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Professora Luana Signorelli 
Aula 00: LITERATURA PARA ENEM 2020 
 
 
Aula 00 – Literatura e Artes: Noções Gerais 
www.estrategiavestibulares.com.br 
 
 
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Sumário 
 Apresentação.........................................................................................................................4 
Quem Sou Eu? .............................................................................................................................................. 4 
Quem Somos Nós? ....................................................................................................................................... 4 
Metodologia ................................................................................................................................................. 5 
Plano de Aulas .............................................................................................................................................. 7 
Estatísticas da Sua Banca ........................................................................................................................... 8 
1. Conceitos Fundamentais ............................................................................................................ 10 
1.1. História e Função da Literatura e das Artes: Expressão e Formação Sentimental .................... 10 
 1.1.1. Aplicação desse Primeiro Eixo: O Contexto ............................................................................. 11 
 1.2.1. Contexto: Questão Social .......................................................................................................... 12 
 1.2.2. Contexto : Escola Literária ........................................................................................................ 13 
 1.2.3. Contexto: Movimentos Artísticos em Geral ............................................................................ 15 
1.3. Segundo Eixo Temático: Os valores Morais e o Sentimento ........................................................ 17 
1.4. Terceiro Eixo: Interpretação ............................................................................................................. 17 
2. História da Literatura: As Belles Lettres (as belas letras) ...................................................... 18 
2.1. O Eixo da Forma ................................................................................................................................. 19 
3. Intertextualidade na Elaboração de Questões ....................................................................... 20 
3.1. Intertextualidade como Recurso Estilístico ..................................................................................... 22 
4. Gêneros Literários no Vestibular .............................................................................................. 23 
4.1. Características da Poesia .................................................................................................................. 24 
4.2 Elementos Básicos de Poesia ............................................................................................................. 25 
4.3 Poesia Clássica versus Poesia Moderna .......................................................................................... 28 
4.3. Características da Prosa .................................................................................................................... 30 
 4.3.1. O Narrador .................................................................................................................................. 30 
 4.3.2 Características da Prosa Moderna ............................................................................................ 31 
5. Interpretação de Obra de Arte .................................................................................................. 32 
6. Questões sem Comentários ....................................................................................................... 34 
7. Gabarito ........................................................................................................................................ 49 
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8. Questões com Comentários ...................................................................................................... 49 
9. Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 68 
9.1. Referências das imagens do quadro de Movimentos Literários .................................................. 68 
10. Considerações Finais ................................................................................................................. 69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Apresentação 
Quem Sou Eu? 
Olá, prezados vestibulandos. 
 Como diz Liév Tolstói: “qualquer que seja ou venha 
a o ser o nosso destino, somos nós que o fazemos”. 
Então, vamos tomar as rédeas de nossas vidas, a fim de 
construirmos juntos o seu sonho rumo à aprovação no 
vestibular. Eu garanto que vocês terão todo o apoio de 
que necessitam. 
O meu nome é Luana. Sou Mestra em Literatura 
e Práticas Sociais pela Universidade de Brasília (UnB) e 
Doutoranda em Teoria e História Literária pela 
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Tenho 9 
anos de experiência com revisão e padronização textual 
e 9 anos em cursinho pré-vestibular, tendo passado por 
instituições conhecidas e renomadas. 
O Estratégia Vestibulares está focado nos seus projetos. Somos um perfil de profissionais 
determinados e focados no resultado. O nosso lema é o seguinte: 
 
O segredo do sucesso é a constância no objetivo. 
 
Não iremos sossegar enquanto não conquistarmos a sua aprovação. 
 
Quem Somos Nós? 
 
Eu trabalho em conjunto com a minha equipe de Língua Portuguesa, a professora Celina Gil 
e o professor Fernando Andrade. 
Meu nome é Fernando Andrade. Sou Bacharel em Letras 
Português/Alemão e Bacharel e licenciado em Filosofia, ambos 
obtidos na Universidade de São Paulo (USP). Além disso, sou 
Mestre em Teoria Literária pela mesma instituição. Atualmente, 
sou Professor de Literatura Portuguesa em Curso de Graduação. 
Tenho mais de 20 anos dedicados ao magistério, sendo 15 no 
tablado de algum curso pré-vestibular. 
 
 
 
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gerais. O candidato que quer se dar bem nessa prova, precisa ter um bom nível de vocabulário e 
capacidade de interpretação, que veremos em nosso material. 
As questões, em geral misturam notícias jornalísticas, trechos de obras literárias, quadrinhos, 
imagens, letras de música, poemas, diálogos, entre outros. 
Em anos anteriores, o Enem trouxe questões que demandam atenção a detalhes nas 
entrelinhas de cada tipologia textual e um vocabulário mais amplo. 
O Ministério da Educação está mais interessado em saber qual é, de fato, a capacidade dos 
estudantes em ler e interpretar os textos em todas as disciplinas e assim, todos os conteúdos 
explorados estarão, em cada parte da sua prova, contextualizados. 
 Vejam como a disciplina de Língua Portuguesa costuma cair na prova do ENEM. 
 
Fonte: Elabore Provas (2019). 
 
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1 – Conceitos Fundamentais 
 Parase preparar para literatura, é importante que você entenda a lógica dessa área do 
conhecimento, pois isso pode ajudá-lo a prever o que será pedido no Vestibular. Nesse primeiro 
momento, vamos discutir o sentido de Literatura. 
 
1.1 – História e Função da Literatura e das Artes: Expressão e Formação 
Sentimental 
 
Qual a função da arte? Aparentemente nenhuma, dado que não produz nada que garanta a 
sobrevivência física do ser humano. Por outro lado, não se pode desvincular o homem da produção 
artística. Até mesmo hoje, numa sociedade profundamente marcada pelo valor monetário que 
reduz tudo a número, a representação através de música, pintura, vídeos, frases de impacto etc 
constituiu um dos filões mais rentáveis do sistema. 
 No momento do surgimento do homem, ele já surgiu produzindo representações de sua 
própria existência. É como se a vida fosse insuportável se ele não pudesse apreciá-la e condensá-la 
em imagens cheias de sentido e significado. Posto que a imagem vinha carregada de sentido, ela 
surge junto com os rituais mágicos inspirando cuidados, terror e reverência. 
No Paleolítico superior, os homens primitivos faziam desenhos de animais como se 
quisessem, a partir da imagem, evocar espíritos que pudessem determinar uma boa caçada. A partir 
da imagem que eles produziram, é possível entender a dinâmica da vida deles e sentir em nós 
próprios aquilo que há de humano em nós: o desejo de proteção, a admiração diante de um mundo 
hostil, a capacidade de extrair beleza daquilo que é efêmero etc. 
Isso é o que chamamos expressão. Grandes artistas conseguem expressar 
medos, vontades e desejos de suas épocas tanto nas artes visuais quanto na 
Literatura. O movimento contrário também é interessante. A partir da interpretação 
dessas obras, é possível perceber a forma de viver desses nossos ancestrais e manter 
vivo o canal de compreensão com aquilo que nos formou. Até o Renascimento, Arte e Religião 
caminharão lado a lado. Naquele momento, o campo artístico começa a se tornar independente. 
Contudo, a compreensão e o sentido da arte só será melhor avaliado no Iluminismo. 
O valor que damos a esse campo do mundo humano foi forjado dentro daquele movimento 
filosófico. Os Iluministas perceberam que o desenvolvimento da racionalidade científica deixava 
cada vez menos espaço para a religião. E qual era o problema disso? Ora, a religião sempre foi um 
guia ético e existencial importante para os homens. 
A fé nunca renegou os sentimentos e as angústias humanas, sempre deixou espaço para esse 
lado interior do homem que poderia ser discutido publicamente. O medo da morte, a frustração em 
não se conseguir alcançar um alvo, as desgraças que se abatem sobre os seres humanos, todos esses 
temas eram discutidos nos púlpitos das Igrejas. Isso tudo acontecia sob o signo da certeza 
proporcionada pela fé. 
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 Essa interpretação do texto e até do mundo só se concretiza com um conhecimento da época 
na qual o texto foi escrito e, nesse ponto, podemos destacar uma outra função da Literatura: ela 
estabelece um elo entre você e sua tradição cultural da qual vocês são herdeiros. 
 Nesse ponto, já podemos definir alguns tipos de questão. 
 
 
1.2.1 – Contexto: Questão Social 
 Trata-se de um tipo de questão bem comum no ENEM. Nesse caso, muitas vezes, a questão 
acaba tendo um caráter multidisciplinar, em que se observa uma mistura entre Literatura e História. 
 
 (ENEM/2018) 
O trabalho não era penoso: colar rótulos, meter vidros em caixas, etiquetá-las, selá-las, 
envolvê-las em papel celofane, branco, verde, azul, conforme o produto, separá-las em 
dúzias... Era fastidioso. Para passar mais rapidamente as oito horas havia o remédio: conversar. 
Era proibido, mas quem ia atrás de proibições? O patrão vinha? Vinha o encarregado do 
serviço? Calavam o bico, aplicavam-se ao trabalho. Mal viravam as costas, voltavam a 
taramelar. As mãos não paravam, as línguas não paravam. Nessas conversas intermináveis, de 
linguagem solta e assuntos crus, Leniza se completou. Isabela, Afonsina, Idália, Jurete, 
Deolinda – foram mestras. O mundo acabou de se desvendar. Leniza perdeu o tom ingênuo 
que ainda podia ter. Ganhou um jogar de corpo que convida, um quebrar de olhos que promete 
tudo, à toa, gratuitamente. Modificou-se o timbre de sua voz. Ficou mais quente. A própria 
inteligência se transformou. Tornou-se mais aguda, mais trepidante. 
REBELO, M. A estrela sobe. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. 
 
O romance, de 1939, traz à cena tipos e situações que espelham o Rio de Janeiro daquela 
década. No fragmento, o narrador delineia esse contexto centrado no 
a) julgamento da mulher fora do espaço doméstico. 
b) relato sobre as condições de trabalho no Estado Novo. 
c) destaque a grupos populares na condição de protagonistas. 
d) processo de inclusão do palavrão nos hábitos de linguagem. 
e) vínculo entre as transformações urbanas e os papéis femininos. 
Questões que 
pedem para
reconhecer as relações sociais e as ideias filosóficas por 
trás de um diálogo, enredo ou expressão artística
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 Bravo, corujinha sagaz! Na verdade, a interpretação de texto é uma habilidade que depende 
também do objeto a ser interpretado. Antes de cursar Computação, por exemplo, se você for ler 
um texto técnico de Computação não vai absorver mais que 20% por cento do conteúdo, pois não 
domina os conceitos básicos e nem está acostumado a lê-los. Ou seja, um curso de Computação 
não apenas lhe dá a técnica necessária para exercer a profissão, mas também o vocabulário próprio 
para entender o que se diz na área. O mesmo acontece em Literatura. 
 A interpretação de textos literários depende também do hábito de lê-los, ou seja, é 
importante que você entre em contato com textos desse tipo nessa parte de Literatura. A título de 
exemplo, segue uma questão que tinha como base um fragmento de São Bernardo, cuja resolução 
dependia de uma leitura atenta do texto, mas que poderia ser auxiliada pela habilidade prévia de 
leitura de textos literários e filosóficos. 
 
 
2 – História da Literatura: As Belles Lettres (as belas letras) 
 Nesse ponto, você que já compreendeu esse caráter de formação sentimental deve estar 
questionando: ora, e por que considerar só esses textos difíceis e não outras obras? Afinal, uma 
série da Netflix também apresenta ideias e faz com 
que experimentemos sentimentos ambíguos diante 
de uma realidade ficcional problemática muito 
próxima da que vivemos. 
 Aqui entra um outro componente importante 
da história da Literatura. Quando os Iluministas 
revalorizaram as artes em geral e a Literatura em 
particular, eles fizeram isso sobre uma tradição que 
vinha da Antiguidade. 
Em Roma, as artes da oratória e da poesia 
eram consideradas como o meio para se conseguir a 
imortalidade da memória. Os belos discursos ou as mais engenhosas poesias poderiam enaltecer os 
homens pela grandeza moral e política e, em contrapartida, tornavam os poetas imortais também. 
 A arte poética era vista a partir da beleza da construção linguística, do uso de figuras de 
linguagem, da estrutura não usual de inversões frasais etc. Nesse sentido, outro traço vem se juntar 
ao já estudado: o tema ou o sentimento deve ser expresso numa linguagem não usual, através de 
criação de significados e do manejo individual dos recursos fônicos, sintáticos, semânticos para a 
criação de novas formas de expressão. 
 
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A poesia é um conteúdo lírico e emotivo escrito em versos. Para entender melhor o que é 
poesia, devemos enquadrá-la dentro do gênero lírico. 
 
4.2 – Elementos Básicos de Poesia 
O metro é a medida do verso. O estudo dos metros se chama metrificação ou escansão. A 
escansão é a contagem dos sons e dos versos. 
 
 
A contagem das sílabas métricas não coincide com as sílabas gramaticais. 
 
A regra principal é que se contam as sílabas ou sons até a tônica (mais forte) da última palavra 
de um verso. A sucessão do som das sílabas tônicas é o que confere ritmo ao texto poético. Exemplo: 
Tal a chuva 
• Poemas que falam sobre os sentimentos e estados de espírito, direcionados
diretamente ao leitor.
• As emoções e opiniões do eu lírico são bastante evidentes e o seu conteúdo
particularmente subjetivo e poético.
GÊNERO LÍRICO
• Geralmente, é objetivo e pode ser escrito em verso ou prosa.
• Verso: canção de gesta; balada; epopeia ou poema épico; poema burlesco.
• Prosa: romance, novela, conto, crônica, anedota, fábula, parábola.
• Poemas em que são narrados grandes feitos heroicos, reais ou mitológicos.
• Os relatos são grandiosos e extensos, contando com muitas estrofes.
• Ilíada e Odisseia (Homero), Eneida (Virgílio) e Os Lusíadas (Luís de Camões)
são os poemas épicos mais conhecidos.
GÊNERO NARRATIVO OU ÉPICO
• Na poesia dramática, não há a figura de um narrador, ou seja, as personagens
são responsáveis por contar a própria história.
• Pode apresentar traços tanto épicos quanto líricos em seu conteúdo.
• Nos moldes clássicos, é divida em: tragédia e comédia. Na Idade Média:
milagres e autos.
• É precursora do texto teatral.
GÊNERO DRAMÁTICO
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internato em que passou parte da sua adolescência, situação vivida pelo próprio Raul 
Pompéia. 
• Narrador ficcional: o escritor cria um personagem narrador com características e biografia 
totalmente diferentes da sua. A diferença entre Machado de Assis e seu narrador-
protagonista em Memórias Póstumas é um claro exemplo desse tipo de narrador. 
• Narrador-testemunha: o escritor elege um protagonista, mas quem conta a história é um 
personagem secundário, como pode ser observado em A cidade e as serras de Eça de 
Queirós. Na obra, o personagem principal é Jacinto, mas é o amigo dele, José Fernandes, 
quem narra a história. 
 
➢ Narrador em terceira pessoa 
• Ele se coloca acima da história como se fosse um deus observando seus personagens. 
• Narrador impessoal: aquele que nos dá a impressão de não existir, comporta-se como se 
fosse simplesmente um jornalista registrando com fidelidade a história; tipo de narrador 
frequentemente utilizado pelos realistas e naturalistas. 
• Narrador condescendente ou simpático: o escritor adota um ponto de vista que deixa claro 
quais são seus personagens preferidos, idealizando-os. Esse é o narrador típico do 
Romantismo. 
• Narrador crítico: ele conta a história comentando a ação e o enredo. 
 
 
4.4.2 – Características da Prosa Moderna 
Considerem o quadro abaixo. 
 
 
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 O primeiro é de Rafael (1483-1520), portanto a obra é renascentista. A figura humana é 
representada com todo realismo, marca da influência do Antropocentrismo e da imitação das 
esculturas greco-latinas. A segunda obra é de Parmigianino (1503-1540) e manifesta outro estilo, o 
Maneirismo. Note o exagero na representação de pessoas, na dramaticidade da cena, na expressão 
da virgem. Todos esses elementos e muitos outros apontam para a influência de um movimento 
próximo ao do Barroco em que a técnica passa a superar o equilíbrio que se observa no quadro 
anterior. 
Por fim, a última obra é a do pintor expressionista Edvard Munch (1863-1944). O nome da 
obra é Madona. Nela percebe-se a ausência de elementos sacros. A mulher aparece sensual e ao 
mesmo tempo enigmática. Não segura o menino ao colo e as pinceladas são bem marcadas. 
 Isso significa que você precisa entender em linhas gerais os movimentos artísticos e como as 
ideias de cada época são traduzidas em temas e técnicas que expressam ideias e valores. Por conta 
disso, os pdfs a que você terá acesso sempre apresentarão as características dos movimentos 
artísticos que se desenvolviam na mesma época em quem os Movimentos Literários ocorriam. 
Atenção, corujinha atenta, reproduzi para você imagens com boa qualidade, o 
que pode não acontecer no dia da prova. Caso no dia você não consiga ler ou entender 
algo, dirija-se ao fiscal da sala. Isso é importante, sobretudo para a prova do ENEM, 
na qual costumam cair obras de artes plásticas e visuais coloridas e com detalhes. 
 
 
6 – Questões sem Comentários 
Vestibulandos, eis algumas informações práticas antes de começarem. 
1 – A aula de hoje abordou muitos tópicos essenciais para a sua compreensão de texto. 
Vamos trazer exercícios variados para a sua fixação. 
2 – Aqui, tentei trazer para vocês imagens com qualidade boa, o que pode não acontecer no 
dia da prova. Caso no dia vocês não consigam ler ou entender algo, vocês devem se dirigir ao fiscal 
da sala. 
 
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HELOÍSA: Futuristas? 
PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma 
tragédia! Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As 
crianças choravam em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. 
Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo. Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei 
passadista. 
ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003. 
 
O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 
1930 diante de determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma 
postura 
a) preconceituosa, ao evitar formas poéticas simplificadas. 
b) conservadora, ao optar por modelos consagrados. 
c) preciosista, ao preferir modelos literários eruditos. 
d) nacionalista, ao negar modelos estrangeiros. 
e) eclética, ao aceitar diversos estilos poéticos. 
 
3. (ENEM/2019) 
A viagem 
Que coisas devo levar 
nesta viagem em que partes? 
As cartas de navegação só servem 
a quem fica. 
Com que mapas desvendar 
um continente 
que falta? 
Estrangeira do teu corpo 
tão comum 
quantas línguas aprender 
para calar-me? 
Também quem fica 
procura 
um oriente. 
Também 
a quem fica 
cabe uma paisagem nova 
e a travessia insone do desconhecido 
e a alegria difícil da descoberta. 
O que levas do que fica, 
o que, do que levas, retiro? 
MARQUES, A. M. In: SANT’ANNA, A. (Org.). Rua Aribau. Porto Alegre: Tag, 2018. 
 
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A viagem e a ausência remetem a um repertório poético tradicional. No poema, a voz lírica dialoga 
com essa tradição, repercutindo a 
a) saudade como experiência de apatia. 
b) presença da fragmentação da identidade. 
c) negação do desejo como expressão de culpa. 
d) persistência da memória na valorização do passado. 
e) revelação de rumos projetada pela vivência da solidão. 
 
4. (ENEM/2019) 
Menina 
A máquina de costura avançava decidida sobre o pano. Que bonita que a mãe era, com os 
alfinetes na boca. Gostava de olhá-la calada,estudando seus gestos, enquanto recortava retalhos 
de pano com a tesoura. Interrompia às vezes seu trabalho, era quando a mãe precisava da tesoura. 
Admirava o jeito decidido da mãe ao cortar pano, não hesitava nunca, nem errava. A mãe sabia 
tanto! Tita chamava-a de ( ) como quem diz ( ). Tentava não pensar as palavras, mas sabia que na 
mesma hora da tentativa tinha-as pensado. Oh, tudo era tão difícil. A mãe saberia o que ela queria 
perguntar-lhe intensamente agora quase com fome depressa depressa antes de morrer, tanto que 
não se conteve e — Mamãe, o que é desquitada? — atirou rápida com uma voz sem timbre. Tudo 
ficou suspenso, se alguém gritasse o mundo acabava ou Deus aparecia — sentia Ana Lúcia. Era muito 
forte aquele instante, forte demais para uma menina, a mãe parada com a tesoura no ar, tudo 
sem solução podendo desabar a qualquer pensamento, a máquina avançando desgovernada 
sobre o vestido de seda brilhante espalhando luz luz luz. 
ÂNGELO, I. Menina. In: A face horrível. São Paulo: Lazuli, 2017. 
 
Escrita na década de 1960, a narrativa põe em evidência uma dramaticidade centrada na 
a) insinuação da lacuna familiar gerada pela ausência da figura paterna. 
b) associação entre a angústia da menina e a reação intempestiva da mãe. 
c) relação conflituosa entre o trabalho doméstico e a emancipação feminina. 
d) representação de estigmas sociais modulados pela perspectiva da criança. 
e) expressão de dúvidas existenciais intensificadas pela percepção do abandono. 
 
5. (ENEM/2019) 
Uma ouriça 
Se o de longe esboça lhe chegar perto, 
se fecha (convexo integral de esfera), 
se eriça (bélica e multiespinhenta): 
e, esfera e espinho, se ouriça à espera. 
Mas não passiva (como ouriço na loca); 
nem só defensiva (como se eriça o gato); 
sim agressiva (como jamais o ouriço), 
do agressivo capaz de bote, de salto 
(não do salto para trás, como o gato): 
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daquele capaz de salto para o assalto. 
 
Se o de longe lhe chega em (de longe), 
de esfera aos espinhos, ela se desouriça. 
Reconverte: o metal hermético e armado 
na carne de antes (côncava e propícia), 
e as molas felinas (para o assalto), 
nas molas em espiral (para o abraço). 
MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 
 
Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metaforiza a atitude feminina de 
a) tenacidade transformada em brandura. 
b) obstinação traduzida em isolamento. 
c) inércia provocada pelo desejo platônico. 
d) irreverência cultivada de forma cautelosa. 
e) desconfiança consumada pela intolerância. 
 
6. (ENEM/2019) 
Inverno! inverno! inverno! 
Tristes nevoeiros, frios negrumes da longa treva boreal, descampados de gelo cujo limite 
escapa-nos sempre, desesperadamente, para lá do horizonte, perpétua solidão inóspita, onde 
apenas se ouve a voz do vento que passa uivando como uma legião de lobos, através da cidade de 
catedrais e túmulos de cristal na planície, fantasmas que a miragem povoam e animam, tudo isto: 
decepções, obscuridade, solidão, desespero e a hora invisível que passa como o vento, tudo isto 
é o frio inverno da vida. 
Há no espírito o luto profundo daquele céu de bruma dos lugares onde a natureza dorme por 
meses, à espera do sol avaro que não vem. 
POMPEIA, R. Canções sem metro. Campinas: Unicamp, 2013. 
 
Reconhecido pela linguagem impressionista, Raul Pompeia desenvolveu-a na prosa poética, em que 
se observa a 
a) imprecisão no sentido dos vocábulos. 
b) dramaticidade como elemento expressivo. 
c) subjetividade em oposição à verossimilhança. 
d) valorização da imagem com efeito persuasivo. 
e) plasticidade verbal vinculada à cadência melódica. 
 
7. (ENEM/2019) 
TEXTO I 
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Fotografia de Jackson Pollock pintando em seu ateliê, realizada por Hans Namuth em 1951. 
CHIPP, H. Teorias da arte moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1988. 
 
TEXTO II 
 
MUNIZ, V. Action Photo (segundo Hans Namuth em Pictures in Chocolate). Impressão fotográfica, 
152,4 cm x 121,92 cm, The Museum of Modern Art, Nova Iorque, 1977.NEVES, A. História da arte 
4. Vitória: Ufes – Nead, 2011. 
 
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70 
Utilizando chocolate derretido como matéria-prima, essa obra de Vick Muniz reproduz a célebre 
fotografia do processo de criação de Jackson Pollock. A originalidade dessa releitura reside na 
a) apropriação parodística das técnicas e materiais utilizados. 
b) reflexão acerca dos sistemas de circulação da arte. 
c) simplificação dos traços da composição pictórica. 
d) contraposição de linguagens artísticas distintas. 
e) crítica ao advento do abstracionismo. 
 
8. (ENEM/2019) 
Essa lua enlutada, esse desassossego 
A convulsão de dentro, ilharga 
Dentro da solidão, corpo morrendo 
Tudo isso te devo. 
E eram tão vastas 
As coisas planejadas, navios, 
Muralhas de marfim, palavras largas 
Consentimento sempre. 
E seria dezembro. 
Um cavalo de jade sob as águas 
Dupla transparência, fio suspenso 
Todas essas coisas na ponta dos teus dedos 
E tudo se desfez no pórtico do tempo 
Em lívido silêncio. 
Umas manhãs de vidro 
Vento, a alma esvaziada, um sol que não vejo 
Também isso te devo. 
HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 2018. 
 
No poema, o eu lírico faz um inventário de estados passados espelhados no presente. Nesse 
processo, aflora o 
a) cuidado em apagar da memória os restos do amor. 
b) amadurecimento revestido de ironia e desapego. 
c) mosaico de alegrias formado seletivamente. 
d) desejo reprimido convertido em delírio. 
e) arrependimento dos erros cometidos. 
 
9. (ENEM/2019) 
Toca a sirene na fábrica, 
e o apito como um chicote 
bate na manhã nascente 
e bate na tua cama 
no sono da madrugada. 
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Ternuras da áspera lona 
pelo corpo adolescente. 
É o trabalho que te chama. 
Às pressas tomas o banho, 
tomas teu café com pão, 
tomas teu lugar no boteno cais do Capibaribe. 
Deixas chorando na esteira 
teu filho de mãe solteira. 
Levas ao lado a marmita, 
contendo a mesma ração 
do meio de todo o dia, 
a carne-seca e o feijão. 
De tudo quanto ele pededás só bom-dia ao patrão, 
e recomeças a luta 
na engrenagem da fiação. 
MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. 
 
Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas verbais e pronominais 
a) ajuda a localizar o enredo num ambiente estático. 
b) auxilia na caracterização física do personagem principal. 
c) acrescenta informações modificadoras às ações dos personagens. 
d) alterna os tempos da narrativa, fazendo progredir as ideias do texto. 
e) está a serviço do projeto poético, auxiliando na distinção dos referentes. 
 
10. (ENEM/2019) 
Os subúrbios do Rio de Janeiro foram a primeira coisa a aparecer no mundo, antes mesmo 
dos vulcões e dos cachalotes, antes de Portugal invadir, antes do Getúlio Vargas mandar construir 
casas populares. O bairro do Queím, onde nasci e cresci, é um deles. Aconchegado entre o Engenho 
Novo e Andaraí, foi feito daquela argila primordial, que se aglutinou em diversos formatos: cães 
soltos, moscas e morros, uma estação de trem, amendoeiras e barracos e sobrados, botecos e 
arsenais de guerra, armarinhos e bancas de jogo do bicho e um terrenoenorme reservado para o 
cemitério. Mas tudo ainda estava vazio: faltava gente. 
Não demorou. As ruas juntaram tanta poeira que o homem não teve escolha a não ser passar 
a existir, para varrê-las. À tardinha, sentar na varanda das casas e reclamar da pobreza, falar mal dos 
outros e olhar para as calçadas encardidas de sol, os ônibus da volta do trabalho sujando tudo de 
novo. 
HERINGER, V. O amor dos homens avulsos. São Paulo: Cia. das Letras, 2016. 
 
Traçando a gênese simbólica de sua cidade, o narrador imprime ao texto um sentido estético 
fundamentado na 
a) excentricidade dos bairros cariocas de sua infância. 
b) perspectiva caricata da paisagem de traços deteriorados. 
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c) importância dos fatos relacionados à história dos subúrbios. 
d) diversidade dos tipos humanos identificados por seus hábitos. 
e) experiência do cotidiano marcado pelas necessidades e urgências. 
 
11. (ENEM/2019) 
Ela nasceu lesma, vivia no meio das lesmas, mas não estava satisfeita com sua condição. Não 
passamos de criaturas desprezadas, queixava-se. Só somos conhecidas por nossa lentidão. O rastro 
que deixaremos na História será tão desprezível quanto a gosma que marca nossa passagem pelos 
pavimentos. 
A esta frustração correspondia um sonho: a lesma queria ser como aquele parente distante, 
o escargot. O simples nome já a deixava fascinada: um termo francês, elegante, sofisticado, um 
termo que as pessoas pronunciavam com respeito e até com admiração. Mas, lembravam as outras 
lesmas, os escargots são comidos, enquanto nós pelo menos temos chance de sobreviver. Este 
argumento não convencia a insatisfeita lesma, ao contrário: preferiria exatamente terminar sua vida 
desta maneira, numa mesa de toalha adamascada, entre talheres de prata e cálices de cristal. Assim 
como o mar é o único túmulo digno de um almirante batavo, respondia, a travessa de porcelana é 
a única lápide digna dos meus sonhos. 
SCLIAR, M. Sonho de lesma. In: ABREU, C. F. et al. A prosa do mundo. São Paulo: Global, 2009. 
 
Incorporando o devaneio da personagem, o narrador compõe uma alegoria que representa o anseio 
de 
a) rejeitar metas de superação de desafios. 
b) restaurar o estado de felicidade de desafios. 
c) materializar expectativas de natureza utópica. 
d) rivalizar com indivíduos de condição privilegiada. 
e) valorizar as experiências hedonistas do presente. 
 
12. (ENEM/2018) 
o que será que ela quer 
essa mulher de vermelho 
alguma coisa ela quer 
pra ter posto esse vestido 
não pode ser apenas 
uma escolha casual 
podia ser um amarelo 
verde ou talvez azul 
mas ela escolheu vermelho 
ela sabe o que ela quer 
e ela escolheu vestido 
e ela é uma mulher 
então com base nesses fatos 
eu já posso afirmar 
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que conheço o seu desejo 
caro watson, elementar: 
o que ela quer sou euzinho 
sou euzinho o que ela quer 
só pode ser euzinho 
o que mais podia ser 
FREITAS, A. Um útero é do tamanho de 
um punho.São Paulo: Cosac Naify, 2013. 
 
No processo de elaboração do poema, a autora confere ao eu lírico uma identidade que aqui 
representa a 
a) hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso comum. 
b) mudança de paradigmas de imagem atribuídos à mulher. 
c) tentativa de estabelecer preceitos da psicologia feminina. 
d) importância da correlação entre ações e efeitos causados. 
e) valorização da sensibilidade como característica de gênero. 
 
13. (ENEM/2017) 
Contranarciso 
 
em mim 
eu vejo o outro 
e outro 
e outro 
enfim dezenas 
trens passando 
vagões cheios de gente 
centenas 
 
o outro 
que há em mim 
é você 
você 
e você 
 
assim como 
eu estou em você 
eu estou nele 
em nós 
e só quando 
estamos em nós 
estamos em paz 
mesmo que estejamos a sós 
LEMINSKI, P. Toda poesia. São Paulo: Cia. das Letras. 2013. 
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A busca pela identidade constitui uma faceta da tradição literária, redimensionada pelo olhar 
contemporâneo. No poema, essa nova dimensão revela a 
a) ausência de traços identitários. 
b) angústia com a solidão em público. 
c) valorização da descoberta do “eu” autêntico. 
d) percepção da empatia como fator de autoconhecimento. 
e) impossibilidade de vivenciar experiências de pertencimento. 
 
14. (ENEM/2017) 
Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as 
feições defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi 
nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da 
amizade, podia ser o epílogo de um livro adúltero [...]. 
Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, mas então não pôde 
mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em 
borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, 
saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa. 
ASSIS, M. A causa secreta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 9 out. 2015. 
 
No fragmento, o narrador adota um ponto de vista que acompanha a perspectiva de Fortunato. O 
que singulariza esse procedimento narrativo é o registro do(a) 
a) indignação face à suspeita do adultério da esposa. 
b) tristeza compartilhada pela perda da mulher amada. 
c) espanto diante da demonstração de afeto de Garcia. 
d) prazer da personagem em relação ao sofrimento alheio. 
e) superação do ciúme pela comoção decorrente da morte. 
 
15. (ENEM/2017) 
O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Não sou daqui, Anda à procura de 
comida, Sim, há quatro dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, É um cálculo, Está 
sozinha, Estou com o meu marido e uns companheiros, Quantos são, Ao todo, sete; Se estão a 
pensar em ficar conosco, tirem daí o sentido, já somos muitos, Só estamos de passagem, Donde 
vêm, Estivemos internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena, não serviu de 
nada. Porque diz isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os 
soldados que nos vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido 
dos últimos a cegar, toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país, 
SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras. 1995. 
 
A cena retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia. No diálogo, 
a violação de determinadas regras de pontuação 
a) revela uma incompatibilidade entre o sistema de pontuação convencional e a produção do gênero 
romance. 
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b) provoca uma leitura equivocada das frases interrogativas e prejudica a verossimilhança. 
c) singulariza o estilo do autor e auxilia na representação do ambiente caótico. 
d) representa uma exceção às regras do sistema de pontuação canônica. 
e) colabora para a construção da identidade do narrador pouco escolarizado. 
 
16. (ENEM/2016) 
A partida de trem 
Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi e pegou sua pequena valise. Dona 
Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os 
trilhos. A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavamsaía a forma pura de um nariz 
perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? 
Chega-se a um certo ponto – e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode 
comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a 
antes a subir no vagão. Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a 
locomotiva se pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem seguisse 
nessa direção e sentara-se de costas para o caminho. 
Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou: 
— A senhora deseja trocar de lugar comigo? 
Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava no 
mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado de ouro, 
espetado no peito, passou a mão pelo broche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini: 
— É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar? 
LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980 (fragmento). 
 
A descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano é recorrente na obra de Clarice 
Lispector. No fragmento, o narrador enfatiza o(a) 
a) comportamento vaidoso de mulheres de condição social privilegiada. 
b) anulação das diferenças sociais no espaço público de uma estação. 
c) incompatibilidade psicológica entre mulheres de gerações diferentes. 
d) constrangimento da aproximação formal de pessoas desconhecidas. 
e) sentimento de solidão alimentado pelo processo de envelhecimento. 
 
17. (ENEM/2016) 
PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra. 
BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você. 
EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele. 
BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções. 
EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não! 
BENONA: Isso são coisas passadas. 
EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele 
dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me 
traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, 
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atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da molest’a, como um 
urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha 
pobreza e minha devoção. 
SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento). 
 
Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para 
a) marcar a classe social das personagens. 
b) caracterizar usos linguísticos de uma região. 
c) enfatizar a relação familiar entre as personagens. 
d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares. 
e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens. 
 
18. (ENEM/2015) 
Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as 
mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar 
família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, 
frisava, lançado em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. 
[...] 
Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da 
rebelião, fiquei furiosa. [...] 
É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio 
Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, 
a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de 
homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o 
convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, 
anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma 
cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis? 
TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 
 
Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói 
modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a) 
a) convivência frágil ligando pessoas financeiramente dependentes. 
b) tensa hierarquia familiar equilibrada graças à presença da matriarca. 
c) pacto de atitudes e valores mantidos à custa de ocultações e hipocrisias. 
d) tradicional conflito de gerações protagonizado pela narradora e seus tios. 
e) velada discriminação racial refletida na procura de casamentos com europeus. 
 
19. (ENEM/2015) 
À garrafa 
Contigo adquiro a astúcia 
de conter e de conter-me. 
Teu estreito gargalo 
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é uma lição de angústia. 
 
Por translúcida pões 
o dentro fora e o fora dentro 
para que a forma se cumpra 
e o espaço ressoe. 
 
Até que, farta da constante 
prisão da forma, saltes 
da mão para o chão 
e te estilhaces, suicida. 
 
numa explosão 
de diamantes. 
PAES, J. P. Prosas seguidas de odes mínimos. São Pauto: Cia. das Letras, 1992. 
 
A reflexão acerca do fazer poético é um dos mais marcantes atributos da produção literária 
contemporânea, que, no poema de José Paulo Paes, se expressa por um(a) 
a) reconhecimento, pelo eu lírico, de suas limitações no processo criativo, manifesto na expressão 
“Por translúcida pões”. 
b) subserviência aos princípios do rigor formal e dos cuidados com a precisão metafórica, como se 
observa em “prisão da forma”. 
c) visão progressivamente pessimista, em face da impossibilidade da criação poética, conforme 
expressa o verso “e te estilhaces, suicida”. 
d) processo de contenção, amadurecimento e transformação da palavra, representado pelos versos 
“numa explosão / de diamantes”. 
e) necessidade premente de libertação da prisão representada pela poesia, simbolicamente 
comparada à “garrafa” a ser “estilhaçada”. 
 
20. (ENEM/2014) 
TEXTO I 
 
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 TEXTO II 
 
Só Deus pode me julgar 
 
Soldado da guerra a favor da justiça 
Igualmente por aqui é coisa fictícia 
Você ri da minha roupa, ri do meu cabelo 
Mas tenta me imitar se olhando no espelho 
Preconceito sem conceito que apodrece a nação 
Filhos do descaso mesmo pós-abolição 
MV BILL. Declaração de guerra. Manaus: BMG, 2002 (fragmento). 
 
O trecho do rap e o grafite evidenciam o papel social das manifestações artísticas e provocam a 
a) consciência do público sobre as razões da desigualdade social. 
b) rejeição do público-alvo à situação representada nas obras. 
c) reflexão contra a indiferença nas relações sociais de forma contundente. 
d) ideia de que a igualdade é atingida por meio da violência. 
e) mobilização do público contra o preconceito racial em contextos diferentes. 
Comentários 
 Alternativa “a”: incorreta. As desigualdades sociais existem, ainda que sem explicação. Como 
é o caso do branco que quer imitar o negro em tudo, a começar pelo estilo; porém, ao mesmo 
tempo, discrimina-o. 
 Alternativa “b”: incorreta. Não sabemos sobre a reação do público-alvo nem temos 
elementos suficientes para julgá-la. 
 Alternativa “c”: correta – gabarito. O grafite cria um paradoxo: um manifestante com o rosto 
coberto, em posição de luta, em vez de ter pedras nas mãos ou um coquetel molotov, ele tem flores; 
porisso cabe a pergunta: quantas interpretações possíveis podem surgir dessa aparente 
contradição? 
Por outro lado, considerando os versos de MV BILL e a imagem juntamente, é provável que 
se questione: por que essa guerra entre classes? Ou ainda: as coisas não poderiam ser diferentes? 
Por que esse descaso por quem se acha superior? A questão propõe mostrar através da imagem e 
dos versos a contundente indiferença e o descaso que há entre as camadas sociais. 
 Alternativa “d”: incorreta. Pelo contrário. A igualdade poderia ser alcançada na ausência da 
violência. 
 Alternativa “e”: incorreta. Primeiramente, mobilização do próprio sujeito periférico, que 
deve tomar consciência de si. 
Gabarito: “c”. 
 
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7 – Gabarito 
 
 
 
 
 
1. C 
2. B 
3. E 
4. D 
5. A 
6. E 
7. A 
8. B 
9. E 
 10. B 
 
11. C 
12. A 
13. D 
14. D 
15. C 
16. E 
17. B 
18. C 
19. D 
20. C 
 
8 – Questões com Comentários 
1. (ENEM/2019) 
Um amor desse 
Era 24 horas lado a lado 
Um radar na pele, aquele sentimento alucinado 
Coração batia acelerado 
 
Bastava um olhar pra eu entender 
Que era hora de me entregar pra você 
Palavras não faziam falta mais 
Ah, só de lembrar do seu perfume 
Que arrepio, que calafrio 
Que o meu corpo sente 
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Nem que eu queira, eu te apago da minha mente 
 
Ah, esse amor 
Deixou marcas no meu corpo 
Ah, esse amor 
Só de pensar, eu grito, eu quase morro 
AZEVEDO, N.; LEÃO, W.; QUADROS, R. Coração pede socorro. Rio de Janeiro: Som Livre, 2018 
(fragmento). 
 
Essa letra de canção foi composta especialmente para uma campanha de combate à violência contra 
as mulheres, buscando conscientizá-las acerca do limite entre relacionamento amoroso e 
relacionamento abusivo. Para tanto, a estratégia empregada na letra é a 
a) revelação da submissão da mulher à situação de violência, que muitas vezes a leva à morte. 
b) ênfase na necessidade de se ouvirem os apelos da mulher agredida, que continuamente pede 
socorro. 
c) exploração de situação de duplo sentido, que mostra que atos de dominação e violência não 
configuram amor. 
d) divulgação da importância de denunciar a violência doméstica, que atinge um grande número de 
mulheres no país. 
e) naturalização de situações opressivas, que fazem parte da vida de mulheres que vivem em uma 
sociedade patriarcal. 
Comentários 
 Alternativa “a”: incorreta. O verso diz “eu quase morro”, não morre de fato. 
 Alternativa “b”: incorreta. Não há elementos para afirmarmos que esse apelo é feito 
“continuamente”. 
 Alternativa “c”: correta – gabarito. A letra da canção “Coração pede socorro”, elaborada com 
o intuito de ilustrar uma campanha de combate à violência contra as mulheres, vale-se de recursos 
linguísticos de duplo sentido, como nos versos da última estrofe: “esse amor/ deixou marcas no meu 
corpo”, “eu grito”, eu morro”. Esses segmentos tanto podem referir-se a fortes emoções 
decorrentes da explosão amorosa, como a marcas físicas provocadas por agressões que ferem e 
podem causar morte. 
 Alternativa “d”: incorreta. As estatísticas não são fornecidas 
 Alternativa “e”: incorreta. Pelo contrário: luta pela desnaturalização da violência. 
Gabarito: “c”. 
2. (ENEM/2019) 
HELOÍSA: Faz versos? 
PINOTE: Sendo preciso... Quadrinhas... Acrósticos... Sonetos... Reclames. 
HELOÍSA: Futuristas? 
PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma 
tragédia! Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As 
crianças choravam em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. 
Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo. Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei 
passadista. 
ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003. 
 
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O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 
1930 diante de determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma 
postura 
a) preconceituosa, ao evitar formas poéticas simplificadas. 
b) conservadora, ao optar por modelos consagrados. 
c) preciosista, ao preferir modelos literários eruditos. 
d) nacionalista, ao negar modelos estrangeiros. 
e) eclética, ao aceitar diversos estilos poéticos. 
Comentários 
 Alternativa “a”: incorreta. Preconceituoso não é sinônimo de passadista. 
 Alternativa “b”: correta – gabarito. A resposta de Pinote ao questionamento de Heloísa sobre 
se o estilo do poeta seria o Futurismo é reveladora do conservadorismo da sociedade brasileira dos 
anos 30. O fato de ter abandonado esse estilo para passar a fazer poesia nos moldes clássicos 
justificava-se pela necessidade de aceitação ao gosto do público da época e, desse modo, o poeta 
poder garantir também a sua própria sobrevivência financeira. 
 Alternativa “c”: incorreta. Segundo o dicionário Houaiss, o preciosismo significa afetação 
exagerada; elegância amaneirada; falta de naturalidade. Os modernistas tendiam a defender o 
contrário: a coloquialidade. 
 Alternativa “d”: incorreta. O nacionalismo fez parte da primeira geração modernista, mas 
estava mais presente no movimento Pau Brasil. 
 Alternativa “e”: incorreta. Pelo contrário: nega alguns. 
Gabarito: “b”. 
3. (ENEM/2019) 
A viagem 
Que coisas devo levar 
nesta viagem em que partes? 
As cartas de navegação só servem 
a quem fica. 
Com que mapas desvendar 
um continente 
que falta? 
Estrangeira do teu corpo 
tão comum 
quantas línguas aprender 
para calar-me? 
Também quem fica 
procura 
um oriente. 
Também 
a quem fica 
cabe uma paisagem nova 
e a travessia insone do desconhecido 
e a alegria difícil da descoberta. 
O que levas do que fica, 
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o que, do que levas, retiro? 
MARQUES, A. M. In: SANT’ANNA, A. (Org.). Rua Aribau. Porto Alegre: Tag, 2018. 
 
A viagem e a ausência remetem a um repertório poético tradicional. No poema, a voz lírica dialoga 
com essa tradição, repercutindo a 
a) saudade como experiência de apatia. 
b) presença da fragmentação da identidade. 
c) negação do desejo como expressão de culpa. 
d) persistência da memória na valorização do passado. 
e) revelação de rumos projetada pela vivência da solidão. 
Comentários 
 Alternativa “a”: incorreta. Versos como “estrangeira do teu corpo/tão comum” revelam 
subjetivismo, consciência, o contrário de apatia, indiferença. 
 Alternativa “b”: incorreta. Não é a identidade exatamente que se divide, é como se fosse a 
alma. 
 Alternativa “c”: incorreta. Nem desejo nem culpa estão presentes aqui, mas sim sentimento 
de deslocamento. 
 Alternativa “d”: incorreta. A dificuldade do eu lírico está no situar-se em algum lugar, não na 
questão da lembrança, da memória. 
 Alternativa “e”: correta – gabarito. O poema “A viagem”, de Ana Martins Marques, remonta 
ao repertório poético tradicional das cantigas de amigo trovadorescas, na presença da voz feminina 
que revela as suas inquietudes pela partida do amado. A sequência de interrogações que constitui o 
corpo do poema revela a incerteza de rumos projetada pela vivência da solidão, como se afirma em 
[E]. 
Gabarito: “e”. 
4. (ENEM/2019) 
Menina 
A máquina de costura avançava decidida sobre o pano. Que bonita que a mãe era, com os 
alfinetes na boca. Gostavade olhá-la calada, estudando seus gestos, enquanto recortava retalhos de 
pano com a tesoura. Interrompia às vezes seu trabalho, era quando a mãe precisava da tesoura. 
Admirava o jeito decidido da mãe ao cortar pano, não hesitava nunca, nem errava. A mãe sabia 
tanto! Tita chamava-a de ( ) como quem diz ( ). Tentava não pensar as palavras, mas sabia que na 
mesma hora da tentativa tinha-as pensado. Oh, tudo era tão difícil. A mãe saberia o que ela queria 
perguntar-lhe intensamente agora quase com fome depressa depressa antes de morrer, tanto que 
não se conteve e — Mamãe, o que é desquitada? — atirou rápida com uma voz sem timbre. Tudo 
ficou suspenso, se alguém gritasse o mundo acabava ou Deus aparecia — sentia Ana Lúcia. Era muito 
forte aquele instante, forte demais para uma menina, a mãe parada com a tesoura no ar, tudo 
sem solução podendo desabar a qualquer pensamento, a máquina avançando desgovernada 
sobre o vestido de seda brilhante espalhando luz luz luz. 
ÂNGELO, I. Menina. In: A face horrível. São Paulo: Lazuli, 2017. 
 
Escrita na década de 1960, a narrativa põe em evidência uma dramaticidade centrada na 
a) insinuação da lacuna familiar gerada pela ausência da figura paterna. 
b) associação entre a angústia da menina e a reação intempestiva da mãe. 
c) relação conflituosa entre o trabalho doméstico e a emancipação feminina. 
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d) representação de estigmas sociais modulados pela perspectiva da criança. 
e) expressão de dúvidas existenciais intensificadas pela percepção do abandono. 
Comentários 
 Alternativa “a”: incorreta. Não exatamente isso, mas uma ligação especial com a mãe. 
 Alternativa “b”: incorreta. A mãe não estava intempestiva; trabalhava. 
 Alternativa “c”: incorreta. Não é conflituosa, mas sensível. 
 Alternativa “d”: correta – gabarito. A narrativa apresenta uma cena familiar passada na 
década de 60, época em que havia uma visão negativa e muito arraigada na sociedade sobre a 
condição de mulher separada do marido. Esse estigma fez com que a pergunta da criança sobre o 
significado do termo “desquitada” tivesse deixado a mãe assustada e perplexa. 
 Alternativa “e”: incorreta. O que ela percebia era o sofrimento da mãe. 
Gabarito: “d”. 
5. (ENEM/2019) 
Uma ouriça 
Se o de longe esboça lhe chegar perto, 
se fecha (convexo integral de esfera), 
se eriça (bélica e multiespinhenta): 
e, esfera e espinho, se ouriça à espera. 
Mas não passiva (como ouriço na loca); 
nem só defensiva (como se eriça o gato); 
sim agressiva (como jamais o ouriço), 
do agressivo capaz de bote, de salto 
(não do salto para trás, como o gato): 
daquele capaz de salto para o assalto. 
 
Se o de longe lhe chega em (de longe), 
de esfera aos espinhos, ela se desouriça. 
Reconverte: o metal hermético e armado 
na carne de antes (côncava e propícia), 
e as molas felinas (para o assalto), 
nas molas em espiral (para o abraço). 
MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 
 
Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metaforiza a atitude feminina de 
a) tenacidade transformada em brandura. 
b) obstinação traduzida em isolamento. 
c) inércia provocada pelo desejo platônico. 
d) irreverência cultivada de forma cautelosa. 
e) desconfiança consumada pela intolerância. 
Comentários 
 Alternativa “a”: correta – gabarito. O título do poema contém um vocábulo criado por João 
Cabral, aproximando a mulher de um animal, em explícita analogia. Da mesma forma que o ouriço, 
ao sentir-se ameaçada, a mulher se fecha para se proteger, assumindo até uma atitude agressiva, 
“capaz de bote, de salto”. Mas “Se o de longe lhe chega em”, “de esfera aos espinhos, ela se 
desouriça”, ou seja, se o desconhecido se aproxima de modo não ofensivo, ela se desarma, acabando 
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por transformar sua aparência “multiespinhenta” “na carne de antes”, pronta para oferecer-lhe seu 
“abraço”. O poema metaforiza, assim, a atitude feminina de tenacidade transformada em brandura, 
como se afirma em [A]. 
 Alternativa “b”: incorreta. Não se isola de todo, conforme o verso “mas não passiva”. 
 Alternativa “c”: incorreta. Não está presente aqui o desejo platônico, entendido aqui como 
ideal. 
 Alternativa “d”: incorreta. Não é irreverente, mas sim cautelosa. 
Alternativa “e”: incorreta. Não é intolerante, embora seja desconfiada, cautelosa. 
Gabarito: “a”. 
6. (ENEM/2019) 
Inverno! inverno! inverno! 
Tristes nevoeiros, frios negrumes da longa treva boreal, descampados de gelo cujo limite 
escapa-nos sempre, desesperadamente, para lá do horizonte, perpétua solidão inóspita, onde 
apenas se ouve a voz do vento que passa uivando como uma legião de lobos, através da cidade de 
catedrais e túmulos de cristal na planície, fantasmas que a miragem povoam e animam, tudo isto: 
decepções, obscuridade, solidão, desespero e a hora invisível que passa como o vento, tudo isto 
é o frio inverno da vida. 
Há no espírito o luto profundo daquele céu de bruma dos lugares onde a natureza dorme por 
meses, à espera do sol avaro que não vem. 
POMPEIA, R. Canções sem metro. Campinas: Unicamp, 2013. 
 
Reconhecido pela linguagem impressionista, Raul Pompeia desenvolveu-a na prosa poética, em que 
se observa a 
a) imprecisão no sentido dos vocábulos. 
b) dramaticidade como elemento expressivo. 
c) subjetividade em oposição à verossimilhança. 
d) valorização da imagem com efeito persuasivo. 
e) plasticidade verbal vinculada à cadência melódica. 
Comentários 
 Alternativa “a”: incorreta. Não é imprecisão, pelo contrário: o trecho altamente descritivista 
tenta dar conta do detalhe do termo “inverno”. 
 Alternativa “b”: incorreta. Há expressividade, mas ele está descrevendo algo banal, como o 
inverno, e não algo intenso como um drama. 
 Alternativa “c”: incorreta. Há verossimilhança, pois Raul Pompéia também tem tendências 
realistas, como em O ateneu. 
 Alternativa “d”: incorreta. O texto é mais que imagético, mas sim metafórico. O apelo não é 
só visual. 
Alternativa “e”: correta – gabarito. No excerto de “Canções sem metro”, de Raul Pompeia, 
observa-se uso de recursos característicos da linguagem impressionista: valorização da memória no 
registro das impressões, emoções e sentimentos despertados no momento em que são vividos 
segundo a perspectiva do narrador, marcado pela frustração, falta de comunicação e cansaço da 
vida. Trata-se de um estilo fundamentalmente sensorial, no qual a natureza não é vista de forma 
objetiva e sim, interpretada segundo o estado psicológico do personagem. Para tal, o autor recorre 
a figuras de linguagem como anacoluto, metáfora, comparação, prosopopeia, uso do gerúndio e 
presente do indicativo para descrever factos ocorridos no passado (presente narrativo) dando a ideia 
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de continuidade da ação (aspecto permansivo) no momento em que é lembrado. A cadência 
melódica é marcada pela sintaxe fragmentada, às vezes em frases curtas sobrepostas em períodos 
mais ou menos longos, uso da pontuação como vírgula e ponto final para marcar uma pausa, 
descanso momentâneo, ou momento final de uma evocação. 
Gabarito: “e”. 
7. (ENEM/2019) 
TEXTO I 
 
Fotografia de Jackson Pollock pintando em seu ateliê, realizada por Hans Namuth em 1951. 
CHIPP, H. Teorias da arte moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1988. 
 
TEXTO II 
 
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MUNIZ, V. Action Photo (segundo Hans Namuth em Pictures in Chocolate). Impressão fotográfica, 
152,4 cm x 121,92 cm, The Museum of Modern Art, Nova Iorque, 1977.NEVES, A. História da arte 
4. Vitória: Ufes – Nead, 2011. 
 
Utilizando chocolate derretido como matéria-prima, essa obra de Vick Muniz reproduz a célebre 
fotografia do processo de criação de Jackson Pollock. A originalidade dessa releitura reside na 
a) apropriação parodística das técnicas e materiais utilizados. 
b) reflexão acerca dos sistemas de circulação da arte. 
c) simplificação dos traços da composição pictórica. 
d) contraposição de linguagens artísticas distintas. 
e) crítica ao advento do abstracionismo. 
Comentários 
 Alternativa “a”: correta – gabarito. Vik Muniz é um artista plástico conhecido por utilizar 
materiais inusitados na composição de suas obras. Nesta obra, ele reproduz uma fotografia de 
Jackson Pollock, criador da técnica action painting, utilizando a própria técnica de Pollock, mas com 
um material inusitado, o chocolate derretido. Assim, a obra é uma interpretação parodística da 
técnica de Pollock. A paródia aqui é uma técnica de composição artística baseada na imitação. 
 Alternativa “b”: incorreta. O que faz a arte circular aqui é a recriação de uma obra, a criação 
dela a partir de outra. 
 Alternativa “c”: incorreta. A simplificação só se dá por causa da matéria-prima utilizada, não 
que ela tenha sido intencional. 
 Alternativa “d”: incorreta. A linguagem artística continua sendo a visual. 
Alternativa “e”: incorreta. Não se trata de abstracionismo, pois os elementos pictóricos ainda 
são passíveis de ser identificados (o autorretrato de um homem). 
Gabarito: “a”. 
8. (ENEM/2019) 
Essa lua enlutada, esse desassossego 
A convulsão de dentro, ilharga 
Dentro da solidão, corpo morrendo 
Tudo isso te devo. 
E eram tão vastas 
As coisas planejadas, navios, 
Muralhas de marfim, palavras largas 
Consentimento sempre. 
E seria dezembro. 
Um cavalo de jade sob as águas 
Dupla transparência, fio suspenso 
Todas essas coisas na ponta dos teus dedos 
E tudo se desfez no pórtico do tempo 
Em lívido silêncio. 
Umas manhãs de vidro 
Vento, a alma esvaziada, um sol que não vejo 
Também isso te devo. 
HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 2018. 
 
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No poema, o eu lírico faz um inventário de estados passados espelhados no presente. Nesse 
processo, aflora o 
a) cuidado em apagar da memória os restos do amor. 
b) amadurecimento revestido de ironia e desapego. 
c) mosaico de alegrias formado seletivamente. 
d) desejo reprimido convertido em delírio. 
e) arrependimento dos erros cometidos. 
Comentários 
 Alternativa “a”: incorreta. O eu lírico fala de desilusões após o crescimento. 
Alternativa “b”: correta – gabarito. As lembranças do passado enunciadas nos primeiros versos 
conferem valor positivo ao verso “Tudo isso te devo”, mas contrastam com as sensações negativas 
com que o eu lírico se defronta no presente, depois de uma reavaliação mais madura: “E tudo se 
desfez no pórtico do tempo”. Assim, o último verso da estrofe, “Também isso te devo”, expressa 
amadurecimento revestido de ironia e desapego, como se afirma em [B]. 
 Alternativa “c”: incorreta. Não são alegrias, mas sim desilusões, muralhas caídas, coisas não 
mais planejadas, o foco é no tempo pretérito imperfeito: “eram”. 
 Alternativa “d”: incorreta. Não há delírio, mas sim tomada de consciência. 
Alternativa “e”: incorreta. Não se trata de arrependimento, mas consciência de que se deve 
algo. 
Gabarito: “b”. 
9. (ENEM/2019) 
Toca a sirene na fábrica, 
e o apito como um chicote 
bate na manhã nascente 
e bate na tua cama 
no sono da madrugada. 
Ternuras da áspera lona 
pelo corpo adolescente. 
É o trabalho que te chama. 
Às pressas tomas o banho, 
tomas teu café com pão, 
tomas teu lugar no boteno cais do Capibaribe. 
Deixas chorando na esteira 
teu filho de mãe solteira. 
Levas ao lado a marmita, 
contendo a mesma ração 
do meio de todo o dia, 
a carne-seca e o feijão. 
De tudo quanto ele pededás só bom-dia ao patrão, 
e recomeças a luta 
na engrenagem da fiação. 
MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. 
 
Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas verbais e pronominais 
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a) ajuda a localizar o enredo num ambiente estático. 
b) auxilia na caracterização física do personagem principal. 
c) acrescenta informações modificadoras às ações dos personagens. 
d) alterna os tempos da narrativa, fazendo progredir as ideias do texto. 
e) está a serviço do projeto poético, auxiliando na distinção dos referentes. 
Comentários 
 Alternativa “a”: incorreta. Pelo contrário: “bater”, “trabalhar” e “chorar” denotam 
movimento. 
 Alternativa “b”: incorreta. No poema não há exatamente personagem, mas sim eu lírico. 
 Alternativa “c”: incorreta. Não modificadoras, mas sim marca uma rotina. 
 Alternativa “d”: incorreta. O tempo verbal predominante é o presente. 
Alternativa “e”: correta – gabarito. As formas verbais e pronominais apontam para dois referentes. 
Enquanto que os verbos na segunda pessoa do singular (“tomas”, “deixas”, “devas”, “dás”) e os 
pronomes (“tua”, “te”, “teu”) se referem à operária, a 3ª pessoa identifica o patrão (“ele pede”). 
Assim, a utilização desses elementos permite distinguir os referentes, ao mesmo tempo que auxilia 
na arquitetura do poema, como transcrito em [E]. 
Gabarito: “e”. 
10. (ENEM/2019) 
Os subúrbios do Rio de Janeiro foram a primeira coisa a aparecer no mundo, antes mesmo 
dos vulcões e dos cachalotes, antes de Portugal invadir, antes do Getúlio Vargas mandar construir 
casas populares. O bairro do Queím, onde nasci e cresci, é um deles. Aconchegado entre o Engenho 
Novo e Andaraí, foi feito daquela argila primordial, que se aglutinou em diversos formatos: cães 
soltos, moscas e morros, uma estação de trem, amendoeiras e barracos e sobrados, botecos e 
arsenais de guerra, armarinhos e bancas de jogo do bicho e um terreno enorme reservado para o 
cemitério. Mas tudo ainda estava vazio: faltava gente. 
Não demorou. As ruas juntaram tanta poeira que o homem não teve escolha a não ser passar 
a existir, para varrê-las. À tardinha, sentar na varanda das casas e reclamar da pobreza, falar mal dos 
outros e olhar para as calçadas encardidas de sol, os ônibus da volta do trabalho sujando tudo de 
novo. 
HERINGER, V. O amor dos homens avulsos. São Paulo: Cia. das Letras, 2016. 
 
Traçando a gênese simbólica de sua cidade, o narrador imprime ao texto um sentido estético 
fundamentado na 
a) excentricidade dos bairros cariocas de sua infância. 
b) perspectiva caricata da paisagem de traços deteriorados. 
c) importância dos fatos relacionados à história dos subúrbios. 
d) diversidade dos tipos humanos identificados por seus hábitos. 
e) experiência do cotidiano marcado pelas necessidades e urgências. 
Comentários 
Alternativa “a”: incorreta. Não é excêntrico, mas sujo. 
Alternativa “b”: correta. Ao afirmar que os subúrbios do Rio de Janeiro foram a primeira coisa 
a aparecer no mundo, V. Heringer produz surpresa no leitor que, aos poucos, se dá conta da intenção 
do narrador em retratar o bairro do Quéim com traços deformados, exagerados e grotescos, 
enquanto descreve aspectos característicos desse lugar. A sequência de frases como “argila 
primordial”, “cães soltos”, “moscas”, “botecos e arsenais de guerra” e a referência a cenas comuns 
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aos moradores do local (“reclamar da pobreza, falar mal dos outros”) demonstram que o narrador 
imprime no texto uma visão caricata da paisagem de traços deteriorados, como se afirma em [B]. 
Alternativa “c”: incorreta. Não é exatamente “história”. 
 Alternativa “d”: incorreta. A descrição é mais do ambiente do que das pessoas. 
Alternativa “e”: incorreta. Não necessidades e urgências, mas a vida é pacata. 
Gabarito: “b”. 
11. (ENEM/2019) 
Ela nasceu lesma, vivia no meio das lesmas, mas não estava satisfeita com sua condição. Não 
passamos de criaturas desprezadas, queixava-se. Só somos conhecidas por nossa lentidão. O rastro 
que deixaremos na História será tão desprezível quanto a gosma que marca nossa passagem pelos 
pavimentos. 
A esta frustração correspondia um sonho: a lesma queria ser como aquele parente distante, 
o escargot. O simples nome já a deixava fascinada: um termo francês, elegante, sofisticado, um 
termo que as pessoas pronunciavam com respeito e até com admiração. Mas, lembravam as outras 
lesmas, os escargots são comidos, enquanto nós pelo menos temos chance de sobreviver. Este 
argumento não convencia a insatisfeita lesma, ao contrário: preferiria exatamente terminar sua vida 
desta maneira, numa mesa de toalha adamascada, entre talheres de prata e cálices de cristal. Assim 
como o mar é o único túmulo digno de um almirante batavo, respondia, a travessa de porcelana é a 
única lápide digna dos meus sonhos. 
SCLIAR, M. Sonho de lesma. In: ABREU, C. F. et al. A prosa do mundo. São Paulo: Global, 2009. 
 
Incorporando o devaneio da personagem, o narrador compõe uma alegoria que representa o anseio 
de 
a) rejeitar metas de superação de desafios. 
b) restaurar o estado de felicidade de desafios. 
c) materializar expectativas de natureza utópica. 
d) rivalizar com indivíduos de condição privilegiada. 
e) valorizar as experiências hedonistas do presente. 
Comentários 
 Alternativa “a”: incorreta. A lesma não coach para querer uma superação na vida, a ela não 
são dadas opções, ela se sente emparedada. 
 Alternativa “b”: incorreta. O sentimento é de emparedamento, inexorabilidade. 
 Alternativa “c”: correta – gabarito. É correta a opção [C], pois, para ter prestígio social, a lesma 
manifestava o desejo impossível de ser escargot, ou seja, alimentava expectativas de transformação 
totalmente utópicas. 
 Alternativa “d”: incorreta. No caso, nem as mais requintadas das lesmas, que seriam os 
escargots, escapariam de um terrível fim: no caso, elas são comidas. 
 Alternativa “e”: incorreta. Hedonismo significa cada uma das doutrinas que concordam na 
determinação do prazer como o bem supremo, finalidade e fundamento da vida moral, embora se 
afastem no momento de explicitar o conteúdo e as características da plena fruição, assim como os 
meios para obtê-la (dicionário Houaiss). 
Gabarito: “c”. 
12. (ENEM/2018) 
o que será que ela quer 
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essa mulher de vermelho 
alguma coisa ela quer 
pra ter posto esse vestido 
não pode ser apenas 
uma escolha casual 
podia ser um amarelo 
verde ou talvez azul 
mas ela escolheu vermelho 
ela sabe o que ela quer 
e ela escolheu vestido 
e ela é uma mulher 
então com base nesses fatos 
eu já posso afirmar 
que conheço o seu desejo 
caro watson, elementar: 
o que ela quer sou euzinho 
sou euzinho o que ela quer 
só pode ser euzinho 
o que mais podia ser 
FREITAS, A. Um útero é do tamanho de 
um punho.São Paulo: Cosac Naify, 2013. 
 
No processo de elaboração do poema, a autora confere ao eu lírico uma identidade que aqui 
representa a 
a) hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso comum. 
b) mudança de paradigmas de imagem atribuídos à mulher. 
c) tentativa de estabelecer preceitos da psicologia feminina. 
d) importância da correlação entre ações e efeitos causados. 
e) valorização da sensibilidade como característica de gênero. 
Comentários 
 Esta obra compunha o repertório obrigatório da UFSC 2019. 
Alternativa “a”: correta – gabarito. No poema “o que será que ela quer”, o eu lírico masculino 
interpreta o comportamento e a personalidade femininos a partir da uma perspectiva subjetiva, a 
ponto de atribuir-se a si mesmo as qualidades necessárias que o tornam o único possível alvo dos 
desejos de uma mulher. Assim, é correta a opção [A], pois revela um tipo de discurso vigente em 
sociedades patriarcais, cujos padrões morais revelam uma visão estereotipada da mulher. 
 Alternativa “b”: incorreta. Pelo contrário: manutenção de certos pensamentos quanto ao 
comportamento feminino. 
 Alternativa “c”: incorreta. Seria alertar para o fato de que a psicologia feminina é pré-
estabelecida, sem abrir margem para a sua complexidade. 
 Alternativa “d”: incorreta. O fato de a mulher usar vestido vermelho não deveria ter a ver 
com as consequências femininas. 
Alternativa “e”: incorreta. Não é a sensibilidade que está sendo criticada aqui, mas sim o 
comportamento feminino (o fato de usar vestido vermelho). 
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Gabarito: “a”. 
13. (ENEM/2017) 
Contranarciso 
 
em mim 
eu vejo o outro 
e outro 
e outro 
enfim dezenas 
trens passando 
vagões cheios de gente 
centenas 
 
o outro 
que há em mim 
é você 
você 
e você 
 
assim como 
eu estou em você 
eu estou nele 
em nós 
e só quando 
estamos em nós 
estamos em paz 
mesmo que estejamos a sós 
LEMINSKI, P. Toda poesia. São Paulo: Cia. das Letras. 2013. 
 
A busca pela identidade constitui uma faceta da tradição literária, redimensionada pelo olhar 
contemporâneo. No poema, essa nova dimensão revela a 
a) ausência de traços identitários. 
b) angústia com a solidão em público. 
c) valorização da descoberta do “eu” autêntico. 
d) percepção da empatia como fator de autoconhecimento. 
e) impossibilidade de vivenciar experiências de pertencimento. 
Comentários 
 Alternativa “a”: incorreta. O conceito básico aqui é o de alteridade: a transformação do eu 
no outro, a incorporação do outro e a sua respectiva aceitação, o seu reconhecimento. 
 Alternativa “b”: incorreta. Se o outro está em nós não estamos sozinhos. 
 Alternativa “c”: incorreta. Não há um eu autêntico, pois ele poderia estar em mais de um 
lugar, mais de uma pessoa, poderia se fragmentar. 
 Alternativa “d”: correta – gabarito. O título do poema alude a Narciso, figura mitológica que, 
encantado pela sua própria beleza refletida na água da lagoa, definha e morre, podendo ser 
entendido como o símbolo da vaidade e do individualismo. “Contranarciso” seria, dessa forma, a 
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inversão do mito, a expressão da necessidade do eu lírico de “beber” em outros lagos, incapaz de 
desfrutar plenamente de seu próprio eu sem a ajuda de outros. 
Alternativa “e”: incorreta. Pelo contrário, a experiência é compartilhada e ressignificada. 
Gabarito: “d”. 
14. (ENEM/2017) 
Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as 
feições defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi 
nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da 
amizade, podia ser o epílogo de um livro adúltero [...]. 
Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, mas então não pôde 
mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em 
borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável

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