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162 Manejo do parto vaginal 1- Havendo condições favoráveis para o parto vaginal e estando este indicado, iniciar o AZT intravenoso logo que a parturiente chegar ao serviço, conforme o proto- colo estabelecido, e manter a infusão até a ligadura do cordão umbilical. 2- Diante da integridade da bolsa amniótica, a progressão normal do trabalho de parto é preferível à sua indução, pelo risco de ruptura artificial das membranas e aumento de risco de transmissão vertical do HIV. 3- Monitorar o trabalho de parto cuidadosamente, evitando toques desnece s- sários e repetidos (usar o partograma). 4- Evitar que as parturientes permaneçam com bolsa rota por tempo prolonga- do, visto que a taxa de transmissão vertical aumenta progressivamente após 4 horas de bolsa rota. O uso de fármacos que aumentam a atividade uterina não está contrain- dicado, mas deve ser utilizado segundo os padrões de segurança já conhecidos. 5- A amniotomia artificial deve ser evitada, a menos que extremamente nece ssária. 6- Evitar, sempre que possível, a episiotomia. Quando necessária, o campo ci- rúrgico deve ser protegido por compressas embebidas em substâncias degermantes. 7- Assim como na gestação, estão contraindicados todos os procedimentos in- vasivos durante o trabalho de parto (amniocentese, amnioscopia, amniotomia, escal- po cefálico). O parto instrumentalizado deve ser evitado, mas quando indicado, o fór- ceps deve ser preferido ao vácuo-extrator. A aplicação do fórceps (ou vácuo-extrator) só será admitida se houver uma indicação obstétrica precisa e que supere os riscos maiores de contaminação da criança pelo procedimento. 8- A ligadura do cordão umbilical deve ser imediata à expulsão do feto, não devendo ser executada, sob nenhuma hipótese, a ordenha do cordão. 9- Utilizar antibiótico profilático materno, dose única de 2g intravenosa de ce- falotina ou cefazolina, logo após a expulsão fetal. Manejo antirretroviral no puerpério A decisão de continuar ou interromper os ARV no pós-parto depende da contagem de linfócitos T CD4+ (LT-CD4+), sintomas clínicos, coinfecções e estágio da doença materna, de acordo com as “Recomendações para terapia antirretroviral em adultos infectados pelo HIV – 2008”. A conduta deverá ser definida pelos médi- cos acompanhantes da mulher infectada pelo HIV (ginecologista e infectologista) no puerpério de um Serviço de Atenção Especializada (SAE) As puérperas com LT-CD4+ < 350 céls./mm3 e/ou sintomas/sinais de imunos- supressão devem ser aconselhadas a manterem a TARV. Aquelas com LT-CD4+ ≥ 350 céls./mm3 e assintomáticas, bem como as que usaram apenas AZT injetável no periparto, devem suspender a TARV imediatamente após o parto. Nessa situação, atenção especial deve ser dada aos casos de usuárias em uso de nevirapina, que deve ser suspensa, mantendo-se, porém, os demais ARV por mais sete a catorze dias. 163 As pacientes coinfectadas com o vírus da hepatite B e/ou vírus da hepatite C devem ser encaminhadas para especialista da área, o qual deverá decidir sobre a con- tinuação e adequação de esquema terapêutico. O inibição da lactação também pode ser obtida por enfaixamento das mamas, que consiste em realizar compressão das mamas com atadura, imediatamente após o parto, com o cuidado de não restringir os movimentos respiratórios ou causar descon- forto materno. O enfaixamento é recomendado por um período de dez dias, evitando- se a manipulação e estimulação das mamas. De forma geral, em locais de clima quente os resultados do enfaixamento são muito ruins, com elevada taxa de não-inibição e elevada frequência de abscessos mamários. Portanto, o procedimento deve ser considerado como medida de exceção, apenas para os casos em que a cabergolina não esteja disponível. Suspensão da amamentação e inibição da lactação A amamentação está associada a um risco adicional de transmissão do HIV de 7 a 22%, podendo chegar a 29% nos casos de infecção aguda materna. Portanto, toda mãe soropositiva para o HIV deverá ser orientada a não ama- mentar. Ao mesmo tempo, ela deverá estar ciente de que, no Brasil, terá direito a re- ceber fórmula láctea infantil, pelo menos até o seu filho completar 6 meses de idade. São terminantemente contraindicados o aleitamento cruzado (amamentação da criança por outra nutriz), a alimentação mista (leite humano e fórmula infantil) e o uso de leite humano com pasteurização domiciliar. A inibição farmacológica da lactação deve ser realizada imediatamente após o parto, utilizando-se cabergolina 1,0mg via oral, em dose única (dois comprimidos de 0,5mg por via oral). A cabergolina deve ser faturada na AIH do parto. A utilização de estrogênio como inibidor da lactação é contraindicada devido ao risco de tromboembolismo. Cuidados com o recém-nascido exposto A sequência de atividades recomendadas abaixo dependerá das condições de nascimento do recém-nascido: Limpar, com compressas macias, todo sangue e secreções visíveis na superfície corporal do RN, logo após o nascimento, e encaminhá-lo imediatamente para banho em água corrente. Está contraindicado o primeiro banho em banheiras pediátricas. Quando for necessária a realização de aspiração de vias aéreas do recém-nasci- do, deve-se proceder delicadamente, evitando traumatismo em mucosas. Iniciar a primeira dose do AZT solução oral, preferencialmente, ainda na sala de parto, logo após os cuidados imediatos, ou nas primeiras 2 horas após o nascimento.
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