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ANAMNESE Antes de fazer qualquer cirurgia é de extrema importância que o cirurgião dentista realize a anamnese, já que pacientes podem ter uma variedade de problemas de saúde que necessitem de modificação de tratamento ou acompanhamento médico prévio para que a cirurgia seja feita de forma segura. O sucesso de qualquer cirurgia depende da habilidade de quem a desdobra, da homeostasia do paciente, superando o trauma cirúrgico e promovendo a reparação tecidual. HOMEOSTASIA É o equilíbrio e o processo de manutenção das condições constantes do líquido extracelular. As células de cada órgão e de cada tecido do nosso organismo precisam ser nutridas, receber oxigênio e glicose. Onde isso tudo é regulado pelo sistema metabólico, sistema excretor, sistema nervoso, sistema circulatório, sistema respiratório e sistema digestivo estando em condições equilibrados para que o corpo funcione regularmente e em equilíbrio. Cardiologia É a especialidade que diagnóstica e trata de doenças que acometem o coração e outros componentes do sistema circulatório. Sinais Vitais: antes e durante a cirurgia, os sinais vitais devem ser monitorados periodicamente. Além disso, deve ser mantido contato verbal regular com o paciente. A avaliação segue os seguintes cuidados: P: pulsação, T: temperatura, R: respiração e PA: pressão arterial. A normalidade da frequência cardíaca é de 72 bpm, temperatura: 36,5°C-37°C, frequência respiratória: 12 resp/min e pressão arterial: 120/80mmhg. Eletrocardiograma Registro da atividade elétrica do coração e de importância para casos no diagnóstico das cardiopatias como insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, arritmias cardíacas, bloqueios cardíacos, infarto agudo do miocárdio e isquemia miocárdica. Choque O estado de choque caracteriza-se por insuficiência circulatória aguda com deficiente oxigenação dos órgãos vitais. Tipos de choque: choque hipovolêmico (perca de grande quantidade de sangue, dificuldade do coração de bombear), choque cardiogênico (perca da capacidade do coração de contrair, menos sangue circulando no coração) choque toxêmico (alteração no débito cardíaco) choque neurogênico (alteração na circulação sanguínea a nível do sistema nervoso central, podendo desmaiar) e choque anafilático (retrata os problemas de anafilaxia, processos alérgicos). Causas: traumatismo externo e interno, perfuração súbita dos órgãos, emoção, frio, queimadura, intervenções cirúrgicas e dentre outros. Sinais e sintomas: náuseas, prostração, suores frios, olhos mortiços e palidez. Em um estado de agravamento pode ocorrer inconsciência, respiração superficial e pulso fraco. Doenças Cardíacas Os pacientes podem apresentar as seguintes doenças: Doenças cardíacas isquêmicas (angina, enfarte) Arritmias cardíacas Insuficiência cardíaca congestiva Endocardite infecciosa Transplantes Endocardite bacteriana: é uma infecção por bactérias no coração na parte interna onde as colonizações são nas válvulas cardíacas. Podem acontecer em pacientes que tiveram febre reumática quando criança, prolapso de valva mitral quando há regurgitação e dentre outros. A profilaxia da endocardite bacteriana é obtida para a maioria das condições de rotina com a administração de 2g de amoxicilina oralmente 1 hora antes do procedimento. A amoxicilina é o medicamento de escolha, pois é mais bem absorvida pelo trato GI e fornece níveis plasmáticos maiores e mais sustentáveis. Para pacientes alérgicos é possível usar a cefalexina, clindamicina, azitromicina e claritromicina. Para pacientes que irão realizar por via endovenosa se faz o uso da seguinte forma: Cardiopatias e cirurgia: é necessário ter cautela com o uso de anestésicos com vasoconstrictores em pacientes hipertensos e ser encaminhados para o cardiologista, se necessário. Pacientes submetidos à cirurgia cardíacas devem ser submetidos à cirurgia bucais eletivas somente após 6 meses com atenção no uso de medicações anticoagulantes. É a especialidade que estuda e investiga doenças relacionadas com o mecanismo do aparelho respiratório. Os pacientes podem apresentar as seguintes doenças: Asma Bronquite Enfisema Doença pulmonar obstrutiva crônica Asma: quando um paciente possui um histórico de asma, o cirurgião-dentista deve determinar primeiramente, através de mais perguntas, se ele realmente tem asma ou outro problema respiratório como a rinite alérgica. Isso é importante para interver uma possível crise no procedimento cirúrgico. A prevenção são agonistas de curta duração e corticosteroides inalatórios. Pacientes com asma possui as seguintes particularidades: Maior risco de complicações pulmonares pós- operatórios. Broncoespasmo intra-operatorio com risco de vida. Casos de anafilaxia devido à hipersensibilidade a látex, catetes e outros materiais odontológicos. Brocoespasmos. Endocrinologia É o estudo do sistema endócrino e das glândulas como a hipófise, tireóide, paratireóide, supra-renais e pâncreas. Calcitonina: diminui a calcemia. Hormônio paratireoidiano: aumenta a calcemia. Segue o exemplo de três glândulas: Tireóide: a tireóide produz dois hormônios que são a tiroxina (tetraiodotironina T4) e a triiodotironina (T3) tendo a função de regular o metabolismo geral do corpo humano, essa regulação vem principalmente do T4. Quando o metabolismo está em níveis anormais ele pode ter hipertireoidismo (paciente mais acelerado) ou hipotireoidismo (sonolência, unhas quebradiças, queda de cabelo). Supra-renais: acima dos rins é possível observar as glândulas supra-renais que produzem em sua medula a epinefrina e a norepinefrina, no córtex produz os mineralocórticoides (regula o equilíbrio hidroeletrolítico) , glicocorticóides (regula glicose, glicídio) e andrógenos (hormônios sexuais). Pâncreas: O pâncreas produz dois hormônios importantes na regulação da taxa de glicose (açúcar) no sangue: a insulina e o glucagon. A insulina é um hormônio que é secretado pelas células beta quando a glicemia aumenta, atuando na diminuição da concentração plasmática de glicose, ácidos graxos livres, aminoácidos e entre outros. O glucagon é um hormônio secretado pelas células alfa quando a glicemia diminui, exercendo funções que são opostas a da insulina. Diabetes É uma doença metabólica caracterizada por um aumento anormal de glicose no sangue. Podendo ser classificada como Tipo 1 (insulino dependente) e tipo 11 (não insulino dependente). Quando não tratado adequadamente, causam doenças tais como infarto do coração, derrame cerebral, insuficiência renal, problemas visuais, lesões de difícil cicatrização e dentre outras complicações. Pacientes com diabetes precisam dos seguintes cuidados: Pacientes devem estar sempre compensados, mantendo a medicação habitual (insulina, hipoglicemiantes orais). Devem ser encaminhados para endocrinologistas, se necessário. Atenção do equilíbrio dieta x medicação. Devem receber profilaxia antibiótica pré-operatória devido ao potencial de infecção. Cautela no uso de anestésicos com vasoconstrictores, pois aumentam a glicemia. Nefrologia É a especialidade médica que se ocupa do diagnóstico e tratamento clínico das doenças do sistema urinário, em especial o rim. Funções renais: remover produtos finais do metabolismo e controlar concentrações iônicas. Produtos finais do metabolismo: ureia, ácido úrico, creatinina, fosfato, sulfatos e dentre outros. Pacientes com insuficiência renal precisam dos seguintes cuidados: Cautela em pacientes renais crônicos. Podem fazer uso de anticoagulantes como heparina (pacientes em hemodiálise) Devem ser encaminhados para um nefrologista. Atenção para seleção e dosagem de drogas em pacientes com comprometimento renal. Ajustando a dose de acordo com a finalidade terapêutica,taxa de eliminação da droga e com a patologia renal do paciente. Avaliar exames bioquímicos do sangue: creatinina, ureia, ácido úrico e entre outros. Hematologia É o estudo relacionado ao sangue. De forma macroscópica é possível observar os componentes do sangue que são: plasma, plaquetas leucócitos e os eritrócitos. As células de defesa no sangue são dividas em: Leucócitos granulócitos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Leucócitos agranulócitos: monócitos e linfócitos. Alguns leucócitos migram do sangue para o tecido conjuntivo, como: macrófagos, plasmócitos, mastócitos, leucócitos e monócitos. Hemograma Série vermelha: hemácias (mulher 4,5 milhões/mm3) (homem 5milhões/mm3) hemoglobina (mulher 11,5-16,5 g/dl) (homem 13,5-18 g/dl) e hematócrito (mulher 35-47%) (homem 36-52%). Alterações: anemia e perda volêmica. Série branca: leucócitos totais: 5000- 9000/mm3, neutrófilos 3200-6000/mm3, eosinófilos 2-4%, monócitos 4-8%, linfócitos 1300-3400/mm3 e basófilos: 0-1%. Desvios do leucograma nas infecções Três linhas de efesa do organismo: Primeira fase/Fase neutrófila (ou de luta): primeira fase de uma infecção haverá um aumento de leucócitos (leucocitose), a primeira linha de defesa serão os neutrófilos. Os eosinófilos e a linfocitopenia se mantém relativos. Segunda fase/Monocitária (monócitos): aumento dos monócitos (monocitose) em relação ao valor normal, a leucocitose está menos acentuada e ocorre a diminuição de neutrófilos, reaparecendo os eosinófilos. Terceira fase/Fase linfocitária (ou de cura): aumento dos linfócitos, os linfócitos estão ligados à defesa do organismo, por meio da produção de anticorpos. Exames bioquímicos laboratoriais: Hemograma Coagulograma (TAP, PTTK, INR) Glicose: 110 mg/dl Uréia 20-40mg/dl Creatinina: 1-2 mg/dl Ácido úrico: 2-5 mg/dl Bilirrubina total: até 1,2 mg/dl Transaminase glutâmico oxalacética (TGO): em homens 37 U/L e em mulheres 31 U/L Transaminase glutâmico pirúvica (TGP): em homens 42 U/L e em mulheres 32 U/L. Três pontos importantes na solicitação do exames: A glicose é solicitada principalmente quando se existe suspeita de diabetes. A uréia, creatinina e ácido úrico auxiliam na avaliação da função renal. E a bilirrubina, transaminase glutâmico oxalacética (TGO) e transaminase glutâmico pirúvica (TGP) auxiliam na avaliação da função hepática. Pacientes que necessitam de exames complementares se fazem necessário os seguintes exames: Hemograma; Exames bioquímicos; Coagulograma. Não se deve solicitar para todos os pacientes, apenas para pacientes que necessitam. Por exemplo: um paciente que relata ter histórico familiar de diabetes ou um paciente que possui problema nos rins. Hemostasia É o equilíbrio dinâmico entre coagulação do sangue, sistema anticoagulante e sistema fibrinolítico. Não significa só a ausência de hemorragia, mas também a não formação de trombo. Mecanismos da Hemostasia As fases da hemostasia são constituídas por ação vascular, ação plaquetária, sistema de coagulação, sistema fibrinolítico e sistema anticoagulante. Ação vascular Quando o vaso é lesado ocorre a adesão das plaquetas, vários fatores da coagulação vão ser liberados nesse momento, as plaquetas vão se aderir e haverá um emaranhado de fibrinas para vedar a parede do vaso que foi rompida. Quando o vaso é cortado mediante a uma lesão, automaticamente ele irá se contrair e o organismo irá se encarregar de desviar o fluxo sanguíneo para outras vias colaterais, iniciando a ativação das plaquetas e do sistema de coagulação. Ação plaquetária As plaquetas tentam manter o vaso integro de forma emergêncial. Realiza a manutenção da integridade vascular; formação de tampão plaquetário e contribuição para fase de coagulação. Fator de Von Wilebrand: um fator de coagulação que atua na ligação da plaqueta na superfície do endotélio exposto, ou seja, no início da agregação plaquetária. SISTEMA DE COAGULAÇão Os fatores de coagulação se combinam entre eles para que no final do processo haja uma fibrina estável. O fibrinogênio (fibrina) é uma proteína que é um fator de coagulação produzido no fígado juntamente com outros fatores de coagulação. Quem apresenta ausência de fator VIII e IX são hemofílicos, por isso eles sangram muito. Teoria da cascata de coagulação - via comum: em determinado momento a via intrínseca no sangue e a via extrínseca tecidual (as duas vias são combinações de alguns fatores de coagulação) irão ativar o fator X, quando ativado (Xa) consequentemente ele ativará a protrombina e a protrombina ativa a trombina. A trombina quando de encontro com o fibrinogênio se torna uma fibrina. Os monômeros de fibrina precisam do fator XIII ativado para se tornar uma fibrina estável que realize um coagulo firme/estável para ter um bom funcionamento. Sistema Fibrinolítico Se existe um vaso sanguíneo que sessou o sangramento, após a cirurgia é preciso cicatrizar esse vaso que foi rompido, ou seja, a fibrina não pode ficar ali sempre. A fibrina gradativamente deve ser absorvida e eliminada para que o vaso sanguíneo se recomponha. O plasminogênio se transforma em plasmina que vai até o coagulo (fibrina estável) e desfaz a fibrina em fibrinopeptídeos (desfazendo o coagulo de uma forma lenta e gradativa para que o vaso sanguíneo se regenere). O processo de formação e absorção de coagulo é continuo e natural, porém o coagulo é formado em um ritmo maior. O medicamento Transamin (substância ácido tranexâmico) impede a ação de plasminogênio e plasmina, não permitindo a degradação da fibrina estável. Isso é bom para não sangrar, pois o coagulo é formado sem ser degradado. Sistema anticoagulante Sistema que não permite a formação de coagulo dentro do vaso, como: fatores de superfície endotelial; Co-fator antitrombina- heparina; heparina; antitrombina III, proteína C e proteína S. Hemostasia envolve a coagulação e a não coagulação, ou seja, é o equilíbrio disso tudo. De um lado você coagula e de outro lado você degrada esse coagulo. Coagulopatia - hereditárias x adquiridas Podem ser hereditárias (hemofilia, doença de Von Willebrand) ou adquiridas (doença hepática e renal; terapêutica anticoagulante). Coagulograma Tempo de sangramento: com uma lanceta se corta o dedo e observa até quanto tempo será o sangramento. Contagem de Plaquetas: vem no próprio hemograma variando entre 150-400 mil/mm3. Tempo de tromboplastina parcial: avalia todos os fatores na via intrínseca, que evidenciam um tempo de sangramento. Valor normal: 25-45 segundos. Tempo de protombina: se refere à via extrínseca. Valores normal: 11-13 segundos. Razão normalizada internacional (INR): quando se pega o tempo de protombina e o resultado do tempo da protombina e divide pela referência. Valor normal: 1 e no máximo 1,5. Tratamento Cirúrgico em Pacientes Portadores de Coagulopatias Realizar normalmente a avaliação de anamnese; exame físico; exames complementares e cirurgião x hematologista. Nesses casos o procedimento precisa ser planejado em contato com o hematologista, onde serão abordados assuntos como se serão necessário plaquetas caso haja ausência, reposição de fatores de coagulação, agentes antifibrinolíticos e terapia local com agentes hemostáticos. coagulopatias adquiridas – terapia anticoagulante AAS: será necessário interromper a medicação 7 dias antes da cirurgia caso ele não tome AAS, só poderá interromper o medicamento se o médico do paciente autorizar. Se o paciente não puder interromper o ASS será preciso avaliar onde será feito a cirurgia, no consultório ou no hospital. É importante realizar um hemograma para avaliar se não possui deficiência de células vermelhas. Anticoagulantes orais: pode ser interrompido 3-5 dias antes da cirurgia, com a autorização do médicodo paciente. Heparina: droga para não deixar coagular, usada em pacientes renais crônicos que fazem hemodiálise ou pacientes acamados que não conseguem andar. Depois de 6 horas a heparina não possui mais efeito e o sulfato de protamina possui efeito imediato, no pré-operatório. TAP (tempo de atividade da protromina): maior ou igual a 50%, INR: menor que 1,5. Terapia local com agentes hemostáticos: selantes de fibrina, cola de cianoacrilato, esponja de gelatina, celulose oxidada e entre outros. Uso de agentes antifibrinolíticos: medicamento transamin (substância ácida tranexâmico). Extração de Terceiro Molar em Paciente com doença da Van Willebard Protocolo: Pré-operatório: medicamento transamin por volta de dois ou três comprimidos de 8/8 horas. Trans-operatório: adesivo de fibrina beriplast Pós operatório: transamin de 8/8 horas por 7 dias. A orientação para esses pacientes é evitar uma anestesia de bloqueio regional e realizar uma sutura mais oclusiva sem grandes retalhos. Imitação da via comum da coagulação: quando se tem a mistura de fibrinogênio e trombina ocorre à formação de fibrina artificial. É necessário realizar em casos planejados com o hematologista dependendo do tipo/tamanho de cirurgias e sem grandes retalhos. Como realizar: realizar com uma seringa que possua o sistema de agulha dupla, aonde irá se misturar à medida que vai injetando. Formando a fibrina pronta simulando a coagulação, possui um formato de gel, como se fosse uma gelatina. Risco cirúrgico Além do exame clínico e de exames laboratoriais é útil quantificar o risco de uma cirurgia. Classificação ASA Classe 1: Pacientes normais, sem doença, exceto a que determina a cirurgia. Classe 2: Paciente com doenças sistêmicas leves (hipertensão leve, anemia). Classe 3: Paciente com doença sistêmica que limita atividade. Classe 4: Paciente com doença sistêmica que apresenta ameaça constante de vida. Classe 5: Paciente moribundo. Classe 6: Paciente com morte cerebral. Com segurança os cirurgiões dentistas podem operar em consultórios até a Classe 2, dependendo do caso até a Classe 3. Manejo Farmacológico Profilaxia antibiótica: quando se deseja prevenir ou evitar uma infecção. Indica-se o dobro ou 4 vezes a dose terapêutica no caso de antibióticos. Amoxilina: utilizada sempre que houver risco de endocardite. Analgesia preventiva: utilização de analgésico ou anti-inflamatório antes da cirurgia para obter melhor efeito analgésico durante e após a operação. 1 hora antes. Casos clínicos Caso 1: Leucoplasia Anamnese: tabagista, etilista e diabético. Conduta pré-operatória: é preciso encaminhar o paciente para um clínico geral de princípio, não se deve examinar esse paciente com a condição atual dele. No máximo uma raspagem na língua bem de leve. Caso 2: Exodontia Anamnese: infarto, hipertensão e faz uso de medicação anticoagulante (ASS). Conduta pré-operatória: encaminhar para um cardiologista e verificar risco cirúrgico para saber se o paciente poderá suspender o uso de ASS durante 7 dias. Pedir um coagulograma, hemograma e aferir a pressão devido à hipertensão. Os exames precisam ser mais recentes do que 5 anos e não há necessidade de medicação por ser uma extração simples. Caso 3 - Lipoma em mucosa gengival Anamnese: diabetes tipo II, hipertensão, angina (dor no peito associado ao músculo cardíaco com pouca oxigenação). Conduta pré-operatória: encaminhar para realizar um exame com cardiologista e verificar a origem da dor, riscos cirúrgicos e exames laboratoriais. Aferir a pressão e analisar o uso de medicamentos. Solicitar um exame de glicose devido ao paciente ser diabético e realizar o uso do medicamento amoxilina 1 grama, 1 hora antes pelo fato do paciente ser diabético. Conduta trans-operatória: aferir a pressão antes da cirurgia devido à hipertensão, cautela com uso de anestésicos com vasoconstrictor, no máximo de 2 tubetes. PROTOCOLO MEDICAMENTOSO PRÉ E PÓS- OPERATÓRIO Protocolo medicamentoso de porte cirúrgico X classificação de risco M P0 - pré-operatório (sem profilaxia): cirurgias dentoalveolares de pequeno porte em paciente ASA I. P1- pré operatório (amoxicilina): cirurgias dentoalveolares de pequeno porte em pacientes ASA II (com risco de infecção) ou em procedimentos invasivos em pacientes com risco de endocardite infecciosa. P2 pré-operatória (amoxicilina+ AINES/nimesulida): cirurgias dentoalveolares de médio porte em paciente ASA I e ASA II. P3- pré-operatório (amoxicilina+decadron): cirurgias dentoalveolares de grande porte em paciente ASA I e ASA II. P4- pós-operatório (AINES/nimesulida+paracetamol): cirurgias dentoalveolares de pequeno e médio porte em paciente ASA I. P5- pós-operatório (amoxicilina+AINES/nimesulida+paracetamol): cirurgias dentoalveolares de pequeno e médio porte em paciente ASA II (com risco de infecção). P6- pós-operatório (amoxicilina+decadron+AINES/nimesulida+par acetamol: cirurgias dentoalveolares de grande porte em paciente ASA I e ASA II. Protocolo farmacológico para cirurgias dentoalveolares Instrumental e material cirúrgico ANESTESIA A primeira técnica a se realizar numa sequência de cirurgia é a anestesia, na imagem abaixo é possível observar uma anestesia alveolar superior média que é realizada no fundo do vestíbulo da maxila e uma anestesia palatina infitrativa local (parcial). Seringa carpule Algumas seringas carpules apresentam uma lanceta com a finalidade de prender na borracha do tubete anestesico, afim de promover uma aspiração. Qualquer injeção que o paciente tomará é utilizado uma seringa e no momento da aplicação no paciente se injeta aspirando antes. Afinal, a ideia de toda injeção é que não faça uma injeção intravascular. Essas seringas carpules possuem uma limitação, onde não é possivel fazer uma aspiração efetiva para observar se irá injetar dentro do vaso. O método ilustrado abaixo foi feito para tentar facilitar a introdução da borracha no tubo com intuito de fazer a aspiração, porém, não se mostrou tão efetivo. Tem-se feito com o método das seringas carpules com dispositivo de refluxo, na qual, o tubete anestésico é injetado e soltando aos poucos é feito uma pressão negativa refluindo o sangue caso esteja dentro do vaso, não precisando fazer uma aspiração. Manuseio da seringa carpule Duas formas de manuseio: com a palma da mão (início do polegar) e com a ponta do polegar. Agulhas e tubetes anestésicos Os tubetes anestésicos que são comercializados são os de vidro, os de plástico estão em desuso. São eles que são encaixados nas seringas carpules. As agulhas têm variações de tamanhos e seu tamanho depende da técnica anestésica que será utilizada. Exemplo: a técnica pterigomandibular para fazer anestesia do nervo alveolar inferior precisa-se de uma agulha longa, já uma técnica no palato pode-se usar uma agulha curta ou extracurta. AGULHAS E SERINGAS DESCARTÁVEIS As seringas descartáveis também podem ser utilizadas em anestesias, sendo muito utilizada em cirurgias hospitalares. Na imagem abaixo é possível observar a variedade de medidas de agulhas: As ampolas são utilizadas com a mesma solução que é comercializada como tubete. . AFASTADORES Acesso adequado e boa visibilidade são essenciais para melhor resultado durante a cirurgia. Os afastadores podem ser utilizados para separar simultaneamente a bochecha e retalho mucoperiósteo. Uma vez que o retalho tenha sido descolado, a borda do afastador é apoiada sobre o osso e, então, ele é utilizado para manter posicionado o retalho cirúrgico durante o procedimento, sendo o afastador de tecidos mais popular o afastador de minnesota que realiza todas essas funções durante a cirurgia. Procedimento utilizando o afastador de minnesota:O afastador de farabeuf possui variedade de tamanho, podendo afastar bochecha, porém, sua grande aplicação é em acessos extraorais. Procedimento utilizando o afastador de farabeuf: O afastador de langembeck é utilizado para cirurgias da face, possuindo o langembeck reverso e langembeck V. Em cirurgias ortognáticas é bastante utilizado o langembeck V que irá encaixar na mandíbula, na região coronoide/ramo de mandíbula. O afastador senn muller é realizado em cirurgias extraorais, tendo funcionalidade em afastar a pele. O afastador de língua bruenings possuem algumas reentrâncias (buracos) onde tem a funcionalidade de reter/segurar a língua. O afastador de branemark é utilizado nas cirurgias de protocolo que são cirurgias de instalação de implantes na mandíbula ou maxila (4 a 5 implantes) é utilizado esse afastador para afastar todo o lábio deixando a cavidade oral exposta para realizar a cirurgia. Os afastadores mais importantes para cirurgia bucal são os afastadores de minnesota e o afastador de língua bruenings, os demais são realizados em cirurgias maiores a nível hospitalar. Lâminas e cabos de bisturi O instrumento básico para fazer incisões são os bisturis. O bisturi é composto de cabo reutilizável e lâmina afiada estéril e descartável, existindo modelos diferentes que se adaptam a região a ser operada. A ponta de um cabo de bisturi é preparada para receber uma variedade de lâminas de diferentes formatos que devem ser inseridas na sua extremidade aonde existe um encaixe em forma de fenda. As lâminas de bisturi mais utilizadas e indicadas em cirurgias intraorais são as de n° 15 e 15C. A 12 em casos de acesso no túber da maxila. Existem dois cabos de bisturi bard parker de n°3 e n°4. O cabo n°3 servem para adaptar as lâminas menores e o cabo de n°4 é mais espesso e servem para adaptar lâminas maiores. Forma de manipulação: a lâmina de bisturi deve ser cuidadosamente montada no cabo utilizando-se um ponta-agulha, evitando assim, acidentes durante sua manipulação. Para realizar a montagem, a lâmina deve ser apreendida com o porta-agulha em sua parte superior, mais resistente, e o cabo posicionado de forma a que sua porção de encaixe esteja voltada para cima. A lâmina é, então, deslizada na ranhura da ponta do cabo do bisturi, até que se encaixe perfeitamente. Isso minimiza a chance de lesionar os dedos. O bisturi pode ainda ser manejado apoiando-se o cabo na palma da mão entre os dedos indicadores e polegar. Este tipo de empunhadura está indicado para incisões mais amplas e extensas. Descoladores de periósteo A sindesmotomia é o descolamento do tecido gengival ao redor do dente que visa a desinserção dos tecidos moles ao redor do dente, facilitando a aplicação do fórceps em uma posição mais apical e evitando possíveis dilacerações do tecido gengival. A separação do periósteo do osso adjacente é denominada deslocamento subperiosteal e pode ser adequadamente realizada com o descolador de periósteo do tipo Molt n°9. Descolador de periósteo molt n°9: é um dos instrumentos mais importantes da cirurgia, apresenta extremidade côncava e cortante e se adapta perfeitamente a região anatômica do colo dental. Possuindo a função de soltar todo retalho muco-periosteal do osso, auxiliando na extração dentária, segurar placa e reduzir osso fraturado. Deslocador de periósteo freer: semelhante ao molt n°9, porém, ele é mais delicado nas duas pontas sendo mais arredondado na borda. Sindesmótomo: indicado para sindesmotomia (descolamento do tecido gengival ao redor do dente). Curetas Após a extração dentária é feito a curetagem do alvéolo, onde é retirado o corpo estranho do alvéolo de forma delicada e conservadora. Cureta de lucas: possui tamanhos variados e são usadas principalmente para fundo de alvéolo, apresentando formato de “colher” na ponta. Na imagem abaixo é possível observar três curetas para a exodontia: Instrumentos manuais de osteotomia Muitas vezes, para a realização de exodontia com mínimo trauma, torna-se necessária a remoção de tecido ósseo alveolar em quantidade suficiente para criar uma abertura óssea adequada a fim de que o elemento dental seja removido. Para a realização da osteotomia usam-se os seguintes instrumentos: Lima para osso n°11: possui grande aplicação para realização da osteoplastia de protuberâncias ósseas. Pinça goiva: este instrumento tem lâminas afiadas que são pressionadas uma contra a outra pelos cabos, cortando ou arrancando o osso. Instrumentos rotatórios de osteotomia Em casos de ossos muito duros não se utiliza materiais manuais, utiliza-se materiais rotatórios. Peça reta: usado em prótese, porém, pode ser aplicada em cirurgia quando é feito uma osteotomia em baixa rotação. Realização da osteotomia com peça reta e uma broca esférica n° 8, lâmina de bisturi 15 ou 15C para realizar a incisão e para descolar o tecido usa-se o instrumento deslocador do periósteo molt n° 9 ou deslocador do periósteo freer. Esse caso é um torus palatino (protuberância óssea no palato) onde é feito uma incisão na linha média descolando o tecido. Peça reta cirúrgica: especificas para cirurgias sendo mais resistentes durante a cirurgia, acoplando as mesmas brocas da peça reta convencional. Brocas cirúrgicas para peça reta As brocas podem ser esféricas e tronco cônicas. As brocas esféricas são de haste longa e o tamanho indicado para cirurgia é n° 8 ou n° 10. As brocas tronco cônicas são diferenciadas de acordo com sua espessura, as mais utilizadas em cirurgias são as 701, 702 e 703. Variedade de espessura das brocas tronco cônicas: Alta rotação: a grande maioria das cirurgias odontológicas que forem necessários à realização de osteotomia é realizada a alta rotação e brocas esféricas multilaminadas de n°4 e n°6. As broncas tronco-cônicas são mais indicadas para odontosecção (cortar o dente). Por exemplo: é preciso retirar um molar, porém, ele possui 2 ou 3 raízes, para separar essas raízes utiliza-se a broca tronco-cônica para realizar esse procedimento da retirada do molar. A melhor broca tronco-cônica para realizar essa função é a broca zekrya. Microserras cirúrgicas: não é utilizado no dia a dia de cirurgias bucais intraorais, são mais utilizadas em cirurgias de maiores complexidades. As microserras realizam desgaste ósseo e a grande indicação é seu corte retilíneo, possibilitando uma eficiência no corte. Existem vários modelos de microserras como as oscilatórias, reciprocas, sagitais e dentre outras. Contra ângulo cirúrgico para implante: possui o mesmo formato do contra angulo convencional externamente, porém, a diferença do contra ângulo cirúrgico para implante é a capacidade do giro dele possuindo uma força de rotação maior. Motor elétrico cirúrgico: é feito para implante, na qual é possível selecionar a quantidade de rotação desejada e a força de giro. E é onde o contra-ângulo de implante está acoplado, pode ser usado para acoplar as microsseras também. Porta agulha Os instrumentos utilizados para realização das suturas são porta- agulha, fio de sutura, pinça cirúrgica e tesoura cirúrgica para sutura. Os porta-agulhas apresentam-se em diversos modelos, sendo o mais utilizado nas cirurgias bucais o porta-agulha do tipo Mayo Hegar. A empunhadura deste instrumento é realizada com os dedos anelar e polegar, sendo que o dedo indicador orientará o movimento. Fios de sutura: as agulhas de sutura podem apresentar-se diretamente ao fio de sutura ou como agulhas isoladas, em que é inserido o fio de sutura durante o procedimento de síntese. Nos fios agulhados, a parte terminal é prensada diretamente ao fio de sutura, facilitando e simplificando a manipulação durante a sutura, alémde causar menos danos teciduais. A desvantagem deste tipo de sutura é o custo mais elevado. Pinças hemostáticas A pinçagem realiza-se utilizando pinças hemostáticas, aprisionando as extremidades dos vasos seccionados. A pinçagem poderá ser simples, em que a pinça hemostática é removida após a hemostasia do vaso sangrante, ou acompanhada de ligadura da extremidade do vaso com fios de sutura. Hemostasia dos vasos: Pinça hemostática kelly: mais robusta, possui tanto curva como retilínea e tem como função pinçar um vaso sanguíneo. Pinça hemostática mosquito: menor, possui tanto curva quanto retilínea e são mais fácil de manusear em cirurgias intraorais. PINÇAS VARIADAS Pinça backhaus: auxiliam na fixação do campo cirúrgico em volta do paciente. Exemplo: o campo cirúrgico que está na imagem abaixo é um campo fenestrado (com um buraco para que possa encaixar o rosto do paciente). Porém, quando não se tem um campo fenestrado é preciso fazer um campo cobrindo da cabeça para baixo, um campo cobrindo da cabeça para cima e dois campos laterais, com objetivo de deixar o rosto para fora utilizando uma pinça backhaus para unir esses campos entre eles. Obs: a pinça hemostática pode ser utilizada com a mesma função. Segue os exemplos de pinças que são utilizadas para auxiliar a fazer suturas, a pegar um corpo estranho ou fragmento de tecido e gengiva: Pinça Adson serrilhada: Pinça adson brown: Pinça adson com dente (dente de rato): Pinça allis: indicada para pegar uma lesão, tecido patológico, corpo estranho ou um dente removido. Tesouras As tesouras em cirurgias são utilizadas para cortar um ponto, cortar um freio lingual ou soldar um tecido. A divulsão é um método de diérese que consiste na separação ou divisão dos tecidos por meio de instrumentos cirúrgicos. A divulsão dos tecidos moles é comumente realizada com tesoura cirúrgica de ponta romba denominada de tesoura de metzenbaum. As tesouras rombas, aplicadas com auxilio de pinça de dissecção, devem ser utilizadas com extremidade ativa fechada e então abertas no interior dos tecidos, realizando deste modo uma separação atraumática através do plano de clivagem dos tecidos. Na imagem abaixo é possível observar a tesoura de metzenbaum na esquerda sendo introduzida fechada nos tecidos e na direita sendo aberta no interior dos tecidos, proporcionando divulsão romba dos planos teciduais. Tesoura íris: uso geral, como por exemplo: cortar um ponto, divulsão do tecido. Possui forma retilínea ou curva. Tesoura goldman fox: excelente para cortar tecido, utilidade para periodontia. Alavancas As alavancas são instrumentos bem antigos e de uso frequente, denominadas também como elevadores. Utilizadas para extração dentária. Possuem três tipos de princípios mecânicos: alavanca, cunha ou roda e eixo. Alavanca reta: possui modelos variados de alavanca reta, na imagem é possível observar que a alavanca de n°301 possui a ponta ativa reta e a haste reta, sendo a mais utilizada. E as alavancas de n° 302 e n° 303 são mais anguladas. Procedimento utilizando a alavanca reta: Alavancas de seldin: possui o modelo de seldin reta e a seldin direita e esquerda, ponta ativa com formato de “bandeirinha”. A seldin vai dar um movimento de roda e eixo ou sarilho. Procedimento utilizando a alavanca de seldin: Fórceps Os fórceps dentários são constituídos estruturalmente de dois cabos articulados entre si, que apresentam em uma de suas extremidades a haste para empunhadura e, na outra, a sua parte ativa, denominada mordente. Utilizados para extração dentária. Os fórceps são classificados por meio de numeração predeterminada para o dente ou grupo de dentes a que se destina, sendo uma numeração padrão, independentemente da marca comercial. Fórceps 150: indicado para dentes unirradiculares superiores. Fórceps 151: indicados para dentes unirradiculares inferiores. Fórceps 18 R (right): indicados para os molares superiores do lado direito. Fórceps 18 L (left): indicados para os molares superiores do lado esquerdo. Essa diferença dos fórceps existe devido os molares serem multirradiculares (três raízes), o lado vestibular tem duas raízes e o lado palatino uma raiz (raiz palatina). Existe uma ponta ativa no fórceps que irá encaixar na furca no seu lado correspondente. Fórceps 17: indicados para molares inferiores, possui a ponta ativa dos dois lados (vestibular e lingual) adaptando a furca dos molares inferiores dos dois lados. Fórceps 69: é mais delicado, indicado para restos radiculares Por exemplo: raiz residual, dente cariado. Obs: O fórceps 150 pode ser utilizado em incisivo central superior, incisivo lateral superior, canino superiores, 1° pré molar e 2° pré molar superiores. O fórceps 151 pode ser utilizado em incisivos inferiores, canino inferiores e no 1° pré molar e 2° pré molar inferiores. Os fórceps e as alavancas possuem quatro movimentos: intrusão, luxação lateral, tração e rotação para dentes unirradiculares. Recipientes São recipientes que devem ser metálicos para que possam ser esterilizados. Em cada cirurgia é recomendado ter pelo menos duas cubas, uma para colocar o soro fisiológico e realizar a irrigação durante e após a cirurgia e outra cuba para colocar uma solução antisséptica. Em cirurgias maiores pode-se utilizar a cuba rim inox devido ao seu tamanho que caberá um maior numero de solução/líquido. Paramentação e instrumentação cirúrgica Sequencia cirúrgica: diérese, exérese, hemostasia e síntese. A forma com que irá montar os instrumentos sobre a mesa deve ser disponibilizada ordenadamente, seguindo a sequência da cirurgia. A ponta ativa dos instrumentos deve está sempre voltada para o centro da mesa, em cirurgias de hospital possui um instrumentador (profissional que orienta sobre os instrumentos na mesa), no dia a dia do consultório não existe necessidade deste instrumentador. Na cirurgia de consultório possui o cirurgião, assistente e uma terceira pessoa (circulante) que irá abrir ou pegar algo para auxiliar o cirurgião. Independente do conhecimento aprofundado da biossegurança, conceitos básicos devem ser mantidos. A biossegurança pode ser definida como o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimizando ou eliminando os riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento, tecnologia e prestação de serviço, visando a saúde do homem, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos riscos. A partir do momento em que o cirurgião-dentista atende e manipula seus pacientes com instrumentos e equipamentos no consultório ou em ambiente cirúrgico, existe a possibilidade da contaminação. Portanto, todo profissional, bem como pessoal auxiliar, deve estar informado e treinado para empregar as técnicas e os procedimentos que visam ao respeito pela chamada cadeia asséptica e a bioproteção. Técnicas anestésicas maxilares O conhecimento da anatomia óssea, por meio de seus pontos de reparo, serve de guia para localizar e depositar a solução anestésica o mais próximo possível de um nervo, ou junto à superfície óssea na qual transmitam os filetes nervosos que se deseja anestesiar. Deve-se ter o conhecimento de densidade óssea das varias regiões dos maxilares, pois em algumas técnicas é necessária a penetração da solução anestésica através delas. Etapas da anestesia Anamnese; Seleção do anestésico; Seleção da técnica a ser utilizada; Aplicação da solução anti-séptica (clorexidina) Aplicação do anestésico tópico; Puncionamento e injeção. Orientações gerais Orientação do bisel (corte da agulha); Introdução da agulha lentamente, se necessário injetando pouco anestésico com o intuito de dar um melhor conforto ao paciente; Aspirar (questãodo puncionamento); Injetar lentamente um tubete entre 45-60 segundos; Remoção da agulha de forma lenta; Proteger a agulha. Contra-indicações Infecção ou inflamação aguda na área da injeção (contra-indicação relativa pois pode-se fazer uma anestesia de bloqueio a distância); Pacientes que poderiam morder a área anestesiada; Impossibilidade da técnica. Em uma anestesia terminal infiltrativa é depositado o anestésico em porções terminais do nervo e em uma anestesia por bloqueio regional é anestesiado regiões mais altas do nervo. O lugar onde a anestesia é depositada pode trazer um bloqueio mais amplo. Qualquer estímulo realizado em região anterior a aplicação do anestésico será bloqueada, ou seja, não caminha até o sistema nervoso central. Técnicas anestésicas locais Anestesiais terminais Anestesias por bloqueio Regionais: realiza-se em algumas divisões, por exemplo, nervos alveolares superior/anterior/médio/posterior/infraorbitário. Todos os sub nervos que ainda são nervos calibrosos que jogam para uma área significativa Tronculares: tronco principal, por exemplo, o trigêmeo que possui o tronco oftálmico, maxilar e mandibular. Podendo assim, realizar uma anestesia em um desses troncos principais. Anestesias terminais Anestesia terminal infiltrativa supraperiosteal Essa técnica está indicada para protocolos de tratamentos limitados a uma área relativamente circunscrita, podendo envolver poucos dentes e tecidos moles adjacentes. É a técnica mais utilizada para anestesia pulpar dos dentes maxilares. O sucesso da técnica de injeção supraperiosteal depende da difusão anestésica através do periósteo e estruturas ósseas adjacentes para entrar em contato com as terminações nervosas locais, apresentando assim melhor eficácia em osso poroso, como a maxila, do que em ossos compactos, como a mandíbula. Outros autores denominam de infiltração local ou injeção paraperiosteal. Nervos anestesiados: grandes terminações nervosas do plexo dentário. Área anestesiada: estruturas inervadas pelos ramos terminais principais:. polpa, áreas radiculares, periósteo bucal, tecido conjuntivo e mucosa. Regionais Tronculares Indicação: anestesia pulpar dos dentes maxilares (1 ou 2 dentes) pegando tecidos moles, quando indicada cirurgia da área circunscrita. Contra-indicação: essa técnica está contraindicada nos casos de infecções agudas e inflamações na área da injeção e quando se tem um osso denso podendo dificultar uma absorção anestésica, por exemplo, em um primeiro molar não é possível fazer essa técnica devido ao pilar zigomático ser muito denso. Vantagens: altas taxas de sucesso (95%), técnica facilitada e atraumática. Desvantagens: apenas pegar um dente, caso for feito em grandes áreas teria que realizar múltiplas inserções da agulha a grande volume de anestésicos. Sinais e sintomas: o paciente apresentará sensação de dormência na área da administração e ausência de dor durante o tratamento. Falhas: penetração inadequada da agulha (anestesia pulpar ineficiente) e agulha posicionada longe do osso. Complicações: dor na penetração da agulha (ponta contra o periósteo). Técnica anestésica: Agulha curta (calibre 25 ou 27); O alvo será o ápice do dente. Deve seguir da seguinte forma: direcionando-se ao fundo do vestíbulo seguindo a orientação do dente e colocando o bisel na agulha voltado pro osso, a injeção deve ser realizada no fundo de vestíbulo tentando acertar o ápice do dente, que é aonde está entrando inervação; Referências: prega mucobucal, coroa, contorno da raiz; Preparar o tecido com antisséptico/anestésico tópico Orientar o bisel; Levantar lábio e tencionar o tecido; Seringa paralela ao longo eixo do dente; Introduzir agulha; Aspira; Injetar o anestésico lentamente (45-60 seg); Aguardar de 2 a 3 minutos para se obter o efeito anestésico. Anestesia terminal infiltrativa intra-septal O anestésico será depositado no septo ósseo de dois dentes contíguos, onde passa rapidamente pela estrutura óssea esponjosa, atingindo assim o ligamento periodontal. Técnica para procedimento pequeno, muito utilizado como técnica complementar. Não é utilizado um tubete inteiro por está em região de gengiva ceratinizada próximo a base da papila. Indicações: pode ser utilizada em todas as papilas interdentais, tanto pelo lado vestibular como lingual. Grande aplicação em periodontia, prótese, dentística e odontopediatria, Anestesia terminal infiltrativa peri-dental ou intra-ligamentar O anestésico é depositado junto às fibras do ligamento periodontal, e através da microcirculação, o anestésico chega até a câmara pulpar. Quando é introduzido o anestésico no sulco gengival e se tem uma resistência é ali que deve ser aplicado, aplicando pouco anestésico. Pode haver extrusão de dentes, pela aplicação de pressão excessiva e, principalmente, grandes quantidades exageradas de solução anestésica. Indicações: exodontias (anestesia complementar), pulpotomias e preparos cavitários; complementar ao alveolar inferior. Técnica anestésica: Posiciona-se a agulha entre o dente e o seu ligamento, caso o paciente se refira a alguma dor é injetado o anestésico. Caso não ocorra a referência de dor é obtido o sucesso da técnica. Anestesia terminal infiltrativa intrapulpar Tem por objetivo a anestesia diretamente a polpa dentária. Deve- se realizar a técnica quando tiver acesso à polpa, afinal, não se deve abri uma coroa apenas para fazer anestesia. Indicação: será indicada em uma situação em que se está fazendo uma endodontia (biopulpectomia) e naquele acesso após a anestesia regional o paciente se refere à dor. Deve-se injetar a agulha dentro da polpa fazendo uma anestesia direta. Será indicada também em uma exodontia (extração) onde está sendo feito a odontosecção e o paciente se refere à dor quando a broca zekrya chega próximo à polpa, mesmo com a região anestesiada. Deve-se realizar uma anestesia intrapulpar no ponto de acesso a polpa. Técnica anestésica: Introduzir a agulha dentro da polpa dentária, procurando inseri-la sempre que possível dentro dos canais radiculares. Técnica terminal infiltrativa palatina A grande indicação dessa técnica é para a mucosa palatina na região de caninos e primeiro pré-molar onde há um cruzamento do nervo nasopalatino e do nervo palatino maior. Nervos anestesiados: ramos terminais do nasopalatino e nervo palatino maior. Área anestesiada: tecidos moles e circunvizinhos à injeção. Indicações: hemostasia, pequenos procedimentos de anestesia em tecidos moles (grampos/fio de retração gengival). Contraindicação: quando houver infecção ou área inflamada e controle da dor em áreas envolvendo mais que dois dentes. Vantagens: hemostasia na área de execução da técnica (vasoconstritores) e minimiza desconforto (mínima área de dormência). Desvantagens: alto potencial traumático. Sinais e sintomas: dormência e isquemia dos tecidos moles palatinos e ausência de dor durante o tratamento. Falhas da hemostasia: maior taxa de sucesso se incluído vasoconstritor e a hemorragia pode persistir em tecidos inflamados ou falha de anestesia. Complicações: são extremamente raras, porém, quando ocorre é devido à isquemia e necrose por alta concentração de vasoconstritor. Técnica anestésica: Agulha curta (calibre 27); Alvo são os tecidos gengivais Gengiva inserida de 5 a 10 mm da margem gengival livre; Referência: tecido gengival próximo à área; Orientação do bisel: voltado para tecidos moles palatinos; Comprimir próximo ao local de injeção; Penetrar com bisel e iniciar infiltrando; Manter compressão; Avançar agulha até tecido ósseo; Administrar até isquemia da área desejada. Anestesia por bloqueio - REGIONAL Bloqueio donervo alveolar superior posterior (ASP) É uma técnica muito utilizada na odontologia por possuir altos índices de sucesso. Quando utilizada para anestesia pulpar, o ASP) é eficaz para o terceiro, segundo e o primeiro molar. Como a raiz mesiovestibular do primeiro molar é inervada pelo alveolar superior médio, torna-se então necessária uma segunda injeção supraperiosteal para que ela seja anestesiada efetivamente. O risco de complicação também deve ser considerado quando se realiza a técnica APS. A penetração da agulha muito distalmente poderá produzir a formação de hematoma local, devendo-se considerar sempre o tamanho do paciente para se analisar a quantidade de penetração dos tecidos moles. Deve-se sempre realizar aspiração ou refluxo durante esta injeção anestésica, a fim de evitar injeção intravascular inadvertida. Essa técnica é denominada também de bloqueio de tuberosidade ou bloqueio zigomático. Nervo anestésico: alveolar superior posterior e ramos. Área anestesiada: polpa dos molares (exceção raiz MV do 1° molar), periósteo bucal e osso adjacente. Indicações: tratamento dentário envolvendo dois ou mais molares, não é indicado e não será eficaz fazer injeção supraperiostal apenas para um molar. Contra-indicações: possibilidade do paciente ter hemorragia; supraperióstea/ligamento periodontal. Vantagens: técnica relativamente atraumática, elevada taxa de sucesso (95%), número mínimo de injeções e minimiza volume total de anestésico. Desvantagens: riscos de hematoma, técnica mais arbitrária (ausência de referências ósseas, porém, lembrar que a referência sempre será o último dente) e caso se faça uma anestesia do 1° molar terá que ser feito uma segunda anestesia para atingir a raiz mesio vestibular do 1° molar. Sinais e sintomas: usualmente sem sintomas e ausência de dor durante tratamento. Falhas: agulha muito lateral, muito baixa ou muito posterior. Complicações: hematomas (plexo venoso pterigoideo) e anestesia mandibular. Técnica anestésica: Agulha curta (calibre 25 ou 27) Alvo é o nervo alveolar superior posterior Referência: prega mucobucal (fundo do sulco) 2° molar, túber e processo zigomático. Orientação do bisel: voltado para o osso. Preparar os tecidos Retrair bochechas Introduzir a agulha (para cima/para dentro e para trás) 45° do plano oclusal e plano sagital mediano Avançar agulha até profundidade desejada (16mm) Aplicar Injetar lentamente (0,9 a 1,8ml de 30 a 60 segundos) Aguardar 3 a 5 minutos para se obter o efeito anestésico. Na imagem é possível observar o anestésico inserido na região do forame, a referência normalmente é o 2° molar. A ideia é entrar com a agulha por volta da região que é representado na imagem. Bloqueio do nervo alveolar superior médio Este tipo de anestesia tem uma utilidade clínica limitada, pelo fato de o nervo alveolar superior médio estar presente em apenas 28% da população. Nervo anestesiado: alveolar superior médio e ramos. Área anestesiada: primeiro e segundo pré-molar, raiz mesiovestibular do primeiro molar superior, tecidos periodontais, osso, periósteo e mucosa vestibular adjacente à região anestesiada. Indicação: tratamento dentário envolvendo somente pré- molares (extração, restauração, endodontia de um pré-molar) ou quando há uma falha na anestesia distal do canino bloqueando o nervo infraorbitário. Contra-indicação: infecção ou inflamação da área e nervo ausente (inervação pelo ASA) Vantagens: minimiza número injeções e volume de anestésico. Sinais e sintomas: anestesia do lábio superior e ausência de dor durante o tratamento. Falhas: deposições do anestésico em posições erradas e osso zigomático evitando a difusão do anestésico. Complicações: são raros os hematomas, afinal, não se tem um vaso tão calibroso. Técnica anestésica: Agulha curta ou longa (calibre 25); Caso o paciente fique de frente pode-se angular a agulha um pouco com o objetivo de encontrar o osso; Introduzir a agulha (fundo de sulco região 2° PM); O alvo é o osso superior ao ápice do 2° pré-molar; Referências: prega mucobucal (fundo do sulco) 2° pré- molar; Orientação do bisel: voltado para o osso; Assumir posição correta (lado direito bem lateral do paciente como se fosse 10h e lado esquerdo um pouco angulado como se fosse 8h); Preparar os tecidos; Afastar lábio para tencionar tecido; Aspira; Injeção lenta (0,9 a 1,2ml – 30 a 45 segundos) Aguardar 2 a 3 minutos para se obter o efeito anestésico. Bloqueio do nervo alveolar superior anterior Este tipo de anestesia tem uma utilidade clínica indicada para procedimentos que envolvem dentes anteriores maxilares (incisivo central, incisivo lateral e canino, além de envolver também a polpa, osso e mucosa vestibular). São denominadas também de anestesia infraorbitária. Existem duas técnicas: alveolar superior anterior e infraorbitária. O autor Malamed considera que as duas técnicas possuem o mesmo nome, outros autores separam essas técnicas. Nervos anestésicos: alveolar superior anterior, alveolar superior médio, infra-orbitário e os ramos finais palpebral inferior, nasal lateral e labial superior. Área anestesiada: polpa dos incisivos e caninos; pré- molares e raiz MV do 1° molar; tecidos moles e osso adjacente; pálpebra inferior, face lateral do nariz, e lábio superior. Indicação: procedimentos envolvendo mais de dois dentes, em casos de infecção e inflamação em algum dente ou em casos de ineficácia das anestesias supraperiósteas. Contra-indicação: tratamento de pequenas áreas, quando é feito uma anestesia em cima do nervo infraorbitária não se terá uma hemostasia em uma área pequena. Vantagens: técnica relativamente simples e segura (minimiza injeções/volume anestésico) Desvantagens: psicológicas, muitos profissionais e alunos possuem medo de realiza-la e do ponto de vista anatômico é preciso chegar próximo do forame infraorbitário, causando receio. Sinais e sintomas: dormência da pálpebra inferior, lateral do nariz e lábio superior, dormência de dentes e tecidos moles inervados pelos nervos alveolares anterior e médio e ausência de dor durante a terapia. Falhas: caso não acerte o alvo, no caso, o forame infraorbitário e desvio da agulha. Complicações: caso de hematomas é raro. Técnicas anestésicas: Agulha longa (calibre 25); Penetração da agulha (16mm) Orientar agulha em direção ao forame (paralela ao longo eixo do dente) Alvo é o forame infraorbitário; Localizar o forame infraorbitário, o forame coincide com a linha cupilar, asa do nariz e comissura labial; Referência: prega mucobucal (fundo do sulco) introduzir no nível do 1° pré-molar até chegar ao forame infraorbitário. Orientação do bisel: voltado para o osso Aspira Assumir posição correta Paciente em decúbito dorsal e com o pescoço estendido Preparar tecidos; Marcar local/manter dedo em posição; Afastar lábio. Injeção lenta (0,9 a 1,2ml – 30 a 45 segundos); Aguardar 3 a 5 minutos para se obter o efeito anestésico. Anestesia por bloqueio - troncular Bloqueio do nervo maxilar O bloqueio do nervo maxilar ou segunda divisão do trigêmeo (nomes comuns que são dados também) é um método eficaz para produzir anestesia profunda de toda uma hemimaxila. Torna-se útil em procedimento que envolva a manipulação de todo um quadrante maxilar, nos casos de: cirurgias extensas, realização de bloqueio dos ramos terminais maxilares ou também com a finalidade de diagnóstico de neuralgia da segunda divisão do nervo trigêmeo. Esta técnica pode ser realizada pela via intra ou extrabucal. Pela via intrabucal, o nervo maxilar pode ser abordado mediante a técnica da tuberosidade alta (acesso pelo alto da tuberosidade maxilar) ou pelo canal palatino maior. Pela via extrabucal faz-se porvia transcutânea em um ponto acima da chanfradura mandibular e abaixo da porção mediana do arco zigomático, alcançando o nervo em sua saída do crânio pelo forame rodondo. Nervos anestesiados: divisão maxilar do nervo trigêmeo. Área anestesiada: anestesia pulpar do lado anestesiado, tecidos moles e palato duro, periodonto e osso adjacente, pele da pálpebra inferior, lateral do nariz, bochecha e lábio superior. Indicação: controle da dor em cirurgias extensas, inflamação ou infecção tecidual e diagnóstico de neuralgias. Contra-indicações: inexperiência do profissional, pacientes pediátricos, pacientes não cooperativos, inflamação ou infecção dos tecidos, risco de hemorragia e impossibilidade de acesso pelo canal palatino. Vantagens: injeção atraumática (via tuber), altas taxas de sucesso (95%), minimiza número de punções para anestesia de hemimaxila e minimiza volume total de anestésico. Desvantagens: risco de hematoma, técnica mais complexa, ausência de hemostasia e dor (abordagem pelo canal palatino maior que é mais complicado). Sinais e sintomas: pressão atrás da parte superior da maxila, dormência nos dentes e em tecidos moles e ausência de dor durante o tratamento. Falhas: caso erre a técnica a anestesia será parcial não conseguindo anestesiar algumas áreas e incapacidade de transpor canal pelo palatino maior. Complicações: hematoma, penetração da orbita e penetração da cavidade nasal. As técnicas anestésicas possuem duas abordagens: abordagem tuberosidade e abordagem canal palatino maior. Técnicas anestésicas (abordagem tuberosidade): Medir comprimento da agulha (32mm); Retrair bochecha; Colocar agulha na prega mucobucal do 2°molar; Avançar agulha para cima e para dentro; Aspira; Injeção lenta (1,8ml - 60 segundos); Aguardar de 3 a 5 minutos para se obter o efeito anestésico. Técnicas anestésicas (abordagem canal palatino maior): Medir comprimento da agulha (média 32mm); Localizar forame palatino maior; Comprimir posterior ao forame; Injetar pequeno volume/mantém pressão; Após anestesia do nervo palatino maior, avançar agulha em 45°; Não forçar contra resistência; Injetar 1,8ml em 60 segundos; Aguardar 3 a 5 minutos para se obter o efeito anestésico. Anestesias palatinas Bloqueio do nervo palatino maior A anestesia da porção posterior do palato duro é necessária para procedimentos odontológicos que envolvam a manipulação dos tecidos palatinos, como exemplo, as exodontias. Outro nome utilizado para esta técnica é o bloqueio do nervo palatino anterior. As injeções na região palatina são procedimentos traumáticos para muitos pacientes, sendo imperativo que o profissional utilize técnicas para que este procedimento torne-se o mais atraumático possível e diminua o desconforto do paciente. A anestesia tópica eficaz é o primeiro passo para uma técnica indolor, e deve ser realizada de forma a que o anestésico tópico permaneça em contato com a mucosa por no mínimo dois minutos. Outra manobra é a utilização da compressão local antes, durante e depois da injeção da solução anestésica, que pode ser obtida com a utilização de cotonete. Apoio firme da mão durante a injeção leva a um melhor controle sobre a agulha, associado também a uma injeção da solução anestésica lentamente, o que deve ser realizado em qualquer procedimento anestésico. Deve-se injetar pequena quantidade de solução anestésica, a fim de evitar isquemia local. Nervo anestésico: nervo palatino maior. Área anestésica: porção posterior do palato duro e tecidos moles adjacentes, aonde vai de 1° pré-molar até o último dente e linha média. Indicações: anestesia em tecidos moles (restaurações subgengivais/inserção de faixas matriz) e em procedimentos cirúrgicos ou periodontais. Contra-indicações: infecções ou inflamações locais e tratamentos de pequenas áreas. Vantagens: minimiza número de perfurações e volume de anestésico, no máximo um quarto do tubete e minimiza desconforto. Desvantagens: hemostasia apenas na área da injeção e potencialmente traumática para o paciente devido à dor. Sinais e sintomas: dormência na porção posterior do palato até a região de pré-molar e ausência de dor durante tratamento. Falhas: caso erre o local terá um sucesso parcial limitado e em nível do 1° pré-molar o paciente pode sentir dor podendo receber fibras nervosas do nasopalatino. Complicações: incidência extremamente baixa, caso haja, serão isquemia e necrose principalmente se tiver muito vasoconstritor e hematomas são raros. Técnicas anestésicas: Agulha curta (calibre 27); Alvo é o nervo palatino maior; Referência: tecido mole do palato, mudança de cor do palato mole para o palato duro, forame palatino maior, junção do processo alveolar da maxila, processo alveolar da maxila com o osso palatino (diretamente sobre o forame) e o último dente; Trajeto de introdução deve ser a partir do lado oposto (90°); Orientação do bisel: voltado para os tecidos moles; Paciente em decúbito dorsal e pescoço estendido; Assumir posição correta (lado direito bem lateral do paciente como se fosse 10h e lado esquerdo um pouco angulado como se fosse 8h); Localizar o forame palatino maior; Preparar o tecido (1 a 2mm anterior); Aplicar pressão sobre forame; Direcionar seringa/bisel para tecido mole; Penetrar até tocar no osso e injetar anestésico; Continuar compressão; Avançar até o osso palatino; Aspirar; Injeção lenta; Aguardar 2 a 3 minutos para se obter o efeito anestésico. Bloqueio do nervo nasopalatino Pode ser também denominado de bloqueio do nervo incisivo ou bloqueio do nervo esfenopalatino. Esta técnica está indicada quando da necessidade de manipulação dos tecidos palatinos da região anterior maxilar durante tratamentos odontológicos, como nas exodontias. Nervos anestesiados: nervos nasopalatinos bilaterais Área anestesiada: porção anterior do palato duro e tecidos moles adjacentes (entre 1° pré-molar). Indicações: anestesia de tecidos moles palatinos para restaurações de dois ou três dentes como as restaurações subgengivais ou inserções de bandas e procedimentos cirúrgicos ou periodontais. Contra-indicação: quando há infecção ou inflamação e quando forem realizadas em pequenas áreas com um ou dois dentes. Vantagens: uma única injeção, além de minimiza número de injeções causando menos desconforto acaba diminuindo também o volume de anestésicos. Desvantagens: hemostasia apenas em região de injeção e é potencialmente traumática, pois é muito dolorida. Lembrando-se dessa desvantagem é possível realizar o protocolo para injeção atraumática. Sinais e sintomas: dormência na porção anterior do palato e ausência de dor durante tratamento. Falhas: anestesia unilateral (sendo raro) e anestesias em caninos a 1° pré-molar desencadeando dor ao paciente devido às inervações do palatino maior se misturarem. Complicações: incidência extremamente baixa, caso haja, serão isquemia e necrose principalmente se tiver muito vasoconstritor e hematomas são raros. Possuem duas técnicas anestésicas: penetração única da agulha e múltiplas penetrações da agulha. Técnica anestésica (penetração única da agulha): Agulha curta (calibre 27); O alvo é o forame incisivo (o forame incisivo é à entrada do canal nasopalatino); Referência: mucosa palatina lateral, incisivo central e papila incisiva; Trajeto de introdução a 45° com a papila incisiva Orientação do bisel: voltado para os tecidos palatinos (tecidos moles); Assumir posição correta (lado direito bem lateral do paciente como se fosse 10h e lado esquerdo um pouco angulado como se fosse 8h); Paciente em decúbito dorsal e pescoço estendido Comprimir a papila para tentar diminuir a dor; Bisel voltado para tecidos isquêmicos; Penetrar pouco e injetar anestésico; Manter compressão; Avançar agulha em direção ao forame; Aspira; Injetar lentamente (1/4 tubete); Aguardar 2 a 3 minutos 3 minutos para se obter o efeito anestésico. Técnica anestésica (múltiplas penetrações da agulha): Agulha curta (calibre 27); Três penetrações para minimizar a dor do paciente nas regiões de freio labial, papila interdentária e papila incisiva; O alvo é o forame incisivo; Referências: incisivo central e papila incisiva. Trajeto de introdução: infiltração no freio, 90° papila interdentária e 45° papila incisiva. 1° injeção (freio labial): Preparar tecido freio Retrair lábio Infiltrar 0,3ml (15s) 2° injeção (papila interdentária): Pelo fato de já ter injetado a anestesia, a base da papila já estará anestesiada, a deposição inicial já dará uma anestesia para a próxima penetração; Retrair o lábio; Introduzir agulha na papila interdentária; Aspirar (após isquemia na papila); Injetar estabilizando a agulha. 3° injeção (papila incisiva) Introduzir agulha na papila incisiva; Nessa terceira injeção é repetido a técnica de única aplicação; A ideia dessa técnica é colocar um pouco de anestésico na 1° e 2° injeção, pois quando chegar na 3° injeção o paciente estará sem dor. Vantagem: injeção relativamente ou totalmente atraumática. Desvantagens: múltiplas injeções e dificuldade de estabilizar a seringa na hora de anestesiar um ponto muito especifico .CASOS CLÍNICOS Caso 1: exodontia de pré-molar superior Técnica anestésica: a melhor técnica a ser empregada é a técnica de bloqueio do nervo alveolar superior médio. Referência é o segundo pré-molar fazendo uma palatina parcial. Caso 2: Exodontia de 3° molar superior Técnicas anestésicas: técnica de bloqueio do nervo alveolar superior posterior e bloqueio do nervo palatino maior. Referência é o último dente no fundo do vestíbulo entrando na direção posterior e a agulha penetra 16mm. Caso 3: Enxerto gengival Técnicas anestésicas: anestesia do nervo palatino maior, nasopalatino ou palatino parcial infiltrativa na região do pré-molar e canino. É importante na área operada dar infiltrações terminais para realizar isquemia. Caso 4: Fístula bucosinusal Técnicas anestésicas: pensando no lado vestibular e no lado palatino a melhor técnica anestésica é a anestesia no nervo infraorbitário, alveolar superior posterior e no lado palatino o palatino maior, nasopalatino e algumas parciais infiltrativas. Técnicas anestésicas mandibulares Etapas da anestesia Anamnese; Seleção do anestésico; Seleção da técnica a ser utilizada; Aplicação da solução anti-séptica (clorexidina) Aplicação do anestésico tópico; Puncionamento e injeção. Orientações gerais Orientação do bisel (corte da agulha); Introdução da agulha lentamente, se necessário injetando pouco anestésico com o intuito de dar um melhor conforto ao paciente; Aspirar (questão do puncionamento); Injetar lentamente um tubete entre 45-60 segundos; Remoção da agulha de forma lenta; Proteger a agulha. Contra-indicações Infecção ou inflamação aguda na área da injeção (contra-indicação relativa pois pode-se fazer uma anestesia de bloqueio a distância); Pacientes que poderiam morder a área anestesiada; Impossibilidade da técnica. Técnicas anestésicas locais Anestesiais terminais Anestesias por bloqueio Anestesias terminais Anestesia terminal infiltrativa supraperiostal Realiza-se penetração na mucosa acima do periósteo (não podendo injetar no periósteo). Quando se realiza a técnica por consequência é encostado no osso (automaticamente encosta-se no periósteo) sendo necessário recuar 3 mm para que a anestesia seja supraperiosteal. Indicação: mais especifica em lesões de tecidos moles, possui limitação de indicação em dentes mandibulares pela espessura da cortical mandibular, diminuição de sangramento (vasoconstrição), região anterior da mandíbula de crianças (exemplo: extração de dente de leite) e exérese de lesões (mucocele). Obs: não deve ser realizado dente a dente em mandíbula. Técnica anestésica: Distende-se mucosa com os dedos polegar e indicador para baixo e para fora; Punciona-se mucosa bucal na altura do dente que sofrerá intervenção, apenas no caso de crianças em região de mandíbula; Posiciona-se bisel da agulha voltado para o osso ou sob a lesão; Com uma agulha curta deposita-se ¾ do tubete. Anestesia terminal infiltrativa subperiostal O anestésico é depositado sob o periósteo, junto ao tecido ósseo. Na prática é injetada a agulha e no momento que toca o osso não é necessário recuar, pois é exatamente ali que deverá ser depositado o anestésico. É uma técnica mais dolorida, pois o periósteo é mais inervado. Indicação: limitação de indicação em dentes mandibulares pela espessura da cortical mandibular, são indicados para crianças em região anterior da mandíbula e a aplicação desta técnica sempre causará dor durante a deposição do anestésico, sendo empregada como técnica anestésica complementar. Regionais Tronculares Essa indicação tem como objetivo ser feita com deposição em mandíbula muito próxima ao osso, para que se obtenha uma maior difusão do anestésico. Existe um anestésico denominado articaina que utilizado nas técnicas supraperiostal e subperiostal tem-se uma boa eficiência. A articaina possui boa capacidade de penetração óssea, é considerada um excelente anestésico possuindo o pKa menor, obtendo assim uma difusão anestésica melhor do tecido ósseo. Técnica anestésica: Distende-se mucosa com os dedos polegar e indicador para baixo e para fora; Punciona-se mucosa bucal na altura do dente que sofrerá intervenção, apenas no caso de crianças em região de mandíbula; Posiciona-se bisel da agulha voltado para o osso; A agulha é introduzida até chegar ao tecido ósseo; Com uma agulha curta deposita-se ¾ do tubete. Anestesias por bloqueio Anestesia pterigomandibular É a técnica mais utilizada e difundida, a margem de fracasso é de 15% a 20%. As anestesias dos nervos são: alveolar inferior, nervo milohióideo, mentual, incisivo, lingual e bucal se for utilizado na técnica de três posições. Áreas anestesiadas: Alveolar inferior Dentes mandibulares (vai do terceiro molar ao incisivo central inferior (linha média) Corpo e porção inferior do ramo mandibular Gengiva e mucosa vestibular anterior ao primeiro molar; Lábio inferior e mento. Lingual 2/3 anteriores da língua e do assoalho bucal, a inervação sensitiva do terço anterior da língua se da pelo nervo glossofaríngeo. Tecidos moles linguais e periósteo Bucal Mucosa posterior ao primeiro molar. Na imagem abaixo a área de anestesia é representada na cor amarela onde faz referência ao nervo alveolar inferior e lingual. A área anestesiada envolve os dentes (de pré-molar até incisivo central), porção lingual e gengiva lingual. Na imagem abaixo tem-se os nervos alveolar inferior, lingual e bucal: Vantagem: em apenas uma única injeção é produzida uma grande área de anestesia. Desvantagem: possível dificuldade da técnica não possuindo certeza se está no ponto correto, sendo pouco confiável a área que está sendo realizada a injeção. Outra desvantagem é o fato de ter chances de pegar algum vaso, essa técnica é a que tem mais relação de anestesia intravascular (10-15%). Técnica direta: Posição do paciente deve está em plano oclusal ao solo; Agulha longa sendo a mais indicada de 4 cm de comprimento e calibre 25; Dedo em posição correta mostra ponto exato de punção (metade da unha); Ponto de punção: depressão entre a linha olíqua externa e ligamento pterigomandibular e em altura supero-inferior1 cm acima do plano oclusal; Apoio à região de pré-molares inferiores do lado oposto (pode-se colocar nos pré-molares superiores quando forem em casos de crianças); A agulha é introduzida até que atinja o tecido ósseo (sendo injetado lentamente anestésico durante a introdução); Recuar a agulha 1 a 3 mm do tecido ósseo e injetar o restante do tubete. Quando o paciente abre a boca é possível observar três áreas para identificação: 1: mucosa jugal (região interna da bochecha); 2: trígono retromolar (extensão natural do rebordo alveolar e uma área sem dente) 3: rafe pterigomandibular (união dos dois, clinicamente é a linha de divisão a mucosa julgal com o trígono retromolar). É na rafe pterigomandibular que injeta a agulha anestésica. A referência para se anestesiar corretamente é da seguinte forma: coloca-se o dedo indicador deitado sobre o plano oclusal dos dentes inferiores e a referencia será a metade do dedo ou da unha, em torno de 1 cm acima do plano oclusal dos molares. Erros da técnica: Na imagem abaixo é possível observar o local correto onde a agulha deve está posicionada, observando que o corpo da seringa precisa está posicionado sobre os pré-molares. Não podem está posicionada nem para frente e nem para trás, caso haja uma projeção errada, por exemplo, posicionando a haste da seringa no canino, a ponta da agulha estará indo mais para posterior em movimento contrario, por consequência errando o forame e o canal mandibular. Em crianças a mandíbula não está em desenvolvimento e desta forma o forame encontra-se abaixo do nível oclusal, sendo necessário o conjunto agulha-seringa entre um ângulo de 5° com o plano oclusal. Técnica indireta ou três posições Posição do paciente deve está em plano oclusal ao solo; Agulha longa sendo a mais indicada de 4 cm de comprimento e calibre 25; Dedo em posição correta mostra ponto exato de punção (metade da unha); Ponto de punção: depressão entre a linha olíqua externa e ligamento pterigomandibular e em altura supero-inferior 1 cm acima do plano oclusal; Na primeira posição é tomado como apoio o plano oclusal dos molares inferiores do mesmo lado que será anestesiado (não ficará cruzada) e a agulha penetra inicialmente 5 mm atingindo o nervo bucal onde é depositado ¼ do tubete. Na segunda posição é mantido o que já foi iniciado introduzindo mais 5 mm e injetando outro ¼ de tubete, bloqueando o nervo lingual. Na terceira posição será a mesma da técnica direta, retirando a agulha de modo a deixar apenas a ponta no interior dos tecidos, girando o conjunto até a região de pré-molares inferiores do lado oposto e reintroduzindo até tocar o osso recuando de 1 a 3 mm, onde é depositado ½ (metade) do tubete restante, bloqueando o nervo alveolar inferior. Anestesia do nervo bucal Podem ou não ser anestesiados durante o bloqueio alveolar inferior de acordo com a técnica direta e indireta e são responsáveis pela inervação sensitiva dos tecidos moles e o periósteo bucal adjacente pela vestibular dos molares inferiores. Técnica anestésica: Área de introdução: simulação do início da técnica pterigomandibular indireta na primeira posição ou na mucosa distal e vestibular do 2° ou 3° molar. O nervo passa/cruza sobre a borda anterior do ramo. Se houver palpação é possível ter uma noção onde o nervo está cruzando. O ponto de referência é a mucosa vestibular que está na distal do último dente. Introduzir a agulha até atingir o osso; Recuar 1 mm e depositar o anestésico. Anestesia do mentual/mentoniano e incisivo O nervo incisivo é uma porção terminal do nervo alveolar inferior, pois quando se chega ao forame mentoniano ele irá se dividir saindo como nervo mentoniano e continuará no canal da mandíbula como nervo incisivo. Ou seja, é uma terminação do nervo alveolar inferior. Caso seja feito uma anestesia na região do forame, automaticamente o nervo mentual e incisivo também serão anestesiados. Considerações anatômicas: o forame mentoniano em adultos jovens se localiza equidistante entre a borda inferior, crista do processo alveolar e próximo ao ápice dos pré-molares. A luz do forame está voltada ligeiramente para cima e para trás, e em caso de pacientes desdentados se encontra mais superiormente. Indicações: intervenções cirúrgicas nos tecidos moles da região e se houver processos patológicos que contra indiquem a anestesia infiltrativa. Área anestesiada Mentual Mucosa vestibular (região do forame até a linha média) Pele do lábio inferior Mento Incisivo Fibras nervosas pulpares para os pré-molares, caninos e incisivos. Técnica anestésica: A agulha penetra em um ângulo de 45° em relação ao corpo da mandíbula; Penetra na região de fundo de sulco, compatível com a região de 2° PM inferior; A seringa deve está na região oposta à saída da luz do forame; O conjunto seringa-agulha penetra de cima para baixo de trás para frente e de lateral para medial, ou seja, em direção oposta à forma que o forame sai. Obs: importante o profissional se projetar lateralmente ou atrás do paciente, caso se entre muito a frente do paciente torna a técnica mais difícil de ser realizada. Bloqueios tronculares mandibulares Ocorre a anestesia sensitiva em praticamente todo o tronco mandibular (V3). Dificilmente realiza-se essa técnica. Os nervos anestesiados são: alveolar inferior, mentoniano, lingual, incisivo, milo-hióideo, auriculotemporal e bucal. Área anestesiada Dentes mandibulares, mucoperióteo e mucosa bucal; 2/3 anteriores da língua, tecidos moles linguais; Corpo da mandíbula e porção inferior do ramo e pele sobre o zigomático, bochecha e região temporal. Técnicas anestésicas Recomendado o uso de agulha longa calibre 25; Paciente com a boca aberta; Área de introdução-mucosa na face mesial do ramo, em uma linha que vai da incisura intertragos até o ângulo da boca, distal ao segundo molar superior; Alvo é a porção medial do côndilo; A profundidade da inserção não deve ultrapassar 25 a 27 mm; É injetado o conteúdo inteiro do tubete após o contato com a região foveana; O paciente permanece com a boca aberta por 20 a 30 segundos; Aguardar de 4 a 7 minutos. Existe a técnica mandibular transzigomática e masseterino sendo de forma extraoral, injeta-se na face entre o arco zigomático e a incisura da mandíbula para depositar o anestésico no nível do côndilo e na saída do forame oval que é aonde sai o nervo mandibular. E também a técnica mandibular e alveolar inferior de vazirani- akinosi utilizado quando o paciente possui trismo, ou seja, não consegue abrir a boca direito. Quando o paciente possui trismo perde-se toda referência, sendo assim, com o paciente com a boca fechada é necessário ir à mucosa julgal lateralmente, representado no espaço circulado na imagem, a fim de atingir o alveolar inferior. O ideal para o CD é ter o conhecimento do maior numero de técnicas possíveis, mas, de uma forma mais realista, devemos ter habilidade em pelo menos algumas dessas técnicas. Tendo o conhecimento das outras para sabermos usa-las com expectativa de sucesso. Casos clínicos Caso 1: Exodontia de 3° molares inferiores inclusos (elemento 48) Técnicas anestésicas: técnica pterigomandibular indireta ou técnica pterigomandibular direta mais a técnica bucal. Caso o paciente ainda relate dor mesmo com as anestesias bem feitas pode-se fazer as técnicas intraligamentares adicionais/complementares, intra septais (terminais infiltrativas) ou até mesmo utilizar um anestésico melhor, como a articaina. Isso pode ocorrer, pois existem alguns nervos que saem do pescoço (nervo sensitivo) e seguem em direção superior à face, podendo ter um plexo de nervo que irão inervar algumas regiões na mandíbula.Caso 2: frenectomia lingual Técnicas anestésicas: terminal infiltrativa supraperiostal. Caso 3: biópsia excisional de lipoma bilateral Técnicas anestésicas: terminal infiltrativa supraperiostal ou anestesia do nervo bucal. Caso 4: alveoloplastia (paciente possui irregularidades) Técnicas anestésicas: técnica mentoniana bilateral (dois lados, anestesiando o osso e a mucosa vestibular) ou duas pterigomandibulares bilaterais (seja direta ou indireta). Caso 5: 2° molar com presença de cárie (remoção cariosa e realização de endo) Técnicas anestésicas: técnicas pterigomandibular (direta ou indireta) ou mentoniana. Princípios farmacológicos dos anestésicos locais e vasoconstrictores O anestésico promove um bloqueio reversível da condução nervosa, determinando perda das sensações sem alteração do nível de consciência. Qualidades de um anestésico local Ação reversível; Não deve ser irritante nos tecidos; Grau reduzido de toxicidade sistêmica; Inicio de ação rápida e duração suficiente; Ser incapaz de desencadear reações alérgicas; Ser estável em solução e sofrer rápida biotransformação no organismo; Apresentar potência e eficácia mesmo em baixas concentrações. Composição da solução anestésica Agente anestésico local O anestésico local apresenta como composição molecular um grupo lipofílico (anel benzeno), cadeia intermediária (éster ou amina) e grupo hidrofílico (amina terciaria). Obs: é a cadeia intermediária que realiza o papel da anestesia. Vasoconstrictor São drogas que imitam o sistema nervoso simpático (simpaticomiméticas) e que vão atuar em receptor adrenérgico alfa e beta. Apresentam como objetivo aumentar a duração da anestesia, promovendo redução do sangramento e com isso hemostasia local. Além disso, através do uso de vasoconstrictores os efeitos tóxicos sistêmicos podem ser reduzidos e diminuem a absorção dos anestésicos. Exemplos de vasoconstrictores: epinefrina, noradrenalina, levonordefrina, fenilefrina, fenipressina. Contra-indicação: doenças cardiovasculares, cirurgias de revascularização, hipertireoidismo, diabetes mellitus não controlado e AVC. Agente redutor O metabissulfito de sódio previne a oxidação do vasoconstrictor e atua competindo com a adrenalina pelo oxigênio disponível na solução. Agente preservativo O metilparabeno e caprilhidrocuprienotoxina aumenta a vida útil dos anestésicos (18 meses a 2 anos), porém, podem desencadear reações alérgicas. São menos utilizados atualmente. Em pacientes com histórico de alergia, utiliza-se de anestésicos sem vasoconstrictor, pois na maioria das vezes o paciente apresentará alergia, não a composição molecular do anestésico, mas sim ao agente preservativo. Fungicida Timol: é usado, ocasionalmente, em algumas soluções. Veículo É uma forma modificada da solução de Ringer Lactato, ajustada a um PH biocompatível. Classificação dos anestésicos locais Quanto à cadeia intermediária: Tipo éster: procaína, tetracaína, benzocaína, cloroprocraína. A maioria dos anestésicos tópicos é do tipo éster e é o grupo que apresenta maior relato de incidência de processos alérgicos. Tipo amida: lidocaína, prilocaína, mepivacaína, bupivacaína, articaína. São anestésicos que não estão ligados a alergia, no entanto, quando se tem um vasoconstrictor podem ter a chance de processos alérgicos, não a amida mas ao agente preservativo que está juntamente com os anestésicos. A ligação molecular que existe nos anestésicos locais do tipo éster é mais fácil de ser quebrada que a ligação molecular do grupo amida, por isso os ésteres são mais instáveis em solução e não podem ser armazenados por tanto tempo quanto as amidas. As amidas são termoestáveis e podem sofrer o processo de autoclave, os ésteres não. Quanto à duração de efeito: Duração curta: procaína e cloroprocaína. Duração intermediária: lidocaína, prilocaína, mepivacaína, articaína. Duração longa: tetracaína, bupivacaina, etidocaína, ropivacaína. Obs: normalmente os anestésicos de uso odontológico possui duração intermediária. Condução nervosa A condução nervosa é desencadeada pelo fluxo de uma corrente através da membrana, durante a transição do nervo do estado de repouso para o estado ativo. Dependendo do potencial elétrico que existe ao longo de cada lado da membrana da maioria das células do corpo. A condução nervosa acontece pelo efeito da despolarização e repolarização. Quando o neurônio sofre estímulo, ocorre uma mudança transitória do potencial de membrana. Nesse momento, acontece a abertura dos canais iônicos e a entrada rápida de Na+, que estava em grande quantidade, no meio extracelular. Quando esse íon entra, ocorre a mudança de potencial e o interior do axônio passa a ser positivo (despolarização). Esse conjunto de alterações sequenciais que garante a transição de potencial é chamado de potencial de ação. Essa mudança faz com que os canais de Na+ fechem-se e provoca a abertura dos canais de K+. O íon K+ começa a sair por difusão, e o potencial de repouso da membrana retorna ao normal (repolarização). Há uma sequência de despolarização e repolarização juntamente com repouso, aonde vai percorrendo ao longo da membrana do neurônio. Caso tenha uma fibra nervosa mielínica com nódulos de Ranvier a condução será saltatória e terá maior velocidade em fibras mielínicas. Mecanismo de ação Os anestésicos interferem em processos de geração e condução nervosa por reduzirem ou prevenirem aumento de permeabilidade de membranas excitáveis ao sódio. Os anestésicos locais bloqueiam a ação de canais iônicos na membrana celular neuronal, impedindo a neurotransmissão do potencial de ação. A forma ionizada do anestésico local liga-se de modo específico aos canais de sódio, inativando-os e impedindo a propagação da despolarização celular. Porém, a ligação específica ocorre no meio intracelular, por isso é necessário que o anestésico local em sua forma molecular ultrapasse a membrana plasmática para então bloquear os canais de sódio. O bloqueio das fibras nervosas ocorre gradualmente, iniciando com a perda de sensibilidade à dor, à temperatura, ao toque, à propriocepção e finalmente perda do tônus músculo esquelético. Por essa razão os indivíduos podem ainda sentir o toque no momento em que a dor já está ausente após aplicação do anestésico local. Dissociação dos anestésicos locais Os anestésicos locais são comercializados na forma de sais ácidos, a fim de torna-lo mais hidrossolúvel e estável. Dentro da mucosa depois de injetado, o sal ácido irá se desassociar formando uma base fraca + ácido forte. A dissociação depende do PH do tecido. A constante de dissociação é a capacidade de ligação ao hidrogênio, onde é preciso ter pouca ligação ao hidrogênio, ou seja, quanto menor a afinidade ao hidrogênio maior vai ser a afinidade do anestésico. É necessário um pKa baixo para ter uma boa eficiência de anestésico. O pKa dos anestésicos locais determina a quantidade de droga existente na forma ionizada em um determinado pH. No pH fisiológico (7,4) todos os anestésicos locais apresentam sua forma ionizada em maior proporção, visto que o pKa de todos os anestésicos locais é maior que 7,4. Todavia, como cada droga possui um pKa diferente, a proporção da forma ionizada e não- ionizada (molecular) presentes no local apresenta variabilidade. A lidocaína possui pKa de 7,9, por isso em pH fisiológico apenas 25% da droga apresenta-se na sua forma não-ionizada. A bupivacaína possui pKa de 8,1, por isso em pH fisiológico haverá uma fração ainda menor da forma não-ionizada, em aproximadamente 15% Em casos de uma gengiva inflamada (PH ácido), a dissociação não ocorrerá de forma satisfatória, com isso terá menor quantidade de bases não ionizadas, por isso evita-se a utilizaçãode anestésicos em área inflamatória. Mecanismo de ação e ph do meio Quando pH do meio não favorece essa transformação, a ação anestésica não se processa (tecidos inflamados). Suplementação excessiva de doses no mesmo local determina menor resposta, pois esgota a capacidade de tamponamento do meio, não liberando a base. Fatores que determinam a eficiência de um anestésico local Concentração: maior rapidez de ação em maiores concentrações. Normalmente a menos concentrada apresentam mais vasoconstrictores; Solubilidade: menor efeito posterior nos tecidos e mais rápido no início da analgesia e mais solúvel em material aquoso e lipoide; Taxa de ligação de proteína: início e recuperação mais rápida; Ph da solução. Anestésico local e gestação Indicações de anestésicos para gestantes: O anestésico mais seguro para a gestante é a lidocaína associada a vasoconstritor (adrenalina ou noradrenalina) a 1:200.00. Os vasoconstritores felipressina e fenilefrina são contra- indicadas por apresentarem ação ocitóxica. A mepivacaina não é metabolizada pelo fígado do feto. A prilocaína pode provocar meta-hemoglobinemia fetal, com sérias consequências. A ropivacaína só foi suficientemente avaliada em bloqueios peridurais, até agora com bons resultados. Toxicidade De uma forma geral os anestésicos realizam a toxicidade no sistema nervoso central e no sistema cardiovascular. Sinais de toxicidade: Sistema nervoso central: Ansiedade, agitação, respiração profunda, tremores e convulsões generalizadas; Respiração desordenada; SNC superestimulado; SNC deprimido. Sistema cardiovascular: Vasodilatadores em dose terapêuticas; Diminuem a excitabilidade e força de contração do coração, diminuindo o débito cardíaco; Nos vasos, produzem relaxamento da musculatura lisa com consequente dilatação arteriolar; Quando empregados corretamente os níveis sanguíneos raramente são suficientes para gerar manifestações clinicas importantes. Seleção dos anestésicos Parâmetros farmacologicos Dose total máxima de cada vasoconstrictor Princípios de técnica cirúrgica Todo procedimento cirúrgico constitui-se em uma combinação de procedimentos técnicos executados de forma precisa e com instrumentais apropriados. Estes procedimentos são denominados como manobras cirúrgicas fundamentais, sendo classificados em diérese, exérese, hemostasia e síntese. Torna-se importante o conhecimento desses princípios para realização de adequada técnica cirúrgica. Diérese As manobras de diérese visam romper ou interromper a integridade tecidual, penetrando no interior dos tecidos e alcançando áreas anatômicas de interesse do cirurgião. As manobras de diérese podem ser classificadas em incisão e divulsão. A grosso modo dizendo a diérese é a primeira etapa cirúrgica que compreende incisão e divulsão tecidual para alcançar o objetivo da cirurgia. Seja extração, contenção de fratura, retirar um enxerto e dentre outros. Incisão: muitos procedimentos cirúrgicos necessitam de incisões que podem ser realizadas sobre a mucosa ou a pele. A técnica de incisão deve obedecer a requisitos e exige do cirurgião conhecimento e manipulação correta dos instrumentos. As incisões são mais comumente realizadas com bisturis, podendo também ser realizadas com tesouras cirúrgicas. Exemplo abaixo de uma incisão de um freio onde realiza-se-uma diérese e exérese ao mesmo tempo: Divulsão: consiste na separação ou divisão dos tecidos por meio de instrumentos cirúrgicos. A divulsão dos tecidos moles é comumente realizada com tesoura cirúrgica de ponta romba denominada de tesoura de Metzenbaum. As tesouras rombas, aplicadas com auxílio de pinças de dissecção, devem ser utilizadas com extremidade ativa fechada e então abertas no interior dos tecidos, realizando deste modo uma separação atraumática através do plano de clivagem dos tecidos. As tesouras de ponta fina e cortante são utilizadas nos procedimentos de sutura. Exemplo abaixo de soltura do tecido do freio para fecha-lo onde se realiza a diérese: Exemplo de acesso/corte submandibular em uma fratura onde se realiza a diérese para adentrar nos planos deciduais (subcutâneo, platismo) até chegar ao tecido ósseo: Orientações: A empunhadura do instrumento pode ser realizada como a de “forma de caneta”, realizando-se o apoio em três pontos, pelos dedos indicador, polegar e médio, sendo muito utilizada e apropriada para incisões pequenas e delicadas, como o são geralmente as incisões em cirurgia bucomaxilofacial. O movimento deve ser de punho, onde a lâmina fique perpendicular aos tecidos, evitando a inclinação. Obs: caso seja feito uma incisão na mucosa bucal (gengiva ceratinizada) normalmente a incisão deve ser até tocar no osso. Isso quando se trata de tecidos mais superficiais ou menos profundos. Quando for acessar regiões mais profundas não se deve tocar até o osso, afinal, cortaria vasos/nervos. Como inserir e retirar a lâmina de bisturi: 1: a lâmina de bisturi deve ser cuidadosamente montada no cabo utilizando-se um porta-agulha. 2 e 3: a lâmina é, então, deslizada na ranhura da ponta do cabo de bisturi até que se encaixe perfeitamente. 4: para a remoção da lâmina, segura-se com o porta-agulha na porção inferior da lâmina, levantando-a para desprendê-la do encaixe do cabo de bisturi. Exérese É definida como manobras cirúrgicas pelas quais é retirado parte, todo órgão ou tecido, constando muitas vezes no objetivo da cirurgia. A grosso modo dizendo a exérese é a extração, significando remover/retirar. Constam de diversos procedimentos, como remoções de lesões patológicas, curetagens, osteotomias, além de outras ações, como as exodontias, frequentemente realizadas na clínica cirúrgica. Exemplo de extração do terceiro molar realizando exérese: Exemplo de remoção de enxerto realizando exérese: Exemplo de exérese de lesão: Hemostasia As hemorragias podem ser classificadas, quanto ao vaso sanguíneo de origem, como venosa, arterial e capilar. Essa é uma etapa cirúrgica com manobras para conter sangramento tecidual, envolvendo compressão, pinçamento de vasos, sutura e aplicação de agentes hemostáticos. Mecanismo da hemostasia Ação vascular Ação plaquetária Sistema de coagulação Sistema fibrinolítico Sistema anticoagulante Todos esses mecanismos de hemostasia devem está em função para que quando o CD (cirurgião-dentista) necessitar cortar o paciente, o mesmo tenha coagulação e não chegue a um ponto de ter uma hemorragia significativa. Se houver uma hemorragia, algo de errado está ocorrendo, como por exemplo, na fisiologia do paciente por não está funcionando direito, paciente é hipertenso ou pegou um vaso mais calibroso. As hemorragias podem ainda ocorrer nos períodos trans, pós- operatório ou tardio (depois de alguns dias). Porém, normalmente ocorrem nas primeiras 48 horas. Obs: uma manobra que é importante na hemostasia é a compressão. Tratamento Visualizar a origem do sangramento; Presença de discrasias sanguíneas (alguma patologia de hemostasia, informação precisa ser observada antes da cirurgia); Tecidos moles pode-se utilizar a pinça hemostática ligando o vaso (dando um ponto/nó cirúrgico) e cauteriza-lo colocando um bisturi elétrico para queimar, colabando o vaso sanguíneo, parando de sangrar. Sutura em massa (quando existe o caso de não conseguir observar o vaso pode-se utilizar a sutura e dar um ponto pegando vários tecidos juntos. No meio do tecido estará o vaso, desta forma irá suturar tudo junto). Caso tenha-se um sangramento dentro do alvéolo (dentro do osso) é necessário: avaliar o paciente, anestesiar, limpar o alvéolo, hemostasia com gaze e sutura. Necessário utilizar: cerapara osso, gelfoam, hemostop e selantes de fibrina. Tudo isso ajudará dentro do osso para parar de sangrar. Prevenção Anamnese adequada, boa técnica cirúrgica, sutura bem feita e recomendações como, por exemplo: evitar atividade física. Síntese Conjunto de manobras utilizadas para realizar a aproximação dos tecidos moles de tal forma a coaptá-los. A grosso modo dizendo retrata o fato de aproximar os tecidos que foi afastado/descolado. Retratando a etapa final da cirurgia. Agulhas para sutura: são constituídas de aço inoxidável e compostas de corpo, ponta ativa e uma parte terminal que se une ao fio de sutura. As agulhas de sutura podem apresentar-se presas diretamente ao fio de sutura ou como agulhas isoladas, em que é inserido o fio de sutura durante o procedimento de síntese. Nos fios agulhados, esta parte terminal é prensada diretamente ao fio de sutura, facilitando e simplificando a manipulação durante a sutura, além de causar menos danos teciduais. Hoje em dia usa-se mais as agulhas presas diretamente ao fio de sutura. As agulhas prensadas diretamente ao fio de sutura causam menor dano tecidual e são mais fáceis de manipular durante a sutura. A ponta ativa da agulha e o corpo variam de forma em sua secção, podendo ser cônicas ou triangulares. A ponta cônica apresenta-se sem extremidade cortante. As agulhas triangulares são cortantes e possuem extremidades afiadas que permitem penetrar facilmente em tecidos como pele ou mucosa. Alguns autores preferem denominá-las agulhas traumáticas e atraumáticas, respectivamente. A maioria das cirurgias bucais é realizada com agulhas cortantes ou traumáticas. Sutura: coaptação das bordas de feridas através do uso de fios apropriados. A coaptação é realizada para ter uma melhor cicatrização possível. Sendo a última etapa da cirurgia onde a ferida deve ser irrigada, debridada e, o retalho deve ser reposicionado. Função das suturas: Coaptação das bordas da ferida (1° e 2° intenção); Hemostasia Manter um retalho de tecido mole sobre tecido ósseo; Evitar acidentes hemorrágicos pós-operatório ou trans- operatório; Proteger o alvéolo após exodontias; Favorece a manutenção do coágulo no alvéolo; Mantém o retalho em posição; Previne penetração de microrganismos na ferida cirúrgica. Fios de sutura: as espessuras dos fios de sutura são classificadas de acordo com o número de zeros que ele possui. Por exemplo: quanto maior o número de zeros, mais fino é o fio (inversamente proporcional). 1-0 ( um zero 0) é mais espesso que 3-0 (três zeros 000). Diâmetro Indicação 9-0 8-0 7-0 Microcirurgia (oftalmológicas) 6-0 5-0 Cirurgia plástica Cirurgia bucomaxilofacial Cirurgia estética facial Cirurgia periodontal 4-0 Fio padrão Cirurgia bucal (mucosas) 3-0 Cirurgia de língua, músculos. Obs: os fios que não possuem zero são mais calibrosos e feitos de aço. Classificação quanto à origem Os fios de sutura podem ser inorgânicos onde o fio é metálico de aço inoxidável ou tântalo e fio sintéticos de poliglactina 910 ou mercilene. Também podem ser orgânico vegetal como o linho ou algodão e animal como catgut ou seda. Quando ao material utilizado Fios absorvíveis Fios não absorvíveis Os fios absorvíveis são aqueles que o próprio organismo decompõe, não sendo necessária a sua remoção no pós- operatório. Apresentam maior reação tecidual quando comparados aos fios não absorvíveis, possui dificuldade de cicatrização da ferida e não são usados para sutura de pele. Fios absorvíveis Catgut cromado Catgut simple Vicryl Vicryl 10-0 Vicryl rápida absorção PDS II Monocryl Obs: O categute simples e o cromado não são usados em suturas na superfície da pele, pois provocam reação inflamatória intensa, dificultando a cicatrização da ferida e gerando implicações clinicas. Os fios não absorvíveis necessitam que o paciente vá ao consultório para que se retirem os pontos no tempo previsto pelo CD (cirurgião-dentista). Esses fios não absorvíveis podem ser naturais (seda, linho e algodão), ou sintéticos (náilon, poliéster e polipropileno). E podem ser mono ou multifilamentados. Os fios monofilamentados são relativamente rígidos e mais inertes aos tecidos, e apresentam relativa dificuldade para a fixação do nó cirúrgico. Os fios multifilamentados aumenta a força do fio de sutura e também sua abrasividade, sendo estes mais propícios a causarem contaminação da ferida cirúrgica. Os fios de seda e algodão são indicados para suturas da mucosa bucal, enquanto os de náilon são amplamente utilizados para as suturas de pele. Do ponto de vista de resposta inflamatória a seda terá maior resposta do que o poliéster, náilon e polipropileno. Fios não absorvíveis e biodegradáveis: Seda (possibilita conforto ao paciente e é multifilamentado, dando maior resistência. Porém, possui mais chance de acumulo bacteriano e infectar mais fácil a ferida). Linho Mononylon (opção melhor, único ponto negativo é que em muita das vezes o nylon machuca o paciente. Acumula menos biofilme bacteriano e possui um filamento só). Fios não absorvíveis e não biodegradáveis: Polycot Aciflex Mersilene Ethibond Ethybond com almofada Prolene Reatividade dos tecidos frente aos fios de sutura: Reatividade: resposta inflamatória do tecido na presença do fio. São mais finas Mais utilizado Espessura dos fios de sutura: quanto mais grosso for o fio, maior será o processo inflamatório. Afinal, o organismo criará um processo inflamatório de corpo estranho para o fio. Não porque não seja biocompatível, mas por uma tendência de ter uma reatividade tecidual. Quantidade de pontos necessários: quanto mais pontos forem dados mais reatividade terá, por isso na face tendem a ter menos ponto. Ou seja, quanto menos ponto melhor. Mono ou multifilamentados: caso tenha mais filamentos tem-se maior reação do organismo, ou seja, é melhor que seja mono. Fios reabsorvíveis e não absorvíveis: os fios que provocará maior reação dos tecidos são os fios reabsorvíveis. A reabsorção é uma grande reação tecidual do organismo para que se absorva o fio, caso o fio é não absorvido é porque ele tem a tendência a ser mais inerte. Princípios gerais para sutura: Para a realização da adequada sutura devem ser seguidas normas e técnicas que, associadas à habilidade do cirurgião e ao uso correto do instrumental, são essenciais para o sucesso do procedimento. 1. Iniciar a sutura da esquerda para a direita; 2. Não deixar nós sobre a linha de incisão; 3. Plano de sutura profunda, usa-se agulha curva; 4. Plano de sutura superficial, usa-se agulha curva ou reta e sutura simples ou contínua; 5. Não deixar osso exposto ou desprotegido; 6. A sutura deverá sempre partir da parte móvel (retalho) para a parte fixa; 7. Quando a ferida for extensa, o primeiro ponto deverá ser na metade dela; 8. Dentes vizinhos podem ser usados como ancoragem; 9. Deve-se tomar a mesma quantidade de tecido nas duas bordas da ferida; 10. Quando houver retalho a sutura deve iniciar pelo ângulo da incisão relaxante; 11. Para que uma ferida tenha bons resultados cicatriciais, é necessário que a incisão seja bem planejada. A agulha deverá ser apreendida pelo porta-agulha na metade ou a três quartos de distância da ponta.. Durante a introdução da agulha, realizar movimentos circulares que acompanhem a sua curvatura, fazendo movimento de rotação do pulso do cirurgião. A: introduzir a agulha perpendicularmente ao tecido e o movimento deve ser circular; B a D: transfixação das bordas da ferida em uma única etapa; E e F: nó cirúrgico. Nó cirúrgico: sequência do nó cirúrgico realizado com porta- agulha. Duas voltas no sentido horário completando com duas voltas no sentidoanti-horário. Técnica de sutura Existem diversos tipos e formas de suturas que poderão ser indicados para situações diferentes, de acordo com a preferência do cirurgião. As suturas podem ser dos tipos isolado ou contínuo. As suturas isoladas exigem mais tempo, mas proporcionam melhor orientação na adaptação dos bordos da ferida. O rompimento de um ou outro ponto isoladamente não prejudica a integridade da sutura. Sutura isolada Ponto simples Pontos em X Pontos em U Pontos donati Colchoeiro vertical Colchoeiro horizontal Pontos com ancoragem em dente As suturas contínuas caracterizam-se pela não interrupção do fio cirúrgico e possuem formas semelhantes às das suturas isoladas. Têm como desvantagens a maior quantidade de fios que permanece entre os tecidos e o fato de que, se houver ruptura do fio no pós-operatório, toda a sutura será perdida. Sutura continua Contínua simples Ancorada ou festonada Grega ou continua em U Pontos com ancoragem em dentes Intra-dérmica Planejamento do retalho É considerado retalho cirúrgico uma porção de tecido delimitado por incisões cirúrgicas. Os retalhos cirúrgicos intrabucais são realizados para obter-se acesso cirúrgico a uma área a ser operada ou para mover tecidos moles de um local para outro. Cuidados com retalho: Prevenção de necrose Prevenção de deiscência (quando o ponto abre e fica osso exposto) Prevenção de dilaceração (evitar que se corte o retalho para que ele não fique rasgado/cortado/lacerado). No retalho é feito a incisão do sulco gengival e às vezes uma incisão adicional relaxante para poder descolar o tecido. Inicialmente, na imagem abaixo se pode observar que a base do retalho deve ser maior que o ápice. Foi feito uma incisão dentro do sulco, subindo do lado direito e do lado esquerdo, tornando a base do retalho mais ampla do que na parte localizada nos dentes. Forma correta e incorreta de se realizar um retalho de incisão relaxante: Na forma correta observa-se que possui uma incisão relaxante onde a base desce de forma divergente para que o sangue entre. Na forma incorreta a incisão relaxante está convergente. Desta forma não receberá o sangue corretamente e consequentemente causará necrose. As incisões relaxantes além de serem divergentes, devem ser realizadas até o fundo do vestíbulo, passando uns 3-5 mm da união mucogengival e saindo da gengiva inserida até a mucosa alvoelar. É necessário realizar dessa forma para que se tenha uma mobilidade do reparo quando for afastado. A relaxante não pode ser realizada ao longo eixo do dente, pois ocorreria uma retração gengival e também não deve ser no ápice da papila para que não haja perda de papila. Obs: a incisão relaxante tem o objetivo de ampliar a exposição cirúrgica, quando se quer ampliar ainda mais chegando a níveis mais altos é indicado realizar duas relaxantes. Quando não se tem incisão relaxante a incisão apenas ocorrerá no sulco. Quanto à forma do retalho: Incisão intrasulcular ou envelope (o básico, onde é colocado dentro do sulco); Incisão triangular ou neumann (com uma incisão relaxante); Incisão retangular ou novak-peter (com duas incisões relaxantes); Incisão de ochsenbein-luebke ou submarginal; Incisão semilunar (de partsch). Alguns exemplos de retalho: Retalho intrasulcular: na imagem observa-se que foi realizado em volta dos dentes (dentro do sulco) não sendo realizada incisão relaxante. Incisão triangular ou neumann - retalho com uma incisão relaxante: na imagem observa-se um retalho para extrair 3° molar, onde foi feito uma incisão em cima do túber, em volta do dente (intrasulcular) e uma relaxante. Incisão retangular ou novak-peter - retalho com duas incisões relaxantes: na imagem observa-se que foi feito acesso dentro do sulco e duas relaxantes. Incisão de ochsenbein-luebke ou submarginal: é contornada a gengiva ceratinizada ou a união da gengiva ceratinizada e a mucosa alveolar. São importantes em áreas estéticas, devendo ser feita em torno de 3-5 mm da margem gengival. São indicadas para cirurgias parendodônticas e prótese dentária para que não haja perca de tecido causando retração gengival na prótese. E possui desvantagem de não expor as áreas cervicais do dente. Incisão semilunar (de partsch): indicada para cirurgias parendodônticas, no entanto estão mais em desuso. Quanto ao envolvimento do periósteo: Retalho total (mucoperiosteo): afasta tudo, incluindo o periósteo, deixando o osso totalmente exposto. Exemplo: incisão feita no trigonoretromolar contornando dentro do sulco e realizando uma incisão relaxante divergente. No momento de criar o retalho para afastamento foi utilizado um afastador molt. Retalho dividido: se utiliza quando a lâmina de bisturi corta o retalho por dentro e deixa o periósteo aderido ao osso, mais utilizado na periodontia para enxerto gengival ou de tecido conjuntivo. Exemplo: foi realizada uma incisão e duas relaxantes divergentes. Neste tipo de retalho não foi utilizado o descolador molt, foi utilizado a própria lâmina de bisturi. Exodontias A exodontia é a intervenção cirúrgica mais antiga da Odontologia e ainda hoje é o procedimento cirúrgico mais corriqueiro dentre os diversos tipos de modalidade cirúrgica existente. É necessário planejamento que abranja conhecimento científico, detalhado estudo e planejamento dos casos para escolha da técnica adequada, minimizando traumatismos durante a cirurgia e evitando possíveis complicações. Indicações Embora a posição da Odontologia moderna seja a de que todas as medidas possíveis devam ser tomadas para preservar os dentes na cavidade bucal, algumas condições são inevitáveis e, se postergadas, podem levar ao comprometimento de outros elementos dentais ou, ainda, da saúde geral do paciente. As indicações são: Destruição da coroa dentária: grandes cáries, fraturas extensas da coroa e raiz; Comprometimento periodontal; Comprometimento endodôntico; Indicação ortodôntica; Dentes decíduos que não esfoliam; Dentes mal posicionados; Dentes inclusos e supranumerários; Dentes associados com lesões patológicas; Fatores econômicos. Exemplos de cáries extensas. Imagem 1: tem-se cárie extensa que já foi para a região de furca separando as raízes, fratura e raízes residuais. Imagem 2: tem-se extensas cáries no assoalho pulpar. São situações que não se consegue reverter. Imagem 3: tem-se cárie extensa onde possui destruição coronária com invasão de tecido mole. Exemplo de indicações ortodôntica. Pacientes sob tratamento ortodôntico que apresentem falta de espaço na arcada, caracterizando-se por apinhamento dental grave, necessitam frequentemente de extrações dentais para o correto alinhamento dental. Os dentes mais comumente extraídos para esta finalidade são os pré-molares maxilares e/ou mandibulares. Outras condições diagnosticadas no planejamento ortodôntico podem indicar a necessidade de remoção de um ou mais dentes. Exemplo de indicação endodôntica Na imagem é representado um problema endodôntico onde foi tratado o canal, porém não foi resolvido. Neste caso nem uma cirurgia parendodôntica resolveria, pois se tem uma possível contaminação ou uma fratura na área de furca. Sendo mais indicada para extração. Exemplo de dentes decíduos que não esfoliam Dente que está no local a um bom tempo e não são permanentes devem ser extraído. Se houver possível agenesia do permanente o dente decíduo deve permanecer o maior tempo possível. Exemplos de dentes inclusos/mal posicionados Dentes inclusos deverão ser sempre removidos, desde que não haja possibilidadede aproveitamento ortodôntico. Em situações nas quais existam contraindicações locais ou sistêmicas para a exodontia, deve-se realizar acompanhamento clínico e radiográfico periódico. Contra-indicação As exodontias, assim como qualquer outro procedimento cirúrgico, podem apresentar contraindicações determinadas por fatores de ordem local ou sistêmica. São consideradas contraindicações temporárias quando a alteração da saúde local e/ou sistêmica pode ser normalizada por recursos clínicos e/ou terapêuticos. Em algumas situações, as contraindicações podem ser tão significativas que o dente não deverá sofrer extração até que o problema tenha se resolvido completamente. Contra-indicação sistêmica Doenças cardiovasculares não controladas; Diabetes melito não controlado ou com complicações sistêmicas; Doença renal terminal; Discrasias sanguíneas graves; Pacientes em uso de anticoagulantes; Gestantes (primeiro e último trimestre gestacional) ou de alto risco. Contra-indicações locais Gengivite ulcerativa necrosante aguda (GUNA); Extração de pré-molares e molares superiores em vigência de sinusite aguda; Dentes em áreas que recebem irradiação; Dentes associados a lesões tumorais. Posicionamento de paciente e profissional Nas exodontias, como nos demais procedimentos cirúrgicos, devem ser observados a adequada posição do paciente e do cirurgião, a iluminação do campo cirúrgico, assim como a seleção e a disposição correta do instrumental a ser utilizado durante a cirurgia. Para a exodontia dos dentes mandibulares, o paciente deve ser posicionado de forma que, com a boca aberta, o plano oclusal dos dentes inferiores permaneça em paralelismo com o solo. Desse modo, o paciente ficará posicionado mais verticalmente e a altura da cadeira estará correspondente àquela do cotovelo do cirurgião. Para a exodontia dos dentes maxilares, o encosto da cadeira do paciente deve ser posicionado de modo que o plano oclusal dos dentes forme ângulo de 60° em relação ao solo, com a altura da cadeira um pouco abaixo do cotovelo do cirurgião. O cirurgião deve trabalhar do lado direito, à frente ou atrás do paciente, porém alguns preferem a posição posterior, pois possibilita o apoio da mandíbula pela mão esquerda durante a movimentação com o fórceps. Nessa posição, o fórceps é apreendido de forma oposta ao método usual e faz com que o cirurgião tenha uma visão do campo em uma perspectiva invertida. A) À direita e ligeiramente à frente do paciente. B) Ao lado do paciente. C) Atrás do paciente. D) À direita e à frente do paciente. Material cirúrgico Os instrumentais devem estar dispostos na bandeja cirúrgica, posicionados da esquerda para a direita, seguindo a ordem que acompanha sua sequência de uso. As exodontias utilizam princípios mecânicos efetuados por instrumentos que apresentam como finalidade a potencialização da força aplicada manualmente com intuito de vencer a resistência à remoção dentária. Os instrumentais específicos utilizados para a realização de exodontias são o fórceps e as alavancas. Fórceps É constituído estruturalmente de dois cabos articulados entre si, que apresentam, em uma de suas extremidades, a haste para empunhadura e, na outra, a sua parte ativa, denominada mordente. Os mordentes apresentam formatos e tamanhos variados, de acordo com o dente ou o grupo de dentes a que se destinam. Os fórceps são classificados por meio de numeração predeterminada para o dente ou grupo de dentes a que se destina, sendo uma numeração padrão, independentemente da marca comercial. Tabela com variedades de fórceps indicados: 150 Fórceps universal superior: dentes uniradiculares remancescentes radiculares e raizes seccionadas superiores. 151 Fórceps universal inferior: dentes uniradiculares remancescentes radiculares e raizes seccionadas inferiores. 17 Dentes molares inferiores 18R Dentes molares superiores lado direito 18L Dentes molares superiores lado esquerdo 1 Incisivos superiores 203 Dentes caninos e pré molares inferiores 69 Raizes residuais 23 “Chifre de vaca”. Dentes molares inferiores sem coroa 65 Pequenos ápices dentários, raizes vestibulares de molares superiores 222 Terceiros molares inferiores 210,53L, 53R Terceiros molares superiores Fórceps mais utilizados para extração: Fórceps maxilares (superior): fórceps no 150 (incisivos, caninos e pré-molares), no 18R (molares lado direito), no 18L (molares lado esquerdo) e no 65 (restos radiculares). Fórceps mandibulares (inferior): fórceps no 151 (incisivos, caninos e pré-molares), no 17 (molares inferiores), no 16 (molares inferiores com furca exposta) e no 69 (restos radiculares). Alavancas As alavancas são instrumentos bem antigos e de uso frequente, denominados também como elevadores. As alavancas compõem- se de parte ativa ou lâmina, porção intermediária ou haste, e cabo. Alavancas utilizadas: a) alavanca reta, b) alavanca apexo, c) alavanca seldin direita, d) alavanca seldin esquerda, e) lavanca de potts direit e f) alavanca de potts esquerda. Técnicas de exodontia Classificação: 1) Quanto à presença de retalho: Sem retalho Nas exodontias realizadas sem retalho, o dente é extraído no seu longo eixo com o uso de fórceps ou alavancas. Com retalho Na técnica cirúrgica com retalhos, após a incisão o retalho mucoperiosteal é descolado, expondo parte do osso alveolar a fim de promover melhor visibilidade e acesso ao dente a ser extraído. 2) Quanto ao instrumental e complexidade da técnica Técnica primeira Utilização apenas de fórceps para extração. Indicado para dentes com coroas íntegras, e é indicado para dentes que suportem a força dos fórceps. Obs: caso seja um dente cariado por dentro ou oco não é interessante fazer o uso do fórceps. Técnica segunda Utilização de alavancas para extração dentária e de raízes. Indicada para dentes com coroas e raízes destruídas, quando não é possível a utilização de fórceps. Obs: dentes que são extremos de arco dentário (3° molares) ou em área que se possui perca parcial de dente são áreas de indicação de uso de alavancas. Dentes que estão no arco e possui dentes vizinhos ou ponto de contato não se deve utilizar alavancas. Técnica terceira Também conhecida como extração cirúrgica, nessa técnica realiza-se retalho mucoperiosteal. Na maioria das situações é necessário odontosecção e/ou osteotomia. São indicadas quando a exodontia não foi possível com as técnicas primeiras e segundas. Importante destacar que a técnica terceira é associada com a técnica primeira ou segunda. Essas técnicas seguem o princípio das técnicas cirúrgicas dos 4 passos: diérese, exérese, síntese e hemostasia. Descrição cirúrgica: Antisepsia extra e intrabucal (limpeza/desinfecção. extrabucal pode-se utilizar solução alcoólica a base de clorexidina e intrabucal periogard clorexidina 0,12%); Colocação de campos cirúrgicos; Anestesia (dependendo de qual técnica for realizada); Incisão ou sindesmotomia; Remoção do dente com técnica apropriada (Técnica primeira: fórceps; Técnica segunda: alavancas; Técnica terceira: retalho, odontosecção, osteotomia); Curetagem alveolar (não raspar o alveolar, apenas inspecionar e limpar); Palpação do rebordo para observar se houve uma expansão significativa e para que volte a arquitetura normal do contorno do rebordo alveolar. Pode-se usar uma lima passa osso para aplainar algum tecido ou pressão manual discreta; Sutura (normalmente é realizado com técnicas de sutura simples interrompida, sutura em 8, sutura em X e suturas em U). USO DO FÓRCEPS Alguns princípios devem ser observados na utilização dos fórceps, entre eles: A seleção e apreensão correta do fórceps (posição de forma correta); Não segurar o fórceps junto ao mordente (ponta ativa); Mordente paralelo ao longo eixo do dente; O fórceps deve apreender estrutura dentária sadia e se sempre aplicado sobre cemento (sobre o cemento: pois irá direcionar o fórceps o mais apical possível, direcionando o eixo de rotação mais para baixo, facilitando a extração). Antes de firmar o fórceps ao dente, introduzi-lo ao máximo no sentido apical; Os dedos polegar e indicador da mão oposta devem repousar sobre a junção mordente-dente durante os movimentos de luxação. Tipos de empunhadura: Os fórceps possui três movimentos: intrusão, luxação (lateralidade e rotação) e tração. Intrusão: A primeira coisa a se fazer é deslocar o longo eixo do dente apicalmente ou subgengival, intruindo o fórceps. O mordente do fórceps deve estar bem adaptado ao colo do dente. Deve ser intruído para aumentar o braço de alavanca. A ponta ativa do instrumento atinge um pouco da região subgengival. Luxação (lateralidade e rotação): Trata-se de movimentos de lateralidade e de rotação. Promovem rompimento de fibras do ligamento periodontal; Promovem dilatação das tábuas ósseas; Movimento de rotação deve ser realizado somente em dentes uniradiculares. Neste movimento o dente é girado em torno do seu próprio eixo, facilitando o movimento das fibras. Movimentos da luxação: o fórceps estando subgengival pode-se fazer movimento para vestibular e lingual realizando assim o movimento de lateralidade, quando é colocado o fórceps para vestibular, automaticamente a raiz vai para lingual ou palatina, com isso expande-se a tabua óssea. Depois que foi feito o movimento de lateralidade pode-se fazer a rotação do dente. Tração: Último movimento do fórceps. A tração deve ser realizada em direção à tabua óssea mais fina. A inclinação da raiz deve ser respeita para não fraturar a raiz. Uso de alavancas Empunhadura correta das alavancas: dedo indicador sobre a haste; Proteger o paciente de possíveis traumatismos às estruturas adjacentes com os dedos polegar e indicador da mão oposta; Não utilizar dente vizinho como ponto de apoio (o apoio deve ser no osso, nunca no dente vizinho); O uso de alavancas é contra-indicado em dentes com ponto de contato, a menos que este seja eliminado através de desgaste proximal; A aplicação da alavanca é mais efetiva na porção mésio-vestibular, pela facilidade de acesso. Tipo de empunhadura: As alavancas possuem três movimentos: alavanca, sarrilho ou roda e cunha. Alavanca: Alavanca interfixa (é colocado a ponta ativa no ligamento periodontal onde a ponta atuará na raiz, o apoio está no osso e a força é jogada de forma contraria ao movimento da ponta ativa). Alavanca inter-resistente (é colocado a alavanca na região do ligamento periodontal empurrando o conjunto em direção ao dente, empurrando a haste,avalancha, ponta ativa empurrar o dente para o mesmo sentido. Sarrilho ou roda: Baseia-se no movimento de uma maquina constituída por um eixo móvel em torno de outro eixo acionado por meio de uma manivela. Normalmente a alavanca é colocada em uma angulação de 90° em relação ao dente, estando apoiada no osso. Quando a alavanca é girada no próprio eixo a porção inferior da ponta ativa irá deslocar o dente para cima e para lateral, acompanhando a movimentação em torno do próprio eixo. Cunha: Baseia-se no principio que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. É baseado quando é colocada a alavanca dentro do ligamento periodontal onde a tendência é que algo saia, como a alavanca é pressionada quem sairá é o dente. Retalho, odontosecção e osteotomia Retalho É considerado um retalho cirúrgico uma porção de tecido delimitado por incisões cirúrgicas. Os retalhos cirúrgicos intrabucais são realizados para obter-se acesso cirúrgico à área a ser operada ou para mover tecidos moles de um local a outro. Para o sucesso dos retalhos cirúrgicos, devem ser observados alguns critérios que evitem situações indesejáveis, como: dilaceração, necroses teciduais, deiscência de suturas, e para que também ocorra adequada cicatrização pós-operatória. Retalho total mucoperiosteal para expor osso: Retalho intrasulcular ou envelope Retalho com uma incisão relaxante Retalho com duas incisões relaxantes Odontosecção A odontosecção ou “diérese dentária” é a separação do dente em partes. É um procedimento fácil de ser realizado e de grande importância durante a realização de exodontias complicadas. Muitas fraturas radiculares e/ou coronárias ou até mesmo das paredes ósseas alveolares podem ser prevenidas pelo procedimento de odontossecção. Em resumo é uma manobra cirúrgica na qual dente mono, bi, ou triradiculares são seccionados para facilitar sua extração. Pode ser realizado com ou sem retalho mucoperiosteal. Exemplo: se no raio-x é visto que possui dentes com raízes muito divergentes (por exemplo, molar superior) e é feito a sindesmotomia colocando-se fórceps e é observado que ele não mexe, então é preferível a odontosecção do que osteotomia. Afinal, a odontosecção corta-se dente que será removido, já a osteotomia desgasta-se osso onde ficará uma falha. Sendo preferível evitar a osteotomia ou realiza-la apenas minimamente. Indicações: Dentes com coroas muito destruídas por cárie ou grandes restaurações (dentes muito cariados se tornam desgastados e amolecidos, se encontrando cada vez mais subgengival, dificultando assim a remoção com alavanca ou fórceps); Dentes com coroa perdida, restante somente as raízes; Dentes multirradiculares com raízes divergentes ou dilaceradas; Dentes em íntimo contato com seio maxilar pneumatizado; Dentes mal posicionados na arcada; Dentes com ponto de contato proximal; Dentes decíduos; Instrumentação: Alta rotação preferencialmente em cirurgias de consultórios com brocas tronca-cônica com haste longa (zycria); (mais utilizada) Baixa rotação peça reta com brocas tronco-cônicas 701, 702, 703. Obs: a água da caneta deve ser desativada, pois a irrigação deve ser feita apenas com soro fisiológico para limpeza do local, evitando assim a contaminação. Passo a passo: Para a exodontia de molares inferiores, deve-se seccionar a coroa no sentido vestibulolingual, separando as raízes mesial e distal. Deve-se posicionar a broca Zecrya paralela ao longo eixo das raízes, iniciando a separação das mesmas na região da furca do molar inferior após sua exposição pela osteotomia previamente realizada. Nessa técnica, o remanescente coronário é removido ao mesmo tempo da retirada da raiz secionada. A exodontia pode ser realizada com uso de alavancas ou fórceps no 151 ou no 69. Existem outras técnicas de odontossecção descritas para os molares inferiores, uma delas consta em separar inicialmente a coroa no nível da crista gengival e, após, separar as raízes mesial e distal. Uma outra técnica consiste em separar a raiz mesial do restante do dente e extrair a coroa juntamente à raiz distal e, após, remover a raiz mesial separadamente. Para a odontossecção de molares superiores deve-se dividir o dente em três segmentos, de acordo com o número de raízes, separando-se as raízes vestibulares entre si e a raiz palatina. Pode-se realizar a odontossecção com a divisão da coroa juntamente com as raízes e extraindo-se cada segmento coroa- raiz isoladamente. Outra forma de odontossecção consiste em seccionar primeiro a coroa, no nível da crista gengival, separando-a das raízes vestibulares, e extrair a coroa juntamente com a raiz palatina, após extraem-se as raízes vestibulares separadamente. Pode-se também secionar completamente a coroano nível da crista gengival e, então, remover as três raízes separadamente. A exodontia pode ser realizada com uso de alavancas ou fórceps no 150 ou no 65. Osteotomia Muitas vezes, para a realização de exodontia com o mínimo trauma, torna-se necessária a remoção de tecido ósseo alveolar em quantidade suficiente para criar uma abertura óssea adequada a fim de que o elemento dental seja removido. Indicações Restos radiculares intra-ósseos; Dentes inclusos; Raízes fraturadas durante exodontia nas técnicas primeira e segunda; Para facilitar ponto de apoio para uso de alavancas. A osteotomia deverá ser realizada sempre à custa da tábua óssea vestibular ou do septo inter-radicular, utilizando turbina de alta rotação e brocas cirúrgicas esféricas no 4 ou 6. Também poderá ser feita com instrumentos de baixa rotação com brocas esféricas n°8 e n° 10 de peça reta, cinzéis cirúrgicos ou pinça goiva. Durante a realização da osteotomia deve-se fechar a saída de água da turbina de alta rotação e irrigar abundantemente a broca com soro fisiológico ou água destilada estéril acondicionados em seringa descartável. Obs: alguns autores contraindicam a realização de osteotomia utilizando alta rotação pelo risco de causar entrada e acúmulo de ar nos tecidos (enfisema). No entanto com relação a esse fato outros autores relatam que é necessário ter cuidado durante a utilização da turbina de alta rotação, evitando posicionar o jato de ar em direção aos planos de clivagem do retalho cirúrgico. Dessa forma, torna-se rara a ocorrência desse tipo de complicação. Caso clínico Extração do pré-molar superior (14) Extração simples sem retalho indicando a técnica primeira com fórceps, pois é um dente com coroa integra. Sindesmotomia: rompimento das fibras dento-gengivais. É realizado com instrumento sindesmótomo, porém, podem-se utilizar outros instrumentos com outras utilidades para a mesma função. Faz-se movimento de intrusão, lateralidade vestibular e palatina. A sutura pode ser feita em X, 8 ou U. Obs: em uma extração dentária o alvéolo ficará aberto onde o coagulo se formará obtendo assim uma cicatrização por segunda intenção. Apenas só se fecha alvéolo caso seja realizado enxerto ósseo para implante. Cicatrização tecidual Para se obter melhores cicatrizes, as incisões devem acompanhar as dobras naturais do corpo e as rugas faciais. Uma cicatriz que cruze essas linhas tenderá a tornar-se retátil ou hipertrófica. Tecido epitelial e conjuntivo Epitélio: cobre e reveste todas as superfícies do corpo, as cavidades e os tubos. São classificadas de acordo com: O número de camadas; Forma das células componentes; Presença de especializações na superfície (com cílios ou queratina). Epitélio pavimentoso estratificado: reveste a cavidade oral, faringe, esôfago, canal anal, colo do útero e vagina. Epitélio pavimentoso estratificado queratinizado: reveste a pele do corpo (sua espessura depende da atividade da área que está sendo recoberta). Tecido conjuntivo de sustentação: Células separadas por abundante material intercelular (fibras do conjuntivo e SFA); Fibras colágenas, reticulares e elásticas, SFA: proteoglicanas e glicoproteínas Células: fibroblastos, macrófagos, mastócitos, plasmócitos, células adiposas e leucócitos. TIPOS DE CICATRIZAÇÃO Primeira intenção Quando fecha-se a borda com borda da ferida, servindo para tecido mole ou tecido ósseo. Vantagem: poucas produções de células migratórias, o tecido epitelial não precisa ser muito produzido e sua migração é pequena, não precisa produzir fibroblasto e dentre outros. Exemplos de casos: incisões bem reparadas, fraturas ósseas bem reduzidas, reanastomoses nervosas anatômicas de nervos danificados recentemente. A sutura deve ser realizada por planos com incisões superficiais onde apenas o ponto externo resolverá. Devem pegar todas as camadas até chegar ao epitélio, isso deve ser realizado para evitar a formação de espaço morto. No espaço morto além de ocorrer uma fibrose pode-se ocorrer infecções. Exemplos de sutura: Remoção de cisto dermóide na região de lábio inferior: Incisão de carcinoma de lábio inferior: Frenectomia lingual Cirurgia pré-protética (alveoloplastia) Segunda intenção Relação entre as bordas da ferida e distância entre as feridas. A desvantagem ocorre, pois produzirá uma enorme quantidade de tecidos/de componentes celulares. Exemplos de casos: alvéolos dentários pós-exodontia, fraturas ósseas mal reduzidas, úlceras profundas e lesões extensas avulsivas de qualquer tipo de tecido mole. O alvéolo fica aberto e deve ser realizado um ponto em X, a sutura terá finalizada de segurar o alvéolo e a cicatrização será por segunda intenção. Exemplos de sutura: Exodontia de dentes erupcionados Exerto gengival (no palato a cicatrização será por segunda intenção) Exodontia de dentes inclusos Bordas da ferida: primeira intenção Osso alveolar: segunda intenção Fases de cicatrização Fase inflamatória Ocorre antes da resposta reparadora do organismo e dura, em geral, de 3 a 5 dias (em condição de normalidade). O paciente terá dor, inchaço edema e é nesta fase que se prescreve analgésicos e anti-inflamatórios. Nesta fase tem-se a liberação de varias substâncias inflamatórias, como: Vasoconstrição; Vasodilatação (histamina e prostaglandina); Liberação de transudato plasmático, células de defesa e fibrina; Formação de edema. Fase celular: toda cirurgia terá essa fase para cicatrizar o tecido onde seguem Ativação do sistema complemento; Ação das células de defesa. Fase fibroblástica Inicialmente quando foram combatidos os microrganismos, uma vez que não tem presença de infecção em uma cicatrização normal passa-se para a fase fibroblástica, que se traduz na formação dos tecidos para formar o que foi perdido. Possui duração entre 2 a 3 semanas: Essa fase possui: Intensa proliferação de fibroblastos Formação da rede de fibrina Formação de SFA e tropocolágeno Angiogênese Migração celular Essa fase na cicatrização por primeira intenção possui pequena quantidade de produção das células, caso seja segunda intenção terá maior produção de células. Tem-se a fase migratória aonde as células vão para o local operado e tem-se a fase proliferativa onde as células se dividiram cada vez mais para fechar toda a área incisada. Fase remodelação ou maturação A fase de remodelação/maturação pode durar meses ou anos dependendo da cirurgia e envolve um minucioso e organizado equilíbrio entre degradação e formação de matriz. A remodelação ou maturação tem como objetivo remover o excesso com o intuito de deixar exatamente como era antes. Ou seja, a ideia da fase fibroblástica é tentar produzir em quantidade para repor, porém a fase de remodelação é dar o acabamento e deixar perfeito como era antes.Com isso a remodelação remove o excesso de fibras colágenas, diminui o eritema e realiza o processo de contração da ferida. Obs: em alguns casos essa fase ocorre á partir 3° semana e no primeiro mês da cirurgia. Cicatrização alveolar São os mesmos estágios de cicatrização tecidual: inflamação, epitelização (segunda intenção), fibroplastia e remodelação. O alvéolo possui algumas particularidades, como: Primeira semana: osteoclastos acumulam-se ao longo da crista óssea; Segunda semana: grande quantidade de tecido de granulação; Entre 4 e 6 meses: reabsorção completa da lâmina dura (neoformação óssea); Podem ser de primeira intenção em tecidos moles, em casos de dentes inclusos. Cuidados pós-operatórios Orientações gerais (dependendo de cada caso): Fase inflamatória (3-5 dias) Medicamentos: analgésicos, anti-inflamatório e antibióticos.Remoção da sutura: 7 a 14 dias. Obs: nesta fase é necessário que o alimento seja liquido/pastoso, evitar esforço físico, evitar bochechos intensos e dentre outros. É necessário ter cuidado, pois é nesta fase que se tem risco de sangramento e hemorragia. Fase fibroblástica (2-3 semanas) Remoção da sutura: 7 a 14 dias Podem remover os pontos depois que começou a fase fibroblástica, caso seja uma extração simples no final da fase inflamatória pode-se retirar os pontos. Nesta fase não se possui risco de hemorragia, porém, necessita ter vigilância para que o paciente não tenha uma infecção mais tardia necessitando voltar com o uso do antibiótico. Fase de remodelação (a partir de 3 semanas) Acompanhamento pós-operatório para observar se a cirurgia foi de sucesso. Recomendações pós-operatória Dieta líquida/pastosa nos dois primeiros dias e, posteriormente, aumentar a consistência dos alimentos gradativamente; Alimentos gelados, nos dois primeiros dias após a cirurgia; Não comer nada duro ou quente nos primeiros dias; Colocar gelo na face na área operada nos dois primeiros dias após cirurgia; Não fumar ou consumir álcool durante toda fase de recuperação; Não tomar sol, abaixar a cabeça ou assuar o nariz na primeira semana; Manter higiene bucal com escovação e bochecho antisséptico. Enxaguar a boca vagarosamente nas primeiras 24 horas; A partir de 48h, enxague suavemente com antisséptico recomendado 4x dia; Tomar medicação prescrita; Repouso nas primeiras 48 horas após a cirurgia não realizando atividades físicas nos primeiros 10 dias; Se tiver sangramento, faça pressão local mordendo gaze; Agendar retorno para revisão e remoção dos pontos. Fatores que prejudicam a cicatrização: Presença de corpos estranhos Tecido necrótico Isquemia Tensão Cicatrizes hipertróficas e quelóides Ambos caracterizam-se pela exagerada formação de colágeno ou pela fase fibroblástica aumentada. Histologicamente não há diferença entre as cicatrizes hipertróficas e quelóides, contudo, clinicamente, as primeiras situam-se apenas nos locais da lesão enquanto os quelóides avançam sobre os tecidos vizinhos, emitindo prolongamentos em forma de garra. Fatores relacionados às cicatrizes hipertróficas e quelóides: Origem individual: raça. Regiões corporais: determinados locais do corpo (como nos ombros e região esternal). Origem endócrina: puberdade, gravidez e disfunções glandulares. Fatores locais: retirada precoce dos pontos e traumas mecânicos ocasionando disjunções subdérmicas. Acidentes e complicações em cirurgia A prevenção de complicações cirúrgicas possui excelência através de planejamento pré-operatório aprofundado e compreensivo, seguido por uma execução cautelosa do procedimento cirúrgico. Somente quando esses passos são realizados rotineiramente podem-se esperar poucas complicações cirúrgicas. Sempre que os princípios básicos de um ou mais passos da técnica cirúrgica forem suprimidos ou menosprezados, acidentes e complicações tendem a ocorrer no trans ou no pós-operatório. Qualquer descuido ou inobservância de técnica poderá causar acidentes com consequências graves. Depois de um adequado histórico médico ter sido realizado e de serem tiradas radiografias, sendo estas analisadas, o cirurgião pode realizar o planejamento pré-operatório. Instruções pré- operatórias minuciosas e explicações para o paciente são essenciais na prevenção ou limitação do impacto da maioria das complicações que podem ocorrer em um período pós- operatório. Se as instruções não forem cuidadosamente explicadas, bem como a importância de seu cumprimento correto, o paciente será menos propenso a cumpri-las. Plano de tratamento abrangente: Revisão da história médica; Radiografias adequadas; Controle da ansiedade, dor e recuperação pós- operatória; Seguimento dos princípios cirúrgicos básicos. Reações alérgicas Sinais e sintomas: máculas ou pápulas avermelhadas, prurido, podendo ocasionar choque anafilático/edema de glote. Tratamento Suspensão do medicamento (se preciso substitui-lo); Anti-histamínicos ou corticoides; Adrenalina subcutânea; Vias aéreas livres e CSV; Em casos de reações graves é necessário um serviço especializado de urgência. Prevenção: anamnese adequada. Deglutição de dente/prótese Deglutição de corpo estranho, podem ser causada em casos de cirurgia com paciente deitado, por movimentos intempestivos do paciente ou excesso de força aplicada pelo profissional. Exemplo de paciente com trauma de face onde a prótese deslocou para região da orofaringe: Tratamento Alimentação à base de massas e cereais e controle das fezes; Serviço médico especializado. Prevenção: atender o paciente em posição sentada, evitando o uso de força excessiva e movimentos intempestivos. A utilização de gazes para interromper a passagem do dente também é uma opção. Aspiração de dente/prótese Acidente grave, com alojamento do dente/prótese nos brônquios. O paciente sente falta de ar, o que faz desse caso um tipo de urgência e emergência. Exemplos de aspiração de dente/prótese nos brônquios. Tratamento Manter a calma e acalmar o paciente; Oxigenar o paciente; Encaminhamento para um hospital. Prevenção: evitar paciente deitado, movimentos intempestivos e força excessiva. Obs: pode-se realizar a técnica de primeiros socorros contraindo o diafragma sendo uma opção para que seja expelido o ar residual e o corpo estranho saia. Caso seja uma matriz/cunha (coisas pequenas) não gerará obstrução. Fratura do instrumental O uso correto com técnica e a substituição de instrumentos oxidados ou muito usados podem prevenir a fratura de instrumentos cirúrgicos. É necessário que se verifique a integridade do instrumento antes e depois do procedimento cirúrgico. Problemas relatados com instrumentos são fraturas e deslocamentos de brocas, pontas de instrumental e a possibilidade de o paciente engolir ou aspirar agulhas de sutura, não se devendo, então, utilizar os fios de sutura a ponto de estarem muito curtos, pois não teríamos como puxar de volta a agulha caso houvesse deglutição ou broncoaspiração. Tratamento Secar, visualizar e retirar evitando aspirar; Radiografar, se necessário. Prevenção: bom uso da técnica com material de qualidade e sem uso de força excessiva. Fratura de agulha Dificilmente acontece, porém, quando ocorre geralmente é durante a anestesia do nervo alveolar inferior (pterigomandibular). Tratamento Caso não se consiga remover, seria necessária uma cirurgia para remoção. Prevenção: usar agulhas descartáveis e evitar movimentos intempestivos. Obs: a agulha nunca deve ser entortada, pois o movimento de giro prejudica a resistência da agulha. Alveolite Embora não esteja associada à infecção, a alveolite provoca atraso na cicatrização. Essa complicação causa dor forte e contínua iniciada no terceiro ou no quarto dia de pós-operatório, associada ao odor fétido. Podem se apresentar de duas formas: Alveolite seca: não possui tecido de granulação no alvéolo, alvéolo seco, osso branco com aspecto isquêmico e muita dor. Alveolite úmida: possui tecido de granulação desorganizado, com odor fétido. Obs: sua característica típica é intensa dor nos primeiros dias de pós-operatório, obtendo assim após extração presença de infecção e necrose óssea (não necessariamente acontece). Tratamento Antibioticoterapia (utilizar depois da observação se possui tecido necrótico ou processo inflamatório); Instrução de higiene bucal; Remoção de eventuais suturas presentes (pois serve de estimulo inflamatório); Remoção superficial de corpos estranhos (alimentos sequestros); Irrigação com soro fisiológico; Medicação analgésica local(medicação dentro do alvéolo a base de eugenol) Estimular sangramento em alvéolo seco para formar um novo coagulo e produzir tecido de granulação; Bochechos com soro fisiológico morno três vezes ao dia. Prevenção Exame clínico pré-operatório para conhecimento de possíveis doenças sistêmicas ou alterações na cicatrização; Raspagem pré-operatória, se preciso; Técnica em detrimento da força, evitando traumatismo de ossos e tecidos moles; Orientações pós-operatórias por escrito; Cadeia antisséptica; Evitar excessos de anestesia com vasoconstritor ao redor do alvéolo; Não deixar restos de fragmentos ósseos ou lesão periapical. Osteomielite Pode ser uma evolução da alveolite, ocorre devido à disseminação de infecções pré-existentes, como lesões inflamatórias periodontais, periapicais, ou alveolites mal tratadas. É causado quando o osso não está vascularizado/oxigenado. Podem se apresentar de duas formas: Osteomielite aguda: é caracterizada por intensa dor, secreção purulenta, vermelhidão e osso isquêmico. Osteomielite crônica: é caracterizada por secreção de forma lenta e contínua, fístula e sequestros ósseos. Obs: a osteomielite aguda possui a tendência de evoluir para osteomielite crônica, pois o organismo vai eliminando o exsudato. Tratamento Drenagem cirúrgica da coleção purulenta; Remoção de sequestros ósseos cirurgicamente; Desgaste com broca no osso até que o osso fique sangrando, manobra feita quando o osso está isquêmico; Antibioticoterapia prolongada e antibiograma. Prevenção: em presença de lesões inflamatórias com coleção purulenta, tomar medidas locais e gerais antes da cirurgia. Paralisia facial Acontece quando há erro no ponto de introdução e deposição do anestésico na anestesia do nervo alveolar inferior onde é injetado o anestésico na face externa do ramo (parótida) provocando uma paralisia facial devido à anestesia do nervo facial por engano. Caso não toque no osso tem-se perigo, pois não se sabe se foi passado na incisura da mandíbula e chegou à parótida. A segurança é tocar na face interna do ramo, recuar de 1 a 3 mm e injetar anestésico. Tratamento Aguardar o efeito anestésico passar junto com o paciente; Cuidar do ressecamento dos olhos (lesão da córnea), os olhos devem ficar fechados. Prevenção: boa técnica anestésica. Parestesia A parestesia é mais comum durante a técnica de bloqueio do nervo alveolar inferior, sendo as possíveis causas associadas a trauma pela agulha, volume da solução injetada, múltiplas repetições, tipo de anestésico local e neurotoxicidade. É caracterizada pela diminuição ou ausência prolongada da sensibilidade, acompanhada de sensação de formigamento. Causada pelo traumatismo do nervo durante a anestesia, luxação, curetagem ou afastamento do retalho. Podendo durar dias, semanas ou até meses. Exemplo: uma exodontia do elemento com ponta da raiz permanente no alvéolo. Dois aspectos devem ser analisados: possibilidade do dente ser vital ou necrosado e qual o tamanho da fratura. Em casos de polpa necrosada a remoção deve ser realizada, já em casos de raízes vitais e fraturas menores que um terço da raiz não há necessidade de remoção (em casos de proximidade com o nervo). É necessário mapear a área de parestesia (área que está dormente), onde o CD dentista pergunta ao paciente qual o local aonde ele para de sentir. Desta forma, é documentado com raio- x para que seja acompanhado o caso, a aplicação do laser é feita na área especifica onde foi a lesão. Obs: uma lesão de um nervo por um procedimento anestésico não gera preocupações como uma lesão por broca ou dilaceração. Tratamento Informar ao paciente o ocorrido, em especial no pré- operatório; Medicamentos a base de vitamina B; Laserterapia de baixa potência (usa-se laser, pois possui excelente ação na proliferação de células epiteliais, tecido conjuntivo e fibroblastos incluindo tecido nervoso). Prevenção: é necessário o cuidado nas manobras cirúrgicas, realização de radiografias pré-operatórias e sondar/inspecionar o alvéolo antes de curetar. Lipotímia Presença de suor, palidez, aumento da frequência cardíaca, sensação de tontura, náuseas e vômitos. Esse tipo de complicação leva em consideração o emocional do paciente. É importante manter o paciente deitado abaixando a cabeceira, de forma que a cabeça fique mais baixa que os membros inferiores. O intuito é que traga todo o sangue para oxigenar o cérebro. Tratamento Afrouxar as vestes do paciente; Posição de trendelemburg (paciente deitado com a cabeça mais baixa); Ventilar o ambiente; Oxigenar o paciente 2 a 3 min. Prevenção: controlar a tensão emocional do paciente. Fratura de mandíbula A fratura da mandíbula é uma complicação rara e está normalmente associada a extrações de terceiros molares inclusos ou irrompidos, geralmente devido à força exagerada realizada pelo cirurgião no ato operatório, a incidência é de 0,05%. Ocorre com mais frequência durante os procedimentos de luxação e elevação dos dentes pelo uso das alavancas. Porém, existem relatos de fraturas da mandíbula no pós-operatório devido ao enfraquecimento ósseo na região em que estava implantado o dente, pela sua posição inferior ou devido à extensa osteotomia, não havendo assim osso remanescente suficiente para suportar a movimentação mandibular ou esforço mastigatório. É caracterizada pelo estalido, seguido de sangramento abundante contínuo proveniente de alvéolo, crepitação, mobilidade e má oclusão. Tratamento Necessário fazer odontossecção e osteotomia para que o CD não use muita força; Caso ocorra à fratura da mandíbula e o dente estiver luxado a orientação é retirá-lo e suturar a região. Caso o dente não apresente luxação, a cirurgia deve ser interrompida e deve ser utilizado uma gaze, fazendo uma bandagem (menos dor e sangramento) e encaminhar para o serviço de CTBMF. Prevenção: uso de boa técnica (osteotomia e odontossecção) especialmente em idosos pela diminuição da vascularização e do colágeno na região. Fratura de túber Esse tipo de fratura está ligado ao último dente (terceiro molar erupcionado), sendo um tipo de fratura comum, que podem ser de variadas proporções e ocorre geralmente em dentes anquilosadas e/ou isolados no arco. No momento da extração é necessário ter cuidado com o uso da alavanca. Lembrando que em casos de dentes isolados pode ter fratura. Exemplo: no uso de alavanca no sentido mesial para distal pode haver fratura, o correto seria alternar o movimento de luxação com fórceps (vestíbulo-lingual) e em seguida a utilização da alavanca sem o uso de força excessiva. Tratamento Pequeno porte: quando o dente luxado não quiser sair, não deve ser utilizada força. O mucoperiósteo do fragmento deve ser divulsionado. Médio e grande porte: interromper a cirurgia, imobilizar o fragmento com odontossíntese, regularalização óssea, irrigação, sutura, uso de antibióticos e analgésicos. (Aguardar uns dois meses para realizar cirurgia nesses casos). Prevenção: boa técnica não forçando para distal. Ferimentos em tecidos moles As lesões dos tecidos moles geralmente ocorrem por traumatismo mecânico, sejam pelo uso inadequado de afastadores, instrumentos rotatórios, alavancas, ou realização ou manipulação indevida dos retalhos cirúrgicos. Obs: na maioria das vezes resultam de falta de atenção do cirurgião e uso de força excessiva. Tratamento Suturas, se necessário. Prevenção: posicionamento correto do fórceps e das alavancas utilizando a mão esquerda sobre o rebordo alveolar e afastar o retalho. Queimaduras As abrasões ou queimaduras nos lábios, cantos da boca ou bordas normalmente resultam da fricção causada pela rotação da haste da broca no tecidomole, ou a partir do contato de um afastador de metal com tecidos moles. Geralmente, essas feridas cicatrizam em quatro a sete dias (dependendo da profundidade do dano) sem deixar cicatrizes. Se tal abrasão ou queimadura se desenvolve na pele, o cirurgião- dentista deve aconselhar o paciente a mantê-la coberta com uma pomada antibiótica. O paciente deve aplicar a pomada só na área afetada, e não espalhá-la sobre a pele intacta, pois pode causar ulceração ou erupção cutânea. Obs: quando o cirurgião está focado na extremidade de corte da broca, o assistente deve estar ciente da localização da haste da broca em relação aos lábios e bochechas do paciente. No entanto, o cirurgião deve também permanecer consciente da localização da haste. Tratamento Pomada antibiótica; Vaselina pastosa para lubrificar a área; Antibiótico (infecção secundária). Prevenção: controle da ação da broca. Necrose de palato Tem-se necrose quando o CD realizar excessos de anestésico com vasoconstritor, onde um dia após a cirurgia é possível observar área isquêmica, possível exposição óssea e reação inflamatória local. Quando é feito a anestesia no palatino maior e no nasopalatino é necessário fracionar um pouco fazendo algumas palatinas parciais. O controle/referência é observar a isquemia do palato no momento da injeção, pois quando é feito a anestesia sempre ocorrerá uma isquemia, onde quando for começada essa isquemia é necessário parar. Tratamento Bochechos com solução antisséptica; Se preciso, limpeza mecânica e antibióticos. Prevenção: evitar excessos de anestésicos vasoconstritor e fracionar a anestesia em 2 ou 3 pontos. Necessário limpar tecido necrótico com clorexidina em gel 0,2% (caso a necrose for grande e se houver processo infeccioso é necessário entrar com antibiótico). Luxação de ATM Ocorre em paciente que já possui histórico de luxação recidiva de ATM ou quando o paciente se mantem de boca aberta e com dor por muito tempo, onde o côndilo sairá da cavidade articular passando na eminência e ficando travado, deixando assim o paciente com a boca aberta (luxação). Procedimento para reverter a luxação: Inicialmente coloca-se o paciente sentado com um apoio atrás da cadeira (cadeira odontológica ou cadeira comum); Colocam-se os dedos polegares sobre os molares inferiores e os demais dedos em baixo da mandíbula; Sendo necessário fazer força para baixo, para trás e para cima; Pedir para o paciente fechar a boca automaticamente, onde o CD auxiliará (força para cima). Utilizar bandagem no paciente para dar um conforto melhor ao paciente, evitando a luxação depois. Tratamento Redução; Bandagem; Analgesicos, anti-inflamatório e compressas frias. Prevenção: evitar excesso de carga sobre a mandíbula e usar a mão para apoiar a mandíbula. Comunicação bucosinusal Em virtude da íntima relação do soalho do seio maxilar com molares e pré-molares durante as exodontias, pode haver a fratura da fina parede óssea do soalho do seio maxilar com sua remoção com o dente. Diagnóstico Inspeção do alvéolo; Manobra de Valsava; Exames por imagem; Sinais e sintomas de infecções associadas com tardia. Tratamento Comunicação recente (ocorre no trans-operatório) Tratamento depende da extensão da comunicação; Suturas simples, suturas compressivas, retalhos vestibulares e palatinos; Analgésicos, anti-inflamatório e antibióticos; Descongestionantes nasais; Introdução de corpo estranho em seio maxilar; Recomenda-se evitar aumento de pressão no interior do seio. Comunicação tardia (não se percebeu e ficou a fístula, necessitando tratar o problema depois de um certo tempo). Retalhos vestibulares e palatinos; Analgésicos, anti-inflamatório e antibióticos; Descongestionantes nasais; Tratamento de sinusite associada; Introdução de corpo estranho em seio maxilar: acesso de caldwell-luc; Recomenda-se evitar aumento de pressão no interior do seio. Prevenção: boa técnica cirúrgica, boa visualização, osteotomia, odontossecção e movimentos delicados. Introdução do dente no espaço submandibular O deslocamento de dentes ou raízes para os espaços anatômicos faciais ocorre mais frequentemente durante a cirurgia para extração dos terceiros molares impactados. Ter o conhecimento da complicação e trabalhar para que ela não ocorra deve ser o objetivo principal do cirurgião. Tratamento Tentar remover o dente com acesso intra-oral. Se não for possível, realizar acesso extra-oral (região sub- mandibular); Controle clínico/radiográfico. Prevenção: acesso adequado ao dente e não realizar força excessiva. Obs: pode ocorrer introdução de dente no espaço pterigomaxilar também. Hemorragia Uma das complicações mais frequentes associadas às cirurgias orais e maxilofaciais é a hemorragia. O melhor manejo da hemorragia peroperatória é a prevenção. Isso inclui uma adequada avaliação do paciente, conhecimento dos vários distúrbios de coagulação e métodos de tratamento. A hemorragia ou sangramento continua aos poucos vai formando grandes coágulos no interior da cavidade bucal, podendo ocorrer algumas horas e até dias após a exodontia. Tratamento Presença de discrasias sanguíneas (necessário perguntar ao paciente); Visualização da origem do sangramento; Origem dos tecidos moles: pinçar o vaso, liga-lo ou cauteriza-lo/sutura em massa. Origem do alvéolo: anestesia, limpa o alvéolo, hemostasia com gaze, sutura e gaze. Cera para osso: gelfoam, hemostop e selantes de fibrina; Suturas Prevenção: anamnese adequada, boa técnica, sutura e recomendações. Danos ao dente vizinho Dentes vizinhos podem sofrer fraturas e luxações devido ao uso inadequado do fórceps ou das alavancas. O dentista deve tomar cuidado com o apoio desses instrumentos. A alavanca deve estar apoiada no osso ou, se possível, apenas no dente a ser extraído, da mesma forma que o fórceps deve ser escolhido, observando- se que sua parte ativa apenas deve tocar no dente a ser extraído, devendo tomar muito cuidado durante os movimentos de luxação que podem fraturar ou luxar dentes vizinhos, caso o fórceps esteja tocando nestes. Outra lesão que pode ocorrer é a extração de um dente vizinho devido à união pelo cemento (concrescência) do dente a ser extraído. Tratamento Dieta líquida e pastosa; Alívio oclusal; Contenção (luxação grande); Endodontia (em caso de romper o feixe vasculo- nervoso) Prevenção: apoios em tecido ósseo. Exemplo abaixo de um caso extremo onde não é possível realizar a extração sem danificar o dente vizinho: Enfisema Introdução de ar no interior dos tecidos onde pode ocorrer devido ao uso de alta rotação. Não trás problema para o paciente, porém é necessário observar se terá infecção associada e lembrar que terá um diagnóstico diferencial sabendo que não é um edema. Tratamento Calor úmido Massagem; Analgésicos e anti-inflamatório, se necessário; Antibiótico, se houver sinais de infecção.. Prevenção: o melhor seria evitar o uso de alta rotação, porém, a técnica necessita do uso. Ou seja, possui varias divergências na literatura quanto à prevenção. Trismo Pacientes que tiveram os terceiros molares removidos cirurgicamente frequentemente têm trismo de leve a moderado. Esta incapacidade de abrir a boca interfere na higiene oral normal do paciente e nos hábitos alimentares. O paciente deve ser avisado que não será capaz de abrir a boca normalmente após a cirurgia. O trismo se resolve gradualmente, e a habilidade de abrir a boca deve retornar ao normal de 7 a 10 dias após a cirurgia. Se a dor, edema, e o trismo, não melhoraram bastante em 7 dias após a cirurgia, o cirurgião deve investigar a causa. Obs: orienta-se uma fisioterapia do próprio paciente,caso esteja tudo controlado e sem infecções pode-se estimular abrindo a boca, o normal é que o paciente consiga colocar três dedos na boca. Origem Anestesia: trauma e hematoma no interior do músculo; Trauma cirúrgico excessivo: edema, hematoma, infecção associada ao masseter. Tratamento Anti-inflamatório, relaxantes musculares e antibióticos, se necessário. Calor úmido externo; Bochechos com soluções mornas; Massagens com pomadas anti-inflamatórias; Fisioterapia caseira. Prevenção: assepsia evitar traumatismos excessivos. Edema O volume máximo do edema é por volta de 48-72h e duram de 3-5 dias, após isso provavelmente se tem uma infecção sendo instalada. Tratamento Anti-inflamatório; Gelo no pós-operatório (2 dias); Calor úmido (após 5-6 dias); Laser de baixa potência. Prevenção: técnica cirúrgica adequada e manejo planejado e delicado dos tecidos. Hematoma ou equimoses Hematomas oriundos de vasos maiores, podem, dependendo da região, trazer problemas funcionais como dificuldade de falar, deglutir ou até mesmo de respirar. Os hematomas podem infectar-se com facilidade. Então, nos casos maiores, devemos drená-los e, nos menores e nas equimoses, apenas a prescrição de anti-inflamatórios pode ser suficiente. Obs: podem durar 10-15 dias e podem deslocar-se para o pescoço e tórax. Diferença de hematoma e equimose: Hematoma: quando o sangue se acumula dentro do tecido havendo quantidade/coleção/acumulo. Equimose: quando o sangue está espalhando no tecido subcutâneo sem espalhar, não se acumula. Fases: Fase inicial: área arroxeada, vinhosa. Fase tardia: área esverdeada, amarela. Tratamento Gelo nos primeiros dias (pós-operatório) e em seguida calor úmido; Massagem com pomada anti-inflamatória ou vaselina pastosa. Prevenção: técnica cirúrgica adequada e manejo planejado e delicado dos tecidos. Complicações locais e sistêmicas Apesar da avaliação cuidadosa do paciente, da preparação tecidual apropriada e da técnica meticulosa de administração, ocasionalmente desenvolvem-se complicações locais e sistêmicas associadas à anestesia dental. Conceito Acidentes: acontecimentos casuais que ocorrem durante o ato anestésico. Complicações: dificuldades que ocorrem após o ato anestésico. Complicações locais Várias complicações potenciais estão associadas à administração de anestésicos locais. As seguintes complicações localizadas são: Fratura de agulha; Dor a injeção; Queimação a injeção; Anestesia permanente ou parestesia; Trismo; Hematoma; Infecção; Edema; Náuseas e vômitos; Lesão aos tecidos moles; Paralisia do nervo facial. Complicações sistêmicas Nenhuma droga exerce apenas uma ação; Nenhuma droga clinicamente útil é totalmente desprovida de toxidade; A possível toxicidade de uma droga está nas mãos do usuário. superdosagem São aqueles sinais clínicos e sintomas que se manifestam como resultado de administração excessiva absoluta ou relativa de um fármaco, o que leva a níveis sanguíneos elevados do fármaco em seus órgãos-alvo (locais no corpo onde o produto exerce uma ação clínica). Particularidades das reações por superdosagem: Representa 99% das reações adversas; Acesso ao sistema circulatório em quantidade razoável; Absorção e biotransformação deficientes; Ação no sistema nervoso central e sistema cardiovascular. Fatores predisponentes: Do paciente Da droga Idade Vasoatividade Peso Concentração Outras drogas Dose Período gestacional Via de administração Presença de doença Velocidade de injeção Genética Vascularização local Atitude mental Vasoconstritores Causas: biotransformação lenta, eliminação lenta e absorção rápida para a circulação. Porém as maiores causas são: dose total excessiva e injeção intravascular. Manifestações clínicas Níveis mínimos a moderados Sinais: loquacidade, ansiedade, excitabilidade, fala arrastada, gagueira, euforia, sudorese, vômito, incapacidade de obedecer, desorientação, perda de resposta a estímulos álgicos, P.A, F.C e F.R elevadas. Sintomas: tonteira, agitação, nervosismo, dormência, gosto metálico, distúrbios visuais e auditivos, sonolência e perda de consciência. Níveis moderados a altos Atividade convulsiva, depressão generalizada do SNC e diminuição da P.A, F.C e F.R. Tratamento Alguns exemplos de tratamento que podem ser realizados: Reação de superdosagem leve Início lento ( > 5min após administração) Causas: absorção rápida e dose total excessiva. De uma forma geral deve-se: tranquilizar o paciente, oxigênio por CN (canal nasal), CSV (sinais vitais), anticonvulsivante por via IV (intra-venosa opcional) e recuperação plena. Início tardio ( > 15min após administração) Causas: biotransformação anômala e disfunção renal. De uma forma geral deve-se: tranquilizar o paciente, oxigênio, CSV, anticonvulsivante por via IV (diazepam 5mg/min ou midazolam 1mg/min), assistência médica, exame imediato, não deixar o paciente sozinho e determinar a causa antes de prosseguir com o tratamento. Início rápido (em 1 min) Causas: injeção intravascular De uma forma geral deve-se: deixar o paciente em decúbito dorsal com os pés elevados, em caso de convulsão é necessário proteger os braços, pernas e cabeça, assistência médica, suporte básico de vista, anticonvulsivante, posição do paciente, administração de líquidos IV e recuperação. Obs: Basicamente deve-se dar suporte básico ao paciente, manter o cuidado geral observando os sinais vitais, dando suporte de oxigênio e dando anticonvulsivante. Alergia É um estado de hipersensibilidade adquirido após exposição a um alérgeno particular (uma substância capaz de induzir reatividade corporal alterada), ao qual a reexposição produz elevada capacidade de reagir. Manifestações clínicas Reações imediatas (segundos a horas após a exposição); Reações tardias (horas a dias após). Tratamento Reações cutâneas tardias (60 min ou mais): Anti-histamínico: difenidramina 50mg, VO, 6/6hs por 3 a 4 dias. Reações cutâneas imediatas: Andrenalina 0,3mg (0,15mg em crianças), IM (injeção muscular) ou SC (subcutânea); Anti-histamínico difenidramina 50mg, IM; Observar o paciente por, no mínimo, 1 hora; Prescrever anti-histamínico oral por 3 dias. Reações respiratórias Broncoespasmos: Interromper o tratamento Paciente em posição semi-ortostática O2 por CN 5 a 6 1/min Adrenalina ou broncodilatador por aerossol Observar o paciente- Anti-histamínico (para evitar recidiva) Anti-histamínico VO Obs: usam-se essas drogas conforme cada caso, nunca começar usando adrenalina, pode-se começar com anti-histamínico. Comparação entre alergia e superdosagem Obs: S&S são sinais e sintomas. Referências bibliográficas HUPP, James R.; ELLIS, E; TUCKER, M. R. (Ed.). Cirurgia oral e maxilofacial contemporânea. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 704 p. PRADO, Roberto. Cirurgia bucomaxilofacial. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018 Pogrel, M. A.; Kahnberg, K.; Anderson, L. Cirurgia Bucomaxilofacial. Rio de Janeiro: Santos, 2016. Malamed, S. F. Manual de Anestesia Local . Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Revisão clínica de cirurgia bucomaxilofacial : uma abordagem baseada em casos/ Shahrokh C. Bagheri ; tradução Ana Julia Perrotti-Garcia, Andréa Favano. - 2. ed. - Riode Janeiro : Elsevier, 2015. Princípios de cirurgia bucomaxilofacial de Peterson / Michael Miloro; tradução Ana Julia Perroti-Garcia, Maria Cristina Motta Schimmelpfeng, Patrícia Nunes Resende Cavallaro. - 3. ed.] - São Paulo : Santos, 2016. Freitas, Elisangela Oliveira, técnicas de instrumentação cirúrgica / Elisangela Oliveira de Freitas, Thayanne Oliveira de Freitas Gonçalves. --São Paulo: Érica, 2019. Atlas de técnicas avançadas em cirurgia/Vijay Khatri; tradução Alcir CostaPaulino do Nascimento Fernandes Filho] - 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2014. Behar, Nino, anestesia: abordagem prática / Nino Behar, Guinther Giroldo Badessa e Luiz Fernando dos Reis Falcão. - 1. ed. - Vila Mariana, SP: Roca, 2014.