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Neuropsicopedagogia Clinica

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Ementa: conceitos básicos; Neuropsicologia e aprendizagem;
Neuropsicologia e distúrbios da linguagem; Neuropsicologia e
distúrbios de aprendizagem; Neuropsicologia e distúrbios do
desenvolvimento; Neuropsicopatologias no contexto escolar.
Objetivos: aprofundar conceitos neuropsicológicos relacionados
ao processo ensino-aprendizagem, numa perspectiva
inclusivista.
Disciplina: Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à 
Educação
Docente: Prof. Me. Fernando Scoth
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Qual o objeto de investigação da
Neuropsicologia ?
O que é, o que estuda a Educação ?
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Qual a contribuição da Neuropsicologia para a 
inclusão escolar?
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A Educação enquanto Ciência
Ciência-disciplina (um “pacotão de
conhecimentos”)
Ciência-processo (em vias de fazer-se)
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
As Ciências da Educação devem incluir
aspectos relacionados à construção de
conhecimentos científicos.
A evolução das ideias acerca da relação 
mente X corpo
Os períodos Mitológico, Cosmológico
(sécs. VII-V a.C.), e Antropocêntrico
(sécs.IV-III a.C.) da Antiguidade.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A evolução das ideias acerca da relação
mente X corpo
Período Cosmológico – Teoria dos Humores
Patologia Humoral (aceita até o séc. XIX): em
equilíbrio e harmonia (eucrasia) – asseguravam a
saúde do indivíduo; em desequilíbrio e desarmonia
(discrasia) – resultavam em doença.
As expressões “bom humor”, “mal humorado”,
são reminiscências dos conceitos de eucrasia e
discrasia.
Teoria dos Humores X Teoria Celular
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
As Ciências da Educação devem incluir aspectos
relacionados à natureza/caráter da ciência – a
verossimilhança
Durante milênios o falso problema mente-corpo
levou muitos educadores a conceber a mente e o
corpo como entidades completamente separadas e
nada relacionadas.
Modernamente, contudo, todo educador sério
entende o aprendizado como um processo que
ocorre no sistema nervoso; daí ser fundamental
aliar conhecimentos de Neurociência na formação
destes profissionas.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A evolução das ideias acerca da relação 
mente X corpo
Segundo René Descartes (1596-1650), como
a mente se relaciona com o corpo?
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A evolução das ideias acerca da 
relação mente X corpo
Herófilo (335-280 A.C.) dissecou e
escreveu sobre o cérebro e foi o
primeiro a descrever suas cavidades,
os ventrículos cerebrais, que ele
associou com as funções mentais.
Ilustração dos ventrículos cerebrais
feita por Leonardo da Vinci (1452-
1519)
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A evolução das ideias acerca da relação 
mente X corpo
Para que servem os ventrículos?
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A evolução das ideias acerca da relação 
mente X corpo
A relação entre glândula pineal e sono.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A evolução das ideias acerca da relação 
mente X corpo
Wilhelm Wundt (1832-1920) – utiliza o
método experimental no estudo dos processos
mentais. Em 1879, cria o Instituto Experimental
de Psicologia, (Leipzig, Alemanha) dedicado ao
estudo do comportamento humano e introduz
a Psicologia Fisiológica.
O que estuda ou investiga a ciência
Psicologia?
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
O desenvolvimento da consciência 
(reflexiva, auto-consciência, moral).
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://1.bp.blogspot.com/_GD7fdKxXymc/RrQQL9-TJ8I/AAAAAAAAAWE/Wz9K4QcWmek/s320/Sess%C3%A3o%2B07_06_06%2Bbebes%2B(86).jpg&imgrefurl=http://ciepre.blogspot.com/2007_08_01_archive.html&usg=__wHoNJT1gZWlqNLJZj6e02HFJhk8=&h=240&w=320&sz=17&hl=pt-BR&start=245&tbnid=WNSkebAFEBRdvM:&tbnh=89&tbnw=118&prev=/images%3Fq%3Dmieliniza%25C3%25A7%25C3%25A3o%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26start%3D240
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O conhecimento sobre desenvolvimento do
sistema nervoso é fundamental na adoção,
pelo educador, de teorias pedagógicas que
levem em conta os substratos anatômicos
cerebrais e os mecanismos neuropsicológicos
do comportamento, pois só assim ele
conseguirá otimizar as capacidades cognitivas
de seu aluno.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Como você chegou a ser o que é hoje?
Por que os filhos são mais parecidos 
com os pais?
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Paradigma Inatista
Pressuposto básico: a vida 
começa ao nascimento
“pau que nasce torto morre torto”; 
“filho de peixe, peixinho é” .
Elementos sagrados: sangue e 
sêmen
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Paradigma Empirista/Ambientalista 
Pressuposto: a vida começa ao nascimento
Todo aluno é capaz de aprender qualquer
coisa ??!!
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Paradigma Interacionista (a partir do séc, XIX)
Pressuposto básico: a vida começa a partir da 
célula ovo ou zigoto
A partir do estabelecimento da Teoria Celular,
o início da vida humana deixou de ser
percebido como sendo o nascimento e passou
a ser caracterizado pela formação da célula ovo
ou zigoto.
Embora única, esta célula contém toda a
informação (herança biológica) necessária para
formar um ser humano.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Quando começa a vida humana?
Quando o ser humano começa a 
aprender?
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Paradigma Interacionista (a partir do 
séc. XIX)
Concepção Materialista: admite a
evolução da mente a partir da
evolução do corpo.
Pressuposto básico: evolução
biológica do ser humano - gênero
Homo
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Paradigma Interacionista (a partir do 
séc,.XIX) 
Todos os traços, características,
caracteres humanos (físicos ou
comportamentais, normais ou anormais),
considerados isolados ou formando o
indivíduo todo, são resultantes da
interação entre o genótipo (herança
biológica) e o ambiente (herança sócio-
histórico-cultural).
Genótipo + Ambiente = Fenótipo
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Genótipo + Ambiente = Fenótipo
Diferença entre caráter genético e caráter
não genético (ambiental ou adquirido)
Os termos genético e não genético
expressam apenas o valor relativo do
genótipo na determinação do fenótipo.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Genótipo + ambiente = indivíduo
Nenhuma célula é idêntica à outra, já que
enquanto tal é um fenótipo. O que se está
admitindo é que sejam células
geneticamente idênticas e, por definição,
clones.
Gêmeos monozigóticos ou univitelinos
são clones naturais (se originam da divisão
de uma célula ovo ou zigoto; são, portanto,
os únicos pares de seres isogênicos, isto é,
geneticamegnte idênticos (mas jamais
indivíduos idênticos).
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A herança biológica
A expressão herança genética designa
a herança da seqüência de bases do
DNAn.
A expressão herança epigenética
refere-se a herança da estrutura da
cromatina.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A herança biológica
Cada célula humana tem cerca de
30.000 genes, mas estes não funcionam
todos ao mesmo tempo; num dado
momento e/ou tipo celular deum
organismo, apenas uma parte deles está
funcionando.
A regulação da expressão (ação)
gênica é um processo dinâmico que
determina as características das células
e o curso do desenvolvimento do
organismo.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Desenvolvimento do sistema nervoso
Eventos aditivos/progressivos:
- indução neural;
- proliferação celular;
- migração e agregação seletiva;
- diferenciação/maturação neural;
- sinaptogênese.
Eventos subtrativos/regressivos: 
- retração axonal;
- degeneração sináptica;
- morte neural. 
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
O desenvolvimento do SN inicia-se na vida
intra-uterina e sofre influências de fatores
genéticos e ambientais.
As pré-condições cognitivas são dadas
pela herança biológica (que define a
macroestrutura) sob a forma de potencial
biológico; sobre ela agem os fatores do
meio ambiente (herança sócio-histórico-
cultural), modelando o cérebro
(microestrutura) da criança dotado de
sinapses em excesso.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a Educação
Toda célula somática humana tem os mesmos
genes, mas estes não funcionam todos ao mesmo
tempo; num dado momento e/ou tipo celular do
organismo, apenas uma parte deles está
funcionando.
Os genes ativados determinam a estrutura de
proteínas específicas, cujo aparecimento, por sua
vez, sinaliza a ativação ou desativação de novos
genes.
Assim, a regulação da expressão (ação) gênica
é um processo dinâmico que determina as
características das células e o curso do
desenvolvimento do organismo.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas a Educação
O que um neurônio faz depende do conjunto de
neurônios no qual que se insere.
O que um conjunto de neurônios faz depende
dos outros conjuntos de neurônios vizinhos no
qual se insere.
A contribuição de cada um dos conjuntos de
neurônios para o funcionamento do sistema a
que pertence, depende de sua localização no
sistema.
O que os sistemas fazem depende de como os
conjuntos se influenciam mutuamente numa
arquitetura de conjuntos interligados.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
O desenvolvimento comportamental é
restringido pela maturação das células
cerebrais; desse modo, o estudo do
desenvolvimento do SN permite ao
educador fazer previsões sobre quando os
comportamentos vão aparecer na criança.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A aprendizagem depende de sinapses.
O cérebro só manterá
permanentemente vivas as conexões
entre neurônios que permitirem o
processamento eficiente de uma
variedade de funções.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A especialização morfo-químico-funcional
permite a formação de conexões entre os
neurônios ou entre neurônios e estruturas
efetuadoras (p.ex. musculatura estriada).
Estas conexões ou contatos por
contiguidade (proximidade) denominam-se
sinapses, permitem a passagem do impulso
nervoso entre células e são, em geral,
químicas.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Herança biológica - define a “estrutura grossa”
do sistema nervoso; determina o potencial para
a aprendizagem.
Herança sócio-histórico-cultural (ambiente intra
e extra-uterino) – define a “estrutura fina” do
sistema nervoso.
Plasticidade cerebral – capacidade de
reorganização anatômica e funcional do sistema
nervoso.
Com o avanço da idade e a diminuição da
plasticidade cerebral, a aprendizagem requer o
emprego de muito mais esforço para se efetivar.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
O conhecimento sobre
desenvolvimento do sistema
nervoso é fundamental na
adoção, pelo educador, de teorias
pedagógicas que levem em conta
os substratos anatômicos
cerebrais e os mecanismos
neuropsicológicos do
comportamento, pois só assim ele
conseguirá otimizar as
capacidades cognitivas de seu
aluno.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Paradigma localizacionista
das funções mentais – sécs. XIX -
XXI
Localizacionistas – as funções
mentais estão representadas em
regiões cerebrais específicas.
Anti-localizacionistas - as funções
mentais constituem um processo
dinâmico oriundo da integração
funcional de todo o SN, estando
representadas simultaneamente
em todas as (ou em muitas)
regiões cerebrais.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Aprendizagem – os processos mentais
humanos não se localizam em estreitas e
circunscritas áreas cerebrais; sua localização
é dinâmica, envolvendo a participação de
grupos de estruturas cerebrais, cada qual com
a sua contribuição particular, operando em
concerto.
O sintoma ou “perda” de função particular
não diz nada sobre a sua localização, pois
uma lesão em uma área ou zona cerebral
pode acarretar a desintegração de todo o
sistema funcional.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A Teoria do Sistema Funcional, de A. R.
Luria (1902-1977),
Enquanto dinâmico, o encéfalo
luriano é constituído de 3 unidades
funcionais básicas, cuja participação é
necessária para qualquer tipo de
atividade mental.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Primeira unidade funcional – regula o estado
do córtex cerebral, alterando o seu tono e
mantendo o estado de vigília. Inclui o tronco
encefálico, a formação reticular (com um
sistema reticular ascendente e descendente;
estrutura mais importante), o mesencéfalo e o
giro parahipocampal.
“ o cérebro acordado”
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Segunda unidade funcional – é um sistema
para a recepção, codificação e
armazenamento de informações (visuais,
auditivas, vestibulares ou sensoriais gerais).
Inclui os lobos parietais, occipitais e
temporais do córtex cerebral. O
funcionamento depende da atuação
combinada das zonas corticais, uma vez que
envolve sensação, percepção e associação.
“o cérebro informado”
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Terceira unidade funcional – responsável
pela programação, regulação e verificação
das funções mentais - planificação
É a organizadora da atividade consciente.
Inclui os lobos frontais (e pré-frontais) do
córtex cerebral, responsáveis pela
orientação do comportamento, tanto em
relação ao presente quanto ao futuro.
“o cérebro emanciado”
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Atualmente, a Teoria do Sistema
Funcional de Luria tem subsidiado boa
parte dos estudos neuropsicológicos
realizados por educadores com vistas a
investigar a aprendizagem e suas
dificuldades e/ou distúrbios, em crianças e
adolescentes.
Avaliação neuropsicológica no contexto
escolar – destaque para os estudos
realizados pela prof. Dra. Elsa Antunha
(USP, SP).
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
As bases neuropsicológicas da 
aprendizagem, segundo Luria
Luria também relacionou a atenção, a
percepção e a memória ao processo de
aprendizagem e à compreensão de suas
dificuldades no contexto educacional.
Tais processos mentais, tidos como as
bases neuropsicológicas da
aprendizagem, envolvem o
funcionamento cooordenado de diversas
áreas cerebrais, tendo como mediadora a
linguagem.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Atenção
A atenção tem dois aspectos principais:
- a criação de um estado geral de
sensibilização chamado alerta;
- a focalização desse estado de atenção sobre
certos processos mentais. Envolve, portanto,
direção e seletividade.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Neurobiologia da Atenção
O processo atentivo envolve um
conjunto de habilidades e a participação
de várias estruturas do sistema nervoso,
dentre elas a formação reticular, o
tálamo, o sistema límbico e várias
estruturas corticais e subcorticais.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Atenção – mecanismo seletivo de estímulos
(relevantes/irrelevantes).Involuntária ou automática (mais elementar):
responsável por tarefas em que não estamos
envolvidos de forma consciente (mudanças
respiratórias, cardiovasculares) .
A formação reticular é um dos sistemas mais
importantes que garante as formas mais
elementares da atenção, pois entre suas
funções está o controle da atividade elétrica
cortical, determinando, assim, os estados de
sono e vigília.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Atenção – mecanismo seletivo de estímulos
(relevantes/irrelevantes).
Voluntária ou focalizada (formas estáveis e
precisas): - capacidade de direcionar o foco da
atenção para um determinado estímulo ou
grupo de estímulos (exige esforço consciente).
importância da linguagem expressiva.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A atenção pode também ser classificada em:
Atenção seletiva - que se faz necessária quando
diante de um ambiente rico em estímulos para
que se possa concentrar em apenas um deles
(inibição da resposta a estímulos relevantes).
Atenção sustentada - que se refere à habilidade
de se manter a atenção em um estímulo ou
tarefa por um período prolongado de tempo
(vigilância).
Atenção dividida ou alternada - capacidade de
alternar o foco da atenção, voluntariamente,
entre vários estímulos (envolve o atendimento
simultâneo a mais de um estímulo).
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Percepção – participação coordenada
entre sistemas sensoriais (visão, audição,
paladar, tato, olfato, gustação).
Objetos familiares – processo
contraído.
Objetos novos – processo completo.
Constância perceptual – permite o
reconhecimento do objeto mesmo que ele
seja percebido de formas (posições,
partes) diferentes .
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Memória - é a aquisição, o armazenamento
(conservação, consolidação) e a evocação
(recordação, lembrança, recuperação) de
informações.
No início do século XX, admitia-se existir
“um centro da memória”, ou seja, uma região
específica no sistema nervoso encarregada de
realizar os mecanismos de aquisição,
consolidação e evocação das informações.
Nos últimos 50 anos, contudo, os estudos
experimentais e as observações clínicas
forneceram evidências de que os mecanismos
da memória estão localizados em diferentes
partes do SNC e que existem regiões cerebrais
especializadas nos processos mnemônicos.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Há várias classificações de memória,
entre elas: de acordo com o tempo de
retenção e com o seu conteúdo
(natureza).
Quanto ao tempo de retenção:
- ultra-rápida,
- de curta duração,
-de longa duração).
Durante muito tempo, acreditou-se que
a memória de curta duração era uma fase
inicial da memória de longa duração;
precisava ser repetida para que pudesse
ser transformada em memória de longo
prazo.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Sabe-se atualmente, que a memória de
curta duração requer as mesmas estruturas
nervosas que a memória de longa duração,
mas envolve mecanismos próprios e
distintos: a primeira é possivelmente uma
consequência da permanência dos sinais
elétricos produzidos e veiculados pelos
neurônios e pelas sinapses, enquanto a
segunda é possibilitada por alterações de
natureza morfológica e funcional das
sinapses.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Em outras palavras,
A diferença entre as memórias de curta e
de longa duração não reside em seu
conteúdo cognitivo, que é o mesmo, mas sim
nos mecanismos neurais subjacentes a cada
uma delas.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Tipos de Memória
Quanto à natureza :
- explícita ou declarativa - pode ser descrita
por meio de palavras (consolidadas pelo
hipocampo e áreas corticais adjacentes do
lobo temporal medial, em conexão com
núcleos do tálamo e do hipotálamo);
- implícita ou não declarativa - não é evocada
por meio de palavras; sua natureza é pré-
consciente e por isso a evocação é mais ou
menos automática, sem que o sujeito perceba
de forma clara o que está aprendendo.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
http://www.epub.org.br/cm/n01/memo/slide3a_p.gif
http://www.epub.org.br/cm/n01/memo/slide3a_p.gif
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Cabe ainda destacar a chamada memória de
trabalho; esta armazena informações que serão
úteis apenas para o raciocínio imediato e a
resolução de problemas, ou para a elaboração
de comportamentos, podendo ser esquecidas
logo a seguir.
Para muitos, a memória de trabalho não é um
verdadeiro tipo de memória, pois não forma
arquivos; tem, isto sim, uma função
gerenciadora da realidade pois cabe a ela
analisar as informações que chegam
constantemente ao cérebro e de rapidamente
compará-las com as memórias pré-existentes,
determinando, entre outras coisas, se são novas
ou não, e se são úteis ou não ao organismo.
A memória de trabalho ocorre 
fundalmentalmente no córtex 
pré-frontal.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Esquecimento – é fisiológico e
desempenha papel adaptativo.
Não deve ser confundido com
memória habituada ou extinta
(memória suprimida, no que diz
respeito à sua expressão).
A maior parte dos esquecimentos
resulta da falta de uso das sinapses.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Quando a capacidade de retenção é
exacerbada, impedindo a separação entre
aspectos relevantes e irrelevantes dos eventos,
trata-se de um esquecimento patológico.
Amnésia e Hipermnésia
Amnésia (esquecimento “demais”) e
hipermnésia (esquecimento “de menos”) são
dimensões patológicas do esquecimento.
Amnésia anterógrada refere-se a incapacidade
de reter novas memórias, enquanto amnésia
retrógrada refere-se a incapacidade de consolidar
as memórias imediatamente anteriores aos fatos
ou eventos (ou do que acabou de ser aprendido).
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Franz J. Gall (1758-1828) – e a
proposição da organologia: o cérebro
é um conjunto de órgãos separados,
cada um dos quais controla uma
“faculdade mental” isolada.
Craniologia (exame cranioscópico)
Frenologia – mapas frenolígicos
33 - linguagem
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Distúrbios de linguagem - As afasias
Afasia motora, verbal, ou de 
Broca
Afasia sensorial, receptiva, 
sintática ou de Wernicke
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Afasia de condução 
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Figuras As duas áreas principais da linguagem: área de Broca e área de Wernicke.
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://images.the-scientist.com/content/figures/0890-3670-050131-25-1-2.jpg&imgrefurl=http://www.the-scientist.com/article/display/15220/&usg=__lPZnP1e7Pf2iEzwZyOmvH5_L104=&h=200&w=200&sz=13&hl=pt-BR&start=121&tbnid=Rd4Bnygzo_POgM:&tbnh=104&tbnw=104&prev=/images%3Fq%3Dareas%2Bde%2BBroca%2Be%2Bde%2BWernicke%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26start%3D120
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Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Em 1861-2, Broca (1824-1880) propôs
o conceito de dominância cerebral .
Nas décadas de 1950-60 este conceito
foi substituído pelo conceito de
especialização funcional dos
hemisférios cerebrais.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Neuroimagem
Tomografia por emissão de 
pósitrons (PET) 
Ressonância Magnética 
Funcional (RMf)
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Modelo neuroanatômico
conexionista das diversas áreas
corticais envolvidas na
linguagem. Ang+ SM= giro
angular+ supramarginal, BP-
Broca posterior, IT- córtex
Ínfero-temporal, M1- área
motora primária, PF- córtex
pré-frontal, PT- pólo
temporal.,TP- córtex temporal
posterior, W- área de
Wernicke.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Distúrbios de Aprendizagem
Conceitos básicos
Diferenciam-se os distúrbios
(déficits, transtornos) de
aprendizagem das dificuldades
(problemas) de aprendizagem
porque neles se admite haver
sempre uma perturbação na
neurobiologia da aprendizagem,
identificada ou não pelas técnicas
de neuroimagem.
A inteligência do indivíduo pode
ser normal, acima ou abaixo da
média.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Concepção tradicional de
aprendizagem: ler, escrever e
realizar cálculos
Dislexia, disortografia, disgrafia e
discalculia
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Dislexia – um distúrbio específico de
leitura que acomete estruturas corticais e
subcorticais do encéfalo.
O distúrbio de leitura pode coexistir
com distúrbios na linguagem escrita,
cálculo, atenção, memória e interação
perceptivo-motora.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Há vários tipos de dislexia.
A heterogeneidade clínica e causal aliada
à metodologia utilizada no estudo responde
pela grande variação da prevalência; na
maior parte dos países, contudo, esta (em
geral, obtida através de amostras de
escolares) situa-se entre 5% e 10% da
população.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A dislexia não tem cura, mas tem
tratamento e prevenção; em ambos a
contribuição dos educadores é
fundamental.
O estudo do tema é particularmente
importante para os educadores das
séries iniciais.
O seu desconhecimento faz com que
muitos professores considerem-na
erroneamente como um impeditivo para
aquisição do conhecimento.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Etiologia da Dislexia
Paradigma inatista
Herança biológica = dislexia
Paradigma empirista/ambientalista
Herança sócio-histórico-cultural
(ambiente extra-uterino) = dislexia
Paradigma interacionista
Herança biológica + ambiente (intra e
extra-uterino) = dislexia
Dislexia é um fenótipo (um produto,
resultante da interação entre a herança
biológica e a herança sócio-histórico-cultural
) e por isso, não é herdada.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Etiologia da Dislexia
Com base no critério causal, as dislexias podem ser
divididas em dois tipos: dislexia adquirida e dislexia do
desenvolvimento (também referida como dislexia de
evolução, dislexia primária, dislexia específica de
evolução, entre outros).
Na dislexia adquirida, a participação relativa da
herança sócio-histórico-cultural é maior, e o distúrbio
resulta de uma lesão cerebral específica ocasionada por
fatores ambientais em indivíduos que já sabiam ler.
Na dislexia do desenvolvimento, a participação relativa
do componente genético é maior, e por isso as
dificuldades já surgem durante a aquisição da leitura pela
criança. Note-se, contudo, que a informação genética
alterada, em geral, não segrega em famílias de uma
forma mendeliana simples (monogênica).
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Os disléxicos podem alcançar níveis
regulares de leitura e escrita, desde que
expostos às atividades adequadas.
Daí ser necessário ao educador
conhecer não apenas o diagnóstico, mas
também as causas e os sintomas da
dislexia, pois só assim será capaz de
elaborar e aplicar um plano eficaz de
tratamento/reeducação cognitiva para o
aprendiz.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Muito se pode fazer para ajudar crianças
disléxicas a melhorar seu desempenho
escolar.
A dislexia não impede a aprendizagem,
mas exige estratégias não convencionais
de ensino.
Há vários métodos de reeducação para
disléxicos.
No Brasil, dois métodos de
alfabetização são especialmente
utilizados: o método sensorial múltiplo
(multisensorial) e o método fônico.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
O método sensorial múltiplo é mais indicado
para crianças mais velhas, que já possuem
histórico de fracasso escolar; recebe este
nome porque combina diferentes modalidades
sensoriais (visual, auditiva, cinestésica, tátil)
no ensino da leitura e escrita.
A médica e pedagoga Maria Montessori foi
um de seus precursores; Samuel T. Orton
(1879-1948) contribuiu significativamente,
desenvolvendo várias técnicas. No Brasil,
merece destaque o “Método das boquinhas”,
criado pela fonoaudióloga Renata S. R. Jardini.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
O método fônico, por outro lado, é
indicado para crianças mais jovens e
deve ser introduzido logo no início da
alfabetização.
Tem dois objetivos principais:
desenvolver as habilidades
metafonológicas e ensinar as
correspondências grafo-fonêmicas.
Os psicólogos Fernando C. Capovilla e
Alessandra G.S. Capovilla destacam-se
no trabalho de prevenção e reabilitação
da leitura e escrita, e nos estudos
realizados a partir deste método.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A dislexia do desenvolvimento
resulta de uma mutação em um ou
mais genes relacionados à migração
neural; esta alteração desencadeia
mudanças no desenvolvimento da
plasticidade cerebral que, por sua
vez, resultam em alterações de
estruturas cerebrais fundamentais
envolvidas na aquisição e no
processamento fonológico.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Algumas das principais alterações encontradas no 
cérebro dos disléxicos:
- alterações no tamanho dos planos temporais (na
maioria dos disléxicos estes são simétricos ou o
direito é maior que o esquerdo; nos indivíduos
não disléxicos o usual é a assimetria
esquerda>direita);
- alterações na distribuição das fissuras
(especialmente a peri-sylviana esquerda) e dos
giros corticais (giro angular, giro supramarginal);
- desconexão dos sistemas cerebrais parieto-
temporal e occipito-temporal posteriores,
localizados no hemisfério esquerdo;
- alterações cerebelares, entre outras.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Fundada em 1983, na cidade de São Paulo, a
Associação Brasileira de Dislexia (ABD) é uma
organização não governamental criada com o
intuito de auxiliar o disléxico e seus familiares.
Atualmente, a ABD é uma das quatro
afiliadas da IDA (fundada em 1949, com o
objetivo de continuar o trabalho do Dr. Orton
no estudo, prevenção e tratamento da
dislexia), participando ativamente nas áreas de
diagnóstico, pesquisas, cursos e eventos,
colaborando com o governo e entidades
privadas que atuam na área Educação e
Inclusão.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Disortografia - conjunto de erros
da escrita que afetam a palavra
mas não o seu traçado ou grafia.
Sinais indicadores:
- substituição de letras
semelhantes;
- omissões e adições, inversões e
rotações;
- uniões e separações;
- omissão - adição de “h“;
- escrita de “n“ em vez de “m“
antes de “p“ ou “b“;
- substituição de “r“ por “rr“, entre
outros.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Disortografia - Problemas associados:
problemas perceptivos - deficiência na percepção e
na memória visual auditiva; deficiência a nível
espacio-temporal (correta orientação das letras),
discriminação de grafemas com traços semelhantes
e adequado acompanhamento da sequência e ritmo
da cadeia falada.
problemas linguísticos – dificuldades na articulação;
deficiente conhecimento e utilização do
vocabulário.
problemas pedagógicos - método de ensino não
adequado, (o docente utiliza frequentemente o
ditado, não se ajusta à necessidades diferenciais e
individuais do aluno, não respeitando o ritmo de
aprendizagem do sujeito).
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Disgrafia - é também chamada de
letra feia. Isso acontece devido a uma
incapacidade de recordar a grafia da
letra. Ao tentar recordar este
grafismo, o sujeito escreve muito
lentamente acabando por unir
inadequadamenteas letras, tornando
a letra ilegível.
Algumas crianças com disgrafia
possuem também uma disortografia
amontoando letras para esconder os
erros ortográficos. Mas nem todo
disgráfico tem disortografia.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Características da Disgrafia:
Lentidão na escrita; letra ilegível; escrita
desorganizada; traços irregulares (ou muito
fortes que chegam a marcar o papel ou
muito leves); desorganização geral na folha
por não possuir orientação espacial;
desorganização do texto, pois não observam
a margem parando muito antes ou
ultrapassando (quando isto acontece,
tendem a amontoar letras na borda da
folha); desorganização das letras: letras
retocadas, hastes mal feitas, atrofiadas,
omissão de letras, palavras, números, formas
distorcidas, movimentos contrários à escrita
(um S ao invés do 5 por exemplo), entre
outros.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Discalculia - é definida como uma desordem
neurológica específica que afeta a habilidade
de uma pessoa de compreender e manipular
números.
Principais sintomas:
dificuldade frequentes com os números e os
sinais; dificuldade quanto orientação espacial;
inabilidade com conceitos matemáticos
(maior, menor, etc); dificuldade quanto a
noção temporal; inabilidade em recordar
regras, fórmulas e sequência matemáticas,
entre outros.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Tipos de Discalculia (segundo Garcia, 1998):
- Discalculia Verbal – dificuldade para nomear as
quantidades matemáticas, os números, os
termos, os símbolos e as relações.
- Discalculia Practognóstica – dificuldade para
enumerar, comparar e manipular objetos reais
ou em imagens matematicamente.
- Discalculia Léxica – Dificuldades na leitura de
símbolos matemáticos.
- Discalculia Gráfica – Dificuldades na escrita de
símbolos matemáticos.
- Discalculia Ideognóstica – Dificuldades em fazer
operações mentais e na compreensão de
conceitos matemáticos.
- Discalculia Operacional – Dificuldades na
execução de operações e cálculos numéricos.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
O Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade (TDAH) é uma
desordem do desenvolvimento que se
caracteriza por alterações nas funções
executivas responsáveis pela manutenção
da atenção, planejamento, controle motor e
de impulsos, modulação do afeto, e auto-
regulação comportamental.
Estas alterações afetam de modo adverso
o relacionamento familiar, social, e o
ajustamento psicossocial, comprometendo a
aprendizagem de crianças e adolescentes
com potencial intelectual adequado.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Em outras palavras,
Os principais achados indicando déficits
nas funções executivas em sujeitos TDAH
referem-se às habilidades de controle
inibitório, memória operacional,
flexibilidade cognitiva, tomada de decisões
e fluência verbal.
As dificuldades no controle inibitório
acabam por comprometer as funções da
memória operacional, internalização do
discurso, auto-regulação comportamental e
a análise e síntese do comportamento
(reconstituição de planos e metas). Essas
dificuldades seriam responsáveis pelo
aumento da impulsividade motora.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Prevalência do TDAH
A prevalência varia nos diferentes
estudos de acordo com a faixa etária da
amostra e os critérios utilizados: estudos
nacionais (utilizando critérios
comportamentais têm encontrado uma
prevalência média ao redor de 7% - 8% em
crianças com idade escolar.
As taxas de prevalência da desordem
diagnosticada pelos critérios
neuropsicológicos, contudo, são menores
(entre 3-5%) do que as detectadas pelos
critérios comportamentais.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Prevalência do TDAH
Meninos e meninas podem apresentar a
desordem, mas a proporção varia de cerca
de 4:1 na população geral (população
epidemiológica), a 9:1 em população de
ambulatório especializado (população
clínica).
Possível causa: as meninas, em geral,
apresentam uma manifestação clínica de
menor impacto.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Comorbidades
Definida como a ocorrência simultânea de
dois ou mais transtornos em um mesmo
indivíduo, a comorbidade é um fenômeno
comum entre sujeitos TDAH (mais de 50% dos
casos).
Por isso, a criança TDAH pode apresentar
outros sintomas associados (por exemplo,
ansiedade, depressão, baixa tolerância a
frustrações, agressividade, e transgressão de
regras).
Daí ser fundamental delimitar o quanto o
prejuízo funcional é devido aos sintomas do
TDAH ou à presença de comorbidades, pois
sua ocorrência altera o prognóstico e pode
requerer estratégias terapêuticas específicas.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Há mais de um século o TDAH vem sendo
investigado pelos médicos, mas foi apenas
nas últimas décadas que os educadores
deixaram de perceber o aluno TDAH como
doente e passaram a considerá-lo como
aprendiz.
O paradigma inclusivista contribuiu muito
para esta mudança aliado, entre outros, ao
fato do TDAH ser a mais comum das
desordens mentais infanto-juvenis e de na
maior parte dos casos existir comorbidade
com transtornos disruptivos do
comportamento, distúrbios de
aprendizagem, entre outros.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
O diagnóstico do TDAH caracteriza-se por
sintomas marcantes de desatenção,
hiperatividade e impulsividade, e por
uma apresentação clínica bastante
heterogênea.
Embora seus sintomas possam ser
detectados precocemente pelo pediatra
que acompanha a criança, é essencial o
conhecimento da história do sujeito a
partir da observação dos pais, dos
professores, e da própria criança já que
na maioria das vezes esta não apresenta
sintomas característicos do TDAH
durante a consulta médica.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
TDAH - sintomas
O sintoma de desatenção está
relacionado a uma série de prejuízos, tais
como:
- dificuldades em se manter em tarefas
até que elas sejam concluídas,
- baixa tolerância a tarefas tediosas, -
esquecimentos,
- dificuldade de focalizar a atenção em
diálogos,
- emissão de comportamentos fora do
contexto do que está sendo realizado,
- entre outras.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
TDAH - Neurobiologia e Neuropsicologia
Os substratos neurais das funções
executivas englobam a região frontal
(principalmente córtex pré-frontal) e suas
conexões com o córtex posterior e com as
áreas subcorticais.
O córtex frontal tem comunicação com as
áreas motoras, o sistema límbico, o sistema
reticular ativador e o córtex de associação
posterior, o que lhe dá o caráter regulador
das funções motivacionais, emocionais,
atentivas, perceptivas, e do comportamento
em geral.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
TDAH - Neurobiologia
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
TDAH - etiologia
Paradigma inatista
Herança biológica = TDAH
Paradigma empirista/ambientalista
Herança sócio-histórico-cultural = TDAH
(ambiente extra-uterino)
Paradigma interacionista
Herança biológica + ambiente (intra e
extra-uterino) = TDAH
TDAH é um fenótipo (um produto, resultante
da interação entre a herança biológica e a
herança sócio-histórico-cultural ) e por isso,
não é herdado.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
TDAH - etiologia 
Achados científicos recentes evidenciam a
existência de genes de susceptibilidade
(ADHD) localizados em diferentes
cromossomos (4p16.1; 5p15.33; 5p13; 6q12;
11p15.5; 16p13; 17p.11). (OMIM, 2012).
Estudos moleculares têm destacado a
participação de genes dos sistemas
dopaminérgico e noradrenérgico: provável
associação entre TDAH e o gene que codifica a
enzima dopamina-B-hidroxilase (que cataliza a
conversão da dopamina em norepinefrina).
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Metilfenidato
É um potente inibidor da recaptação da
dopamina e da noradrenalina. Bloqueia a
capturadas catecolaminas pelas terminações
das células nervosas pré-ganglionares;
impede que sejam removidas do espaço
sináptico.
Deste modo, a dopa e a nora extracelulares
permanecem ativas por mais tempo,
aumentando significantemente a densidade
destes transmissores nas sinapses.
O fármaco eleva o nível de alerta do
sistema nervoso central. Incrementa os
mecanismos excitatórios do cérebro. Isto
resulta numa melhor concentração,
coordenação motora e controle dos impulsos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Sinapsis.png
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Sinapsis.png
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
O TDAH não tem cura, mas tem tratamento; é
fundamental o envolvimento da escola no
conjunto de medidas a serem implementadas
no tratamento.
Cabe ao educador ir além do diagnóstico,
buscando conhecer as causas e sintomas do
TDAH para que possa elaborar estratégias de
ação frente ao aluno com o transtorno,
inserindo-se na equipe multidisciplinar
responsável pelo tratamento do educando.
A escola e o professor têm papel
fundamental no processo de aprendizagem e
na saúde mental de crianças e adolescentes
com TDAH.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Distúrbios do desenvolvimento - Epilepsia
A epilepsia é uma condição crônica ou um grupo
de doenças que têm em comum a ocorrência de
duas ou mais crises epilépticas que ocorrem na
ausência de doença tóxico-metabólica ou febril.
Crises epilépticas são eventos clínicos resultantes
de uma atividade elétrica anormal de início súbito
em uma pequena parte do encéfalo (crises parciais)
ou em áreas extensas envolvendo os dois
hemisférios cerebrais (crises generalizadas),
provocando alterações subjetivas ou
comportamentais súbitas.
A crise única não é considerada epilepsia;
necessita, contudo, de toda a avaliação clínico-
laboratorial para doenças agudas clínicas e
neurológicas.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Epilepsia
A manifestação clínica da crise depende da
área encefálica comprometida e por isso
nem toda crise epiléptica tem como
característica fenômenos motores, podendo
manifestar-se sobre a forma de alucinações
auditivas, mal-estar epigástrico, lapsos
transitórios de consciência (crises de
ausência), entre outros.
Os neurônios epilépticos não se
caracterizam apenas pela sua hiper-
excitabilidade, mas também por uma
tendência em sincronizar suas descargas
elétricas.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
A plasticidade cerebral nem sempre deve ser
entendida como adaptativa, no sentido de
melhorar e/ou facilitar a vida da criança.
Ela pode ter aspectos negativos – p. ex.
envolver a formação de circuitos neurais
reverberantes e com isto levar a uma maior
excitabilidade da região envolvida com o
processo de reorganização cerebral (o que
responderia pela ocorrência de crises
epilépticas ou de disfunções de circuitos
envolvidos com a memória ou com a atenção).
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
CIRCUITO REVERBERANTE: É um
circuito onde cada neurônio de uma
série emite um ramo para o neurônio
que o antecede, de forma que uma
torrente de impulsos é recebida no final
do circuito. Esse tipo está associado a
atividades rítmicas e a salva prossegue
até que as sinapses entrem em fadiga.
- células excitadoras excitam células já
excitadas atuando em círculo .
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Epilepsia - etiologia
Alguns tipos de epilepsia cujos loci (lugares
no cromossomo em que se localizam os genes)
já foram mapeados são as epilepsias
idiopáticas (EIG 8q24; EIG2 14q23; EIG3 9q32-
33; EIG4 10q25-q26; EIG5 10p11.22; EIG7
15q14; EIG8 3q21-1; EIG9 2q23.3; EIG 10
1p36.33; EIG11 3q27.1), alguns tipos de
epilepsias mioclônicas (EJM 6p12.2; EJM3
6p21; EJM4 5q12-q14; EJM5 5q34; EJM9 2q33-
q36; ECA1 8q24; ECA5 15q12; ECA6 16p13.3;
EPM1B 12q12; EPM5 3p14.1; EPM6 17q21.32),
alguns tipos de epilepsias familiares do lobo
temporal (ETL1 10q23.33; ETL2 12q22-q23.3;
ETL3 2q13.2-q21.3; ETL4 9q21-q22; ETL 5
8q13.2), entre outras. (OMIM, 2012).
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Epilepsia - etiologia
Os genes de susceptibilidade, isoladamente,
não são determinantes para a ocorrência de
epilepsia, mas dependem de uma ação aditiva
ou epistática de outros genes e/ou fatores
ambientais.
Os efeitos de cada gene no limiar de
susceptibilidade, portanto, vão depender do
genótipo em outros loci (interação gene-gene)
e da história de exposição a fatores ambientais
(interação gene-ambiente).
Pelo fato de muitos genes contribuírem para
o fenótipo e devido ao envolvimento de
múltiplos fatores ambientais, considera-se que
tais desordens seguem o modelo poligênico-
multifatorial.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Epilepsia na escola
Na escola, as crianças epilépticas podem
apresentar dificuldades na aprendizagem,
pois até mesmo o uso de medicamentos
pode causar efeitos colaterais, levando a
criança a apresentar baixo desempenho
escolar.
A existência de epilepsia, contudo, não
deve ser entendida como sinônimo de
comprometimento cognitivo, pois muitos
epilépticos podem apresentar
funcionamento cognitivo normal ou
mesmo acima da média.
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Distúrbio do 
desenvolvimento -
Síndrome de Down 
sinais clínicos 
característicos
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Síndrome de Down
causa/etiologia: 
mutação no cromossomo 21 (trissomia, 
translocação, mosaicismo)
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Alterações neuropsicológicas na síndrome 
de Down (comprometimento da linguagem, 
cognição, memória, atenção e outras 
funções mentais superiores).
Neuropsicopatologias e Neurociências aplicadas à Educação
Bibliografia básica
CAPOVILLA, Fernando C. (org.). Neuropsicologia e
aprendizagem: uma abordagem multidisciplinar. São
Paulo: SBNp, Scortecci, 2002.
FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L.F.; CAMARGO, C.H.P. e
cols. Neuropsicologia – teoria e prática. Porto Alegre:
Artmed, 2008.
KOLB, B.; WHISHAW, I.Q. Neurociência do
comportamento. São Paulo: Manole, 2002.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios?. Conceitos
fundamentais de neurociência. 2.ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 2010.
LURIA, A. R. Fundamentos de neuropsicologia. São
Paulo: EDUSP, 1981.

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