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gestacao_alto_risco-90

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Propedêutica auxiliar
Trimestralmente são avaliados o hemograma completo, a contagem de re-
ticulócitos, a urocultura, provas de função hepática e renal, a glicemia, proteínas totais 
e frações, e sorologias. Solicitar também ultrassonografia, conforme a rotina. 
A Dopplervelocimetria deve ser realizada com 26 semanas e semanalmente 
após 30 semanas, ou então cardiotocografia semanalmente após 28 semanas.
O Perfil biofísico fetal deve ser acompanhado em caso de alterações nos exa-
mes anteriores. 
O exame do colo do útero é feito no segundo e terceiro trimestres para detectar 
adelgaçamento e dilatação que podem indicar trabalho de parto prematuro.
Conduta
Caso todos exames estejam normais, fazer o acompanhamento com comple-
mentação vitamínica com ácido fólico 10mg/dia, cálcio 500mg/dia, complexo B 2dg/
dia vitamina C e zinco.
Trabalho de parto e parto
As alterações hemodinâmicas da anemia e o débito cardíaco alto são acentua-
dos durante a contração. A dor pode ser controlada pelo uso liberal de analgésicos. 
A anestesia epidural é eficaz para encurtar a duração do trabalho de parto. Frequen-
temente a função cardíaca está comprometida. A reposição de fluídos deve ser feita 
durante todo o trabalho de parto e no parto, com o controle das funções pulmonares 
e cardíacas. A monitoração fetal deve ser continuo, já que a insuficiência placentária é 
comum. O parto vaginal é o desejável. A indicação de cesariana é obstétrica.
Os cuidados pós-parto incluem evitar tromboembolismo através da deambu-
lação precoce, evitar anemia por perda de sangue e manter hidratação adequada. 
Transfusão de sangue
Um importante e ainda não bem estabelecido aspecto dos cuidados das pa-
cientes grávidas com doença falciforme é a indicação de transfusão de sangue. 
As complicações das transfusões como aloimunização, precipitação de crises 
dolorosas e transmissão de infecções, tornam necessário reavaliar o uso de transfusões 
profiláticas.
Na doença falciforme todos os tecidos e órgãos estão em risco de sofrer lesões 
isquêmicas e as complicações médicas e obstétricas acontecem apesar do uso de 
transfusões de sangue.
As transfusões têm sido indicadas para toxemia, gravidez gemelar, mortalidade 
perinatal prévia, septissemia, insuficiência renal aguda, bacteremia, anemia grave 
redução em 30% dos níveis basais no hematócrito, ou este igual ou menor que 20, 
níveis de hemoglobina abaixo de 7g/dl, síndrome toráxica aguda, hipóxemia, cirurgia 
e angiografia.
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 Fluxograma de acompanhamento da gestante com anemia
 falciforme por trimestre
Primeiro trimestre: 
 Aconselhamento gené�co; 
 Orientação nutricional; 
 Suplementação ác. fólico; 
 Hb/Htc; 
 Urina I/Urocultura; 
 USG precoce. 
Analgesia, O2 e 
Hidratação. 
Diagnós�co e tratamento de 
infecções 
Diagnós�co e tratamento de 
infecções 
Segundo trimestre: 
 Controle Hb/Htc; 
 Urina I/ Urocultura; 
 USG morfológico. 
Transfusão 
Transfusão 
Transfusão 
Terceiro trimestre: 
USG seriado para controle ILA 
e RCIU; 
 Controle vitalidade fetal; 
 Controle Hb/Htc; 
 Urina I/ Urocultura.; 
 Parto no termo 
Analgesia, O2 e 
Hidratação. 
Crise Não responsiva 
Crise Não responsiva 
Não responsiva 
Crise 
Indução do parto se necessário 
Analgesia e/ou anestesia peridural recomendados. 
Analgesia, O2 e 
Hidratação. 
Considerar uso de cor�coides para 
maturação pulmonar fetal. 
Diagnós�co e tratamento de infecções 
.
.
Talassemia
A talassemia caracteriza-se pelo defeito na síntese da cadeia de globina, oca-
sionando anemia microcítica. As talassemias são classificadas de acordo com a cadeia 
de globina afetada, sendo as mais comuns a α-talassemia e a β-talassemia. Indivíduos 
heterozigotos frequentemente são assintomáticos. 
A alfa talassemia é uma doença frequente em descendentes da região mediter-
rânea e atinge pelo menos 10% da população do sudoeste do Estado de São Paulo. Em 
algumas regiões do País, pode alcançar 20%. A alta frequência e diversidade de porta-
dores na população brasileira é devida às diferenças na composição étnica das regiões 
e à grande miscigenação ocorrida ao longo da história do Brasil. 
Indivíduos normais possuem quatro genes responsáveis pela produção de 
globinas alfa. Análises por técnicas de hibridização mostraram que os quatro genes 
alfa encontram-se dois em cada cromossomo 16. As formas de talassemia alfa são re-
sultantes da deficiência de um, dois, três ou quatro genes alfa. Seus portadores são 
caracterizados segundo o número de genes afetados em: portador silencioso – alfa 
talassemia minor (um gene alfa afetado); talassemia alfa heterozigota (dois genes 
alfa afetados); doença de hemoglobina H (três genes alfa afetados); e Síndrome de 
Hidropsia Fetal por Hemoglobina Barts (quatros genes alfa afetados).

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