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PALESTRA SUICIDIO EM IDOSOS - Patrícia Picolli

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ATENÇÃO A SAÚDE MENTAL DO IDOSO:
PREVENÇÃO AO SUICÍDIO 
Fabiana Piccoli D`Agostini
Psicóloga
CRP 12/03066 
O QUE É O ENVELHECIMENTO?
“É um fenômeno biopsicossocial que atinge o homem e sua existência na sociedade, manifestando-se em todos os domínios da vida. Inicia-se pelas células, passa aos tecidos e órgãos e termina nos processos extremamente complicados do pensamento.” Soares Vargas, 1994
QUANDO COMEÇA O ENVELHECIMENTO?
A maioria dos estudiosos define o início do envelhecimento aos 60 ou 65 anos A idade cronológica sempre é uma medida arbitrária, pois não existe um “ponto determinado” para se ficar “velho ou velha”. O bem-estar dos idosos está mais relacionado com os eventos da vida e a saúde física do que a idade cronológica. Stuart-Hamilton, 2002
SAÚDE DO IDOSO
• O padrão de doenças é distinto da população jovem 
• 64% dos idosos com problemas de saúde possuem mais de uma doença (denominada comorbidade)
E QUAIS SÃO AS DOENÇAS DO HUMOR NO IDOSO?
TRANSTORNOS DEPRESSIVOS E TRANSTORNOS BIPOLARES
TRANSTORNOS DEPRESSIVOS
O IDOSO SENTE TRISTEZA? 
TRISTEZA É IGUAL A DEPRESSÃO?
TRISTEZA X DEPRESSÃO
TODAS AS PESSOAS, INDEPENDENTEMENTE DA IDADE, JÁ SE SENTIRAM, VEZ OU OUTRA, TRISTES. Isso é natural, faz parte da vida! PORTANTO, TRISTEZA NÃO É A MESMA COISA QUE DEPRESSÃO!
A DEPRESSÃO É UM TRANSTORNO DO HUMOR!
TRANSTORNOS DO HUMOR (TH): • São alterações patológicas do humor (do tipo depressão ou euforia) que desencadeiam perturbações comportamentais, cognitivas, psicomotoras e vegetativas 
Os TH estão entre os mais frequentes transtornos mentais
O humor é definido como eutímico, sadio, estabilizado quando ele está adequado à situação real e o indivíduo é capaz de monitoriza-lo
TERCEIRA IDADE
Os Transtornos Depressivos são mais comuns que os Transtornos Bipolares
O transtorno depressivo mais frequente é o Transtorno Depressivo Maior (TDM)
Os sintomas depressivos são praticamente os mesmos dos adultos jovens (pequena diferença).
A depressão é bastante comum nos idosos, mas não faz parte do processo normal de envelhecimento 
A depressão é uma DOENÇA, mas muitas vezes é considerada como fraqueza, preguiça, má vontade
Nem sempre é fácil reconhecer o episódio depressivo (apenas 20% dos idosos deprimidos são devidamente diagnosticados)
Depressão com início na idade avançada: pode vir acompanhada de anormalidades estruturais e funcionais do cérebro (mais difícil de tratar)
FATORES QUE DIFICULTAM O DIAGNÓSTICO DE DEPRESSÃO NOS IDOSOS
Elevada frequência de sintomas clínicos (ex: fadiga, dores, dificuldades com o sono e o apetite, perda de peso, irritabilidade etc.) 
• Falta de consciência ou reconhecimento dos sintomas depressivos (tanto para o paciente como para o médico)
• Sintomas muito leves de depressão ou pouco específicos
• Subestima dos sintomas depressivos pelos próprios pacientes, familiares e profissionais de saúde 
• Medo dos efeitos colaterais das medicações 
• Preconceito: os idosos têm receio de serem chamados de “loucos”, “gagás”, “fracos” 
SUICíDIO
O suicídio em si não é uma doença, nem necessariamente a manifestação de uma doença, mas transtornos mentais constituem-se em um importante fator associado com o suicídio. 
Em muitos países é mais comum o suicídio nos idosos, do que em pessoas mais jovens 
• EUA: mais de 25%, da população que se suicida, é de idosos
 • Homens da raça branca com mais de 80 anos – risco 6 vezes maior de auto-eliminação (grupo de mais alto risco) 
• É mais frequente em portadores de TH
• História de outras tentativas 
• História familiar de suicídio 
• Quadro psicótico especialmente com alucinações ou delírios de comando 
Uma das causas mais frequentes de suicídio em idosos é porque supostamente a dependência em relação a terceiros não é bem vista em países ocidentais
No Brasil, quando passamos da faixa 15-19 anos para a de 20-29 anos, há um aumento substantivo do número de suicídios.
A mortalidade é maior em idosos com mais de 70 anos
60,4 % solteiro/divorciado/viúvo 
31,5% casado/união estável 
 HOMENS por enforcamento em sua grande maioria
 MULHERES por intoxicação exógena 
 HOMENS SÃO MAIS EFETIVOS
 MULHERES FAZEM MAIS TENTATIVAS
São quatro os sentimentos principais de quem pensa em se matar: depressão, desesperança, desamparo e desespero (regra dos 4D).
Fatores habitualmente encontrados em pessoas com risco de comportamentos suicidas (Bertolote, “O suicídio e sua prevenção”): 
 
Tentativa (s) prévia (s) de suicídio - Transtornos psiquiátricos (principalmente depressão, alcoolismo, esquizofrenia e certos transtornos de personalidade - Doenças físicas (terminais, dolorosas, debilitantes, incapacitantes, desaprovadas socialmente - como a AIDS) - História familiar de suicídio, alcoolismo ou outros transtornos psiquiátricos - Estado civil divorciado, viúvo ou solteiro - Isolamento social - Desempregado ou aposentado - Luto ou abuso sexual na infância - Alta recente de internação psiquiátrica
Fatores ambientais – 
Fácil acesso a métodos de suicídio
 Estressores recentes – 
Separação conjugal – 
Luto – 
Conflitos familiares
 Mudança de situação empregatícia ou financeira - Rejeição por parte de pessoa significativa - Vergonha e temor de ser considerado culpado
Idosos e suicídio 
• Em pesquisa feita com notas de suicidas idosos, Beenars et al. Identificaram os seguintes motivos como principais:
 – medo de se tornarem fardos; 
– de se tornarem dependentes de terceiros; 
– pavor de serem colocados em uma instituição para terceira idade; 
– intolerância à redução das capacidades física e mental;
 – inabilidade em lidar com doenças;
 – medo de bancarrota (menos presente em democracias sociais);
 – medo de perder o controle sobre a vida e a vontade de controlar a morte;
OMS (2015) – aproximadamente 1 milhão de pessoas estiveram em risco de cometer suicídio. 
 • O suicídio é uma das 10 maiores causas de morte em todos os países. 
 • É uma das três maiores causas de morte na faixa de 15 a 35 anos. 
 • O impacto psicológico e social em uma família e na sociedade é imensurável. 
 • Em média, um único suicídio afeta pelo menos outras seis pessoas. 
 • Se ocorre numa escola ou em algum local de trabalho, tem impacto em centenas de pessoas. 
 Países desenvolvidos e subdesenvolvidos: prevalência total de transtornos mentais de 80 a 100% em casos de suicídios com êxito letal. 
 
• Risco de suicídio ao longo da vida em pessoas com transtorno do humor (principalmente depressão): 6 a 15%. 
 
• Alcoolismo: 7 a 15%. 
 
• Esquizofrenia: 4 a 10%. 
 OMS (2020): 1,53 milhão de pessoas no mundo morrerão por suicídio. 
• 01 caso de suicídio a cada 20 segundos 
• 01 tentativa de suicídio a cada 2 segundos. 
• É considerado o mais grave dilema ético da Medicina 
• Complicação terminal de uma fenômeno multideterminado. 
Três características comuns na maioria pessoas sob risco de suicídio: 
1. Ambivalência: Quase sempre querem ao mesmo tempo alcançar a morte, mas também viver. 
2. Impulsividade: o suicídio pode ser também um ato impulsivo, desencadeado por eventos negativos do dia a dia.
 3. Rigidez/constrição: Pensam de forma rígida e drástica: “O único caminho é a morte”; “Não há mais nada o que fazer”; “A única coisa que poderia fazer era me matar”.
PRECAUÇÕES
 Melhora falsa ou enganosa: Quando um paciente agitado de repente fica calmo, ele pode ter tomado a decisão de cometer suicídio, daí a calma após a decisão. 
• Negação: Pacientes que tem intenção muito sérias de suicidar-se podem deliberadamente negar a ideação suicida. 
IMPULSIVIDADE
 O suicídio é um fenômeno impulsivo e o impulso é por natureza muito transitório. 
 Se a ajuda é fornecida no momento do impulso, a crise pode ser combatida. 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
 Não existe uma única causa de tentativa de suicídio. 
 
 A adversidade de fatores e problemas sugere que provavelmente nenhuma medida preventiva única é relevante para todos os pacientes, e que a prevenção efetiva terá que incluir diferentes procedimentos nos vários estágios da cadeia deeventos que levam até a tentativa de suicídio. 
 Prescrição de psicofármacos: deve ser realizada com critérios, elegendo os de menor toxidade. Receitas devem ser válidas para a menor quantidade possível. O melhor é a colaboração de um familiar que controle e fique com a guarda dos medicamentos. 
70% das intoxicações medicamentosas voluntárias se realizam com os fármacos que foram prescritos ao paciente. 
 Uma proporção substancial de pessoas que cometem o suicídio morrem sem nunca terem visto um profissional de saúde mental. 
 
 Melhora na detecção, referenciamento e manejo dos transtornos psiquiátricos na atenção primária são passos importantes na prevenção do suicídio. 
MITOS E REALIDADES
Mito: A ideia comum de que a ameaça de suicídio é feita apenas para manipular as pessoas ou chamar a atenção. 
Realidade: Entende-se que uma ameaça de suicídio sempre deve ser levada a sério. 
Chegar a esse tipo de recurso indica que a pessoa está sofrendo e necessita de ajuda.
Mito: Os suicidas têm plena intenção de morrer. 
Realidade: A maioria dos suicidas não se decidiram quanto a viver ou morrer, e jogam com a morte, deixando, com isso, aos outros a incumbência de salvá-los. Quase nenhuma pessoa comete suicídio sem permitir que os outros saibam como ela se sente. 
 Mito: A melhora depois de uma crise de suicídio significa que o risco de suicídio passou. 
Realidade: A maioria dos suicídios ocorre dentro de aproximadamente três meses depois do início da “melhora”, quando a pessoa tem mais forças para colocar em ação seus pensamentos e sentimentos mórbidos. 
Mito: O suicídio é herdado ou “ocorre em determinadas famílias”. 
Realidade: O suicídio tem uma configuração individual. 
Mito: Todos os suicidas tem doença mental, e o suicídio é sempre o ato de uma pessoa psicótica. 
Realidade: Pesquisa de centenas de verdadeiras notas suicidas indicam que, embora a pessoa suicida seja extremamente infeliz, não tem necessariamente uma doença mental. 
Mito: Crianças não cometem suicídio. 
 Realidade: As crianças realmente cometem suicídios, e os índices se estão elevando. 
Mito: Você não deve fazer perguntas ao paciente a respeito de suicídio porque isso poderia incutir na mente dele essa ideia. 
Realidade: A ideação suicida não é fortuita. Tem origem em processos psicológicos internos profundos ou numa crise importante. 
OBRIGADA PELA ATENÇÃO!!

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