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Aula 3 - Desafios da rede colaborativa

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AULA 3 
INOVAÇÃO ABERTA E 
REDES 
COLABORATIVAS 
PARA INOVAÇÃO 
INTRODUÇÃO 
Aqui, você observará a importância das redes colaborativas como 
estratégia para o crescimento da organização. As transformações 
digitais e a globalização possibilitam e impulsionam o 
fortalecimento das redes colaborativas em parceria com a inovação 
aberta, ambas são uma forte estratégia de crescimento 
Nesta etapa, você estudará os seguintes tópicos: 
1. As redes como forma de convivência; 
2. As redes colaborativas e as organizações; 
3. Desafios da rede colaborativa; 
4. Inovação aberta e redes colaborativas: estratégia de 
desenvolvimento; 
5. Fiat MIO – pioneirismo na inovação colaborativa. 
TEMA 1 – AS REDES COMO FORMA DE 
CONVIVÊNCIA 
Você trabalha, estuda, tem sua família e suas atividades de lazer. 
Em todos esses contextos, você tem seu grupo social, você tem a 
sua rede de apoio. Vocês se ajudam, compartilham informações, 
momentos de alegria, se apoiam nas dificuldades. Em suma, é sua 
rede de colaboração. 
A palavra rede tem origem no latim1 retis, que significa teia, 
entrelaçamento de fios e nós, que formam uma trama, tipo tear, 
uma malha fechada. Redes são entidades interligadas umas às 
outras respeitando as regras estabelecidas. 
Você já deve ter observado que as mudanças na forma de vida 
vêm se alterando significativamente, seja através das inovações 
tecnológicas ou das mudanças econômicas, resultando em novas 
formas de produzir conhecimento. A vida social e profissional se 
tornou muito mais interligada, conectada. As tecnologias permitem 
contatos sociais através do Facebook, do Instagram, do LinkdIn 
entre outros. Alguém que você conhece nas redes sociais conhece 
alguém, que conhece alguém... então, você pode observar que a 
sociedade está em rede, nela é possível compartilhar 
conhecimentos, experiências, ou simplesmente fazer postagens. 
1 Disponível em: <https://conceito.de/rede>. Acesso em: 7 out. 2022. 
2 
O tema da sociedade em rede começou a ter destaque quando 
abordado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells, com o livro A 
Sociedade em Rede, lançado em 1999. Nele, o autor busca 
esclarecer a nova dinâmica social e econômica resultante da era 
da informação, incluído os processos de globalização que excluem 
alguns povos, tornando insignificantes sociedades inteiras que 
estão excluídas das redes de informação. Segundo o autor, na 
sociedade da informação, as redes sociais são cada vez mais 
mediadas pelas tecnologias da informação e da comunicação, 
conectando pessoas, lugares, organizações nas mais diversas 
dimensões. A presença ou a ausência das pessoas ou das 
organizações na rede permite transformações na sociedade, o que 
o autor chama de sociedade em rede, quando formamos uma rede 
ou estamos em rede (Castells, 2013). 
Além de Castells, o sociólogo francês Pierre Levy, no livro 
Cibercultura, também traz reflexões para repensar o caminho da 
humanidade através das tecnologias digitais. Nele, o autor reflete 
sobre como a tecnologia impacta na construção da inteligência 
coletiva, com a interatividade e o ciberespaço que é “o novo meio 
de comunicação que surge da interconexão mundial de 
computadores” (Lévy, 2010, p. 17-18). Ainda, segundo Lévy, “A 
internet é um dos mais fantásticos exemplos de construção 
cooperativa internacional” (2010, p. 126). 
Podemos observar com esses autores que a compreensão da 
expressão rede colaborativa vai além da infraestrutura, ela 
perpassa por relações sociais, práticas, linguagem, atividades 
sociais, comportamentos... em suma, há uma interligação entre 
todas essas dimensões. 
Essas transformações em todos os setores da sociedade permite 
uma diferente concepção de uma nova forma de criar, produzir, 
distribuir e consumir. Essa nova realidade se apresenta através da 
valoração na criação, que surge por meio do conhecimento 
compartilhado e das redes de consumo colaborativo, através de 
pessoas que desejam resolver problemas em comum. 
Saiba mais 
Vivemos em um planeta com, aproximadamente, 7 bilhões de 
habitantes. Por esse motivo, é difícil acreditar que todos estamos 
conectados de alguma forma. Porém, em 1929, o escritor húngaro 
Frigyes Karinthy formulou uma hipótese na qual é possível 
estabelecer um vínculo entre duas pessoas desconhecidas com 
não mais que cinco conexões. Em 1967, a hipótese transformou-se 
na Teoria dos Seis Graus de Separação, um psicólogo 
3 
novaiorquino Stanley Milgtam, que desconhecia o trabalho do 
húngaro. Atualmente, há indícios que essa distância diminuiu para 
4,74 pessoas, de acordo com estudo realizado pelo Facebook, em 
parceria com a Universidade de Milão, levando-se em conta que 
quase 20% da população mundial está cadastrada na rede social. 
Fonte: <https://fnq.org.br/comunidade/wp- content/uploads/
2018/12/n_10_atuacao_em_rede_fnq.pdf>. Acesso em: 7 out. 
2022. 
TEMA 2 – AS REDES COLABORATIVAS E AS 
ORGANIZAÇÕES 
Entende-se como organização todo e qualquer grupo de pessoas 
que trabalham e atuam por uma causa em comum. Eles podem ser 
formais ou informais, ter como objetivo a lucratividade ou o bem 
coletivo. Em resumo, as organizações são sistemas sociais, que 
desempenham um papel importante no gerenciamento das redes 
(chamadas redes organizacionais), como os parceiros, os clientes, 
os fornecedores, com a sociedade em geral (os stakeholders). 
Quadro 1 – Tipos de arranjos de redes 
TIPOS DE ARRANJOS DE REDES 
No livro “Gestão Estratégica do Conhecimento: Integrando Aprendizagem, 
Conhecimento e Competências”, de Afonso Fleury, foram definidas as seguintes 
classificações de redes, quanto aos tipos de arranjos: 
- agrupamentos horizontais de companhias de diferentes indústrias e setores; 
- agrupamentos verticais, os keiretsu, dominados por uma empresa com suas 
fornecedoras; 
- agrupamentos ad hoc, em que as empresas participam de um arranjo temporário 
de atividades, com duração limitada. 
A publicação também explica: “As redes organizacionais são novas configurações 
de arranjos em que as empresas se organizam de forma a se manter no mercado. 
Esses novos arranjos têm como características: cooperação, interação, integração 
e compartilhamento de informações. Sendo essa última, um dos principais 
benefícios que se pode obter dentro 
da rede”. 
Fonte: FNQ, [S.d.]. 
Nos últimos anos, a expressão rede organizacional ampliou seu 
poder de atuação, agindo como uma rede colaborativa. Essa 
expressão é recente e não há academicamente uma definição 
única, pois há diferentes abordagens dos autores. 
 
4 
Entende-se que as redes colaborativas são interações que ocorrem 
entre os indivíduos e as organizações, permitindo a troca de 
conhecimentos através da coparticipação, possibilitando o aumento 
da inovação, ofertando impactos positivos no desempenho da 
organização. Em suma, uma rede colaborativa tem como objetivo 
colaborar, esse impacto positivo pode ocorrer tanto no 
desempenho econômico, como no processo, na capacidade de 
inovação ou mesmos nos resultados apresentados. 
Olivieri (2002) sintetiza um bom conceito rede: 
As redes são grupos ou sistemas complexos e interconectados 
(Tidd; Bessant, 2015). Podem ser entendidas como uma nova 
forma hibrida da organização, apresentando uma nova 
configuração da construção organizacional, substituindo a 
hierarquia. Segundo Balestrin e Verschoore (2016, p. 53), são três 
objetivos principais das redes: 
a) Permitem uma adequação ao ambiente competitivo dentro de 
uma estrutura dinâmica, sustentada por ações uniformizadas, mas 
descentralizadas; 
b) Possibilitam ganhos de escala com a ação coletiva; 
c)Não deixam as empresas envolvidas perderem a flexibilidade 
proporcionada por seu porte enxuto. 
Muitas são as possibilidades de redes. Por exemplo: pequenos 
comércios de varejo podem se fortalecer através da cooperação, 
como um caminho alternativo para enfrentar os gigantes do varejo. 
A cooperação pode ocorrer através da rede de compra 
conseguindo um melhor valor, ou pode ser nas campanhaspromocionais. O importante é construir uma rede compartilhada. 
Alguns desafios podem surgir na criação de uma rede, como ter um 
comprometimento, confiança e espírito de parceria para construir 
algo coletivo, ciente que a troca de informação permite a 
construção de algo melhor. Além desses fatores, Augusto de 
Franco destaca que para construir uma rede é necessário 
considerar três dimensões: 
Redes são sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e 
instituições, de forma democrática e participativa, em torno de objetivos e/ou 
temáticas comuns. Estruturas flexíveis e cadenciadas, as redes se 
estabelecem por relações horizontais, interconexas e em dinâmicas que supõem 
o trabalho colaborativo e participativo. As redes se sustentam pela vontade e 
afinidade de seus integrantes, caracterizando-se como um significativo recurso 
organizacional, tanto para as relações pessoais 
quanto para a estruturação social. 
5 
• 1) compreender que a rede é um conjunto que envolve a 
cultura, os valores, as atitudes e a infraestrutura da 
organização; 
• 2) a rede se forma através de grupo, de um sistema; 
• 3) as pessoas estão interconectadas no tempo e no espaço 
através da 
tecnologia. 
Variados são os motivos que reúnem um grupo de pessoas, 
os chamados 
atores sociais para atuarem em rede. Segundo Tidd e Bessant 
(2015, p. 288), são quatros os argumentos básicos para criar uma 
rede: 
• 1) A eficiência coletiva – através do compartilhamento de 
informações, as redes permitem fortalecimento para 
responder com eficiência as demandas do mercado 
competitivo; 
• 2) O aprendizado coletivo – as redes permitem 
compartilhamento de informação, facilitam o processo de 
aprendizado, trocam experiências, e propõem novas ideias; as 
redes de aprendizado com bons atores sociais são 
extremamente eficientes; 
• 3) O enfrentamento coletivo do risco – as redes se fortalecem 
no enfrentamento de riscos, diferentemente de enfrentá-los 
sozinhos (a conhecida troca de ideias); 
• 4) A intersecção de diferentes conjuntos de conhecimentos: 
as redes permitem a construção de muitos relacionamentos 
entre fronteiras de conhecimento e permitindo novos 
estímulos e experiências. 
Veja a seguir as imagens apresentadas pela FNQ (Fundação 
Nacional de 
Qualidade). Há uma sensível diferença gráfica entre os modelos 
centralizado, descentralizado e distribuído. Observe que o verde é 
efetivamente uma rede, pois não há hierarquia e compartilhamento 
é contínuo. 
6 
Figura 1 – Imagens apresentadas pela FNQ 
Fonte: FNQ.org, [S.d.]. 
TEMA 3 – DESAFIOS DA REDE COLABORATIVA 
As redes colaborativas oferecem ganhos competitivos que 
dificilmente a empresa conseguiria sozinha. Segundo Balestrin e 
Verschoore (2016, p. 135), uma rede se estabelece quando há 
coerência e conectividade: 
• Coerência ocorre quando há interesses semelhantes, buscam 
objetivos em comum; 
• Conectividade ocorre quando há uma “empatia” entre os 
participantes, através de uma interação, que transpassa pelos bens 
tangíveis e intangíveis. 
Embora tenham essas características, o que importa numa rede 
colaborativa é gerar soluções coletivas, atendendo os objetivos em 
comum para os desafios impostos pelo mercado. 
A figura a seguir representa as condições para o estabelecimento 
de uma rede de colaboração, que devem ter objetivos comum: 
7 
Figura 2 – Rede de colaboração 
Fonte: Balestrin e Verschoore, 2016, p. 145. 
De modo geral, os objetivos em comum são referentes a “acessar 
recursos, exercer assimetria de poder, buscar reciprocidade, 
ganhar eficiência, alcançar estabilidade, conquistar legitimidade, 
obter flexibilidade, entre outros” (Balestri; Verschoore, 2016). A 
busca de ganhos competitivos está relacionada a soluções 
coletivas, redução de risco, poder no mercado entre outros. Entre 
os objetivos e os ganhos, é necessária uma interação, uma 
conectividade, uma sinergia para a criação da rede. E sobretudo, 
destaco também a necessidade de uma boa gestão, um líder 
visionário, que acredite na equipe e no poder das redes. 
Saiba mais 
Atualmente, o papel do líder é muito mais complexo e importante. 
O foco não está somente no trabalho, mas nas pessoas que o 
executam. Ele conduz ações, influencia o comportamento e a 
mentalidade das pessoas, estabelece metas direcionadas. O líder 
está pronto para enfrentar as mudanças, dirigindo a equipe por 
meio e uma visão de futuro, engajando e inspirando a superar os 
obstáculos. Um grande líder dirige a equipe de forma ética e 
positiva. A liderança exige paciência, disciplina, humildade, respeito 
e compromisso. 
8 
Nas redes colaborativas, a liderança empresarial precisa: 
▪ entender que a rede se faz com pessoas e instituições sobre as 
quais ele(a) não exerce autoridade formal, mas sim a capacidade 
de organizar e fazer brotar os benefícios da rede; 
▪ entender a necessidade de focar em resultados, ter clareza nas 
escolhas propostas pela rede; 
▪ ter serenidade para entender que nem todos irão querer participar 
de uma rede colaborativa, por razões diversas, desde 
desconfiança, até desanimo pessoal mesmo. 
Fonte: elaborado com base em Soares, 2015, e Bastos, 2020. 
Observa-se, de modo geral, que para a criação das redes é 
necessário ter o apoio de uma liderança forte. Segundo relatório do 
Sebrae Inteligência Setorial2, o fortalecimento das redes ganha 
força em momentos de crise, quando falta recursos ou quando se 
observa que o crescimento pode ser facilitado pelas redes 
colaborativas. 
Bastos (2020) identifica que as redes colaborativas que obtiveram 
sucesso identificaram no concorrente um “aliado”, colaborando em 
pontos em comum, mas guardando informações fundamentais para 
o seu negócio, mantendo a ética e a responsabilidade. Ainda, o 
autor destaca que as grandes empresas praticam com mais 
frequência as redes de apoio, enquanto os pequenos 
empreendedores necessitam desenvolver a cultura da confiança, 
para se fortalecer e enfrentar períodos difíceis como da pandemia. 
Ainda, Bastos (2020) destaca como positivo os ganhos que as 
redes colaborativas oferecem: 
• Redução de custos, com trocas e empréstimos de 
equipamentos, de ferramentas; 
• Práticas de sustentabilidade, com a reciclagem e 
aproveitamento do que for excedente; 
• Compartilhamento de fretes, aproveitamento de transporte e 
logísticas, reduzindo os custos; 
• Compartilhar espaços de trabalhos, como galpões e 
armazenagens; e 
• Rede de grupos de compras, para reduzir o custo e aumentar 
os lucros. 
2 Disponível em: <https://sebraeinteligenciasetorial.com.br/produtos/
noticias-de-impacto/o-que-e- e-como-trabalhar-em-rede-colaborativa/
5e9da0947bb6781900c7ca07>. Acesso em: 7 out. 2022. 
 
9 
Em uma sociedade cada vez mais complexa, com a revoluções 
tecnológicas transformando o mundo, as organizações e as 
pessoas terão que se abrir e se adaptar as redes colaborativas 
para encontrar soluções para os novos problemas. 
TEMA 4 – INOVAÇÃO ABERTA E REDES 
COLABORATIVAS: ESTRATÉGIA DE 
DESENVOLVIMENTO 
As organizações têm que enfrentar os desafios atuais com mais 
agilidade, apresentando mais resultados com eficiência. As 
mudanças ocorrem com muita intensidade. Novas demandas, um 
consumidor mais exigente, a tecnologia que evolui muito rápido, as 
novas gerações de profissionais que chegam ao mercado 
conectados, um maior número de empresas concorrendo no 
mercado. Além destes, há ainda os desafios globais. 
• 1) No enfrentamento a Pandemia do Covid-19, as 
organizações tiveram que utilizar toda sua capacidade criativa, 
com o comprometimento da equipe de colaboradores para 
continuar atuando no mercado. 
• 2) A Guerra na Ucrânia (em pleno século XXI uma guerra no 
Leste Europeu) afeta a distribuição de gás aumentando a 
inflação e o custo de vida global. 
• 3) A demanda por seguir as diretrizes da ODS, assunto 
sempre em pauta no contexto organizacional e global. Há uma 
preocupação que o crescimento organizacional não se 
sobreponha ao desenvolvimentosustentável. São 17 
os objetivos “ambiciosos” apresentados pela ONU para 
desenvolvimento. 
Fonte: <https://brasil.un.org/pt-br/sdgs>. Acesso em: 7 out. 2022. 
10 
Essas situações nos mostram o quão globalizado o mundo se 
encontra. O isolamento social causado pela pandemia do Covid-19 
fez com que muitas empresas reduzissem seus ritmos de 
produção, isso resultou na falta de matéria prima a nível global3, 
que interfere diretamente na produção local. A Guerra na Ucrânia 
mostra que os países estão interdependentes, pois a Ucrânia é o 
quarto maior exportador de grãos do mundo4, com a guerra até os 
países da América Latina sentem o impacto do aumento do preço 
dos alimentos. 
Esses exemplos mostram como o desenvolvimento econômico é 
resultado da interligação e interconexão, não há mais espaço para 
economias fechadas. 
Soma-se a esses fatores a preocupação que crescimento 
econômico dos países e das organizações devem respeitar o meio 
ambiente, a qualidade de vida, combater a pobreza, permitir um 
trabalho descente, lutar contra as desigualdades... em suma, são 
17 as propostas da Organização das Nações Unidas para trazer 
melhorias sociais. Empresas e países que não apresentam 
engajamento a essas propostas não são bem-vistos no mercado 
globalizado. Uma empresa que se utiliza do trabalho infantil na 
África terá dificuldade da aceitação dos seus produtos pelos 
consumidores nos países Europeus. 
Além desses desafios, uma nova geração de profissionais chega 
ao mercado de trabalho, a chamada Geração Z5 que está iniciando 
o desenvolvimento das suas atividades profissionais. Eles são 
extremamente conectados, acreditam conseguir fazer várias coisas 
ao mesmo tempo, são mais soltos, não tem aderência a cumprir 
horário, nem de se submeter a uma hierarquia e gostam de 
mudanças, tendem a ficar pouco tempo nas empresas. Por outro 
lado, são visionários, conhecem bem as ferramentas tecnológicas, 
sobretudo das redes sociais. Esse é um grande desafio para as 
empresas, conseguir integrar, conciliar e aproveitar as diferentes 
características de cada geração. 
Essas situações, entre outras, exigem que as empresas sejam 
mais abertas para a inovação e possuam uma rede colaborativa, 
revendo conceitos e 
4 
Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional- 
Disponível em <https://www.cnnbrasil.com.br/business/quatro-em-cada-dez-
industrias- 
3 
brasileiras-relatam-falta-de-materia-prima-diz-fgv/>. Acesso em: 7 out. 2022. 
62272076#:~:text=A%20Ucr%C3%A2nia%20%C3%A9%20o%20quarto,maior%2
0exportador%2 
0mundial%20%2D%20tiveram%20queda>. Acesso em: 7 out. 2022. 
Disponível em: <https://www.dinamicaej.com.br/como-se-comunicar-com- 
geracoes/?gclid=Cj0KCQjwjvaYBhDlARIsAO8PkE1-BMExyHNxiltlzB_p- 
GSBkSOpLepY6r7kkkOnOPIKgftsyPRmvtkaAn8wEALw_wcB>. Acesso em:7 
out. 2022. 
5 
11 
abrindo-se para o novo, o que em muitas situações pode resultar 
em um impacto de estratégia, de direcionamento, exigindo da 
organização novas ações. 
Nesta nova realidade, as redes sociais desenvolvem um papel 
muito importante, elas permitem que o consumidor se manifeste 
sobre as marcas (o produto consumido), fazendo análises positivas 
ou negativas. É o que o Alvin Tofler chamou no livro A Terceira 
Onda (1980) de prosumidor (junção das palavras produtor/
profissional + consumidor) é o “consumidor que gera conteúdo”, 
que se manifesta, que critica, que elogia, em suma é um 
consumidor conectado. Esse novo ator social, o prosumidor, 
quebra o paradigma que a empresa é detentora total do 
conhecimento para desenvolver novos produtos. 
A partir dessa nova realidade, entende-se que os consumidores 
são também produtores, como por exemplo a produção de 
conteúdo na Internet, como a Wikipédia6 uma enciclopédia livre no 
qual disponibilidade da informação ocorre através da colaboração 
do usuário. 
Saiba mais 
A Wikipédia é um projeto de enciclopédia colaborativa, universal e 
multilíngue estabelecido na internet sob o princípio wiki. Tem como 
propósito fornecer um conteúdo livre, objetivo e verificável, que 
todos possam editar e melhorar. O projeto é definido pelos 
princípios fundadores e o conteúdo é disponibilizado sob a licença 
Creative Commons BY-SA e pode ser reutilizado sob a mesma 
licença, desde que respeitando os termos de uso. Todos podem 
publicar conteúdo on-line desde que criem uma conta e sigam as 
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Todos os editores da Wikipédia são voluntários e integram uma 
comunidade colaborativa, sem um líder, onde coordenam esforços 
em projetos temáticos e espaços de discussão. Dentre as várias 
páginas de ajuda à disposição, estão as que explicam como criar 
um artigo ou editar um artigo. Em caso de dúvidas, não hesite em 
perguntar. Debates e comentários sobre os artigos são bem-vindos. 
As páginas de discussão servem para centralizar reflexões e 
avaliações sobre como melhorar o conteúdo da Wikipédia. 
6 Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/
Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal>. Acesso em: 7 out. 2022. 
12 
TEMA 5 – FIAT MIO: PIONEIRISMO NA INOVAÇÃO 
COLABORATIVA 
De modo geral, as empresas automobilísticas desenvolvem seus 
carros no setor de P&D, “de portas fechadas”, é uma estratégia 
desenvolver o automóvel dentro da organização. Eventos como as 
feiras de automóveis são datas importantes para apresentar ao 
mercado o carro desenvolvido, os consumidores fãs de carro 
aguardam com expectativa essa data. A Fiat quebrou esses 
paradigmas ao criar o carro conceito, chamado Fiat Mio. 
A Fiat é uma das maiores empresas automobilísticas do mundo, 
está presente em mais de 60 países. No Brasil, a fábrica da Fiat 
está instalada desde 1976, em Betim, Minas Gerais. O consumo da 
marca no país é representativo, influenciado e compondo nas 
estratégias e direcionamentos da empresa. 
Em comemoração os 30 anos de Brasil, a montadora italiana 
convidou o público para participar e compartilhar suas expectativas 
sobre o futuro, com a chamada de campanha: Fiat 30 anos, 
convidando você para pensar o futuro. Através de um projeto 
participativo, a empresa convidou as pessoas a falarem sobre um 
novo tempo, e o que esperavam dele. As pessoas puderam 
participar de modo interativo, através da Internet, envolvendo 
pessoas de diversas regiões, idades e classes sociais. 
Seguindo a mesma conduta de interação com o público, no ano de 
2009, a Fiat investiu na proposta de carro conceito7, uma tentativa 
de laboratório que apresenta tendências no mercado 
automobilístico. Ela convidou os internautas a pensarem o carro do 
futuro e registrassem suas opiniões através de uma plataforma 
aberta criada e regida sob a licença Creative Commons 8, na qual a 
propriedade intelectual é aberta, coletiva, distribuída. Por ser uma 
construção coletiva, uma inovação aberta compartilhada, todo o 
processo foi filmado e compartilhado na internet, todas as 
informações estavam disponíveis inclusive para os concorrentes. 
Essa ação resultou na participação de mais de 11 mil ideias, com a 
participação de mais de 17 mil pessoas, oriundas de 160 países. A 
Fiat colocou em fabricação a proposta em 5 meses. O Fiat Mio é 
um carro colaborativo por 
7 Pode-se entender a carro conceito similar ao mundo da moda, eles não são 
necessariamente comercializados como os outros automóveis, mas servem 
como referências para ser colocados em práticas futuramente em outros 
automóveis 
8 Fonte: <http://www.fiatmio.cc/wp-content/uploads/2009/07/
MIO_creative_commons_pt.pdf>. Acesso em: 7 out. 2022. 
 
13 
crowdsourcing9, foi baseado nas ideias e nas necessidades dos 
usuários. A sua versão conceito foi apresentada no 26o Salão do 
Automóvel de São Paulo, em outubro de 2010. A proposta do carro 
foi inovadora também na forma de construção da ideia, sendo um 
marco na forma de comunicação e interação entre a empresa e os 
clientes. 
O slogan do Fiat Mio traz um toque de sentimento de propriedade, 
de personalidade, de pessoalidade: “Fiat Mio: um carro parachamar de seu”, o termo Mio em italiano significa “meu”. Na Itália o 
conceito do Fiat Mio foi registrado como “Um carro compacto e ágil, 
confortável e seguro com soluções inovativas de tráfego para 
grandes cidades, um motor não poluente e com capacidade de 
receber atualizações personalizadas e mudanças na configuração, 
tendo interface entre carro e usuário” (Scheidemantel, 2013). 
O processo de inovação aberta do Fiat Mio é o primeiro registrado 
academicamente e nas mídias, causou uma revolução na forma de 
comunicação entre as empresas e os consumidores. Foi um projeto 
muito ousado! Ao optar por esse modelo de inovação a empresa 
enfrentou muito desafios, que lhe renderam um valor diferenciado 
no mercado. 
Saiba mais 
Para saber mais, assista ao vídeo ‘’Um dia no futuro do Fiat Mio’’ 
disponível no link a seguir: < https://www.youtube.com/watch?
v=JoWbUR4b9io>. Acesso em: 10 out. 2022. 
9 Crowdsourcing é um processo que coleta de informação, ideias e conteúdos em 
rede. 
14 
REFERÊNCIAS 
BALESTRIN, A.; VERSCHOORE, J. Redes de Cooperação 
Empresarial. Porto Alegre: Grupo A, 2016. 
BASTOS, G. O que é e como trabalhar em rede colaborativa. 
Sebrae, 2020. 
Disponível em: <https://sebraeinteligenciasetorial.com.br/produtos/
noticias-de- impacto/o-que-e-e-como-trabalhar-em-rede- 
colaborativa/5e9da0947bb6781900c7ca07>. Acesso em: 7 out. 
2022. 
BRAGA, A. C. et al. Cocriação de Valor: Conectando a Empresa 
com Os Consumidores Através das Redes Sociais e 
Ferramentas Colaborativas. São Paulo: Grupo GEN, 2014. 
BUENO, B.; BALESTRIN, A. Inovação colaborativa: uma 
abordagem aberta no desenvolvimento de novos produtos. RAE-
Revista de Administração de Empresas, v. 52, n. 5, 2012. 
CASTELLS, M. A sociedade em rede – A era da informação: 
economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 2013. v. 1. 
LÉVY, P. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São 
Paulo: 34, 2009. OLIVIERI, L. A importância histórico-social das 
redes. In: Manual de redes 
sociais e tecnologia. São Paulo: CONECTAS/Friedrich Ebert 
Stiftung, 2002. 
SCHEIDEMANTEL, A. A. O impacto dos sistemas colaborativos 
nas organizações: O caso Fiat Mio. Monografia (Comunicação 
Social). Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasília, 
Brasília, 2013. 
15 
 
16

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