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Impacto dos Safeners na Fisiologia de Sementes

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4821 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 4821-4839, 2024 
 
 jan. 2021 
Safeners: impacto dos fatores ambientais, genéticos e interações entre 
agrotóxicos na fisiologia de sementes tratadas 
 
Safeners: impact of environmental, genetic factors, and interactions among 
pesticides on the physiology of treated seeds 
 
DOI: 10.55905/revconv.17n.1-289 
 
Recebimento dos originais: 15/12/2023 
Aceitação para publicação: 16/01/2024 
 
Felipe de Oliveira Matzenbacher 
Mestre em Fitotecnia 
Instituição: Sementes Condessa 
Endereço: Mostardas – Rio Grande do Sul, Brasil 
E-mail: felipematzembauer@gmail.com 
 
Guilherme Ávila Soares 
Graduando em Agronomia 
Instituição: Universidade Federal de Pelotas - campus Capão do Leão 
Endereço: Pelotas - Rio Grande do Sul, Brasil 
E-mail: guilhermeavilasoares2@gmail.com 
 
Roberto Fachinello 
Graduando em Agronomia 
Instituição: Universidade Federal de Pelotas - campus Capão do Leão 
Endereço: Pelotas - Rio Grande do Sul, Brasil 
E-mail: betokf@gmail.com 
 
Victor Mouzinho Spinelli 
Doutor em Fisiologia Vegetal 
Instituição: Universidade Federal de Rondônia (UNIR) 
Endereço: Porto Velho - Rondônia, Brasil 
E-mail: spininellivm@gmail.com 
 
Deivid Araújo Magano 
Doutor em Engenharia Agrícola 
Instituição: Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul 
Endereço: Ijui - Rio Grande do Sul, Brasil 
E-mail: deivid.magano@unijui.edu.br 
 
Ivan Ricardo Carvalho 
Doutor em Agronomia 
Instituição: Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul 
Endereço: Ijui - Rio Grande do Sul, Brasil 
E-mail: ivan.carvalho@unijui.edu.br 
 
mailto:felipematzembauer@gmail.com
mailto:guilhermeavilasoares2@gmail.com
mailto:betokf@gmail.com
mailto:spininellivm@gmail.com
mailto:maganodeiv@gmail.com
mailto:ivan.carvalho@unijui.edu.br
 
4822 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 4821-4839, 2024 
 
 jan. 2021 
José Antônio Gonzales da Silva 
Doutor em Agronomia 
Instituição: Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul 
Endereço: Ijui - Rio Grande do Sul, Brasil 
E-mail: jose.gonzales@unijui.edu.br 
 
Luís Eduardo Panozzo 
Doutor em Fitotecnia 
Instituição: Universidade Federal de Pelotas - campus Capão do Leão 
Endereço: Pelotas - Rio Grande do Sul, Brasil 
E-mail: lepanozzo@ufpel.edu.br 
 
RESUMO 
O sucesso no controle de plantas daninhas evoluiu com o desenvolvimento de safeners ou 
protetores. O tratamento de sementes com esses produtos químicos facilitou o manejo de 
herbicidas e reduziu a interferência no estabelecimento da lavoura. Porém, em algumas situações, 
esse tratamento de sementes proporciona interferências negativas nos atributos fisiológicos de 
sementes. Dessa forma, os objetivos desta revisão são identificar e descrever fatores que podem 
interferir na ação dos safeners em função de questões ambientais, com interação entre diferentes 
classes de defensivos vegetais ou fertilizantes e qual o efeito genético em aspectos fisiológicos 
de espécies cultivadas. Inúmeros mecanismos de ação dos safeners e diferentes interações com 
moléculas de herbicidas influenciam processos fisiológicos das plantas. Todas estas interações 
estão sob influência de muitos fatores que podem proporcionar variações de eficiência dos 
safeners. Respostas variáveis na fisiologia de sementes e na seletividade de herbicidas foram 
observadas em função de diferenças de temperatura e tipo de solo, conforme misturas no 
tratamento de sementes com fungicidas, inseticidas e fertilizantes e conforme características 
fisiologias e genéticas da espécie e variedade cultivadas. Dessa forma, mais estudos são 
necessários para se compreender melhor essas dinâmicas e facilitar o controle de plantas daninhas 
sem causar redução da qualidade de sementes e plântulas. Essas variáveis, se conhecidas, podem 
agregar no manejo das culturas e garantir que as sementes gerem plantas com boa capacidade 
produtiva. 
 
Palavras-chave: herbicidas, germinação, vigor, sinergismo, antagonismo. 
 
ABSTRACT 
Success in weed control has evolved with the development of safeners or protectors. Seed 
treatment with these chemicals facilitated the management of herbicides and reduced interference 
in the establishment of crops. However, in some situations, this seed treatment provides negative 
interference in the physiological attributes of seeds. Thus, the objectives of this review are to 
identify and describe factors that may interfere with the action of safeners due to environmental 
issues, with interaction between different classes of pesticides or fertilizers and what is the 
genetic effect on physiological aspects of cultivated species. Numerous mechanisms of action of 
safeners and different interactions with herbicide molecules influence the physiological 
processes of plants. All of these interactions are under the influence of many factors that can 
provide variations in efficiency of the safeners. Variable responses in seed physiology and 
herbicide selectivity were observed due to differences in temperature and soil type, according to 
mixtures in the treatment of seeds with fungicides, insecticides and fertilizers and according to 
mailto:Jose.gonzales@unijui.edu.br
mailto:lepanozzo@ufpel.edu.br
 
4823 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 4821-4839, 2024 
 
 jan. 2021 
the physiological and genetic characteristics of the species and variety cultivated. Thus, further 
studies are needed to better understand these dynamics and facilitate weed control without 
causing a reduction in the quality of seeds and seedlings. These variables, if known, can add to 
crop management and ensure that seeds generate plants with good productive capacity. 
 
Keywords: herbicides, germination, vigor, synergism, antagonism. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
O crescimento da população mundial eleva a demanda por alimentos. Além do aumento 
do potencial produtivo das culturas, via melhoramento genético e biotecnologia, mitigar as 
perdas de produtividade é extremamente importante para isso. Dentre as classes de pragas, as 
maiores perdas potenciais são causadas por plantas daninhas, chegando a cerca de 34%, contra 
18 e 16% de insetos e doenças, respectivamente (Oerke, 2006). 
Herbicidas são mundialmente usados em culturas de interesse econômico com o objetivo 
de reduzir a interferência de plantas daninhas e, assim, evitar a redução de produtividade e 
qualidade de grãos e sementes. Esses, para serem eficientes no propósito de eliminar a 
interferência com a cultura, após a aspersão, têm que serem absorvidos, translocados, não 
metabolizados, e chegar ao local de ação em dose letal (Vidal, 2002). Além disso, para terem 
sucesso, esses não podem matar ou causar injúrias significativas a cultura de interesse 
econômico. 
Os safeners surgiram com propósito de proteger a cultura da toxicidade dos herbicidas 
(Rosinger, 2014). Dessa forma, a dose aspergida a campo pode ser elevada ao ponto de controlar 
plantas daninhas e não causar injúrias irreversíveis a cultura de interesse econômico. 
O uso comercial dos safeners, também chamados protetores, antídotos ou antagonistas, 
iniciou-­se em 1971 com o desenvolvimento do composto anidro 1,8 naftálico, aplicado em 
sementes de milho, para agir contra ação de herbicidas tiocarbamato (Hoffman, 1969). A partir 
disso, outros compostos além do anidro naftálico começaram a ser produzidos e aplicados no 
tratamento de sementes ou em formulações comerciais, podendo conter um ou mais herbicidas e 
adjuvantes, aplicados diretamente ao solo, em pré ou pós-­emergência (Hatzios & Hoagland, 
1989; Davies et al.,1999). 
Safeners são compostos dos grupos químicos como naftopiranonas (anidro naftálico), 
dicloroacetamidas (diclormida, benoxacor, BAS-­145138), derivados de éter de oxima 
 
4824 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais,v.17, n.1, p. 4821-4839, 2024 
 
 jan. 2021 
(oxabetrinil e flufenim), triazois (flurazol), diclorometildioxolanos (MG-­ 191), fenilpirimidinas 
(fenclorim), carboxilatos de triazol (fenclorazol­etil e quinolinoxiacetatos (CGA-185072) 
(Hatzios et al., 1991). 
Nas culturas de sorgo, milho, arroz, fumo, algodão e cereais de inverno os safeners são 
aplicados contra efeitos dos herbicidas dos grupos chloroacetanilidas, tiocarbamatos, 
chloroacetamidas, sulfoniluréias e ariloxifenoxipropionatos e isoxazolidinonas (Galon et al. 
2011). Contudo, ainda se busca o desenvolvimento de safeners para ampliar seu uso para outras 
culturas de interesse econômico, que sejam eficientes e possibilitem diferentes modos de 
aplicação, como no caso de cereais de inverno em relação a preferência por aplicação de produtos 
pós-­ emergentes (Silva, 2007). 
A descoberta desta ação antagônica foi um grande avanço para o manejo de plantas 
invasoras e trouxe vantagens como: o controle químico seletivo de plantas daninhas em 
plantações botanicamente similares; uso de herbicidas não seletivos para o controle seletivo de 
ervas daninhas; viabilização de herbicidas com mecanismos de ação alternativos e de menor 
custo; a neutralização da atividade residual de herbicidas persistentes aplicados no solo; como as 
triazinas, em sistemas de rotação de culturas;; o aumento da dosagem do herbicida, e, 
consequentemente maior eficiência no controle de daninhas, protegendo a cultura dos danos do 
herbicida (Jablonkai et al., 2013;; Davies et al.,1999). Contudo, os safeners não tem o efeito de 
reverter injúrias causadas pelos herbicidas, por isso devem ser aplicados simultaneamente ou 
antes da aplicação do herbicida (Hatzios, 1983). 
De acordo com Hatzios et al. (1991), os safeners são mais eficazes quando aplicados antes 
ou simultaneamente com os herbicidas. Eles apresentam alto grau de especificidade e protegem 
apenas certas espécies de gramíneas contra danos causados por herbicidas específicos, sendo 
estas culturas moderadamente tolerantes aos herbicidas antagonizados. No entanto, segundo 
dados mais recentes de Abu-­Qare & Duncan (2002), os protetores disponíveis caracterizam-­se 
pela alta especificidade para culturas de monocotiledôneas com tolerância moderada à herbicidas 
e seletividade química para tiocarbamatos e chloroacetanilidas. 
Os safeners são caracterizados pela especificidade em níveis botânico, morfofisiológico 
e químico das plantas. Mesmo assim, ainda hoje está especificidade botânica para um grupo de 
espécies e suas interações não está completamente elucidada. Em geral, autores consideram que 
seu modo de ação resulta em uma série de múltiplas interações entre o safener e o herbicida e 
 
4825 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 4821-4839, 2024 
 
 jan. 2021 
que estão relacionadas com funções bioquímicas e moleculares (Ezra et al. 1983). Compreender 
o mecanismo dos protetores auxilia na escolha do produto, na melhor época e modo de aplicação 
para determinada cultura. Autores descrevem os possíveis modos de ação dos safeners, o qual 
podem variar com o composto químico, a espécie da planta e as condições de aplicação. 
As interações que ocorrem nas plantas dependem, entre outros fatores, das características 
e dos processos fisiológicos da semente, podendo haver interferência na absorção e translocação 
do herbicida, alteração no metabolismo do herbicida e competição no seu local de ação, e assim 
podendo aumentar a tolerância da cultura a herbicidas não seletivos (Abu-Qare & Duncan, 2002; 
Sivey et al., 2015). A similaridade entre os locais de ação e absorção de ambos protetores e 
herbicidas na região do coleóptilo da planta sugere que estes podem neutralizar herbicidas no 
local de absorção ou ação (Gray & Grenn, 1982). O safener desenvolvido para o cloroacetamida 
metolacloro em milho, aumentou o metabolismo de metolacloro mediado pela enzima glutationa 
(GSH), principalmente em coleóptilos de milho, onde é o principal local de ação de muitos 
grupos de herbicidas (Riechers et al.,2010). Essas interferências ocorrem por meio de interrupção 
bioquímica e fisiológica nos processos metabólicos como biossíntese de lipídeos, síntese de 
ácidos graxos, ácidos graxos de cadeia longa, síntese de proteínas e permeabilidade de membrana 
(Abu-Qare & Duncan, 2002). Ainda assim, uma das principais reações estudadas para o 
metabolismo de herbicidas é devido a sua catalisação por enzimas do grupo P-450. Um dos 
mecanismos descritos por Riechers et al. (2010) é através do aumento a expressão de genes que 
codificam enzimas metabolizadoras de herbicidas, como as glutationa S-­transferases (GSTs), 
citocromo P450 monooxigenases (P-450s), entre outras. Segundo os autores, isto sugere que os 
safeners utilizam uma via de sinalização preexistente para desintoxicação de toxinas endógenas 
ou de xenobióticos. 
O processo de desintoxicação do herbicida em plantas tratadas por safeners ainda parece 
ser o principal mecanismo envolvido na ação dos safeners atualmente desenvolvidos. Hatzios 
(1991) explica que protetores aumentam a conjugação da enzima glutationa dos herbicidas, 
elevando os níveis da glutationa reduzida (GSH) ou outras enzimas dependentes da glutationa. 
Os safeners também podem causar aumento da atividade de outras enzimas degradativas, como 
oxidases dependente do citocromo P-­450 e UDP-­glucosil transferases, importantes para a 
proteção das culturas de gramíneas contra danos causados por herbicidas do grupo 
ariloxifenoxipropionato, sulfonilureia e imidazolinona. A glutationa, encontrada principalmente 
 
4826 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 4821-4839, 2024 
 
 jan. 2021 
em sua forma reduzida (GSH), atua nos principais processos metabólicos como síntese de 
proteínas, proteção das membranas de cloroplastos contra danos peroxidativos e desintoxicação 
de herbicidas selecionados. Sendo assim, os safeners são capazes de estimular a produção da 
glutationa reduzida. 
Os efeitos benéficos proporcionados pela associação de protetores e herbicidas em 
sementes já são conhecidos, pois são globalmente utilizados. O herbicida pré-emergente 
clomazone, por exemplo, é capaz de oxidar e produzir o metabólito 5-keto clomazone. Nos casos 
associados a este herbicida, o safener reduz a degradação do clomazone para 5-­keto clomazone, 
composto de ação herbicida (Ferhatoglu & Barrett, 2006; Ferhatoglu et al., 2005). Em lavouras 
de arroz irrigado, o composto dietholate pode ser usado no tratamento de semente para reduzir a 
ativação do clomazone em 5-keto clomazone, aumentando assim a tolerância da cultura a doses 
maiores do herbicida (Sanchotene et al., 2010a, b). O tratamento de sementes de arroz com 
phorate possibilitou aumento significativo da dose de clomazone com menores intoxicações das 
plantas de arroz (Busi et al., 2017). Em trigo, o uso de fluxofenim como protetor proporcionou 
maior tolerância ao herbicida S-­metolachlor na cultivar Ônix (Silva et al., 2011). Em híbridos 
de milho, o tratamento de sementes com anidrido naftálico aumentou a tolerância ao herbicida 
isoxaflutole (Maciel et al., 2012). 
Inúmeros estudos mostram que tratamento de sementes com protetores propiciam 
aumento de dose do herbicida e, por consequência, maior eficácia de controle. No entanto, 
poucos estudos avaliem o uso isolado dos protetores sob diferentes condições ambientais e de 
aplicação, pois pode ocorrer interferências negativas em sementes tratadas com os mesmos em 
relação à fisiologia de sementes e plântulas. Um melhor entendimento sobre seus efeitos 
permitirá resultados mais positivos, no sentido de aumentar o número de possibilidades em que 
os safeners podem ser usados com herbicidas. 
Pesquisas mostram que o tratamento com dietholate pode reduzir atributos fisiológicos 
de sementes. Em arroz, o tratamento de sementes com o protetorreduziu a germinação e inibiu 
o crescimento de plântulas em comparação ao controle sem protetor (Mistura et al., 2008). Em 
feijoeiro, por exemplo, o aumento de dose de dietholate no tratamento de sementes levou à 
redução da velocidade de emergência, independente da variedade testada (Takano, et al., 2012). 
Usualmente, safeners podem ser aplicados a sementes de diferentes culturas em 
associação com diferentes classes de produtos. Em situações de campo, misturas de protetores 
 
4827 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 4821-4839, 2024 
 
 jan. 2021 
com inseticidas e fungicidas são aplicados sobre sementes com o intuito de proteger do ataque 
de fungos, insetos e, ainda, possibilitar o uso de doses superiores de herbicidas pré-emergentes. 
Contudo, essa interação pode causar variações na eficácia de cada produto isolado ou mudanças 
fisiológicas de sementes. 
Assim, o objetivo desta revisão foi identificar e descrever fatores que podem interferir na 
ação dos safeners em função de questões ambientais, com interação entre diferentes classes de 
defensivos vegetais ou fertilizantes e qual o efeito genético e aspectos fisiológicos são observados 
nas espécies cultivadas. 
 
2 METODOLOGIA 
O presente trabalho é uma revisão bibliográfica que tem como base para sua construção 
a pesquisa em trabalhos acadêmicos. Quanto aos meios de investigação, optou-se pela pesquisa 
bibliográfica. A pesquisa bibliográfica foi efetuada com base em artigos científicos, dissertações 
e livros, com vistas a contextualizar a temática em estudo. A busca dos trabalhos científicos foi 
realizada nas plataformas Google Acadêmico®, Scielo Brasil®, periódicos CAPES, sites 
especializados e governamentais, além de trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses 
no período de 2006 a 2023. As palavras-chave usadas na busca foram: fertilizante foliar, 
micronutrientes, molibdênio, cobalto, boro, Glycine max, qualidade de sementes. A revisão 
bibliográfica consistiu na análise de trabalhos científicos já desenvolvidos com a finalidade de 
descrever os possíveis avanços ocorridos dentro da temática em questão. 
 
3 FATORES AMBIENTAIS 
O processo de semeadura de culturas de estação estival e hibernal é um dos momentos 
mais críticos para alcançar altos patamares produtivos. Nesse momento, inúmeras variações 
ambientais podem ocorrer. Diferenças de temperatura, umidade e tipos de solo são frequentes 
entre regiões e até mesmo dentro da mesma propriedade. Uma das hipóteses desse trabalho é que 
essas variações ambientais podem gerar mudanças em relação à interação entre safeners e 
sementes, interferindo em atributos fisiológicos das mesmas. 
Dietholate é um safener conhecido por proteger sementes de arroz contra o clomazone. O 
tratamento de sementes com esse composto permite o uso de altas dosagens do herbicida, pois 
age na inibição da enzima citocromo P450 mono-­oxigenase, inativando a ação do clomazone 
 
4828 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 4821-4839, 2024 
 
 jan. 2021 
(Ferhatoglu et al., 2005). A temperatura é um dos principais fatores ambientais que influencia o 
manejo do período de semeadura do arroz, uma vez que a cultura é sensível ao frio. Rosa et al 
(2017) avaliaram o efeito do tratamento de dietholate contra fungicida e inseticida em diferentes 
temperaturas. Os autores observaram variações em relação a germinação de sementes de arroz 
sob temperaturas de 25 e 17°C quando tratadas com dietholate isolado ou em associação com 
Fipronil + Carboxina + Tiram. Sob a temperatura de 25°C, considerada ideal para a cultura, o 
tratamento com dietholate isolado reduziu a taxa de germinação, ao contrário do observado no 
tratamento combinado de dietholate + Fipronil + Carboxina + Tiram, com maior percentual de 
plântulas normais. Embora todos os tratamentos resultaram em menor valores, quando 
submetidos aos 17°C as sementes tratadas com dietholate foram as que apresentaram a menor 
taxa de germinação em comparação com o tratamento combinado e o controle. Os autores 
observaram resultados similares aos descritos para os testes de envelhecimento acelerado. Esses 
resultados demostram que a interferência negativa do tratamento com safeners pode variar com 
diferentes temperaturas, consequentemente, com a condição e a época de semeadura da cultura 
do arroz. Embora os autores não discutam as causas da resposta variável em função da 
temperatura, uma possível causa pode estar relacionado à atividade de enzimas metabólicas, 
como as P450, por exemplo. Essas estão relacionadas à síntese e ao metabolismo de uma série 
de componentes celulares e também ativação de clomazone. As P450s que são inibidas pelo 
dietholate esse complexo enzimático pode proporcionar respostas variáveis sob diferentes 
temperaturas. 
Características e condições do solo também são fatores ambientais analisados em alguns 
estudos. Assim como o tipo de solo pode interferir na seletividade de herbicidas é possível que 
também ele possa ocasionar variabilidade na eficiência do uso de safeners. Lee et al. (2004) 
discutem que a matéria orgânica em solos argilosos pode levar a maior adsorção de clomazone. 
Essa maior adsorção faz com que este se torne menos disponível e, assim, diminuindo seu efeito 
sob as plantas e tornando ineficiente o controle de plantas daninhas. Fato esse que corrobora com 
estudo de Culmming et al. (2002) em que a toxicidade de clomazone em plantas de arroz está, 
também, relacionada à umidade e textura do solo. 
No trabalho de Sanchotene et al. (2010), os autores observaram que em solo arenoso 
houve maior toxicidade de clomazone nas plantas de arroz comparado com o mesmo tratamento 
em solo argiloso. Quando as sementes foram tratadas com dietholate, a produção de massa verde 
 
4829 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 4821-4839, 2024 
 
 jan. 2021 
e seca de plantas foi menos afetada em solo argiloso em comparação com arenoso. Eles 
relacionam o fato de que a matéria orgânica e a textura do solo argiloso podem tornar o 
clomazone menos disponível devido a sua maior adsorção de suas partículas. Além disso, 
sugerem que em solos argilosos o tratamento com o protetor em sementes de arroz é 
desnecessário para obter seletividade similar à obtida em solos arenosos. No entanto, mesmo em 
solos argilosos, é necessário aumentar ainda mais a dosagem para obter o mesmo nível de 
controle. Assim, é necessário utilizar o protetor dietholate para aumentar a seletividade do 
clomazone em doses elevadas. Por outro lado, Rosinger (2014) observou a diferença no efeito do 
safener anidrido naftálico contra herbicida thiocarbamate (EPTC) sendo menor em solos 
arenosos ou siltosos em comparação com solo franco-­argiloso. 
Outros fatores como incorporação no solo, modo de semeadura e o comportamento do 
herbicida, como taxas de lixiviação e decomposição podem influenciar tanto o efeito do safener 
quando do herbicida (Buzio & Burt,1980). Dependendo, também, das características de 
solubilidade de cada um, como por exemplo entre thiocarbamate e diclormida a lixiviação pode 
ocorrer em diferentes taxas, causando a perda dos dois produtos químicos da zona tratada (Abu-
Qare & Duncan, 2002). Estudos consideram que sementes de sorgo foram expostas a ação do 
herbicida devido ao fato das condições do solo favorecer a decomposição dos protetores 
oxabetrinil e ciometrinil (Yenne & Hatzios, 1990). 
Os resultados descritos acima mostram que pode haver variações na eficiência do protetor 
e na resposta dos atributos fisiológicos das culturas tratadas em relação à temperatura, ao tipo de 
solo e a natureza do composto químico utilizado. Conhecer com maiores detalhes essas variáveis 
pode auxiliar no manejo de aplicação dos safeners a fim de evitar perdas do efeito de protetores, 
mitigar danos no estabelecimento da cultura de interesseeconômico e favorecer o controle de 
plantas daninhas. 
 
3.1 INTERAÇÃO ENTRE CLASSES DE DEFENSIVOS VEGETAIS 
O tratamento de semente é uma prática corriqueira na maioria das culturas de interesse 
econômico. Usualmente, inseticidas, fungicidas, micronutrientes e bioestimuladores, entre 
outros, são adicionados a semente com o intuito de proteger de ataque de insetos, fungos e 
nematoides de e potencializar o estabelecimento das culturas. Safeners, em muitas situações, são 
adicionadas as sementes para facilitar o manejo de plantas daninhas. No entanto, interações entre 
 
4830 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 4821-4839, 2024 
 
 jan. 2021 
essas classes de produtos químicos podem ocorrer e prejudicar atributos fisiológicos de sementes. 
Assim, uma das hipóteses desse trabalho é que misturas de safeners com diferentes classes de 
defensivos pode interferir no vigor e germinação de sementes. 
Trabalhos avaliando a interação entre o tratamento de sementes composto pela 
combinação de fungicidas e inseticidas e o protetor dietholate identificaram que a associação 
destes produtos afetou tanto o desempenho das sementes quanto o desenvolvimento de plantas 
de arroz irrigado (Cereza et al.,2019). Os autores compararam uma série de combinações de 
inseticidas e fungicidas com o uso de dietholate. O maior impacto negativo na germinação foi 
observado na combinação de dietholate, carboxin e thiram. Neste caso, foi observado maior 
redução de germinação de sementes tratadas com dietholate quando comparado com não tratadas. 
Isto mostrou o efeito de antagonismo entre os compostos, o qual deve ser evitado. Estes autores 
concluíram que em geral a adição de dietholate aos tratamentos combinados reduziu a 
germinação e vigor e afetou a fase inicial do desenvolvimento das sementes, em que o principal 
efeito do dietholate foi atribuído à interação com outros produtos, como o fungicida thiram. Esse 
fato confirma que a associação foi prejudicial à viabilidade da semente de arroz. 
O efeito do tratamento de sementes com o safener dietholate e o bioestimulante 
Awaken®, de modo isolado e associado, com a aplicação de clomazone em pré-­emergência no 
cultivo adensado foi avaliado em algodoeiro (Inoue et al., 2012). Nesse trabalho, o tratamento de 
sementes com dietholate em associação com um bioestimulante proporcionou maior vigor inicial 
em relação ao tratamento somente com safener. Neste caso, mostrando o efeito do bioestimulante 
sem interferência do dietholate. Além disso, o bioestimulante não interferiu no efeito do protetor 
na redução da fitointoxicação quando aplicado o clomazone, e ainda melhorou atributos 
fisiológicos da cultura. Contudo, mesmo no tratamento com dietholate e clomazone aplicado 
após semeadura, os autores observaram injúrias iniciais na cultura. Plantas provenientes de 
sementes tratadas com bioestimulante + dietholate + clomazone foram superiores às tratadas com 
dietholate + clomazone em relação à altura das plantas e massa seca da parte aérea. 
Em estudo sobre a influência do protetor de sementes dietil fenil fosforotioato sobre 
plântulas de arroz, Mistura et al. (2008) encontraram maior porcentagem de plântulas com 
injúrias a partir de sementes tratadas com o safener, em relação às plântulas do tratamento 
controle. O trabalho explica que porcentagem de plântulas com injúrias obtida foi, possivelmente, 
devido a existência de sensibilidade das sementes de arroz ao protetor estudado, ou devido a um 
 
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efeito de interferência no crescimento do eixo embrionário, impedindo que o processo de 
germinação ocorresse de maneira eficiente. Resultado semelhante foi obtido por Takano et al. 
(2012a) que relacionam a interação clomazone em pré-­emergência e dietholate no tratamento 
de sementes a causa do efeito fitotóxico em feijão, em que foi observado a redução do 
crescimento das plantas. 
Considerando que interações safeners/herbicida podem ser interpretadas como situação 
de estresse para a planta, este efeito pode ser explicado pelo fato de que a competição de 
protetores por sítios de ligação de herbicidas não explica a capacidade das moléculas de 
protetores de fornecer proteção contra um herbicida específico, ou a capacidade de um único 
protetor evitar lesões por herbicidas com modos diferentes de ação. Além disso, teoricamente, os 
safeners podem reagir com moléculas de herbicidas para formar um complexo inativo ou imóvel 
impedindo de causar danos. No entanto, havendo danos às sementes, é possível que essa reação 
não tenha levado à inibição do herbicida. 
Outra hipótese é de que com a combinação dos produtos pode ocorrer alterações no 
metabolismo durante a germinação das sementes tratadas e o recobrimento destas pode ter 
desacelerado a absorção de água e levando alterações nos processos metabólicos e bioquímicos 
(Davies & Caseley, 1999;; Ferhatoglu et al., 2005). 
Foi observado que a combinação de produtos químicos pode interferir na fisiologia e, 
consequentemente no desenvolvimento de sementes. Quando aplicado em pré ou em pós-
­emergência ou mesmo em mistura com a semente o efeito dos safeners pode apresentar 
características distintas (Goulart et al., 2012). Pois a combinação entre protetor e herbicida está 
relacionada ao mecanismo de ação de cada protetor. Desse modo, faz-­se necessário mais estudos 
que possam clarear os efeitos da aplicação de cada produto sob as sementes e o melhor uso dos 
safeners. Assim, será possível identificar e escolher tanto o método como o período mais eficiente 
para aplicação do controle, já que modo de ação é bastante específico e pode variar com 
substância química e características da cultura. 
 
3.2 FATORES GENÉTICOS 
Em condições de campo, variações de seletividade a herbicidas, resistência a moléstias e 
diferenças de vigor e velocidade de germinação normalmente são identificados entre espécies e 
até mesmo entre variedades da mesma espécie. Essa variabilidade natural entre biótipos é causa 
 
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do melhoramento genético ou da evolução em diferentes ambientes e pode influenciar também 
em práticas de manejo, como a resposta ao tratamento com safeners, por exemplo. Assim, uma 
das hipóteses desse trabalho é que diferenças botânicas, entre espécies ou cultivares, podem 
interferir no efeito de safeners em aspectos fisiológicos de sementes e plantas e favorecer ou 
prejudicar o manejo de lavouras. 
A seletividade do clomazone aplicado em pré-­emergência foi avaliada cinco variedades 
de feijoeiro (Takano et al. 2012b). Os autores observaram diferenças no teor de clorofila, massa 
seca e taxa de crescimento com o aumento da dose do herbicida. Essa resposta variável a 
fitointoxicação pelo herbicida mostra que existe variabilidade genética em relação a 
metabolização de herbicidas, mesmo na mesma espécie. 
Em outro trabalho dos mesmos autores, variedades de feijão responderam diferentemente 
também ao tratamento de sementes com dietholate (Takano et al. 2012a). Dentre seis variedades 
avaliadas, três mostraram menor crescimento inicial de plântulas de feijão mesmo sob o 
tratamento de dietholate. Além disso, verificaram ainda o impacto mais acentuado no 
crescimento quando aplicado doses mais elevadas. De acordo com os autores isto pode estar 
relacionado aos efeitos do produto na velocidade de emergência e de que as sementes de feijão 
possuem algum grau de sensibilidade ao dietholate. Embora não observaram redução no total de 
plantas emergidas, visto que, não ouve diferença no número inicial e final de plantas por vaso 
em todos os tratamentos, as variedades de feijoeiro também apresentaram comportamento 
diferente em relação a massa seca de folhas conformeas sementes foram tratadas com dose 
crescente do protetor. Fato esse corrobora com Dockhorn (2015), que também verificou redução 
do índice de velocidade de germinação da cultivar IRGA 424, porém o mesmo não ocorreu com 
híbrido QM 1010. No entanto, houve interferência negativa no comprimento médio da parte aérea 
de arroz com o aumento da dose de protetor dietil fenil fosforotioato para ambos as cultivares. 
Trabalhos com inseticida malathion aplicado como protetor também identificaram 
redução dos atributos fisiológicos da cultivar IRGA 424 (Gularte, et al., 2018). Considerando 
que os inseticidas do grupo químico dos organofosforados são capazes de inibir a enzima 
citocromo P-450 mono-oxigenase, constituindo o mesmo modo de ação de protetores como 
dietholate que evita a ação de herbicidas, o malathion foi utilizado com o intuito de proteger 
contra herbicida clomazone. 
Em outros trabalhos com uso de protetores em sementes de espécies forrageiras para 
 
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aspersão de clomazone, o autor observou efeito protetor até 1200 ml/100kg de semente tratadas 
com dietholate para as espécies para espécies de Brachiaria (Urocloa brizantha cv. Marandú, 
Urocloa humidicola e Urocloa ruziziensis) e não para espécies de Panicum. Já, quanto doses 
acima de 800 ml/100kg de semente, afetaram negativamente os parâmetros de germinação 
somente para sementes das espécies de Panicum (Megathyrsus maximum cv. Mombaça e 
Megathyrsus maximum cv Massai (Passos, 2017). 
Embora os trabalhos mencionados acima não discutam em detalhes fatores de o porquê 
cultivares da mesma espécie podem apresentar diferentes respostas de tolerância sob tratamento 
de safeners, deve-­se buscar compreender estas diferenças através das informações relacionadas 
sobre como estes produtos podem agir e alterar sua fisiologia através de interferências genéticas. 
Como citado inicialmente neste trabalho, os safeners são caracterizados pela sua 
especificidade e são eficientes, predominantemente, para culturas do grupo botânico 
monocotiledôneas, como gramíneas. Embora ainda não muito bem esclarecido, sugere-­se que 
as reações fisiológicas e bioquímicas, envolvidas na defesa contra os herbicidas, podem ser 
únicas para este grupo plantas. Pois, possivelmente esses sistemas não estão presentes ou não são 
afetados da mesma maneira por herbicidas e protetores em outras culturas (Abu-qare et al.,2002). 
A capacidade das plantas de desintoxicar certos herbicidas por reações bioquímicas específicas 
há muito tempo é reconhecido como um processo importante para a seletividade dos herbicidas, 
mas não é ampliado para várias espécies de plantas (Hatzios 1991). 
Apesar dos safeners não serem eficientes na tolerância a em plantas dicotiledôneas, como 
em soja, é possível se basear na resposta do protetor em monocotiledôneas para as dicotiledôneas. 
Embora, as dicotiledôneas não respondam aos safeners no nível de planta inteira, é relatado que 
há aumentos significativos na expressão de enzimas GST e proteínas do grupo MRP (Multi-Drug 
Resistance-Associated Protein) envolvidas no metabolismo de herbicidas, indicando que os 
processos podem ser semelhantes (Riechers et al., 2010). 
A alteração estrutural, regulação e amplificação de genes são fatores genéticos que 
explicam processos de resposta de tolerância ou resistência das plantas frente aos herbicidas. 
Considerando que os protetores agem em um nível transcricional de DNA regulando a expressão 
de genes de plantas, então seu mecanismo de ação molecular deve incluir uma indução de mRNA, 
que é muito específica. A primeira evidência do safener para a regulação de expressão da enzima 
glutationa S-­transferases (GSTs) no nível transcricional foi demonstrada em um estudo com o 
 
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safener flurazol na indução de um transcrito de GST em milho (Persans et al., 2001). 
Para Riechers et al. (2010) existem várias hipóteses para a falta de resposta das 
dicotiledôneas aos protetores para melhorar a tolerância ao herbicida, incluindo a falta de 
isoenzimas GST metabolizadoras de herbicida com especificidade ação, falta da expressão 
adequada de tecido específico de enzimas desintoxicantes de herbicida, defeito em algum outro 
aspecto da via geral de desintoxicação do herbicida, ou alguma combinação desses componentes. 
Possivelmente, a ação de cada um destes fatores leva a diferentes respostas das plantas e isso 
pode auxiliar a compreender o porquê plantas da mesma família ou espécie reagem de maneira 
distinta. 
Se, no entanto, a resposta do protetor pudesse ser projetada em culturas de dicotiledôneas, 
isso ofereceria novas opções de manejo de ervas daninhas, melhorando a margem de seletividade 
de herbicida entre culturas de dicotiledôneas e espécies de ervas daninhas alvo, bem como 
fornecendo novas opções de controle químico para o manejo de plantas daninhas resistentes a 
herbicidas. E importante destacar que ao avaliar a seletividade ou toxicidade de um herbicida, o 
mesmo valendo para os safeners, deve-­se levar em conta não apenas as injúrias causadas de 
acordo com o produto aplicado, mas também seu efeito sob a qualidade da planta, ou seja, não 
prejudicando os componentes de rendimento da cultura. 
O efeito de protetores no aumento da seletividade de herbicidas e em atributos fisiológicos 
necessita de maior investigação acadêmica. Visto que, em alguns casos, respostas mudam 
conforme a espécie e as variedades semeadas. Fato esse que aumenta a complexidade da 
aplicabilidade dos safeners e de manejo a campo. 
 
3.3 IMPLICAÇÕES DO MANEJO COM PROTETORES 
Ao longo desse trabalho foram apresentadas pesquisas abordando aspectos negativos no 
vigor e germinação de sementes com doses superiores de safeners no tratamento de sementes 
(Dockhorn, 2015; Takano et al., 2012a; Passos, 2017). A complexidade aumenta com a grande 
variabilidade de respostas a questões climáticas, tipo de solo e interação entre produtos químicos 
no tratamento de sementes. Uma possibilidade de minimizar esses danos fisiológicos de sementes 
é trabalhar com os limites inferiores da dose recomendada pelo fabricante. Embora essa prática 
de manejo limite parcialmente a dose do herbicida aspergida a campo, provavelmente os 
possíveis danos fisiológicos das sementes tratadas também são minimizados. 
 
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Interações antagônicas de safeners com diferentes classes de inseticidas e fungicidas e 
sinérgicas com bioestimulantes também foram abordadas ao longo desse trabalho (Cereza et al., 
2019; Inoue et al., 2012). No primeiro caso, embora a maioria dos fungicidas e inseticidas 
avaliados em mistura com o safener causou antagonismo e comprometeu a germinação e o vigor 
das sementes, existe diferença significativa entre os ingredientes ativos. Nesse caso, a associação 
com carboxin + tiram proporcionou danos superiores ao demais tratamentos e deve ser evitada. 
Também no trabalho de Cereza et al (2019) foi evidenciado maiores danos com o passar do tempo 
após o tratamento. Assim, quando menor for o tempo entre o tratamento e a semeadura, menor é 
o dano possível às sementes. No segundo caso, o sinergismo entre safeners e bioestimulantes foi 
discutido por Inuoe et al. (2012) e é uma prática corriqueira em lavouras de arroz irrigado no Sul 
do Brasil. É comum a associação de dietholate com essa classe de produtos e as observações 
empíricas comprovam o efeito sinérgico a campo. Mais pesquisa são necessárias para consolidar 
essas informações e identificar quais produtos apresentam respostas fisiológicas superiores. 
Variações entre espécies e entre variedades também foram apresentados (Dockhorn, 
2015; Takanoet al., 2012a; Passos, 2017). Visando minimizar os danos a campo, mais pesquisas 
são necessárias para identificar os biótipos com maiores suscetibilidades. Uma alternativa 
possível é aumentar de 5 a 10% a densidade de semeadura para compensar os malefícios do 
safener em relação à germinação e ao vigor de sementes tratadas. 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Inúmeros trabalhos demonstraram a importância do tratamento de sementes com safeners 
com o intuito de facilitar o manejo de herbicidas e o controle de plantas daninhas sem injúria da 
cultura. No entanto, foi observado que esse tratamento pode propiciar alterações de atributos 
fisiológicos de sementes tratadas. Também foram apresentados trabalhos que mostram variações 
da eficiência de proteção. Essas alterações não são lineares, podendo variar conforme fatores 
ambientais, como temperatura e tipo de solo, conforme a associação com fungicidas ou 
inseticidas no tratamento de semente e, também, conforme a espécie e a variedade observada. 
Embora muitos ainda não completamente esclarecidos, existem diversos possíveis 
mecanismos de ação dos safeners e diferentes interações com moléculas de herbicidas de 
diferentes grupos que causam efeitos nos processos fisiológicos das plantas. Todas estas 
interações, como foi discutido neste trabalho, estão sob influência de muitos fatores variáveis 
 
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que podem levar a redução da eficiência dos safeners, como temperatura e tipo de solo, 
associação com fungicidas ou inseticidas no tratamento de semente e método de aplicação 
(mistura, pré ou pós-­emergência), doses tanto do herbicida quanto do safeners e características 
fisiologias e genéticas da espécie e variedade cultivada. Dessa forma, mais estudos são 
necessários para se compreender melhor essas dinâmicas e facilitar o controle de plantas daninhas 
sem causar redução da qualidade de sementes e plântulas. 
 
 
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