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e-Tec Brasil83 Aula 14 – Iluminação: Conceitos Gerais Antes de darmos início ao estudo da iluminação, é muito importante destacar que iluminação não é agente físico! Sendo assim, você deve estar se perguntando: o que é então iluminação? Por que estamos estudando este assunto em higiene ocupacional? Para respon- der a estas perguntas, vamos contar a história desde o início. Vamos lá? 14.1 Iluminação não é agente físico Antigamente, a iluminação era considerada um agente físico e, também, uma condição de insalubridade determinada pelo extinto anexo 4 da NR-15. Entretanto, com a atualização das normas regulamentadoras, a iluminação deixou de ser condição de insalubridade e se tornou uma condição de con- forto. Logo, ela é considerada hoje um agente ergonômico que é regido pela NR-17, que trata de ergonomia. Sendo assim, no mapa de risco, o risco decorrente de iluminação inadequada deve aparecer com a cor amarela (risco ergonômico) e não com a cor verde (risco físico). Mas, verifique em mapas de riscos que, apesar da mudança ter ocorrido em 1990, muitas pessoas ainda pintam este risco com a cor errada. Também, em virtude destas mudanças, alguns profissionais ainda vinculam o estudo da iluminação com a Higiene do Trabalho, apesar dela ser um tópico da disciplina de Ergonomia relacionado ao estudo do conforto ambiental. Mas, como muitos dos profissionais da ergonomia são fisioterapeutas, eles enfatizam mais os assuntos voltados à biomecânica e deixam de tratar da ilu- minação. Logo, este tópico continua sendo explicado por alguns Higienistas Ocupacionais, e por esta razão, é que estudaremos a iluminação nesta disci- plina. Porém, você deve ter sempre em mente que iluminação não é risco físico e sim ergonômico! O Anexo 4 da NR-15 foi revogado pela Portaria n° 3751 de 23/11/1990. Para saber mais sobre esta portaria, consulte- a em: http://portal.mte.gov. br/data/files/FF8080812BE 914E6012BE9F6D1C35CD8 /p_19901123_3751.pdf Nesta aula, você aprenderá sobre iluminação, os tipos principais, os efeitos na atividade do trabalhador e as normas aplicáveis a sua avaliação. 14.2 Tipos de iluminação e outros conceitos importantes Do ponto de vista da segurança do trabalho, a preocupação que devemos ter em relação à iluminação é quanto a sua ação nos pontos de trabalho, ou seja, devemos verificar se os níveis de iluminamento para os pontos de trabalho estão de acordo com o que as normas estabelecem para as atividades realiza- das nestes locais, de forma que não haja excesso ou falta de iluminamento. É importante observar que o excesso de iluminamento, também chamado de ofuscamento, tanto quanto a falta podem muito influenciar sobre as atividades do trabalhador, causando-lhe: dor de cabeça, forçamento da vista, cansaço mental e visual, queda da produtividade, maior risco de acidentes e doenças (por exemplo - cataratas, devido ao excesso de iluminamento). Desta forma, a NR-17 estabelece que em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada - natural ou artificial, geral ou suplementar apro- priada à natureza da atividade. a) Iluminação natural: é a iluminação feita pela luz solar que atravessa vidraças, portas, janelas, telhas de vidro etc. (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012). b) Iluminação artificial: é a iluminação feita por lâmpadas elétricas que podem ser fluorescentes, incandescentes, de mercúrio, de sódio etc. A iluminação artificial pode ser geral ou suplementar (BREVIGLIERO, POS- SEBON, SPINELLI, 2012). c) Iluminação geral: é aquela que ilumina todo o local de trabalho, não objetivando uma única operação. Está, geralmente, afastada dos traba- lhadores, como é o caso das lâmpadas ou luminárias colocadas no teto (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012). d) Iluminação suplementar: é aquela que, além da iluminação existente no local, é colocada próxima ao trabalhador com o objetivo de melhor iluminar a operação, como luminárias de mesa (BREVIGLIERO, POSSE- BON, SPINELLI, 2012). Na figura 14.1, temos um exemplo de um ambiente de trabalho com ilumi- nação artificial geral e iluminação artificial suplementar. Iluminamento é a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfície. Sua unidade de medida é o lux, onde 1 lux corresponde a um lúmen distribuído numa superfície de 1 m2. Higiene no Trabalhoe-Tec Brasil 84 A NR-17 estabelece ainda que a iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. Figura 14.1: Exemplo de iluminação geral e suplementar Fonte: Adaptado de Brevigliero, Possebon e Spinelli (2012) / IFPR Iluminação geral Iluminação suplementar Na figura 14.2, temos exemplo de iluminação inconveniente e conveniente, onde há respectivamente sombra no primeiro caso e iluminação adequada no segundo. Figura 14.2: Exemplo de iluminação conveniente e inconveniente Fonte: Adaptado de Brevigliero, Possebon e Spinelli (2012) / IFPR INCONVENIENTE CONVENIENTE e-Tec BrasilAula 14 – Iluminação: Conceitos Gerais 85 Além dos tipos anteriormente aprendidos, podemos ter outras classificações de iluminação (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012): a) Iluminação direta: o fluxo luminoso é dirigido diretamente para a su- perfície. b) Iluminação semidireta: o fluxo luminoso é obtido pelo direcionamento da lâmpada e parte do reflexo do teto, paredes e maquinaria. c) Iluminação semi–indireta: a maior parte do fluxo luminoso é transmi- tida da reflexão do teto e das paredes. d) Difusa: decorrente do uso de lâmpadas difusoras 14.3 Índice de refletância das cores As cores têm grande influência na iluminação, pois algumas delas possuem grande capacidade de refletir luz, enquanto outras a absorvem mais do que as refletem. O primeiro caso refere-se, por exemplo, à cor branca, enquanto que o segundo refere-se à cor preta. Assim, existe um índice que mede esta capacidade de refletância chamado de índice de refletância das cores. É im- portante o conhecimento deste índice, pois as cores das paredes do local de trabalho irão influenciar na avaliação do iluminamento, conforme aprende- remos na aula 15. Na tabela14.1, temos os índices de refletância das cores segundo diferentes autores e métodos. Tabela 14.1: Índice de refletância das cores Cores de tintas Método do pa- pel branco % Piloto Neto (1980) % Santos et al. (1992)% Castro et al. (2003)% Branco 90 80 98 88 Amarelo claro 72,52 70 70 70 Laranja 57,79 50 50 51 Azul claro 54 50 50 41 Rosa 51,3 60 60 51 Verde claro 49,40 60 60 36 Lilás 37,8 38 40 - Verde azulado 32,4 12 12 - Verde máquina 31,5 25 25 17 Cinza escuro 20,7 30 31 28 Vermelho 16,02 17 7 30 Preto 3,08 0 - 4 Fonte: Okimoto, Marchi, Krüger (200-) Difusa é aquela que é disseminada, generalizada, ou seja, que não é direta. Higiene no Trabalhoe-Tec Brasil 86 14.4 Normas aplicáveis Você aprendeu que a NR-17, que trata de ergonomia, é aquela que estabe- lece os requisitos de segurança para a iluminação. Em seu item 17.5.3.3, ela define que os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos pela NBR 5413. Assim, esta NBR, que trata da iluminância de interiores, deve ser utilizada como referência na avaliação do iluminamento. Na aula 15, mostraremos como fazer esta avaliação. Nesta aula, você estudou que iluminação é uma condição de conforto, ou seja, um agente ergonômico regido pela NR-17 e não um agente físico. Você percebeu como a iluminação incorreta pode prejudicar o trabalho e as pessoas que o executam. Resumo Nesta aula, você aprendeu sobre a iluminação, os tipos e efeitos na saúde do trabalhador. Atividade de aprendizagem • Você, ainda, não aprendeu como fazer a avaliação quantitativa de ilu- minamento nos locais de trabalho. Mas, aproveite para observar no seu polo, na sua sala de aula, quais são os tipos de iluminação existentes.Elas são do tipo artificial, natural, geral e/ou suplementar? • Agora, de maneira qualitativa, você acredita que a iluminação lá presente está de acordo com a NBR 5413, ou seja, ela é apropriada para a ativida- de realizada, a de estudos? Você acha que se fosse fazer a medição do iluminamento, ela estaria conforme a NBR ou não? Por quê? e-Tec BrasilAula 14 – Iluminação: Conceitos Gerais 87