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164 Dada a possibilidade de ocorrência de anemia no recém-nascido em uso de AZT, recomenda-se a realização de hemograma completo, possibilitando avaliação prévia ao início da profilaxia e o monitoramento após 6 e 16 semanas. É recomendado o alojamento conjunto em período integral, com intuito de aprimorar o vínculo mãe-filho. Recomenda-se a não amamentação e substituição do leite materno por fórmula infantil após o aconselhamento. Em situações especiais, pode ser utilizado leite hu- mano pasteurizado, proveniente de Banco de Leite credenciado pelo Ministério da Saúde, como é o caso de recém-nascidos pré-termo ou de baixo peso. Para informações sobre alternativas ao uso de fórmula infantil e a introdução de outros alimentos, deve-se consultar o “Guia prático de preparo de alimentos para crianças menores de 12 meses que não podem ser amamentadas” e o “Manual normativo para profissionais de saúde de maternidades – referência para mulheres que não podem ama- mentar”, do Ministério da Saúde, disponíveis na página web www.aids.gov.br São terminantemente contraindicados o aleitamento cruzado (amamentação da criança por outra nutriz), o aleitamento misto e o uso de leite humano com pas- teurização domiciliar. A criança deve ter alta da maternidade com consulta agendada em serviço es- pecializado para seguimento de crianças expostas ao HIV. A data da primeira consulta não deve ultrapassar 30 dias após o nascimento. Devem-se anotar no resumo de alta do recém-nascido as informações do pré-natal, as condições do parto, o tempo de uso do AZT injetável na mãe, tempo de início de AZT xarope para o RN com dose e periodicidade, além das mensurações antropométricas, o tipo de alimento fornecido à criança e outras informações importantes relativas às condições do nascimento. Essas informações deverão ser anotadas em papel timbrado da maternidade e encaminha- das ao serviço de assistência especializado (SAE), juntamente com o resumo de alta. Deve-se preencher, na ficha de notificação da Gestante HIV+ e Criança Exposta, os dados inerentes ao nascimento da criança, e enviá-la ao núcleo de vigilância epide- miológica da maternidade (quando houver) ou do município. A partir de 4 a 6 semanas de vida até a definição do diagnóstico da infecção pelo HIV, a criança deve receber quimioprofilaxia para pneumonia pelo P. jiroveci, com sulfametoxazol (SMX) + trimetoprima (TMP), na dosagem de 25-40mg/kg/dia de SMX ou 5-10mg/kg/dia de TMP, divididos em duas doses diárias, três vezes por semana, ou em dias alternados. Indica-se a consulta e o seguimento das “Recomendações para terapia antir- retroviral em crianças e adolescentes infectados pelo HIV - 2009”, do Ministério da Saúde, quanto ao acompanhamento, diagnóstico de infecção pelo HIV e monitoração de efeitos adversos associados à exposição perinatal a drogas antirretrovirais e uso de alimentação por fórmula infantil. 165 Infecção pelo Papiloma Virus Humano (HPV) É a DST viral mais frequente no mundo. A Organização Mundial da Saúde esti- ma cerca de 30 milhões de casos novos/ano no mundo, podendo alcançar cerca de 30- 40% em pacientes abaixo dos 20 anos. É causada por um vírus do grupo Papova com contaminação habitual por via sexual, mas outras vias de contaminação e propagação devem ser lembradas, visto que crianças e recém-nascidos podem adquirir a doença sem a existência de abuso sexual. Atualmente são conhecidos mais de 100 serotipos diferentes, alguns deles com potencial oncogênico (capacidade de invadir o genoma celular), principalmente os HPVs 16, 18, 31, 33, 45, os quais são capazes de levar ao surgimento de neoplasias intraepiteliais de diversos graus. Destes, cerca de um terço acometem o trato genital inferior, principalmente o colo uterino. Não está bem estabelecida a prevalência da infecção pelo HPV durante a ges- tação. Há estudos demonstrando que é aumentada, o que se deveria à diminuição da imunocompetência da gestante. Os estudos mais recentes mostram que as taxas de incidência em gestantes e não gestantes são similares. As interpretações anteriores são devidas ao diagnóstico mais facilitado durante a gravidez. A gestação favorece o desenvolvimento e a proliferação das lesões condiloma- tosas e também torna mais difícil seu tratamento, pelas constantes recidivas. É impor- tante lembrar que o vírus se instala na membrana basal dos tecidos que infecta e, mui- tas vezes, a simples retirada da área lesada não impede que outras áreas contaminadas ou mesmo a própria área previamente tratada venham a ser sede de nova lesão por multiplicação viral e por recontaminação. Os processos displásicos na gestação podem sofrer progressão, pois, juntamen- te com o problema das lesões virais da gravidez, o aumento das concentrações séricas hormonais provocado pelo estado gravídico por si só leva a um ectrópio frequente- mente importante, com consequente exteriorização da junção escamocolunar e com um estado inflamatório constante. Isso, em associação a uma baixa de imunidade, fa- vorece a magnificência das alterações celulares provocadas pelo vírus quando de sua incorporação à cadeia de DNA celular e quando da duplicação celular, provocando “cópias” celulares imperfeitas, levando a uma desorganização da estrutura tecidual, o que irá traduzir-se em graus variados de displasia. Os estudos mostram que há risco da transmissão perinatal do HPV 16 e 18 (on- cogênicos) e também dos HPV 6 e 11 (condiloma acuminado). A incidência de condilo- ma acuminado em gestantes é de 0,5 a 3%. Ele tende a aumentar durante a gestação e pode ser exuberante, chegando a obstruir o canal do parto. Muitas vezes é resistente aos tratamentos e há riscos secundários de infecção, hemorragia, ulceração, distocia, rotura prematura das membranas ovulares, corioamnionite e deiscência de episiotomia. A detecção de infecção HPV pesquisada em recém-nascidos varia entre 38 a 73% dos nascimentos, sendo considerado maior risco para o neonato o papiloma da laringe. No entanto, não está estabelecido se o HPV detectado ao nascimento causa in- fecção persistente ou transitória. Por outro lado, existem outras formas comprovadas de infecção do feto: a materno-fetal intraútero e a infecção adquirida no pós-natal.
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