Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Infecções respiratórias agudas superiores Problema mais comum encontrado em serviços médicos pediátricos. Causa mais comum de atendimentos por infecção respiratória aguda. Sabe-se que 0,5% a 2% das IRAS (Infecções respiratór ias agudas superiores) evoluem para rinossinusite bacteriana e aproximadamente 90% das rinossinusites são provenientes de um quadro viral. Podem inclusive evoluir para um quadro bacteriano. Resfriado comum ou gripe podem evoluir para otite, faringoamigdalite, laringite e pneumonia. A anatomia é preciso ser lembrada, uma vez que há uma interligação entre nariz, ouvido e garganta. IRAS incidem principalmente no outono e primavera, que é onde observa-se um maior número de infecções. A anamnese bem detalhada é essencial para o diagnóstico, sendo necessário saber: ➜ Evolução das manifestações respiratórias. ➜ Início dos sintomas - Quando começou, como começou ➜ Padrão da febre ➜ Sintomas sistêmicos associados ➜ Acometimento do estado geral ➜ Saber se há algum vírus ou bactéria ciruculante ➜ Abordagem epidemiológica: ↳ Interrogar sobre o estado de saúde das pessoas que convivem com a criança. ↳ Condições ambientais em que a criança está inserida ↳ Se a criança frequenta creches e escola Exame físico deve compreender todo o trato respiratório: ➜ Narinas, mucosa nasal, cornetos nasais, mucosa oral, gengivas, palato, amígdalas, faringe e ouvidos ➜ Realizar a inspeção, palpação, percussão e ausculta torácicas ➜ Auxiliam no diagnóstico diferencial o exame das conjuntivas, linfonodos e cardiológico, e pesquisa de hepatoesplenomegalia Rinofaringite aguda ou resfriado comum Este termo abrange quadros como o do resfriado comum e rinite viral aguda É doença infecciosa mais comum da infância Crianças menores de 5 anos, podem ter de 5 a 8 episódios por ano Crianças que frequentam creches durante o primeiro ano de vida tem 50% mais resfriados Microbiologia ➜ Mais de 200 sorotipos diferentes de vírus são responsáveis pelo resfriado comum: ↳ Rinovírus é o mais comum, sendo responsável por 30-50% das infecções. ↳ Coronavírus é o segundo mais prevalente, 10-5% dos casos ↳ Vírus sincial respiratório, parainfluenza, adenovírus, enterovírus. ➜ Gripe é causada exclusivamente pelo vírus influenza, quje são respobáveis por 5 - 10% das IRAS Transmissão ➜ Através de gotículas produzidas pela tosse e espirros (aerossol) ou contato de mãos contaminadas ➜ Período de incubação: dois a cinco dias Não significa que a criança tenha um problema de imunidade. Se criança come bem, desenvolve bem, isso é normal. ➜ Período de contágio: até dois dias após o início dos sintomas Manifestações clínicas ➜ Sintomatologia quase sempre é leve, paciente mostra-se afebril ➜ Concomitante rinorreia serosa, dor de garganta, obstrução nasal, espirros e tosse ➜ Pode evoluir com febre alta, cefaléia, mal estar e inapetência ↳ Inapetência é um sintoma muito comum em pediatria ➜ Outros sintomas são diarréia, hiposmia, anosmia ➜ Diferentemente da crença popular a alteração da coloração da secreção nasal não é um sinal específico de infecção bacterina, a secreção pode ocorrer por degradação neutrofílica ➜ Se persistência de rinorreia mucopurulenta por 10 14 dias sugere infecção bacteriana e o uso do antibiótico está indicado Diagnóstico ➜ Essencialmente clínico baseado em sinais e sintomas ➜ Principal função do pediatra é descartar infecção bacteriana associada ➜ Ausência de prostração e limitada a períodos de febre indica infecção viral, porém requer acompanhamento clínico ➜ Aspecto da secreção nasal, sugere, muitas vezes a etiologia: ↳ Rinorreia serosa: Alergia, fase inicial das viroses,rinites bacterianas ou secundárias ↳ Rinorreia seromucosa: Fase intermediária ou fase final das rinites virais, impetigo nasal ↳ Rinorreia mucopurulenta: Fase final das rinites virais, rinites bacterianas ↳ Rinor re ia serossangu ino len ta : Traumatismo de mucosa, corpo estranho- associado a odor fétido ➜ Diagnóstico diferencial ↳ Resfriado comum x Gripe ↪ Na gripe há inicio súbito dos sintomas, febre alta, fadiga e mialgia ↪ Há três tipos de Influenzae: A,B e C. ↪ Quadro clínico variável por vezes leve, outras vezes grave, podendo ocorrer pneumonia fatal. ↪ Assim, no quadro de gripe observa-se um paciente mais prostrado, com febre mais alta, mais inapetência ➜ Diagnóstico laboratorial: ↳ Realizado através do isolamento do vírus por cultura ↳ Cultura do influenza e através do lavado de rinofaringe e swab pode ser obtida em 48 horas, mas a identificação específica pode demorar de 3 a 6 dias ↳ Testes sorológicos são impraticáveis, dada a grande variedade de sorotipos dos rinovírus ↳ PCR viral apresenta maior especificidade Tratamento ➜ Sintomáticos (curta duração e autolimitado) - crianças irão apresentar febre, obstrução nasal, tosse ➜ Pais devem ser orientados quanto a evolução natural ➜ Inapetência própria do quadro e precisa ser respeitada, aumentar a ingesta hídrica ➜ Fluidificação das secreções (lavagem nasal) Valor de temperatura não indica se é i n f e c ç ã o b a c t e r i a n a o u v i r a l . Normalmente a infecção bacteriana tem a ver com a durabilidade dos sintomas sendo o viral mais agudo e da mesma forma que vem, vai embora; quadros mais arrastados normalmente são bacterianos. Portanto, é necessário o tratamento sintomático, hidratação, lavagem nasal e analgésico Complicações ➜ Surgimento de dificuldade respiratória, ➜ Piora da prostração, ➜ Persistência da febre por mais de 72 horas ➜ Indicam possibi l idade de infecção bacteriana ➜ Complicações mais frequentes são: otite média aguda, pneumonia, sinusite Prevenção ➜ Lavagem das mãos ➜ Evitar manipulação manual do nariz ,olhos e boca ➜ E v i t a r l u g a r e s f e c h a d o s e c o m aglomerações ➜ Imunização contra influenza Otite média aguda (OMA) Afecção mais frequente na infância após o resfriado Quase todas as crianças apresentam pelo menos um episódio de OMA nos primeiros 3 anos de vida Até 7 anos 90% terão um episódio de OMA e 75% terão 3 ou mais episódios de OMA Maior prevalência acontece entre 6 meses e 3 anos, sendo o pico no primeiro ano de vida Pequeno aumento entre 5 e 6 anos que é o tempo em que a criança entra na escola A incidência diminuiu muito com a introdução das vacinas pneumocócicas conjugadas no Programa Nacional de Imunização e pelo distanciamento social devido ao coronavírus Classificação da OMA ➜ É um processo de natureza inflamatória, infecciosa ou não ➜ Anatomicamente ocupa toda a fenda auditiva, focal (em um único local, onde observa mais uma otite externa com infecção de conduto externo) ou generalizada (infecção da tuba auditiva, pavilhão e região interna) Tuba auditiva ➜ Normalmente está fechada ➜ Tem funções fisiológicas em relação à orela média ➜ Função de proteção, eliminação e ventilação ↳ Na criança tem-se alguma disfunção disso, provavelmente por isso que a criança tem mais infecções do que adultos ↳ Proteção: Contra secreções e agentes patogênicos ↳ Eliminação: Sistema mucociliar de secreção, fluidos, dendritos e substâncias estranhas à orelha média ↳ Ventilação: Equilíbrio e pressão desta com o ambiente externo Otite média com efusão ➜ Secreção serosa ou mucosa na orelha média sem perfuração da membrana timpânica (tímpano íntegro) ➜ Não tem quadro típico de infecção, hiperemia, abalamento timpânico ➜ Forma mais comum em todas as populações ➜ Não tem infecção aguda Membrana timpânica normal, com presença do martelo, bigorna e estribo. Ele brilha ao jogar a luz, não há hiperemia e nem presença de secreção Crianças que apresentam muitas infecções e obstruções com atraso de fala, muitas vezes possuem deficiência de ventilação, inclusive, algumas têm que colocar uma espécie de carretelno ouvido para melhorar a ventilação ➜ Pode ser um fenômeno normal associado a quadros de IRAS, sem necessariamente ter uma infecção ➜ Maioria com tendência de cura em semanas a até 3 meses Otite média aguda ➜ É de fato uma efusão do ouvido médio com sinais e sintomas inflamatórios de dor, hiperemia e abaulamento da membrana timpânica, com ou sem otorréia Otite média aguda recorrente ➜ 3 episódios de otite média aguda em 6 meses ou 4 episódios em 1 ano Otite média aguda supurativa crônica ➜ Otorréia através da membrana timpânica por mais 2 a 6 semanas ➜ Faz-se perfuração de tímpano Fatores de risco ➜ Fator primordial da criança: Disfunção da tuba auditiva (disfunção de proteção, drenagem e ventilação do ouvido médio) são menos eficientes nas crianças ➜ Incoordenação da musculatura ➜ Imaturidade das cartilagens ➜ Alteração do clearense mucociliar Outros fatores de risco ➜ Predisposição genética ➜ História familiar de OMA recorrente ➜ Gemelaridade ➜ Prematuridade ➜ Doença do refluxo gastroesofágico ➜ Aleitamento artificial ➜ Tabagismo passivo ➜ Sexo masculino (3:1) ➜ Outros fatores predisponentes ➜ Chupeta ➜ Tomar mamadeira em decúbito dorsal ➜ Frequentar creche ou berçário ➜ Baixo nível socio-econômico ➜ Aglomerações populacionais raça: Negros e indígenas ➜ Susceptíveis ➜ Erros inatos da imunidade ➜ Hiperrreatividade vias aéreas ➜ Doenças adenotonsiláres ➜ Alterações nasossinusais obstrutivas (rinites, IRAS, desvio de septo) ➜ Disfunções ciliares ➜ Anormalidades crânio faciais (Síndrome de Down, fenda palatina) Etiologia ➜ Patógenos envolvidos podem ser virais ou bacterianos ➜ Viroses respiratórias desempenham um papel relevante na patogênese da OMA ➜ EUA: Bactérias 92% (com ou sem vírus); Vírus 70% (com ou sem bactérias) e bactérias + vírus 66% ➜ Em um estudo recente de Israel, notou-se declínio de 85% das infecções de OMA devido aos sorotipos 13 do pneumo 13 desde a introdução da vacina universal. ➜ Antes da introdução da vacina pneumo 7 eles representavam 60 - 70% dos isolados na faixa etária de 6 meses e 59 meses. Após a vacina nos anos seguintes à introdução, houve declínio da proporção de isolados de Streptococcus pneumoniae. ➜ Vírus mais frequentes: VRSS (Vírus Sinsicial Respiratório) - Parainfluenza, influenza, enterovírus, adenovírus e rinovírus ➜ Podem coexistir mais de um patógeno principalmente vírus (infecção cruzada) ➜ A maioria dos episódios OMA ocorrem como complicação de IRAS ➜ 86% Casos: Outono, inverno e primavera ➜ S. pneumoniae ↳ Otite bilateral ↳ Otalgia importante ↳ Febre ↳ Perfuração de membrana timpânica espontânea ↳ Outras complicações: bacteremia, mastoidite ➜ H. Influenza não tipável ↳ Associação com conjuntivite: otite, febre mais baixa ➜ Moraxella catarrhalis ↳ Quadros leves com tendência a cura espontâncea Clínica ➜ Sinais e sintomas inflamatórios ➜ Sintomas de resfriado podem proceder ou acompanhar o quadro clínico da criança ➜ Febre (1/3 dos casos) ➜ Outras queixas ↳ Irritabilidade ↳ Dificuldade para sugar ↳ Vômitos Virais (30%) Bacterianas (70%) Vírus sincicial respiratório Streptococcus pneumoniae Influenza Haemophilus influenza (Não tipável) Adenovírus Moraxella catarhallis Coronavírus Streptococcus pyogenes Enterovírus Staphylococcus aureus Parainfluenza Bacilo gram negativo (E.coli, Klebisiella sp. E P. aeruginosa) As crianças apresentam mais disfunções de tuba auditiva, incoordenação de musculatura, anatomicamente a tuba é mais retificada o que facilita infecção, principalmente em crianças que mamam deitadas o leite pode ter mais chances do leite infeccionar esse local, pode ter também um acúmulo de infecções. ↳ Diarreia ↳ “Meningismo" - criança trava a cabeça ↳ Hipoacusia Otoscopia ➜ Hiperemia ➜ Aumento da vascularização ➜ Diminuição de translucidez da membrana timpânica ➜ Formação bolhas visíveis: Secreção + ar ➜ Nível líquido na linha horizontal ➜ Retração da membrana timpânica ➜ Abaulamento da membrana timpânica: VPP (Valor Preditivo Positivo) 83 a 99% Tratamento ➜ O número de complicações supurativas não aumenta se o paciente é observado e acompanhado ➜ Conduta vigilante ➜ Garantir analgesia ➜ Orientação e cuidado dos pais ➜ Alívio da dor tem que ser na primeira conduta, devido ao tímpano estar sendo pressionado por secreção, normalmente iniciando com anti-inflamatório ➜ Uso de antibiótico deve considerar idade, gravidade e acurácia do diagnóstico ↳ Cr ianças que tem condições de acompanhar, não precisa iniciar antibiótico na primeira hora ↳ O uso precoce do antibiótico não previne a ocorrência de complicações supurativas, uma vez que a maioria das pessoas que apresentam complicações já estavam em uso de algum tipo de antibiótico ➜ Recuperação sem antibiótico é menos provável em: ↳ Menores de 2 anos ↳ Otite bilateral ↳ Sintomas mais graves ↪ Criança mais prostrada, mais dor, vomitando, não aceita alimentação, ou seja, com mais sintomas sintomas sistêmicos ↪ Por sintomas graves, entenda-se: ➤ Toxemia ➤ Otalgia persistente por mais de 48 horas ➤ Temperatura maior do que 39 ºC nas últimas 48 horas ➤ Seguimento após a consulta inicial for incerto ➜ Por que optar conduta vigilante? ↳ Antibióticos não previnem complicações mais graves, nem a presença de efusão ou recorrências tardias Normal Leve Moderado Intenso A hiperemia, a diminuição de translucidez da membrana timpânica ou a presença de líquido retrotimpânico isoladamente, sem abaulamento ou otorreia, não são sinais que distinguem otite média aguda. Abaulamento da membrana timpânica é o mais fidedigno. Em crianças com OMA, no exame clássico os achados incluem ouvido médio cheio de líquido e membrana timpânica saliente, opaca, amarelo ou branco e diminuído ou ausente mobilidade com otoscopia pneumática se ela for realizada Assim, já deve iniciar o uso de antibióticos, não devendo atrasar o início da antibioticoterapia, já que ATB pode ser atrasado em 48 - 72h em maiores de 2 anos e OMA leve ↳ Efeitos adversos como vômitos, diarreia e rash cutâneo são significativamente mais frequentes em crianças em uso de antibióticos ↳ É preciso tratar sete a nove crianças com OMA para obter o benefício adicional do antibiótico em uma delas ➜ Por que tratar com antimicrobianos? ↳ Resolução mais precoce dos sintomas e dos achados otoscópicos, entrando nessa questão com a família ↳ Redução do risco de perfuração da Membrana Timpânica (MT) ↳ Redução de chance de falhas no tratamento ↳ Reduzir complicações e sequelas: ↪ Atelectasia de MT ↪ Colesteatoma ↪ Mastoidite ↪ Abcessos epidurais ↪ Trombose de seio sigmoide ↪ Perda auditiva ➜ Estratégia 1 - Inicio da terapia com antibiótico ↳ Tratamento com ant ib iót ico após diagnóstico ➜ Estratégia 2 - Conduta vigilante ↳ Manejo inicial com sintomáticos ↳ Inicio do antibiótico: ↳ Se houver piora ↳ Ausência de melhora do quadro clínico em 48 - 72h ➜ Antibióticos (ABX) para OMA não severa Para casos de certeza absoluta aos diagnóstico com MT abaulada Idade Otorreia com OMA OMA bilateral s/ otorreia OMA unilateral s/ otorreia < 6 meses Antibiótico Antibiótico Antibiótico 6 - 23 meses Favorável ao ABX Favorável ao ABX Antibiótico ou observação > 24 meses Favorável ao ABX Antibiótico ou observação Favorável à observação ➜ PRIMEIRA ESCOLHA: AMOXICILINA ↳ Amoxicilina ↪ 50 mg/Kg/dia 8/8h ou 90mg/Kg/dia 12/12h ↪ Casos não complicados ↪ Vacina PN13 (rede particular), sem uso frequente ATB, sem creche ↳ Amoxicilina ↪ 90 mg/Kg/dia 8/8h ↪ Casos não complicados ↪ Vacina PN10 (SUS) e/ou uso frequente ATB ou creche ↳ Amoxicilina clavulanato ↪ 50 a 90 mg/Kg/dia 8/8h ↪ Casos não complicados↪ Síndrome Otite - Conjuntivite purulenta ↪ Uso recorrente de amoxicilina nos últimos 30 dias ↪ Recidiva e/ou recorrência t ratada corretamente ↳ Tempo de tratamento ↪ 7 dias - Maiores de 2 anos, casos não complicados ↪ 10 dias - Menores de 2 anos, recorrências, complicações, perfuração MT “A distribuição das doenças pneumocócicas varia em relação a idade do indivíduo (Gráfico 1), entretanto, em todas as faixas etárias a pneumonia é sempre a mais presente. (5)” - CONITEC Outubro/2018 Assim, inicia-se com amoxicilina pura para posteriormente associar com o clavulanato Rinossinusite aguda Termo rinossinusite é mais apropriado A r i n i t e p o d e s e r e n c o n t r a d a isoladamente Doenças em continuidade, ou seja, tem-se um resfriado que não foi bem t r a t a d o q u e e v o l u i p a r a u m a rinossinusite Processo inflamatório que reveste mucosa nariz e seios paranasais Causas - 80% dos casos ➜ Após evolução VIRAL ➜ Alergia ➜ Alterações anatômicas que propiciam o aumento dessas infecções Exagero diagnósticos Exposição desnecessária à radiação ➜ Todos que chegam com uma suspeita de rinossinusite é submetido a um Raio-X Uso excessivo de antibióticos ➜ Reino Unido: 88% das consultas por rinossinusite resultaram em ATB ➜ Holanda: 60% dos resfriados são tratados com ATB e 70% das rinossinusites Rinossinusite aguda viral - muito maior Rinossinusite aguda pós-viral Somente em 0,5 a 2% dos casos há evolução para RSA bacteriana no adulto e de 5-13% na criança, sendo a maioria, então, de etiologia viral Aprox imadamente 6 a 9% dos resfriados em crianças evoluem para RSA bacteriana Tende a ocorrer mais frequente 4 a 7 anos de idade ➜ Isso devido à pneumatização dos seios da face, já que a pneumatização completa ocorre por volta dos 7 anos de idade Pode ocorrer em qualquer idade sendo menos comum em menores de 2 anos A amoxicilina tem excelente penetração no ouvido médio e por isso ainda pode ser eficaz, apesar da resistência in vitro que é visto. É barato, bem tolerado e tem espectro antimicrobiano relativamente estreito. Os óstios do seio são maiores (em relação ao corpo do seio) do que em cr ianças mais velhas e menos propensos a serem obstruídos A OMA é mais comum precedendo a Rinossinusite Aguda Bacter iana (RSAB) Secreções progressivamente mais espessas, aumentando a chance de obstruções Dano e espessamento de epitélio - fator genético Prejuízos na função ciliar Obstrução de óstios Colonização bacteriana Nessa imagem evidencia-se a formação dos seio paranasais com a idade. Assim, no adulto tem-se mais um movimento mucociliar do seio frontal, seio maxilar e ainda o complexo osteomeatal mais bem formado do que na criança. Fatores predisponentes Locorregionais: Obstrução do Complexo Osteomeatal (COM), impedindo a fluidificação das secreções Etiologia bacteriana ➜ Streptococcus pneumoniae ➜ Haemophilus influenzae ➜ Moraxella catarrhails ➜ 6 a 10%: Anaeróbios - infecções dentárias adolescentes ➜ Streptococcus aureus ↳ Pouco comum ↳ Maior virulencia e resistencia ↳ Normalmente observa-se em pacientes hospitalizados ➜ A aspiração sinusal é um procedimento invasivo que não é realizado rotineiramente em Rinossinusite Agudas Bacterianas (RSAB) não complicada ➜ Culturas de fluido de orelha média obtidas por timpanocentese de crianças com OMA são usadas como substituto para culturas de seios paranasais ➜ Otite média aguda e rinossinusite aguda bacteriana tem patogênese e microbiologia semelhantes (principalmente pneumococos) Atenção ➜ Valor diagnóstico na RSA bacteriana ↳ Rinorreia (71 - 80%) - variável em aspeto Rinossinusite aguda Rinossinusite aguda recorrente Rinossinusite crônica Até 4 semanas Intervalo assintomático (mínimo 10 dias) Sintomatologia superior a 3 meses ininterruptos Com resolução completa dos sintomas 3 episódios em 6 meses Sintomas persistentes; tosse, rinorreia e obstrução nasal 4 episódios/ 12 meses Edema mucosa Alterações anatômicas Comprome- timento da função ciliar Outros IVAS Desvio septo nasal Ar frio/seco Infecções dentárias Rinite alérgica Polipose nasal Drogas (cocaína) Atresias de coanas Barotrauma Corpo estranho Medicamen- tos Tumor Tabagismo ↳ Tosse principalmente ao deitar (50 - 80%) - Devido ao gotejamento pós nasal ↳ Febre (50 - 60%) ↳ Obstrução nasal (pré escolar) ↳ Halitose ↳ Fadiga ↳ Cefaleia (Maiores 5 - 6 anos) - Devido à pneumatização dos seios frontais ↳ Dor facial (Maiores 5 - 6 anos) - Devido à pneumatização dos seios frontais Clínica ➜ Difícil diagnóstico diferencial (vírus e bactéria) apenas nos achados clínicos ➜ Valor diagnóstico na RSAB ↳ Rinorreia (71 - 80%) - Variável em aspecto ↳ Tosse seca ou produtiva principalmente ao deitar (50 - 80%) ↳ Febre ↳ Obstrução nasal ➜ Drenagem pós nasal: 60% dos casos - Esse gotejamento pós nasal que faz a criança tossir a noite Diagnóstico ➜ O diagnóstico presuntivo de sinusite bacteriana aguda é feito quando uma criança ou adolescente apresentar (Recomendação B) ➜ Sinais e sintomas de resfriados mais 10 dias com QUALQUER RINORREIA e tosse que piora a noite ↳ “Segundo as diretrizes americanas para rinossinusites (2015), devemos considerar o diagnóstico de RSA bacteriana quando os sintomas cardinais persistirem por mais de 10 dias, sem evidência de melhoria em curto prazo, ou ainda quando pioram após um período de melhoria inicial, o que é chamado de dupla-pioria” (PILTCHER. et al, 2018) ↳ A rinorreia pode ser de qualquer cor ou caráter, clara e aquosa, mucoide ou purulenta, espessa, colorida e/ou opaca. ↳ A tosse pode ser molhada ou seca. Quando RSAB deve estar presente durante o dia, mas costuma ser pior à noite ➜ Resfriado mais grave (febre maior que 39 ºC, rinorreia copiosa, edema periorbitário e dor) com duração maior de 3 dias O conhecimento da anatomia e a época da sua pneumatização (completa aos 10 anos) auxiliam na abordagem da doença Mais importante para o diagnóstico é o tempo de evolução e não os sintomas Atenção: Febre e secreção “purulenta” podem ocorrer nos quadros virais ➜ O diagnóstico presuntivo de sinusite bacteriana aguda é feito quando uma criança ou adolescente apresentar (recomendação B) Exames de imagem ➜ Não é indicada realização de exames de imagem (radiografia simples, TC com contraste, RM) ➜ Diagnostico é estr i tamente cl ínico (B/;Fortemente recomendado) AAP ➜ Imagem (RM ou TAC) deve ser solicitada apenas em pacientes com suspeita de complicação (B/;Fortemente recomendado) AAP ↳ Abcesso cerebral, celulite periorbitária ➜ Nenhum estudo de imagem está indicado se os sintomas persistem por menos menos de 10 dias - American Colege for radiology ➜ Raio-X seios de face: GERALMENTE NÃO RECOMENDADOS: ↳ Baixa sensibilidade ↳ Grande número de falso positivos e negativos ➜ Achados sugestivos: Espessamento da mucosa > 4mm, nível hidroaéreos total ↳ Podem ser encontrados em 87% das infecções virais e muitas vezes dará antibiótico para a criança ➜ Indicação de TC de crânio ↳ RSA recorrente ↳ RSC ↳ Casos graves de RSA ( toxemia, complicações intraorbitárias e intracranianas) ↳ Considerar procedimento cirúrgico Tratamento ➜ Higiene nasal: Fundamental ↳ Faci l i ta transporte secreções até nasofaringe ↳ Torna secreções menos viscosas ↳ Elimina mediadores inflamatórios - deixando mais hialina ↳ Favorece batimentos ciliares e clearence mucociliar ↳ Menor produção de IL-8 - menor resposta ↳ Diminui resposta inflamatória ↳ Diminui congestão da mucosa ↳ Melhora drenagem e patência dos óstios sinusais ➜ Antimicrobianos ↳ Fatores de risco para resistência ao pneumococo ↪ Criança que frequenta creche, não tem cartão vacinal completo, vacina pneumo10, criança em uso e antibióticocom muita frequência ↳ Severidade da doença e com risco de complicações ↳ Argumentos contra uso de ATB ↪ 40% dos casos resolvem espontaneamente ↪ A infecção viral é responsável por 80% dos episódios ↪ Existem poucos estudos, dados são insuficientes para demonstrar superioridade do antibiótico ao placebo nas crianças ↪ Aumento dos efeitos colaterais e resistência bacteriana ↳ Argumentos a favor do uso do ATB ↪ Alívio sintomático ↪ Acelerara a resolução do quadro ↪ Prevenir as complicações ↪ Evitar a evolução para cronicidade ↳ Fatores de risco para resistência antimicrobiana ↪ Residir em área ≥ 10% de S. pneumoniae resiste cia intermediária ↪ Idade menor de 2 anos ↪ Frequência de creche ↪ Antibioticoterapia nos 30 dias anteriores ↪ Hospitalização nos últimos 5 dias ↳ Opções de antimicrobianos ↳ Outras opções de antimicrobianos ↪ Cefuroxima 30 mg/kg/dia ➤ Alergia penicilina não anafilática ↪ Azitromicina 10 mg/Kg/dia ➤ Alergia anafilática a penicilina ou resistência crescente ↳ Tempo de tratamento ↪ Poucas evidências apra tratamentos curtos ↪ 10 a 14 dias ou 7 dias após assintomático Complicações ➜ Rinossinusite crônica ➜ Osteomielite maxilar ➜ Celulite periorbitália ➜ Meningite Faringoamigdalites Faringoamigdalite aguda Dor de garganta - 3ª maior queixa em consultas F a r i n g o a m i g d a l i t e ( F A A ) / Faringotonsilite (FTA): Termos mais apropriados FAA viral Mais frequente (> 50% dos casos) principalmente em menores de 3 anos Virais ➜ Vírus são os mais frequentes: Coxsackie (síndrome mão pé boca), Poliovirus, Influenza A e B, Parainfluenza, Vírus Sincicial Respiratório, Adenovírus, Herpes simples, Rinovírus, Citomegalovírus, Epstein-Barr ➜ Características clínicas ↳ Febre ↳ Rinorreia serosa ↳ Tosse e rouquidão (incômodo para engolir) Amoxicilina 50mg/Kg 8/8h ou 90 mg/Kg 12/12h Amoxicilina 90 mg/Kg/dia 8/8h Amociclilina com clavulanato 90 mg/Kg/dia 12/12h ATB de primeira escolha Alta prevalência de resistência do S. pneumoniae Casos moderados a grave Casos não complicados Casos não complicados < 2 anos Sem contexto de resistência bacteriana Com ou sem contexto de resistência bacteriana Uso recente de ATB Vacina Pneumo13 Vacina pneumo10 Cartão vacinal incompleto Sem uso frequente de antibiótico Uso frequente de antibiótico Uso recente de amoxicilina nos últimos 30 dias Não vai à creche Frequentam creches Recidiva e/ou recorrência tratada incorretamente Coxsackie Adenovirus Poliovírus Rinovirus Influenza A e B Citomegalovirus Parainfluenza 3 Epstein - baar VRS ↳ Hiperemia difusa da orofaringe com ou sem exsudato ↳ Curso rápido ↳ Limitado de 3 a 4 dias ↳ Não necessita antibioticoterapia ➜ Adenovirus ↳ Febre faringoconjuntival ↳ Quadros mais prolongados ↳ Exsudato amigdaliano e sintomas mais intensos ↳ Conjuntivite associada pode durar 10 a 14 dias ↳ Resolução espontânea (vírus não tem tratamento específico) ➜ Epstein Barr ↳ Mononucleose infecciosa (doença do beijo) ↳ Pré-adolescentes e adolescentes ↳ Infecções leves - Doença multissistêmica ↳ Prostração, dor de garganta intensa, estomatite, exantema, adenomegalia cervical importante e hepatoesplenomegalia ↳ Amígdalas de grande volume: Dificuldade respiratória devido ao edema da amígdala ➜ Coxsackie (Herpangina) ↳ Febre, vômitos, vesículas e úlceras alto mole, úvula e pilares anteriores ↪ Na estomatite herpética é mais em estruturas posteriores ↳ Dor importante: Disfagia - Desidratação FAA bacteriana ➜ 35 - 40% dos casos ➜ Bactéria mais prevalente: Estreptococo B hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes do grupo A) ➜ Possibilidade de complicações como a Febre Reumática e a Glomerulonefrite difusa aguda (GNDA) ➜ Crianças acima de 3 anos, pico 5 a 15 anos ➜ Sugerem infecção bacteriana: ↳ Início agudo da dor de garganta e odinofagia ↳ Febre alta, cefaleia, náuseas e vômitos ↪ Muito comum dor de barriga associada, devido adenite mesentérica, pelos linfonos abdominais reagirem ↳ Pode causar também: S. pneumoniae, H. influenzae, C. diphiteriae, B. pertusis. M. catarralis Assim, é preciso para alimentação utilizar alimentos mais frios e falar para a mãe ser paciente ➜ FAA estreptocócica ↳ Exsudato amigdaliano em 50 - 90% dos casos ↳ Adenopatia cervical anterior dolorosa (30 - 60%) ↳ Petéquias palato, edema, hiperemia úvula ↳ Febre > 38,5 ºC ↳ Ausência de tosse e sinais irais ↳ Exantema escarlatiniforme Diagnóstico “Na prática diária, outros métodos clínicos validados e reprodutíveis nas diferentes faixas etárias têm sido usados para identificar a probabilidade infecção por S. pyogenes. Um deles é o escore clínico de Centor modificado (McIsaac), que inclui características de história e exame físico (tabela 7). Embora o escore de Centor modificado seja um dos mais usados mundia lmente, a inda carece de boa sensibilidade para detecção, com valor preditivo positivo moderado. Apesar dessas l imitações, as duas extremidades de pontua̧cão (≤ 1 ou ≥ 4 pontos) têm servido como discriminadores de baixa probabilidade e alta probabilidade de infecção por S. pyogenes, respectivamente. Dessa forma, em pacientes com baixa possibilidade de infecção estreptocócica (pontua ̧cão total ≤ 1 no escore de Centor modificado), assim como nos quadros clínicos mais prováveis (pontua ̧cão ≥ 4 no escore de Centor modificado), não haveria a necessidade de rotineiramente usar o teste. Já pacientes com moderada probabilidade de infecção estreptocócica (pontuação total 2-3 no escore de Centor modif icado) idealmente dever iam ser submetidos à cultura ou ao teste rápido de detecção de antígeno para direcionamento de tratamento.” (PILTCHER. et al, 2018) Bacterianas Virais Idade 5 a 15 anos Predomina até 3 anos Febre > 38,5 ºC, cefaleia, dor abdominal Febre, coriza, obstrução Prostração, odinofagia mais intensa Tosse, rouquidão Esxudato placas tonsilas e faringeo, petequias em palato Exsudato amigdaliano Adenite cervical anterior dolorosa Estomatite ulcerativa, vesículas Exantema escarlatiformeAusencia de sintomas Conjuntivite, diarreia Exantema escarlatiforme - Língua em framboesa Escore ≤ 1 ou ≥ 4 não haveria necessidade de usar o teste rápido Escore 2 - 3 - Cultura ou teste rápido ➜ Na pratica não é fácil tanto a criança tecnicamente quanto se é bacteriana ou viral ➜ Duas faces ↳ Superdiagnóstico → ATB → Resistência bacteriana ↳ Tratamento incorreto → complicações principalmente Febre Reumática ➜ Importante buscar maior precisão diagnóstica ➜ Aguardar até o 9º dia da doença sem ATB não aumenta o risco de complicações não supurativas ➜ A identificação microbiana por cultura de orofaringe ainda é considerada o teste padrão- ouro (S 69 - 90% e E 65 - 90%) ➜ Cultura ↳ Custos não são desprezíveis ↳ Demora apra o resultado (48 - 72h) ➜ Teste rápido ↳ Tempo resultado: ± 15 min ↳ Não disponível em serviços públicos ↳ Falso positivos (5 - 21%) Embora grande vantagem quanto ao tempo do resultado, esse teste ainda tem custo relativamente alto o que impossibilita a aplicação em serviços públicos. Os resultados positivos não permitem encontrar a causa etiológica ➜ T e s t e s r á p i d o s d e a n t í g e n o estreptocócico (RADT) ↳ É baseado na pesquisa enzimática do antígenos do estreptococo nos esfregamos na garganta ↳ Especificidade de ≥ 95 ↳ Sensibilidade 70 - 90% para o estreptococo do grupo A ↳ Amostras swab → Vigoroso das amígdalas ou fossas tonsilas e da faringe posterior ↳ Coletar 2 esfregaços ↪ Se positivo: Descarta se as 2 ↪ Se negativo: Cultura Desvantagens ou dificuldades na sua aplicação Swab deve ser movido para dentro e para fora da boca sem tocar a língua ou a mucosa bucal Deve ser colhido antes do início da terapia antimicrobiana→ uma dose única de antibióticos pode resultar em resultados negativos de uma cultura ou RADT Não diferencia colonização de infecção. 5 - 21% de 3 a 15 anos são portadoras de Strepto A em orofaringe ➜ Objetivos do tratamento com ATB ↳ Reduzir a duração e gravidade dos sintomas ↳ Reduzir complicações ↪ Não supurativas: FR ↪ S u p u r a t i v a s : O M A , a b c e s s o periamigdaliano, doença invasiva ↳ Reduzir a transmissão para contatos Tratamento ➜Tratamento de escolha: Penicilina 10 dias ➜ Penicilina G benzina: Quando escolher? - Bezentacil ↳ Não adesão ao tratamento ↳ Baixo nível socioeconomico ↳ HPP ou HF de FR ou cardite reumatica ↳ Dose ↪ < 27Kg: 600.000 UI - IM ↪ > 27Kg: 1.200.000 UI - IM ➜ Considerações ↳ Espera-se pelo menos 48hrs para alívio dos sintomas ↳ Em todos os países, a maioria das cepas é sensível à penicilina ↳ A penicilina é o único ATB que mostrou reduzir as chances de FR ↳ Em estudos com pacientes e cultura positiva para S. pyogenes a resistência a penicilina foi de 0% e a azitromicina de 12,5% Paciente mesmo que assintomático não parar o tratamento antes de 10 dias, pois a infecção pode reaparecer e o risco de FR permanece
Compartilhar