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“Estudo do sistema osteoarticular associado a artrite reumatoide” Objetivo 1: Descrever as funções dos sistemas esquelético e a formação do tecido ósseo e das articulações. ● Funções: Proteção para estruturas vitais; suporte para o corpo e suas cavidades vitais; base mecânica para o movimento; armazenamento de sais; suprimento contínuo de células sanguíneas novas (produzidas pela medula óssea localizada na cavidade medular de muitos ossos). ● Formação do tecido ósseo e das articulações: O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido conjuntivo formado por células, e material extracelular calcificado, a matriz óssea. A matriz apresenta 50% de parte orgânica e 50% de material mineral. Células do tecido ósseo: - Células osteoprogênitoras, células mesenquimatosas com poder de diferenciar se e proliferar-se em células formadoras de tecido ósseo, os osteoblastos. - Osteoblastos, células jovens com intensa atividade metabólica e responsáveis pela produção da parte orgânica da matriz óssea, composta por colágeno tipo I, glicoproteínas e proteoglicanas. - Osteócitos ficam localizados em cavidades ou lacunas dentro da matriz óssea. Destas lacunas formam-se canalículos, onde no seu interior os prolongamentos dos osteócitos fazem contatos por meio de junções comunicantes - Osteoclastos são células muito grandes que resultam da fusão de várias células do sistema fagocitário mononuclear, têm origem em células que se originam na medula óssea, e estas por sua vez originam os monócitos e os macrófagos (varias células fundem-se e dão origem aos osteoclastos). Tipos de tecido ósseo: - Osso compacto: constituído de partes sem cavidades. - Osso esponjoso: constituídos por partes com muitas cavidades intercomunicastes. Histogênese do Tecido ósseo: - Intramembranosa: dá-se nos osso chatos da cavidade craniana, a partir de células mesenquimatosas. Estas diferenciam-se em osteoblastos que vão começar a formar o centro de ossificação primário. - Endocondral: ocorre nos ossos longos. Aparece o molde de cartilagem hialina onde surgem o centro de ossificação primário, que são invadidos por vasos sanguíneos que trazem células osteoprogenitoras consigo. Estas começam a formar matriz óssea, e os condrócitos da cartilagem hialina vão sofrendo modificações morfológicas até morrerem por apoptose, diminuindo a cartilagem. Objetivo 2: Definir a fisiopatologia da artrite reumatoide e seus impactos morfofuncionais e sociais. ● Definição: A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória autoimune sistêmica que compromete primariamente a sinovia, gerando destruição óssea e cartilaginosa, além de comprometimento em outros órgãos e sistemas. ● Fisiopatologia: Inicia-se com alterações do sistema imune inato e adaptativo, com consequente produção de autoanticorpos contra várias moléculas-alvo. Os fatores ambientais, em indivíduos geneticamente predispostos, podem induzir a produção de enzimas, como a peptidil arginina deaminase tipo IV (PADI 4), que altera peptídios próprios e transforma resíduos de arginina em citrulina. Esse processo é conhecido como citrulinização e ocorre nas mucosas, em especial no pulmão, e é modulado pelo cigarro. Pode ainda haver a carbamilação, que é uma reação onde o ácido isociânico reage com o grupo amino de um aminoácido, resultando na conversão da lisina em homocitrulina. Acredita-se que a maior parte da carbamilação ocorre durante o processo inflamatório, quando a mieloperoxidase, que converte o tiocianato a cianato, é liberada pelos neutrófilos. Proteínas citrulinadas e carbamiladas funcionam como neoantígenos. Estes se ligam ao HLA-DR e são apresentados aos linfócitos TCD4 que migram para os órgãos linfoides secundários e ativam linfócitos B, os quais produzem autoanticorpos contra peptídios citrulinados (ACPA) e anticorpos anticarbamilados. Essa fase de autotolerância pode preceder as manifestações clínicas por anos. A ativação repetida da imunidade inata leva ao aumento gradual da resposta imune com posterior geração de um segundo sinal no linfócito TCD4, direcionando-a para doença clinicamente aparente. Após o segundo sinal, os linfócitos migram para a membrana sinovial e estimulam macrófagos, monócitos e fibroblastos sinoviais a produzir citocinas inflamatórias, como interleucina-1, IL-6, fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) e metaloproteinases. O resultado é um desequilíbrio entre citocinas pró e anti-inflamatórias, recrutamento articular de células do sistema imune e ainda ativação de osteoclastos, fibroblastos e condrócitos. A inflamação tecidual aumenta a permeabilidade vascular e isso leva ao influxo de mais células inflamatórias e anticorpos, elevação da expressão das enzimas PADI4 e mieloperoxidase, com consequente citrulinização e carbamilação de proteínas da sinóvia e da cartilagem. O processo inflamatório estabelecido na AR faz a sinóvia se reorganizar em um tecido invasivo granulomatoso chamado pannus. A fisiopatologia da AR pode se dividir em três grandes fases: - exsudação: congestão e edema mais acentuados na superfície interna da membrana sinovial, próximo às bordas da cartilagem com formação do derrame articular; - infiltração: predomínio de infiltrado inflamatório de linfócitos T, principalmente o CD4; - fase crônica: em que a membrana sinovial se encontra hiperplásica com formação do tecido de granulação que recobre a cartilagem e o osso subcondral, o pannus, gerando destruição da cartilagem articular, erosão óssea e anquilose. ● Impactos sociais: O atraso no seu diagnóstico e tratamento impacta de modo direto a morbimortalidade, em virtude do grave prejuízo articular, causando limitação funcional, social e profissional. Objetivo 3: Descrever o diagnóstico, manifestações clínicas, epidemiologia, sinais e sintomas clássicos. ● Diagnóstico: Os critérios de classificação servem como um guia para firmar o diagnóstico da artrite reumatoide e são úteis para a definição de populações de tratamento padronizado para fins de estudo. ● Manifestações clínicas: Atrofia de interósseos, desvios ulnar de MCF e radial dos punhos, dedo em pescoço de cisne (hiperextensão da IFP + flexão da IFD), dedo em botoeira (flexão da IFP e hiperextensão da IFD), síndrome do túnel do carpo (compressão do n. medial), síndrome do canal de Guyon (compressão do n. ulnar), mãos em dorso de camelo, estiloide em tecla de piano (lesão do ligamento colateral ulnar, levando à proeminência da cabeça ulnar e estiloide), cervicalgia, instabilidade C1-C2, cisto de Baker (herniação posterior da cápsula), que pode romper e evoluir com clínica semelhante à trombose venosa profunda, deformidades em varo ou valgo, disfonia e dor à deglutição. ● Epidemiologia: A AR acomete cerca de 1% da população adulta mundial, sendo uma das doenças reumáticas mais comuns. Tem predileção por mulheres numa proporção de 3:1 homem, com pico de incidência dos 50 aos 75 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade. ● Sinais e sintomas clássicos: Na maioria das vezes, as manifestações articulares se instalam de maneira insidiosa e progressiva (semanas a meses) como uma poliartrite simétrica e aditiva, principalmente de mãos e pés (metacarpofalângicas (MCF), interfalângicas proximais (IFP), interfalângicas distais (IFD) e metatarsofalângicas (MTF)), relacionada com rigidez matinal ≥ 1 h. Podem ocorrer também sintomas gerais, como fadiga, febre, mialgia e perda de peso. Objetivo 4: Discutir mecanismos de ação, efeitos colaterais e o papel de AINE e corticosteróides na inflamação. ● Mecanismos de ação: O principal mecanismo de ação anti-inflamatória dos corticoides é o bloqueio duplo da cascata do ácido araquidônico, por meio da indução da lipocortina, que age inibindo a fosfolipase A2 e da inibição das COXs, que possuem papel crucial na mediação da inflamação ao produzir prostaglandinas e prostaciclinas. Tambéminibem a síntese e liberação de TNF-α, interleucinas de 1 a 8, interferon γ e a ativação de células T por citocinas. Possuem efeito inibidor da função de fibroblastos, com menor produção de colágeno e glicosaminoglicanos e certa redução na cicatrização e reparo. ● Efeitos colaterais dos aines e corticosteróides: Como os corticosteróides têm ações sistêmicas, seu uso inadvertido pode causar efeitos adversos variados, sendo normalmente dose-dependentes. Alguns efeitos são indesejáveis com o uso de corticoide: Osteoporose, com consequente risco de fraturas, devido a supressão da absorção intestinal de cálcio; Síndrome de Cushing iatrogênica; Aumento da incidência de cataratas/glaucoma para predispostos geneticamente; Hiperglicemia com possibilidade de desenvolvimento de diabetes.
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