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LORENA TCC MEDIACAO E DIREITO DE FAMILIA PRONTO

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2
	
	FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE DIREITO
LORENA RODRIGUES LEAL
A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS PARA O DIREITO DE FAMÍLIA
PRESIDENTE PRUDENTE - SP
2021
	
	FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE DIREITO
LORENA RODRIGUES LEAL
A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS PARA O DIREITO DE FAMÍLIA
Trabalho de Conclusão, apresentado a Faculdade de .................., Curso de Direito, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para a sua conclusão.
Orientadora: Licia Pimentel Marconi
Presidente Prudente - SP
2021
LORENA RODRIGUES LEAL
A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS PARA O DIREITO DE FAMÍLIA
Trabalho de Conclusão, apresentado a Faculdade Ciências Humanas E Sociais Aplicadas, curso de Direito, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para a sua conclusão.
Presidente Prudente, ... de .......... de 2021.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. Dr. Orientador
Universidade do Oeste Paulista – Unoeste
Presidente Prudente-SP
_______________________________________________
Prof. Dr. 
Instituição
Local
_______________________________________________
Prof. Dr. 
Instituição
Local
 
 Dedico este trabalho aos meus pais Silvana Donizete Rodrigues e Raimundo Linfante Leal, como amor. 
 
 Lorena
AGRADECIMENTOS
Primeiramente quero agradecer à Deus, pela minha vida e por me ajudar a ultrapassar todos os obstáculos encontrados ao longo do curso, ao qual tive saúde, fé e sabedoria para prosseguir.
Agradeço aos meus pais Silvana Donizete Rodrigues e Raimundo Linfante Leal, que me incentivaram a ser estudiosa e alcançar os meus sonhos. Desde o início me deram amparo emocional, financeiro, conselhos e palavras positivas durante estes 5 anos. Eles são o espelho do cuidado, proteção e amor.
A minha madrinha Mercedes Lourdes da Silva que é minha segunda mãe, ela sempre esteve ao meu lado nos momentos bons e ruins. Cuidou de mim desde criança e sempre me aconselhou a seguir o caminho do bem, incentivando a estudar para conseguir o melhor.
A minha irmã Adrielli Rodrigues dos Santos, que sempre esteve comigo em todos os momentos e acredita no meu progresso.
A professora orientadora Dra. Lícia Pimentel Marconi pelo auxilio, dedicação e comprometimento em me ajudar na elaboração do projeto. Excelente profissional e pessoa, pelo qual tenho grande admiração.
Aos professores e Coordenador do curso de Direito, que através dos seus ensinamentos e otimismo, permitiram que eu pudesse hoje estar concluindo este trabalho, são excelentes corpo docentes.
Aos meus colegas de turma, por compartilharam comigo momentos de aprendizados e por todo companheirismo ao longo deste percurso que serão lembrados para sempre.
À Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), essencial no meu processo de formação profissional, pela dedicação e pelo fornecimento de dados e materiais que foram fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Muito obrigada a todos.
 “Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura experiência feita, que leve em conta as suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe ser sujeito de sua própria história”. 
 (Paulo Freire)
RESUMO
A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS PARA O DIREITO DE FAMÍLIA
A mediação de conflitos é um método auto compositivo que busca findar o conflito através do diálogo e de técnicas próprias da mediação e pode ser compreendia como uma prática de aprimoramento inclusa no Novo Código de Processo Civil de 2015, em decorrência da necessidade de integrar medidas alternativas ao ordenamento jurídico, em razão da inegável dificuldade do acesso à Justiça e da escassez Judiciária em solucionar os conflitos familiares. Tal medida possui a finalidade de promover efetividade das normas, eficácia jurídica e a diminuição dos danos causados pelo litígio, que, por sua vez, afetam tanto na celeridade processual, quanto nos relacionamentos interpessoais. Entende-se, então, que essa prática necessita de estímulo por todos os participantes e operadores do direito para a obtenção de resultados positivos.
PALAVRAS-CHAVES: Mediação; Acesso à Justiça; Efetividade das normas; Solução de conflitos familiares; Necessidade do estímulo da mediação.
ABSTRACT
THE IMPORTANCE OF CONFLICT MEDIATION FOR FAMILY LAW
Conflict mediation is a self-composing method that seeks to end conflict through dialogue and mediation techniques and can be understood as an improvement practice included in the 2015 New Civil Procedure Code, due to the need to integrate alternative measures to the legal system, due to the undeniable difficulty of access to Justice and the Judicial scarcity in resolving family conflicts. This measure has the purpose of promoting the effectiveness of the rules, legal effectiveness and the reduction of damages caused by the litigation, which, in turn, affect both procedural speed and interpersonal relationships. It is understood, then, that this practice needs encouragement by all participants and operators of the law to obtain positive results.
KEYWORDS: Mediation; Access to justice; Effectiveness of standards; Family conflict resolution; Need to stimulate mediation.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	9
2 EFETIVO ACESSO À JUSTIÇA	12
 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA	13
3 A CRISE DO PODER JUDICIÁRIO	18
 3.1 CONCILIAÇÃO, NEGOCIAÇÃO E ARBITRAGEM	20
4 MEDIAÇÃO	22
6 MEDIAÇÃO E ATUAÇÃO DOS MEDIADORES	28
7 DOS PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A MEDIAÇÃO NA ESFERA FAMILIAR	33
8 O ADVOGADO E A PRÁTICA DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NO ÂMBITO FAMILIAR	35
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS	37
REFERÊNCIAS	39
	
1 INTRODUÇÃO
A mediação pode ser entendida como um processo que envolve uma forma flexível, voluntária e confidencial de resolução alternativa de disputas , em que um terceiro neutro, auxilia as partes a trabalharem para uma solução negociada de sua disputa, com as partes mantendo o controle da decisão de resolver ou não e sobre o que termos.
Quaisquer acordos feitos durante a mediação não são juridicamente vinculativos no sentido de serem executáveis ​​em um tribunal. Algumas pessoas decidem pedir a um advogado para examinar o acordo, e o acordo pode ser usado em tribunal numa fase posterior, a fim de criar um mandado de consentimento.
Uma Reunião de Avaliação de Informações de Mediação é a primeira reunião que ajudará a determinar se a mediação será adequada às suas circunstâncias e se o ajudará a chegar a um acordo.
Um mediador é uma pessoa treinada para ajudar chegar a um acordo sobre questões sem tomar partido. Eles ajudam os indivíduos durante a negociação para tentar chegar a um acordo.
Os mediadores não tomam decisões e não forçam os mediados a concordarem.  Alguns advogados, assistentes sociais e outros profissionais são treinados para serem mediadores.
Diante da crise do judiciário, de alta demanda em processos que ainda estão em trânsito, faz-se necessário nessas questões que envolvam o Direito de família o mediador, como sujeito, subjetivo na situação, neutro, treinado, e que compreenda a o desacordo familiar envolvido no litigio, de maneirasensível para que assim acordos ocorram de forma não litigiosa. 
Deste modo, esta monografia tem objetivo geral uma análise acerca da mediação com intuito de incentivar a aplicação dos institutos da mediação no direito de família para tornar possível a solução dos conflitos de forma consensual viabilizando os danos causados pelo embate preservando a convivência familiar. 
A escolha do tema justifica-se pela necessidade de tornar conhecida a mediação como medida de pacificação social, solução adequada de conflitos familiares, pois além de resolver o litígio ele ainda trata o relacionamento dos envolvidos e, ajuda a promover o justo acesso à Justiça, sendo uma das ferramentas utilizadas pelos Tribunais na efetivação dos serviços prestados pelo Judiciário. 
Todavia, implementar a mediação em uma sociedade tipicamente litigiosa é uma tarefa árdua que desafia a administração Pública e os vieses existentes. 
É necessário ter-se em vista que esta agregação precisa de preparo físico, material e administrativo dos Órgãos destinados a resolverem os conflitos de maneira consensual em parceria com a sociedade e os operadores do Direito, pois trata-se, também, de conscientização a respeito de uma crise que se perpetua ao longo dos anos.
A metodologia utilizada, para a construção desta pesquisa foi a de pesquisa qualitativa com ênfase em analises bibliográficas, onde se consultou doutrinas, leis, livros e artigos que pudessem contribuir para a construção da escrita teórica, e uma análise da mediação pelo viés do Direito de família deste projeto deu-se através de pesquisas bibliográficas em livros, Leis e doutrinas específicas que trazem clareza e entendimento sobre o tema. 
A princípio, no primeiro capítulo, a discussão tem o intuito de compreender a importância da efetividade do acesso à justiça, partindo do pressuposto de que não é apenas direito de ação, mas de um acesso justo mediante as necessidades do cidadão.
O segundo capítulo compreenderá os pontos importantes da evolução histórica e a partir desta, identificará as mudanças ocorridas ao longo do tempo e que são importantes para a mediação e as demais formas de medidas alternativas de solução de conflitos.
Em seguida, objetiva dar enfoque a problemática enfrentada pelo Poder Judiciário, visando agregar mecanismos da mediação aos conflitos familiares buscando transformar a cultura contenciosa dos litígios em pacífica e, assim atuar em busca do bem estar social em razão da preservação dos relacionamentos.
Após, serão analisados, brevemente, os demais institutos de soluções consensuais de conflitos, que, juntamente com a mediação são medidas de pacificação dos litígios.
 E, ainda, buscará entender a mediação em sua forma, seus objetivos e seu campo de atuação, pois, antes de abordar especificamente a esfera familiar, é importante compreender o que de fato é a mediação e suas funções.
Posteriormente, já entendendo o que é a mediação, o trabalho versará sobre a mediação como forma adequada de solucionar os conflitos familiares, trazendo à tona a integração entre o conflito e a solução cabível visando à preservação destes. 
Por fim, será abordada a importância do incentivo e da participação dos advogados para a eficácia da prática da mediação voltada ao direito de família, pois por ser uma prática “moderna”, traz temor por parte dos patronos, que, muitas das vezes, não conseguem ver a importância que é o uso da mediação por já estar adaptado a litigar. 
É certo que para o perfeito funcionamento da mediação faz-se necessário que todo o corpo funcione em harmonia, tornando-se assim indispensável sua atuação à realização e eficiência da mediação não somente na esfera familiar, mas de forma geral.
2 EFETIVO ACESSO À JUSTIÇA
Para aprofundar a pesquisa é importante primeiramente abordar o acesso à justiça, que segundo o entendimento de Mauro Cappelletti e Bryant Garth, é requisito fundamental e básico dos direitos humanos, devendo o sistema ser igualitário e acessível a todos[footnoteRef:1]. [1: CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Tradução Ellen Gracie Nortfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1988, p.12. ] 
De nada adianta o cidadão ser possuidor de direitos, conforme determina a lei e na hora de usufruí-los ela ser inerte. A Constituição Federal diz em seu artigo 5º, inciso XXXV que todo e qualquer indivíduo possui a prerrogativa de recorrer ao Judiciário e nele obter amparo para resolver os conflitos que o acometam ao passo de que a ordem jurídica e a cidadania relacionam-se entre si a fim de promover estabilidade jurídica. 
Neste sentido, do acesso a justiça e sua conceituação Mancuso expressa que:
 O conceito de acesso à justiça não pode mais se manter atrelado a antigas e defasadas acepções – que hoje se podem dizer ufanistas e irrealistas – atreladas à vetusta ideia do monopólio da justiça estatal, à sua vez assentado numa perspectiva excessivamente elástica de “universalidade/ubiquidade da jurisdição” e, também, aderente a uma leitura desmesurada da “facilitação do acesso”, dando como resultado que o direito de ação acabasse praticamente convertido em... dever de ação, assim insuflando a contenciosidade ao interno da sociedade e desestimulando a busca por outros meios, auto ou heterocompositivos. [...] A questão hoje transcende o tradicional discurso do acesso ao Judiciário, para alcançar um patamar mais alto e mais amplo, qual seja o direito fundamental de todos, num Estado de Direito, a que lhes sejam disponibilizados canais adequados e eficientes de recepção e resolução dos conflitos, em modo justo, tecnicamente consistente e em tempo razoável. (MANCUSO, 2011, p. 24 e 33).
No entanto, para o justo exercício do acesso à justiça nos dias de hoje é necessário entender que não se trata apenas de direito de ação, mas de uma tutela jurisdicional justa que resulte em eficiência e presteza, conforme estabelece o artigo 4º do Novo Código de Processo Civil.
Com base na leitura do livro “Acesso à Justiça” de Mauro Cappelletti e Bryant Garth, extrai-se os principais responsáveis pela ineficiência do Poder Judiciário, como por exemplo, o alto valor das custas judiciais, a demora em se conseguir findar o processo com excelência, que de certa forma influencia as partes a se contentarem com o que os oferecer mesmo se for inferior ao que a causa realmente merece, a possibilidade das partes e a desigualdade que assola a sociedade, fazendo com que uma parte se beneficie mais que a outra, fatores estes que precisam ser urgentemente superados para que a prestação Jurisdicional ocorra com primor[footnoteRef:2]. [2: Ibidem, p. 15.] 
Para Cappelletti e Garth, os meios de solucionar os problemas de acesso à justiça se deram em três momentos denominados de “ondas”, a primeira onda foi a assistência judiciária, a segunda foi a representação jurídica para os interesses difusos, ou seja, coletivos e a terceira foi o enfoque de acesso à justiça, esta terceira abarca a criação dos meios alternativos para a efetivação do acesso à justiça e os descreveu da seguinte forma:
 O novo enfoque de acesso à justiça, no entanto, tem alcance muito mais amplo. Essa “terceira onda” de reforma inclui a advocacia, judicial ou extrajudicial, seja por meio de advogados particulares ou públicos, mas vai além. Ela centra sua atenção no conjunto geral de instituições e mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados para processar e mesmo prevenir disputas nas sociedades modernas. Nós o denominamos “o enfoque do acesso à Justiça” por sua abrangência. Seu método não consiste em abandonar as técnicas das duas primeiras ondas de reforma, mas em tratá-las como apenas algumas de uma série de possibilidades para melhorar o acesso[footnoteRef:3]. [3: CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Tradução Ellen Gracie Nortfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1988, p. 67.] 
 A “terceira onda” foi marcada por estabilizar a perspectiva do acesso à justiça de formaque agregue todas as técnicas plausíveis para a melhoria do acesso, ou seja, faz uma harmonização das três ondas.
Esta desempenha, de maneira moderna, a busca pela solução dos conflitos por meios pacíficos, o que é ótimo para a sociedade. Esta visão contribui para a celeridade processual, de maneira que satisfaz os litigantes e não menos importante, desafoga o Judiciário na busca pela eficiência jurisdicional, como se verá em breve. 
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Antes de adentrar a crise do Poder Judiciário, é importante tratar a respeito da evolução histórica no Brasil, para que se compreendam os detalhes que originaram não apenas a mediação, mas os métodos consensuais em geral.
Em 1824 houve a promulgação da Constituição do Brasil Império, nela constava pela primeira vez o incentivo a realização das práticas alternativas na tentativa de solucionar os litígios no Brasil, precisamente em seus artigos 160, 161 e 162, sendo este terceiro artigo responsável pela criação do Juiz de Paz, responsável por promover a conciliação à época e era eleito democraticamente. 
 O estímulo à conciliação e a criação da figura do juiz de paz, para os historiadores, representam uma ação dos liberais contra os conservadores, pois com estes institutos procuravam fazer frente ao excessivo Autoritarismo do Estado. O raciocínio era de que, como todos os conflitos eram solucionados pelos funcionários do Judiciário, o juiz de paz, pessoa eleita pelo povo, portanto, teoricamente, de sua confiança, ao atuar, quebraria um pouco do autoritarismo estatal[footnoteRef:4]. [4: SILVEIRA, João José Custódio da. (Org.). Manual de Negociação, Conciliação, Mediação e Arbitragem. Introdução às Soluções Adequadas de Conflitos. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: Letramento, 2018, p. 28.] 
Em 1827 foi criada a Lei dos Juízes de Paz que houvera sido idealizada por liberais da época, onde em seu artigo 5º continha suas atribuições, e em seu § 1° constava a atribuição de incentivar às práticas conciliatórias. A criação da Lei dos Juízes de paz trouxe a expansão de suas atribuições, estabelecendo, uma conexão entre o povo e a Lei. 
Passado algum tempo as atribuições exercidas pelos Juízes de Paz sofreram mudanças, sem que o cumprimento de suas funções obtivesse êxito, pois o Brasil acabara de entrar no Período Regencial, regido pelos próprios liberais, deturpando a ideia inicial do cargo.
A partir de 1850 iniciou-se um novo momento, onde defendia-se a ideia de manter os métodos conciliatórios como medidas fundamentais para as relações comerciais, conforme mencionado pelo Decreto 737, de 25 de novembro de 1850, mais precisamente entre os artigos que vão do 23 ao 38 do capítulo I. 
Em 1871, A Consolidação das Leis de Processo Civil, Lei nº 2.033/71, estabeleceu em seu artigo 185 que: “em regra nenhum processo pode começar sem que se faça constar que se tem intentado o meio de conciliação perante o Juiz de Paz”[footnoteRef:5], tendo este sido rescindido em 1890 pelo Decreto 359, de 26 de abril de 1890, que apenas retirou a formalidade e a responsabilidade que o Estado possuía acerca de promover obrigatoriamente as conciliações, passando aos interessados que estivessem na administração de seus próprios bens, conforme dispõe Lagrasta, em Silveira (2018): [5: RIBAS, Antônio Joaquim. Consolidação das Leis de Processo Civil Comentada pelo Conselheiro Dr. Antônio Joaquim Ribas. 3. ed. Rio de Janeiro: Jacintho Ribeiro dos Santos, 1880, p. 117.] 
 Desta forma, foi abolida a tentativa obrigatória de conciliação, antes do processo judicial, porém, foi mantido o reconhecimento de efeito aos acordos celebrados pelas partes que estiverem na livre administração de seus bens sob a forma de escritura pública ou termo nos autos, e às decisões proferidas em sede de juízo arbitral, ou seja, a conciliação continuava tendo seu valor, mas o Estado não mais disponibilizava estrutura própria para sua promoção. Assim seguindo as ideologias vigentes no final do século XIX e início do século XX, período marcado pelo Estado Liberal, a Constituição Federal de 1891 não tratou em nenhum momento, da conciliação ou da Justiça de Paz[footnoteRef:6]. [6: SILVEIRA, João José Custódio da. (Org.). Manual de Negociação, Conciliação, Mediação e Arbitragem. Introdução às Soluções Adequadas de Conflitos. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: Letramento, 2018, p. 30.] 
Após este momento, o cenário do Juiz de Paz mudou, não tendo mais a ver com questões conciliatórias, mas sim com o casamento, mas isso bem mais à frente. E em relação aos métodos conciliatórios, só foram previstos novamente no ordenamento jurídico com a edição do Código de Processo Civil de 1973, mas desta vez, veio na intenção de versar sobre direitos que admitissem transação, como meio de se findar o processo, conforme o artigo 331, do Código de processo civil de 1973. 
Um marco importante foi à criação dos Juizados especiais de pequenas causas, Lei 7.244/84, onde em seu artigo 2º incluiu a busca pela realização da conciliação para a solução dos conflitos sempre que possível. E, a partir deste momento, a inclusão dos métodos consensuais foi se ampliando, inclusive, constando no preâmbulo da Constituição Federal de 1988, que determina o compromisso de se resolver os conflitos de forma pacífica.
Alguns anos depois a Lei 7.244/84, que regularizava os Juizados especiais de pequenas causas obteve tantos pontos positivos que resolveram modifica-la, ganhando o nome de Juizados Especiais, pois não trataria apenas de causas civis, mas também criminais, ou seja, aumentou o seu campo de atuação, sendo regida pela Lei 9.099/95, que mais uma vez propôs a ideia de se conciliar. Já em 1996 houve a criação da Lei de arbitragem, Lei n° 9.307/96. 
Os meios alternativos ganharam um espaço tão significante que os investimentos foram muitos, começaram a oferecer cursos e executar políticas públicas para tornar público o interesse pelos meios de solução de conflitos alternativos. 
Em 1998 foi formulado o Projeto de lei de Mediação n° 4.827-D, de 1998, que tinha a intenção de dispor uma base para dar norte à mediação, pois até este momento da história não se tinha um parâmetro sólido para executar as medidas consensuais. 
 Com o advento da Lei 9.307/96 (Lei de Arbitragem), houve a criação de centros de arbitragem, com a abertura destas instituições também à mediação, que floresceu em todo país, cultivada por mediadores independentes. Neste momento, alguns juízes e tribunais, em todo o Brasil, passaram a utilizar mediadores voluntários nos processos em andamento e surgiram diversos cursos de capacitação desses terceiros facilitadores, sem que houvesse, porém, qualquer critério pré-estabelecido, tanto na capacitação, quanto de seleção. Surgiu, então, a necessidade de institucionalização da mediação, com a apresentação de Projeto de lei, pela Deputada Zulaiê Cobra[footnoteRef:7]. [7: SILVEIRA, João José Custódio da. (Org.). Manual de Negociação, Conciliação, Mediação e Arbitragem. Introdução às Soluções Adequadas de Conflitos. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: Letramento, 2018, p. 33.] 
Outra medida que tornou possível a fundamentação dos meios alternativos foi à criação da Resolução n° 125/2010, do Conselho Nacional de Justiça, que veio para facilitar, trazendo significado para o exercício de tais práticas, bem como para mostrar que a inserção destas são instrumentos de segurança jurídica e aprimoramento ao Órgão Judiciário. Além de firmar seus valores, testificando a importância de se utilizar os métodos alternativos, denotando a busca pela eficiência jurisdicional e firma o dever de acesso à justiça. 
 As experiências desenvolvidas no Brasil permitem constatar que o acesso à justiça, como “acesso à ordem jurídica justa”, se viabiliza com a condução efetiva do processo pelo juiz – gerenciamento do processo e gestão cartorária – e com a utilização da unidade judiciária – que a Resolução n° 125 denominadade Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania -, responsável não só pelo trabalho com os métodos consensuais de solução de conflitos, mas também por serviços de cidadania e orientação jurídica, que levam à pacificação social, advindo daí o abrandamento da morosidade da justiça, a diminuição do número de processos e de seus custos, como consequências reflexivas[footnoteRef:8]. [8: SILVEIRA, João José Custódio da. (Org.). Manual de Negociação, Conciliação, Mediação e Arbitragem. Introdução às Soluções Adequadas de Conflitos. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: Letramento, 2018, p. 37.] 
Com a atualização do Código de Processo Civil, que passou a chamar-se Novo Código de Processo Civil, oriundo da Lei n° 13.105/15, que reservou um espaço ainda mais especial à conciliação e a mediação, onde proporcionou a iniciativa de estimular, por todos os operadores do Direito, a utilização dos métodos consensuais e assumiu um papel fundamental na busca pela solução dos conflitos, tornando-se meio importantíssimo para se alcançar o fim do litígio de forma positiva, conforme observado no artigo 334, do Novo Código de Processo Civil e pode-se observar a aparição destes meios em outros artigos como, por exemplo: 175, 319, inciso VII, 335, incisos II e II, entre outros artigos do mesmo código.
Como enfatiza Dias:
 Ao gerar deveres recíprocos entre os integrantes do grupo familiar, safa-se o Estado do encargo de prover toda a gama de direitos que são assegurados constitucionalmente ao cidadão. Basta atentar que, em se tratando de crianças e adolescentes, é atribuído primeiro à família, depois à sociedade e finalmente ao Estado (CF 227) o dever de garantir com absoluta prioridade os direitos inerentes aos cidadãos em formação” (DIAS, 2004, p. 64).
Em junho do mesmo ano criou-se a Lei n° 13.140/2015, que trata da mediação de maneira mais informal e prática, voltada para a autonomia dos interessados, delimitando a matéria de atuação. Vale ressaltar que implementou a realização da mediação no âmbito administrativo, como demonstra o artigo 32 da Lei 13.140/15, trazendo eficácia e instaurando a mediação extrajudicial, conforme observado pelos artigos que vão do 21 ao 23 da mesma Lei.
Insta salientar que a evolução histórica destes métodos teve grande influência na tentativa de solucionar a crise instaurada no Poder Judiciário, tendo como fator primordial a utilização de suas práticas para a efetividade da justiça, servindo, também, para diminuir a concentração das demandas litigiosas a fim de zelar a celeridade processual. 
3 A CRISE DO PODER JUDICIÁRIO 
Para se entender a importância da aplicação de medidas alternativas no ordenamento jurídico, antes é preciso que se entenda a crise Jurisdicional que vem se arrastando por anos.
As sociedades se modificam constantemente ao longo do tempo em busca de evolução e modernização, e no mundo dos litígios não seria diferente. É certo dizer que a ineficiência do Poder Judiciário se perpetua há anos e torna inviável manter a preferência pelas vias litigiosas, ou seja, faz parte da sociedade almejar o fim do litígio pela esfera jurisdicional, não reconhecendo outros meios, inclusive mais céleres e simples de se solucionar um conflito. Como enfatiza Peluso:
 O mecanismo judicial, hoje disponível para dar-lhes resposta, é a velha solução adjudicada, que se dá mediante produção de sentenças e, em cujo seio, sob influxo de uma arraigada cultura de dilação, proliferam os recursos inúteis e as execuções extremamente morosas e, não raro, ineficazes. É tempo, pois, de, sem prejuízo doutras medidas, incorporar ao sistema os chamados meios alternativos de resolução de conflitos, que, como instrumental próprio, sob rigorosa disciplina, direção e controle do Poder Judiciário, sejam oferecidos aos cidadãos como mecanismos facultativos de exercício da função constitucional de resolver conflitos. Noutras palavras, é preciso institucionalizar, no plano nacional, esses meios como remédios jurisdicionais facultativos, postos alternativamente à disposição dos jurisdicionados, e de cuja adoção o desafogo dos órgãos judicantes e a maior celeridade dos processos, que já serão avanços muito por festejar, representarão mero subproduto de uma transformação social ainda mais importante, a qual está na mudança de mentalidade em decorrência da participação decisiva das próprias partes na construção de resultado que, pacificando, satisfaça seus interesses. (PELUSO, 2010, p.10).
Tem-se neste cenário a supervalorização de se intentar a solução dos litígios pelas vias convencionais, na esperança de que o Poder Judiciário resolva todos os embates existentes, quando na verdade as pessoas possuem capacidade para resolver suas questões. 
Essa ideia de sempre querer que o Judiciário resolva sem ao menos tentarem, de forma amigável, compassiva e interativa, surge da monopolização estatal. Ao passar dos anos é notório que isto se mostraria ineficaz, trazendo descontentamento por parte da sociedade e sobrecarga por parte do Judiciário e, de certa forma, impedindo que o acesso à justiça acontecesse.
 O Estado, como garantidor da paz social, avocou para si a solução monopolizada dos conflitos intersubjetivos pela transgressão à ordem jurídica, limitando o âmbito da autotutela. Em consequência, dotou um de seus Poderes, o Judiciário, da atribuição de solucionar os referidos conflitos mediante a aplicação do direito objetivo, abstratamente concebido, ao caso concreto. [...][footnoteRef:9] [9: FUX, Luiz. Curso de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 41.] 
Torna-se necessário que ocorra mudança no cenário processual, pois a quantidade de processos existentes, o custo elevado do Poder Judiciário, a quantidade de juízes, servidores e auxiliares da justiça que não suprem a demanda, a ausência de diálogo entre o Estado e a sociedade, o amadurecimento dos cidadãos com relação à consciência de seus direitos faz com que cada dia mais o acervo processual aumente dificultando a eficiência jurisdicional e efetivando a incapacidade de diminuir processos pendentes são resultados da negligência do Estado.
 O Poder Judiciário, ao não manter comunicação eficiente com a população, dela acabou se afastando de tal forma, que a fez tomar o caminho da renúncia aos direitos ou a estimulou a procurar caminhos inadequados para a resolução de seus conflitos[footnoteRef:10]. [10: SILVEIRA, João José Custódio da. (Org.). Manual de Negociação, Conciliação, Mediação e Arbitragem. Introdução às Soluções Adequadas de Conflitos. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: Letramento, 2018, p. 119.] 
Outro ponto importantíssimo é a forte influência da crise política vivida no Brasil, que resultou em instabilidade jurídica. O Poder Judiciário vem exercendo atribuições que em suma não pertencem a ele, fazendo com que as demandas aumentem, contribuindo para a sobrecarga, ineficiência e falta de presteza por parte da entidade.
Além de precisar efetivar sua participação e proporcionar uma ordem jurídica justa, o Judiciário ainda precisa voltar a atuar em sua esfera originária para melhor atender as necessidades da sociedade e para alcançar a estabilidade jurídica.
No intuito de desafogar o Judiciário e fazer com que o descontentamento por parte da sociedade cessasse, criou-se a EC 45/2004 que resultou na inclusão do inciso LXXVIII no artigo 5º da Constituição Federal, onde seu objetivo foi proporcionar a celeridade processual e garantir a inclusão de meios que efetivassem isso. 
Não bastante, a resolução 125/2010 veio para fundamentar o disposto no artigo 5º, para reforçar a introdução desses métodos, efetivar a prática de medidas alternativas, dar uma base de como proceder as inovadoras medidas alternativas e devolver a responsabilidade do Estado de garantir o acesso à justiça, que apesar de falha na administração e inércia, nunca deixou de ser dele.A perspectiva sob a qual foi traçada a Resolução leva em conta o fato de ser atribuída ao Poder Judiciário a função de garantir o acesso à justiça, como prestador de serviço público essencial à sociedade, indispensável à cidadania, necessário à solidificação da democracia e imprescindível ao Estado de Direito[footnoteRef:11]. [11: CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 43.] 
Denota-se que são muitos os fatores que levaram a existência da crise judiciária, mas que também são notórios os esforços que vem sendo feitos para revertê-la. 
Busca-se acalentar o Judiciário e, promover políticas públicas de qualidade voltadas ao incentivo de exercer a prática de métodos auto compositivos tendo em vista que ansiar o fim do litígio por vias consensuais é menos custoso, exaustivo, simples e célere, como se verá em breve. 
3.1 CONCILIAÇÃO, NEGOCIAÇÃO E ARBITRAGEM
Na procura por meios alternativos de solução dos litígios que transformassem o mundo das demandas contenciosas em demandas mais céleres, eficazes e que fossem menos dispendiosas, investiram nas chamadas “Resolução Apropriada de Disputas” ou RADs. 
Essas resoluções apropriadas servem como base para que a justiça seja aplicada de forma justa e intimista, no propósito de resolvê-lo da forma que melhor aprouver. Entre elas, as mais conhecidas são: mediação, conciliação, negociação e arbitragem.
Em seguida serão apresentadas, brevemente, a conciliação, a negociação e a arbitragem, pois o objetivo do trabalho abarca em especial a mediação.
A proposta conciliatória se faz presente desde a Constituição Federal de 1824, ganha uma perspectiva diferenciada na década de 70, com a reformulação do Código de Processo Civil de 1973.
A inclusão da conciliação aos demais ritos do ordenamento jurídico proporciona uma maior participação frente à solução dos litígios e torna vigente a proposta de modernização do Judiciário, bem como o combate a crise jurisdicional.
Ela será utilizada em casos conflituosos de menor complexidade, ocorrerá a conciliação, preferencialmente em casos que as partes não possuam vínculo anterior, conforme artigo 165, § 2º do Código de Processo Civil, sendo está uma das grandes diferenças entre a conciliação e a mediação. 
O artigo 3º, §3º do Novo Código de Processo Civil prevê que todos os métodos consensuais de solução de conflitos devem ser estimulados por todos os operadores do Direito, estabelecendo que, se para aquele conflito específico a melhor solução é a negociação, então é esta que deve ser incentivada.
A negociação é exercida com base no diálogo direto. O artigo 6º do Novo Código de Processo Civil alude claramente o incentivo a cooperação entre as partes, de modo a impedir que haja o exercício de uma cultura adversária. 
Segundo Carlos Eduardo de Vasconcelos:
 A negociação é quando as partes resolvem o conflito de forma direta, sem que haja a intervenção de terceiros. Deve ser baseada em princípios e ser cooperativa, pois não tem por objetivo eliminar, destruir ou derrotar a outra parte, mas sim estabelecer acordo em que ambas as partes se satisfaçam, ou seja, que o resultado seja de ganhos mútuos[footnoteRef:12]. [12: VASCONCELOS, Carlos Eduardo de. Mediação de conflitos e práticas restaurativas. São Paulo: Método, 2008, p. 35.] 
Já a arbitragem é hetero compositiva, ou seja, é necessário um terceiro neutro para intervir de forma decisória no litígio, mas permanece mantido o dever de ser célere, eficiente, sigiloso e econômico. 
A arbitragem atua em casos relativos a direitos patrimoniais disponíveis, ou seja, relativos a questões econômicas que as partes dispõem, conforme estabelece o artigo 1º da Lei de Arbitragem n° 9.307/96. 
A decisão proferida pelo Juiz Arbitral possui os mesmos efeitos das proferidas pelo Judiciário (artigo 31, da Lei de Arbitragem), ou seja, mantem-se título executivo judiciário, conforme artigo 515, inciso VII do NCPC e a sentença proferida não se submete a recurso, sequer a homologação pelo Poder Judiciário, de acordo com o artigo 18 da Lei de Arbitragem n° 9.307/96.[footnoteRef:13] [13: O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.] 
4 MEDIAÇÃO 
Sabe-se que com a sobrecarga do Poder Judiciário, a saída foi efetivar as práticas alternativas para solucionar os conflitos.
 Desta forma, vale ressaltar que o presente trabalho versará apenas sobre a mediação, pois tem por objetivo empregar a mediação como instrumento de pacificação social nos conflitos familiares.
 A Mediação é uma técnica de resolução de conflitos, não adversarial, que sem imposições de sentenças ou de laudos, e, com um profissional devidamente formado, auxilia as partes a acharem seus verdadeiros interesses e a preservá-los num acordo criativo onde as duas partes ganhem. (VEZULLA. 1994, p. 15).
 A mediação constitui-se método auto compositivo, significa dizer que a solução dos conflitos acontece entre as partes e possui um terceiro imparcial e neutro com a função de facilitar o diálogo entre os envolvidos, dando a eles a autonomia para melhor solucionarem o conflito de forma construtiva e cooperativa sendo ela meio de pacificação social. Mediação assim, compreende o envolvimento de um terceiro imparcial para apoiar e ajudar os envolvidos em um conflito a encontrar uma solução.
A principal diferença entre negociação e mediação é que, na negociação, as partes envolvidas elaboram seu próprio acordo. (VEZULLA. 1994). 
Na mediação, eles contam com o apoio de terceiros, o mediador, para ajudá-los a chegar a um acordo. A mediação, formal ou informal, geralmente pode ajudar a resolver conflitos que foram além do estágio de negociação.
Deste modo, o grande diferencial entre o mediador e o advogado que irá lidar com os processos de família, é que o segundo tratará as questões no aspecto da lei, e o primeiro irá relevar inúmeros fatores, um deles a questão emotiva por traz dos conflitos observados. (VEZULLA. 1994).
Em uma mediação, as partes não podem ser obrigadas a divulgar informações que preferem manter em sigilo. Se, a fim de promover a resolução da disputa, uma parte decidir divulgar informações confidenciais ou fazer admissões, essas informações não podem, ser fornecidas a ninguém - inclusive em litígios judiciais ou arbitragem subsequentes - fora do contexto do mediação.. (VEZULLA. 1994).
A confidencialidade da mediação permite que as partes negociem de forma mais livre e produtiva, sem medo de publicidade. Nesta questão enfatiza Braga Neto, que
 Devendo significar que os fatos, situações, documentos, informações e propostas, expostas durante a mediação, guardem o necessário sigilo e exigir daqueles que participaram do processo, obrigatoriamente, mantê-lo sobre todo conteúdo a ele referente, não podendo ser chamados para eventual testemunho em situações ou processos futuros [...] (BRAGA NETO, 2007, p. 97).
A mediação, assim, é um procedimento baseado em interesses, desse modo devendo assim ser um equilíbrio de vontades. No contencioso judicial ou na arbitragem, o resultado de um caso é determinado pelos fatos da disputa e pela lei aplicável.
Em uma mediação, as partes também podem ser guiadas por seus interesses comerciais. Como tal, as partes são livres para escolher um resultado que seja orientado tanto para o futuro de sua relação comercial quanto para sua conduta passada. (VEZULLA. 1994).
Quando as partes se referem aos seus interesses e se engajam no diálogo, a mediação geralmente resulta em um acordo que cria mais valor do que teria sido criado se a disputa subjacente não tivesse ocorrido.
Por ser não vinculativa e confidencial, a mediação envolve risco mínimo para as partes e gera benefícios significativos. Com efeito, pode-se dizer que, mesmo quando a solução não é alcançada, a mediação nunca falha, pois faz com que as partes definamos fatos e as questões do litígio, preparando assim, em qualquer caso, o terreno para uma posterior arbitragem ou procedimento judicial.
Geralmente, há algumas regras básicas de comunicação e confidencialidade que são essenciais, mas também pode haver outras pertinentes a essa situação. Por exemplo, o mediador deverá definir que apenas uma pessoa fale de cada vez e, enquanto alguém está falando, as outras ouvem em silêncio, que não deve haver abuso verbal a qualquer momento e que tudo o que acontece permanece confidencial, a menos que ambas as partes concordam em falar sobre isso fora da mediação. 
O papel do mediador também deverá também ser definido: ser imparcial e ajudar as partes a alcançar sua solução, mas também proteger as partes umas das outras, se necessário.
Sobre o processo da mediação, deve-se considerar se haverá reuniões separadas com cada parte para desenvolver uma melhor compreensão dos problemas antes de mediar uma reunião conjunta.
O mediador, assim precisa ser dotado de conhecimentos que permitam ou garantam que o conflito entre as partes possa ser atenuado.
Deste modo, há certos princípios que norteiam e servem como parâmetros para a boa aplicação da mediação, como compreendido, princípios são meios de fundamentar preceitos, são responsáveis por efetivar a validação da norma, dando a ela legitimidade. São orientações a serem seguidas em um ordenamento jurídico.
Segundo Miguel Reale:
 [...] Princípios são, pois, verdades ou Juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos a dada porção da realidade. Às vezes também se denominam Princípios certas proposições que, apesar de não serem evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de conhecimentos, como seus pressupostos necessários[footnoteRef:14]. [14: REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 60.] 
Neste sentido, princípios são fundamentos que dão base às normas existentes. São integram o direito quando há ausência de clareza. Assim, o artigo 166, caput, do NCPC dispõe que: “a conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia de vontade, da confidencialidade, da oralidade e da decisão informada”.
No que lhe concerne, o artigo 2º da Lei de Mediação n° 13.140/2015, dispõe que: “A mediação será orientada pelos seguintes princípios: I – imparcialidade do mediador; II – isonomia entre as partes; III – oralidade; IV – informalidade; V – autonomia da vontade das partes; VI – busca do consenso; VII – confidencialidade; VIII – boa-fé” [footnoteRef:15]. [15: BRASIL. Mediação (2015). Lei de Mediação. Artigo 2º. Brasília, DF. Senado Federal, 2015.Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em 08 mar. 2020. ] 
E no artigo 1º do Código de Ética de Conciliadores e Mediadores Judiciais diz que: “São princípios fundamentais que regem a atuação de conciliadores e mediadores judiciais: confidencialidade, competência, imparcialidade, neutralidade, independência e autonomia, respeito à ordem pública e às leis vigentes” [footnoteRef:16]. [16: BRASIL. Resolução (2010). Resolução n° 125. Anexo III. Código de Ética de Conciliadores e Mediadores Judiciais. Artigo 1º. Conselho Nacional de Justiça, 2010. Disponível em: <https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/atos-normativos?documento=156>. Acesso em 10 mar. 2021.] 
5 DA MEDIAÇÃO E SEUS PRÍNCIPIOS
O Princípio da imparcialidade, este princípio está especificado no artigo 1º do Código de Ética de Conciliadores e mediadores Judiciais da Resolução 125/2010 do CNJ, a ele é atribuído à ideia de que não pode o mediador se envolver no conflito de forma direta e pessoal. 
A função dele é contribuir de forma profissional neutra para que o conflito seja sanado. Não pode atuar com preferência ou favoritismo. 
E em caso de impedimento, o Novo Código de processo civil estabelece em seu artigo 170, que o conciliador ou mediador deve comunicar de imediato, devolvendo os autos ao Juiz do processo ou ao coordenador do CEJUSC para que seja feita uma nova distribuição. O parágrafo único do artigo 170 do Código de Processo Civil prevê a hipótese de a apuração de impedimento ser feita no decorrer do procedimento, neste caso deve a atividade ser interrompida, devendo constar na ata o ocorrido e solicitando uma nova distribuição. Na condição de impedido e mesmo assim atuar em procedimentos relacionados à conciliação e a mediação, este será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores, de acordo com o artigo 173, inciso II, do Código de Processo Civil.
Estes fatos reforçam que a imparcialidade é condição essencial para o exercício da função de mediador.
O Princípio do respeito à ordem pública e às leis vigentes, este princípio tem como objetivo estipular limites quanto à liberdade de negociação, para que nenhuma lei seja ferida ou descumprida.
 Embora as pessoas sejam livres para gerenciarem suas próprias questões, a ordem pública e as leis precisam ser seguidas, pois nelas estão as questões coletivas que, consequentemente traz estabilidade e segurança a um País, tendo como base o princípio constitucional da legalidade, como se observa o artigo 5º da Constituição Federal[footnoteRef:17] [17: Artigo que dispõe que todos os cidadãos brasileiros são iguais perante a lei, diz respeito à igualdade, e retira a arbitrariedade, por sexo, religião ou cor.] 
Já o Princípio da independência e autonomia, O § 4º do Código de Ética dos Conciliadores e Mediadores Judiciais, da Resolução 125/2010 do CNJ expressa que é permitido atuar com liberdade, sem se prender a uma maneira única de exercer a mediação. 
E diz que não deve sofrer nenhum tipo de pressão, tanto interna quanto externa e assegura a ao mediador o direito de recusar, suspender ou interromper a sessão se ausentes às condições necessárias para seu bom desenvolvimento. 
Este princípio também está elencado no artigo 166, § 4º do Código de Processo Civil, onde reafirma que é livre a definição das regras procedimentais. Isso significa dizer que como cada situação será tratada e negociada de acordo com as suas necessidades, não tendo apenas uma forma de se resolver os conflitos, claro que sempre respeitando a Ordem pública e as Leis vigentes.
O Princípio da autonomia da vontade das partes é preceito fundamental para o exercício da mediação de conflitos, pois ele é responsável por dar liberdade às partes para que elas exerçam, espontaneamente, suas ações em prol de seus interesses.
E, mesmo sendo este um princípio que defende a liberdade das partes, dele se extrai exceções, pois o não comparecimento das partes às sessões de mediação gera multa de até 2% do valor pretendido ou do valor da causa, visto que a ausência dos envolvidos às sessões configura ato atentatório à dignidade justiça, conforme dispõe o artigo 334, § 8º do Código de Processo Civil, tal como não podem infringir as leis vigentes e a ordem pública no exercício de sua liberdade.
Todavia, é importante dizer que os demais princípios, de certa forma, estão inseridos nos mencionados acima, certos que independentemente de estarem inclusos nestes, cada princípio tem sua peculiaridade própria, ou seja, são fundamentais e importantíssimos para se compreender a mediação.
6 MEDIAÇÃO E ATUAÇÃO DOS MEDIADORES
A mediação possui o objetivo de trazer clareza às necessidades das pessoas. É uma negociação auxiliada que serve para facilitar os diálogos na busca pelo consenso. 
Assim, o mediador assegura as partes e cria com elas relação de confiança que é uma das necessidades para se chegar ao consenso, gerando credibilidade para que o problema seja resolvido de forma segura e acessível, pois esse tipo de método consensual lida diretamente com relações enfraquecidas e a interação familiar que na maioria das vezes já nem existe mais. Segundo Silva:No mundo inteiro cresce a tendência de solucionar conflitos fora do Estado, cuja burocracia judiciária é cara, demorada e ineficiente em todos os países do ocidente. Descobriu-se que, do mesmo modo que o cidadão é livre para contratar, negociar e assumir compromissos, também goza da mesma liberdade para resolver controvérsias que daí nascem. Se este conflito é com o Estado, mais uma razão para solucioná-lo por meios não oficiais, já que o Estado gasta carradas de dinheiro para financiar o Judiciário, não obstante o serviço prestado ser notoriamente ruim. (SILVA, 2009).
 A participação do mediador em casos como este é de suma importância, pois contribui na busca da solução do conflito e, também proporciona a restauração dos relacionamentos interpessoais que foram arruinados ao longo do tempo.
Decidir sobre a vida do outro é sim uma tarefa muito difícil, ainda mais quando se trata de interferência nos relacionamentos familiares, como por exemplo, Alimentos, Divórcio, Guarda, Dissolução de União Estável, entre outras ações. 
O intuito de se aplicar a mediação nesses casos parte da consciência de que cada caso é específico e possui peculiaridades únicas que merecem a devida atenção.
Além disso, os litigantes possuem capacidade para tomar decisões. Em parte dos casos só preferem se anular de suas escolhas por estarem adaptados a sempre ter o Estado decidindo por eles, gerando uma dependência negativa, pois, muita das vezes a decisão proferida por um terceiro parcial tende a trazer mais malefícios que benefícios, claro que isso não se aplica a todos os conflitos, deve-se analisar caso a caso, pois em determinados conflitos a melhor alternativa será a interferência direta.
Maria Berenice Dias diz que devem se atentar para o fato de que este ramo do direito exige uma percepção diferenciada, pois atinge diretamente a pessoas, os seus sentimentos, perdas e frustrações e, que estes precisam compreender a importante tarefa de atuar com delicadeza[footnoteRef:18]. [18: DIAS, Maria Berenice, Manual de direito das famílias, 4. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 109.] 
Para que haja efetividade no direito de família, a utilização da interdisciplinaridade é primordial, pois tem como base extrair conhecimentos externos a área do direito que contribuem para tornar as decisões mais justas, sem falhas. O que certamente tem ligação direta com os métodos alternativos, em especial com a mediação que trata a questão de restabelecer os vínculos e contribuir para que as decisões sejam tomadas de forma consensual, visando à pacificação dos conflitos. 
 Neste sentido, entende Maria Berenice que: “O aporte interdisciplinar, ao ampliar a compreensão do sujeito, traz ferramentas valorosas para a compreensão das relações dos indivíduos, sujeitos aos operadores do Direito com a lei” [footnoteRef:19]. [19: Ibidem, p.111.] 
O procedimento da mediação é composto por técnicas de negociação, que são escolhidas conforme a complexidade e a necessidade de cada caso concreto, certo que ambas as partes findam o conflito vencedoras, pois optaram por uma solução sensata que investigou a fundo para sanar por completo o conflito. 
Bacellar (p. 129) em Silveira, diz que: “As técnicas de um modelo consensual, como as da mediação, possibilitam a investigação dos verdadeiros interesses e conduzem à identificação diferenciada: uma coisa é o “conflito processado”; outra, o conflito real“ [footnoteRef:20]. [20: SILVEIRA, João José Custódio da. Org. Manual de Negociação, Conciliação, Mediação e Arbitragem. Introdução às Soluções Adequadas de Conflitos. 1. ed. Belo Horizonte, MG: Letramento, 2018, p. 129.] 
A ideia é utilizar técnicas que facilitam o diálogo e a compreensão na busca pelo fim do litígio. Essas técnicas tem a função de auxiliar o mediador a conduzir a sessão da melhor forma possível e servem de estímulo para que as partes encontrem a solução que mais lhes apraz.
 Elas têm como base estabelecer a comunicação do mediador com as partes, estabelecendo uma ponte de confiança entre eles e com isso fazê-los entender que não são rivais, que apenas tem pontos divergentes a serem trabalhados. Deve se desenvolver critérios objetivos e com base nisso ter em mente várias possibilidades para a solução do conflito. 
 A Lei de Mediação define a mediação como a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia. [...] O objetivo da mediação é mais amplo e todas as questões levantadas devem receber atenção do mediador, mesmo que decorram de outros fatos não especificados e de relações diversas das inicialmente apresentadas[footnoteRef:21]. [21: Ibidem, p. 132.] 
Para que os métodos alternativos surtem os efeitos desejados na esfera familiar, necessário se faz que o Estado fomente políticas públicas de qualidade, assim como os advogados no exercício de suas funções incentivem a preferência pela prática de soluções construtivas, para que em um futuro próximo os cidadãos, estes optem, naturalmente, pela via pacificadora a fim de resguardar ao máximo os relacionamentos familiares.
O artigo 165, § 3º dá preferência para a atuação da mediação em casos que as partes tenham vínculo anteriormente, isso porque a mediação se compromete em reestabelecer relações e identificar as oposições de cada pessoa a fim de encontrar o ponto em comum em seus posicionamentos, permitindo que cheguem a um consenso e, se possível, selem um acordo. 
Em especial, este método tem objetivos que atuam em sintonia com a ideia solucionar os conflitos familiares. Pode ter como foco a vida ou a história das partes, com o propósito de encontrar relação com o conflito, o que também se vê na esfera familiar.
O mediador deve seguir o que dispõe o artigo 167 do Novo Código de Processo Civil, ou seja, ser capacitado por meio de cursos que são oferecidos pelas entidades credenciadas, de acordo com o que é definido pelo Conselho Nacional de Justiça, conforme artigo 7º, inciso VI da Resolução 125/2010 do CNJ. 
Caso este seja advogado, não poderá exercer a advocacia nos Juízos em que desempenhe a função do caput do artigo 167, do Código de Processo Civil. O Tribunal ainda poderá se desejar, optar pela criação de quadro próprio de mediadores, que serão preenchidos por concurso público de provas e títulos, conforme o § 6º do artigo 167 do mesmo dispositivo legal. 
O artigo 169 do Código de processo Civil prevê que o mediador receberá remuneração pelos serviços prestados, conforme tabela fixada pelo Tribunal, de acordo com o estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça. Vale ressaltar que ainda que exista, de forma expressa, a remuneração do auxiliar da justiça, nada impede que este atue de forma voluntária, de acordo com o § 1º do artigo 169 do Código de Processo Civil.
O artigo 334 do Novo Código do Processo Civil diz que com o preenchimento dos requisitos essenciais na petição inicial e não sendo caso de improcedência liminar do pedido, deverá ser designado pelo Juiz audiência de conciliação ou de mediação, a depender do caso concreto. E, na tentativa de minimizar os danos, quando tratar-se de ações de família, na citação constarão apenas dados relevantes à audiência, sem a cópia da inicial, pois desta forma não gera nenhum tipo de descontentamento por parte do citado, sendo assegurado a este o direito de explorar o que dispõe o seu conteúdo a qualquer tempo, conforme assegura o artigo 695, § 1° do Código de Processo Civil.
Poderá ocorrer mais de uma audiência de mediação, não podendo ultrapassar a dois meses da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes, conforme se verifica no artigo 334, §2º do NCPC. 
Para a efetividade da mediação na esfera familiar, as sessões poderão ser divididas em quantas sessões forem necessárias para solucionar o conflito, sem que haja prejuízo jurisdicional, conforme artigo 696 do NCPC. 
Insta salientar que há casos emque a sessão não acontecerá de forma automática, como por exemplo, no caso do artigo 334, § 4º do NCPC, que diz que havendo manifestação expressa de desinteresse de ambas as partes a audiência não será realizada, estando ciente o autor que deve informar na petição inicial seu desinteresse pela audiência e o requerido deverá com pelo 10 dias de antecedência, contados da data da audiência, informar o seu também desinteresse, através de petição, conforme previsão expressa no § 5º do mesmo artigo e, em havendo litisconsórcio, todos devem manifestar o desinteresse pela realização da tentativa auto compositiva, como demonstra o § 6º, do mesmo artigo. Outra possibilidade da não realização da sessão de mediação é a que está prevista no artigo 340, §3º, que é em caso de alegação de incompetência, mas neste caso a audiência será apenas suspensa, caso tenha sido designada. Após a definição da competência, o Juízo competente remarcará a mesma.
Não podem as partes faltar injustificadamente às audiências, certo de que configurará ato atentatório à dignidade da justiça e gera multa de até 2% (dois por cento) da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, conforme artigo 334, §8º do NCPC, neste ponde é nítida a importância que o legislador trouxe para as práticas alternativas. É importante que os litigantes estejam acompanhados por seus advogados, ou, em caso de beneficiário da Justiça Gratuita, estejam assistidos pela Defensoria Pública. E, ao fim, se alcançada à finalidade pretendida e obtendo um acordo satisfatório, a ata será reduzida a termo e homologada por sentença, conforme artigo 334, § 10, do Código de Processo Civil, certo que não caberá recurso e razão de tratar-se de decisão homologatória, tendo transitado em julgado. 
Caso a tentativa de acordo não obtenha êxito, o processo seguirá seu curso, podendo em momento oportuno, requererem novamente a designação da sessão de mediação na tentativa de findar o conflito, considerando que esta é a melhor forma de solucionar problemas familiares, bem como visa à celeridade processual.
7 DOS PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A MEDIAÇÃO NA ESFERA FAMILIAR
Como já mencionado, a mediação é preferível em caso que as partes já possuam vínculo, pois nela se insere a aproximação possível para a administração do conflito. Conforme mencionado no artigo 694 do NCPC, nas ações de família, deverão ser feitos todos os esforços para que a solução do conflito se dê de forma consensual.
O direito de família passou por algumas mudanças nos últimos tempos, a título de exemplo está o artigo 226 da Constituição Federal de 1988, que testifica a proteção da família pelo Estado e é caracterizado por ser a área do direito que gere as relações familiares e as obrigações que destes decorrem. 
Como demonstrado a seguir, alguns princípios regem a estrutura familiar, alguns exemplos, são: o Princípio da proteção da dignidade da pessoa humana, este princípio está previsto no artigo 1º, inciso III da Constituição Federal de 1988 e atua de forma ampla, pois serve para valorar e resguardar a dignidade das pessoas. 
Na visão de Flávio Tartuce, trata-se este de um macro princípio, pois deste derivam outros princípios como a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência (artigo 8º do NCPC), ou seja, este princípio assegura a igualdade e a proteção aos indivíduos[footnoteRef:22]. [22: TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume único. 6. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016, p. 1183. ] 
 O Princípio da solidariedade familiar, sem este princípio torna-se inviável definir o direito de família, pois a família é proteção social, pois a solidariedade define o compromisso firmado entre os membros da família, baseado na reciprocidade, é condição essencial para os relacionamentos. 
Segundo Rolf Madaleno:
 
 A solidariedade é princípio e oxigênio de todas as relações familiares e afetivas, porque esses vínculos só podem se sustentar e se desenvolver em ambiente recíproco de compreensão e cooperação, ajudando-se mutuamente sempre que se fizer necessário[footnoteRef:23]. [23: MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. 8. ed., rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2018, p. 140.] 
O Princípio da igualdade entre filhos, o artigo 227, § 6º da Constituição Federal de 1988, estabelece que não há diferença entre filhos havidos durante a união ou não, bem como os adotivos, sendo vedada qualquer discriminação, esta redação foi necessária para superar de uma vez por todas a discriminação que existia no artigo 332 do Código Civil de 1916, certo que foi revogada pela Lei 8.560/92, que regulamentou a investigação de paternidade. 
O Princípio da igualdade entre cônjuges e companheiros, este princípio está fundamentado no artigo 226, § 5º da Constituição Federal e estabelece que: “Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher” [footnoteRef:24]. [24: BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Senado Federal, 1988. ] 
Não restam dúvidas de que este princípio é um avança glorioso para o direito de família, pois retirou a hierarquia patriarcal que existia e trouxe a igualdade como parâmetro para todas as esferas do Direito de Família.
8 O ADVOGADO E A PRÁTICA DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NO ÂMBITO FAMILIAR
É comum os advogados questionarem sua participação em casos onde há preferência pela solução da lide por vias consensuais, mas sabe-se que esta modernização implementada pelo Judiciário e ampliada para a sociedade não exime de forma alguma a participação dos patronos, principalmente em se tratando de questões familiares. Segundo Thomé:
 A mediação capacita os envolvidos no conflito para o exercício do livre desenvolvimento de suas personalidades, responsabilizando as pessoas por suas escolhas, tanto no momento da constituição, como no momento da desconstituição da família. Ser digno é ser autônomo, responsável, solidário com o próximo e com toda a sociedade e ser visto como “parte” em um conflito familiar, mas como uma pessoa singular e a mediação, quando oferece a possibilidade de autogerenciamento do conflito, com menor sofrimento para todos os envolvidos no processo de dissolução da sociedade, do vínculo conjugal e da dissolução da união estável, concretiza a dignidade de cada ser humano. (p. 13/14).
A mediação possui a função de contribuir para o melhor andamento da justiça e não para privar profissionais de exercerem suas funções. 
Ao optar pelas vias consensuais, o advogado não perde, na verdade ele expande conhecimento, traz mais segurança aos seus clientes, bem como os auxilia para que as decisões possuam benefícios mútuos, pois os métodos alternativos de solução de conflitos são notoriamente humanitários, e transmite a ideia de que o advogado fará o que estiver ao alcance para melhor ajudar a resolver o problema. 
 Na mediação, o poder de decisão cabe às partes. Somente às partes cabe a resolução do conflito em pauta. Ao mediador atribui-se a tarefa de facilitar a resolução dos conflitos. O mediador auxilia as partes a restabelecer comunicação entre si e a avaliar os objetivos, opções e consequências de seus atos, conduzindo a um entendimento que seja satisfatório para ambos. Esse entendimento é alcançado pelas partes, por intermédio da reflexão e de novos vínculos que aparecem, como fruto do dies, que antes encontrava se prejudicado; uma comunicação nova que permite às partes acordarem (SALES, 2003, p.47).
A opção consensual tende a ser mais célere, ou seja, além de ajudar a desafogar o Judiciário, os honorários são recebidos de forma rápida e as partes saem satisfeitas, pois os métodos alternativos fogem do famoso “perde-ganha”, isto é, ambas as partes tendem a sair resolvidas, o que é primordial para a pacificação dos conflitos familiares.O tradicional papel do advogado litigante cede lugar ao advogado negociador, que juntamente com o juiz conciliador, aponta ao interessado o modo mais conveniente para obter a solução dos conflitos que o aflige. Ninguém, principalmente os que trabalham com a família pode esquecer que o direito também é vida, é gente, é sociedade, é incessante e desesperada ânsia de alcançar o justo[footnoteRef:25]. [25: DIAS, Maria Berenice, Manual de direito das famílias, 4. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, 110.] 
O advogado é quem orienta e prepara o cliente para que durante as sessões ele esteja ciente do que acontecerá e se sinta seguro mediante tantas informações que serão recebidas, ele também colabora para um melhor funcionamento das mediações. O Código de Ética dos advogados prevê em seu artigo 2º que:
 
 O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da moralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer o seu ministério em consonância com a sua elevada função pública e com os valores que lhe são inerentes. Parágrafo único. São deveres do advogado: VI - estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios[footnoteRef:26]. [26: BRASIL. Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil. Conselho Federal da OAB, Brasília, DF, 2015. Disponível em: <https://s.oab.org.br/PDF/CFOAB-CED.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2020.] 
 O que reafirma o disposto no § 3º do artigo 3º do Código de Processo Civil[footnoteRef:27], ou seja, o estímulo envolve a todos. Por vezes o advogado está tão adaptado a litigar que tem dificuldades em receber coisas novas e a olhar por outra perspectiva. [27: A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.] 
Os métodos consensuais não lesam os advogados, o artigo 48, § 5º do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil determina a proibição da redução dos honorários contratados em caso de optar pelos métodos alternativos.
Todos cooperam para o bom funcionamento da justiça, executando com excelência suas atribuições, o caminho é longo, mas muito possível.
 Os advogados precisam reconhecer seu papel e exercê-lo com orgulho, pois não há nada mais gratificante que fazer o bem, e o que as pessoas mais precisam é de ter pessoas que entendam que por trás de cada processo existem vidas, que muitas das vezes necessitam de atenção, paciência, dedicação e tempo. 
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS	
O presente trabalho observou a importância de se utilizar o mecanismo da mediação para a melhor solução dos conflitos familiares, conflitos estes compostos por cargas emocionais demasiadas em ambos os lados, tornando-se necessária a criação de meios especializados para resolver os litígios. 
A atuação da mediação na esfera familiar confronta diretamente o mecanismo adversarial naturalmente conhecido e optado pelos jurisdicionados, traz à tona uma atmosfera consensual e simplória para a solução dos casos, o que significa dizer que a utilização desta prática resgata valores essenciais e estende sua eficácia para além do resultado pretendido, pois está se dá com base no diálogo, resguardando os valores essenciais para a mantença dos laços familiares e a solução do problema.
Logo, para que a aplicabilidade das práticas alternativas de maneira geral obtenha êxito, faz-se necessário o incentivo e o conhecimento delas não somente por parte dos operadores do Direito, mas da sociedade como um todo, tornando os métodos de solução de conflitos alternativos o anseio dos cidadãos visando findar os litígios por meio de instrumentos de pacificação social, conforme vem se consolidando ao longo dos anos por parte dos Tribunais, efetivando o justo acesso à justiça. Por conseguinte, a mediação proporciona maior efetividade na convivência familiar, pois resgata, quando necessário, o que é fundamental e repara os danos causados no decorrer dos relacionamentos, servindo de tratamento para os conflitos.
Vale ressaltar que a família se consagrou constitucionalmente uma das bases da sociedade, e significa dizer que seu funcionamento deve ser harmônico em prol da proteção dos relacionamentos, embora o que se tenha em muitos casos são pessoas emocionalmente feridas, magoadas e por vezes com sentimento de culpa. 
Nesta seara, mostra-se evidente a necessidade de se estimular por todos os operadores do Direito a utilização de métodos adequados para solucionar os conflitos, pois esta visa promover conversas produtivas embasadas em técnicas de mediação que são escolhidas mediante a peculiaridade de cada caso, a fim de viabilizar os danos em busca de soluções eficazes. 
A evolução da mediação no ordenamento brasileiro é evidente, mas ainda sim torna-se importante estimular cada vez mais a aplicação do instituto da mediação de conflitos, especialmente na esfera familiar, para que esta se fortaleça progressivamente em defesa do aprimoramento da técnica garantindo a paz e a harmonização dos relacionamentos e, reafirmando a importante missão dos operadores do Direito de buscar a solução pacífica das controvérsias em busca da pacificação social.
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil. Conselho Federal da OAB, Brasília, DF, 2015. Disponível em: <https://s.oab.org.br/PDF/CFOAB-CED.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2021.
BRASIL. Mediação (2015). Lei de Mediação. Artigo 2º. Brasília, DF. Senado Federal, 2015.Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em 08 mar. 2021. 
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