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TERAPÊUTICA APLICADA: BASES DA 
BOA PRESCRIÇÃO
UNIDADE I
O QUE É TERAPÊUTICA APLICADA?
Elaboração
Juliano de Pierri
Atualização
Talita Zanin Damas
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................4
UNIDADE I
O QUE É TERAPÊUTICA APLICADA? ..............................................................................................................................................7
CAPÍTULO 1
CONCEITO ........................................................................................................................................................................................ 7
CAPÍTULO 2
TERAPÊUTICA AMPARADA NA CIÊNCIA ........................................................................................................................... 11
REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................16
INTRODUÇÃO
O objetivo desta disciplina é introduzir o aluno no estudo da terapêutica, bem 
como investigar bases sólidas que permitam a esse aluno uma correta prescrição 
medicamentosa, discernindo entre o risco e o benefício que determinado tratamento 
expõe ao paciente. 
Ainda sobre o tema, deixaremos claro que a prescrição medicamentosa não pode 
ser feita com bases puramente empíricas, como em outrora, mas sim se observando 
as constatações científicas e, principalmente, estabelecendo-se uma maneira 
clara e racional que leve em consideração a disponibilidade dos fármacos, bem 
como suas limitações, riscos e benefícios ao paciente. 
Fazer uma prescrição medicamentosa em odontologia é relativamente fácil, 
inclusive com programas de computador que realizam essa tarefa de maneira 
automatizada. Executar uma prescrição odontológica bem-feita, que considere 
todos esses fatores mais as particularidades do paciente, sem se esquecer dos 
aspectos legais envolvidos, não é uma tarefa das mais corriqueiras, ao contrário, é 
algo que exige muito mais do prescritor do que se imagina, conforme mostraremos 
com o passar do curso.
Por fim, melhoraremos a capacidade de tomada racional de decisão, fazendo 
com que o aluno esteja realmente disposto a prescrever com excelência e tendo 
acesso a um arsenal terapêutico que lhe propicie tratar não somente os casos mais 
simples, como também os mais complexos, sempre com liberdade e conhecimento 
para escolher os fármacos a serem utilizados.
Objetivos
 » Mostrar o que é terapêutica aplicada.
 » Explicar a importância da ciência dentro das tomadas de decisão.
 » Apresentar as características mais importantes de ação dos fármacos.
 » Discutir as relações mínimas entre as prescrições medicamentosas e a 
legislação vigente.
 » Explicitar as bases teóricas da prescrição de fármacos.
 » Compreender em que se baseiam as normas para boa prescrição.
 » Conhecer pelo menos uma técnica para boa prescrição de fármacos.
 » Mostrar que a boa prescrição utiliza medidas farmacológicas e não 
farmacológicas.
 » Mostrar aos profissionais quais os fármacos utilizados e quais não devem 
ser usados em odontologia.
6
7
UNIDADE IO QUE É TERAPÊUTICA 
APLICADA?
CAPÍTULO 1
CONCEITO
O conceito de terapêutica aplicada
Ao longo da formação dos profissionais de saúde, algumas disciplinas atuam 
como ponto-chave na estruturação dos conhecimentos. Quando falamos desses 
profissionais, observamos que temáticas de formação, como a farmacologia, 
a bioquímica e a terapêutica medicamentosa, possuem papel primordial, pois 
possibilitam tratar os pacientes e livrá-los da angústia, do medo do envelhecimento 
e, eventualmente, até mesmo da morte (TORTAMANO, 2006). 
A farmacologia é uma conceituada área que estuda os fármacos e as especialidades 
deles, além de suas ações no organismo humano. É uma ciência ampla que precisa 
ser dividida em subáreas para que possa ser mais bem compreendida. Algumas de 
suas subáreas são farmacognosia, farmacotécnica, farmacodinâmica, farmacologia 
clínica, farmacologia química, farmácia, psicofarmacologia, autofarmacologia 
e farmacoterapêutica, também chamada de terapêutica medicamentosa ou 
terapêutica aplicada (YAGIELA et al., 2011).
Vejamos mais sobre essas subáreas (TORTAMANO, 2006):
» Farmacognosia: ocupa-se da origem, das características e das distribuições 
das drogas na natureza, especialmente dos vegetais. Tem mais importância do 
ponto de vista da criação de novas drogas, porém é relevante no tratamento 
de comunidades que eventualmente podem não ter acesso a medicamentos 
industrializados.
» Farmacotécnica: ramo que trata do preparo dos medicamentos em si 
desde o isolamento da molécula ativa (droga) até sua transformação 
em medicamentos. É importante para o clínico que queira fazer uso de 
medicamentos manipulados.
8
UNIDADE I | O QUE É TERAPÊUTICA APLICADA
» Farmacodinâmica: estuda os caminhos e as reações sofridas pelos fármacos 
desde seu ingresso no organismo, passando pela metabolização até sua 
eliminação. É de suma importância para o clínico, pois oferece uma clara 
indicação de como determinada droga pode refletir em efeitos desejados e 
indesejados no organismo do paciente, como, por exemplo, as interações 
medicamentosas e a velocidade de ação dos fármacos.
» Farmacologia clínica: é o estudo dos efeitos dos medicamentos no homem, 
ou seja, estudos visando à observação dos efeitos em grupos humanos 
populacionais controlados, e não diretamente em um ou outro paciente.
» Farmacologia molecular: estuda os mecanismos mais íntimos de ação dos 
fármacos e suas interações em nível muito específico dentro do organismo. 
Pode, inclusive, estar associada ao estudo de como essa droga se liga aos 
locais do organismo encarregados de receber as moléculas do fármaco. 
Esses locais são corriqueiramente chamados de sítios receptores.
» Farmácia: estuda o preparo, a obtenção e, principalmente, a padronização 
dos medicamentos. É muito importante para o clínico, pois parte desse 
estágio a confiança que iremos depositar em determinado medicamento 
em detrimento de quem o fabricou.
» Farmacogenética: estuda como as drogas influenciam os mais diversos 
campos da transmissão genética.
» Psicofarmacologia: procura entender mecanismos de ação e uso de drogas 
que agem alterando os estados de consciência e psíquicos dos pacientes 
normais ou portadores de alguma patologia neurológica.
» Autofarmacologia: ao contrário do que muitos pensam, a autofarmacologia 
não trata da maneira como os pacientes fazem uso dos medicamentos por 
contra própria (esse uso indiscriminado se chama automedicação), mas 
sim é um ramo muito interessante que procura compreender quais são 
e como agem as substâncias farmacologias já existentes no organismo, 
como os hormônios, as enzimas, os sais minerais e as tantas milhares de 
moléculas complexas produzidas no organismo.
Entre todas essas definições, não encontramos até o momento nenhuma que se 
atreva a tratar diretamente dos pacientes portadores de determinada doença. 
Nesse contexto, temos, então, a denominada farmacoterapêutica, também 
chamada de terapêutica medicamentosa, e a terapêutica aplicada:
9
O QUE É TERAPÊUTICA APLICADA | UNIDADE I
» Farmacoterapêutica: estuda a utilização direta de medicamentos no 
tratamento das enfermidades dos indivíduos específicos de uma população 
(chamados de enfermos). Ela constitui uma das maneiras de curar um 
indivíduo que apresente um mal-estar físico, mental, social ou uma 
combinação desses fatores.
Assim, fica claro que outros meios, além dos farmacológicos, devem ser aplicados 
aos pacientes no sentido mais amplo de busca da cura ou de controle das 
enfermidades, para garantir o restabelecimento do bem-estar. Há um termo 
que traduz o sentido mais amplo dos tratamentos que podem ser oferecidos aos 
pacientes:
» Terapêutica aplicada: éum termo mais amplo que tem o sentido de 
utilizar todos os meios disponíveis para tratamento, controle ou cura das 
enfermidades dos indivíduos. Assim, quando falamos em terapêutica aplicada, 
estamos nos referindo ao uso de muitos mecanismos (que eventualmente 
chamaremos de ferramentas) para eliminar ou diminuir o sofrimento de 
nossos pacientes. Essas ferramentas podem ser de ordem física (como a 
fisioterapia), de cirúrgica (como os procedimentos cirúrgicos invasivos), 
dietética (como a instituição de determinadas dietas) e psíquica (como o 
controle da ansiedade no consultório). Enfim, trata-se de utilizar todos 
os meios lícitos no sentido de auxiliar os enfermos a atingirem um estado 
físico e mental saudável. É chamada por alguns autores simplesmente de 
terapêutica (ARMONIA et al., 2007).
Por fim, a terapêutica, por se tratar de um termo tão amplo, pode estar presente em 
inúmeras ciências, como a medicina e a medicina veterinária. Então, afunilaremos 
o tema e faremos alusão, neste estudo, apenas à terapêutica odontológica, que 
se trata da aplicação dos conhecimentos terapêuticos com a intenção de restituir 
a saúde bucal de pacientes enfermos.
Para melhor desenharmos o panorama de nosso estudo, a figura a seguir ilustra 
as áreas que fazem parte da terapêutica e da farmacoterapêutica.
10
UNIDADE I | O QUE É TERAPÊUTICA APLICADA
Figura 1. Áreas afins da terapêutica e farmacologia.
Farmacologia
Terapêutica 
odontológica
Terapêutica 
aplicada
Fonte: elaborado pela autora.
Uma modalidade terapêutica ainda não utilizada na odontologia, mas 
bastante explorada na medicina dos países desenvolvidos, é a musicoterapia. 
Sugerimos a leitura do texto a seguir como estímulo para que, no futuro, 
possamos aplicar mais essa ferramenta aos pacientes odontológicos:
BERGOLD, L. B.; ALVIM, N. A. T. A música terapêutica como uma tecnologia aplicada 
ao cuidado e ao ensino de enfermagem. Escola Anna Nery Rev. Enferm., v. 13, n. 
3, pp. 537-542, jul./set. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v13n3/
v13n3a12.
11
CAPÍTULO 2
TERAPÊUTICA AMPARADA NA CIÊNCIA
O sucesso terapêutico no tratamento de doenças depende de bases que permitam 
a escolha do tratamento (medicamentoso e/ou não medicamentoso), a seleção 
do medicamento de forma científica e racional (considerando sua efetividade, 
segurança e custo), bem como a prescrição apropriada, a disponibilidade 
oportuna, a dispensação em condições adequadas e a utilização pelo usuário de 
forma adequada. Assim, as decisões clínicas e as relações estabelecidas entre 
os profissionais e usuários são determinantes para a efetividade terapêutica. 
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2007), mais de 50% de 
todos os medicamentos são incorretamente prescritos, dispensados e vendidos, 
e mais de 50% dos pacientes os usam incorretamente. Mais de 50% de todos 
os países não implementam políticas básicas para promover uso racional de 
medicamentos. A situação é pior em países em desenvolvimento, com menos de 
40% dos pacientes no setor público e menos de 30% no privado sendo tratados 
de acordo com diretrizes clínicas.
De acordo com a OMS, a melhor forma de implementar o uso correto de 
medicamentos nos países em desenvolvimento é combinar educação e supervisão 
dos profissionais de saúde, educação do consumidor e garantia de adequado 
acesso a medicamentos apropriados. No entanto, dentre todas essas estratégias, 
o uso racional de medicamentos é apontado como item de suma importância 
para nortear a ação decisiva dos profissionais no momento da prescrição.
O uso racional de medicamentos baseia-se no conhecimento científico sólido 
de estudos prévios que utilizaram e compararam diversos fármacos e têm 
disponíveis informações que garantem ao clínico chances maiores de sucesso 
no seu tratamento e uma prévia noção dos riscos aos quais os pacientes estarão 
submetidos. Desse modo, o tratamento de determinada condição clínica não se 
baseia somente na prescrição de um fármaco que atue naquela doença, mas sim 
na escolha sábia da droga, com o pensamento sempre voltado para a premissa 
de qual seria a melhor entre tantas drogas existentes e não necessariamente a 
mais “moderna” ou mais tradicional utilizada.
Para realizar uso racional de medicamentos, é preciso selecionar informações 
provenientes de conhecimentos sólidos e independentes e, por isso, confiáveis. 
Isso corresponde a tomar uma decisão baseada na melhor evidência disponível 
12
UNIDADE I | O QUE É TERAPÊUTICA APLICADA
para a tomada de decisão em pacientes individuais. Esse método constitui um 
processo sistemático e contínuo de autoaprendizado e autoavaliação, sem o 
que as condutas se tornam rapidamente desatualizadas e não racionais, porém 
com ele as prescrições em geral apresentam taxas de sucesso maiores e riscos 
associados muito menores do que a pura e simples prescrição do “tradicional” 
ou do “mais moderno” (STRAUS et al., 2005).
Sempre que pensamos nos procedimentos adotados em medicina, na odontologia 
ou em qualquer área da saúde, a avaliação das condutas mais racionais passa 
por um procedimento primordial, que é comparar diferentes estratégias de 
tratamento com diferentes fármacos, como, por exemplo, tratar ou não tratar, 
usar um novo procedimento terapêutico ou permanecer no procedimento usual, 
utilizar um medicamento ou usar um placebo, aplicar um medicamento novo ou 
prescrever um medicamento já existente. Estudos de intervenção focados em 
comparações e com alta validade metodológica são os melhores instrumentos 
para orientar condutas. Mesmo assim, persiste alguma incerteza que existe até 
nos melhores estudos científicos. Qual seria então a origem dessa incerteza?
Essa incerteza está ligada ao fato de que os estudos científicos podem ser conduzidos 
de várias maneiras, isto é, existe uma série de tipos diferentes de estudos buscando 
dar validade para este ou aquele fármaco, para este ou aquele procedimento. 
Todos os estudos são classificados de acordo com a maneira como são projetados 
para atuar e cada método utilizado tem maior ou menor confiabilidade, ou seja, 
de acordo com a metodologia do estudo, pode-se “acreditar” mais ou menos nas 
conclusões que são oriundas desses estudos, e, em última análise, a incerteza 
proveniente dessa evidência científica fica minimizada dependendo do tipo de 
estudo em questão.
Assim, é importante conhecer como a ciência ampara nossas decisões. Precisamos 
conhecer os tipos de estudo disponíveis e como o projeto de cada estudo promove 
uma melhor ou pior chance de acerto quando se deseja prescrever o fármaco ou 
instituir o tratamento mais adequado para um paciente específico. 
A seguir, estão expostos os principais tipos de estudo e os níveis de relevância 
clínica. Quanto maior o nível de relevância clínica, menor é a incerteza na 
aplicação da metodologia descrita pela técnica avaliada e maior a chance de 
acerto com menor risco da terapêutica proposta (FUCHS, 2010).
13
O QUE É TERAPÊUTICA APLICADA | UNIDADE I
Quadro 1. Tipos de estudos e sua relevância clínica.
Nível do estudo Projeto ou “desenho” do estudo
I
Ensaio clínico aleatório com desfecho e magnitude de efeitos clinicamente relevantes, correspondentes 
à hipótese principal em teste, com adequado poder e mínima possibilidade de erro.
Revisões de vários ensaios clínicos prévios, comparáveis e com validade interna, com adequado poder 
final e mínima possibilidade de erro.
II
Ensaio clínico aleatório, mas que não preenche os critérios do nível I.
Análise de hipóteses consideradas secundárias aos estudos de nível I.
III
Estudos quase-experimentais que utilizam controles atualizados selecionados por método sistemático 
independente de julgamento clínico.
Análise de subgrupos de ensaios clínicos aleatórios, partes de estudos maiores.
IV
Estudo quase-experimental com controles históricos.
Estudos de acompanhamento por gerações (chamados de coorte).
V Estudosque se utilizam de caso e controles.
VI Séries de casos, ou relatos de casos.
Fonte: (FUCHS, 2010).
Pelo Quadro 1, podemos perceber que os estudos responsáveis por fazer revisões 
sistemáticas de vários outros estudos são classificados como nível I, e os estudos 
que fazem relatos de casos ou de uma série de casos recebem a denominação 
de nível VI, existindo níveis intermediários entre eles (os níveis II, III, IV e V). 
Assim, um estudo classificado como nível I tem uma confiabilidade muito maior 
do que um estudo do nível V e assim por diante.
É necessário atentar para a diferença entre significância estatística e significância 
clínica. A primeira tem sido comumente usada para convencer os profissionais 
odontólogos sobre os benefícios clínicos de certo tratamento ou fármaco. 
Entretanto, ela só representa a probabilidade de estar certa ou errada a afirmativa 
de que determinada diferença entre tratamentos existe ou que tal fármaco é melhor 
ou pior que outro. A segunda refere-se à utilidade dos resultados obtidos em 
pesquisa durante a aplicação dos resultados na prática clínica, sendo considerada 
a relevância clínica dos achados. 
A falha na ênfase da importância clínica tem levado a frequentes concepções 
errôneas e discordâncias a respeito da interpretação dos resultados de ensaios 
clínicos e à tendência de igualar significância estatística com significância clínica. 
Dessa maneira, é importante estabelecer uma correlação entre a importância 
clínica e a aplicabilidade dos estudos existentes sobre determinado assunto. 
O Quadro 2 faz essa correlação classificando os estudos de acordo com o grau 
de recomendação.
14
UNIDADE I | O QUE É TERAPÊUTICA APLICADA
Quadro 2. Graus de recomendação clínica.
Grau de recomendação clínica Grau é caracterizado por:
A ao menos um estudo de nível I;
B pelo menos um estudo de nível II;
C ao menos um estudo de nível III ou dois de nível IV ou V;
D
somente estudos de nível VI;
recomendações de especialistas.
Fonte: elaborado pelo autor.
Dessa maneira, no Quadro 2 observa-se que clinicamente é importante seguir 
estudos mais abrangentes (do nível I), pois eles têm relevância clínica muito 
maior do que a simples recomendação de um especialista (a não ser que essa 
recomendação se baseie em estudos do nível I). 
Assim sendo, é muito comum que os profissionais de odontologia deem/superestimem 
um relato de caso clínico, muitas vezes único, em detrimento de se observar uma 
sequência de estudos devidamente relatados em estudos relevantes. O relato de um 
caso clínico isolado é importante, mas é infinitamente menos importante do que um 
estudo de revisão da literatura pertinente sobre o mesmo assunto.
Figura 2. Níveis de relevância dos estudos que servem de base para a tomada de ações pelo clínico.
Fonte: elaborado pelo autor.
Precisa-se, nesse momento, estabelecer um senso crítico no sentido de entender 
o perigo de se tomar o relato de um caso clínico como “verdade” a ser utilizada 
no tratamento do seu paciente. Em realidade, levar em consideração um único 
15
O QUE É TERAPÊUTICA APLICADA | UNIDADE I
caso é até uma atitude perigosa, pois a chance de que o mesmo procedimento 
adotado naquele caso especificamente funcione no seu paciente é realmente mais 
baixo do que a aplicação dos resultados observados em um estudo de grau I.
Perceber que uma tomada de decisão clínica não é simples demanda de uma série 
de conhecimentos e estudos prévios para que se tenha sucesso pleno; por isso, 
deve-se sempre basear essas decisões em estudos clínicos realmente consistentes 
e não somente na opinião desse ou daquele profissional, o que muitas vezes pode 
induzir o cirurgião-dentista a um erro até despropositadamente, simplesmente 
por não conhecer os achados científicos mais contemporâneos. 
Leia o Capítulo 8 do “Uso racional de medicamentos”, elaborado em 2012 
pelo Ministério da Saúde. Qual a segurança do fármaco Metamisol conhecido 
comercialmente como Dipirona? Fica a pergunta para especulações.
Figura 3. Medicamento e sua molécula.
Nota: esse é um assunto do artigo em leitura conhecida como metamizol ou dipirona cujo nome oficial é: [(2,3-diidro-
1,5-dimetil-3-oxo-2-fenil-1H-pirazol-4-il)metilamino] metanossulfonato sódico (ou 1-fenil-2,3-dimetil-5-pirazolona-4-
metilaminometano sulfonato de sódio)
Fonte: http://www.cliquefarma.com.br/blog/dipirona-sodica/.
A partir da leitura do fragmento mencionado, explique se devemos ou 
não aceitar que a dipirona seja banida do uso odontológico, uma vez que 
os Estados Unidos e a Europa não aceitam há muitos anos que essa droga 
seja empregada no seu território em decorrência de relatos clínicos de que 
ela droga pode causar morte por doenças graves, como a agranulocitose, 
por exemplo.
Você pode ler sobre questão que envolve a segurança do uso da dipirona acessando 
o estudo de revisão (portanto, nível I) realizado no Brasil em 2001 que levou o título 
de “Painel internacional de avaliação da segurança da dipirona”. Disponível em: http://
www.anvisa.gov.br/divulga/informes/relatoriodipirona2.pdf.
16
REFERÊNCIAS
ALVES, L. B. Formas farmacêuticas. 2013. 37 slides. Disponível em: https://pt.slideshare.
net/DanielaBatista4/trabalho-farmacia. Acesso em: 17 abr. 2021.
ANDRADE, E. D. et. al. Farmacologia, anestesiologia e terapêutica em odontologia. 
Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 2013.
ANDRADE, E. D. Terapêutica medicamentosa em odontologia. 1. ed. Porto Alegre: Ed. 
Artes Médicas, 1999.
ARMONIA, P. L; TORTAMANO, N.; FRACO-SCHWED, F. Anestésicos Locais. In: ARMONIA, P. L; 
TORTAMANO, N. (Org.). Como prescrever em Odontologia. 9. ed. São Paulo: Santos, 2007. 
BORGES, E. Orientação para a prescrição, comércio e dispensação de substâncias e 
medicamentos sujeitos a controle especial. Universidade Federal de Santa Catarina, 2008. 
Disponível em: https://neurologiahu.ufsc.br/files/2012/08/Orienta%C3%A7%C3%A3o-para-
prescri%C3%A7%C3%A3o-de-medicamentos-de-controle-especial.pdf. Acesso em: 2 abr. 2021.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 53, de 53, de 30 de 
agosto de 2007. Altera os itens 1.2 e 2.1, ambos do item VI, do Anexo da Resolução RDC n. 17, de 
2 de março de 2007. Disponível em: http://portal.crfsp.org.br/noticias/2458-intercambialidade.
html. Acesso em: 2 abr. 2021.
BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução n. 679, de 21 de novembro de 
2019. Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico nas operações logísticas de importação/
exportação, distribuição, fracionamento, armazenagem, courier, transporte nos modais 
terrestre, aéreo ou fluvial, e demais agentes da cadeia logística de medicamentos e insumos 
farmacêuticos, substâncias sujeitas a controle especial e outros produtos para a saúde, 
cosméticos, produtos de higiene pessoal, perfumes, saneantes, alimentos com propriedades 
funcionais ou finalidades especiais e produtos biológicos. Brasília: Conselho Federal de 
Farmácia, 2019. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-679-de-
21-de-novembro-de-2019-241336577#:~:text=CONSIDERANDO%20a%20Lei%20Federal%20
n%C2%BA,CONSIDERANDO%20a%20Lei%20Federal%20n%C2%BA. Acesso em: 25 abr. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. 
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em: 11 maio 2021.
YAGIELA, J. A. et al. Farmacologia e terapêutica para dentistas. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 
2011. 
	Introdução
	UNIDADE I
	O QUE É TERAPÊUTICA APLICADA?
	CAPÍTULO 1
	Conceito
	capítulo 2
	Terapêutica amparada na ciência
	Referências

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