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153Urbanização e industrialização no século XIX História absorvida pela indústria e se transformou em um grande centro urba- no especializado nestes artigos. Algumas cidades ficaram conhecidas pelo trabalho com ramo industrial particular, como: têxtil, metalúrgico, produção de vinhos, etc.. Ocorreu, no mesmo período (início do século XIX), a instalação de indústrias fora das cidades, como as metalúrgicas e as de extração de carvão. Estas buscavam proximidade com fontes de energia para mo- vimentar as máquinas (carvão, mais comum na época) e matéria-pri- ma (carvão e outros minérios), e eram supridas pela força de trabalho dos camponeses. Quando isto ocorreu, surgiram cidades em torno das indústrias ou pequenos povoados se transformaram em pouco tempo em grandes cidades, como Ruhr (Alemanha), Donetz (Rússia), Birmin- gham e Manchester (Inglaterra). Em 1700, Manchester era um povoado e em 1800 já possuía 100 mil habitantes. Birmingham em 1740 tinha 25 mil moradores, em 1800 contava com 70 mil. A cidade industrial As cidades mais antigas que não sofreram alterações com a indus- trialização são chamadas de pré-industriais e as que foram alteradas em sua lógica são chamadas de cidades industriais (aquelas surgidas ou que se transformaram a partir do final do século XVIII e início do século XIX). No início, as cidades industriais eram extremamente desorganiza- das (isto na Europa Ocidental, na passagem do século XVIII para o sé- culo XIX), não havia lugar para todo mundo, as ruas eram estreitas e sujas. Ainda havia uma mistura de bairros habitacionais com indústrias em meio a obras de ferrovias que iam sendo construídas. Os centros dessas cidades com seus prédios antigos, monumentos, residências ri- cas com jardins e pátios anexos aos poucos foram dando lugar às no- vas construções, barracões industriais, oficinas e a densidade popula- cional por metro quadrado tornou-se enorme. Ao redor do centro formava-se uma nova área, considerada peri- feria ou subúrbios. Neste local, surgiam bairros luxuosos para abrigar a burguesia, que fugia do ar poluído, da sujeira, do mau cheiro e da multidão que vivia no centro, estes procuravam lugares mais abertos, com áreas verdes, ruas arborizadas. Surgiam bairros habitacionais pa- ra os operários recém-emigrados do campo e, também, eram constru- ídas áreas industriais maiores. Durante a primeira metade do século XIX, todas essas áreas se fun- diam num tecido urbano mais compacto. Mas, essa fase foi um período provisório, cuja política pública absorveu o pensamento dos banquei- ros, industriais, homens de ações e contadores. Sua base ideológica era de garantir a liberdade de empreendimento e suas propriedades, que- 154 Relações culturais Ensino Médio Texto 1 As cidades e áreas industriais cresciam rapidamente, sem planejamento ou supervisão, e os servi- ços mais elementares da vida fracassavam na tentativa de manter o mesmo passo: a limpeza das ru- as, o fornecimento de água, os serviços sanitários para não mencionarmos as condições habitacionais da classe trabalhadora. Nestes locais, as epidemias de cólera eram freqüentes e a degradação da vi- da humana também. Suas mais sérias conseqüências foram sociais: a transição da nova economia criou a miséria e o descontentamento, os ingredientes da revolução social. E, de fato, a revolução social eclodiu na forma de levantes espontâneos dos trabalhadores da indústria e das populações pobres das cidades, pro- duzindo as revoluções de 1848 no continente e amplos movimentos cartistas na Grã-Bretanha. O des- riam o lucro sem se preocupar com as conseqüências, com isso pensa- vam as cidades sem intervenção do governo (em suma uma adminis- tração liberal da cidade). A precariedade das cidades européias era mais sentida pela popu- lação pobre. Suas casas eram pequenas, não pegavam sol, não tinham ventilação e iluminação, nem uma forma adequada de eliminar o lixo domiciliar que era jogado nas ruas que, também, servia para criar por- cos. As casas se localizavam nas proximidades das indústrias, estradas de ferro e rios, fontes de fumaça, barulho e poluição. Nas cidades industriais surgidas a partir de cidades antigas, os tra- balhadores passavam a habitar casas de famílias antigas transformadas em cortiços. Cada quarto passou a abrigar uma família toda (prática re- alizada em Glasgow, na Escócia e Dublin, na Irlanda, até o início do século XX). Era comum, também, o congestionamento de camas onde dormiam de três a oito pessoas de idades diferentes. Pobres e privados de seus antigos referenciais culturais, os trabalhadores urbanos ten- diam a formar uniões instáveis que acabaram por alterar a sociabilida- de vigente, transformando a população dos cortiços em pessoas com padrões éticos diferentes dos de suas aldeias rurais de origem. A sujeira era enorme tanto nos novos como nos velhos bairros ope- rários. As novas casas eram construídas com materiais baratos sem ali- cerces. Na Inglaterra, em cidades como Birmingham e Bradford, as ca- sas foram construídas de parede-meia, dois em cada quatro quartos não recebiam luz nem ventilação. Em cidades marítimas, de grande importância econômica por causa dos portos, os porões subterrâneos eram utilizados como moradias. O Relatório sobre o Estado das grandes Cidades e dos Distritos Populosos de 1845 informava que em Manchester (Inglaterra) cerca de 7000 pessoas utilizavam apenas 33 privadas. Essa condição trazia doenças, epidemias e gerou revolta da classe trabalhadora e das pessoas consideradas pelas elites como desclassifi- cadas (mendigos, escroques, vagabundos e multidões famintas). O iní- cio da segunda metade do século XIX é marcado por “jornadas revo- lucionárias” principalmente em Londres e Paris.
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