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Introdução à Microeletrônica Aula 02 ● Capacitor e armazenamento de informação ● Semicondutores – Silício e dopantes, semicondutor intrínseco, tipo n e tipo p Hugo Leonardo D. de S. Cavalcante – DSC – CI – UFPB Capacitor Capacitor armazena carga elétrica ++++ - - - - Após o circuito estabilizar... Q = C V = C × 1,5 V (bateria AA) Q: carga armazenada no capacitor C: Capacitância do componente (depende da forma e do material dielétrico Mesmo depois que a bateira é desconectada, ainda temos Q = C × 1,5 V O capacitor “lembra” da carga (tensão) ++++ - - - - 1,5 V Capacitor e corrente ++++ - - - - I Q = C V Derivando com respeito ao tempo (C é const.)++++ - - - - - - - - V + - dQ/dt = C dV/dt, mas I = dQ/dt ... I = C dV/dt Se uma variação de tensão dV acontecer em um intervalo de tempo nulo (dt = 0), a corrente I será infinita (impossível). Conclusão: A tensão no capacitor não pode variar instantaneamente. Ela varia de maneira “suave”, assim como a carga armazenada no capacitor. Carga como Informação O estado computacional pode ser codificado como a quantidade de carga (tensão) armazenada por um dispositivo. ++++ - - - - ++++ - - - - 1,5 V O estado pode ser lido medindo a tensão nos terminais do dispositivo. Problemas: ruído, “vazamentos” e interferência eletromagnética alteram o valor de Q. Vencendo o ruído Armazene mais energia do que a esperada no ruído. Q = C V. Para armazenar mais energia, aumente V ou C. Custo: potência dissipada, tamanho do chip. Represente o estado de maneiras mais robustas ao ruído/variação da carga. Exemplo: 1 bit por capacitor. Escreva “1” como 1,5 V e “0” como 0,0 V. Na leitura: V > 0,75 V é um “1”. V < 0,75 V é um “0”. Custo: poderia ter colocado mais bits nesse capacitor. Corrija pequenos erros introduzidos pelo ruído. Exemplo: “refresque” o estado a cada 1 ms. Custo: complexidade. Semicondutores ● Transistores usam corrente (ou tensão) para controlar outra corrente (ou tensão). ● Vamos usar transistores MOSFET para armazenar e processar informação (carga elétrica armazenada na capacitância de dispositivos). ● Esses dispositivos são feitos com materiais semicondutores, principalmente materiais à base de silício. Silício intrínseco Si: Família 4A (como o carbono), 4 elétrons na última camada Silício intrínseco Um cristal de silício 99,9999999% puro (intrínseco) Silício intrínseco Um cristal de silício 99,9999999% puro (intrínseco) Conduz eletricidade melhor do que um isolante, pior do que um condutor. Elétrons estão presos na banda de valência. É isolante a T = 0 K (-273,16º C). E n e rg ia Banda de valência Banda de condução região proibida (band gap) Silício intrínseco Um cristal de silício 99,9999999% puro (intrínseco) Conduz eletricidade melhor do que um isolante, pior do que um condutor. A separação entre as bandas é pequena, da ordem da energia térmica à temperatura ambiente, formando elétrons e buracos livres. E n e rg ia Banda de valência Banda de condução elétrons livres buracos livres Dopantes Boro: 3 elétrons na última camada, arsênio: 5 elétrons na última camada. Silício tipo n: adicionar doador de elétrons Adicionando uma pequena quantidade de átomos de As (5 e-) por difusão ou implantação iônica, o cristal se torna um bom condutor. O As “doa” elétrons que vão fazer parte da banda de condução. Há uma redução no número de buracos. E n e rg ia Banda de valência Banda de condução elétrons livres energia do doador As Silício tipo p: adicionar aceitador de elétrons Adicionando uma pequena quantidade de átomos de B (3 e-) por difusão ou implantação iônica, o cristal também conduz. O B “captura” elétrons da banda de valência, produzindo buracos livres que conseguem conduzir. Não há alteração no número de elétrons livres. E n e rg ia Banda de valência Banda de condução elétrons livres energia do aceitador B Introdução à Microeletrônica Aula 02 ● Capacitor e armazenamento de informação ● Semicondutores – Silício e dopantes, semicondutor intrínseco, tipo n e tipo p Hugo Leonardo D. de S. Cavalcante – DSC – CI – UFPB O fundamento da microeletrônica é o armazenamento e processamento de informação usando variáveis elétricas (tensão ou corrente). Vamos ver como usar capacitores para armazenar informação. Transistores serão responsáveis pelo processamento, mas antes de estudarmos os transistores, vamos relembrar algumas propriedades e características dos materiais semicondutores usados em sua fabricação. Capacitor Informação pode ser armazenada em um circuito elétrico pelo “estado” do circuito. Este estado pode ser definido pela carga elétrica armazenada ou pela condutividade (corrente), as quais pode ser controladas por uma outra carga elétrica ou corrente elétrica. A unidade básica de armazenamento de carga é o capacitor, (ou mais exatamente a capacitância) que existe em qualquer elemento real de circuito. Nosso modelo fundamental de capacitor envolve dois condutores separados por um isolante. Capacitor armazena carga elétrica ++++ - - - - Após o circuito estabilizar... Q = C V = C × 1,5 V (bateria AA) Q: carga armazenada no capacitor C: Capacitância do componente (depende da forma e do material dielétrico Mesmo depois que a bateira é desconectada, ainda temos Q = C × 1,5 V O capacitor “lembra” da carga (tensão) ++++ - - - - 1,5 V O capacitor tem a propriedade de armazenar carga elétrica, a qual pode ser “lida” como uma tensão entre seus “terminais”. É um dispositivo que possui memória: a carga acumulada depende do histórico de corrente que atravessou os terminais. Ao conectar o capacitor a uma fonte de tensão, rapidamente ele “se carrega” acumulando uma tensão igual à da fonte. Mesmo desconectado, esta tensão é preservada por um tempo longo (existe uma pequena “fuga”, “vazamento” de carga, que faz a tensão diminuir lentamente). Capacitor e corrente ++++ - - - - I Q = C V Derivando com respeito ao tempo (C é const.)++++ - - - - - - - - V + - dQ/dt = C dV/dt, mas I = dQ/dt ... I = C dV/dt Se uma variação de tensão dV acontecer em um intervalo de tempo nulo (dt = 0), a corrente I será infinita (impossível). Conclusão: A tensão no capacitor não pode variar instantaneamente. Ela varia de maneira “suave”, assim como a carga armazenada no capacitor. A carga no capacitor não varia instantaneamente. A derivada da carga (proporcional à tensão) é igual à corrente que está atravessando os terminais. Variações rápidas exigem grandes correntes, e portanto, alta potência (P = VI). Carga como Informação O estado computacional pode ser codificado como a quantidade de carga (tensão) armazenada por um dispositivo. ++++ - - - - ++++ - - - - 1,5 V O estado pode ser lido medindo a tensão nos terminais do dispositivo. Problemas: ruído, “vazamentos” e interferência eletromagnética alteram o valor de Q. Ao conectar o capacitor a uma fonte de tensão, rapidamente ele “se carrega” acumulando uma tensão igual à da fonte. Mesmo desconectado, esta tensão é preservada por um tempo longo (existe uma pequena “fuga”, “vazamento” de carga, que faz a tensão diminuir lentamente). Para ter segurança no valor de carga (tensão) acumulado, vamos usar um padrão com poucos valores possíveis. P. ex.: 0 V e 1,5 V. Vencendo o ruído Armazene mais energia do que a esperada no ruído. Q = C V. Para armazenar mais energia, aumente V ou C. Custo: potência dissipada, tamanho do chip. Represente o estado de maneiras mais robustas ao ruído/variação da carga. Exemplo: 1 bit por capacitor. Escreva “1” como 1,5 V e “0” como 0,0 V. Na leitura: V > 0,75 V é um “1”. V < 0,75 V é um “0”. Custo: poderia ter colocado mais bits nesse capacitor. Corrija pequenos erros introduzidos pelo ruído. Exemplo: “refresque” o estado a cada 1ms. Custo: complexidade. Alternativas e compromissos. O ruído depende de fontes de tensão externas, que irradiam sinais indesejados no nosso circuito, e também da agitação térmica dos elétrons nos componentes. Podíamos usar vários intervalos de tensão associados a diferentes estados. Por exemplo: “A”: de -2 V a -1 V, “B”: de -1 V a 0 V, “C”: de 0 V a 1 V, “D”: de 1 V a 2 V. Neste exemplo temos 4 estados por transistor (2 bits), mas corremos mais risco de ter uma interpretação errada na escrita ou na leitura de um estado. Semicondutores ● Transistores usam corrente (ou tensão) para controlar outra corrente (ou tensão). ● Vamos usar transistores MOSFET para armazenar e processar informação (carga elétrica armazenada na capacitância de dispositivos). ● Esses dispositivos são feitos com materiais semicondutores, principalmente materiais à base de silício. Além de armazenar a informação, queremos também fazer um “processamento”, ou seja, modificar a informação de maneira controlada por alguns valores. Chaves (interruptores) permitem realizar as operações fundamentais (lógica ou “Álgebra Booleana”). No lugar de chaves mecânicas, vamos usar chaves controladas eletricamente, implementadas no estado sólido (transistores) com materiais semicondutores. O sistema mais usado é o MOSFET (Transistor de efeito de campo com metal, óxido e semicondutor). Silício intrínseco Si: Família 4A (como o carbono), 4 elétrons na última camada A base de 90% da tecnologia é o silício Si14 28, elemento da família 4A (a mesma do carbono), que tem 4 elétrons na camada de valência. Silício intrínseco Um cristal de silício 99,9999999% puro (intrínseco) Uma rede cristalina de silício ultrapuro (grau de pureza “eletrônica”) forma um cristal semicondutor (condutividade intermediária entre metal e isolante) à temperatura ambiente. Este cristal tem algumas propriedades qualitativamente parecidas com o diamante (isolante), mas é muito menos duro e mais condutor, além disso não é transparente para a luz visível. Silício intrínseco Um cristal de silício 99,9999999% puro (intrínseco) Conduz eletricidade melhor do que um isolante, pior do que um condutor. Elétrons estão presos na banda de valência. É isolante a T = 0 K (-273,16º C). E n e rg ia Banda de valência Banda de condução região proibida (band gap) Os elétrons se distribuem em faixas de energia contínuas, separadas por uma faixa proibida (band gap), seguindo a distribuição de Fermi-Dirac. Em temperatura 0 K, todos os elétrons estão na faixa de valência (ligados aos núcleos atômicos) e a condutividade é nula (isolante). A faixa de condução está vazia e a energia necessária para excitar um elétron é relativamente grande (processo não acontece espontaneamente). Silício intrínseco Um cristal de silício 99,9999999% puro (intrínseco) Conduz eletricidade melhor do que um isolante, pior do que um condutor. A separação entre as bandas é pequena, da ordem da energia térmica à temperatura ambiente, formando elétrons e buracos livres. E n e rg ia Banda de valência Banda de condução elétrons livres buracos livres Em temperaturas maiores (273 K), alguns elétrons tem energia suficiente para atingir a faixa de condução (a condutividade aumenta com a temperatura! Como acontece no vidro, p. ex.) e deixam “buracos” na faixa de valência. Este material é o chamado semicondutor intrínseco. As contribuições do elétrons e dos buracos para a condutividade são da mesma ordem de grandeza, com uma predominância do transporte de elétrons (que têm maior energia, maior mobilidade). Número de portadores: ni = 1,45 × 1010 cm-3. Resistividade:ρ=2,3×103Ωm (a 293 K). Dopantes Boro: 3 elétrons na última camada, arsênio: 5 elétrons na última camada. Para criar coisas mais interessantes, podemos modificar as distribuições dos portadores de carga (elétrons e buracos), adicionando “dopantes”, impurezas adequadas, em pequenas quantidades. Dois tipos básicos: átomos aceitadores ou doadores de elétrons. Exemplo: boro (B5) tem apenas três elétrons na última camada, e tendência a aceitar mais um. Arsênio (As33) tem 5 elétrons na última camada, e tendência a doar um para se acomodar à rede. Silício tipo n: adicionar doador de elétrons Adicionando uma pequena quantidade de átomos de As (5 e-) por difusão ou implantação iônica, o cristal se torna um bom condutor. O As “doa” elétrons que vão fazer parte da banda de condução. Há uma redução no número de buracos. E n e rg ia Banda de valência Banda de condução elétrons livres energia do doador As O semicondutor com dopante doador de elétrons tende a ter um número de elétrons maior do que o intrínseco, formando o material tipo n (portadores majoritários negativos). As dopagens podem ser de 0,1% a 10%. Lei de ação das massas: n p = ni 2, onde n é a densidade de elétrons, p é a densidade de buracos, ni é a densidade de portadores no material intrínseco. Com a dopagem, n = Nd, onde Nd é a densidade de átomos doadores de elétrons. Além do número de elétrons, o valor no nível de energia também é importante. Devemos usar um átomo cuja energia de valência seja próxima da faixa de condução do Si. Tipicamente, usa-se arsênio (As33) ou fósforo (P15). Silício tipo p: adicionar aceitador de elétrons Adicionando uma pequena quantidade de átomos de B (3 e-) por difusão ou implantação iônica, o cristal também conduz. O B “captura” elétrons da banda de valência, produzindo buracos livres que conseguem conduzir. Não há alteração no número de elétrons livres. E n e rg ia Banda de valência Banda de condução elétrons livres energia do aceitador B O semicondutor com dopante aceitador de elétrons tende a ter um número de buracos maior do que o intrínseco, formando o material tipo p (portadores majoritários positivos). Além do número de elétrons na última camada, o valor no nível de energia do dopante também é importante. Devemos usar um átomo cuja energia de valência seja próxima da faixa de valência do Si. Tipicamente, boro (B5). As dopagens podem ser de 0,1% a 10%. Com a dopagem, p = Na, onde Na é a densidade de átomos aceitadores de elétrons. Para dopagem dupla, n = Nd – Na, p = Na – Nd. A dopagem pode inverter o tipo do material, mudar de n para p, ou de p para n. Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14
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