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Direito de representação - legislação especial

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Direito de representação 
 
Direito assegurado constitucionalmente 
 
Qualquer pessoa pode pleitear perante as autoridades competentes a 
punição dos responsáveis por abuso. Trata-se do direito de representação, previsto 
na Constituição Federal nos seguintes termos: “São a todos assegurados, 
independentemente do pagamento de taxas: o direito de petição aos Poderes 
Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (...)” (art. 
5º, XXXIV, a). Na lição de Uadi Lammêgo Bulos, “consiste o direito de petição no 
poder de dirigir à autoridade um pedido de providências, ou de intervenção, em prol 
de interesses individuais ou coletivos, próprios ou de terceiros, de pessoa física ou 
jurídica, que estejam sendo violados por ato ilegal ou abusivo de poder (...) se 
apresenta por intermédio de queixas, reclamações, recursos não contenciosos, 
informações derivadas da liberdade de manifestação do pensamento, aspirações 
dirigidas a autoridades, rogos, pedidos, súplicas, representações diversas, pedidos 
de correção de abusos e erros, pretensões, sugestões. Quanto às representações, 
elas se fundem no próprio direito de petição. 
 
Formas de exercício do direito de representação 
 
O art. 2º disciplina o exercício do direito constitucional de representação. 
Assim, qualquer pessoa que se sentir vítima de abuso de poder poderá, direta, 
pessoalmente e sem a necessidade de advogado, encaminhar sua delação à 
autoridade civil ou militar competente para a apuração e a responsabilização do 
agente. De acordo com o mencionado dispositivo legal, o direito de representação 
será exercido por meio de petição: (i) dirigida à autoridade superior que tiver 
competência legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva 
sanção. Uadi Lammêgo Bulos reclama que, “infelizmente, o constituinte não previu 
punição para a falta de resposta e pronunciamento da autoridade. Pecou, assim, no 
ponto mais importante da questão: a eficácia social do direito de petição” 6 ; (ii) 
dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-
crime contra a autoridade culpada. 
 
Requisitos do direito de representação 
 De acordo com o parágrafo único do art. 2º da Lei, a representação será feita 
em duas vias (original e cópia) e conterá: 
(i) exposição do fato, com todas as suas circunstâncias; 
(ii) qualificação do acusado; 
(iii) rol de testemunhas (no máximo três). 
 Esses requisitos aplicam-se tanto à representação a ser apresentada à autoridade 
administrativa superior quanto ao membro do Ministério Público. Neste último 
caso, trata-se de verdadeira delactio criminis postulatória, ou seja, a delação feita 
pelo ofendido ou qualquer do povo na qual se leva ao Parquet o conhecimento de 
um crime de ação penal pública e, ao mesmo tempo, solicitam-se providências 
apuratórias. Os requisitos para a delação constam no art. 6º, § 1º, a, b e c, e são 
muito parecidos com os elencados pelo art. 2º (narração do fato com todas as 
circunstâncias, individualização do suspeito e indicação das provas e das 
testemunhas, se houver). No que diz respeito à representação dirigida à autoridade 
administrativa, não resta dúvida de que a Lei está mesmo tratando do direito 
constitucional de petição aos poderes públicos. No caso, a vítima do abuso 
representa ao superior hierárquico ou à autoridade com poderes de correição sobre 
o responsável, a fim de que fique apurada a sua responsabilidade administrativa. 
Embora fale a lei em representação para a tomada de medidas administrativas, 
estas podem ser promovidas de ofício, independentemente de provocação.

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