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AULA 08 - Proto Giardia, Entomoeba E Trichomonas

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Profa. Maria Elisabeth Aires Berne
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
INSTITUTO DE BIOLOGIA
DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA 
E PARASITOLOGIA
DISCIPLINA DE PARASITOLOGIA
Protozoários
- Membrana, citoplasma (endoplasma, ectoplasma, 
vacúolos) e núcleo;
- Cerca de 60.000 espécies (10.000 são parasitos);
- Seres unicelulares eucariotos;
- Normalmente são microscópicos.
Introdução
# Uma única célula realiza todas as funções 
mantenedoras da vida:
- Alimentação
- Respiração
- Reprodução
- Excreção
- Locomoção
Introdução
Reprodução: Assexuada: Cissiparidade / Esquizogonia
Sexuada: Conjugação / Fecundação ou singamia (união de 
microgameta e macrogameta).
Nutrição: Parasitos são heterotróficos (fagocitose e pinocitose de 
partículas orgânicas).
Excreção: Difusão via membrana / Difusão por vacúolos contráteis.
Respiração: Aeróbicos e Anaeróbicos.
Locomoção: Pseudópodes / Flagelos / Cílios.
Formas Básicas: Trofozoítos / Cistos, Oocistos / Gametas.
Biologia
Trofozoíto
Cisto
Flagelo – Região Anterior
Cistos e trofozoítos
Biologia
Localização dos Protozoários parasitos:
Cavitários – Ex: Giardia, Trichomonas, Entamoeba.
Não cavitários – Ex: Leishmania, Trypanosoma, Plasmodium.
Sistemática:
Sete filos de protozoários.
- Dois filos possuem maior importância médica:
- Sarcomastigophora (Leishmania, Trypanosoma, Giardia, Entamoeba, 
Trichomonas);
- Apicomplexa (Plasmodium, Toxoplasma, Sarcocystis, Isospora, 
Cyclospora, Cryptosporidium);
Biologia
Giardia lamblia
Profa. Maria Elisabeth Aires Berne
FILO: Sarcomastigophora
FAMÍLIA: Hexamitidae
ESPÉCIE: G. lamblia
(G. intestinalis / G. duodenalis) 
GÊNERO: Giardia
Taxonomia
✓ Parasito comum no ID de mamíferos, aves e anfíbios;
✓ Provoca diarreia, vômitos e dores abdominais;
✓ Relatos de surtos por água contaminada;
✓ Cosmopolita;
✓ Maior transmissão entre crianças.
Giardíase (Giardose)
TROFOZOÍTO
➢ Piriforme 
➢10 – 20 µm comp.
5 - 15 µm larg.
➢ Simetria bilateral
➢ Achatado dorso-ventralmente
➢ Disco suctorial
➢ Par de núcleos
➢ 4 pares de flagelos
➢ Corpos medianos
Morfologia
CISTO
➢ Elipsóide ou oval
➢ ± 12 µm de comp.
8 µm de larg.
➢ Membrana lisa
➢ 2 a 4 núcleos
➢ Axóstilo
➢Forma infectante
Morfologia
Cisto Trofozoítos Fissão binária Cisto
Ciclo biológico
Período de incubação:
7 a 10 dias
Ciclo biológicoCiclo biológico
cisto no
ambiente
ingestãotrofozoítos
no ID
Eliminação de cistos
com as fezes
7 a 14 dias
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• Ingestão de cistos veiculados por águas, 
mãos, verduras, frutas, alimentos e insetos;
• Contato direto com pessoas infectadas;
• Através de vetores;
• Contato com animais 
domésticos!!
Transmissão
Adesão do disco suctorial na parede do intestino; 
Processos inflamatórios; 
Atrofia das microvilosidades, má absorção.
Patogenia
Esteatorreia
Diarreia fétida
Dores abdominais
Flatulência
Constipação
Astenia
Tenesmo
Disfagia
Dor epigástrica
Sinais clínicos
❖ EXAME LABORATORIAL:
❖ EXAME CLÍNICO
Desconforto, diarreia acompanhada de cólicas, flatulência, 
esteatorreia.
Parasitológico
Diagnóstico
• Exame direto
• Técnicas de concentração
Faust (centrifugo-flutuação)
Diferenciar fezes formadas e fezes diarreicas
Eliminação descontínua
• Crianças entre 10 meses a 12 anos;
• Adquirida pela ingestão de águas contaminadas com 
cistos (resistentes ao cloro);
• Destino incorreto das fezes (risco);
• Babás e manipuladores de alimentos crus;
• Vetores podem disseminar os cistos;
• Cisto resiste até 2 meses no meio externo;
• Frequente em ambientes coletivos;
• Atividade sexual (pela via fecal-oral);
• Diarreia dos viajantes (áreas endêmicas);
• Animais parasitados.
Epidemiologia
HUMANOS
Brasil 30-40%
➢ SP 8,7% a 30,7%
➢ RJ 25%
➢ BA Salvador 8,9%
➢ Capão do Leão 19%
➢ Pelotas 30%
Prevalência
Nubia Siqueira Damaceno Tatiane Luiza da Costa Incidencia de enteroparasitoses em
pacientes atendidos por um hospital universitário da cidade de Goiânia, GO, Brasil Revista
brasileira de an[álises clinicas 2016 On line
• Educação sanitária e saneamento básico;
• Diagnosticar as fontes de infecção;
• Tratamento dos parasitados (humanos e animais).
Controle e Prevenção
Controle e Prevenção
Entamoeba histolytica
Profa. Maria Elisabeth Aires Berne
• Diarreia dos viajantes – consumo de água;
• Brasil – país conhecido no exterior pela presença 
de Entamoeba histolytica;
• 80 a 90% dos casos são assintomáticos;
• 500 milhões de pessoas infectadas;
• 100 mil mortes/ano;
• Associada a pobreza, falta saneamento e 
desnutrição.
Introdução
Filo Sarcomastigophora
Ordem Amoebida
Família Endamoebidae
Gênero Entamoeba
Espécie E. histolytica
Taxonomia
Espécies comensais
• E. coli (Grassi, 1879)
• E. hartmanni (Prowazek, 1912)
• E. dispar (Brumpt, 1925)
• E. polecki (Prowazek, 1912)
• E. gingivalis (Gross, 1849)
• E. moshkovskii (Tshalaia, 1941) 
• Apresenta formas características:
▪ Trofozoíto 
▪ Pré-cisto 
▪ Cisto
• Ciclo monoxênico
• Hospedeiro: homem
▪ Ratos, cães, macacos, coelhos, ratos e porcos 
→ zoonose ???
Morfologia
Formas Evolutivas - E. histolytica
TROFOZOÍTO
Pseudópodes, um núcleo nítido
20 - 40µm – forma minuta (citoplasma c/ bactérias, grãos 
de amido)
20 - 60µm – forma magna (citoplasma c/ eritrócitos)
CISTO - 8 - 20µm – forma de resistência (infectante)
Morfologia
Núcleo – “roda de carroça”
❖Cariossoma central
❖Cromatina periférica 
ectoplasma
endoplasma 20 a 40 - 60µm
Forma 
minuta
Forma magna
E. histolytica E. coli
Morfologia
• Encontrado em fezes
diarreicas ou pastosas
• Pseudópodes grossos e hialinos
• Diferença entre endo e ectoplasma
• Presença de hemácia
• 20 a 40 µm
• Cariossoma pequena e central, de onde
partem raios → roda de carroça
Trofozoítos
Trofozoítos de E. histolytica recuperadas de uma lesão do fígado
Trofozoítos
Hospedeiro - HOMEM
➢ CICLO MONOXÊNICO
Habitat
➢ IG :
Ocasionalmente podem invadir a mucosa do IG ou 
outros órgãos
Biologia
• Mais redondo e menor que os trofozoítos;
• Sem diferença entre endo e ectoplasma;
• Núcleo semelhante ao dos trofozoítos;
• Encontrado em fezes pastosas ou formadas;
• Corpos cromatóides (charutos).
Pré-cisto
• Formato oval ou esférico;
• 8 a 20 µm;
• Membrana refringente;
• Núcleos pouco visíveis em número de 4.
Cisto
• Fecal-oral- água e alimentos contaminados com 
cistos (oriundos das fezes);
• Pouco resistentes à luz solar e desidratação;
• Ambiente favorável – 20 dias;
• Também disseminados pela vento, por moscas, 
baratas.
Transmissão
Ciclo biológico 
Cistos eliminados
nas fezes
Divisão 
binária 
Pré-cisto
Desencistamento
no ID
Ingestão 
de cistos
Trofozoíto
(desidratação)
Colonização (ceco e
retossigmóide)
Liberação de 
trofozoítos
Migração para
o IG
Migração dos
trofozoítos 
para o IG
Trofozoítos 
invadindo
a mucosa
Colonização de trofozoítos 
invasores na mucosa
Via
hematogênica
Formação de úlceras
Pulmões
Fígado, pele
Cérebro
Colonização (ceco e
retossigmóide)
Ciclo patogênico
AMEBÍASE INTESTINAL
➢ Assintomática – 80 a 90% das infecções, sendo detectada 
pelo encontro de cistos nas fezes.
➢ Sintomática
- colites não-desintéricas: 2 a 4 evacuações diarreicas; 
desconforto abdominal ou cólicas. 
- colites amebianas: 8 a 10 evacuações diarreicas muco 
sanguinolentas;
Cólicas intensas e tremores de frio, prostação, perda de 
peso, desidratação. 
Patogenia e sintomatologia
Amebíase Extra-intestinal
◼ Dor abdominal (área hepática)
◼ Hipertermia (38-40°C)
◼ Hepatomegalia
◼ Anorexia
◼ Perda de peso
◼ Prostração
Sinais clínicos 
AMEBÍASE EXTRA-INTESTINAL➢ Amebíase hepática - dor, febre 
e hepatomegalia (Anorexia, 
perda de peso e fraqueza);
➢ Amebíase cutânea - região 
perianal;
➢ Amebíase em outros órgãos –
pulmão, cérebro, baço, rim 
(raro, ocorre quando há ruptura 
do abscesso hepático).
Sinais clínicos 
AMEBÍASE HEPÁTICA 
Necrose, sangue, bile, amebas
“pus chocolate” – necrose de 
coagulação
COLITE- AMEBIANA
AMEBÍASE INTESTINAL
Úlcera do tipo “botão de 
camisa”
Patogenia 
Diagnóstico
• Exame de fezes
▪ Direto – trofozoítos vivos e ativos (diarreia e
retossigmoidoscopia)
▪ De enriquecimento – MIF, Faust ou Formol-éter,
Hoffman – presença de cisto – fase não diarreica
Parasitológico 
Imunológico
Diagnóstico
ELISA
Imunofluorescência indireta
Resultado do ELISA
▪Amebíase extra-intestinal → títulos
elevados
▪Amebíase intestinal → títulos + baixos
Fatores que contribuem na distribuição e manutenção da amebíase
➢ Transmissão oral - mãos sujas, alimentos e água;
➢ Portadores assintomáticos;
➢ Distribuição geográfica - tropicais e subtropicais;
➢Precárias condições de saneamento, falta de higiene.
Epidemiologia
http://www.agenciabrasil.gov.br/media/imagens/2008/03/22/1630VC037.JPG/view
• 500 milhões de infectados – 10% sintomáticos;
• Regiões tropicais e subtropicais → baixas
condições sociais e sanitárias;
• Maior prevalência em adultos (20-60 anos);
• PORTADOR ASSINTOMÁTICO.
Epidemiologia
Fatores que favorecem a disseminação
❖ Dose infectante – 1 a 10 cistos;
❖ Grande produção de cistos
portador assintomático com fezes normais – 60 cistos/mg
evacuação de 100g – 6 milhões de cistos
❖ viabilidade do cisto – 20 dias (sombra). 
EPIDEMIOLOGIA
Epidemiologia
• Rio Negro (AM) → 19,7% - 1994
• Novo Airão (AM) → 29,1% - 1999
• Aldeia indígena Tembé (AM) → 12,9% - 1999
• Aldeia indígena Parakanã (PA) → 65% -1998
• Grávidas (PE) → 13,3% - 2002
• Criciúma (SC) → 56,4% - 2003 – associada a
diarreia infantil
• Hortaliças (SP) – alface, escarola, agrião – 1992
→ protozoários mais frequente
Prevalência
• Tratamento de água e esgoto;
• Educação sanitária e ambiental;
• Lavagem de frutas e verdura consumidas 
cruas (iodo ou vinagre);
• Exame de fezes de manipuladores de 
alimentos;
• Tratamento de positivos.
Profilaxia
Trichomonas vaginalis
Profa. Maria Elisabeth Aires Berne
➢ OMS – 280 milhões novos casos/ano;
➢Agente de vaginites;
➢ Homens assintomáticos e disseminadores;
➢ Descrito em 1836 (mulher) e 1894 (homem);
➢Transmissão1960. 
1836 – Donné
1894 – Marchand e Miura (1894); Dock (1896) 
Introdução
❑Causa de DST no mundo
50%
25%
25%
Vaginites
bacterianas
Trichomonas
Candida
Introdução
REINO: Protista
SUB-REINO: Protozoa
FILO: Sarcomastigophora
SUB-FILO: Mastigophora
ORDEM: Trichomonadida
FAMÍLIA: Trichomonadidae
GÊNERO: Trichomonas
ESPÉCIE: T. vaginalis
Taxonomia
flagelos
núcleo
hidrogenossomas
axóstilo
costa
corpo
parabasal
membrana 
ondulante
• forma variada
• pseudópodes
• 10 x 7 µm
• núcleo
• membrana ondulante
• corpo parabasal
• costa
• 4 flagelos anteriores
• axóstilo
Morfologia
Morfologia
• Transmissão
– Ato sexual e fômites;
• Localização da infecção
– Trato geniturinário de homens e mulheres;
• Reprodução
– Divisão binária longitudinal;
– Não há formação de cistos.
Biologia
3 a 20 dias até o 
aparecimento dos 
sintomas 
Ciclo biológico
• DST;
• Transmissão não sexual – incomum;
• Roupas de cama;
• Assentos de vasos sanitários;
• Artigos de toalete;
• Instrumentos ginecológicos contaminados;
• Roupas íntimas.
Transmissão
Patogenia
geleias espermicidas
menstruações abundantes
problemas hormonais
Alteram pH 
TRICOMONIOSE
• Período Menstrual e alterações hormonais
– Redução dos Bacillus de Doderlëin
– Redução da acidez local
– pH de 6 a 6,5
pH vaginal 3,8 – 4,5
Citoaderência
Descamação e degeneração do epitélio escamoso
Infiltração leucocitária
Aumento das secreções vaginais
Corrimento 
Patogenia
Dependem 
Condições individuais (imunológicas, hormonais)
Patogenicidade da cepa
Número de parasitos infectantes
ASSINTOMÁTICA
(25-50%, com pH e flora bacteriana vaginais normais)
SEVERA VAGINITE E CERVICITE
Sinais clínicos
➢ Geralmente assintomático;
➢ Prevalência inferior à de mulheres;
➢Eliminação mecânica da uretra com a urina;
➢ Uretrite leve – gota matinal;
➢ Ardência ao urinar (rara).
Sinais clínicos
Homem
➢ Vaginite – corrimento típico;
➢ Prurido vulvar intenso;
➢ Genitais hiperêmicas e edemaciadas;
➢ Ardência nas relações sexuais;
➢ Polaciúria e ardência ao urinar;
➢ Cérvix com aspecto de morango – petéquias.
Sinais clínicos
Mulher
Agravantes da infecção
• Problemas na gravidez
– parto prematuro
– endometrite pós-parto
• Problemas de fertilidade 
– lesões das trompas uterinas
• Predispõe a câncer cervical
• Facilita a transmissão de HIV
Lesões (pontos 
hemorrágicos na mucosa 
genital
Atração de linfócitos e 
macrófagos
A infecção por T. vaginalis aumenta em 8 vezes a 
probabilidade de transmissão de HIV para 
parceiros não infectados.
Seu diagnóstico e tratamento em mulheres e 
homens pode reduzir significativamente a 
transmissão da AIDS.
Agravantes da infecção
Sobrevivência
• 3 horas em urina coletada
• 6 horas em sêmen
• 24 horas em toalhas úmidas a 35ºC
• Mais de 48 horas em exsudato vaginal a 10ºC
temperatura ambiente
Parasito
Clínico
❑ Sugestivo, mas insuficiente;
❑ Pode confundir com:
❑ Candidíase;
❑ Gonorreia;
❑ Herpes genital;
❑ Efeito colateral de medicamentos;
❑ Alergia a produtos de higiene.
Diagnóstico
• 2% das pacientes apresentam cérvice com aspecto 
de morango;
• 20% apresentam corrimento espumoso.
78% das mulheres não seriam diagnosticadas
Clínico
Diagnóstico
• Exame de muco recém-coletado (1os dias pós-
menstruação)
– direto, a fresco (movimentos)
– colorações
• Cultivo 
• Homens - gota matinal
Laboratorial
Diagnóstico
• Uso de preservativos;
• Diagnóstico e tratamento precoces;
• Educação pública e programas de prevenção;
• Tratar também o(s) parceiro(s);
• Evitar automedicação.
Profilaxia
• Prevalência entre as grávidas por:
– interrupção do uso de preservativos;
– mudanças hormonais que ocorrem na gravidez
• 5% em neonatos de mães positivas
Tricomoniose de berçários
Prevalência
http://files.bvs.br/upload/S/0047-2077/2014/v102n1/a4019.pdf
DE CARLI, G.A. Parasitologia Clínica – Seleção de métodos e técnicas 
para o diagnóstico das parasitoses humanas. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 
2007.
NEVES, D. P. et al. Parasitologia humana. 13. ed. São Paulo: Atheneu, 
2016. 588p
REY, L. Bases de Parasitologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan S.A., 2009. 419p. *(cópia física e digital - Livro Eletrônico)
Referências
Muito obrigada!

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