS, 1999, p. 17), “[…] para salvar nosso pensamento e nossa coerência” (idem, p. 15). A encarnação dessa definição torna objeto de interrogação tudo o que se vive e se concebe, para a construção refletida, consciente e deliberada de sentidos do mundo coletivo e individual. Tal concepção traz implícito que a filosofia é uma disposição que não é pura, nem espontânea, mas que deve ser criada pelo nomos e pela paidéia e preservada continuamente. Portanto, embora não encarnada por todos, nem todos filosofam e interrogam-se, ela existe como possibilidade. Ela não é também, disposição/atribuição específica dos experts, produtores de teoria, que refletem sobre os outros e sua prática e não sobre si próprio. Assim, a filosofia da educação é compromisso de interrogação incessante para a construção da autonomia. AP1 filosofia da educação 1-discuta a afirmação de Antonio gramsci de que "somos todos filósofos"a partir dos argumentos apresentados no texto 1 sobre a definição filosófica da Educação. «Todos somos filósofos», diz Gramsci. No entanto, temos de distinguir o "filósofo" que todos somos, que ocasionalmente filosofa espontaneamente, do filósofo que sabe do ofício, o filósofo intencional, que concebe uma visão do mundo e da vida, que incessantemente persegue a busca de fundamentos para as suas ideias, princípios e concepções, que toma posição crítica sobre tudo o que ocorre. Enfim, o filósofo é o profissional que luta contra os preconceitos, o que está estabelecido, os dogmatismos e cepticismos, o laxismo e o facilitismo, procurando elucidar, por meio da reflexão, todos estes estados de espírito. A Filosofia não é, portanto, uma amálgama de teses sem relação, um conjunto de ideias desarticuladas. A Filosofia é um estado de alma, um produto da inteligência humana. Se a Filosofia é um estado da alma humana, o filósofo é aquele que se bate pela autonomia da razão; é aquele que, pela reflexão crítica, esclarece o seu pensamento e toma posição perante o mundo e a vida, procurando incessantemente o caminho da verdade. (António A. B. Pinela, Horizontes da Filosofia ). Todo homem é filósofo "É preciso destruir o preconceito, muito difundido, de que a filosofia é algo muito difícil pelo fato de ser a atividade intelectual própria de uma determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos profissionais e sistemáticos. É preciso, portanto, demonstrar preliminarmente que todos os homens são "filósofos", definindo os limites e as características desta "filosofia espontânea", peculiar a "todo o mundo", isto é, da filosofia que está contida: 1) na própria linguagem, que é um conjunto de noções e de conceitos determinados e não, simplesmente, de palavras gramaticalmente vazias de conteúdo; 2) no senso comum e no bom senso; 3) na religião popular e, consequentemente, em todo o sistema de crenças, superstições, opiniões, modos de ver e de agir que se manifestam naquilo que geralmente se conhece por "folclore". Após demonstrar que todos são filósofos, ainda que a seu modo, inconscientemente -já que, até mesmo na mais simples manifestação de uma atividade intelectual qualquer, na "linguagem", está contida uma determinada concepção do mundo-, passa-se ao segundo momento, ao momento da crítica e da consciência, ou seja, ao seguinte problema: é preferível "pensar" sem disto ter consciência crítica, de uma maneira desagregada e ocasional, isto é, "participar" de uma concepção do mundo "imposta" mecanicamente pelo ambiente exterior, ou seja, por um dos muitos grupos sociais nos quais todos estão automaticamente envolvidos desde sua entrada no mundo consciente (e que pode ser a própria aldeia ou a província, pode se originar na paróquia e na "atividade intelectual" do vigário ou do velho patriarca, cuja "sabedoria" dita leis, na mulher que herdou a sabedoria das bruxas ou no pequeno intelectual avinagrado pela própria estupide… Reflexão Filosófica : Todos somos Filósofos? " Todos somos Filósofos"! Esta é uma afirmação do Pensador Antonio Gramsci. Eu penso que somos filósofos quando buscamos o conhecimento, o desejo e a vontade de adquirir novos horizontes, amante da sabedoria, aquele que nunca está contente ou satisfeito com o que está pronto. É aquela pessoa que busca sempre o conhecimento, é um aprendiz em seu aprendizado. A palavra FILOSOFIA é atribuída ao pensador e matemático grego Pitágoras de Samos, do século VI a.C., sendo assim a palavra Filosofia é grega. Ela é composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos sábio. Assim a palavra FILOSOFIA tem o sentido etimológico de "Amor à sabedoria". Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim, filosofia indica um estado de espírito, da pessoa que ama, isto é, que deseja o conhecimento, a estima, a procura e a respeita. Comumente gosto de enfatizar que a FILOSOFIA não é uma matéria ou disciplina, mas sim uma atividade. Para que você compreenda melhor, quando você estuda biologia, matemática, física, letras, etc., isto sim é uma disciplina . Já a Filosofia não é estudo de alguma coisa específica, mas sim uma forma de pensar e de estudar toda e qualquer coisa que se queira. Todos nós raciocinamos sobre a vida e sobre o que há no mundo e em nossa volta. Não somos obrigados saber tudo e nem precisamos, porém, não devemos ignorar novos conhecimentos, não devemosestar a mercê de pessoas que pensem por nós. Renné Descartes, filósofo e matemático francêsdisse: Cogito ergo sum; penso, logo existo. Desta afirmação cartesiana podemos extrair esta importante consequência: o pensamento (consciência) é algo mais certo do que a própria matéria corporal. Note que é a partir do "penso" que ele conclui "logo existo". Todos nós temos algo que jamais alguém poderá aprisionar, a liberdade de pensar, desta forma carregamos este trunfo onde podemos sonhar, formular ideias, percorrer caminhos perigosos, alimentar esperanças, em fim, temos livre-arbítrio. Quando Gramsci diz que todo homem é filósofo, ele quer dizer que cada um é ao seu modo de ser, e concordo plenamente, uma vez que a filosofia não é meramente para aqueles que se encontram absortos em livros, devemos ver que a FILOSOFIA é uma atividade e por isso todo aquele que pensa e busca o desejo do conhecimento verdadeiro é um filósofo. (Jaime Pavanelli) Filosofia da Educação - perguntas: 2-"A atitude de interrogação a que visa a filosofia fundamenta-se, não no poder de uma racionalidade humana e impessoal, mas na convicção do poder da criação humana que, decerto, se manifesta na cultura que nos procede e que supera os limites de nossas experiências, mas que também se manifesta em nossa própria existência" (texto 2) Explique o excerto acima relacionando ao compromisso da filosofia com a formação humana. É importante perguntar: como avaliar as circunstâncias? Que critérios definem o que é benéfico ou maléfico para a humanização do humano? O que é mesmo um bom humano? O que é formação humana boa? A pergunta inicial se amplia: não apenas o que é formação humana, mas o que é formação humana boa. Isto remete à questão antropológica básica: o que é o humano? Trabalhar filosoficamente esta questão é uma das principais contribuições da Filosofia para a Educação. A principal pergunta é a que diz respeito ao ser humano e ao significado de sua existência. (...) de um ponto de vista mais fundante, pode-se dizer que cabe à filosofia da educação a construção de uma imagem do homem. (...) Trata-se do esforço com vista ao delineamento do sentido mais concreto da existência humana. (...) Como tal, a filosofia da educação constitui-se como antropologia filosófica. (SEVERINO, 1994, p. 21). Não uma antropologia abstrata, mas “uma antropologia filosófica capaz de apreender o homem existindo sob mediações histórico-sociais, sendo visto então como ser eminentemente histórico e social” (idem, 1994, p. 21). A partir destas ideias Severino diz, também, da formação humana, ao responder à pergunta: “O que vem a ser essa formação? ” (2002, p. 185). Sua resposta; “Nós nos formamos quando nós nos damos conta do sentido de nossa existência, quando tomamos consciência do que viemos fazer no planeta, do porquê vivemos” (idem, p. 185). Tomada de consciência que é a dimensão subjetiva que exige o desenvolvimento de sensibilidades que a constituem: as sensibilidades epistêmica, ética, estética e aos valores políticos (consciência social). Pois, é nisso que a formação humana faz diferença em relação aos dados naturais, por certo, imprescindíveis, mas não suficientes para a constituição humana. A vivência subjetiva não se dá descolada das circunstâncias históricosociais. No humano não há dissociação do biológico e do cultural e nem do que é individual e do que é social. O humano é formado na complexidade destas relações. “A educação não é apenas um processo institucional e instrucional, seu lado visível, mas fundamentalmente um investimento formativo do humano, seja na particularidade da relação pedagógica pessoal, seja no âmbito da relação social coletiva” (SEVERINO, 2006, p. 2). Neste investimento a filosofia tem um papel importante, pois, a formação humana não se dá sem a contribuição da formação filosófica: “É por tudo isso que não pode haver educação, verdadeiramente formativa, sem a participação, sem o exercício e o cultivo da filosofia em todos os momentos da formação das pessoas… Filosofia = atividade de reflexão Se, todavia, a filosofia tem um papel central na formação dos educadores e dos pesquisadores em educação é porque a natureza do fazer educativo impõe à teoria ser muito mais do que uma série de belos desenvolvimentos, e mais também do que um corpo coerente de explicações previamente organizado. Diante dos enigmas que a existência humana e social colocam para a educação, qualquer teoria fracassará, se não for acompanhada de um contínuo questionamento, se não for vivificada pela constante reflexão. E, para isso, a filosofia pode certamente ajudar: pois de seu passado ela pode nos oferecer não somente conceitos e teorias, mas igualmente as interrogações de que se originaram. E, de fato, a filosofia dizia Cornelius Castoriadis, é compromisso com a totalidade do pensável. Não apenas, portanto, com a totalidade daquilo que já foi pensado mas, sobretudo, com tudo que ainda há para pensar. Filosofia da Educação - perguntas: 2-"A atitude de interrogação a que visa a filosofia fundamenta-se, não no poder de uma racionalidade humana e impessoal, mas na convicção do poder da criação humana que, decerto, se manifesta na cultura que nos procede e que supera os limites de nossas experiências, mas que também se manifesta em nossa própria existência" (texto 2) Explique o excerto acima relacionando ao compromisso da filosofia com a formação humana. Para resposta ver texto 2 - pg.3 A atitude de interrogação a que visa a filosofia se fundamenta não no poder de uma racionalidade humana impessoal, mas na convicção do poder da criação humana, que decerto se manifesta na cultura que nos precede e que supera os limites de nossas experiências, mas que também se manifesta em nossa própria existência. Logo, essa atitude implica uma responsabilidade para consigo mesmo, para com seu meio, sua época, sua espécie; e implica, igualmente, a capacidade de manter sob constante exame crítico suas próprias limitações. Em outros termos, essa atitude só se justifica por um projeto de autonomia que sempre começa pelo questionamento do mito de uma razão controladora e todo-poderosa cujas «teorias», ao invés de liberar nossa reflexão e criatividade, nos tornam mais alheios a nosso próprio pensamento, mais conformados com o instituído, imobilizados. A filosofia é, assim, esse compromisso com a interrogação que não quer se fechar, e é dessa forma que ela é prática de emancipação, que ela é terreno de luta pela autonomia. Assim, se a «concepção filosófica da educação» nos interessa é porque, remetendo àquilo que foi um dia pensado, ela nos ajuda a descortinar franjas enormes daquilo que ainda não pensamos, daquilo que ainda não nos interrogamos em nossa atividade cotidiana. É numa luta permanente contra nossa tendência à acomodação, nossa preferência pelas respostas, ao invés de perguntas, contra nosso desejo de reconforto – de que as verdades acabadas se alimentam, que o pensamento tenta se fazer. É isso que as grandes páginas da filosofia nos ajudam a perceber, nos ensinam. Eis como conceber filosoficamente a educação pode significar entendê-la como terreno de permanente questionamento, de interrogação aberta. E é assim que a filosofia pode colocar se a serviço da educação e da valorização do professor – mas não oferecendo uma espécie de «menu» de concepções a serem escolhidas para compor nosso prato feito educacional Questões da FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: Leia os excertos abaixo - retirados dos textos trabalhados no decorrer do curso e escolha dois deles para desenvolver ao máximo as ideias principais e as possíveis reflexões que as mesmas engendram (não se esqueça de identificar na argumentação quais foram os textosescolhidos). Escreva no mínimo 20 linhas. 1 - Ora, da insistência - anteriormente metafísica e, científica - na identificação de fontes legítimas para a explicação, o controle e a predição do sentido humano e social resulta incapacidade de lidar com o que não pode ser inteiramente determinado, definido de antemão, resulta também a tendência querer eliminar totalmente do horizonte de nossas preocupações o processo pelo qual o homem cria, continuar mente, social e coletivamente, as determinações para o seu modo de existência individual e coletiva. (Texto 1 - Por uma definição filosófica da educação) 2 - O conhecimento escolar não é produzido na Escola, mas isso não quer dizer que a Escola não produza saber: ela decerto produz, por meio da reflexão e das deliberações que a prática requer do professor, um saber prático, o «saber-fazer» da Escola. Não faria sentido se fosse diferente: uma Escola que veiculasse um saber inteiramente produzido em seu próprio interior seria uma instituição fechada sobre si mesma, que não poderia ter por finalidade senão sua perpetuação, e não a construção da sociedade – uma espécie de gueto, uma espécie de seita. É, portanto, importante frisar a natureza social dos conhecimentos escolares: uma das mais primordiais finalidades do modelo em que se baseia a educação escolar atual, a Escola pública, sempre foi justamente a de fazer com que todos participassem de uma mesma cultura – condição e exigência da vida comum. (Texto 3 - O Conhecimento Escolar). 3 - Em seu anonimato cotidiano, o professor precisa, urgentemente, descobrir que suas questões não são extemporâneas, nem isoladas; que seu fracasso talvez não seja o seu, mas de um modelo que ignorou a força da liberdade humana. Ao anônimo professor, jamais foi dada a possibilidade dessa simples interrogação, tão antiga quanto a filosofia: sobre o que posso intervir, qual é o espaço para a deliberação social e individual? (Texto 6 - O Papel da Filosofia da Educação - elucidação e crítica) Paulo Freire: Não sou apenas objeto da História, mas seu sujeito igualmente. No mundo da História, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar. [...] Constatando, nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes do que simplesmente a de nos adaptar a ela. (FREIRE, 2009, p. 77, grifos do autor). O que se quer com o trabalho educativo? Ajudar crianças e jovens apenas a constatarem o que ocorre e os conhecimentos já sabidos relativos ao que ocorre? Não cabe, ao ajudá-los a constatarem o que aí está e os conhecimentos já sabidos, incentivá-los, também, a pensar o que pode ainda faltar na realidade, a pensar o que mais se poderia saber além do já sabido, a buscar saber sobre o que não está bem no mundo no qual entraram e no qual viverão? Não cabe fazer uma educação que, além da busca da conservação do “antigo bom”, incentive a busca pelo que falta, a busca pelo “novo bom”, pela boa inovação e quiçá pela necessária revolução? Um bom e necessário caminho inovador deve ser o do desenvolvimento da consciência crítica. O que fazer, ou o que se pode fazer no tocante à imperiosa necessidade de desenvolvimento de consciências críticas e autocríticas?
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