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Desenvolvimento Pré-Escolar

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A criança pré-escolar 
Professor : Gustavo Carvalho Coutinho Rosa
Introdução 
Fase marcada pela ampliação dos relacionamentos sociais para o ambiente extrafamiliar, com destaque para a vida de fantasia, a criatividade e a espontaneidade. 
Desenvolvimento ano a ano 
3 anos 
Realiza duas ou mais atividades ao mesmo tempo, segura o lápis à maneira do adulto, usa bem a colher e coloca os sapatos. Totalmente treinada para o banheiro, é generosa e mais independente dos pais. 
4 anos 
Manifesta interesse por roupas e cortes de cabelo, maior persistência motora, mais independente nas rotinas domésticas e coopera com outras crianças. 
5 anos 
Coordenação visuomotora para chutar e rebater bolas, usar tesoura sem ponta e andar de bicicleta. Fala sem articulação infantil e orgulha-se de suas realizações principalmente quando valorizadas pelos pais. Prática de esportes. Laço do sapato. Veste-se sozinha. Escova os dentes. Conta uma história com início, meio e fim e nomeia e conhece as cores.
6 anos 
Integrou a consciência dos dois lados do corpo, direito e esquerdo, definindo o predomínio motor de um deles. Aprende a ler e a escrever, amplia a persistência nas tarefa. Aprende a contar dinheiro. 
Compreende melhor a diferença entre real e imaginário, maior interesse pelo real. Domina suas lágrimas e ataques de raiva, pelo menos na maioria das vezes. 
Aspectos gerais 
Áreas de desenvolvimento 
Sentimentos complexos como amor, infelicidade, ciúmes, inveja... ainda que ligados a eventos somáticos como cansaço ou fome. 
Emoções mais estáveis - desenvolvendo a empatia, a vergonha e a humilhação. Humor surge e aumenta as habilidades sociais. 
Consciência da genitália e das diferenças entre os sexos. 
Ainda tem muita ansiedade com ferimentos corporais e doenças, teme “se esvair pela ferida”
Brinquedo cooperativo 
Novas capacidades dependem da atitude dos pais 
Motricidade
Sentido cefalocaudal e proximal-distal, do genérico para o específico. 
Melhora do tempo de reação: entre a percepção do estímulo sensorial e a resposta motora. 
Passa a crer nas capacidades verbais - forma de solucionar problemas e colaborar. 
Melhora da noção de espaço, distância e altura e elaborando melhor a coordenação e o equilíbrio, tornam-se mais autossuficientes. 
Cognição 
Primeiro maturam o controle sensório-motor e depois as áreas associativas ligadas ao comportamento. 
Redução na densidade de neurônios e sinapses - crescimento de dendritos- aumento no volume de substância branca vão aperfeiçoando a eficiência intelectual.
Não há um período de latência no funcionamento do lobo frontal e sim um lento desenvolvimento. 
Fatores ligados ao QI: 1º educação maternal, 2º educação paterna (habilidades matemáticas) e 3º qualidade da educação escolar. 
Estágio pré-operacional de Piaget: 
Capacidades simbólica - distinção entre imagem e aquilo que representa. 
Pensamento estático: relacionam os eventos por concomitância espacial e temporal. Ex: o balanço da árvore que provoca o vento e não o contrário. 
Os conceitos são guiados pela percepção. Não compreende conceitos abstratos e não entende que alguém pode estar cansado quando ela não está. 
Não concebe a ideia do acaso. Fase dos “porquês”. 
Incapaz de entender a conservação das massas, volumétricas e reversibilidade. Noção de tempo bem incipiente.
Egocentrismo. Se considera o agente causal de todas as coisas.
Se culpa por conflitos familiares. 
Dificuldade de estabelecer fronteiras entre seus pensamentos e os alheios. Ex.: pede à mãe um brinquedo sem dizer qual é. 
Com a convivência com outras crianças que se vai entrando na descentralização e entende que a linguagem é fundamental no trato social. 
Linguagem 
Habilidade materna de estimular a vocalização de necessidades ajuda no desenvolvimento linguístico. Tal efeito enfraquece a partir dos 6 anos. 
Linguagem voltada pra criança durante a primeira infância aumenta o vocabulário. 
Isso ocorre com: Simplificação do vocabulário, tom melódico, repetição de perguntas e cadência lentificada.
Acredita em seres dos quais só ouviu falar:
Entidades científicas: germes, oxigênio 
Seres imaginários socialmente ratificados: papai Noel 
Importância do testemunho para ratificar ou contestar criaturas impossíveis como “porcos voadores” ou socialmente contestados como “bruxas e monstros”. 
Papalia, 2013, p. 301-303
Formas de disciplina e parentalidade
Reforço e punição Parentalidade autoritária
Castigo corporalmente Parentalidade permissiva 
Técnicas indutivas Parentalidade democrática 
Afirmação de poder Parentalidade negligente 
Retirada do amor 
Emoção 
Regulação das emoções ocorre no córtex cingulado anterior - regiões límbicas. Áreas ventrais e depois dorsais. Assim como crianças evitativas e crianças destemidas. 
Para Freud, o ego desenvolve-se dos 2-5 anos. Superego aparece um pouco antes da idade escolar (+/- 5-6a). No desenvolvimento psicossexual se encontra no estágio fálico. Iniciam a masturbação. 
Complexo de Édipo 
Entre os 3-5 anos a criança vive a triangulação com os pais. Percebe que os pais tem uma relação que ela está excluída. Isso gera sentimentos refletidos nas atitudes de querer dormir na cama dos pais, sentar-se no meio do casal, etc. 
O menino manifesta um apego excessivo à mãe e encara o pai como rival, com o poder de castrá-lo. Esse temor que leva à renúncia edípica, desiste da mãe, se alia ao pai e se identifica com ele. 
Na menina, há duas fases: 1) 2a e 6m aos 3 anos é semelhante ao do menino. Mãe objeto de amor e pai o rival, apesar de amado. 2) aos 4a transfere seu interesse da mãe para o pai e a mãe se torna a rival. 
Para Freud, a menina culpa a mãe pela ausência do pênis e transfere o desejo de dar um bebê ao pai. 
De forma gradativa desiste do objeto incestuoso e se volta a outro objeto. 
Mãe excessivamente sedutora exacerba uma situação por si só conflituosa. Assim como pai muito severo e punitivo. 
Fixações nesse período levariam a fobias e histeria. 
Erikson 
Iniciativa x Culpa - incremento de energia às vezes entendido por agressividade ao mesmo tempo que sente vergonha por imaginar que suas fantasias serão descobertas. 
Culpa ajuda no autocontrole mas em demasia, tolhe a criatividade. Aquisição da vontade/desejo.
Identidade de gênero 
Identidade de gênero nuclear (Stoller, 1964) diz respeito a um senso de pertencer a um sexo, consolidada em torno dos 3 a 4 anos. 
Fazem contribuições: relações de objeto, ideais do superego e influências culturais. 
Em torno dos 4 a 5 anos há aumento do comportamento estereotipado do papel do gênero. 
Apesar das diferenças, 78% são pequenas ou insignificantes e algumas mudam com a idade (Hyde, 2005). 
Já a orientação sexual se consolida em geral no final da adolescência.
 
Papalia, 2013
O desenho 
O rosto humano é a primeira coisa que a criança seleciona de informações que uma pessoa representa. 
Depois surgem os membros - papel do contato social e exploração do ambiente. Até 3-4 anos predomina cabeça e membros nos desenhos. 
Aos 4 anos surgem as pernas e pés bem como os olhos. Aos 5 anos já há algum planejamento e já é mais reconhecível. Braços como extensão da cabeça, isso desaparece em torno dos 6 anos. Nessa idade já se espera uma figura humana completa. 
O brincar 
Na idade pré-escolar há um incremento da simbolização e por isso a criança expressa mais suas fantasias. 
Para Winnicott (1975): “o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz ao relacionamento grupal; o brincar pode ser uma forma de comunicação na psicoterapia, e a psicanálise desenvolveu-se como uma forma altamente especializada do brincar.”
Em torno dos 3 anos carros e locomotivas são a paixão de meninos e meninas. Sentem-se impelidas a experiências genitais e sublimam no brinquedo. Garagem pode ser usada como brincadeiras de penetração.Bonecas e animais satisfazem fantasias de paternidade e maternidade. 
Ter brinquedos consertados pode ser mais reconfortante por representar uma luta contra suas tendências destruidoras. 
A chegada de irmãos 
Complexo fraterno (Freud, 1923) - deslocamento defensivo do complexo de Édipo. É possível rivalizar e competir de “igual para igual” e dar vazão ao ódio direcionado aos pais. Tal complexo pode ser estendido nas relações com pares e cônjuges. 
O irmão representa um “intruso” em um território já tido por conquistado. 
A chegada de irmãos é vivida com muitas sensações ambivalentes que vão desde encantamento até raiva e ressentimento. 
Reações de ajustamento: regressões, valorização (identificados com pais). 
Socialização 
O ingresso na escola é a 2ª maior transição na vida de uma criança (a 1ª é o desmame). Ocorre tristeza pelo que se foi e esperança frente a um novo começo. Surgem diversas reações desde sintomas psicossomáticos até regressões. 
Para Winnicott, a criança inconscientemente sente que os pais sabem que ela está gostando de ficar distante deles. Ao voltar pra casa podem ficar assustadas e desconfiadas por ter magoado os pais por estarem felizes. 
Surgem amigos imaginários. Mais propensas aos jogos de “faz de conta”. 
Capitão Fantástico, EUA, 2016, Dir. Matt Ross.
Particularidades do período 
Maior ansiedade para cirurgias pela vivência do complexo do Édipo. Fantasias e medos de castração. 
Habilidade de relacionar sintomas físicos com ansiedade ocorre a partir dos 7 anos, mas já há o início de certa capacidade de relacionar perigo a sintomas físicos. 
Desempenho cognitivo tende a diminuir com o adoecimento, mas diante da proximidade da morte, pode acelerar a cognição de forma imprevisível fazendo com que ela possa entender que pode morrer. 
Comentários finais 
Deixa de ser um bebê e se torna um menino ou uma menina. 
Fase genital/fálica - complexo de Édipo. 
Crianças não estimuladas adequadamente podem não estar desenvolvendo seu pleno potencial. Porém, se identificados precocemente, essas crianças podem mostrar desempenho cognitivo semelhante ao de crianças sadias. 
Bibliografia 
Capítulo 9
 
 Capítulos 7 e 8

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