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Peptídeos Ligação peptídica (Condensação de AA). No sistema digestório temos dezenas de enzimas que quebram essa ligação. Obs.: um tripeptídeo possui duas ligações peptídicas. Aminoácidos sempre serão citados do grupamento N terminal do primeiro aminoácido até o último. Essa é uma ligação plana e uma das mais fortes. É possível rompê-la com calor, ácidos e bases fortes e com enzimas específicas. Glutation Tripeptídeo formado por glutamato + cisteína + glicina. Principal antioxidante. NADPH é produzida pela enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD). 7% da população humana tem deficiência nessa enzima (destaque para a Bahia), a qual é avaliada no teste do pezinho. Essa deficiência não permite o uso de fármacos de fase 1, pois isso agrava o quadro. Alguns alimentos também pioram o quadro. A redução de NADPH leva a menos GSH no organismo, sobrando água oxigenada, a qual gera o radical OH•. Ele ataca membranas, causando hemólise e podendo levar a anemia hemolítica; ataca proteínas e ácidos nucleicos. β-endorfinas São opioides endógenos. Principal analgésico, sendo inclusive mais potente que a morfina. Enquanto os peptídeos P causam dores, as β- endorfinas as amenizam, ou seja, elas reduzem os efeitos da substância P. Derivada do pró-opiomelanocortina (POMC), o qual além de produzir β-endorfinas, forma pró-encefalina e pró-endorfina, substâncias importantes no SNC. Existe uma área da medicina baseada na liberação de endorfinas, chamada acupuntura, uma das técnicas mais eficientes contra a dor. Controle do apetite: são liberadas na ingesta de alimentos; é necessário comer cada vez mais para manter os níveis de liberação. A única forma de combater quimicamente o alcoolismo é por meio da liberação de β-endorfinas. Leptina Lept = magro. Recebeu esse nome por ser capaz de diminuir o peso corporal e a massa de tecido conjuntivo em camundongos. Age reduzindo a ingesta de alimentos. O tecido adiposo possui função glandular fundamental, por exemplo, produzindo leptina. Grelina Produzida pelas células do estômago, age no hipotálamo e estimula a vontade de comer. Adiponectina* Produzida por tecido adiposo, seus efeitos são: • Aumenta a sensibilidade a insulina; • Aumenta a oxidação de ácidos graxos. • Estimula a formação de NO, provocando vasodilatação e a angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos); Caderno de Bioquímica I – Ana Pich • Inibe a apoptose das células β do pâncreas, as quais produzem insulina. Obesidade De acordo com Freud, a obesidade se relaciona com a fase oral. A obesidade possui perfil hereditário, pode relacionar-se a situações traumatizantes, intensificada por intolerância e frustrações. Estresse normalmente leva a excesso de ingestão de alimentos. A avaliação por meio do IMC deve ser cada vez menos utilizada, a cintura corporal constitui um parâmetro mais adequado. Valores que apresentam risco de síndrome metabólica: • ♀️ acima de 80 cm • ♂️ acima de 94 cm 2,2 bilhões de pessoas possuem sobrepeso, correspondendo a 30% da população mundial. No Brasil, 53,8% da população possui sobrepeso. Obs.: passam fome no mundo 800 milhões de pessoas, sendo esse um problema político, pois sobra comida no mundo. A obesidade mais grave é a infantil, pois ela acelera a maturação de ossos, liberando mais hormônio do crescimento e antecipando a puberdade. Estima-se que ela aumentará cerca de 50% nos próximos 30 anos. Se há história de obesidade ou de doenças cardiovasculares, deve-se avaliar desde a infância. Se uma criança for obesa aos: Chance de ser adulto obeso: 2 anos 15% 5 anos 35% 7 anos 50% 10 anos 80% Isso mostra a importância da prevenção da obesidade da infância. Na obesidade, se rompe o equilíbrio. A obesidade é um processo inflamatório, ocorre a inflamação dos adipócitos, que passam a produzir menos adiponectina. Essa diminuição violenta na produção de adiponectina leva a: • Aumenta a resistência a insulina; • Diminui a β-oxidação de ácidos graxos, que se acumulam e levam a formação de triglicerídeos em um ciclo vicioso; • Provoca menos vasodilatação, levando a HAS; • Aumenta a mortalidade das células β do pâncreas. DCNT (doenças crônicas não transmissíveis) Não tem cura em um período de seis meses. 74% dos óbitos no país. • Doenças cardiovasculares; • Diabetes; • Doenças respiratórias (a mais comum, DPOC); • Câncer. Envolvem quatro grandes fatores: • Álcool; • Obesidade; • Radicais livres; • Tabagismo. Envelhecimento No RS, o número de pessoas com mais de 60 anos é maior que o de pessoas menores de 15 anos. A cada ano são 700 mil idosos a mais no Brasil. A partir dos 30 anos de idade passamos por um processo de homeostenose, ou seja, perda progressiva do equilíbrio. Senescência: é o envelhecimento normal, do qual nosso organismo começa a apresentar sinais a partir dos 30 anos de idade. Senilidade: envelhecimento patológico. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich O conceito de gerontologia é de 1906, mas começou-se a estudar mais a fundo o assunto recentemente devido ao aumento da expectativa de vida. Gerontologia: estuda o envelhecimento de forma global, do ponto de vista médico, social, econômico, entre outros. Geriatria: é a área médica que estuda o envelhecimento. Fatores que levam alguém a envelhecer mais ou menos rápido: • Fatores genéticos; • Ambiente; • Estilo de vida. A importância dos microrganismos: Nos últimos 15 anos aprofundaram-se os conhecimentos e a importância dada a microbiota. Para cada célula em nosso organismo há 10 microrganismo presentes. Elas são o elo perdido entre meio ambiente carga genética e saúde. Um exemplo, é a firmicutes, um tipo de bactéria do trato gastrointestinal; há um estudo que diz que pacientes que possuem mais firmicutes no intestino tem maior tendência a desenvolver diabetes. Desde o ano passado está autorizado o transplante de fezes, por exemplo em pacientes submetidos a quimioterapia e radioterapia, para recompor sua flora bacteriana. Síndrome metabólica Um conjunto de condições que aumentam o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e diabetes. Parâmetros: • Cintura corporal; • Níveis de HDL; ◦ Valores abaixo de, em média, 45 mg/dL é fator de risco. • Pressão arterial; ◦ Se a pressão sistólica foi acima de 130 é fator de risco; ◦ E a diastólica, acima de 85 é fator de risco. • Glicemia; ◦ Acima de 100 mg/dL é fator de risco. • Triglicerídeos (TGA). ◦ Acima de 200 mg/dL é fator de risco. Três desses cinco fatores já caracterizam síndrome metabólica. Relaciona-se com mais de 20 patologias, algumas são: • Diabetes; • Câncer; • Depressão; • AVC; • Infarto. Diabetes O melhor tratamento para diabetes é a prevenção. Efeitos fisiológicos da insulina: é o hormônio de guardar e armazenar. É um peptídeo com duas cadeias: A e B, entre elas existem pontes dissulfeto (S – S). Também há pontes S – S na cadeia A. Essas pontes se rompem na digestão, por isso não existe insulina via oral no mercado. Efeitos desse peptídeo: • Anti-lipolítica; ◦ Não degrada, só guarda e armazena. • Estimula a lipogênese (formar lipídios); • Estimula a glicogênese (formação de glicogênio); • Estimula a síntese de proteínas. No mundo são 30 milhões de pessoas com diabetes. A cada onze, um é diabético. Há a previsão de que em 2030 serão um em cada dez, isso porque diabetes e obesidade andam juntos. O Brasil é o quarto país em número, o primeiro é a China, o segundo a índia e o terceiro EUA. A cada 2,5minutos, o país tem mais um diabético. Em 2025, o Brasil terá entre 14 e 20% da população diabética. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich Diabetes tipo I Doença autoimune. O sistema imunológico passa a desconhecer as células do organismo. Há anticorpos contra as células β do pâncreas.Surge de forma repentina. Pode ser congênita. Geralmente acontece até a adolescência. Ocorre perda de peso acentuada. Há degradação de massa muscular para que haja aminoácidos para a realização de gliconeogênese. Poliúria Normal = 1L, cerca de 20 mL/Kg de peso. No diabetes chega a 3 ou 4 L. Polidipsia Muita sede. Polifagia Necessidade compulsiva de comer doce mais ou menos duas horas após uma refeição importante. Muito suscetível a ter cetoacidose; o indivíduo produz muitos corpos cetônicos. Desde o momento do diagnóstico precisa ser administrada insulina + dieta + exercícios. Diabetes tipo II Não é autoimune. Resistência à insulina. 80% são obesos ou estão em sobrepeso. Instala-se de forma gradual e silenciosa. 50% dos casos é assintomático no início da doença. Geralmente ocorre acima dos 40 anos de idade. Após o diagnóstico, indica-se: 1. Dieta + exercício; 2. Hipoglicemiantes via oral; 3. Insulina. Para ambos os casos a genética é determinante. Se um gêmeo é diabético, a chance do outro também ser é de 50%. Outro fator importante é o estilo de vida. Outro tipo de diabetes é o diabetes gestacional. Sinais e sintomas: • Dor muscular; • Cansaço; • Alterações na memória; • Poliúria; • Polidipsia; • Halito cetônico. Toda vez que alguém perder peso sem saber a causa deve-se pesquisar três coisas: • Diabetes; • Aids; • Câncer. O diabético tem excesso de glicose no sangue, mas falta dentro da célula, isso causa: • Ativação da cetogênese; • Aumenta a glicogenólise; ◦ Degrada glicogênio, agravando a hiperglicemia. • Gliconeogênese. ◦ Degrada aminoácidos para formar glicose. Os níveis normais de glicemia são de 70 a 99 mg/dL. Três dosagens em períodos (horários e dias) alternativos que tenham glicemia superior a 126 mg/dL necessita de pesquisa para diabetes. Limiar renal: quando a glicemia ultrapassa os 160 mg/dL, passamos a ter excreção de glicose na urina, ou seja, glicosúria. Obs.: o que termina em mia refere-se à corrente circulatória, e uria à urina. O mais importante em um paciente diabético é controlar a glicemia, todo resto é consequência do aumento de glicose no sangue. A hiperglicemia altera o metabolismo progressivamente. Contudo, são as crises de hipoglicemia que provocam lesão neurológica (glicose abaixo de 60 mg/dL). Exames para diagnóstico e acompanhamento do diabetes: Glicemia em jejum O ideal é após jejum de 8h. A amostra ideal é plasma fluoretado, pois o fluoreto sequestra o magnésio, cofator mais importante das enzimas glicolíticas. As hemácias, após a coleta de sangue, continuam vivas e consumindo glicose. O fluoreto é utilizado para inibir as enzimas glicolíticas dessas hemácias. Hemoglobina glicada (HbA1C) Nas hemácias, os receptores de glicose (GLUT, no caso das hemácias GLUT 1) estão permanentemente na membrana, não dependendo de insulina – nos neurônios há receptores GLUT 3, que também não dependem de insulina. Quanto maior a hiperglicemia, mais glicose entra na hemácia. De forma espontânea (sem enzimas), a glicose (grupamento aldeído) reage com o grupamento amino das proteínas, esse processo se chama glicação de proteínas. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich Quando maior a hiperglicemia, mais HbA1C se forma dentro da hemácia. Como apenas 1% das hemácias são renovadas diariamente, a HbA1C permanece aumentada por muitos dias, independentemente do valor da glicemia. A hemoglobina glicada é um exame para o acompanhamento do diabético, sendo possível estimar os níveis de glicose em um período de 4 a 6 semanas anteriores à realização do exame. A HbA1C não provoca nenhuma patologia, ela é um indicador, pois quanto maior a sua concentração, maior a probabilidade de que o paciente tenha: • Retinopatia diabética; • Neuropatia diabética; • Nefropatia diabética; • Arteriosclerose. Glicação de proteínas (AGE – produtos de glicação avançados) São marcadores importantes. Vários derivados da glicose também possuem aldeído. Assim, tendo aldeído, a reação pode ocorrer. A reação do aldeído com o grupamento amino forma uma base de Schiff, a qual pode dar alguns sinais que indicam diabetes descompensado/ oscilações da glicose: • Acantose nigrans: manchas escuras; • Xantoma eruptivo. O nível normal da HbA1C é abaixo de 6% - glicemia abaixo de 100. Glicosúria Utiliza-se a glicose de toda a urina de 24 h. O normal é excretar 0 de glicose na urina. Há pacientes diabéticos que excretam 8 g e, até mesmo, 10 g. Antigamente era parâmetro para determinar quanta insulina o paciente deveria receber. Glicemia pré-prandial e pós-prandial É um exame pra a classe média/alta. Após uma glicemia em jejum de 8 h o paciente deve fazer uma refeição com alimentos ricos em carboidratos e não deve realizar esforço físico. Duas horas após deve-se realizar uma nova coleta. A primeira coleta indica a glicemia normal, o individuo se alimenta e espera-se que o pâncreas produza insulina de modo que a glicemia na segunda coleta esteja semelhante a inicial. TOTG (Teste oral de tolerância à glicose) Esse é o mais importante teste para diagnóstico da diabetes. Realiza-se uma primeira coleta em jejum. O paciente consome uma solução de glicose de concentração mínima de 50g de glicose em 300 mL de água. Ocorrem, então, coletas sucessivas de 30 em 30 minutos em um período mínimo de 2h e 30 min (curva glicêmica curta). Há também a curva glicêmica de 3 h. Nesse exame, espera-se saber a resposta do pâncreas a uma sobrecarga de glicose. O normal é que duas horas após a ingesta dessa solução a glicemia esteja próxima a do jejum. Um paciente que mantém a glicemia normal no jejum, mas que não responde de maneira eficiente a sobrecarga de glicose pode ser considerado um pré-diabético. Esse exame é muito comumente solicitado a gestantes. Muitas delas desenvolvem diabetes nesse período, o que pode levar a alterações no feto. Essas crianças podem nascer com mais de 4 kg. Caso, durante esse exame, o paciente vomite, deve-se realizar tudo novamente. Incretinas A resposta do paciente a injeção intravenosa ou a ingestão via oral de glicose é diferente. O intestino produz peptídios essenciais para o organismo – incretinas –, sendo o mais importante deles o GLP1. Suas ações no metabolismo são: • Aumenta a sensibilidade à insulina; • Diminui a secreção de glucagon; • Diminui a gliconeogênese; • Efeito cardioprotetor; • Efeito neuroprotetor. A produção de incretinas é muito menor em um paciente diabético. A enzima que degrada as incretinas é a DPP4 (dipeptidil peptidase 4). Os medicamentos mais modernos para diabetes, agem nesse contexto. Medicamentos com funcionamento análogo ao do GLP1, ou seja, agem diminuindo o glucagon e aumentando os efeitos da insulina: • Liraglutida; Bastante eficiente contra a diabetes; É usado de maneira irresponsável para emagrecimento. • Gliptinas; Caderno de Bioquímica I – Ana Pich Inibe a DPP4, ou seja, inibe a degradação das incretinas. ◦ Januvia ◦ Trayenta Metformina é o medicamento mais usado para combate de diabetes, ele inibe a gliconeogênese – reduz no mínimo 25% da glicose no organismo. Melhor medicamento para redução de hemoglobina glicada (há consequências). Deve ser ingerida pela manhã e pela noite. A metformina tem sido misturada com outras substâncias por interesse da indústria farmacêutica, é um medicamento barato. Há também os medicamentos que aumentam a excreção de glicose na urina (o limiar renal de glicose é 160 mg/dL, esses medicamentos que fazem reduzir esse limiar): Agem sobre transportadores SGLT-2. • Forxiga O paciente irá urinar de 2 em 2 h. Vai desenvolver candidíase em maior quantidade. Não deve ser usadoem pacientes com insuficiência renal. É muito comum que diabéticos tenham candidíase (pequenos grânulos de cor branca na região genital). Nos últimos anos, graças a recombinação gênica, há vários tipos de insulina, algumas de ação rápida, a mais importante delas é a lispro. A insulina do SUS é a NPH, de cobertura longa. Em um pâncreas artificial há um sensor que monitora os níveis de insulina e a injeta quando necessário. Cirurgia bariátrica Tem excelentes resultados para o diabetes tipo II. Sendo possível reduzir a glicemia em até 95%. Deve-se ressaltar o papel da reeducação alimentar no processo. Consequências da diabetes A hiperglicemia é a pior coisa na diabetes. Na hiperglicemia o NADPH diminui, o glutation diminui, se altera a catalase e se altera a superóxido desmutase, alterando o sistema antioxidante. O NO é inativado, alterando o sistema vascular. A hiperglicemia traz complicações microvasculares e macrovasculares. • Microvasculares; ◦ Retinopatia; ◦ Neuropatia; ◦ Nefropatia. • Macrovasculares. ◦ Aterosclerose; ◦ AVC; ◦ Infarto; ◦ Retinopatia diabética (perda da visão, não há cura); “Como se existissem microinfartos na retina”. Nefropatia diabética Quando o paciente diabético começa a ter comprometimento renal, seu quadro clínica se complica. O exame realizado para saber se há comprometimento renal é a microalbuminúria. Normalmente não há excreção de albumina na urina. Hoje, é possível detectar microgramas na urina (normal 20 µg, em uma nefropatia diabética chega a 200 µg). 80% dos pacientes que fazem hemodiálise em Pelotas são diabéticos e/ou hipertensos. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich Uma piora típica do comprometimento renal é o desequilíbrio ácido – base. ITU Um sintoma comum nas mulheres diabéticas é ITU (infecção do trato urinário). A urina do diabético é o perfeito meio de cultura para bactérias, tem 36o, glicose e proteínas. É mais comum nas mulheres por uma questão anatômica, a uretra feminina é mais curta. Neuropatia diabética Uma dor crônica muito acentuada. Provoca comprometimento das terminações nervosas. É acompanhada por aterosclerose. Diabéticos devem ter muito cuidado com os membros inferiores (pé diabético). Devem evitar micoses, meias de material sintético, sapatos apertados e devem ter muito cuidado ao cortar as unhas, as quais se deformam. Se não houver tratamento, a péssima vascularização do pé diabético leva à gangrena. Esses indivíduos possuem um péssimo sistema de cicatrização, sendo necessário amputar o membro em um local em que seja garantida a circulação do sangue. É importante ressaltar que na neuropatia diabética a dor persiste mesmo após a amputação. Existe uma nova terapêutica que evita a amputação, chamada PRP – plasma rico em plaquetas. Centrifuga-se o sangue, retira-se o plasma e coloca-se sobre a lesão (é rico em fatores de cicatrização). Equilíbrio ácido – base O pH normal do sangue varia entre 7,35 e 7,45. pH abaixo de 6,8 e acima de 7,8, acarreta grande risco de morte. 10% dos diabéticos morrem em cetoacidose. Nosso organismo produz muito ácido, sendo os de maior quantidade: • Ácido lático (proveniente das hemácias); • CO2 (anidrido carbônico, um óxido ácido); • Corpos cetônicos. Formação dos corpos cetônicos O triglicerídeo sofre a ação de lipases e libera ácidos graxos; os ácidos graxos sofrem β-oxidação, a qual produz acetil-CoA. O acetil-CoA pode ir para o ciclo de Krebs para produzir ATP. No fígado, produz três moléculas muito importantes, corpos cetônicos: • Ácido β-hidroxibutírico; • Ácido β-cetobutírico; • Acetona. ◦ Sinal do diabético → volátil → hálito cetônico. Ácidos graxos superiores, que possuem mais de dez carbonos, são hidrofóbicos, por isso precisam de um transportador, a albumina. O fígado produz corpos cetônicos, que são hidrofílicos e não precisam de transportador. Os corpos cetônicos são uma forma “rápida” de transportar pela corrente sanguínea acetinas para todo o organismo. Em situações graves de inanição/ desnutrição, até neurônios gastam corpos cetônicos. Eles são degradados a acetil-CoA para produzir ATP. Assim, todas as células utilizam corpos cetônicos, exceto uma, hemácias, as quais não possuem mitocôndria para produzir ATP a partir de acetil-CoA. Corpos cetônicos possuem caráter ácido muito acentuado, sendo muito mais ácidos do que os ácidos graxos. A cetogênese ocorre constantemente em pouca quantidade (normal = 0,1 mmolar). Em um jejum prolongado (passa a ser 1), dieta hipocalórica e diabetes descompensada há maior produção de corpos cetônicos. * O diabético descompensado possui um quadro clínico chamado respiração de “Kusmaul”: “fome de ar” • Respiração ofegante; • Mucosa seca; • Hálito cetônico. Esse quadro é uma emergência. A reserva alcalina do corpo é o bicarbonato (HCO3-). Alguns tipos de desequilíbrio ácido – base: Acidose metabólica pH menor do que 7,35. Há uma grande redução de bicarbonato. O normal é 28 mmolar. A respiração se altera para tentar eliminar gás carbônico. O exame que mede equilíbrio ácido base é a gasometria arterial, com o qual é possível saber: • pH; • Bicarbonato; Caderno de Bioquímica I – Ana Pich • pCO2; • pO2. Causas: 1. Cetoacidose diabética; 2. Paciente alcoólatra: tem dificuldade em transformar ácido lático em glicose; apresenta acidose lática; 3. Diarreia e vomito fazem perder muito bicarbonato. Acidose respiratória pH menor do que 7,35. O pCO2 aumenta muito. A reserva alcalina não se altera. Uma patologia relacionada é a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), muito comum na região de Pelotas devido à umidade. Ocorre acúmulo de secreção nas vias pulmonares. A DPOC também ocorre em caso de obstrução das vias aéreas. Alcalose respiratória pH superior a 7,45. Aumenta a pO2. Comum em asmáticos ou provocada por medicamentos (ex.: tylex). Alcalose metabólica pH superior a 7,45. Excesso de HCO3-. Alcalose pós-prandial Sonolência após a refeição. As células parietais no intestino produzem H+ e HCO3-, o primeiro vai para a luz do estômago, o segundo vai para a corrente sanguínea. Aterosclerose LDL 50% dela é colesterol. É uma lipoproteína bastante pequena e densa comparando-se com a VLDL e o quilomícron. Fatores que agravam a aterosclerose: • HAS; • Estresse oxidativo; • Tabagismo; • Estresse hemodinâmico. A molécula de LDL normalmente circula no sangue, mas migra para a camada subendotelial pela hipertensão e lesão do endotélio; é oxidada por radicais livre e sofre glicação, tornando-se um corpo estranho. LDL* = LDL peroxidada. Há ativação de macrófagos, gerando um microprocesso inflamatório. Os macrófagos são as únicas células do organismo que vão fagocitar LDL até a morte. Esse microprocesso inflamatório pode ser detectado por um exame bioquímico que se chama proteína C reativa ultrassensível (PCR). Há dois exames com o mesmo nome: PCR na bioquímica e PCR na biologia molecular. Quando os macrófagos fagocitam a LDL* produzem fatores de crescimentos (o mais famoso, MGDF) que levam a síntese de colágeno. A placa de ateroma é uma placa fibrogordurosa. Células espumosas são macrófagos cheios de colesterol; elas liberam fatores para formar mais colesterol e atraem ainda mais macrófagos, intensificando o processo inflamatório. Em resumo, o LDL migra para a íntima e é peroxidado e glicosado, atraindo macrófagos que morrem saturados de colesterol. As placas podem resultar em anastomoses. Por essa razão, infartos em pessoas com mais idade Caderno de Bioquímica I – Ana Pich costumam ser menos graves, pois houve tempo para a formação de circulação colateral. Angioplastia Um cateter com um balão naponta é inserido normalmente na femoral; infla-se o balão no ponto em que há a placa e, como o vaso é elástico, ele expande-se. A possibilidade de determinar a composição da placa de ateroma reduziu consideravelmente a mortalidade. Hoje, utiliza-se muito os stents, que são arcabouços para manter o vaso expandido. Quando a placa é muito grande, esse procedimento não é viável, uma vez que pode romper o vaso. Nesses casos, realiza-se bypass (ponte de safena), que é um desvio utilizando a femoral ou a mamária. O rompimento da placa leva a formação de coágulos. Anginas Quando a obstrução do vaso é parcial, pode haver um sinal clínico chamado angina. A angina mais comum é a instável. A obstrução parcial compromete a passagem de sangue parcialmente comprometendo a oxigenação do músculo cardíaco. O músculo passa então a realizar glicólise anaeróbica, produzindo ácido lático e causando dor. A angina é um quadro grave e pode levar a morte. A dor desaparece quando não há esforço físico. Essa dor provoca estresse e altera a circulação sanguínea, podendo ser o primeiro passo para um infarto. Infarto Formação de um coágulo que compromete toda uma área, a qual necrosa. Rompimentos de placas de ateroma. Dor torácica, até que se prove o contrário, deve-se pesquisar infarto, apesar de refluxo ser a maior causa de dor nessa região. Cerca de 42% das dores torácicas não são infarto. Alguns pacientes têm dor que irradia para o membro superior esquerdo, outros tem dor nas costas e diabéticos costumam ter dor abdominal descendente. A dor do infarto está entre as dez mais fortes que alguém pode ter. Exames Não se diagnostica infarto com um só exame. Exames de enzimas cardíacas são essenciais. Em 8% dos casos, o eletrocardiograma apresenta- se normal. AVC – acidente vascular cerebral Vasos cardíacos raramente se rompem, mas vasos cerebrais podem se romper. Há dois tipos: • Hemorrágico; • Isquêmico. O AVC hemorrágico é popularmente conhecido como derrame. O vaso rompe-se e há um sangramento. É comum em pessoas que tem aneurismas (deformações em um vaso). O aneurisma pode ter causa congênita ou ser consequência da formação de uma placa de ateroma. Uma possibilidade para interromper o sangramento é clampear o vaso. No AVC isquêmico há formação de um trombo/coágulo, levando a morte do tecido. Alguns fatores de risco: • PA aumentada; • Fumo; • Obesidade; • Dieta inadequada; • Sedentarismo. Quatro sinais do AVC: • Não conseguir sorrir; • Não conseguir levantar ambos braços na mesma altura; • Incompreensão de frases simples; • Miose em um olho e midríase no outro. A cada 6 pessoas no mundo, uma vai ter AVC. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich Outros peptídeos: Insulina Produção pelas células β do pâncreas. Anti-lipolítica. Hipoglicemiante. Estimula a lipogênese e a glicogênese, além de estimular a síntese proteica. Glucagon Possui efeitos contrários aos da insulina. Produção pelas células α do pâncreas. Possui apenas uma cadeia polipeptídica. Estimula a lipólise, a glicogenólise e, por consequência, é hiperglicemiante. Cada vez se considera mais que a diabetes é uma alteração dos níveis do binômio insulina – glucagon. Taxas elevadas de glucagon alteram a metabolização da glicose, levando a hiperglicemia. Existem dois hormônios que também influenciam a taxa de glicose: • Adrenalina (hiperglicemiante): estimula a glicogenólise; o estresse altera glicemia, esse hormônio está relacionado com a primeira fase do estresse, ou seja, da luta e fuga. • Cortisol: é um hormônio esteroidal, ou seja, derivado do colesterol. É o grande hormônio do estresse. Estimula a gliconeogênese* (formação de glicose pelo fígado). Vários medicamentos utilizados para diminuir a hiperglicemia inibem a gliconeogênese, um deles é a metformina. Praticamente todos os hormônio gastrointestinais são peptídeos: • Secretina; • Gastrinas; • Motilina; • Colecistocinina (CCK). Gastrinas São duas, a G17 e a G34. 17 e 34 são os números de resíduos de AA. Produzidas pelo estômago (células G). As gastrinas estimulam as células parietais a produzirem suco gástrico (com pH de próximo de 1,5). Secretinas Produzida pelo intestino. Estimulam as células pancreáticas a produzir e liberar bicarbonato. A mais famosa é colecistocinina (CCK). CCK – colecistocinina Função: • Contrai a vesícula biliar; • Dilata o esfíncter de oddi, para que a bile chegue no intestino; • Estimula o pâncreas a liberar enzimas pancreáticas; • Responsável pela redução da ingesta alimentar em curto prazo. Esses mecanismos, a nível gastrointestinal, utilizam receptores do tipo A (CCKA). No cérebro há receptores de CCK do tipo B (CCKB), os quais reduzem a ingesta de alimentos. Caderno de Bioquímica I – Ana Pich
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