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225 dos dos seus mais próximos congêneres. Se tivermos o cuidado de lembrar que cada ser organizado se esforça por viver em toda a parte onde pode, podemos compreender, em virtude do princípio que acabamos de exprimir, como sucede que haja patos terrestres de pés palmados, picanços não vivendo sobre as árvo- res, melros que mergulham na água e os alcatrazes que têm os hábitos dos pin- güins. O pensamento de que a seleção natural pôde formar um órgão tão perfeito como o olho, parece de natureza a fazer recuar o mais audaz; não há, contudo, impossibilidade alguma lógica para que a seleção natural, sendo dadas condições de vida diferentes, tenha conduzido a um grau de perfeição considerável um ór- gão, seja qual for, que passou por uma longa série de complicações muito vanta- josas ao seu possuidor. Nos casos em que não conhecemos os estados interme- diários ou de transição, é necessário não concluir prontamente que nunca existi- ram, porque as metamorfoses de muitos órgãos provam que alterações admirá- veis de função são pelo menos impossíveis. Por exemplo, é provável que uma bexiga natatória se transformasse em pulmões. Um mesmo órgão, que simultane- amente exerceu funções muito diversas, e depois se especializou no todo ou em parte para uma única função, ou dois órgãos distintos tendo ao mesmo tempo de- sempenhado a mesma função, indo um melhorando enquanto que o outro lhe vi- nha em auxílio, são circunstâncias que deviam muitas vezes facilitar a transição. Vimos que os órgãos que servem para o mesmo fim e parecem idênticos, puderam formar-se separadamente, e de modo independente, em duas formas muito afastadas uma da outra na escala orgânica. Contudo, se se examinam estes órgãos com cuidado, podem quase sempre descobrir-se neles diferenças essenci- ais de conformação, o que é a conseqüência do princípio da seleção natural. De- mais, a regra geral na natureza é chegar aos mesmos fins por uma diversidade infinita de conformações e isto deriva naturalmente também do mesmo grande princípio. Em muitos casos, somos demasiado ignorantes para poder afirmar que uma parte ou um órgão tem assaz pouca importância para a prosperidade de uma espécie, para que a seleção natural não possa, por lentas acumulações, trazer
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