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TEORIA GERAL DO CRIME CONCEITO DE CRIME Material Fator de legitimação Legal Art. 1º, da Lei de introdução ao direito penal: “Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.” Crime x contravenção penal CONCEITO LEGAL DE CRIME E O CRIME DE POSSE DE DROGAS Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. CRITÉRIO ANALÍTICO Tripartite Diferença entre as teorias clássica e finalista Bipartite Basileu Garcia (quadripartite) Obs.: Critério adotado pelo Código Penal SUJEITOS DO CRIME Sujeito ativo Pessoa jurídica comete crime? 1º corrente: NÃO Não é dotada de consciência Não é imputável Atuação vinculada aos atos relacionados com o seu estatuto social Atingiria indiretamente os seus integrantes Não pode aplicar pena privativa de liberdade 2º corrente: SIM É dotado de consciência Direito de Penal não se limita à pena de prisão RESPONSABILIZAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA Crimes contra a ordem econômica e financeira, contra a economia popular e contra o meio ambiente (art. 173, §5º e 225, §3º, CF) Sistema de dupla imputação SUJEITO PASSIVO Constante/formal/mediato: o Estado Eventual/material/imediato: o titular do bem jurídico Crimes vagos CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES CLASSIFICAÇÕES COMUNS PRÓPRIOS DE MÃO PRÓPRIA SIMPLES COMPLEXOS MATERIAIS FORMAIS MERA CONDUTA INSTANTÂNEOS PERMANENTES A PRAZO UNISSUBJETIVO PLURISSUBJETIVO DE DANO DE PERIGO UNISSUBSISTENTE PLURUBSISTENTE COMISSIVOS OMISSIVOS FORMA LIVRE FORMA VINCULADA TRANSEUNTES NÃO TRANSEUNTE À DISTÂNCIA PLURILOCAIS EM TRÂNSITO INDEPENDENTE CONEXO POTENCIAL OFENSIVO VAGO CRIME PROGRESSIVO PROGRESSÃO CRIMINOSA FATO TÍPICO FATO TÍPICO Conceito: fato humano que se enquadra com perfeição aos elementos descritos no tipo penal Elementos: Conduta Resultado Nexo de causalidade Tipicidade CONDUTA (TEORIAS) TEORIA CLÁSSICA/NATURALISTA/CAUSAL “CONDUTA É O COMPORTAMENTO HUMANO VOLUNTÁRIO QUE PRODUZ MODIFICAÇÃO NO MUNDO EXTERIOR” TEORIA CAUSAL Principais expoentes: Von liszt, Beling e Radbruch e Nelson Hungria (Brasil) Influência das ciências naturais. Vontade humana dividida em duas partes: 1ª 🡪 externa; objetiva 2ª🡪 interna; subjetiva MASSON: “Em síntese, a vontade é a causa da conduta, e a conduta é a causa do resultado. Não há vontade no tocante à produção do resultado” TEORIA CAUSAL Fato típico Ilicitude Culpabilidade(dolo e culpa) TEORIA CAUSAL (CRÍTICAS) Não diferencia a conduta dolosa da culposa Não explica os crimes omissivos próprios, formais, de mera conduta e os tentados. TEORIA FINALISTA “CONDUTA É O COMPORTAMENTO HUMANO, CONSCIENTE E VOLUNTÁRIO, DIRIGIDO A UM FIM” TEORIA FINALISTA Fundamento: o homem é um ser livre e responsável pelos seus atos, sendo incabível a punição de meros processos causais Dolo e culpa são descolados para o fato típico Teoria adotada no CP Crítica: Crimes culposos CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA Humana Voluntária Exteriorizada Composta de dois elementos: ato de vontade + manifestação da vontade no mundo exterior EXCLUSÃO DA CONDUTA I) Caso fortuito e força maior II) Atos ou movimentos reflexos Obs.: ações em curto circuito III) Coação física irresistível (vis absoluta) E a coação moral irresistível (vis compulsiva) IV) Sonambulismo e hipnose RESULTADO RESULTADO Conceito: consequência provocada pela conduta do agente. Espécies: Jurídico/Normativo: lesão ou exposição de perigo do bem jurídico Naturalístico/material: modificação do mundo exterior provocada pelo agente. Existe crime sem resultado? RELAÇÃO DE CAUSALIDADE NEXO CAUSAL Conceito: vínculo formado entre a conduta praticada por seu autor e o resultado por ele produzido; Âmbito de aplicação TEORIAS SOBRE NEXO CAUSAL 1º TEORIA: Equivalência dos antecedentes (conditio sine qua non) 🡪 causa é todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido, quando ocorreu e como ocorreu. 2º TEORIA: Causalidade adequada 🡪 causa é o antecedente, não so necessário, mas adequado à produção do resultado; 3º TEORIA: imputação objetiva Obs.: O CP adotou como regra a equivalência dos antecedentes. Causalidade adequada nas concausas. CONCAUSAS Causas absolutamente independentes Preexistente Concomitante Superveniente Causas relativamente independentes Preexistente Concomitante Superveniente OMISSÃO PENALMENTE RELEVANTE - TIPOS DE OMISSÃO OMISSÃO PRÓPRIA O tipo descreve uma omissão Crimes de mera conduta Não admitem tentativa Sempre dolosos OMISSÃO IMPRÓPRIA O tipo descreve uma ação Crimes materiais Admitem tentativa Podem ser culposos ou dolosos OMISSÃO PENALMENTE RELEVANTE Inação do agente Poder de agir Dever jurídico de agir DEVER DE AGIR i) Dever legal (“quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância”) Ex.: pais e filhos; policiais e a população em geral ii) Garante (“quem de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado”) Francisco de Assis Toledo: “A posição de garante surge para todo aquele que, por ato voluntário, promessas, veiculação publicitária ou mesmo contratualmente, capta a confiança dos possíveis afetado por resultados perigosos, assumido com estes, a título oneroso ou não, a responsabilidade de intervir quando necessário, para impedir o resultado lesivo” iii) Quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA Finalismo Imputação objetiva Tipo objetivo Relação de causalidade Causalidade Criação de um risco proibido Realização do risco no resultado Tipo subjetivo Dolo ou culpa Dolo ou culpa TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA 1) Criação ou aumento de um risco Risco = ações que, por uma prognose póstuma objetiva, geram uma possibilidade de lesão ao bem jurídico Em suma, será perigosa a ação que, aos olhos de um observador objetivo dotado dos conhecimentos especiais do autor, situado no momento da prática da ação, gera real possibilidade de dano. Não haverá ação perigosa quando: Risco for juridicamente relevante Há diminuição do risco, avaliado, antes da ação pelo agente TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA 2) Risco criado deve ser proibido pelo Direito Ex.: dirigir veículo, luta de boxe. Princípio da confiança. Causas de exclusão: A) comportamento exclusivo da vítima, se colocando em perigo B) contribuições socialmente neutras C) comportamentos socialmente adequados D) proibição de regresso TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA 3) Risco realizado no resultado Lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico Causas de exclusão: A) lesão ou curso causal sem relação com o risco proibido B) danos tardios C) danos resultantes de choque D) ações perigosas de salvamento TIPICIDADE TIPICIDADE Tipicidade penal = tipicidade material + tipicidade formal Tipicidade formal 🡪 Juízo de subsunção Tipicidade material 🡪 lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico EVOLUÇÃO DOUTRINÁRIA Fase da independência do tipo Belling 🡪 tipicidade é um mero processo de adequação do fato concreto ao tipo penal Fase da tipicidade como indício da ilicitude Mayer 🡪 A tipicidade autoriza a presunção relativa de ilicitude, que cede diante a uma justificante Consequência 🡪 inversão do ônus da prova em relação às causas de exclusão da ilicitude Fase da tipicidade como essência da ilicitude Mezger 🡪 O tipo passa a ser conceituado como a ilicitude tipificada TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOSDO TIPO Hellmuth von Weber Tipo total de injusto As causas de exclusão de ilicitude compõe o tipo penal como elementos negativos Adota um sistema bipartido TIPICIDADE CONGLOBANTE O fato típico se revestiria de antinormatividade A conduta deve ser contrária ao ordenamento jurídico em geral TEORIA DO TIPO TEORIA DO TIPO Tipo incriminadores/legal Tipos permissivos/justificadores Conceito: “Modelo genérico e abstrato, formulado pela lei penal, descritivo da conduta criminosa ou da conduta permitida” Garantia Fundamentadora Indiciária da ilicitude Diferenciadora do erro Seletiva Funções ESTRUTURA DO TIPO LEGAL Núcleo = verbo Elementos (elementares) Objetivos Subjetivos Normativos = aqueles cuja compreensão não pode o sujeito se limitar a uma mera atividade cognitiva, ou seja, exigem juízo de valor. Podem ser jurídicos ou culturais. Circunstâncias CLASSIFICAÇÃO Tipo normal = apenas elementos objetivos Tipo anormal = + elementos normativos ou subjetivos Tipo fundamental Tipo derivado Tipo fechado Tipo aberto Tipo Simples Tipo misto alternativo Tipo misto cumulativo Tipo misto Tipo complexo CRIME DOLOSO TEORIAS DO DOLO I) Teoria da representação = previsão do resultado II) Teoria da vontade = previsão do resultado + vontade de produzir o resultado III) Teoria do assentimento = previsão do resultado + vontade + assunção do risco de produzi-lo “Art. 18, I: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;” ELEMENTOS DO DOLO Consciência (elemento cognitivo) Vontade (elemento volitivo) Obs.: O dolo deve englobar todas as elementares e circunstâncias do tipo penal. Se restar constatada a sua ausência acerca de qualquer parte do crime, entra em cena o instituto do erro de tipo. DOLO NATURAL E DOLO NORMATIVO Dolo natural (teoria finalista) Consciência Vontade Dolo normativo (teoria clássica) Consciência Vontade Consciência da ilicitude ESPÉCIES DE DOLO Dolo direto Dolo indireto Dolo alternativo (quer um ou outro resultado, com igual intensidade) Sempre responde pelo resultado mais grave Dolo eventual (não quer o resultado, mas assume o risco) Teoria positiva do conhecimento (Reinhart Frank): “seja assim ou de outra maneira, suceda isto ou aquilo, em qualquer caso agirei” Obs.: Alguns crimes exigem dolo direito Ex.: Receptação dolosa (art. 180) e denunciação caluniosa (art. 339) ESPÉCIES DE DOLO Dolo de propósito 🡪 premeditação Dolo de ímpeto 🡪 crimes passionais Dolo genérico 🡪 Não há uma finalidade especial Dolo específico 🡪 Há um elemento subjetivo específico Dolo de dano Dolo de perigo ESPÉCIES DE DOLO Dolo de primeiro grau Vontade do agente, direcionada a determinado resultado, efetivamente perseguido, englobando os meios necessários para tanto. Dolo de segundo grau Vontade é dirigida a determinado resultado, efetivamente desejado, em que a utilização dos meios para alcança-lo inclui, obrigatoriamente, efeitos colaterais de verificação praticamente certa. Dolo de terceiro grau Consequências inevitáveis do dolo de segundo grau ESPÉCIES DE DOLO Dolo geral, por erro sucessivo Polêmica sobre a incidência da qualificadora Dolo antecedente Dolo atual Dolo subsequente TEORIA DOS INDICADORES EXTERNOS A) Demonstração do perigo ao bem jurídico B) Visão do agente acerca desse perigo C) decisão do agente sobre a realização do perigo, atacando o bem jurídico CRIME CULPOSO FUNDAMENTO DA PUNIBILIDADE DA CULPA 1º momento Pena seria ineficaz, pois sua função seria retirar indivíduos perigosos do convívio social 2º momento Punição por necessidade social CONCEITO DE CRIME CULPOSO “Crime culposo é o que se verifica quando o agente, deixando de observar o dever objetivo de cuidado, por imprudência, negligência ou imperícia, realiza voluntariamente uma conduta que produz resultado naturalístico, não previsto nem querido, mas objetivamente previsível, e excepcionalmente previsto e querido, que podia, com a devida atenção, ter evitado” ELEMENTOS DO CRIME CULPA Conduta voluntária Violação do dever objetivo de cuidado Resultado naturalístico involuntário Nexo causal Tipicidade Previsibilidade objetiva Ausência de previsão CONDUTA VOLUNTÁRIA Vontade se limita à prática de uma conduta perigosa, por ele aceita e desejada Pode ser comissiva ou omissiva A conduta é penalmente lícita, ou, quando ilícita, não se destina à produção do resultado naturalístico integrante do crime culposo. VIOLAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO Conceito: “é o comportamento imposto pelo ordenamento jurídico a todas as pessoas, visando o regular e pacífico convívio social” Modalidades Imprudência Negligência Imperícia Imperícia x Erro profissional RESULTADO NATURALÍSTICO INVOLUNTÁRIO Todo crime culposo é material Incompatível com a tentativa TIPICIDADE Caráter excepcional do crime culposo PREVISIBILIDADE OBJETIVA Conceito: “É a possibilidade de uma pessoa comum, com inteligência mediana, prever o resultado” Critério do homem médio O perfil subjetivo é analisado na culpabilidade AUSÊNCIA DE PREVISÃO Se há previsão, fala-se em culpa consciente Culpa consciente x Dolo eventual COMPENSAÇÃO DE CULPAS E CONCORRÊNCIA DE CULPAS A compensação não é admitida no direito brasileiro Funciona como circunstância judicial favorável Culpa exclusiva da vítima exclui a culpa do agente. A concorrência de culpas induz a punição de todos os concorrentes EXCLUSÃO DA CULPA Caso fortuito e força maior Erro profissional Risco tolerado Princípio da confiança CRIME PRETERDOLOSO E CRIMES AGRAVADOS PELO RESULTADO CRIME PRETERDOLOSO E CRIMES AGRAVADOS PELO RESULTADO a) dolo na conduta antecedente e culpa no resultado agravador (preterdoloso) b) dolo na conduta antecedente e dolo no resultado agravador c) culpa na conduta antecedente e culpa no resultado agravador d) culpa na conduta antecedente e dolo no resultado agravador ERRO DE TIPO CONCEITO “Falsa percepção da realidade acerca dos elementos constitutivos do tipo” Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Damásio de Jesus: também incide sobre as circunstâncias Erro de tipo essencial x erro de tipo acidental Obs.: não há óbice para sua aplicação nos crimes omissivos impróprios ESPÉCIES Escusável/inevitável/invencível/desculpável Inescusável/evitável/vencível/indesculpável EFEITOS Sempre exclui o dolo O escusável exclui dolo e culpa Obs.: Pode acontecer de o erro de tipo escusável não excluir a criminalidade do fato, se houver desclassificação para outro tipo (ex.: desacato 🡪 injúria) DISCRIMINANTES PUTATIVAS Art. 20, § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. Conceito: é a causa de exclusão de ilicitude que não existe, a não ser na mente do autor do fato. Espécies: i) erro relativo aos pressupostos de fato de uma causa de exclusão de ilicitude ii) erro relativo à existência de uma causa de exclusão de ilicitude iii) erro relativo aos limites de uma causa de exclusão de ilicitude DISCRIMINANTES PUTATIVAS – NATUREZA JURÍDICA erro relativo à existência de uma causa de exclusão de ilicitude e erro relativo aos limites de uma causa de exclusão de ilicitude 🡪 erro de proibição indireto Evitável 🡪 - 1/6 a 1/3 Inevitável 🡪 retira a culpabilidade erro relativo aos pressupostos de fato de uma causa de exclusão de ilicitude Teoria limitada da culpabilidade 🡪 erro de tipo permissivo Teoria normativa puta da culpabilidade 🡪 erro de proibição ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO Art. 20, § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. Erro pode ser doloso ou culposo ERRO DE TIPO ACIDENTAL Errosobre a pessoa Erro sobre o objeto Erro sobre o nexo causal Erro na execução Resultado diverso do pretendido ERRO SOBRE A PESSOA Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Aplica-se a pena de acordo com as condições da vítima virtual ERRO SOBRE O OBJETO O sujeito crê que sua conduta recai sobre um objeto, mas incide sobre coisa diversa É um erro irrelevante Obs.: Princípio da insignificância ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL – ABERRATIO CAUSAE O resultado acontece por uma razão que não a planejada pelo agente. Quanto à tipicidade é irrelevante Quanto à qualificadora: 1ª corrente: Deve ser considerado o meio que o agente queria empregar e não o que efetivamente levou ao resultado naturalístico 2ª corrente: Deve ser considerado o meio que efetivamente provocou o resultado Aberratio causae x dolo geral Aberratio causae 🡪 um ato só Dolo geral 🡪 dois atos distintos ERRO NA EXECUÇÃO – ABERRATIO ICTUS Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Aberratio ictus x erro sobre a pessoa Espécies Com resultado único Com resultado duplo Culpa Dolo Eventual RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO – ABERRATIO DELICTI/CRIMINIS Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Espécies Resultado único Resultado duplo Exemplo: Gabigol efetua tiros contra Tite, mas não o acerta e quebra uma vidraça. ITER CRIMINIS ITER CRIMINIS 1ª etapa: Cogitação 2ª etapa: Preparação 3ª etapa: Execução 4ª etapa consumação Exaurimento TENTATIVA CONCEITO “Art. 14 - Diz-se o crime: II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.” Denominações Conatus () Crime imperfeito Crime manco (Falta uma parte) Crime incompleto ELEMENTOS i) Início da execução ii) Ausência de consumação por circunstâncias alheias iii) Dolo de consumação NATUREZA JURÍDICA E TEORIAS SOBRE A PUNIBILIDADE Natureza jurídica: norma de extensão (temporal) Teorias sobre a punibilidade Teoria subjetiva/voluntarista/monista 🡪 intenção, pois o que importa é o desvalor da ação Teoria sintomática 🡪 periculosidade subjetiva Possibilita a punição de atos preparatórios Teoria objetiva/realística/dualista 🡪 perigo ao bem jurídico Teoria da impressão/objetivo-subjetiva 🡪 atingir a confiança no ordenamento e o sentimento de segurança jurídica CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA 1) Crimes culposos 2) Crimes preterdolosos 3) Unissubsistentes 4) Omissivos próprios 5) Crimes de perigo abstrato 6) Contravenções penais 7) Crimes condicionado 8) Crimes de atentado 9) Crimes habituais 10) Crimes-obstáculo Obs.: Dolo eventual (divergência) DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. Distinção entre os institutos Fundamento 🡪 estímulo para evitar a produção do resultado Natureza jurídica: a) Causa pessoal de extinção da punibilidade b) Causa de exclusão da culpabilidade c) Causa de exclusão da tipicidade Requisitos: voluntariedade + eficácia Efeito ARREPENDIMENTO POSTERIOR Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Fundamentos a) Proteção da vítima b) fomento do arrependimento ARREPENDIMENTO POSTERIOR - REQUISITOS I) Natureza do crime Sem violência ou grave ameaça à pessoa Obs.: Violência imprópria 1ª corrente: é possível pois a lei só excluiu a violência própria 2ª corrente: não se admite, pois violência própria é violência dolosa II) Reparação do dano ou restituição da coisa Voluntária, Pessoal e Integral STF tem decisões admitindo no caso de reparação parcial do dano Obs.: Recusa do ofendido em receber a reparação ou restituição III) Limite temporal: recebimento da denúncia CRIME IMPOSSÍVEL Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Natureza jurídica: causa da exclusão de licitude Teorias Objetiva: inidoneidade da lesão para bens jurídicos Objetiva pura: qualquer grau de inidoneidade Objetiva temperada: só os absolutamente inidôneos Subjetiva Sintomática Hipóteses Ineficácia absoluta do meio Impropriedade absoluta do objeto Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. ILICITUDE CONCEITO E NOMENCLATURA “É a contrariedade entre o fato típico praticado por alguém e o ordenamento jurídico, capaz de lesionar ou expor a perigo de lesão de bens jurídicos penalmente tutelados” Ilicitude x antijuridicidade Causas de exclusão da ilicitude/justificante Genéricas Especiais Supralegais CONSENTIMENTO DO OFENDIDO A depender do delito, pode ser causa de exclusão da tipicidade Causa supralegal de exclusão de ilicitude I) Ausência de interesse estatal na punição II) Renúncia à proteção do Direito Penal III) Ponderação de valores Fundamento Bens jurídicos disponíveis Não se aplica nos crimes vagos Obs.: Pode ser aplicado a crimes culposos Aplicabilidade CONSENTIMENTO DO OFENDIDO - REQUISITOS a) Consentimento deve ser expresso Excepcionalmente se admite o presumido b) Consentimento deve ser livre c) Consentimento deve ser moral e respeitar os bons costumes d) Consentimento deve ser manifestado previamente à consumação e) O ofendido deve ser plenamente capaz para consentir ESTADO DE NECESSIDADE Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. ESTADO DE NECESSIDADE – NATUREZA JURÍDICA Natureza Jurídica Nélson Hungria 🡪 faculdade Aníbal Bruno 🡪 Direito frente ao Estado Cleber Masson 🡪 Faculdade entre os titulares e direito frente ao Estado; ESTADO DE NECESSIDADE - TEORIAS 1) Teoria unitária: é causa de exclusão de ilicitude se o bem jurídico for de igual valor ou de valor inferior ao bem preservado Bem sacrificado for superior: subsiste o crime com redução da pena de 1 a 2/3 2) Teoria diferenciadora: há justificante quando o bem sacrificado for igual ou superior e exculpante quando o bem sacrificado for de valor superior. 3) Teoria da equidade: não exclui ilicitude nem a culpabilidade, mas a ação não é castigada por questões de equidade e na coação psicológica que move o sujeito. 4) Teoria da escola positiva: mantém a ilicitude, mas o ato fica impune por ausência de perigo social e de temibilidade do agente ESTADO DE NECESSIDADE - REQUISITOS Situação de necessidade Perigo atual Perigo não provocado voluntariamente pelo agente Ameaça a direito próprio ou alheio Ausência do dever legal de enfrentar o perigoFato necessitado Inevitabilidade do perigo por outro modo Proporcionalidade PERIGO ATUAL Origem do perigo Fato da natureza Seres irracionais Atividade humana Deve ser efetivo Cuidado! O perigo iminente não é requisito para o estado de necessidade PERIGO NÃO PROVOCADO VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE Aquele que cria culposamente o perigo pode utilizar o estado de necessidade ? 1ª corrente (Basileu Garcia): vontade = dolo 2ª corrente (Francisco de Assis de Toledo): o ato culposo é voluntário na origem AMEAÇA A DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO AUSÊNCIA DO DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO 1ª corrente: interpretação restritiva Somente abarca o dever decorrente de lei em sentido amplo 2ª corrente: interpretação extensiva Abarca qualquer espécie de dever jurídico, a exemplo do dever contratual FATO NECESSITADO Caráter subsidiário Inevitabilidade do perigo por outro modo Proporcionalidade ESPÉCIES DE ESTADO DE NECESSIDADE Quanto à origem de situação de perigo Agressivo Defensivo Quanto à titularidade Próprio De terceiro Quanto ao bem sacrificado Justificante Exculpante CASOS ESPECIAIS Estado de necessidade recíproco Crimes permanentes e habituais Dificuldade econômicas LEGÍTIMA DEFESA Dispositivo legal Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Requisitos Agressão Injusta Atual ou iminente Contra direito próprio ou alheio Reação Empregos dos meios necessários Uso moderado de tais meios ESPÉCIES DE LEGÍTIMA DEFESA Agressiva Defensiva I) Quanto à forma de reação Própria De terceiro II) Quanto à titularidade do bem jurídico protegido Real Putativa Subjetiva ou excessiva: o agente, por erro de tipo escusável, excede os limites da legítima defesa III) Quanto ao aspecto subjetivo de quem se defende LEGÍTIMA DEFESA E RELAÇÃO COM OUTRAS EXCLUDENTES Admissibilidade Inadmissibilidade Legítima defesa real contra legítima defesa putativa Legítima defesa real recíproca Legítima defesa putativa recíproca Legítima defesa real contra outra excludente real Legítima defesa real contra legítima defesa subjetiva Legítima defesa contra conduta amparado por exculpante EXCESSO CONCEITO E ALCANCE Art. 23, parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. Conceito 🡪 é a desnecessária intensificação de um fato típico inicialmente amparado por uma causa de justificação Alcance: Estado de necessidade: “nem podia de outro modo evitar” Legítima defesa: meios desnecessários ou uso imoderado Estrito cumprimento de dever legal: vai além dos limites legais Exercício regular de direito: abuso de direito ESPÉCIES Doloso Culposo Acidental 🡪 caso fortuito ou força maior Exculpante Divergência CULPABILIDADE CONCEITO É o juízo de censura, o juízo de reprovabilidade que incide sobre a formação e a exteriorização da vontade do responsável por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de imposição de pena Teorias da culpabilidade Psicológica Normativa ou psicológico-normativa Normativa pura ou extremada Limitada (CP) Imputabilidade Dolo (normativo) ou culpa Imputabilidade Dolo (normativo) ou culpa Exigibilidade de conduta diversa Imputabilidade Potencial consciência da ilicitude Exigibilidade de conduta diversa Tratamento diferente para as discriminantes putativas COCULPABILIDADE “Há sujeitos que têm um menor âmbito de auto determinação, condicionado desta maneira por causas sociais. Não será possível atribuir estas causas sociais ao sujeito e sobrecarregá-lo com elas no momento de reprovação de culpabilidade. Costuma-se dizer que há, aqui, uma ‘co-culpabilidade’, com a qual a propria sociedade deve arcar” Coculpablidade às avessas VISÃO GERAL DAS EXCULPANTES Imputabilidade Doença mental Desenvolvimento mental retardado Desenvolvimento mental incompleto Embriaguez completa Potencial consciência da ilicitude Erro de proibição escusável Exigibilidade de conduta diversa Coação moral irresistível Obdiência hierária à ordem não manifestamente ilegal IMPUTABILIDADE Conceito: É a capacidade mental, inerente ao ser humano de, ao tempo da ação ou da omissão, entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento Elementos: Inlectivo image1.jpg image2.jpg image3.jpg image4.jpg image5.jpg image6.png image7.jpg
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