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178 Propedêutica auxiliar Trimestralmente são avaliados o hemograma completo, a contagem de re- ticulócitos, a urocultura, provas de função hepática e renal, a glicemia, proteínas totais e frações, e sorologias. Solicitar também ultrassonografia, conforme a rotina. A Dopplervelocimetria deve ser realizada com 26 semanas e semanalmente após 30 semanas, ou então cardiotocografia semanalmente após 28 semanas. O Perfil biofísico fetal deve ser acompanhado em caso de alterações nos exa- mes anteriores. O exame do colo do útero é feito no segundo e terceiro trimestres para detectar adelgaçamento e dilatação que podem indicar trabalho de parto prematuro. Conduta Caso todos exames estejam normais, fazer o acompanhamento com comple- mentação vitamínica com ácido fólico 10mg/dia, cálcio 500mg/dia, complexo B 2dg/ dia vitamina C e zinco. Trabalho de parto e parto As alterações hemodinâmicas da anemia e o débito cardíaco alto são acentua- dos durante a contração. A dor pode ser controlada pelo uso liberal de analgésicos. A anestesia epidural é eficaz para encurtar a duração do trabalho de parto. Frequen- temente a função cardíaca está comprometida. A reposição de fluídos deve ser feita durante todo o trabalho de parto e no parto, com o controle das funções pulmonares e cardíacas. A monitoração fetal deve ser continuo, já que a insuficiência placentária é comum. O parto vaginal é o desejável. A indicação de cesariana é obstétrica. Os cuidados pós-parto incluem evitar tromboembolismo através da deambu- lação precoce, evitar anemia por perda de sangue e manter hidratação adequada. Transfusão de sangue Um importante e ainda não bem estabelecido aspecto dos cuidados das pa- cientes grávidas com doença falciforme é a indicação de transfusão de sangue. As complicações das transfusões como aloimunização, precipitação de crises dolorosas e transmissão de infecções, tornam necessário reavaliar o uso de transfusões profiláticas. Na doença falciforme todos os tecidos e órgãos estão em risco de sofrer lesões isquêmicas e as complicações médicas e obstétricas acontecem apesar do uso de transfusões de sangue. As transfusões têm sido indicadas para toxemia, gravidez gemelar, mortalidade perinatal prévia, septissemia, insuficiência renal aguda, bacteremia, anemia grave redução em 30% dos níveis basais no hematócrito, ou este igual ou menor que 20, níveis de hemoglobina abaixo de 7g/dl, síndrome toráxica aguda, hipóxemia, cirurgia e angiografia. 179 Fluxograma de acompanhamento da gestante com anemia falciforme por trimestre Primeiro trimestre: Aconselhamento gené�co; Orientação nutricional; Suplementação ác. fólico; Hb/Htc; Urina I/Urocultura; USG precoce. Analgesia, O2 e Hidratação. Diagnós�co e tratamento de infecções Diagnós�co e tratamento de infecções Segundo trimestre: Controle Hb/Htc; Urina I/ Urocultura; USG morfológico. Transfusão Transfusão Transfusão Terceiro trimestre: USG seriado para controle ILA e RCIU; Controle vitalidade fetal; Controle Hb/Htc; Urina I/ Urocultura.; Parto no termo Analgesia, O2 e Hidratação. Crise Não responsiva Crise Não responsiva Não responsiva Crise Indução do parto se necessário Analgesia e/ou anestesia peridural recomendados. Analgesia, O2 e Hidratação. Considerar uso de cor�coides para maturação pulmonar fetal. Diagnós�co e tratamento de infecções . . Talassemia A talassemia caracteriza-se pelo defeito na síntese da cadeia de globina, oca- sionando anemia microcítica. As talassemias são classificadas de acordo com a cadeia de globina afetada, sendo as mais comuns a α-talassemia e a β-talassemia. Indivíduos heterozigotos frequentemente são assintomáticos. A alfa talassemia é uma doença frequente em descendentes da região mediter- rânea e atinge pelo menos 10% da população do sudoeste do Estado de São Paulo. Em algumas regiões do País, pode alcançar 20%. A alta frequência e diversidade de porta- dores na população brasileira é devida às diferenças na composição étnica das regiões e à grande miscigenação ocorrida ao longo da história do Brasil. Indivíduos normais possuem quatro genes responsáveis pela produção de globinas alfa. Análises por técnicas de hibridização mostraram que os quatro genes alfa encontram-se dois em cada cromossomo 16. As formas de talassemia alfa são re- sultantes da deficiência de um, dois, três ou quatro genes alfa. Seus portadores são caracterizados segundo o número de genes afetados em: portador silencioso – alfa talassemia minor (um gene alfa afetado); talassemia alfa heterozigota (dois genes alfa afetados); doença de hemoglobina H (três genes alfa afetados); e Síndrome de Hidropsia Fetal por Hemoglobina Barts (quatros genes alfa afetados).
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