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GESTÃO DE CUSTOS Jeanine dos Santos Barreto Classificações gerais de custo III Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os conceitos de custos diretos e indiretos. Explicar a classificação de custos para a tomada de decisões. Sintetizar os custos diferenciais, os custos de oportunidade e os custos perdidos. Introdução As empresas em geral têm como objetivo obter lucro por meio de sua atividade, exceto aquelas que não têm fins lucrativos. É por isso que a gestão de custos é tão importante, pois é por meio dela que é possível avaliar os custos das empresas, identificando os pontos que precisam ser melhorados e buscando a redução de custos de forma eficaz. Atualmente, a gestão de custos não deve ser aplicada apenas nos momentos de dificuldades financeiras, uma vez que, devido à crescente competitividade do mercado, o controle de custos tornou-se uma ferra- menta estratégica e, consequentemente, uma necessidade permanente. Nesse sentido, torna-se importante conhecer e entender a maneira como os custos são classificados. Neste capítulo, você vai estudar o conceito de custos diretos e indiretos, vai verificar a importância da clas- sificação de custos para a tomada de decisões e vai identificar os custos diferenciais, de oportunidade e perdidos. Os conceitos de custos diretos e indiretos Foi a partir da Revolução Industrial e do surgimento das máquinas e da produ- ção em grande escala que se passou a dar a devida importância para os custos na atividade das indústrias. Atualmente, com o crescimento do mercado de trabalho e o desenvolvimento de tecnologias, as empresas estão buscando inovações que possam garantir a melhoria na qualidade dos produtos. E é por meio da análise minuciosa dos dados obtidos a partir da gestão de custos que se torna possível a inserção de novas tecnologias e estratégias para alavancar o rendimento da organização. Daí a importância de uma gestão de custos efi caz. Uma organização envolve diversas áreas, situações e demandas que geram despesas e custos, sendo esse último um conceito administrativo relacionado ao valor de consumo dentro de uma empresa para a produção de bens ou serviços. Entende-se por custo direto aquele que é facilmente atribuído ou associado a um determinado objeto de custo. Esse conceito engloba a mão de obra direta e os materiais diretos, podendo ser considerados os materiais que foram utilizados na produção. O custo direto não necessita de critérios para rateio e mantém uma correspondência proporcional ao volume de produção ou serviço. Um objeto de custo, nesse sentido, vai ser qualquer elemento sobre o qual se deseja obter dados de custo, podendo ser produtos, clientes, ordens de produção, unidades organizacionais menores, entre outros. Para atribuir os custos a objetos de custos, eles devem ser classificados como custos diretos ou indiretos, conforme Garrison, Noreen e Brewer (2013). Rateio é o processo de transferir os custos indiretos aos produtos. Um exemplo de custo direto é quando uma marca determinada tem diversas filiais, sendo elas regionais, nacionais e, também, internacionais. Cada gerente de cada filial vai ganhar um determinado salário, que se baseia diretamente na quantidade de vendas que a filial teve. Ao contrário do conceito de custo direto, o custo indireto é quando não se pode atribuir tão facilmente o custo especificado. Também pode ser encontrado com o nome de “custo comum”, podendo ser fixo ou variável. O custo indireto necessita de critérios de rateio. Todo setor dentro de uma empresa gera custos de uma forma geral. O rateio é uma forma de levantamento desses dados. Com ele, a empresa pode mensurar, avaliar e ponderar o quanto cada setor está gerando de custo. Quando a empresa pensa em fazer algum tipo de mudança de estratégia, o rateio torna-se de suma importância para a tomada de decisão. Classificações gerais de custo III2 Pode-se tomar como exemplo o funcionamento de uma fábrica. Nela, o salário do supervisor, por exemplo, é considerado como custo comum, uma vez que sua função é distribuída pela linha de produção, tendo seu custo rateado entre os produtos. O profissional que trabalha com a análise de custos deve levar em con- sideração os seguintes aspectos para a classificação dos custos em diretos e indiretos, conforme Garrison, Noreen e Brewer (2013): Matéria-prima e embalagem: são custos facilmente atribuídos aos produ- tos, pois pode-se mensurar qual o gasto que cada um gerou. Custo direto. Mão de obra: da mesma forma, é possível atribuir seu custo a um pro- duto, pois pode-se mensurar quanto cada funcionário contribuiu para a produção de determinado produto/serviço no desempenho de suas funções em termos de proporcionalidade. Custo direto. Salário da supervisão: este é um item difícil de se atribuir a um único produto, pois a supervisão é responsável pela produção geral, e não por um produto em particular. Seu custo envolve rateio, ou seja, trata-se de um custo indireto. Depreciação de máquinas: leva-se em consideração que a empresa se deprecia de modo linear, em valores iguais, por um mesmo período. Dessa forma, torna-se difícil mensurar a depreciação gerada por cada produto/serviço. Seu custo envolve rateio, ou seja, trata-se de um custo indireto. Energia elétrica: a empresa pode mensurar quanto de energia é gasta por cada uma das máquinas que tem à disposição, podendo então ser relacionada aos produtos por meio do rateio. Ou seja, trata-se de um custo indireto. Aluguel do prédio: não é possível determinar quanto deve ser apropriado a cada produto. Seu custo envolve rateio, ou seja, trata-se de um custo indireto. Essas situações são de importante análise para que o profissional possa compreender quais elementos, dentro de um funcionamento empresarial, devem ser entendidos como custos diretos e indiretos. Considerando que tudo dentro de uma empresa gera custos, o entendimento desses dados dá subsídio para quaisquer estratégias e tomadas de decisão que possam ser feitas. A Figura 1 esquematiza a absorção de custos diretos e indiretos nas organizações. 3Classificações gerais de custo III Figura 1. Esquema de absorção de custos na organização. Fonte: Adaptada de Oliveira (2010, slide 30). Esquema básico de absorção dos custos Demonstração de resultados Estoque Receita Lucro Operacional Despesas Lucro Bruto CPV Produto B Produto A Rateio DiretosIndiretos Custos Custos fixos Deve-se considerar que uma parcela dos gastos é fi xa. No entanto, não se deve pensar nesses gastos como sendo algo impossível de ser modifi cado, pois todos são passíveis de mudanças. Ou seja, não é por ser fi xo que o custo que não pode aumentar ou diminuir — ele é fi xo com relação ao volume de atividade operacional. De forma abrangente, esse tipo de custo é voltado para a manutenção, sendo também conhecido como “custo de capacidade”. Pode-se pensar como custo fi xo o aluguel de uma empresa, uma vez que, se o volume de atividade aumentar dentro da fábrica, o aluguel não sofrerá alteração. Os valores fixos podem sofrer alterações quando sofrem aumento ou di- minuição em função da capacidade ou em relação ao intervalo da produção. Desse modo, entende-se que um custo é fixo considerando o intervalo de produção ou de venda. Classificações gerais de custo III4 Custos variáveis Considera-se variável o custo e a despesa que variam de acordo com o volume e a atividade da empresa, como as produções e as vendas. A variação do custo vai depender de forma direta de um denominador específi co. O custo só vai ser variável quando acompanhar de forma proporcional a variação nas atividades às quais ele está relacionado. Esses conceitos são importantes porque são utilizados como base para as ferramentas de análise das empresas. Custos primários Os custos primários correspondem à soma dos gastos com matéria-prima e dos gastos com mão de obradireta. O custo primário não é sinônimo de custo direto. Pode-se pensar, por exemplo, na embalagem de um produto, que é classifi cada como custo direto, já que não se enquadra nem como matéria-prima, nem como mão de obra. Porém, ela não pode ser considerada como custo primário, pois a embalagem só é utilizada após a fabricação do produto primário. Custos de transformação Os custos de transformação dizem respeito aos custos de produção, porém não englobam a matéria-prima. Pode-se compreendê-los como o custo do esforço realizado pelas empresas. Os elementos que formam esse custo — gastos com mão de obra e gastos gerais de fabricação — são utilizados para gerar o rateio. Para se obter o rateio geralmente são considerados critérios como hora-máquina, mão de obra direta, materiais diretos, dentre outros. Classificação de custos para a tomada de decisões Os custos geralmente são classifi cados por serem de suma importância na tomada de decisão frente aos negócios. Dessa forma, é fundamental que se tenha uma boa compreensão sobre alguns conceitos, conforme Garrison, Noreen e Brewer (2013). Em decorrência da grande concorrência de mercado, as empresas estão buscando cada vez mais ferramentas capazes de classifi car os custos, baseando suas decisões estratégicas nos resultados obtidos nessas análises. O objetivo principal da classifi cação de custos é ter controle sobre 5Classificações gerais de custo III o patrimônio da empresa, já que os resultados dessa análise correspondem à variação do bem patrimonial. Uma empresa normalmente terá o lucro como propósito e, por isso, deve sempre ter claros os seus objetivos e resultados. Pensando na concorrência, a tomada de decisão deve ser feita de forma precisa, para que a empresa não perca lucros por se basear em ferramentas inadequadas ou por aplicá-las de forma incorreta. Segundo Marques (2013), a contabilidade mercantilista beneficiava em- presas comerciais, não levando em consideração as indústrias. Naturalmente, com o desenvolvimento global, foi preciso repensar as ferramentas que seriam utilizadas para auxiliar na tomada de decisão de cada empresa ou fábrica. É importante salientar que essa prática contábil surgiu a partir da necessidade de se poder mensurar o desempenho de cada empresa com base nos seus custos. Assim, passou a ser utilizada uma classificação para cada custo, tendo como objetivo identificar e avaliar os processos que ocorrem dentro das empresas. Essa classificação permite a escolha da melhor ferramenta para a tomada de decisão. Nesse sentido, a gestão estratégia de custos (GEC) tem grande impor- tância pelo fato de que, por meio dela, e dos dados por ela obtidos, o corpo administrativo pode ponderar sobre quanto, como e em qual setor deverá ser investido e/ou modificado algum aspecto. Ainda sobre a GEC, ressalta-se que ela pode ser utilizada como uma espécie de controle sobre o funcionamento da empresa e de alguns setores. Isso se deve justamente aos dados apresentados por meio dessa gestão, que apontam incoerências e permitem que a empresa reduza gastos desnecessários. Sabe-se que o mercado é dinâmico e que é de fundamental importância ter conhecimento sobre os fatores que afetam o custo antes de tomar algum tipo de decisão sobre a empresa. Entender esse conceito faz com que se possa tomar uma decisão coesa, com base no ciclo de vida da empresa, conforme leciona Marques (2013). Dentre as ferramentas que foram desenvolvidas para melhor auxiliar na tomada de decisão, está o custeio baseado em atividades, conhecido pela sigla ABC (do inglês activity based costing). A ferramenta ABC foi criada na década de 1980 pelo professor Robert Kaplan juntamente com o professor Robin Cooper. Ambos tinham como objetivo poder mensurar os custos indiretos fixos dos produtos. Naturalmente, a ferramenta mencionada também pode ser utilizada para custos diretos. Um dos maiores benefícios encontrados na utilização dessa ferramenta é a linguagem acessível, aproximando-se facilmente também das áreas opera- Classificações gerais de custo III6 cionais. Com ela, tem-se o entendimento de que tudo pode gerar um custo, e esse custo gera valor ao cliente. Essa ferramenta se baseia no agrupamento de itens gerados por uma empresa, sendo a sua utilização mais comum para o controle de produtos em estoque, visando a evitar gastos desnecessários, sem prejudicar os clientes. Outra ferramenta que tem como finalidade gerir os custos estrategicamente é chamada Unidade de Esforço de Produção (UEP), que teve aprimoramento no Brasil, mais especificamente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e na Universidade Federal de Santa Catarina (UFCS). Em decorrência disso, acabou sendo disseminada de forma mais abrangente na região sul do Brasil. Embora esse sistema tenha sido difundido no Brasil, ele foi desenvolvido pelo francês Georges Perin no período da Segunda Guerra Mundial. Após a criação do sistema, Fran Alorra, discípulo do criador do sistema, acabou modificando o método em alguns pontos. Foi na década de 1960 que essa ideia chegou ao Brasil. A UEP acaba dando mais ênfase ao custo de transformação para basear os seus cálculos. Com isso, considera fatores como mão de obra direta e indireta, produção, manutenção de maquinário, etc. É um método considerável quando a empresa produz um único produto; no entanto, para uma empresa com diversas produções, a sua utilização se torna mais complexa. Analisando as duas ferramentas mencionadas, salienta-se novamente a importância de escolher com base na demanda da empresa. Observa-se que o sistema ABC é considerado para ambos os tipos de produção, ao passo que a UEP é recomendada para empresas com uma única linha de produção. É essencial que se faça uma escolha consistente, de acordo com a necessidade de cada empresa. Com frequência, são encontradas situações em que o sistema escolhido não está de acordo com o que é demandado. Outra importante estratégia para a classificação de custos e, consequen- temente, a tomada de decisões efetiva, é a análise de custos. Essa ferramenta é utilizada baseando-se nos dados obtidos pela empresa em cada setor. Seu objetivo central é poder, a partir dos dados, apontar as possíveis melhorias, indicando o setor com maiores gastos e, consequentemente, aumentar os lucros da empresa. Cabe destacar que, para a tomada de decisão, é importante poder fazer uma revisão da avaliação dos sistemas que estão sendo utilizados para, assim, poder avaliar os custos aplicados até o momento. Isso é feito com relação à avaliação dos estoques e à análise dos resultados, com base nos custos fixos e variáveis. No método de análise de custos, deve-se levar em conta a avaliação da mão de obra, do custo do material direto, da quantidade de funcionários, etc. 7Classificações gerais de custo III As estratégias de classificação e análise de custos têm como objetivo expor toda a sequência de consumo das empresas, desde a chegada da matéria- -prima, passando pelos processos de produção, distribuição e venda, até o momento em que o consumidor final recebe o produto. A visão global dos custos da empresa, obtida por meio dessas análises, vai garantir que as deci- sões estratégicas sejam tomadas com precisão, pois estarão ajustadas às reais necessidades da organização. Percebe-se que, em um mercado cada vez mais competitivo, essas informações tornam-se de grande valia para a empresa, conforme defende Marques (2013). Deve-se entender a expressão “valor ao cliente” como sendo a diferença entre o que o cliente recebe e o que ele imaginou receber. Entende-se isso como poder superar a expectativa do cliente. São muitas as ferramentas que podem auxiliar na gestão e na análise de custos. Cada uma pode se tornar mais funcional conforme a demanda de cada empresa. Sobretudo, o que fica mais enfatizado é o fato de que, para qualquer tomada de decisão, é necessária uma análise aprofundada dos dados apresentados pela empresa.É somente a partir da obtenção desses dados, considerados estratégicos, que a empresa pode ter a segurança de tomar uma decisão coesa. Contando com essa análise, é possível que a empresa possa concorrer com outras, pois saberá reconhecer a melhor estratégia de venda para o seu produto. Custos diferenciais, custos de oportunidade e custos perdidos Devido à importância da gestão de custos para as organizações, foram defi nidos diferentes tipos de custos, de forma a permitir sua classifi cação e auxiliar as empresas na identifi cação de seus potenciais estratégicos, conforme Garrison, Noreen e Brewer (2013). Classificações gerais de custo III8 Custo e receita diferencial Quando é necessário tomar uma decisão, normalmente é preciso escolher entre algumas alternativas, e, quando o assunto é negócio, naturalmente, pensa-se em uma relação custo–benefício, ponderando-se, dentre as opções, qual será a melhor para a organização. A diferença que há entre o custo de cada uma das opções é conhecida por custo diferencial. Já a diferença que há entre a receita dessas mesmas opções é denominada receita diferencial. O termo custo diferencial é amplo e utilizado para nomear simultanea- mente tanto o aumento dos custos, que é o caso do custo incremental, quanto à diminuição dos custos, que é o chamado custo decremental. Considera-se a denominação custo diferencial como sendo mais abrangente. Quando o economista faz referência às variações de custos diferenciais, ele as chama de custo marginal e receita marginal. Assim, a receita sobre a venda de mais de um produto é chamada de receita marginal, ao passo que o custo gerado sobre a produção desses produtos é denominado custo marginal. É importante salientar que os conceitos de custo marginal do economista e do contador são basicamente os mesmos, se comparado ao termo custo diferencial, que é aplicado sobre uma única unidade do produto. Deve-se lembrar que os custos diferenciais podem ser fixos ou variáveis. Para facilitar o entendimento, vamos usar um exemplo de Garrison, Noreen e Brewer (2013). A empresa Nature Way Cosmetics Inc. gostaria de mudar a forma como seu produto chega ao mercado. Em lugar da atual distribuição pelo varejo, usaria uma rede de representantes por bairro. A Figura 2 mostra uma comparação entre custos e receitas atuais, projetados e diferenciais. 9Classificações gerais de custo III Figura 2. Esquema comparativo de custos e receitas atuais × projetado. Fonte: Adaptada de Garrison, Noreen e Brewer (2013, p. 45). Distribuição por varejistas (atual) (US$) Receitas (variáveis) 700.000 350.000 540.000 160.000 80.000 50.000 60.000 0 800.000 400.000 625.000 175.000 45.000 80.000 60.000 40.000 100.000 50.000 85.000 15.000 0 −35.000 40.000 30.000 Custos de produtos vendidos (variáveis) Propaganda (fixos) Comissões (variáveis) Depreciação do armazém (fixos) Outras despesas (fixa) Total de despesas Resultado operacional Representantes de vendas (proposta) (US$) Custos e receitas diferenciais (US$) A partir do exemplo, pode-se compreender que a receita diferencial é de $ 100 mil, ao passo que o total de custos diferencial é de $ 85 mil, tendo como resultado operacional diferencial um valor positivo de $ 15 mil sob o plano de marketing proposto. A empresa deve optar por permanecer com a distribuição atual, no caso, com os varejistas, ou aceitar a proposta dos representantes. No entanto, qualquer que seja a escolha, ela deve basear-se nos resultados operacionais de ambas as alternativas. Como exemplifica a tabela, o resultado operacional sob o método de distri- buição atual é de $ 160 mil, ao passo que os resultados operacionais obtidos por representantes seria de $ 175 mil. Baseando-se nos dados, seria mais benéfico que se optasse por utilizar os representantes de vendas, pois o resultado teria uma diferença de $ 15 mil a mais. Obtém-se, por meio da análise das receitas diferenciais, o mesmo resultado. Os custos diferenciais sobre os resultados operacionais indicam uma vantagem de $ 15 mil. Custo de oportunidade Tem-se o custo de oportunidade quando, diante de uma escolha entre algumas possibilidades, abdica-se do benefício potencial que uma alternativa representa, ao escolher outra que não traz o mesmo benefício. Custos perdidos Chama-se de custo perdido aquele que foi incluído sem haver possibilidade de mudança. Nenhuma decisão tomada, no tempo presente ou no futuro, vai fazer Classificações gerais de custo III10 com que um custo perdido seja modifi cado. Naturalmente, sendo custos não passíveis de alteração, não se pode pensar sobre eles como custos diferenciais. É importante lembrar que, em uma decisão, deve-se sempre pensar em custos diferenciais, pois eles têm relevância, devido à sua possibilidade de mudança, ao passo que os custos perdidos devem ser ignorados. Para ilustrar os custos perdidos, pode-se pensar no exemplo de uma fábrica que investiu um valor determinado na compra de uma máquina. À medida que os anos vão passando, surgem novas máquinas, fazendo com que a antiga se torne obsoleta. O custo sobre a máquina foi incorrido e não pode ser desfeito. O Quadro 1 traz um resumo dos diversos conceitos de custos apresentados neste capítulo, com base em Garrison, Noreen e Brewer (2013). Fonte: Adaptado de Garrison, Noreen e Brewer (2013). Finalidade da classificação de custo Classificações de custo Preparar demonstrações contábeis externas Custos de produto (inventariáveis) Materiais diretos Mão de obra direta Custos indiretos de produção Custos de período (registrados) Custos não relacionados à produção Custos de venda Custos administrativos Prever o comportamento dos custos em resposta às variações nas atividades Custos variáveis (proporcionais à atividade) Custos fixos (constantes no total) Custos mixos (possuem um elemento variável e um elemento fixo) Atribuir custos a objetos de custos (p. ex.: departamentos ou produtos) Custos diretos (podem ser facilmente associados) Custos indiretos (não podem ser facilmente associados) Tomar decisões Custos diferenciais (diferem entre alternativas) Custos perdidos (custos passados que não são afetados por uma decisão) Custos de oportunidade (benefícios abdicados) Quadro 1. Resumo das classificações de custo 11Classificações gerais de custo III GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. Porto Alegre: AMGH, 2013. MARQUES, W. L. Contabilidade gerencial à necessidade das empresas. Sorocaba: Cidade, 2013. OLIVEIRA, N. G. Gestão de custos e formação de preços. 2010. Disponível em: <https:// slideplayer.com.br/slide/10800168/>. Acesso em: 23 set. 2018. Classificações gerais de custo III12
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