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Direito Desportivo - Modulo 4

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Direito Desportivo
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Paulo Celso Sanvito 
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Luciano Vieira Francisco
Estatuto do Torcedor
• Introdução;
• Estatuto de Defesa do Torcedor.
• Conhecer as normas do Estatuto do Torcedor;
• Conhecer as infrações e sanções do Estatuto do Torcedor.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Estatuto do Torcedor
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre­se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam­
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus­
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de 
aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre­se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Estatuto do Torcedor
Introdução
Em 15 de maio de 2003 foi sancionada a Lei n.º 10.671, que dispõe sobre o 
Estatuto de Defesa do Torcedor, mais conhecido como Estatuto do Torcedor.
O objetivo desse estatuto é estabelecer bases de proteção e defesa para o 
 torcedor, relativas à sua segurança e ao seu conforto, à transparência e publicida­
de na organização das competições desportivas profissionais, à independência e 
imparcialidade da arbitragem de tais competições, à moralidade, celeridade e inde­
pendência dos órgãos da Justiça Desportiva e à responsabilização dos dirigentes 
desportivos pelo descumprimento de suas obrigações legais.
Vale destacar que a legislação já sofreu importantes modificações, introduzidas 
pela Lei n.º 12.229, de 27 de julho de 2010, que dispõe sobre medidas de preven­
ção e repressão aos fenômenos de violência por ocasião de competições esportivas.
De acordo com o Artigo 2º do Estatuto, “[...] torcedor é toda pessoa que aprecie, 
apoie ou se associe a qualquer entidade de prática desportiva do País e acompa­
nhe a prática de determinada modalidade esportiva”. É o torcedor, sem sombra de 
 dúvidas, um consumidor que, nos moldes da definição trazida pela Lei n.º 8.078, de 
11 de setembro de 1990, que instituiu o Código de Defesa do Consumidor, em seu 
Artigo 2º, é toda pessoa física ou jurídica que adquire, de forma onerosa, produto ou 
serviço como destinatário final, ou faça parte de uma coletividade determinável ou 
mesmo indeterminável de pessoas que haja intervindo em uma relação de consumo.
Ao pagar e adquirir um ingresso, o torcedor é o destinatário final do es­
petáculo (produto e serviço) promovido pelo fornecedor (clubes e organi­
zadores do evento), sendo que este comercializa o espetáculo. Portanto, 
existe uma relação de consumo entre o torcedor e os clubes organizadores 
quando da realização do evento esportivo. (RODRIGUES, 2003, p. 14)
As entidades responsáveis pela organização das competições, bem como a enti­
dade de prática desportiva detentora do “mando de campo”, de acordo com o 
Artigo 3º do Estatuto de Defesa do Torcedor, são equiparadas ao conceito de for­
necedoras, o qual apresentado no Artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor. 
Vale lembrar que, conforme disposição do mesmo,
[...] fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, na­
cional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que de­
senvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, trans­
formação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de 
produtos ou prestação de serviços. (BRASIL, 2003)
O Parágrafo 1º do mesmo Artigo, por sua vez, define produto como “[...] qual­
quer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial [...]” e o conceito de serviço é 
estabelecido no Parágrafo 2º, como “[...] qualquer atividade fornecida no mercado 
de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, 
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”.
8
9
Embora a Lei Pelé, em seu Artigo 42 (§ 3º), já houvesse afirmado que o espec­
tador pagante, por qualquer meio, de espetáculo ou evento esportivo, equipara­
­se – para todos os efeitos legais – ao consumidor, o Estatuto de Defesa do Torcedor 
dispõe acerca de diversas questões específicas de seu interesse, tais como a obri­
gação de divulgação de tabelas e regulamentos das competições com antecedência 
mínima de sessenta dias de seu início; a possibilidade de participação dos torcedo­
res, jornalistas e mesmo dos atletas na constituição desses regulamentos, através 
do encaminhamento de sugestões por meio das ouvidorias obrigatórias; punição 
para os dirigentes desportivos violadores das regras básicas de higiene e segurança, 
entre outras inovações.
A seguir, estudaremos as principais disposições do Estatuto de Defesa do Torcedor.
Estatuto de Defesa do Torcedor
Da Transparência na Organização das Competições
De acordo com o Artigo 5º do Estatuto de Defesa do Torcedor, a divulgação e 
transparência na organização das competições regidas pelas entidades de admi­
nistração do desporto ou pelas ligas é um direito fundamental do torcedor, sendo 
dever dessas a ampla publicidade, inclusive pela internet; a apresentação na íntegra 
do regulamento da competição; as tabelas de jogos contendo as partidas que serão 
realizadas com as devidas especificações de datas, locais e horários; o nome e as 
formas de contato do ouvidor da competição; os borderôs completos das partidas; 
a escalação dos árbitros imediatamente após a definição; e a relação dos nomes 
dos torcedores impedidos de comparecer ao local do evento esportivo por motivos 
de força maior.
Em seu Artigo 6º, o Estatuto criou a figura do ouvidor da competição, com 
a função de recolher sugestões, propostas e reclamações dos torcedores e propor 
as medidas necessárias, sendo garantido o amplo acesso postal ou por mensagem 
eletrônica, além do direito de receber as respostas às sugestões, propostas e recla­
mações que encaminhou, no prazo de até trinta dias.
Art. 6º – A entidade responsável pela organização da competição, previa­
mente ao seu início, designará o ouvidor da competição, fornecendo­lhe 
os meios de comunicação necessários ao amplo acesso dos torcedores.
§ 1º – São deveres do ouvidor da competição recolher as sugestões, pro­
postas e reclamações que receber dos torcedores, examiná­las e propor à 
respectiva entidade medidas necessárias ao aperfeiçoamento da compe­
tição e ao benefício do torcedor.
§ 2º – É assegurado ao torcedor:
I – O amplo acesso ao ouvidor da competição, mediante comunicação 
postal ou mensagem eletrônica; e
9
UNIDADE Estatuto do Torcedor
II – O direito de receber do ouvidor da competição as respostas àssuges­
tões, propostas e reclamações, que encaminhou, no prazo de trinta dias.
§ 3º – Na hipótese de que trata o Inciso II do § 2º, o ouvidor da compe­
tição utilizará, prioritariamente, o mesmo meio de comunicação utilizado 
pelo torcedor para o encaminhamento de sua mensagem.
§ 4º – O sítio da internet em que forem publicadas as informações de que 
trata o § 1º do Art. 5º conterá, também, as manifestações e propostas do 
ouvidor da competição. 
§ 5º – A função de ouvidor da competição poderá ser remunerada pelas en­
tidades de prática desportiva participantes da competição. (BRASIL, 2003)
O regulamento da competição deverá ser divulgado juntamente com a tabela de 
jogos, com antecedência mínima de sessenta dias de seu início, sob pena de sus­
pensão do dirigente da entidade organizadora por um prazo de seis meses.
A participação em competições organizadas pelas entidades de administração do 
esporte deve se dar em razão de critérios técnicos previamente definidos, sendo 
 vedada a realização de convites – ou convocações semelhantes para outras entidades.
É importante esclarecer que serão desconsideradas as partidas disputadas pela 
entidade de prática esportiva que não tiver atendido ao critério técnico previamente 
definido, inclusive para efeito de pontuação na competição, sendo certo que em 
campeonatos ou torneios regulares com mais de uma divisão, será observado o 
princípio do acesso e descenso.
Já em relação à publicidade e transparência das competições, determinou­se a 
obrigação de divulgação na internet, por parte da entidade organizadora da com­
petição, das súmulas e dos relatórios das partidas até às quatorze horas do terceiro 
dia útil subsequente ao da realização das mesmas.
Art. 12 – A entidade responsável pela organização da competição dará 
publicidade à súmula e aos relatórios da partida no sítio de que trata o 
§ 1º do Art. 5º até às 14 (quatorze) horas do 3º (terceiro) dia útil subse­
quente ao da realização da partida. (BRASIL, 2003)
Da Segurança do Torcedor Partícipe do Evento Esportivo
Fatos lamentáveis envolvendo torcidas futebolísticas que resultaram na morte de 
pessoas no Brasil e no mundo durante a última década causaram um clamor gene­
ralizado, de modo que o legislador ordinário brasileiro necessitasse regulamentar 
a garantia fundamental do torcedor, partícipe de eventos esportivos, à segurança, 
prevendo penalidades aos responsáveis pela organização das competições e aos 
próprios indivíduos que venham incitar e/ou praticar atos de violência.
Nesse sentido, o Artigo 13 do Estatuto prevê que “[...] o torcedor tem direito à 
 segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e 
após a realização das partidas”, sendo assegurada, inclusive, a acessibilidade ao 
torcedor portador de deficiência física ou com mobilidade reduzida.
10
11
Já o Artigo 13­A estabelece as condições de acesso e permanência do torcedor 
no recinto esportivo, sem prejuízo de outras condições previstas em Lei. Tais con­
dições se referem a medidas de caráter geral de segurança, que são destacadas pelo 
Estatuto de Defesa do Torcedor, conforme a passagem a seguir:
Art. 13­A – São condições de acesso e permanência do torcedor no 
 recinto esportivo, sem prejuízo de outras condições previstas em Lei:
I – Estar na posse de ingresso válido;
II – Não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de 
gerar ou possibilitar a prática de atos de violência;
III – Consentir com a revista pessoal de prevenção e segurança;
IV – Não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais 
com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo;
V – Não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos;
VI – Não arremessar objetos, de qualquer natureza, no interior do recinto 
esportivo;
VII – Não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros enge­
nhos pirotécnicos ou produtores de efeitos análogos;
VIII – Não incitar e não praticar atos de violência no estádio, qualquer que 
seja a sua natureza; 
IX – Não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma, da área res­
trita aos competidores; e
X – Não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou similares, 
para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável.
Parágrafo único – O não cumprimento das condições estabelecidas nes­
te artigo implicará a impossibilidade de ingresso do torcedor ao recinto 
esportivo, ou, se for o caso, o seu afastamento imediato do recinto, sem 
prejuízo de outras sanções administrativas, civis ou penais eventualmente 
cabíveis. (BRASIL, 2003)
Deve ser destacado o conteúdo do Parágrafo único desse artigo, que estabelece 
a impossibilidade de entrada ou retirada do recinto de quem infringir as disposi­
ções previstas.
Com essa medida, as entidades de prática desportiva detentoras dos mandos 
dos jogos, bem como os seus dirigentes, passaram a ser responsabilizadas pela 
segurança do torcedor, tendo o dever de solicitar ao Poder Público a presença de 
agentes de segurança, informando os dados necessários das partidas, em especial 
o local do evento, horário de abertura, a capacidade total de pessoas no local e 
expectativa de público.
A entidade responsável pela organização da competição, sob pena de destitui­
ção de seus dirigentes (Art. 37, Inc. I), tem uma série de deveres estipulados no 
Artigo 16:
11
UNIDADE Estatuto do Torcedor
Art. 16 – É dever da entidade responsável pela organização da competição:
I – Confirmar, com até quarenta e oito horas de antecedência, o horário e 
o local da realização das partidas em que a definição das equipes depen­
da de resultado anterior;
II – Contratar seguro de acidentes pessoais, tendo como beneficiário o 
torcedor portador de ingresso, válido a partir do momento em que ingres­
sar no estádio;
III – Disponibilizar um médico e dois enfermeiros­padrão para cada dez 
mil torcedores presentes à partida;
IV – Disponibilizar uma ambulância para cada dez mil torcedores presen­
tes à partida; e
V – Comunicar previamente à autoridade de saúde a realização do evento . 
(BRASIL, 2003)
Além disso, os estádios com capacidade superior a dez mil pessoas deverão 
manter uma central técnica de informações, com infraestrutura apropriada para 
viabilizar o monitoramento por imagem do público presente (Art. 18) e de suas 
catracas de acesso (Art. 25).
O Artigo 19 do Estatuto dispõe que a entidade responsável pela organização 
da competição – bem como os seus dirigentes – responde solidariamente com a 
entidade de prática desportiva detentora do mando de campo, independentemente 
da existência de culpa pelos prejuízos causados ao torcedor, decorrentes de falhas 
de segurança nos estádios ou da inobservância de quaisquer regras de segurança 
dispostas na legislação vigente – esta atividade é denominada responsabilidade 
civil objetiva.
Quando se fala em responsabilidade independentemente de culpa, 
 estamos diante da chamada responsabilidade objetiva, que se caracteriza 
pela ocorrência do evento, do fato ou do prejuízo independentemente 
de alguém ter causado isso por sua vontade (dolo) ou por imprudência, 
negligência ou imperícia (culpa). Todavia, pela redação do dispositivo, por 
mencionar prejuízos causados a torcedor que “decorram, de falhas de 
segurança nos estádios ou da inobservância do disposto no capítulo que 
trata da segurança do torcedor nos estádios”, forçoso parece­nos concluir 
que haveria necessidade de prova de “culpa das entidades responsáveis 
pela organização da competição, de seus dirigentes, da entidade detento­
ra do mando do jogo e de seus dirigentes.” E assim, penso, que quando se 
fala em “falha” ou “inobservância”, estamos nos referindo à “culpa” juri­
dicamente, devendo, portanto, haver imprudência, negligência ou imperí­
cia e que tais tenham causado o prejuízo. (RODRIGUES, 2003, p. 24­25)
Tal como se observa nos comentários transcritos, as ressalvas acerca da neces­
sidade de que o dano tenha sido causado em virtude de falhas de segurançanos 
estádios ou inobservância das regras de segurança dispostas no Estatuto, terminam 
por transparecer a necessidade da ocorrência da culpa, decorrente da negligência 
ou imperícia das entidades desportivas e dos dirigentes envolvidos no evento.
12
13
No entanto, não basta aos organizadores do evento a tomada de todas as precau­
ções possíveis à contenção de sinistros envolvendo os seus espectadores, é neces­
sário que não ocorram os incidentes; caso contrário, indiscutivelmente terá falhado 
a segurança, caracterizando­se a negligência ou imperícia de seus responsáveis.
Como sempre haverá culpa in eligendo na ocorrência de fato que traga prejuízos 
ao torcedor partícipe de evento esportivo,
[...] será in vigilando a culpa, se for fruto da falha no dever de vigiar. A cul­
pa in eligendo é aquela que resulta da má escolha. Quando se escolhe mal 
uma pessoa para desempenhar certa tarefa, resultando danos, a responsa­
bilidade é daquele que escolheu mal. Uma vez que existe, solidariamente, 
o dever de garantia de segurança a este torcedor por parte da entidade de 
prática desportiva, da organizadora da competição e de seus dirigentes, e a 
ocorrência de tal fato será consequência de falha no sistema de segurança 
do evento, a responsabilidade civil, in casu, será sempre inafastável, mes­
mo que caracterizada como subjetiva. (FIUZA, 2003, p. 608)
Dos Ingressos
De acordo com o Artigo 20 do Estatuto de Defesa do Torcedor, “[...] é direito 
do torcedor partícipe que os ingressos para as partidas integrantes de competições 
profissionais sejam colocados à venda até setenta e duas horas antes do início da 
partida correspondente”. Quando não for possível definir, com antecedência de 
quatro dias, se o jogo será ou não realizado, ou quando as equipes participantes 
forem definidas a partir de jogos eliminatórios, o prazo referido será de quarenta e 
oito horas – e não de setenta e duas.
Além dessa disposição, o Estatuto ainda traz outra inovação de grande importân­
cia: a exigência da descentralização dos pontos de venda das entradas das partidas 
que compõem as competições de âmbito nacional ou regional de primeira e segun­
da divisão. Nesses eventos, a entidade de prática desportiva detentora do mando 
de campo deverá disponibilizar, pelo menos, “[...] cinco postos de venda localizados 
em distritos diferentes da cidade [...]” – conforme a redação do Parágrafo 5º.
A exigência de fornecimento de comprovante de pagamento ao torcedor­con­
sumidor, logo após a aquisição dos ingressos, configura­se também como uma 
importante inovação do Estatuto. Era comum, nos principais estádios de futebol do 
Brasil, que o torcedor, após adentrar as dependências desses estádios, não manti­
vesse em sua posse qualquer comprovante de pagamento do ingresso.
O Estatuto de Defesa do Torcedor também exige que laudos técnicos atestem a 
real capacidade de público nos estádios brasileiros, bem como a demarcação dos 
assentos destinados a cada indivíduo pagante em todos os quais.
O Estatuto não dispôs acerca do valor a ser cobrado pelos ingressos, limitando­se 
a afirmar o direito do torcedor em fazer constar no seu ingresso o preço pago pelo 
qual e também que os valores dos ingressos destinados a um mesmo setor do estádio 
13
UNIDADE Estatuto do Torcedor
não poderão ser diferentes entre si, bem como idênticos aqueles divulgados antes da 
partida pela entidade detentora do mando de jogo – salvo em casos de venda anteci­
pada de carnê para um conjunto de, no mínimo, três partidas de uma mesma equipe, 
ou na venda de ingressos com redução de preço decorrente de previsão legal.
O Artigo 39, Inciso X, do Código de Defesa do Consumidor considera como 
prática abusiva vedada ao fornecedor “[...] elevar sem justa causa o preço de pro­
dutos ou serviços”. O torcedor que sentir­se lesado com o aumento considerado 
abusivo poderá questionar judicialmente o valor cobrado pelo ingresso, uma vez 
que é direito básico do consumidor a proteção contra práticas e cláusulas abusivas 
ou impostas no fornecimento de produtos e serviços.
Por fim, de acordo com o Artigo 23, Parágrafo 2º, incisos I e II, do Estatuto 
de Defesa do Torcedor, estará sujeita a perder o mando de campo, por um perí­
odo mínimo de seis meses, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, a entidade 
desportiva detentora do mando de campo que colocar à venda um número de 
ingressos superior à capacidade de público do estádio; permitir o ingresso, às suas 
dependências internas, de um número de pessoas maior do que a capacidade total 
do mesmo; ou que disponibilizar portões de acesso em número menor que o reco­
mendado pelas autoridades.
Art. 23 – A entidade responsável pela organização da competição apre­
sentará ao Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal, previa­
mente à sua realização, os laudos técnicos expedidos pelos órgãos e 
autoridades competentes pela vistoria das condições de segurança dos 
estádios a serem utilizados na competição. 
§ 1º – Os laudos atestarão a real capacidade de público dos estádios, bem 
como suas condições de segurança.
§ 2º – Perderá o mando de jogo por, no mínimo, seis meses, sem prejuízo 
das demais sanções cabíveis, a entidade de prática desportiva detentora 
do mando do jogo em que:
I – Tenha sido colocado à venda número de ingressos maior do que a 
capacidade de público do estádio;
II – Tenham entrado pessoas em número maior do que a capacidade de 
público do estádio; ou
III – Tenham sido disponibilizados portões de acesso ao estádio em número 
inferior ao recomendado pela autoridade pública. (BRASIL, 2003)
Do Transporte
É garantido ao torcedor o acesso a transporte seguro e organizado, a ampla 
divulgação das providências tomadas em relação ao acesso do local da partida, seja 
em transporte público ou privado, além da organização das imediações do estádio 
em que será disputada a partida, bem como as suas entradas e saídas, de modo a 
viabilizar, sempre que possível, o acesso seguro e rápido ao evento, na entrada, e 
aos meios de transporte, na saída (Art. 26).
14
15
O Artigo 27 determina que a entidade responsável pela organização da com­
petição e a entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo solicitarão 
formalmente ao Poder Público competente, por meio direto ou mediante convênio, 
serviços de estacionamento para uso dos torcedores partícipes durante a realiza­
ção de eventos esportivos, assegurando a estes o acesso a serviço organizado de 
transporte ao estádio, ainda que oneroso; meio de transporte para a condução de 
idosos, crianças e pessoas portadoras de deficiência física, partindo de locais de 
fácil acesso, previamente determinados, ainda que igualmente oneroso.
No entanto, o Artigo 27, em seu Parágrafo único, prevê que essas disposições 
ficam dispensadas na hipótese de evento esportivo realizado em estádio com capa­
cidade inferior a dez mil pessoas.
A entidade desportiva detentora do mando de campo e os seus dirigentes não 
poderão ser responsabilizados por um sinistro para o qual não concorreram sequer 
com culpa, sendo totalmente desproporcional o entendimento de que haveria res­
ponsabilização dos mesmos em virtude de danos ocorridos no interior dos meios 
coletivos ou particulares de transporte.
Assim, as únicas possibilidades de se vislumbrar acerca da responsabilização des­
sas entidades e de seus dirigentes por danos causados a torcedores no interior de 
meio de transporte utilizado para o acesso ao local do evento esportivo – estádio, 
ginásio etc. – seriam aquelas nas quais o transporte fosse fornecido pela própria 
entidade responsável pelo evento, ou quando o referido dano viesse a ocorrer nas 
imediações do estádio, quando passa a existir o dever de segurança do torcedor 
partícipe do evento por parte de seus organizadores.
Da Alimentação e Higiene
De acordo com o Parágrafo 1º do Artigo 28, é dever do Poder Público, por meio 
de seus órgãos de vigilância sanitária, verificar o cumprimento das normas básicas 
de higiene referentes às instalações físicasdo estádio e dos produtos alimentícios 
comercializados em seu interior. Os dirigentes da entidade de prática desportiva 
detentora do mando de campo e da entidade organizadora do evento poderão ser 
suspensos de suas atividades por seis meses, caso não viabilizem a consecução 
desses direitos ao torcedor.
Segundo o Artigo 29 do Estatuto, “[...] é direito do torcedor partícipe que os es­
tádios possuam sanitários em número compatível com sua capacidade de público, 
em plenas condições de limpeza e funcionamento”.
Sobre os preços dos produtos alimentícios praticados no interior dos locais dos 
eventos esportivos, o Parágrafo 2º do Artigo 28 do Estatuto estabelece que:
§ 2º – É vedado impor preços excessivos ou aumentar sem justa causa os 
preços dos produtos alimentícios comercializados no local de realização 
do evento esportivo. (BRASIL, 2003)
Além disso, tal conduta é considerada prática abusiva, nos termos do Inciso X do 
Artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor.
15
UNIDADE Estatuto do Torcedor
Da Relação do Torcedor com a Arbitragem Esportiva
O Estatuto de Defesa do Torcedor, em seu Capítulo VIII (Art. 30­32), insti­
tui como direito do torcedor que a arbitragem das competições desportivas seja 
 independente, imparcial, previamente remunerada e isenta de pressões, sendo da 
entidade de administração do desporto ou da liga organizadora do evento esportivo 
a responsabilidade pela remuneração do árbitro e de seus auxiliares.
À entidade desportiva detentora do mando de campo de jogo e aos seus diri­
gentes, com o auxílio dos agentes públicos de segurança, caberá garantir a inte­
gridade física do árbitro e de seus auxiliares, conforme disposto no Artigo 31 do 
Estatuto. Por essa razão, é dever das entidades de administração do desporto zelar 
pela integridade física da equipe de arbitragem, conforme apresenta o Artigo 31­A 
do Estatuto:
Art. 31­A – É dever das entidades de administração do desporto contratar 
seguro de vida e acidentes pessoais, tendo como beneficiária a equipe de 
arbitragem, quando exclusivamente no exercício dessa atividade. (BRA­
SIL, 2003)
Visando garantir a moralidade desportiva, o Estatuto também institui, em seu 
Artigo 32, uma série de regras sobre a publicidade a ser dada ao sorteio dos árbitros:
Art. 32 – É direito do torcedor que os árbitros de cada partida sejam 
escolhidos mediante sorteio, dentre aqueles previamente selecionados, 
ou audiência pública transmitida ao vivo pela rede mundial de computa­
dores, sob pena de nulidade.
§ 1º – O sorteio ou audiência pública serão realizados no mínimo quarenta 
e oito horas antes de cada rodada, em local e data previamente definidos.
§ 2º – O sorteio será aberto ao público, garantida sua ampla divulgação. 
(BRASIL, 2003).
Da Relação do Torcedor com a Entidade de Prática Desportiva
A cada entidade de prática desportiva fará publicar documento que contemple as 
diretrizes básicas de seu relacionamento com os torcedores, onde devem ser estabe­
lecidos o acesso ao estádio e aos locais de venda dos ingressos; os mecanismos de 
transparência financeira da entidade, inclusive com disposições relativas à realiza­
ção de auditorias independentes; a forma como deve ocorrer a comunicação entre 
o torcedor e a entidade de prática desportiva que poderá, entre outras medidas, 
ser realizada mediante a instalação de uma ouvidoria estável, com a constituição de 
um órgão consultivo formado por torcedores não sócios ou pelo reconhecimento 
da figura do sócio torcedor, com direitos mais restritos que os dos demais sócios.
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Da Relação do Torcedor com a Justiça Desportiva
A fim de garantir publicidade, transparência, independência e moralidade à 
Justiça Desportiva, visando proteger o torcedor, o Estatuto de Defesa do Torcedor, 
em seu Capítulo X, dedicou três dos seus artigos a essa fundamental instituição, 
constitucionalmente reconhecida pelo Artigo 217, Parágrafo 1º da Carta Magna 
de 1988.
Dispõe, o Artigo 34, que os órgãos da Justiça Desportiva, no exercício de suas 
funções, deverão observar, por ser direito do torcedor, os princípios da impessoali­
dade, da moralidade, da celeridade, da publicidade e da independência. Já o Artigo 
35 obriga que as decisões proferidas pela Justiça Desportiva sejam motivadas e 
tenham publicidade, vedando o segredo de justiça e exigindo a disponibilização de 
tais decisões na internet.
As decisões proferidas que não observarem o disposto nos dois artigos supracita­
dos serão consideradas nulas (Art. 36); e apresenta, no Capítulo XI, as penalidades 
aplicáveis para aqueles que vierem a descumprir as suas regras.
No Artigo 37 o Estatuto estabelece que, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, 
as entidades de administração do desporto, ligas ou entidades de prática desportiva 
que violarem as suas disposições, incidirão, observado sempre o devido processo 
legal, nas penalidades de:
• Destituição de seus dirigentes, na hipótese de violação das regras de que tra­
tam os capítulos II, IV e V;
• Suspensão por seis meses de seus dirigentes, por violação de outros dispositi­
vos da Lei, não referidos nos capítulos mencionados; 
• Impedimento de gozar de qualquer benefício fiscal em âmbito federal;
• Suspensão, por seis meses, dos repasses de recursos públicos federais da ad­
ministração direta e indireta.
Serão considerados dirigentes, para fins do Artigo 37, o presidente da entidade 
responsável pela infração, ou aquele que lhe faça as vezes, bem como o dirigente 
que tiver praticado a infração, ainda que por omissão, podendo tais dirigentes, e 
também qualquer pessoa que – direta ou indiretamente – puder interferir prejudi­
cialmente na completa elucidação dos fatos, serem afastados provisoriamente de 
suas funções, até a decisão final.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir, segundo 
o Parágrafo 2º do mesmo Artigo, multas em razão do descumprimento das normas 
expostas no Estatuto, sendo que devem obedecer aos seguintes limites de valor:
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UNIDADE Estatuto do Torcedor
§ 2º – A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir, no âmbito de suas competências, multas em razão do descum­
primento do disposto nesta Lei, observado o valor mínimo de R$ 100,00 
(cem reais) e o valor máximo de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). 
(BRASIL, 2003)
O Artigo 39­A do Estatuto penaliza a torcida organizada que em evento espor­
tivo promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir local restrito aos 
competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, organizadores e jornalistas, a qual ficará 
impedida, assim como os seus associados ou membros, de comparecer a eventos 
esportivos pelo prazo de até três anos.
Faz­se importante também destacar que, para efeitos previstos no Estatuto, con­
sidera­se torcida organizada a pessoa jurídica de direito privado ou existente de fato, 
que se organize para o fim de torcer e apoiar a entidade de prática esportiva de 
qualquer natureza ou modalidade, com a obrigação de manter cadastro atualizado 
de seus associados ou membros, o qual deverá conter, pelo menos, as seguintes 
informações: nome completo; fotografia; filiação; número do registro civil; número 
do Cadastro de Pessoa Física (CPF); data de nascimento; estado civil; profissão; 
endereço completo; escolaridade.
É certo ainda que a torcida organizada responde civilmente, de forma objetiva 
e solidária, pelos danos causados por quaisquer dos seus associados ou membros 
no local do evento esportivo, em suas imediações ou no trajeto de ida e volta ao 
evento, conforme prevê o Artigo 39­B.
É imprescindível que o Estatuto de Defesa do Torcedor, instrumento moralizador 
do nosso esporte profissional, seja cumprido e tenha, assim, efetividade, pois o 
desporto é um elemento primordial da nossa cultura, devendo ser preservado como 
patrimônio nacional.
O torcedor, como consumidor que é, tem não apenas o direito, mas também o 
dever de exigir a aplicação de seu Estatuto de Defesa, a fim de que não se torne 
mais uminstrumento decorativo em nossa vasta coleção de leis, portarias, resolu­
ções e decretos.
Por sua vez, o Estado não pode se eximir do cumprimento de sua finalidade 
 primordial, que é garantir a segurança pública e a plena efetivação dos seus princí­
pios fundamentais, reprimindo a violência e disponibilizando o acesso do cidadão 
aos instrumentos garantidores da elevação de sua dignidade pessoal e da constru­
ção do bem­estar social.
Dos Crimes
Em seu Artigo 41­B, o Estatuto criminaliza a conduta do torcedor que promove 
tumulto ou pratica atos de violência:
Art. 41­B – Promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir 
local restrito aos competidores em eventos esportivos: pena – reclusão de 
1 (um) a 2 (dois) anos e multa.
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§ 1º – Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que:
I – Promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de 5.000 
(cinco mil) metros ao redor do local de realização do evento esportivo, ou 
durante o trajeto de ida e volta do local da realização do evento; 
II – Portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em suas ime­
diações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento esportivo, 
quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de violência. 
( BRASIL, 2003)
Neste caso, na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena de 
reclusão em pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem 
como a qualquer local em que se realize evento esportivo, pelo prazo de três meses 
a três anos, de acordo com a gravidade da conduta, na hipótese de o agente ser 
primário, ter bons antecedentes e não ter sido punido anteriormente pela prática 
de condutas previstas no Artigo indicado.
Deverá, ainda, o juiz determinar na sentença a obrigatoriedade suplementar de o 
agente permanecer em estabelecimento indicado pelo juiz, no período compreen­
dido entre as duas horas antecedentes e as duas horas posteriores à realização de 
partidas de entidade de prática desportiva ou de competição determinada.
Vale destacar, no entanto, que a pena impeditiva de comparecimento às proxi­
midades do estádio, bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo, 
converter­se­á em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injusti­
ficado da restrição imposta.
Gomes (2010) informa que, diferentemente do Artigo 39­A, que cuida da con­
duta pertinente às torcidas organizadas, o Artigo 41­B especificou o crime a ser 
imputado de maneira individual para aquele que se porta de maneira a causar 
transtornos nos estádios de competição esportiva. Com o apenamento apresenta­
do por sua norma secundária, é de se concluir que estamos diante de uma infração 
penal de menor potencial ofensivo – já que a sua pena máxima é igual a dois anos, 
conforme o Artigo 61 da Lei n.º 9.099/95 –, que deve ser apreciada pelo Juizado 
Especial Criminal.
E prossegue o jurista ao informar que o próprio Artigo 41­B trata da medida des­
penalizadora a ser imposta no caso de o agente ser primário, ter bons antecedentes 
e não ter sido punido anteriormente pela mesma prática, qual seja: a conversão 
da pena de reclusão no impedimento de comparecer às proximidades de qualquer 
evento esportivo, pelo período de três meses a três anos, baseando­se do Parágrafo 
2º ao 4º do referido Artigo:
§ 2º – Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena 
de reclusão em pena impeditiva de comparecimento às proximidades do 
estádio, bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo, 
pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos, de acordo com a gravidade 
da conduta, na hipótese de o agente ser primário, ter bons antecedentes 
e não ter sido punido anteriormente pela prática de condutas previstas 
neste artigo.
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UNIDADE Estatuto do Torcedor
§ 3º – A pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, 
bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo, converter­
­se­á em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injusti­
ficado da restrição imposta.
§ 4º – Na conversão de pena prevista no § 2º, a sentença deverá deter­
minar, ainda, a obrigatoriedade suplementar de o agente permanecer em 
estabelecimento indicado pelo juiz, no período compreendido entre as 
2 (duas) horas antecedentes e as 2 (duas) horas posteriores à realização 
de partidas de entidade de prática desportiva ou de competição determi­
nada. (BRASIL, 2003)
Por outro lado, os crimes constantes do Artigo 41­C ao 41­G do Estatuto cuidam 
da conduta íntegra que deve se apresentar nos ambientes esportivos, seja no que 
tange à veracidade do resultado das competições (Art. 41­C­41­E), seja na obtenção 
de vantagens quando da venda dos ingressos dos eventos (Art. 41­F­41­G).
Já a conduta de “solicitar ou aceitar” para si ou para outrem vantagem ou 
promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer omissão ou 
ato destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva é apenada 
com reclusão de dois a seis anos e multa, conforme o Artigo 41­C. Esse tipo de 
conduta criminosa pode – ou não – ser complementado pelo crime discorrido 
pelo Artigo 41­D:
Art. 41­C – Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou 
promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer 
ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição 
esportiva ou evento a ela associado: pena – reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) 
anos e multa.
Art. 41­D – Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial 
com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva 
ou evento a ela associado: pena – reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e 
multa. (BRASIL, 2003)
Qualquer forma de fraude para a alteração do resultado é criminalizada no 
 Artigo 41­E:
Art. 41­E – Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, 
de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela 
associado: pena – reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (BRASIL, 
2003)
As alterações promovidas pela Lei n.º 12.299, de 27 de julho de 2010, que alte­
ra a Lei n.º 10.671/2003, criminalizam também a conduta do chamado “cambista”.
Art. 41­F – Vender ingressos de evento esportivo, por preço superior ao 
estampado no bilhete: pena – reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. 
(BRASIL, 2003)
Já o Artigo 41­G prevê punição para a conduta de “[...] fornecer, desviar ou 
 facilitar a distribuição de ingressos para venda por preço superior ao estampado no 
bilhete [...]” – conforme apresentado a seguir:
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Art. 41­G – Fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos para 
venda por preço superior ao estampado no bilhete: pena – reclusão de 
2  dois) a 4 (quatro) anos e multa.
Parágrafo único – A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a meta­
de se o agente for servidor público, dirigente ou funcionário de entidade 
de prática desportiva, entidade responsável pela organização da com­
petição, empresa contratada para o processo de emissão, distribuição e 
 venda de ingressos ou torcida organizada e se utilizar desta condição para 
os fins previstos neste artigo. (BRASIL, 2003)
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UNIDADE Estatuto do Torcedor
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Constituição Federal
https://goo.gl/zaRrL
Código Brasileiro de Justiça Desportiva
https://goo.gl/KjSmBy
Código Brasileiro Antidopagem
https://goo.gl/XqxNk1
Estatuto do Torcedor – Lei n.º 10.761/2003 
https://goo.gl/VeACmf
Lei n.º 9.615/98 – Lei Pelé
https://goo.gl/jvPvAV
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Referências
B RASIL. Lei n.º 10.761, de 15 de maio de 2003. Dispõe sobre o Estatuto de Defe­
sa do Torcedor. Diário Oficial da União: Seção 1, Brasília, DF, p. 1, maio 2003. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.671.htm>. 
Acesso em: 27 mar. 2019.
FIUZA, César. Novo Direito Civil: curso completo de acordo com o Código Civil 
de 2002. 6. ed. Belo Horizonte, MG: Del Rey, 2003.
GOMES, Luiz Flávio. O novo Estatuto do Torcedor e o populismopenal. 2010. 
Disponível em: <https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2377993/artigo­do­dia­o­
novo­estatuto­do­torcedor­e­o­populismo­penal>. Acesso em: 18 mar. 2019.
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 34. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
RODRIGUES, Décio Luiz José. Direitos do torcedor e temas polêmicos do 
 futebol. São Paulo: Rideel, 2003.
SARLET, Ingo Wolfgang; MARIONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso 
de Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
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