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Rotura prematura de membranas ovulares (Amniorrexe prematura) Rotura prematura das membranas (RPMO) também chamada de amniorrexe prematura ou rupreme é de f in ida como ro tu ra espontânea das membranas amnióticas antes do início do trabalho de parto em qualquer idade gestacional (IG) Ruptura antes do trabalho de parto Classificação ➜ Pode se classificar em: ↳ RPMO de termo a partir da 37 semanas de gestação ↳ RPMO pré-termo quando ocorre antes da 37 semanas de gestação Relevância ➜ No Brasil, os recém nascidos prematuros representam aproximadamente 10 a 12,3% dos nascidos vivos, com percentuais crescentes. Cerca de 29% dos partos prematuros são decorrentes de RPMO em gestação pré-termo Fatores de risco ➜ História prévia de RPMO e parto prematuro ➜ Colo curto (< 2,5 cm) ➜ Sangramentos de 2º e 3º trimestre ➜ Baixo índice de massa corpórea (IMC) ➜ Baixo nível socioeconômico ➜ Tabagismo e uso de drogas ilícitas ➜ Gestação múltipla ➜ Exames invasivos: amniocentese e cordocentese ↳ Exames quando há alteração morfológica na criança ↪ Em caso de quando é feita a translucência nucal e precisa fazer o cariótipo da criança, ocorre uma ruptura prematura por iatrogenia ➜ Incompetência istmocervical ➜ Inserção baixa de placenta ➜ Macrossomia ➜ Polidramnia ➜ Infecções genitais (strepto B*, gonococo e clamídia) ➜ Doenças maternas (deficiência de α1 antitripsina, síndrome de Ehlers-Danlos, doença falciforme) ➜ É importante ressaltar o estresse oxidativo nos mecanismos primários para a RPMPT, com processos iniciados por diferentes etiologias, que envolvem infecção, inflamação, sangramento placentário, sobredistensão uterina e polimorfismo genético ➜ Embora cada um desses fatores esteja associado com a RPMPT, com frequência essa complicação ocorre na ausência de fatores de risco conhecidos ou de uma causa evidente Risco maternos e fetais ➜ O principal risco materno da RPMO é: o quad ro i n f ecc i oso se j a i n t r au te r i no (corioamnionite, endometrite) ou sistêmico e suas consequências, que aumentam com a duração da rotura das membranas ou período de latência ↳ Corioamnionite é um infecção das membranas que torna-se uma endometrite, ou seja, infecção do endométrio. Quando não tratada, pode tornar-se uma infecção sistêmica que gera sintomas gerais, como febre, taquicardia, calafrios ➜ Aproximadamente 15 a 20% das gestantes com RPMPT desenvolvem infecções pós- parto ↳ Isso porque a infecção iniciou quando rompeu a bolsa, devendo ser documentado no pós-parto imediato ➜ Apenas ⅓ das RPMPT tem cultura de líquido amniótico positiva nas corioamnionites ↳ Apesar de esperar, deixar em observação e não manifestar sintomas, ela pode ter sinais de infecção seja pelo cheiro, aspecto da placenta pós-parto, pelo neném que faz uma sepse neonatal precoce que não estava sendo diagnosticada intrauterina ➜ Os recém-natos são especialmente vulneráveis a diversos problemas, como doença de membrana hialina, hemorragia intraventricular, leucomalácia periventricular, outras sequelas neurológicas, infecção (sepse, pneumonia, meningite) e enterocolite necrosante ↳ Está relacionado pela prematuridade, não maturidade pulmonar, sendo a maioria devido à prematuridade ➜ A hipoplasia pulmonar foi identificada em 26,3% dos fetos com menos de 25 semanas de gestação, com maior morbimortalidade ↳ Hipoplasia pulmonar é quando o pulmão não desenvolveu, sabe-se que a partir de 34 semanas tem-se maturidade pulmonar melhor e abaixo de 24 semanas tem quase 0. Por isso, muitas vezes não vale a pena fazer corticoideoterapia em crianças menores de 24 semanas por não haver tanto benefício. Mesmo com a ruptura de bolsa muito precoce, ele já torna-se um sofredor crônico e o desenvolvimento fetal pode ser prejudicada pela ruptura extrema da idade gestacional ➜ A RPMO também está associada a risco aumentado de descolamento placentário e prolapso de cordão ↳ Descolamento de placenta é quando a paciente tem algum fator, sendo o principal a hipertensão e a placenta descola-se do útero, com isso há corte na circulação materno-fetal e há óbito intrauterino. Quando ocorre isso, há sangramento exagerado dentro do útero e isso causa hemorragia v io lenta, inf i l t ra o sangramento dentro do útero (útero de Couvelaire), atonia uterina considerado (cheio de sangue e não consegue contrair), consumo dos fatores de coagulação, sendo uma das emergências mais graves devendo ser feita cesariana (feto se estiver com vida, pode ser retirado ainda vivo) ↪ Quando a intervenção é precoce pode-se preservar o útero, caso contrário deve ser feita histerectomia total ↳ Prolapso de cordão é quando a paciente não está em trabalho de parto e a bolsa se rompe, no entanto aquele feto não estava preparado para nascer, então o cordão desceu pela vagina com isso não há mais líquido e o neném encaixa sobre a pelve, interrompendo a circulação materno-fetal e se não intervir o neném pode acabar morrendo ↪ Deve-se sempre verificar os batimentos cardíacos, se normais não houve interrupção da circulação materno-fetal, no entanto, se está com uma bradicardia precisa fazer toque e levantar o colo cefálico do neném, descompr imindo a cabeça que es tá interrompendo o fluxo enquanto outro médico retira a criança ➜ Apresentações anômalas são mais comuns devido à idade gestacional e à ocorrência de oligoidramania Resumindo ➜ Infecção: corioamnionnite,endrometrite e sepse ➜ Prematuridade e suas complicações ➜ Acidentes de parto: apresentações pélvicas e córmicas ➜ Compressão de cordão (pela oligoidramnia) ➜ Sofrimento fetal ➜ Malformações: Sequência de Oligoidramnia (ou Potter) o desenvolvimento de hipoplasia pulmonar ↳ Sequência de Potter → Também chamada de Síndrome de Potter, refere-se à aparência física alterada de um feto ou recém-nascido em virtude da existência de oligodramnia. No entanto, há diversas etiologias que podem levar à oligodramnia. ➜ Retenção placentária ➜ Risco de cesariana Quadro clínico ➜ Saída de líquido pela vagina, seja como fluxo contínuo, seja em jatos ou intermitente, na ausência de contrações uterinas. Assim, é fora do trabalho de parto. Se é dentro do trabalho de parto não é a amniorrexe prematura Diagnóstico ➜ O diagnóstico da RPMO é primordialmente realizado pela história materna de perda de líquido pela vagina, seguido de confirmação da presença de líquido amniótico no fundo de saco posterior ou saindo pelo canal cervical, por exame especular ➜ A palavra da paciente é importante, mas precisa haver um mecanismo para confirmar, se é realmente amniorrexe prematura ou ainda corrimento ou trabalho de parto Lembrar que ➜ Se a anamnese sugere fortemente a e l iminação de l íquido pelos geni ta is (eliminação súbita, que “molha” roupas) que não é confirmada pelo exame clínico: ➜ Devemos admitir a paciente com suspeita de RPM e iniciar manejo de RPM até diagnóstico definitivo ➜ Realizar ultrassonografia para avaliação do volume de líquido amniótico. Na presença de o l igoh idrâmnio assoc iado à h is tór ia , considerar RPM ➜ Orientar hiper-hidratação oral (> 2.000 ml/ dia) e repetir testes diagnósticos ➜ Testes que auxiliam o diagnóstico nos casos de dúvidas ↳ Teste da nitrazina (elevação do pH da vagina na presença do líquido amniótico [pH vai a 7,1 a 7,3]) ↳ Teste da cristalização ↳ “Prova do forro” - forro vaginal na genitália, se o forro estiver encharcado, provavelmente a paciente está com perda de líquido. Se estiver sem nada ou já perdeu todo o líquido ou é outra coisa ↳ Actim PROM: o fator de crescimento similar à insulina ligado à proteína-1 (IGFBP-1) ↳ α1 microglobulina placentária (PAMG-1) - AmniSure - Se for líquido amniótico a fita muda de cor (difícil encontrar em muitos hospitais) ↳ Exame ultrassonográfico - Grande auxílio Diagnóstico diferencial ➜Diante da queixa de perda de líquido vaginal, o diagnóstico diferencial deve ser realizado com: ↳ Perda involuntária de urina ↳ Perda de muco cervical por dilatação ↳ Cervicites ↳ Leucorreias ↳ Sangramento ↳ Presença de sêmen Tenha em mente ➜ A principal complicação, corioamnionite, pode se manifestar pelo desencadeamento do trabalho de parto, com saída de líquido amniótico purulento ou odor fétido ➜ Os critérios diagnósticos da corioamnionite incluem: ↳ Febre ( > 37,8º C) ↳ Sensibilidade uterina ↳ Líquido amniótico com odor fétido ↳ Taquicardia fetal (> 160 BPM) ➜ Um sinal precoce é a taquicardia materna ( > 100 BPM), que costuma preceder a febre. Atenção ➜ O toque vaginal não deve ser realizado, a menos que a paciente esteja em trabalho de parto. O objetivo é reduzir a contaminação ascendente do canal endocervical com a flora vaginal Exames laboratoriais recomendados ➜ EAS, bacterioscopia ao gram de urina e urocultura ➜ Cultura anovaginal para pesquisa de estreptococo do grupo B (GBS), se pré-termo ➜ Hemograma com leucograma ➜ Proteína C-reativa (PCR) ➜ Lembrar de que pode haver aumento da contagem em resposta ao uso de corticoide ➜ Pesquisa de estreptococo do grupo B vaginal retal se não realizada nas últimas 5 semanas ➜ Exame a fresco ou bacterioscopia ao gram de resíduo vaginal coletado no fundo de saco para pesquisa de vaginose bacteriana ➜ U l t r a s s o n o g r a f i a a b d o m i n a l / Ultrassonografia transvaginal ➜ Cardiotocografia Conduta e tratamento ➜ Em todas as pacientes com RPMO vamos avaliar: ↳ Antecedentes Clínicos, Obstétricos e Perinatais ↳ Idade materna ↳ Idade gestacional ↳ Número de consultas pré-natais, evolução e ocorrência de patologias durante a gravidez ↳ A apresentação fetal ↳ Condições fetais ↳ Temperatura e frequência cardíaca maternas (4 - 6 horas) ↳ Sinais de corioamnionite (febre, leucocitose e/ou queda do estado geral, presença de secreção purulenta pelo colo uterino, de odor fétido) ↳ BCF com cardiotocografia (taquicardia, redução da variabilidade da frequência cardíaca fetal e/ou outros achados de condição não tranquilizadora) ↳ Gestação à termo: Presença de infecção ↪ Seja materna ou fetal = interrupção da gestação ➜ ATB empírica: ↳ Ampicilina 2g 6/6 horas ↑ 48 h após última episódio de febre ↓ ↳ Gentamicina 1.5mg/kg 08/08 horas ↳ Podemos adicionar : Clindamicina 900 mg IV, 8/8h ou metronidazol 500 mg IV 8/8 h - se cesárea ➜ Gestação à termo: Ausência de infecção ↳ IG maior ou igual a 34 semanas: nestes casos é mandatór ia a conduta at iva (interrupção da gestação). * ↳ A escolha da via de parto segue critérios obstétricos. ↳ Não está indicado o uso de tocolíticos neste período ou de corticoides! ↳ O uso de ATB deve ser estimulado durante o trabalho de parto visando a profilaxia para GBS ➜ Profilaxia de infecção por Streptococcus do Grupo B: ↳ Antibióticos devem ser utilizados para profilaxia da sepse neonatal pelo EGB nas seguintes situações: ↪ Pacientes com ruptura de membranas ≤ 37 semanas com risco iminente e significativo de parto prematuro com cultura positiva para EGB ou cultura não realizada ↳ Outras indicações independentes da IG em gestantes com cultura não realizada: ↪ Membranas rotas > 18 h ↪ Bacteriúria por EGB nesta gravidez ↪ História de recém-nascido prévio infectado por EGB ↳ Temperatura intraparto ≥ 38.0 C ↳ Mulheres com cultura negativa para EGB nas últimas ↳ 5 semanas não precisam profilaxia em nenhuma situação * ↳ O antibiótico deve ser mantido até o parto ↳ Esquema de antibióticos: ↪ Penicilina G 5 milhões UI IV seguida por 2,5 milhões UI IV de 4 em 4 h OU ↪ Ampicilina 2,0 g IV seguida por 1,0 g IV de 4 em 4 h ↪ Se a paciente for alérgica à penicilina usar Clindamicina 900 mg IV de 8 em 8 h ➜ Gestação pré-termo: Ausência de infecção ↳ IG entre 24 e 34 semanas: se não há sinais de infecção, sofrimento fetal ou contrações, deve-se adotar conduta conservadora, visando o amadurecimento pulmonar fetal. É recomendada a corticoterapia. Já a tocólise não é controversa. ↳ Agentes específicos: ↪ Dexametasona 6mg IM 12/12h ↑ Por 48 h ↓ ↪ Betametasona 12 mg IM 24/24h ↳ Conduta conservadora: ↪ Manter hospitalização ↪ Hidratação abundante ↪ Propedêutica para infecção (curva térmica, hemograma seriado (2 x por semana), proteína C reativa ou VHS ↪ Monitoração fetal frequente (ausculta fetal, cardiotocografia e perfil biofísico fetal) ↪ IG entre 24 e 34 semanas: o uso de ATB está indicado para prevenção contra GBS durante o trabalho de parto e nos casos de latência (paciente que não está em trabalho de parto) ➤ Latência Ampicilina 2g IV 6/6h - por 48h + Azitromicina IG - Dose única + Amoxicilina 500mg VO 8/8h - 5 dias ↳ Evitar o uso de tocolíticos; avaliar o uso da tocólise apenas durante o período de administração do corticoide, por 48 horas, se contrações e se paciente necessitar de transferência para local com suporte neonatal adequado. ↳ IG menor que 24 semanas: A sobrevida é bastante baixa nos fetos que nascem nesta fase, assim como as complicações precoces e tardias com o manejo conservador. A corioamnionite atinge razoável parcela das gestações e a frequência de sequelas neurológicas é consideravelmente elevada ↳ A decisão terapêutica deve ser definida com a família. Recomenda- se a conduta conservadora. Não devemos administrar tocolíticos, antibióticos ou corticoesteroides antes de 24 semanas * ➜ Sulfato de magnésio ↳ O MgSO4 deve ser administrado a todas as mulheres em risco de parto prematuro eletivo ou espontâneo para prevenção de paralisia cerebral nos recém nascidos SE: ↳ Idade gestacional entre 24 e 31+6 semanas E Parto programado por indicações maternas ou fetais OU Parto espontâneo iminente ↳ O Sulfato de Magnésio deve ser interrompido se o parto não for mais iminente ou tenha transcorrido um máximo de 24 horas após o seu início ↳ A dose de Sulfato de Magnésio para neuroproteção fetal é: ↪ 4 g IV em dose de ataque, em 20 minutos, seguida de dose de manutenção de 1g/h até o parto ↪ Para partos prematuros planejados por indicações maternas ou fetais, o Sulfato de Magnésio deve ser iniciado idealmente 4 horas ↪ Uma dose de repetição de Sulfato de magnésio não deve ser administrada
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