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TCC Psicopatas homicidas e o direito penal PRONTO

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
EMMANUELA MACHADO BRANDÃO
PSICOPATAS HOMICIDAS E O DIREITO PENAL
CAMPINAS
2015
EMMANUELA MACHADO BRANDÃO
PSICOPATAS HOMICIDAS E O DIREITO PENAL
Monografia apresentada à Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas, como exigência parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.
Orientadora: Professora Doutor José Geraldo Romanello.
CAMPINAS
2015
EMMANUELA MACHADO BRANDÃO
PSICOPATAS HOMICIDAS E O DIREITO PENAL
Banca examinadora
Presidente: _______________________________________________
Professor Doutor José Geraldo Romanello
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Segundo Examinador: ______________________________________
Professor _________________________________
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Terceiro Examinador: ______________________________________
Professor_________________________________
Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Banca, após examinar o candidato, considerou _____________________, com a nota ______________.
Campinas, ___ de ______________ de 2015.
Ao meu Deus, por tudo que sou. Aos meus pais, pela oportunidade que me concederam com a formatura, e por todo amor. À minha irmã, pelo companheirismo. À minha família, por todo o carinho. Aos meu amigos, e aos meu namorado, pelo apoio em todas as horas.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela graça da vida, e por nunca ter me abandonado nesses anos.
À minha família, minhas avós, meus tios e primos, especialmente aos meus pais, por todo o carinho, compreensão e esforço realizado para que o momento da minha formatura fosse único.
À minha irmã, Bruna Machado Brandão, por estar ao meu lado nos momentos de tristeza e alegria, durante esses cinco anos.
Ao meu namorado, Lucas Toledo de Freitas, por me apoiar e por estar ao meu lado em todos os momentos.
Aos professores, pelos ensinamentos dedicados durante os cinco anos da faculdade, sem os quais não seria possível a redação desse trabalho.
Aos meus amigos, pelo acompanhamento em todos estes anos, me auxiliando nos momentos difíceis e comemorando os momentos de alegria.
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível”
Charles Chaplin
RESUMO
Atualmente, o noticiário brasileiro vem reportando diversos crimes que chocam a sociedade, e, ao mesmo tempo, todos se perguntam: “qual ser humano é capaz de fazer isso?”. O presente trabalho tem algumas respostas, os psicopatas são capazes de cometer crimes que chocam a sociedade, pelo motivo de que são seres que não sentem remorso pelo que fazem, conferindo aos psicopatas um nível de crueldade que transparece em seus atos. No Brasil, não há um legislação específica para a psicopatia, inexistindo uma conformidade nas decisões, com relação à forma mais eficiente de sanções para esses indivíduos, tendo como possibilidade de punição, a pena privativa de liberdade ou a medida de segurança. Em razão das suas características, eles não assemelham a punição, de maneira que as penas existentes para esses indivíduos, não cumpram sua finalidade. Desta forma, o presente trabalho tem como fim apresentar as características desses indivíduos, como agem, como serem identificados, e, por fim, discutir qual seria a melhor punição para estes casos.
Palavras-chave: Psicopatia. Homicídio. Impuutabilidade. Semi-imputabilidade. Pena. Medida de segurança.
ABSTRACT
Currently, the Brazilian news is reporting many crimes that shock the society, and while, all are wondering, “what man is capable of doing that," Now, this study answers that psychopaths are capable of committing crimes that society clashes, they are beings who do not feel remorse for what they do, giving the psychopaths a level of cruelty that shows in his actions. In Brazil, there is no specific legislation to psychopathy, the absence of a compliance in deciding the most efficient form of sanctions for these individuals, with the possibility of punishment, deprivation of liberty, or security measure. Because of its characteristics, they do not resemble the punishment, which is why the existing penalties for these individuals does not meet the purpose. Thus, this work aims at presenting the characteristics of these individuals, how they act, how to identify them, and finally discuss what would be the best punishment for them.
Keywords: Psychopathy. Homicide. Liability. Semi-accountability. Wentence. Security measure.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	8
CAPITULO I – o psicopata e a psicopatia	10
1.1 conceito de psicopatia	10
1.2 uma visão mais detalhada: traços emocionais e interpessoais dos psicopatas	12
1.3 uma visão mais detalhada: estilo de vida e comportamento antissocial	14
1.4 Psicopatas no mundo profissional	16
capítulo ii - o cerébro do psicopata	17
2.1 a hipótese do lobo frontal	17
CAPITULO III – CARACTERÍSTICAS DE UM PSICOPATA HOMICIDA	21
3.1 escala hare	23
CAPITULO IV – psicopatia no âmbito jurídico	26
4.1 responsabilidade civil	26
4.2 ato ilícito, culpa, dano e nexo causal	27
4.3 capacidade civil absoluta e relativa	28
4.4 incapacidade absoluta	29
4.5 incapacidade relativa	30
CAPITULO v – responsabilidade penal	33
5.1 CULPABILIDADE	33
5.2 imputabilidade, inimputabilidade e semi-imputabilidade penal	34
5.3 capacidade penal	35
5.4 a psicopatia e o artigo 26 do código penal	35
CAPITULO vI – sanções penais aplicadas aos psicopatas homicidas	37
6.1 pena privativa de liberdade	37
6.2 regime inicial da execução da pena e o exame criminológico	38
6.3 Lei n. 10.792/03 e a progressão para os psicopatas	40
6.4. Medida de Segurança	43
6.5. Exame de verificação de cessação de periculosidade	45
6.6. Tratamento e cura	45
6.7. Há o que fazer?	46
Capítulo VII - Saiu na mídia	49
7.1 Marcelo Costa de Andrade	49
7.2.José Ramos	51
7.3.Alexandre Nardoni	53
7.4.Francisco de Assis Pereira	55
7.5. Suzane Louise Von Richthofen	57
7.6. Aileen Wuornos	59
7.7 Ted Bundy	61
7.8 John Wayne Gacy	63
7.9 Jack, o Estripador	65
CONCLUSÃO	67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	69
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por finalidadeestudar a mente, e comportamento de pessoas com distúrbio de personalidade, os fatores que podem acometê-la, e como são vistos pela sociedade, bem como a dificuldade encontrada ao ter que classifica-los como inimputáveis, semi-inimputaveis ou imputáveis, demostrar também quais medidas penais poderiam ser tomadas com relação a estes indivíduos, com base em nossa Constituição e Código Penal Brasileiro.
Normalmente, quando ouvimos a palavra psicopata o que reflete em nossa mente são cenas de crueldade vistas em filmes, noticiários, entre outros meios de comunicação, porém não é dessa maneira, uma vez que os psicopatas podem se tornar homicidas ou fisicamente violentos, bem como podem agir de outra maneira, sem a violência. 
Em linhas gerais, entende-se por psicopatao indivíduo portador de uma conflito de personalidade cuja principal característica é a falta de sensibilidade, falta de remorso e falta valores sociais. 
Ademais possuem uma extrema facilidade de mentir e manipular, costumam ser egocêntricos, colocando a culpa da sua conduta em outra pessoa.
A palavra psicopata, pode nos levar a crer, que se trata de indivíduos loucos ou doentes mentais, devido ao seu significado ser justamente doença da mente, porém em termos médico-psiquiatras a psicopatia não se encaixa na tradicional visão sobre as doenças mentais, devido a, não serem considerados loucos, nem tampouco apresentam qualquer tipo de desorientação, além de não sofrerem delírios ou alucinações, com é o caso da esquizofrenia, ou intenso sofrimento mental, como é o caso da depressão, desta forma trata-se de um transtornode personalidade.
O transtorno de personalidade,pode ser identificada antes do indivíduo chegar a vida adulta infância ou adolescência se perpetuando por toda a vida adulta, sendo mais frequente nos homens do que em mulheres.
Na esfera jurídica, observa-se a lei de n. 10.216 de 06 de abril de 2001, sancionada pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que prevê a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, porém como observaremos, trata-se de uma lei que só existe na teoria.
Vale ressaltar, ainda na esfera jurídica a questão da inimpubilidade dos psicopatas, devido a discussão se no momento do ato criminoso o indivíduo perde ou não o contato com a realidade, e como se determina o art. 149 do Código de Processo Penal deverá ser realizado um exame para tal identificação.
Dessa forma, sobre esses pilares foi construído o entendimento deste trabalho. Inicialmente, será realizada uma dissertação sobre a psicopatia e o psicopata, suas características, métodos de atuação, e os mais famosos psicopatas.
Após, será realizado um relato do que determina o Direito Civil e o Direito Penal, acerca de como deve ser tratado e a melhor punição que deve ser dada ao psicopata homicida, cumpre salientar que o presente trabalho se utilizara do método bibliográfico. 
Isto posto, daremos início ao presente trabalho. 
CAPITULO I – o psicopata e a psicopatia
1.1 conceito de psicopatia
Segundo o psicólogo canadense Robert Hare, “Ninguém nasce psicopata. Nasce com tendências para a psicopatia. A psicopatia não é uma categoria descritiva, como ser homem ou mulher, estar vivo ou morto. É uma medida, como altura ou peso, que varia para mais ou para menos”.[2: HARE, Robert. O psicólogo canadense, criador de uma escala usada para medir os graus de psicopatia, explica por que uma pessoa aparentemente normal pode fazer as piores coisas sem sentir remorso [28 mar. 2009]. Entrevistadora: Laura Diniz, [S.l.]: Revista Veja, 2009. Entrevista concedida a Revista Veja. Disponível em: <http://www.fenapef.org.br/fenapef/noticia/index/21053>. Acesso em: 29 set. 2015.]
Conforme o Dicionário Aurélio, o termo psicopatia refere-se a “um estado patológico caraterizado por desvios, sobretudo caracterológicos que acarretam comportamentos antissociais.”[3: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed. totalmente rev. e ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p.]
Agora, em termos médicos – psiquiátricos, segundo a revista brasileira de psiquiatria:
Esse tipo de transtorno específico de personalidade é marcado por uma insensibilidade aos sentimentos alheios. Quando o grau dessa insensibilidade se apresenta elevado, levando o indivíduo a uma acentuada indiferença afetiva, ele pode adotar um comportamento criminal recorrente e o quadro clínico de TP (Transtorno de Personalidade) assume o feitio de psicopatia. [4: MORANA, Hilda C. P.; STONE, Michael H.; ABDALLA-FILHO, Elias. Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 28, out. out. 2006. p. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462006000600005>. Acesso em: 19 set. 2015.]
Ainda não há um diagnóstico médico para esses indivíduos, haja vista que que a psicopatia não é uma doença mental. Além de não serem considerados loucos, não possuem nenhuma característica dentro do padrão convencional da psiquiatria relativa aos portadores de transtorno mentais, como por exemplo, a perda de consciência ou qualquer tipo de desorientação, ou então delírios ou alucinações, como é o caso da esquizofrenia, ou um intenso sofrimento mental e, ou, emocional, como no caso de depressão. Diferente disso, os psicopatas possuem um raciocínio frio e calculista, juntamente com a incapacidade de tratar os demais com algum tipo de sentimento.
A psicopatia atinge cerca de 4% da população mundial, sendo 3% homens e 1% mulheres, podendo ainda ser reconhecida na infância ou adolescência, em especial, antes dos 15 anos de idade, uma vez que é nessa fase que as características e personalidades dos indivíduos se tornam mais aparente.[5: SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. ed. totalmente rev. e ampl. São Paulo: Objetiva, 2014. p.15]
Na infância as características mais comuns são o isolamento social e, ou familiar, baixa autoestima, problemas relativos ao sono, pesadelos constantes, exagerados acessos de raiva, constantes dores de cabeça, mentiras crônicas, rebeldia, fugas, roubos, fobias, propensão a acidentes, possesividade compulsiva, problemas alimentares, convulsões e automutilações, além da masturbação compulsiva, dos devaneios diurnos, da destruição de propriedade, piromania, e abuso sádico de animais ou outras crianças. [6: CASOY, Ilana. Serial Killers:Louco ou cruel?. 6 ed. São Paulo: Madras, 2004. p. 18.]
Essas características podem perpetuar por toda a vida adulta, porém são mais frequentes em homens, sendo que nas mulheres essas características podem passar despercebidas, já que nelas o alto grau de psicopatia é muito raro, sendo mais comum o grau leve ou moderado. [7: Id. Ibidem. p. 18.]
A ausência dos estudos sobre violência feminina seria pelos seguintes motivos: a baixa incidência de crimes de autoras femininas; o encobrimento da violência feminina; baixa notificação de crimes femininos; o preconceito das pessoas que atribuem pouco, ou nenhum valor às manifestações da violência feminina; e a falta de pressão da opinião pública sobre o assunto.
Além disso, elas geralmente cometem o crime em dupla, sendo seu parceiro, em muitos casos, um homem, de maneira que a alegação defensiva, seja sempre de que elas foram forçadas a matar, ou então que mataram por amor ao parceiro, dando ao crime uma conotação emocional, e fazendo com que muitas psicopatas assassinas fiquem pouco tempo na cadeia e, ou fora de hospitais psiquiátricos. [8: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p.20]
1.2 uma visão mais detalhada: traços emocionais e interpessoais dos psicopatas
Ana Beatriz Barbosa Silva e Robert Hare, em seus livros, trazem uma visão mais detalhada dos psicopatas e seus traços emocionais, conforme detalhado abaixo:
Superficialidade e eloquência: os psicopatas costumam ser espirituosos e muito bem articulados, com uma conversa divertida e agradável. Geralmente contam histórias únicas de forma convincente, e sempre se colocam como o mocinho; não economizam nas formas de se tornarem mais convincentes e atraentes com relação às suas mentiras; conseguem, ainda, ludibriar as pessoas, com um falso conhecimento em diversas áreas; podem ser desmascarados se forem examinados por verdadeiros especialistas no assunto, contudo, não demonstram nenhum tipo de constrangimento ou preocupação quando isso acontece[9: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p.69.]
Ao analisar estas características, podemos enumerar diversas pessoas que conhecemos, indivíduos que contam estórias, e muitas vezes acreditamos não ser verdade, contudo, por se expressarem muito bem e terem uma fala bem articulada, somos induzidos a acreditar naquilo que dizem. Apesar de em alguns casos não se tratar de um psicopata, sempre existe a possibilidade de sê-lo, fato que em muitos casos, pode acarretar em desilusões amororas, entre outras;
Egocentrismo e megalomania: possuem um olhar narcisista e supervalorizado dos seus valores, e acreditam ser o centro do universo, onde tudo gira em torno deles; acreditam serem superiores aos outros, fator que dá a eles mesmos, o direito de viver de acordo com as próprias regras, sempre colocando a culpa em outros.[10: Id. Ibidem, p.71.]
Essa é uma importante característica dos psicopatas, visto que muitas vezes esses indivíduos acreditam que estão acima de qualquer pessoa ou lei, e que qualquer que seja seu ato, ele não será responsabilizado. Além disso, com a sua capacidade de manipulação, poderá colocar a culpa em terceiro;
Ausência desentimento de culpa: apresentam total ausência de culpa em relação aos efeitos causados, em outras pessoas, por suas atitudes. Embora sejam capazes de verbalizar remorso, suas ações os contradizem rapidamente;[11: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p.74.]
Essa ausência de sentimento de culpa, e facilidade para verbaliza-la, ajuda-os nos que diz respeito a progressão de regime no sistema carcerário brasileiro, uma vez que, conseguem convencer o psicólogo e diretor do estabelecimento que está arrependido e precisa de uma nova chance, porém, geralmente volta a reincidir e não sentem nenhum tipo de culpa por isso. 
Ausência de empatia: a empatia é a capacidade de considerar e respeitar os sentimentos alheios, colocando-se no lugar de outra pessoa. Os psicopatas são incapazes de experimentar esse sentimento, em razão de considerarem as pessoas como meros objetos ou coisas, que devem ser por eles usados, para a própria satisfação, até mesmo quando se trata de familiares.[12: Id. Ibidem, p.75.]
Da mesma maneira que são capazes de responsabilizar terceiros pelos seus atos, esses indivíduos nem sequer sentem culpa ou remorso pelo que fizeram. E sua falta de empatia, faz com que não se importem com as consequências geradas para as demais pessoas, se importam apenas com os seus objetivos.
Para dar um exemplo, Dr. Hare, em seu livro, apontou que os psicopatas são capazes de “torturar e mutilar suas vítimas, mais ou menos com a mesma inquietação que sentimos ao cortar o peru do jantar do dia de Ação de Graças”;[13: HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós. Porto Alegre: Artmed, 2013. p. 60.]
Mentiras, trapaças e manipulação: são habilidosos na arte de mentir, podendo enganar até mesmo profissionais experientes em comportamento humano. Mentir, trapacear e manipular são talentos conaturais dos psicopatas, até se gabam por isso, e quando descobertos, não ficam sequer envergonhados ou constrangidos, se limitam apenas a mudar de assunto.[14: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p. 78.]
A capacidade de convencimento: são capazes de convencer os outros que possuem responsabilidades, demonstrando que possuem uma grande capacidade de manipulação. Muitas vezes, são capazes de levar empresas a falência, visto que chefes e donos da empresa são manipulados, acreditando terem encontrado o melhor funcionário para cuidar de sua empresa, contudo não esperam o golpe que vem depois;
Pobreza de emoções: são limitados a variedade e intensidade dos seus sentimentos, sendo incapazes de sentir certos tipos de sentimentos, como o amor, ou compaixão, podem ser denominados, como, conforme muitos psiquiatras afirmam, “protoemoções”, ou seja, respostas primitivas a necessidades imediatas.
No que se refere ao ao medo, estudos revelam que os psicopatas apresentam atividade cerebral reduzida nas estruturas relacionadas às emoções em geral, em contrapartida, há um aumento de atividade nas regiões responsáveis pela capacidade de racionalizar. Cumpre salientar que eles sempre sabem qual as consequências de suas atitudes, porém, não se importam. [15: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p. 80.]
Diante de todo o exposto, conclui-se que os psicopatas, no que tange aos traços emocionais, têm por principais características: a superficialidade, egocentrismo, ausência de culpa e empatia, mentirar e, por fim, pobreza com relação a emoções.
1.3 uma visão mais detalhada: estilo de vida e comportamento antissocial
Da mesma forma que os autores supra citados fizeram um visão mais detalhada dos traços emocionais dos psicopatas, também realizaram o detalhamento do estilo de vida e do comportamento antissocial, que veremos abaixo:
Impulsivos: tendem a viver o dia a dia e a mudar seus planos com frequência, não pensando no futuro e muito menos se preocupando com ele, além de não se preocuparem de terem feito pouco na vida. Usam a analogia de “viva o momento”, desta forma visam apenas sua satisfação, prazer ou alívio imediato;[16: HARE, Robert D., 2013, op. cit., p. 72.]
Utilizam-se do lema “ carpem diem”, para que, desta forma, satisfaça seu prazer, porém muitas vezes essa impulsividade, acaba por entrega-los, podendo acabar com o que seria um plano de acabar com o próximo. 
Autocontrole deficiente: os psicopatas apresentam níveis de autocontrole reduzidos, por isso, pode-se chamá-los de “cabeça quente” ou “ pavio curto”, eles rapidamente se ofendem e agem com agressividade, embora retomem o controle rapidamente, não perdendo o controle sobre o próprio comportamento. Desta maneira, não é incomum, para os psicopatas, acarretarem sérios danos físicos ou emocionais a outras pessoas, além de recusarem a reconhecer a existência de problemas de controle do próprio temperamento, classificando seus acessos de fúrias como respostas naturais à provocação.[17: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p. 85.][18: HARE, Robert D., 2013, op. cit., p. 74.]
Da mesma forma que os psicopatas são caracterizados como pessoas racionais e calculistas, também se pode perceber que são impulsivos, e não possuem muito autocontrole. Por isso, os psicopatas podem agir sem pensar nas consequências dos seus atos, buscam apenas a obtenção da satisfação imedita, aspecto que também está entre suas características, conforme veremos a seguir;
Necessidade de excitação: “Os psicopatas têm a necessidade contínua e excessiva de excitação; eles almejam viver em ‘alta velocidade’, no limite, onde está a ação. Em muitos casos, a ação envolve quebrar regras.”. Nessa busca pela excitação se envolvem em situações ilegais, como uso de drogas, abuso sexual, etc., fazendo com que mudem sempre de residência e emprego em busca de novas situações que o excitem. Portanto, conclui-se que, para eles, tudo não passa de prazer e diversão imediata, sem nenhum outro significado. [19: Id. Ibidem, p. 74.][20: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p. 87.]
Conforme apresentado, em razão da impulsividade, os psicopatas acabam realizando atos que visam apenas a própria satisfação, sem pensar no plano anteriormente traçado, de maneira que possa acarretar prejuízos no que era inicialmente pretendido;
Falta de responsabilidade: obrigações e compromissos não significam absolutamente nada, se estendendo para todas as áreas de sua vida, seja profissional, pessoal ou familiar, apesar de dizer que se importam, suas atitudes os contradizem. [21: Id. Ibidem, p. 88.]
No entanto, não são todos os psicopatas que se enquadram nessa característica, que conforme será apresentado, há aqueles psicopatas no meio profissional, que para seus planos se concretizarem, precisam de muita disciplina e responsabilidade; 
Comportamento transgressor no adulto: “Os psicopatas consideram as regras e as expectativas da sociedade como inconvenientes e insensatas, verdadeiros obstáculos à expressão comportamental de suas inclinações e desejos”.Quando adultos, desobedecem e ignoram as normas sociais, que devem ser superadas para a concretização de seus desejos.[22: HARE, Robert D., 2013, op. cit., p. 81.]
Nas palavras de Ilana Casoy, os psicopatas “são considerados ‘predadores intraespécies’ que usam charme, manipulação, intimidação e violência para controlar os outros, e para satisfazer suas próprias necessidades.”[23: CASOY, Ilana. Serial Killers: made in Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009. p. 344.]
Por fim, as características dos psicopatas, no que tange aos estilo de vida, se resumem em serem impulsivos, com o autocontrole deficiente, terem necessidade de excitação, falta de responsabilidade, e comportamento transgressor no adulto. 
1.4 Psicopatas no mundo profissional
Os psicopatas costumam agir com tanta habilidade no mundo profissional, que se torna muito difícil reconhecê-los. Paulo Babiak, psicólogo norte-americano especializado em recursos humanos, demonstrou as facetas utilizadas por eles nesse meio, e os denominou como “cobras de terno”, adotando o seguinte plano prático:
O primeiro passo é o ingresso na empresa,uma fase que corresponde a basicamente a entrevista de emprego, utilizando-se de toda a sua sedução e convencimento. O segundo passo é o estudo do território, descobrindo quem tem voz ativa na empresa, e começando a construir suas relações pessoais, já no terceiro passo começa a manipulação de pessoas e fatos, espalhando fofocas, semeando a desconfiança e discórdia entre os funcionários, e, claro, sempre se fazendo de amigo.
No quarto passo o psicopata começa a “descartar” aqueles que não são mais úteis à sua ascensão profissional, e para mantê-las em silêncio utiliza-se da humilhação. O quinto e último passo é a ascensão, ou seja, o “xeque-mate”, tomando o lugar do seu superior que geralmente é demitido ou rebaixado de sua função, concretizando, assim, o seu plano prático.
capítulo ii - o cerébro do psicopata
Segundo o neurocientista Renato M. E. Sabbatini, em seu artigo “O cérebro do Psicopata”, afirma que, nos últimos 20 anos, estudos mostram que assassinos e criminosos violentos apresentam evidencias de doença cerebral, “Mais de 64% dos criminosos pareciam ter anormalidades no lobo frontal. Quase 84% dos sujeitos tinham sido vítimas de severo abuso físico e/ou sexual.” [24: SABBATINI, Renato M. E.. O cérebro do psicopata. Revista Cérebro e Mente, Campinas, 1998. p. 2. Disponível em: <. http://www.cerebromente.org.br/n07/doencas/disease.htm>. Acesso em: 30 set. 2015]
No mesmo artigo, Sabbatini relata outro estudo realizado no Canadá, em 1994, no grupo mais violento de 372 homens presos em um hospital mental de segurança máxima, 20% tinham anormalidades focais temporais do EEG, e 41% tinham alterações patológicas da estrutura do cérebro no lobo temporal. O estudo conclui, "nós propomos que, embora tais discrepâncias não sejam suficientes para confirmar a neuropatologia como uma causa univariada da agressão criminosa, também não é razoável supor que sejam pequenos artefatos do acaso."[25: Id. loc. cit.]
2.1 a hipótese do lobo frontal
A deficiência está no campo dos afetos, que são controlados pela parte do cérebro chamada lobo frontal, que está localizado na parte mais anterior dos hemisférios cerebrais, onde se situa o autocontrole, planejamento, julgamento, o equilíbrio das necessidades do indivíduo versus a necessidade social, e muitas outras funções essenciais subjacentes ao intercurso social efetivo [26: Id. loc. cit.]
Comparado a cérebros normais, o cérebro dos psicopatas tem menor atividade nas estruturas ligadas às emoções e maior nas ligadas à razão.
Segundo Ana Beatriz Barbosa Silva, com a ajuda das novas técnicas de neuroimagens (rmf e PET-SCAN) há como reforçar o diagnóstico da psicopatia, visto que os estudos apontam para alterações características do cérebro do psicopata. [27: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p.180.]
Ressalta-se que a neuroimagem é uma técnica para obter a imagem do encéfalo do paciente de forma não invasiva, dentre estas, se destacam, a tomografia, ressonância magnética, entre outros.
As pessoas sem traços psicopáticos tiveram intensa atividade da amígdala e do lobo frontal, quando foram estimuladas a imaginar estar cometendo atos imorais e perversos. Por sua vez, os psicopatas tiveram seus resultados apontarando para um resposta precária dos mesmos circuitos.[28: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p.180.]
Sendo assim, se partirmos dessa premissa, podemos considerar que os psicopatas pensam muito e sentem poucos, sendo suas ações racionais que tendem a escolher de maneira objetiva, levando a sobrevivência e ao prazer.
O The Journal of Neuroscience publicou um estudo organizado pela Universidade de Wisconsin-Madison, que se utilizou das Imagens de Tensor de Difusão (DTI) e Ressonância Magnética Funcional (fMRI), e desta forma, aferiram  que a conectividade estrutural e funcional do circuito que envolve o córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC) em psicopatas homicidas e em homicidas comum,  de acordo com o resultado da pesquisa, as Imagens de Tensor de Difusão despontaram que os indivíduos diagnosticados como psicopatas exibiram uma redução da integridade das fibras de substância branca, que ligam o vmPFC e a amígdala, e a Ressonância Magnética Funcional comprovou que possuem menos atividade coordenada entre essas mesmas áreas, portanto, concluímos que os comportamentos ligados às relações sociais são dominados pelo lobo frontal. [29: MOTZKIN, Julian C. et. al. Reduzida conectividade pré-frontal em psicopatia. The Journal of Neuroscience: The official journal of the society for neuroscience, Madison, E.U.A., out. 2011. Disponível em: <http://www.jneurosci.org/content/31/48/17348.full?sid=>. Acesso em: 25 de out. 2015.]
Desta forma, muitos dos comportamentos associados às relações sociais são controlados pelo lobo frontal.[30: DEUS, Teresa F. Os cérebros dos psicopatas são diferentes dos cérebros das pessoas normais?. Cérebro do Psicopata - Cérebros Doentes, [S.l.], [199-?]. Disponível em:<http://mapadocrime.com.sapo.pt/cerebro%20psicopata.html>. Acesso em 30 set. 2015]
Figura 1 – Cérebro: As principais subdivisões do encéfalo humano: as áreas frontais incluem o lobo frontal (a área é denominada área pré-frontal), o córtex motor (responsável pelo controlo voluntário do movimento muscular) e o córtex sensorial (que recebe a informação sensorial vinda principalmente do tacto, vibração, dor e sensores de temperatura). [31: DEUS, Teresa F., op. cit.]
Indivíduos que tem lesões no lobo pré- frontal, apresentam comportamentos que se assemelham com os dos psicopatas, pela indiferença que apresentam com os outros indivíduos e consigo mesmo. Assim, os pacientes com lesão cerebral, mostram-se incapazes de se adaptar de forma conveniente ao ambiente de trabalho, a sua família e a seus amigos. [32: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p. 182.]
Figura 2 – Cérebro de uma pessoa normal (esquerda), um assassino com história de privação na infância (centro), cérebro de um sociopata (direita). Fonte: Imagens de Adrian Raine, University of Southern California, Los Angeles, USA.[33: DEUS, Teresa F., op. cit.]
Com relação à figura 2, as áreas do cérebro em vermelho e amarelo mostram uma atividade metabólica mais alta, e em preto e azul, uma atividade metabólica mais baixa. O cérebro de um psicopata (direita) tem uma atividade muito baixa em muitas áreas.
Em uma pesquisa feita pelo americano Adrian Raine, a partir da figura 2, notou-se que esse nível baixo de funcionamento cerebral no córtex pré-frontal em relação às pessoas normais, indica um déficit relacionado com a violência, podendo resultar em impulsividade, perda do autocontrole, imaturidade, emocional alterado, e incapacidade para modificar o comportamento, fator que pode facilitar à prática de atos agressivos.[34: DEUS, Teresa F., op. cit.]
Desta forma, por mais que todas essas pesquisas tenham sido feitas com cuidado, todos eles convergem para uma importante descoberta, os cérebros de criminosos violentos e sociopatas são na verdade alterados de maneira sutil, e que este fato pode ser revelado por novas técnicas sofisticadas
"Existem muitos fatores envolvidos no crime. A função cerebral é apenas uma delas", diz o Professor Adrian Raine. "Mas, ao entendermos a sua função cerebral, estaremos em uma melhor posição para entender as causas completas do comportamento violento". Outra desvantagem desses estudos é a dificuldade de separar a causa da consequência, ou seja, o déficit cerebral observado é a causa da anormalidade psicológica ou apenas o seu resultado? [35: Id. Ibidem.][36: Id. Ibidem.]
Ademais os resultados ainda são preliminares, não dão credibilidade ao uso destes métodos de neuroimagem e avaliação da função, para diagnosticar indivíduos psicóticos, por isso, não devem ser usados para propósitos clínicos ou forenses no presente estágio.
Portanto, é de concluir que os sociopatas têm uma disfunção do cérebro frontal, entretanto, o porquê e quando esta disfunção aparece, ainda é totalmente desconhecido.
CAPITULO III – CARACTERÍSTICASDE UM PSICOPATA HOMICIDA
Nem todos os indivíduos considerados psicopatas são homicidas ou criminosos, estes são uma parcela, como dito anteriormente. Neste sentido, menciona a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva:
É importante ter em mente que todos os psicopatas são perigosos, uma vez que eles apresentam graus diversos de insensibilidade e desprezo pela vida humana. Porém, existe uma fração minoritária de psicopatas que mostra uma insensibilidade tamanha que suas condutas criminosas podem atingir perversidades inimagináveis. Por esse motivo eu costumo denominá-los de psicopatas severos ou perigosos demais. Eles são os criminosos que mais desafiam a nossa capacidade de entendimento, aceitação e adoção de ações preventivas contra as suas transgressões. Seus crimes não apresentam motivações aparentes e nem guardam relação direta com situações pessoais ou sociais adversas.[37: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p. 144.]
A psicopatia apresenta níveis variados de gravidade, leve, moderado e grave, isto significa que nem todos os psicopatas apresentam as mesmas características, em números e grau iguais.
O psicólogo espanhol Vicente Garrido Genovês analisou recentes investigações psiquiátricas, e constatou que a psicopatia é composta por duas dimensões que dizem respeito à área emocional e ao estilo de vida antissocial.
A dimensão referente à área emocional, o psicopata não possui a capacidade de se vincular emocionalmente aos seus semelhantes, sendo egocêntrico (narcisismo e elevada autoestima), manipulador (loquacidade, encanto superficial), mentiroso (enganos com convicção e sem necessidade), e cruel (total ausência de remorso e culpa, falta de empatia e déficit afetivo).
A dimensão relativa ao estilo de vida antissocial, caracteriza o psicopata como agressivo (necessidade de sentir tensão constantemente), impulsivo (agir ditado pelo capricho, ou pelos ímpetos, e desejo permanente de alcançar a satisfação imediata), irresponsável (inexiste preocupação com a repercussão negativa de seu comportamento para as pessoas em seu entorno) e insensível (percepção positiva das atitudes cruéis cometidos contra pessoas e animais).[38: ARAÚJO, Fabíola dos Santos. O Perfil do Criminoso Psicopata. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 23 jul. 2011. Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.32921&seo=1>. Acesso em: 03 ago. 2015..]
Dr. Robert Hare aponta os sintomas chaves da psicopatia: eloquente e superficial, egocêntrico e grandioso, ausência de remorso ou culpa, falta de empatia, enganador e manipulador, emoções rasas, impulsivo, fraco controle do comportamento, necessidade de excitação, falta de responsabilidade, problemas de comportamento precoces e comportamento adulto antissocial. Salienta-se que essas características não são necessariamente do psicopata homicida.[39: HARE, Robert D., 2013, op. cit., p.45]
Desta forma , se resume que as principais características dos psicopatas são: o egocentrismo, manipulação, mentiras, crueldade, agressividade, impulsividade, insensibilidade, antissocial, irresponsável, e, por fim, uma necessidade de excitação. 
Diante disso, deve-se sempre estar atentos aqueles que vivem ao nosso redor, e quais são suas características, para não ser vítima dos truques desses indivíduos, de maneira que se possa haver apenas relacionamentos saudáveis, reduzindo a possibilidade de ter vidas destruídas por estes indivíduos.
3.1 escala hare 
A escala Hare foi uma metodologia elaborada pelo psicólogo canadense Robert D. Hare, pioneiro no estudo sobre psicopatia. Foi desenvolvida no início dos anos 90, para aferir o grau de tendências psicóticas de uma pessoa, buscava um espaço nos tribunais e outras instituições, para melhor avaliar os presos, já foi utilizada em contextos forenses para ajudar em decisões sobre o tamanho e tipo de pena, e também como o padrão de tratamento que esses indivíduos devem ou não receber.[40: DIAGNÓSTICO de psicopatia. Psicopatas, o mal existe, [S.l.], [200-?]. Disponível em: <http://psicopatiapenal.blogspot.com.br/p/diagnostico-de-psicopatia.html>. Acesso em: 15 out. 2015.]
A Escala Hare - PCL-R (Psychopathy Checklist - Revised) 1991 é um instrumento em forma de escala, o mais eficiente para identificar fatores de risco de violência, tem por objetivo estabelecer relações consistentes sobre a relação entre crime e psicopatia (avaliação de periculosidade), e é voltado para população carcerária
Esta escala funciona da seguinte maneira, o avaliador parte de uma minuciosa entrevista semiestruturada e da consulta a prontuários e documentos. Posteriormente, a partir dos dados levantados, pontua cada um dos vinte itens, de acordo com o grau em que o comportamento, do avaliado, condiz com a descrição do item.
Esta pontuação ocorre numa escala de três pontos:
0 - “não”
1 - “talvez/em alguns aspectos”
2 - “sim”.
Uma alta pontuação no PCL-R sugere uma elevada probabilidade de reincidir na conduta criminosa. Vale observar que o ponto de corte, para indicar a psicopatia na população brasileira, é de 23 pontos.
Alguns fatores são:[41: https://sites.google.com/site/mundodospsicopatas12d/entrevistas-2/1-6-diferentes-diagnosticos - Acesso em 15/10/2015]
Loquacidade e charme superficial;
Superestima;
Mentira patológica;
Vigarice/manipulação;
Ausência de remorso ou culpa;
Insensibilidade afetivo-emocional;
Indiferença/falta de empatia;
Incapacidade de aceitar a responsabilidade pelos próprios atos;
Promiscuidade sexual;
Necessidade de estimulação/tendência ao tédio;
Estilo de vida parasitário;
Descontroles comportamentais;
Transtornos de conduta da infância;
Ausência de metas realistas e de longo prazo;
Impulsividade;
Irresponsabilidade;
Delinquência juvenil;
Revogação da liberdade condicional;
Muitas relações sexuais de curta duração;
Versatilidade criminal.
Figura 3 – A escala da mente criminosa.[42: AZEVEDO, Solange. A ciência e os assassinos. Revista Época, Rio de Janeiro, 11 set. 2009. Disponível em: <Fonte:http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI92652-15228,00-A+CIENCIA+E+OS+ASSASSINOS.html>. Acesso em: 12 set. 2015.]
 
CAPITULO IV – psicopatia no âmbito jurídico
4.1 responsabilidade civil
A responsabilidade civil surge em face do descumprimento obrigacional, pela desobediência de uma regra estabelecida em um contrato, ou por deixar determinada pessoa de observar um preceito normativo que regula a vida.[43: TARTUCCI, Flávio. Manual de Direito Civil. 5 ed. São Paulo: Editora Método, 2015. p. 368.]
A responsabilidade civil, de acordo com a sua fonte (origem) pode ser classificada em:Contratual e Extracontratual, segundo Carlos Roberto Gonçalves: 
Na responsabilidade extracontratual, o agente infringe um dever legal, e, na contratual, descumpre o avençado, tornando-se inadimplente. Nesta, existe uma convenção prévia entre as partes, que não é cumprida. “Na responsabilidade extracontratual, nenhum vínculo existe entre a vítima e o causador do dano, quando este pratica o ato ilícito”[44: TEIXEIRA, Volney Santos.Responsabilidade civil no CC e no CDC. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2873, 14 maio 2011. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/19113>. Acesso em: 4 out. 2015.]
A responsabilidade civil pode ainda ser classificada de acordo com seus elementos em:
Responsabilidade objetiva: trata-se da exceção, dentro do Código Civil, e suas hipóteses estão previstas na lei. A responsabilidade objetiva exige a presença de três requisitos: o fato, dano e nexo causal. A culpa é elemento estranho a essa modalidade de responsabilidade, não pode ser discutida no que concerne ao dever de indenizar. Por outro lado, o juiz pode, e deve, analisar a culpa para a fixação do quantum indenizatório; [45: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume 1: parte geral. 10 ed. São Paulo. Saraiva, 2012. p. 2086.]
Responsabilidade subjetiva: embora a responsabilidade acima citada seja a regra em outros ramos do direito, como no direitoadministrativo, direito do consumidor, etc., no código civil a regra é a responsabilidade subjetiva, que exige para a sua configuração a presença de quatro elementos: fato, dano, nexo causal e culpa ou elemento subjetivo. [46: Id. loc. cit.]
Anota-se que a responsabilidade subjetiva exige a presença de mais de um requisito, em relação a responsabilidade objetiva, o elemento culpa.
Contudo, ao contrário do Direito Penal, que separa o dolo e a culpa em sentido estrito, no Direito Civil a culpa é considerada em sentido amplo, tanto abrangendo o dolo, quanto a culpa em sentido estrito.
4.2 ato ilícito, culpa, dano e nexo causal
Em regra, a responsabilidade civil exige a prática de um ato ilícito, que pode ser conceituada como qualquer ato contrário ao ordenamento jurídico, e que causa dano a outrem, ou seja, qualquer ato contrário a lei, moral, ordem pública e os bons costumes. É o que preconiza o artigo 186 do Código Civil:[47: TARTUCCI, Flávio, op. cit., p. 370.]
“Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Ademais, há possibilidade de se gerar uma responsabilidade civil através da prática de um ato lícito, como nos casos das excludentes de ilicitude, que são a legítima defesa, estado de necessidade e exercício regular de um direito.
Culpa é a quebra de um dever de conduta imposto por uma norma jurídica, seja por imprudência, negligência ou imperícia, conforme previsto no artigo 186 do Código Civil.
A culpa no Direito Civil, como já dito, é considerada em sentido amplo, abrangendo o dolo e culpa em sentido estrito, além de ser um elemento exigido apenas na responsabilidade civil subjetiva.[48: Id. Ibidem, p. 382.]
Dano é a lesão de qualquer bem jurídico, patrimonial ou moral, podendo ser dividido em patrimoniais e extrapatrimoniais, e também como direto e indireto, e atual e certo.[49: GONÇALVES, Carlos Roberto, op. cit., p. 2112. ]
Nexo causal é a existência de relação entre a causa e o efeito, entre a conduta praticada pelo agente e o resultado danoso.[50: GONÇALVES, Carlos Roberto, op. cit., p. 2111.]
4.3 capacidade civil absoluta e relativa
A capacidade não se confunde com a personalidade, visto que aquela é o exercício desta.
A capacidade pode ser dividida em:
Capacidade de direito ou gozo: todo ser humano possui a partir do momento que adquire a personalidade. É a aptidão para exercer direitos e deveres. Trata-se do exercício mínimo da personalidade jurídica; [51: TARTUCCI, Flávio, op. cit., p. 1053.]
Capacidade de fato: não é inerente a toda e qualquer pessoa. É a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. A capacidade de fato pertence apenas a quem tem discernimento, isto é, quem tem a capacidade de autodeterminação, que é adquirida, de acordo com o Código Civil de 2002, quando a pessoa atinge os 18 anos de idade. [52: Id. Ibidem, p. 75.]
Desta forma, conclui-se que toda a pessoa possui a capacidade de direito, porém nem todos possuem a capacidade de exercício desse direito.
Os requisitos para a capacidade civil são a idade e a sanidade mental.
No direito brasileiro não existe incapacidade de direito, visto que todos ao adquirir personalidade jurídica, também adquirem capacidade de direito ou de gozo. Existe, portanto, somente incapacidade de fato, que é a restrição legal para o exercício de atos da vida civil. A incapacidade pode ser de duas espécies:
Absoluta: prevista no artigo 3° do Código Civil, acarreta na proibição total do exercício do direito. O ato somente poderá ser praticado mediante um representante legal, sob pena de nulidade. [53: GONÇALVES, Carlos Roberto, op. cit., p. 415.]
Relativa: tem previsão no artigo 4° do Código Civil, e permite que o relativamente incapaz pratique os atos da vida civil, desde que assistido, sob pena de anulabilidade. Contudo, a lei permite que alguns atos possam ser praticados mesmo sem assistência, como testemunha, ser mandatário, fazer testamento, exercer cargos públicos, casar, votar, celebrar contratos de trabalho, etc. [54: Id. loc. cit., p. 415.]
Conforme dito, anteriormente, as incapacidades absoluta e relativa podem ser supridas, respectivamente pela representação e pela assistência. No primeiro caso, o incapaz não pratica o ato, mas sim seu representante, e no segundo, a lei confere certo discernimento ao incapaz, por isso se permite que este pratique o ato, desde ques esteja assistido.
O Código Civil contém sistema de proteção ao incapaz. É visível a intenção do legislador em protegê-lo, como nos institutos da tutela, curatela, interdição, etc.
4.4 incapacidade absoluta
São absolutamente incapazes os menores de dezesseis anos, os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil, e aqueles que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.[55: TARTUCCI, Flávio, op. cit., p. 84. ]
Menores de 16 anos: são os menores impúberes. Na fixação desse limite, é considerado, diferente em outros países, o desenvolvimento mental do indivíduo. Na Argentina, por exemplo, considera-se absolutamente incapaz os menores de 14 anos; [56: Id. loc. cit.]
Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil: são as pessoas que possuem insanidade mental, permanente e duradoura, caracterizada por graves alterações nas faculdades psíquicas.[57: Id. loc. cit.]
Salienta-se que o Código Civil não admite os intervalos lúcidos, isto é, não se admite a tentativa de demonstrar que no momento da prática de determinado ato, o sujeito encontrava-se lúcido, visto que, repita-se, se trata de uma insanidade permanente e duradoura.[58: Id. loc. cit.]
Ainda, destaca-se que a velhice, por si só, não é causa de limitação de capacidade, salvo, se estiver combinada comr um estado patológico que afete seu estado mental;
Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade: primeiramente, essa hipótese não se confunde com a segunda hipótese de incapacidade absoluta mencionada acima. Neste caso, a causa que retira do sujeito a capacidade para praticar atos, não é duradoura e permanente, é transitória, temporária ou passageira, em virtude de alguma patologia, como embriaguez não habitual, uso excessivo de entorpecentes ou substâncias alucinógenas, entre outros).[59: TARTUCCI, Flávio, op. cit., p. 85.]
Logo, não há o que se falar em interdição dos sujeitos que se enquadram nessa hipótese, tendo em vista que a curatela é concedida somente àqueles que, por causa duradoura, não possam exprimir sua vontade.
4.5 incapacidade relativa
Considera-se relativamente incapaz, nos termos do artigo 4° do Código Civil, os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos de idade, os ébrios habituais (alcoólatras), os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido, os excepcionais sem o desenvolvimento mental completo, e os pródigos.[60: GONÇALVES, Carlos Roberto, op. cit., p. 451.]
Aos sujeitos acima mencionados, a lei confere certo discernimento, por isso podem praticar alguns atos, de maneira independente. Estes, porém, constituem a exceção, visto que, geralmente, os atos praticados pelo relativamente incapaz devem ser assistidos. Pode-se afirmar que estão em uma situação intermediária, entre a incapacidade total e a capacidade plena.
Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: são os menores púberes. Em regra, necessitam de assistência para praticar seus atos, sob pena de anulabilidade. Todavia, se dolosamente, ocultarem sua idade, ou espontaneamente declararem-se maiores, no ato de se obrigar, perderão a proteção que a lei confere aos relativamente incapazes, e não poderão anular a obrigação ou eximir-se de cumprí-la, conforme artigo 180 do Código Civil, contudo, exige-se que o erro da outra parte seja escusável. Se não houve malícia por partedo menor, anula-se o ato para protegê-lo. E como ninguém pode locupletar-se à custa alheia, determina-se a restituição da importância paga ao menor, se ficar provado que o pagamento nulo reverteu em proveito dele;[61: GONÇALVES, Carlos Roberto, op. cit., p. 454.]
Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os deficientes mentais de discernimento reduzido: somente os viciados no uso e dependentes de substância alcoólica ou entorpecentes são considerados relativamente incapazes. Aqueles que ingerem bebida alcoólica ou usam entorpecentes eventualmente, e que transitoriamente ficarem impedidos de exprimir plenamente sua vontade, estão incluídos no rol dos relativamente incapazes. Os deficientes mentais de discernimento reduzido são os fracos de mente. Estabeleceu-se, assim, uma gradação para a debilidade mental: quando privar totalmente o amental do necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil, acarretará a incapacidade absoluta, e quando causar apenas a sua redução, acarretará em incapacidade relativa;[62: Id. Ibidem, p. 463.]
Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo: o Código Civil declara relativamente incapaz, não apenas o surdo-mudo, que, a depender da educação recebida, poderão estar incluídos no rol dos absolutamente incapazes, relativamente incapazes ou mesmo dos capazes, também declara todos os excepcionais sem desenvolvimento mental completo, como os portadores de síndrome de down, por exemplo;[63: Id. Ibidem, p. 467.]
Pródigos: pródigo é todo aquele que dissipa seu patrimônio desvairadamente. Trata-se de um desvio de personalidade, e não propriamente uma alienação mental.
O pródigo, quando interditado, só ficará privado de praticar, sem curador, atos que extravasam a mera administração dos bens, e implicam em comprometimento do patrimônio, como emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado. Os atos da vida civil que não envolvam seu patrimônio podem ser praticados pelo pródigo sem a necessidade de assistência.[64: GONÇALVES, Carlos Roberto, op. cit., p. 470.]
CAPITULO v – responsabilidade penal
A Responsabilidade penal é o dever jurídico de responder por uma transgressão penal, caracterizando um crime ou contravenção. Ela recai sobre o agente imputável, susceptível de aplicação de pena, de caráter pessoal e intransferível ao agressor, em virtude da gravidade da infração cometida, visando a reparação da ordem social e a sua punição.[65: JESUS, Damásio E. de. Direito penal: parte geral. 32 ed. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. p.]
Desta forma, para que alguém seja punido por um delito, é necessário que o agente tenha praticado o delito e, no momento da conduta, entender o caráter criminoso da ação, portanto, agindo com dolo ou culpa, e que não tenha sido coagido para pratica do delito.
A responsabilidade poderá ser total, quando o agente é totalmente capaz de entender seu ato. Ou parcial, que se configura quando o agente, no momento do delito, era parcialmente capaz, motivo que permite ser considerado semi-imputável, caso em que o juiz pode reduzir a pena de um a dois terços, ou substituí-la por medida de segurança. 
A responsabilidade também pode ser nula, que se caracteriza quando o agente, no momento do fato, era totalmente incapaz, sem o discernimento necessário para entender o caráter criminoso de seu atos, fator que lhe considera inimputável, permitindo ao juiz julgá-lo irresponsável pelos seus atos, aplicando uma pena de medida de segurança.
Com relação a imputabilidade do psicopata, analisaremos adiante.
5.1 CULPABILIDADE
A culpabilidade, no entender de Mirabete, consiste na “reprovabilidade da conduta típica e antijurídica.” Contudo, é necessário averiguar se estão presentes os seus elementos. Dessa forma, deve-se constatar se o autor da ação, de acordo com suas condições psíquicas, podia estruturar sua consciência e vontade de acordo com o direito (imputabilidade), se tinha possibilidade de conhecimento da antijuricidade (ou da ilicitude) do fato, e se era possível exigir, naquelas circunstâncias, conduta diferente daquela do agente, uma vez que há circunstâncias ou motivos pessoais que tornam inexigível conduta diversa do indivíduo. [66: MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 182.][67: MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 183–184.]
5.2 imputabilidade, inimputabilidade e semi-imputabilidade penal
Imputabilidade penal, segundo Nucci, “é o conjunto de condições pessoais, envolvendo inteligência e vontade, que permite ao agente ter entendimento do caráter ilícito do fato, comportando-se de acordo com esse conhecimento”. [68: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal: parte geral. 7 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 306.]
Desta forma, o imputável é o individuo mentalmente saudável, e que pode tomar decisões de forma clara, e decidir qual caminho trilhar, devendo serem punidos pelos seus atos que prejudiquem interesses alheios.
De outro lado, a inimputabilidade, que se constitui em uma das causas de exclusão da culpabilidade prevista no caput do artigo 26 do Código Penal, consiste na “impossibilidade do agente do fato típico e antijurídico de compreensão do caráter ilícito do fato ou de se comportar de acordo com esse entendimento, umavez que não há sanidade mental ou maturidade” . Por sua vez, a semi-imputabilidade, prevista no parágrafo único do artigo 26 do Código Penal, situa-se entre a imputabilidade e a inimputabilidade, e não exclui a culpabilidade. Dessa forma, o agente é imputável, e responsável por ter alguma consciência da ilicitude da conduta, no entanto, para alcançar o grau de conhecimento e de autodeterminação, é necessário que haja maior esforço de sua parte.[69: Id. loc. cit.][70: MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N., op. cit., p. 199.]
5.3 capacidade penal
O nosso ordenamento jurídico, mediante o Código Penal, analisou os distúrbios psíquicos para a aplicação da pena, e os dividiu em 4 aspectos distintos: doença mental, desenvolvimento incompleto, desenvolvimento mental retardado, e perturbação da saúde mental. Portanto, fica a personalidade psicopática, inclusa no artigo 26 do Código Penal.
Art. 26 É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
O referido artigo explica de forma clara, a causa de nos fazer classificar um inidividuo como inimputável ou semi-imputavel, porém, vale ressaltar que conforme o artigo 59 do Código Penal, cabe ao juiz de direito, avaliar a personalidade do individuo e decidir a sanção penal cabível.
5.4 a psicopatia e o artigo 26 do código penal
Por conseguinte, a psicopatia, apesar de nos fazer pensar, e lembrar de pessoas loucas, descontroladas ou doentes mentais, eles não se enquadram nesse perfil, que é a visão tradicional das doenças mentais, como explica Ana Beatriz Barbosa Silva:
Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo). Ao contrário disso, seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos.[71: SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. ed. totalmenterev. e ampl. São Paulo: Objetiva, 2014. p.32]
No mesmo sentido, explica Robert D. Hare:
Os psicopatas não são pessoas desorientadas ou que perderam o contato com a realidade; não apresentam ilusões, alucinações ou a angústia subjetiva intensa que caracterizam a maioria dos transtornos mentais. Ao contrário dos psicóticos, os psicopatas são racionais, conscientes do que estão fazendo e do motivo por que agem assim. Seu comportamento é resultado de uma escolha exercida livremente.[72: HARE, Robert D., 2013, op. cit., p 60.]
Diante disso, observa-se que a inimputabilidade aludida no artigo 26, caput, do Código Penal, não pode ser aplicada aos psicopatas, visto que a psicopatia ainda não é considerada uma doença mental que caracterize o individuo como inimputável. Como afirma Guilherme de Souza Nucci: 
“[...] não há que se falar em excludente de culpabilidade, mormente porque não afeta a inteligência e a vontade do agente psicopata”[73: NUCCI, Guilherme de Souza, op. cit., p. 306.]
O grande problema que gera a discussão, é o encaixe do psicopata no paragrafo único exposto acima, tendo em vista que há conflitos de opiniões, no que tange a capacidade do psicopata homicida em compreender o caráter ilícito do fato, e convencê-lo a agir dentro dos parâmetros sociais.
Há autores que defendem que a psicopatia se encaixa no estado fronteiriço do parágrafo único do artigo 26 do Cóigo Penal, sendo os psicopatas, portanto, considerados semi-imputáveis. Contudo, esta classificação dada ao referido transtorno, recebe oposição de psiquiatras como Claudio Cohen, que critica o fato das leis serem elaboradas somente por juristas, e sem o assessoramento de profisionais de outras áreas, e de Hilda Morana, que afirma que “Nossos legisladores inventaram a semi-imputabilidade para os psicopatas, porque eles nasceram assim, não têm culpa e sua capacidade de discernimento está prejudicada [...]”. No entanto, a sociedade também não tem, e não quer o psicopata nas ruas”.[74: ARANHA, Mauro. et. al. Crime e saúde mental. Especialistas discutem assistência aos portadores de transtornos mentais e de personalidade que cometem crimes. CREMESP: Conselho Regional de Medicina de São Paulo. São Paulo, n. 53, out./dez. 2010. Disponível em:<http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Revista&id=509>. Acesso em: 05 de outubro de 2015.][75: Id. Ibidem.]
CAPITULO vI – sanções penais aplicadas aos psicopatas homicidas
6.1 pena privativa de liberdade
Conforme aludido por Cezar Roberto Bittencourt,“a pena constitui um recurso elementar com que conta o Estado e o qual recorre, quando necessário, para tornar possível a convivência entre os homens”, Damásio de Jesus também afirma que a pena constitui “sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, ao autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico”.[76: BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratato de Direito Penal: Parte Geral. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 514.][77: JESUS, Damásio E. De, op. cit., p. 563.]
Com relação a sua finalidade, Guilherme de Souza Nucci dita que a pena tem por objetivo “[...] fundamentalmente, é reeducar a pessoa humana que, cedo ou tarde, voltará ao convívio social, de modo que a progressão é indicada para essa recuperação, dando ao preso perspectiva e esperança”.[78: NUCCI, Guilherme de Souza, op. cit., p. 404.]
Porém, o que diferencia os psicopatas homicidas, é que não assimilam a finalidade da pena, desta forma, são incapazes de aprenderem com os próprios atos. 
Conforme expõe Odon Ramos Maranhão: 
A experiência não é significativamente incorporada pelo psicopata (antissocial).
O castigo, e mesmo o aprisionamento, não modificam seu comportamento. Cada experiência é vivida e sentida como fato isolado. O presente é vivenciado sem vínculos com o passado ou futuro. A capacidade crítica e o senso ético se comprometem gravemente. [...].[79: MARANHÃO, Odon Ramos. Psicologia do Crime. 2 ed. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 88.]
Salienta-se que como relatado diversas vezes por Ana Beatriza Barbosa Silva e Dr. Hare, os psicopatas muitas vezes passam como presos “exemplares”, tornando-se presos “modelos”, para conseguirem a redução da pena, e os benefícios concedidos por lei, já que o sistema carcerário brasileiro não possui um procedimento para diagnóstico de psicopática.
E para alcançar seus objetos, estes indivíduos utilizam-se da persuasão para amedrontar e ameaçar outros detentos, com o fim de provocar intrigas entre eles, muitas vezes tornando-se líderes em rebeliões e prejudicando a reabilitação dos mesmos, utilizam os outros presidiários para a obtenção de vantagens pessoais, usando-os, inclusive, como reféns no processo de negociação com as autoridades.[80: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p.152.]
Possuem uma capacidade de manipulação que é capaz de convencer até mesmo o advogado, o promotor, o juiz e, quiçá, a família da sua vítima, de sua inocência e sanidade. Desta forma possuem grandes chances de obterem liberdade e voltar ao convívio social, contudo, como cometer crimes é de sua natureza, certamente voltará a cometê-los, estimando-se que 70% o fazem.[81: SZKLARZ, Eduardo. Máquinas do crime. Mentes psicopatas. Superinteressante, São Paulo, n. 267-A, 2010. p. 18.]
6.2 regime inicial da execução da pena e o exame criminológico
No atual sistema Brasileiro a fixação do regime inicial da execução da pena é de ordem do juiz, que segue os critérios legais previsto no artigo 33, caput, c.c. parágrafo 2ºdo Código Penal Brasileiro:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
Desta forma, deve ser observado a natureza, quantidade da pena aplicada e a reincidência.[82: BITENCOURT, Cezar Roberto, op. cit., p. 521.]
Agora, se esses fatores não determinarem o regime, o juiz deverá observar o parágrafo 3º do artigo 33 do Código Penal: 
“§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.”
Dita o artigo 59 do Código Penal:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível
O citado artigo engloba critérios norteadores de fixação da pena na primeira etapa do sistema trifásico. Tais critérios podem ser divididos em subjetivos ou objetivos, os primeiros referem-se aos antecedentes, à conduta, à personalidade, e os motivos do crime. Se tratando dos critérios objetivos, incluem-se aqui as circunstâncias do crime, as conseqüências e o comportamento da vítima.
Considerando-se os artigos acima expostos, é possível concluir que, no tocante ao homicídio doloso, poderá o réu cumprir a pena tanto no regime semi-aberto, quanto no regime fechado, a depender das circunstâncias, visto que a pena mínima do homicídiodoloso é inferior a oito anos. Para que seja possível o cumprimento inicial da pena no regime semi-aberto, é necessária a primariedade do condenado, pois se for reincidente, ainda que a pena em concreto não supere a oito anos, cumprirá a pena inicialmente no regime fechado.
Tratando-se dos crimes definidos pela Lei n. 8.072/90, que são os hediondos, ainda que a pena aplicada seja inferior a oito anos, a pena será cumprida inicialmente em regime fechado. A progressão de regime dependerá do cumprimento de dois quintos da pena, se o condenado for primário, ou três quintos, se reincidente, conforme definido no artigo 2º, parágrafo 2º pela referida lei. 
O código Penal em seus artigos 34 e 35 determina:
Art. 34 O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução
Art. 35 Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto.
Sendo assim, para o início do cumprimento da pena, tanto no regime fechado quanto no semiaberto, é obrigatória a realização do exame criminológico. 
O exame criminológico consiste em uma pesquisa dos antecedentes pessoais, familiares, sociais, psíquicos e psicológicos do condenado, com o objetivo de obter dados que possam revelar a sua personalidade.[83: BITENCOURT, Cezar Roberto, op. cit., p. 534.]
O art. 96 da Lei de Execuções Penais apregoa que:
Art. 96 No Centro de Observação realizar-se-ão os exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão encaminhados à Comissão Técnica de Classificação.
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas pesquisas criminológicas.
E o artigo 98 determina que:
“Os exames poderão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação, na falta do Centro de Observação.”
Destarte, em caso de inexistência do Centro de Observação, que deverá constituir-se de unidade autônoma ou anexa a estabelecimento prisional, conforme artigo 97 da LEP, será admitida a realização do exame criminológico pela Comissão Técnica deClassificação (CTC)[84: Id. Ibidem, p. 536.]
Porém, há no Brasil poucos técnicos habilitados para tal serviço, bem como ausência de treinamento dos mesmos para comporem as ComissõesTécnicas de Classificação, conforme dados apontados pelo Ministério da Justiça, em 2008.[85: BRASIL. Ministério da Justiça. Execução Penal. Plano Diretor. Metas. Meta 06: Comissão Técnica de Classificação. Brasília, 2008. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/seus-direitos/politica-penal/arquivos/plano-diretor/anexos-plano-diretor/meta06_ctc.pdf/view>. Acesso em:19/10/2015]
6.3 Lei n. 10.792/03 e a progressão para os psicopatas
Em 1984, com a reforma Penal, fora adotado o sistema progressivo de cumprimento de pena, previsto no art. 33, parágrafo 2º, do Código Penal e no artigo. 112 da Lei de Execuções Penais, que concede o direito ao condenado de progredir de um regime mais rigoroso para outro menos rigorosos, durante a execução da pena.
Contudo, a Lei n. 7.210/84 (Lei de Execução Penal) sofreu algumas alterações com a Lei n. 10.792/03, principalmente em seu artigo 112, que agora, dispõe:
Art. 112 - A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. 
Portanto, dois são os requisitos para a progressão do regime de cumprimento de pena: o cumprimento de 1/6 do total da pena aplicada, desde que o agente não seja condenado por crime hediondo. Sendo essa a hipótese, exige-se o cumprimento de 2/5 se primário o réu, ou sendo reincidente, 3/5 do total da pena; e a presença do elemento subjetivo, que se trata do bom comportamento carcerário, que depende de relatório expedido pelo diretor do estabelecimento prisional. 
Desta forma, não são mais obrigatórios o exame criminológico e o parecer técnico para a concessão do benefício de progressão de regime. [86: BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 535.]
No mesmo sentido:
PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. EXIGÊNCIA DE EXAME CRIMINOLÓGICO. NECESSIDADE DE DECISÃO MOTIVADA. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, acompanhando a orientação da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, firmou-se no sentido de que o habeas corpus não pode ser utilizado como substituto de recurso próprio, sob pena de desvirtuar a finalidade dessa garantia constitucional, exceto quando a ilegalidade apontada for flagrante, hipótese em que se concede a ordem de ofício. 2. A Lei n. 10.792/2003, ao alterar redação do artigo 112 da Lei de Execução Penal, afastou a exigência do exame criminológico para fins de progressão de regime. Não obstante, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que o magistrado de primeiro grau, ou mesmo a Corte estadual, diante das circunstâncias do caso concreto, pode determinar a realização da referida prova técnica para a formação de seu convencimento, contanto que essa decisão seja adequadamente motivada. Súmula 439 do STJ. 3. Hipótese em que o Tribunal a quo, ao cassar a decisão agravada e condicionar a progressão do paciente à realização do exame criminológico, embasou-se na gravidade abstrata do crime, bem como na longevidade da pena a cumprir, não apontando elementos concretos que pudessem justificar a necessidade do exame técnico para a formação de seu convencimento. 4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício. (grifos nossos)[87: BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. EXIGÊNCIA DE EXAME CRIMINOLÓGICO. NECESSIDADE DE DECISÃO MOTIVADA. Habeas Corpus n. 305.740 SP. Impetrante: Edvaldo Aparecido Cândido e Impetrado: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Ministro Gurgel de Faria. 03 de março de 2015..]
Assim, fica prejudicada a avaliação de personalidade dos presos, fator que resulta na reincidência criminal dos psicopatas, como exposto por Ana Beatriz Barbosa Silva: “se tais procedimentos fossem utilizados dentro dos presídios brasileiros, certamente os psicopatas ficariam presos por muito mais tempo e as taxas de reincidência de crimes violentos diminuiriam significativamente”, visto que a taxa de reincidência criminal destes indivíduos, é cerca de duas vezes maior que a dos criminosos comuns e três vezes maior nos crimes associados a violência.[88: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p.152.]
Para Jorge Trindade, Andréa Beheregaray e Mônica Rodrigues Cuneo, o PCL-R, considerado o instrumento mais fidedigno para identificar psicopatas criminosos propensos à reincidência criminal, poderia substituir, com vantagem, o exame criminológico.[89: TRINDADE, Jorge; BEHEREGARAY, Andréa; CUNEO, Mônica Rodrigues. Psicopatia – a máscara da justiça. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. p. 121.]
Em razão da falta de informações especializadas dos diretores, para melhor entendimento do comportamento dos egressos, é que, pode o juiz da execução, em busca da verdade real, e livre convencimento motivado, determinar a realização do exame criminológico, bem como cobrar a Comissão Técnica de Classificação um parecer técnico, para postereiormente fundamentar sua decisão. [90: NUCCI, Guilherme de Souza, op. cit., p. 392.][91: Id. Ibidem, p.394.]
No mesmo sentido dispõe a Súmula 439 do Superior Tribunal de Justiça:
“[...] admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.” 
 É notório que a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XLVII, alínea “b”, dispõe:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XLVII - não haverá penas:
[...]
b) de caráter perpétuo;
Observa-se, portanto, a proibição da prisão perpétua no Brasil, desta forma, os psicopatas não poderiam ultrapassar os 30 anos de prisão.
Contudo, tem-se a dúvida se estes indivíduos são capazes de retornar ao convívio com a sociedade após atingir o limite de pena.
Assim, analisa-se o caso do psicopata homicida Francisco Costa Rocha, conhecido como “Chico Picadinho”, que, mesmo após atingir os 30 anos de prisão, foi mantido preso, no Estado de São Paulo, interditado civilmente pela Justiça, em ação ajuizada pelo Ministério Público (processo. 648/98), que tramitou na 2. vara cível de Taubaté, com base no Decreto n. 24.559/34, contra o acusado, alegando que não pode ser colocado em liberdade, pois é detentor de personalidade psicopática de tipo complexo, e que em face de sua loucura furiosa, deve ser mantido em regime de internação fechada..[92: NUCCI, Guilherme de Souza, op. cit., p. 516.]
6.4. Medida de Segurança
Damásio, conceitua medida de segurança como: “enquanto a pena é retributiva-preventiva, tendendo hoje a readaptar à sociedade o delinquente, a medida de segurança possui natureza essencialmente preventiva, no sentido de evitar que um sujeito que praticou um crime e se mostra perigoso venha a cometer novas infrações penais.”[93: JESUS, Damásio E. De, op. cit., p. 589.]
Diferencia também a medida de segurança das penas comuns, nos seguintes pontos:
a) as penas têm natureza retributivo-preventiva; as medidas de segurança são preventivas;
b) as penas são proporcionais à gravidade da infração; a proporcionalidade das medidas de segurança fundamenta-se na periculosidade do sujeito;
c) as penas ligam-se ao sujeito pelo juízo de culpabilidade (reprovação social); as medidas de segurança, pelo juízo de periculosidade;
d) as penas são fixas; as medidas de segurança são indeterminadas, cessando com o desaparecimento da periculosidade do sujeito;
e) as penas são aplicáveis aos imputáveis e aos semirresponsáveis; as medidas de segurança não podem ser aplicadas aos absolutamente imputáveis. [94: JESUS, Damásio E. De, op. cit., p. 589.]
A aplicação da medida de segurança, se deve a dois fatores:
1) a prática de fato descrito como crime; e
2) a periculosidade do sujeito.
Periculosidade “é a potência, a capacidade, a aptidão ou a idoneidade que um homem tem para converter-se em causa de ações danosas. ”[95: Id. loc. cit.]
Preenchidos os requisitos para a aplicação da medida de segurança, deve-se verificar as suas espécies: a detentiva, que consiste na internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, na falta deste, em outro estabelecimento adequado, conforme prevê o artigo 96, Inciso I, do Código Penal; ou restritiva, que consiste em sujeição a tratamento ambulatorial, previsto no inciso II, do referido artigo. A execução desta pena está prevista na Lei de Execução Penal, no artigo 171 e seguintes.[96: Id. loc. cit.]
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Por fim, cumpre salientar que o sistema penal brasileiro adotou um sistema alternativo, vejamos: 
Art. 180: A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos, desde que:
I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto;
II - tenha sido cumprido pelo menos um quarto da pena;
III - os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável.
Código Penal, Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do Art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.
Desta forma, a medida de segurança não pode ser cumulada com outra pena, conforme prevê os artigos acima referidos.
6.5. Exame de verificação de cessação de periculosidade
Após o término da duração da medida de segurança, será realizado o Exame de Verificação de Cessação de Periculosidade, que é um exame psiquiátrico forense aplicado em indivíduos que se encontram sob medida de segurança, com a finalidade de verificar a cessação da sua periculosidade.
Este exame é realizado por uma equipe interdisciplinar, composta por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais do local onde os pacientes estão sob medida de segurança, tem por objetivo analisar a probabilidade de um indivíduo voltar a reincidir, e, desta forma, concluir pela cessação ou não de sua periculosidade, obedecendo ao disposto no artigo 159 e seguintes do Código de Processo Penal. [97: BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 03 de outubro de 2011. Código de Processo Penal.]
Nesse sentido, dispõe o artigo 775 do Código de Processo Penal: “a cessação ou não da periculosidade, se verificará ao fim do prazo mínimo de duração da medida de segurança pelo exame das condições da pessoa a que tiver sido imposta”, podendo, também ser solicitada a qualquer tempo, conforme disposto no artigo 176 da LEP. [98: Id. Ibidem.]
6.6. Tratamento e cura
Quando se trata de psicopatas, infelizmente, as terapias a base de remédios, psicoterapias, entre outras, já se mostraram ineficazes, visto que esses indivíduos não têm consciência de que são doentes, ao contrário, são plenamente satisfeitos com eles mesmos, jamais admitindo que possuam problemas psicológicos ou emocionais que devem ser tratados, e para que haja resultado a colaboração do paciente é imprescindível.
Hare analisa que as terapias podem agravar ainda mais o problema:[99: HARE, Robert D., 2013, op. cit., p. 202.]
A maioria dos programas de terapia faz pouco mais do que fornecer aopsicopata novas desculpas e racionalizações para seu comportamento enovos modos de compreensão da vulnerabilidade humana. Eles aprendemnovos e melhores modos de manipular as outras pessoas, mas fazempouco esforço para mudar suas próprias visões e atitudes ou para entenderque os outros têm necessidades, sentimentos e direitos. Em especial,tentativas de ensinar aos psicopatas como “de fato sentir” remorso ouempatia estão fadadas ao fracasso.
Contudo, há estudos que demonstram que se os programas de tratamento forem aplicados desde criança, há um aumento de lograr êxito na modificação de comportamento, sendo possível reduzir a agressividade e a impulsividade de seus atos, para que não possam causar mal a outrem.[100: HARE, Robert D., 2013, op. cit., p.205-206.]
Como já demonstrado, quando o tratamento não for iniciado desde cedo, a possibilidade de minimizar os efeitos da psicopatia são remotos, assim, para mostrar que estão “se reabilitando” ou “nascendo de novo”, são infrutíferas, pois logo após receberam a liberdade, retornam ao seu padrão transgressor. [101: TABORDA, José G. V.; CHALUB, Miguel; ABDALLA-FILHO, Elias. (Orgs.). Psiquiatria Forense. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 291.]
Conforme descreve Ana Beatriz Barbosa Silva, “[...] a psicopatia não tem cura, é um transtorno da personalidade e não uma fase de alterações comportamentais momentâneas”[102: SILVA, Ana Beatriz Barbosa, op. cit., p.191.]
6.7. Há o que fazer?
Conforme ficou demonstrado, não há o que possa ser feito para conter os psicopatas. Talvez, o melhor meio seja a criação de uma política pública voltada exclusivamente para o estudo e cuidado dos sujeitos diagnosticados como psicopatas, com a finalidade de ao menos atenuar o transtorno de personalidade, e reduzir a prática de assassinatos praticados por eles praticados. Contudo, no atual sistema penal brasileiro não há nenhum tipo de tratamento especial referente ao assunto, sendo praticamente esquecido pelos nosso tribunais em seus debates.
Desta forma, não há uma diferenciação legal entre criminosos psicopatas e os não psicopatas, conforme é feito em países como Austrália e Canadá. [103: SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Psiquiatra autora de Best-seller defende prisão perpétua para psicopatas [04 jun. 2012]. Entrevistadora: