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Abolição da Escravidão no Brasil

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Em 1850, o Brasil, por pressão da Inglaterra, aprovou uma Lei que 
determinava o fim do tráfico de escravos. A diminuição da entrada 
de escravos no país fez com que o tráfico interprovincial aumentasse, 
bem como o preço dos escravos. Apesar da luta dos abolicionistas, a 
extinção da escravidão ocorreu lentamente, atendendo às pressões po-
líticas dos conservadores. A Lei do Ventre Livre determinava que os fi-
lhos das escravas nascidos a partir da data da aprovação da lei, 28 de 
setembro de 1871, seriam livres. A Lei dos sexagenários, aprovada em 
1884, determinava que os escravos com mais de 65 anos seriam liber-
tados. Na década de 1880, tomou forma um movimento de luta contra 
a escravidão. O movimento abolicionista expressou suas idéias em jor-
nais, comícios e organizou fundos para a emancipação dos escravos. 
Intelectuais, que participavam desse movimento, defendiam o fim da 
escravidão. O processo da abolição da escravidão chegou ao fim ofi-
cialmente com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.
Documento 10
Fundamentos Gerais do Abolicionismo (1883) 
Joaquim Nabuco condena a escravidão entre outros pelos seguintes motivos:
• Porque a escravidão, assim como arruina economicamente o país, impossibilita seu progresso 
material, corrompe-lhe o caráter, desmoraliza-lhe os elementos constitutivos, desonra o trabalho 
material, retarda a aparição de indústrias.
• Porque só com a emancipação total podem concorrer para a grande obra de uma Pátria co-
mum, forte e respeitada. (Adaptado de NABUCO, 2000, p. 81-82).
A tão sonhada liberdade foi conquistada, tanto pelos negros brasi-
leiros quanto pelos norte-americanos e os ex-escravos e seus descen-
dentes. Como ficou a situação desses ex-escravos? Onde foram morar? 
Onde foram trabalhar? 
Os registros nos mostram que tanto nos Estados Unidos como no 
Brasil a competição pelo mercado de trabalho já era de longe acirra-
da, grande parte das profissões eram igualmente desempenhadas por 
libertos e por livres. Porém, havia proibições em empregar negros em 
certa profissões. Um decreto, de 25 de junho de 1831, proibia a admis-
são de escravos como trabalhadores ou como oficiais das artes nas es-
tações públicas da província da Bahia.
Desde o início da colonização, a divisão de trabalho já acontecia, 
tanto entre os escravos, como também entre os libertos e a socieda-
de branca. 
Além dos problemas internos do trabalho, os ex-escravos e os li-
vres tiveram que enfrentar o grande número de pessoas: os imigrantes 
europeus e asiáticos que chegavam todos os anos. Eram alfaiates fran-
ceses, maquinistas ingleses, médicos alemães, relojoeiros suíços, lavra-
dores, comerciantes, enfim, pessoas de todas as partes do mundo. Es-
ses chegaram só após a abolição? Quais os fatores que justificam essa 
vinda? De onde vieram? 
História
Transição do trabalho escravo para o trabalho livre: a mão-de-obra no contexto de consolidação do capitalismo na sociedade Brasileira e Estadunidense 85
História
86 Relações de trabalho
Ensino Médio
• Por que os Estados do Norte e do Sul dos Estados Unidos da América divergiam quanto à utili-
zação da mão-de-obra escrava?
• Vários são os decretos e as leis que antecedem a lei maior, a Lei Áurea (1888). Desenvolva uma 
pesquisa sobre as leis que foram assinadas no Brasil em favor da abolição da escravatura. De 
posse dessa pesquisa, organize um debate sobre os interesses que levaram à lentidão do pro-
cesso de abolição.
• Explique os motivos pelos quais Joaquim Nabuco condena a escravidão à luz do contexto do 
desenvolvimento do capitalismo do século XIX.
 ATIVIDADE
 Na bagagem, esperança e sonhos...
A nova mentalidade política e econômica, consolidando as relações 
capitalistas, e uma divisão internacional do trabalho, do século XVIII 
em diante, auxiliaram na transição do trabalho escravo para o traba-
lho livre. No Brasil, a lavoura cafeeira e novas possibilidades de inves-
timento no setor da indústria e comércio tornaram o trabalho escravo 
um investimento menos vantajoso. É importante também relembrar as 
pressões e a dependência do Brasil ao capital internacional que pre-
tendia alargar seu mercado. 
No Brasil, devido às pressões internas e externas, manter a escra-
vidão estava difícil, principalmente após o fim do tráfico negreiro. A 
produção do açúcar começou a enfrentar problemas a partir de 1654, 
quando o produto passou a ser cultivado por holandeses, franceses e 
ingleses nas Antilhas (América Central), tornando-se um forte concor-
rente. Foi necessário encontrar um produto tão ou mais lucrativo que 
o açúcar, e a partir do século XVIII, uma nova cultura passou a fazer 
parte da economia brasileira: o café. 
A produção de café necessitava de grande quantidade de mão-de-
obra. Com a proibição do tráfico de escravos, faltaram braços para a la-
voura. Buscou-se, então, a solução para esse problema no uso da mão-
de-obra do imigrante europeu.
Na Europa, o avanço do capitalismo modificava as relações sociais 
fazendo com que o excedente de trabalhadores se tornasse incômodo 
para a sociedade. Tanto nos países em que ocorreu o avanço da indus-
trialização quanto nos países onde o capitalismo modificava as rela-
ções de produção no campo houve um incentivo para que a mão-de-
obra excedente emigrasse para outras nações.

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