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Medula Óssea e Hematopoese

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TATIANA MONTANARI 
 
72 
 
amarela.
347
 A medula óssea vermelha no adulto ocupa 
os ossos do crânio, as clavículas, as vértebras, as 
costelas, o esterno e a pelve.
348
 
 
Em certos casos, como em hemorragias ou em certas 
leucemias, a atividade hematopoética é retomada pela 
medula óssea amarela e, se necessário, pelo fígado e pelo 
baço (hemocitopose extramedular).
349 
 
4.9.2 – Componentes 
 
As células do tecido mieloide são: células 
hematopoéticas, células mesenquimais, fibroblastos, 
células reticulares, células adiposas, macrófagos, 
plasmócitos e mastócitos. As células hematopoéticas 
derivam as células sanguíneas. As células 
mesenquimais, os fibroblastos e as células reticulares 
compõem o estroma da medula óssea. As células 
mesenquimais são células-tronco não hematopoéticas. 
Os fibroblastos produzem as fibras colágenas que 
sustentam os vasos sanguíneos. As células reticulares 
sintetizam as fibras reticulares, as quais junto com os 
prolongamentos das células formam uma rede de 
sustentação para as células hematopoéticas. Pelo 
acúmulo de lipídios, elas se transformam nas células 
adiposas. As células reticulares são responsáveis 
ainda, juntamente com os macrófagos e outras células 
do estroma do tecido mieloide, pela secreção de 
fatores que estimulam a proliferação e a diferenciação 
das células hematopoéticas.
350,351,352,353,354
 
 
Enquanto as células hematopoéticas, por formarem 
as células sanguíneas, são utilizadas nos transplantes de 
medula óssea, as células mesenquimais, por serem 
capazes de se diferenciar em fibroblastos, células 
adiposas, condroblastos e osteoblastos, são importantes 
na medicina regenerativa.
355,356
 
 
A matriz extracelular consiste de fibras reticulares 
(colágeno do tipo III), fibras colágenas (colágeno do 
tipo I), glicoproteínas de adesão, como laminina, 
 
347
 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 242-243. 
348
 WEISS, L. Medula óssea. In: WEISS, L.; GREEP, R. O. Histologia. 
4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1981. p. 409. 
349
 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 244, 251. 
350
 ALBERTS et al. Op. cit., p. 1301. 
351
 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 242-243. 
352
 HAM & CORMACK. Op. cit., pp. 292-294. 
353
 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 105, 117. 
354
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 197, 309. 
355
 ALBERTS et al. Op. cit., p. 1301. 
356
 LOWE & ANDERSON. Op. cit., p. 105. 
fibronectina e hemonectina, que facilitam a adesão das 
células hematopoéticas ao estroma da medula, e 
glicosaminoglicanos e proteoglicanas, que podem se 
ligar aos fatores hematopoéticos.
357,358
 
 
Em 1891, Romanowsky usou uma mistura de eosina 
e azul de metileno para corar sangue. A combinação 
mostrou-se mais adequada do que o uso dos corantes 
separadamente. Ele conseguiu corar os parasitas da 
malária nas hemácias, feito importante para o 
diagnóstico dessa doença. Parte do parasita foi corada 
com uma tonalidade violeta que não podia ser atribuída 
diretamente à eosina ou ao azul de metileno, mas devia 
ser resultante da formação de um novo corante.
359 
 
Os esfregaços de medula óssea e de sangue são 
corados pelas misturas tipo Romanowsky, como Giemsa 
(May-Grünwald-Giemsa), Leishman e Wright, que 
possuem eosina, azul de metileno e azures, resultantes da 
oxidação do azul de metileno. A eosina é um corante 
ácido e cora em rosa os componentes básicos 
(acidófilos). O azul de metileno é um corante básico e 
cora em azul os componentes ácidos (basófilos). Os 
azures são corantes básicos, mas exibem metacromasia, 
conferindo uma coloração púrpura aos grânulos que 
coram (azurófilos).
360,361,362,363 
 
4.9.3 – Hematopoese 
 
As células sanguíneas surgem de um antecessor 
comum, a célula-tronco hematopoética pluripotente.
 
364
 
 
A célula-tronco hematopoética expressa proteínas 
marcadoras de superfície como CD34 e CD90.
365 
 
A célula-tronco hematopoética, sob a influência de 
fatores do meio, sofre mitoses sucessivas, e as células-
filhas seguem um caminho de diferenciação em uma 
determinada célula sanguínea ou até mesmo em outros 
tipos celulares, como os precursores dos mastócitos e 
dos osteoclastos. Assim, a medula óssea apresenta 
microrregiões, onde predomina um tipo de célula 
 
357
 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 239. 
358
 LOWE & ANDERSON. Op. cit., pp. 117-118. 
359
 HAM & CORMACK. Op. cit., p. 279. 
360
 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 225-226. 
361
 GENESER. Op. cit., p. 187. 
362
 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 219. 
363
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 278-279. 
364
 Ibid. p. 298. 
365
 Ibid. 
HISTOLOGIA 
73 
 
sanguínea em diversas fases de maturação, que foram 
denominadas colônias nos estudos experimentais.
 
366,367,368
 
A célula-tronco hematopoética, ao se dividir, 
origina, além de uma célula semelhante a ela, um tipo 
de célula com uma potencialidade mais limitada: o 
progenitor mieloide (ou CFU-S, CFU de colony-
forming unit, unidade formadora de colônia, e S de 
spleen, baço, porque os experimentos que a 
identificaram utilizaram esse órgão) ou o progenitor 
linfoide (ou CFU-L, de colony-forming unit-
lymphoid).
369,370,371 
A divisão mitótica da CFU-S origina diferentes 
CFU: a CFU-E/Meg que deriva a CFU-E (responsável 
pela linhagem eritrocítica) e a CFU-Meg (precursora 
dos megacariócitos, formadores das plaquetas); a 
CFU-GM que deriva a CFU-G (responsável pela 
linhagem de neutrófilos) e a CFU-M (produtora dos 
monócitos); a CFU-Ba (responsável pelos basófilos) e 
a CFU-Eo (precursora dos eosinófilos). A CFU-L 
origina os linfócitos B, os linfócitos T e as células NK 
(natural killer).
372
 As CFU, bem como as suas células-
filhas, possuem uma intensa atividade mitótica.
373
 
 
A hematopoese é regulada por fatores de 
crescimento e citocinas secretados pelas células da 
medula óssea ou de outros órgãos. Essas substâncias, 
geralmente glicoproteínas, induzem a mitose, a 
diferenciação, a atividade funcional e a sobrevivência 
das células hematopoéticas.
374,375
 Há a expressão de 
receptores específicos nas células hematopoéticas, 
permitindo que esses fatores atuem.
376
 
As células reticulares do estroma da medula óssea 
sintetizam o fator da célula-tronco (stem cell factor ou 
steel factor), que fica inserido na membrana e, com o 
contato da célula-tronco hematopoética pluripotente, faz 
com que ela sofra mitoses e inicie a hematopoese. A 
célula-tronco hematopoética origina o progenitor 
mieloide (ou CFU-S) ou, com a influência da IL-7, 
secretada possivelmente pelas células reticulares, o 
progenitor linfoide (ou CFU-L).
377
 
Com a divisão mitótica da CFU-S e a influência de 
 
366
 HAM & CORMACK. Op. cit., pp. 280-281. 
367
 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 96, 133, 234-235, 
239. 
368
 WEISS, L. O ciclo vital dos glóbulos sanguíneos. In: WEISS, L.; 
GREEP, R. O. Histologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1981. 
p. 386. 
369
 CARLSON. Op. cit., p. 410. 
370
 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 234-235. 
371
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 298-300. 
372
 Ibid. pp. 299-300. 
373
 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., p. 235. 
374
 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 246-248, 251-252. 
375
 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 235-236. 
376
 GENESER. Op. cit., p. 198. 
377
 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 244, 247-248. 
fatores, como IL-1, IL-3, IL-6 e CSF-GM (CSF de 
colony-stimulating factor – fator que estimula a colônia, 
G de granulócito e M de macrófago), produzidos por 
monócitos, macrófagos, células endoteliais, linfócitos, 
fibroblastos e células reticulares, diferentes CFU são 
formadas.
378,379
 
A CFU-S (ou progenitor mieloide), por influência da 
eritropoetina, da IL-3 e da IL-4, diferencia-se na 
progenitorade eritrócitos e megacariócitos (CFU-
E/Meg). Sob a influência do fator de transcrição GATA-
1, essa célula se transforma na CFU-E.
380
 
O desenvolvimento da CFU-GM requer a expressão 
de alto nível do fator de transcrição PU.1. A progressão 
da CFU-GM em CFU-M depende da presença 
continuada de PU.1 e Egr-1 e é estimulada pela IL-3 e 
pelo CSF-GM.
381
 
A eritropoese depende da eritropoetina, uma 
glicoproteína sintetizada no rim (85%) e no fígado (15%) 
e da IL-9, produzida pelos linfócitos T.
382
 
Outras interleucinas de linfócitos T influenciam a 
formação de basófilos e mastócitos (IL-4), eosinófilos 
(IL-5), neutrófilos e monócitos (IL-3). CSF-G e CSF-M, 
secretados pelos macrófagos e pelas células endoteliais, 
promovem a mitose e a diferenciação da CFU-G e da 
CFU-M, respectivamente.
383,384
 
Trombopoetina, que é produzida no fígado, nos rins, 
no baço e na própria medula óssea, promove a maturação 
dos megacariócitos e o consequente aumento de 
plaquetas.
385
 
Membros da família Ikaros dos fatores de transcrição 
são importantes na diferenciação da célula-tronco 
hematopoética pluripotente em CFU-L. A progênie dessa 
unidade formadora da colônia que expressa o fator de 
transcrição GATA-3 é destinada a se tornar linfócito T, 
enquanto Pax-5 ativa os genes para a diferenciação dos 
linfócitos B.
386
 
 
Durante o processo de transformação das células 
precursoras em células sanguíneas maduras, há a 
aquisição das características estruturais necessárias 
para o desempenho da sua função. Assim, na 
formação das hemácias, há a síntese de hemoglobina e 
a transformação da célula em um corpúsculo que 
oferece o máximo de superfície para as trocas de 
oxigênio. Na formação dos megacariócitos, há a 
síntese dos fatores coagulantes e de membranas para 
as plaquetas. Na formação dos leucócitos, há a 
 
378
 Ibid. pp. 247-248. 
379
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 304-305, 307. 
380
 Ibid. p. 302. 
381
 Ibid. pp. 300, 307. 
382
 GARTNER & HIATT. Op. cit., pp. 247, 252. 
383
 Ibid. pp. 247, 254. 
384
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., pp. 304-305. 
385
 JUNQUEIRA & CARNEIRO. 12.ed. Op. cit., pp. 238, 249. 
386
 ROSS & PAWLINA. Op. cit., p. 308.

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