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1Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Empowed lives.
Resilient nations.
Responsabilidade 
Social Empresarial
Situação Actual em Angola
Versão Completa
2 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
O presente estudo foi promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) 
e teve o apoio financeiro da Agência Espanhola para a Cooperação Internacional e Desenvolvimento 
(AECID). Foi elaborado pela KPMG Angola - Audit, Tax, Advisory S.A. para o Grupo de Trabalho de 
Responsabilidade Social Empresarial de Angola.
Luanda - Angola 
11 de Abril de 2013
Fotos: UNDP, Unicef Angola e José Dias
3Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Empowed lives.
Resilient nations.
Responsabilidade 
Social Empresarial
Situação Actual em Angola
Versão Completa
4 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Conteúdo
Sumário Executivo.....................................................................................................................................................4
1.1 Porquê o Estudo..........................................................................................................................................4
1.2 Abordagem metodológica......................................................................................................................7
1.3 Principais conclusões.................................................................................................................................9
1.4 Análise Sectorial.......................................................................................................................................11
2 Enquadramento.......................................................................................................................................16
2.1 O que é a Responsabilidade Social Empresarial..................................................................................6
2.2 O contexto Internacional.......................................................................................................................19
2.3 O contexto Angolano...............................................................................................................................21
3 Caracterização da situação actual de práticas de RSE em Angola.........................................46
3.1 O sector empresarial...............................................................................................................................46
3.2 O contributo de outros agentes nas acções de RSE.....................................................................65
4 Riscos, Desafios e Oportunidades associados à Responsabilidade Social Empresarial.72
4.1 As oportunidades chave.......................................................................................................................72
4.2 Os desafios..................................................................................................................................................73
5 O Caminho futuro – RSE ao serviço do desenvolvimento.........................................................77
5.1 A reposta aos desafios............................................................................................................................77
5.2 Linhas de acção........................................................................................................................................80
6 Glossário......................................................................................................................................................82
7 Abordagem Metodológica....................................................................................................................87
7.1 Consulta às Empresas..............................................................................................................................87
7.2 Consulta aos restantes stakeholders..................................................................................................89
8 Acrónimos utilizados................................................................................................................................91
9 Referências/Bibliografia..........................................................................................................................92
10 Casos de Estudo.......................................................................................................................................93
Índice de Figuras 
Figura 1 – Análise comparativa do IDH de Angola ........................................................................................5
Figura 2 – Evolução dos componentes dos índices do IDH em Angola................................................5
Figura 3 – Análise comparativa do Índice de Desenvolvimento de Angola........................................6
Figura 4 – Temas relevantes e vectores de análise........................................................................................8
Figura 5 – Posicionamento dos sectores analisados...................................................................................11
Figura 6 – Modelo do Programa Integrado de Combate à Pobreza e ao Desenvolvimento Ru-
ral...................................................................................................................................................................................2
9
Figura 7 – Factores mais problemáticos para a realização de Negócios em Angola ....................33
Figura 8 – Fatalidades atribuíveis a questões ambientais .......................................................................42
Figura 9 – Matriz de risco e grau de preparação para o risco ................................................................43
Figura 10 – Percentagem média do orçamento anual de RSE por sector e por área de actuação 
64
5Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
1.1 Porquê o Estudo
A estabilidade trazida pela paz colocou Angola 
num caminho claro de recuperação, de um país 
com dificuldades e limitações ao nível das con-
dições sociais básicas, para uma das economias 
com crescimento mais acentuado em África. 
Quando comparada com outros países da Áfri-
ca Subsaariana e com países com baixo Índice 
de Desenvolvimento Humano (IDH), Angola 
apresenta uma evolução progressiva. O IDH é 
uma medida sumária para avaliar o progresso 
de longo termo nas três dimensões básicas do 
desenvolvimento humano: uma vida longa e 
saudável, acesso ao conhecimento e um padrão 
de vida decente, e que tem como objectivo ofe-
recer um contraponto a um indicador muito uti-
lizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, 
que considera apenas a dimensão económica 
do desenvolvimento.
Apesar de todos estes sinais positivos, segundo 
o relatório Global de Desenvolvimento Huma-
no de 2013 o País está ainda distante do valor 
médio do Índice de Desenvolvimento Humano, 
ocupando a posição 148 de um total de 187 pa-
íses, com um IDH de 0,508. O IDH da África Sub-
saariana como região aumentou de 0,366 em 
1980, para 0,475 actualmente, colocando Ango-
la acima da média regional, e acima dos países 
do grupo de baixo desenvolvimento humano, 
que apresentam um valor de 0,466. Na África 
Subsaariana, os países próximos a Angola em 
termos de classificação do IDH e população, são 
o Senegal e a Zâmbia, com a classificação IDHs 
de 154º e 163º respectivamente. As tendências 
do IDH mostram uma evolução importante, 
tanto a nível nacional como regional, destacan-
do as enormes lacunas na qualidade de vida e 
oportunidades de desenvolvimento.
Sumário Executivo
O Relatório Global de Desenvolvimento Humano de 2013 apresenta os valores e as classificações do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para 187 países 
e territórios reconhecidos pelas Nações Unidas. Esta edição também apresenta o IDH- ajustado à Desigualdade (IDHD) para 132 países, o Índice de Desigual-dade de Género (IDG) para 148 países, e o Índice da Pobreza Multidimensional (IPM) para 104 países. Os valores e as classificações publicadas nos relatórios 
anteriores não são comparáveis com os valores publicados no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013, devido à mudança dos dados de base e dos 
métodos de cálculo. Para permitir a avaliação do progresso nos IDHs, o Relatório de 2013 inclui IDHs recalculados desde 1980 a 2012.
6 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Análise comparativa do IDH de Angola
Desde o ano 2000 que Angola regista uma me-
lhoria no IDH, encontrando-se actualmente li-
geiramente acima do IDH de menor valor a nível 
mundial e do IDH da região de África Subsaa-
riana. Ainda assim, está longe do valor médio 
mundial.
O gráfico seguinte é baseado em indicadores, 
metodologia e séries temporais consistentes, 
mostrando assim, mudanças reais nos valores e 
classificação ao longo do tempo, o que reflecte 
o progresso actual feito pelos países.
Tendências nos componentes dos índices do IDH de 
Angola 2000-2012
Figura 1 – Análise comparativa do IDH de Angola (Fonte: hdr.undp.org)
Figura 2 – Evolução dos componentes dos índices do IDH em Angola (2000-
2012, Fonte: hdr.undp.org)
O valor do IDH de Angola para 2012 é 
0,508 — na categoria de baixo desen-
volvimento humano — posicionando 
o país no lugar 148 dos 187 países e 
territórios considerados. Entre 2000 e 
2012, o valor do IDH de Angola aumen-
tou de 0,375 para 0,508, registando um 
aumento de 35% (crescimento médio 
anual de cerca de 2,6%).
Entre 1980 e 2012, a esperança de vida 
à nascença em Angola aumentou 11,3 
anos, a média dos anos de escolaridade 
aumentou 0,3 anos e os anos esperados 
de escolaridade aumentaram 6,0 anos. 
O Rendimento Nacional Bruto (RNB) per 
capita de Angola aumentou 74% entre 
1985 e 2012.
Para além do papel desempenhado pelo Esta-
do Angolano no contributo para o crescimento 
económico de Angola e para a melhoria no IDH, 
verifica-se ainda um forte contributo das empre-
sas, Organizações Não Governamentais (ONG’s) 
e outras entidades. Todas estas entidades apre-
sentam estratégias e abordagens próprias, para 
combater a pobreza, proteger o meio ambiente 
e promover um desenvolvimento sustentável.
Neste sentido o Programa das Nações Unidas 
para o Desenvolvimento (PNUD) com o apoio da 
Agência Espanhola para a Cooperação e Desen-
volvimento (AECID) entendeu relevante realizar 
um estudo que permitisse fazer um balanço do 
estado da Responsabilidade Social Empresarial 
(RSE) no País. 
Paralelamente, ao realizar o diagnóstico das 
práticas de RSE, pretende-se também alcançar 
o estabelecimento de uma base, que crie um 
ambiente favorável para a cooperação entre o 
Governo, Empresas, ONGs e outros parceiros, 
7Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
em torno da Responsabilidade Social Empresa-
rial em Angola. Apenas com um esforço conjun-
to e unificado de todas as entidades é que será 
possível potenciar o Desenvolvimento Humano 
em Angola.
Os gráficos seguintes apresentam diversas pers-
pectivas de análise sobre diferentes dimensões 
que caracterizam o desenvolvimento das socie-
dades e países, nomeadamente outros países 
da África subsaariana, como África do Sul, Nigé-
ria, Zâmbia e Gana.
PIB per Capita vs IDH Educação
IDH vs. Depleção dos recursos Naturais
PIB per Capita vs IDH Saúde
Índice da Educação vs. Índice de Literacia Adulta
Figura 3 – Análise comparativa do Índice de Desenvolvimento de Angola (Fonte: hdr.undp.org)
8 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Em todas as análises anteriores, Angola ocupa 
um lugar intermédio em termos de desenvolvi-
mento comparativamente a outros países Afri-
canos, seja ao nível da saúde, educação ou de-
pleção dos recursos naturais. Contudo, Angola 
apresenta um valor positivo de PIB per capita, 
entre os países da África Subsaariana, fortemen-
te potenciado pelo contributo do sector petro-
lífero. Assim, apesar do baixo desenvolvimento 
espelhado pela análise destes indicadores, a ri-
queza do país, materializada pelo PIB per capita 
coloca-o numa posição vantajosa face aos seus 
pares em termos de potencial de crescimento.
Os índices de desenvolvimento macroeconómi-
co de Angola permitiram ao Comité de Políticas 
de Desenvolvimento (CPD) do Conselho Econó-
mico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) con-
siderar Angola elegível para migrar da lista dos 
Países Menos Avançados (PMA) para a dos de 
rendimento médio a partir de 2015, confirman-
do o potencial desenvolvimento e crescimento 
económico de Angola.
9Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Sector n.º Empresas
Construção 12
Telecomunicações 8
Transporte 8
Energia e Águas 3
Mineração Industria 9
Bebidas 4
Retalho 8
Financeiro 31
Petróleo e Gás 16
Diversos 1
Total 100
Tabela 1 – N.º de empresas analisadas por sector
Definição dos vectores de análise
Os temas relevantes foram confirmados através 
da pesquisa bibliográfica realizada a documen-
tos de referência em matéria de responsabilida-
de social e a documentos que descrevem o con-
texto social, ambiental e económico Angolano. 
O resultado destas pesquisas permitiu definir os 
vectores de análise sobre os quais incidiu o es-
tudo e a auscultação aos diversos stakeholders.
1.2 Abordagem metodológica Análise de meca-
do
Para a realização do estudo de Responsabilida-
de Social Empresarial, foi seleccionado um uni-
verso de empresas públicas e privadas com ac-
tividade representativa no mercado Angolano, 
em termos de volume de negócio, em nove sec-
tores de actividade distintos, resultando numa 
amostra de 100 empresas. A elaboração do es-
tudo iniciou-se com uma análise de benchmark 
à informação pública disponível relativamente 
às práticas de responsabilidade social destas 
empresas, em Angola. As fontes de informação 
foram os websites institucionais e os Relatórios 
públicos divulgados pelas organizações, em 
matéria de responsabilidade social empresarial 
ou contendo este tipo de informação.
Da análise de benchmark realizada, foi possível 
identificar um conjunto de temas relevantes 
que reflectem as diferentes áreas de actuação 
empresarial em matéria de Responsabilidade 
Social Empresarial em Angola. Estas áreas de 
actuação foram agrupadas em três dimensões 
de análise: dimensão social, económica e am-
biental. O agrupamento dos temas nestas três 
dimensões, tiveram por base o alinhamento 
com os pilares do desenvolvimento sustentável 
que privilegia o equilíbrio entre o crescimento 
económico, a promoção social e a preservação 
ambiental.
10 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Figura 4 – Temas relevantes e vectores de análise (Fonte: Análise KPMG)
Consulta aos stakeholders e Questionário 
Com base nos vectores em análise, foi desenvol-
vido um questionário sobre práticas de RSE que 
foi enviado a cerca de 77 empresas dos sectores 
mais representativos do mercado Angolano. A 
taxa de resposta foi de 30%, sendo que só foi 
possível ter representatividade para os sectores 
de Petróleo e Gás, Construção, Banca e Trans-
portes. As restantes respostas foram agrupadas 
num agregador (“Outros Sectores”) que com-
preende assim as respostas de empresas dos 
sectores Seguros, Telecomunicações, Minera-
ção, Bebidas, Infra-estruturas e Agro-Indústria).
Adicionalmente foram realizadas mais de 20 en-
trevistas presenciais com empresas e 14 entre-
vistas com ministérios e diferentes entidades da 
sociedade civil entre universidades, agências de 
desenvolvimento e ONGs. 
1.3 Principais conclusões
Níveis distintos de maturidade na actuação das em-
presas
Verifica-se que existe um grande desfasamen-
to de maturidade entre as práticas de respon-
sabilidade social empresarial das empresas de 
diferentes sectores e também dentro de cada 
sector. Em sectores como o do Petróleo e Gás,verifica-se a existência de uma elevada maturi-
dade na gestão dos temas de responsabilidade 
social empresarial. No caso das empresas inter-
nacionais deste sector a operar em Angola, ob-
serva-se a delineação de uma estratégia local, 
alinhada com a estratégia internacional. Nesta 
amostra, é evidente a existência de um nível de 
entendimento elevado e experiência na imple-
mentação dos projectos de âmbito social que é 
transversal à maioria das empresas deste sector. 
Por outro lado, nos restantes sectores analisa-
dos, já não se regista esta homogeneidade, ve-
rificando-se a existência de algumas empresas 
que lideram, sendo as restantes seguidoras, não 
11Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
demonstrando o mesmo grau de envolvimento 
e maturidade de comunicação das práticas de 
RSE. Esta conclusão é, em parte, suportada pela 
baixa adesão demonstrada à participação no es-
tudo em determinados sectores de actividade. 
Na globalidade, constata-se a evolução do pa-
radigma da responsabilidade social, de uma 
lógica de assistencialismo e caridade, (como as 
iniciativas relacionadas com donativos e cons-
trução de infra-estruturas) para uma lógica do 
desenvolvimento de projectos integrados que 
visam essencialmente, o desenvolvimento das 
pessoas e o crescimento económico, através da 
capacitação para identificação de oportunida-
des para saírem do ciclo de pobreza. 
A comunicação externa realizada pelas empre-
sas não é ainda suficientemente eficaz, sendo 
difícil aceder a informação pública disponível 
sobre grande parte das iniciativas desenvolvi-
das pelas mesmas.
Educação e Saúde são as áreas de actuação mais pri-
vilegiadas pelas empresas
Verificamos que existe um grande alinhamento 
das práticas de actuação com os temas identi-
ficados como mais relevantes e que reflectem 
o contexto social, económico e ambiental de 
Angola. A Educação e a Saúde são as áreas em 
que são realizadas mais iniciativas, com desta-
que para iniciativas no âmbito da alfabetização 
e escolaridade, retenção e sucesso escolar, e 
também, formação e promoção da saúde dos 
colaboradores. 
No âmbito social, a promoção da igualdade en-
tre géneros e as iniciativas direccionadas espe-
cificamente aos jovens são as áreas nas quais 
as empresas referem realizar um menor inves-
timento. 
39% dos investimentos sociais em RSE são na área da 
Educação
A área ambiental representa somente 7% dos investi-
mentos em RSE
3% dos investimentos sociais em RSE são em iniciativas 
especificamente direccionadas aos jovens
As iniciativas menos desenvolvidas, menciona-
das por menos de 40% das empresas consul-
tadas com actividades de RSE, foram: a forma-
ção de profissionais de saúde; a capacitação 
informática; a promoção do acesso dos jovens 
à cultura; a literacia financeira; a promoção das 
línguas nacionais; a promoção da cultura nas 
mulheres; o apoio a programas de desmina-
gem; o desenvolvimento de infra-estruturas 
(habitação e energia); a sensibilização ambien-
tal de parceiros e o apoio aos ex-combatentes. 
A existência destas áreas denota que, apesar do 
alinhamento das empresas com os temas rele-
vantes, existem ainda vertentes menos explo-
radas e apoiadas que poderão ser incentivadas 
numa lógica de promoção dos objectivos do 
Executivo e diferenciação das empresas através 
das suas estratégias de RSE.
A responsabilidade ambiental essencialmente 
como resposta às exigências legais
O enquadramento legal e regulamentar am-
biental, recentemente criado em Angola, resul-
ta numa pro-actividade reduzida das empresas 
no desenvolvimento de iniciativas que visem 
promover a protecção ambiental. 
As carências básicas da população ao nível so-
cial, tornam secundários os investimentos a ní-
vel ambiental, pelo que o actual desafio, no âm-
bito da responsabilidade ambiental, prende-se 
essencialmente com o compromisso do cumpri-
mento legal e regulamentar, como é exemplo o 
desenvolvimento de estudos de impacte am-
biental para as indústrias mais poluidoras.
12 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Desafios…e caminho futuro
Os principais desafios apontados pelas empre-
sas estão relacionados com a falta de linhas de 
orientação estratégica, conhecimento e know-
how para definição de projectos de RSE, bem 
como a identificação de parceiros de confiança 
para a realização das iniciativas, e de ferramen-
tas para medir o impacto nas comunidades e 
o retorno dos investimentos sociais. O reforço 
da comunicação surge como um caminho para 
promover a partilha de boas práticas, experiên-
cias, competências assim como o de possibilitar 
a identificação de sinergias entre parceiros e de 
actuar como mecanismo de promoção à actu-
ação de todas as empresas e o alargamento do 
espectro dos parceiros para realização dos pro-
jectos. 
Relativamente às áreas de actuação, apesar do 
alinhamento existente com as áreas mais ne-
cessitadas da sociedade Angolana, deverá ser 
reforçado o enfoque estratégico das iniciativas 
para que estas estejam cada vez mais próximas 
do negócio, garantindo a sua sustentabilidade 
e a existência de competências internas para 
implementação e acompanhamento dos pro-
jectos. 
Por outro lado, a posição do Executivo nestas 
matérias exige maior liderança e cooperação 
com as diferentes entidades envolvidas, de for-
ma a gerar um clima de confiança e de capacita-
ção mútua que se traduza na definição de uma 
agenda clara e transparente com os princípios 
base da RSE. 
•	 Número e relevância das áreas de actuação 
e;
•	 Alinhamento com princípios internacionais 
de referência. 
Por outro lado foram também analisadas as prá-
ticas de comunicação externa, nomeadamente 
a existência de informação relacionada com os 
temas de responsabilidade social empresarial, 
avaliado pela percentagem de empresas do 
sector que comunicam as suas práticas de res-
ponsabilidade social empresarial publicamente.
Figura 5 – Posicionamento dos sectores analisados (fonte: Análise KPMG)
Sectores Líderes 
Os sectores líderes apresentam capacidade de 
capitalizar as suas práticas de RSE, através de 
uma comunicação activa e transparente. Apre-
sentam um forte alinhamento com os temas 
relevantes no contexto da sociedade Angolana 
e com os princípios do Global Compact das Na-
ções Unidas. O modelo de governo dos temas de 
RSE está normalmente centralizado em termos 
organizacionais, nos departamentos de Comu-
nicação, Marketing e Responsabilidade Social. 
Estas direcções, já demonstram conhecimento 
e competências específicas para a definição de 
estratégias de RSE e, no que diz respeito à im-
plementação, partilham esforços e suportam-se 
noutros parceiros com reconhecido know-how 
1.4 Análise Sectorial
A partir da informação recolhida, foram analisa-
dos os sectores em termos da sua maturidade 
de práticas de RSE, analisando temas como: 
•	 Existência de uma estratégia de responsabi-
lidade social empresarial estruturada; 
•	 Existência de competências internas especí-
ficas para gerir estes temas; 
13Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
nestas matérias, como as agências mundiais de 
desenvolvimento e ONGs. Em termos de comu-
nicação, publicam relatórios específicos sobre 
as práticas de RSE para os diferentes stakehol-
ders e são transparentes na comunicação ao ní-
vel do seu website. 
Sectores Actuação Conservadora 
Apresentam um grau de maturidade conside-
rável nas práticas que desenvolvem e definem 
áreas de actuação alinhadas com as expectati-
vas dos stakeholders e com os temas materiais, 
assumindo uma postura conservadora no que 
toca à comunicação. Têm uma estratégia deline-
ada com objectivos de RSE definida em função 
do contexto local. Focam-se essencialmente na 
construção de programas robustos, com objec-
tivos específicos de criação de impacto social.
Sectores Oportunistas
As organizações que caem neste quadrante, são 
aquelas que correm maiores riscos de verem as 
suas estratégias e compromissos em RSE asso-ciadas maioritariamente a práticas de comuni-
cação focadas na publicidade, notoriedade da 
marca e investimento em publicidade. Estas 
práticas de comunicação são comummente de-
signadas como “Green Washing” ou “Social Wa-
shing”, e provocam desconfiança na percepção 
das diferentes partes interessadas envolvidas 
nos projectos de RSE assim como da socieda-
de em geral. Os temas endereçados poderão 
não ser significativos para a sociedade e não 
demonstram total alinhamento com os princí-
pios do Global Compact. As empresas com perfil 
oportunista, focam-se na comunicação de resul-
tados, aproveitando a oportunidade de chegar 
eficazmente aos seus stakeholders e posiciona-
rem-se como empresas socialmente responsá-
veis através da comunicação agressiva e persis-
tente. Os riscos são acrescidos com o escrutínio 
cada vez maior dos investidores, clientes e em-
presas concorrentes. 
Sectores Seguidores
As empresas que representam este grupo de 
sectores, não apresentam um reporte e práticas 
de comunicação sistemáticas sobre as activida-
des que desenvolvem no âmbito da RSE. A im-
plementação das suas estratégias está suporta-
da maioritariamente em estruturas autónomas, 
como fundações e associações não governa-
mentais para desenvolver projectos de respon-
sabilidade social. Existe um alinhamento parcial 
com os princípios do Global Compact e não são 
endereçados os temas materiais. Tipicamente, 
as empresas que representam estes sectores 
têm uma atitude reactiva ao desenvolvimento 
de projectos de RSE, desenvolvendo projectos 
menos integrados nas suas estratégias e objec-
tivos de negócio. 
 
Os perfis de actuação em RSE dos sectores empresa-
riais em Angola
Sector Petróleo e Gás – Factos Chave
•	 100% das empresas analisadas declara co-
nhecer e assegurar o cumprimento dos prin-
cípios do Global Compact
•	 100% das empresas analisadas tem um de-
partamento de Sustentabilidade ou de Res-
ponsabilidade Social Empresarial para lide-
rar estes temas
•	 É o sector que mais investe em actividades 
de responsabilidade social empresarial, em 
parte também devido ao enquadramento 
legal e contratual 
•	 As áreas de maior investimento são a Edu-
cação e a Saúde (em média 40% e 22%, do 
orçamento do RSE, respectivamente)
•	 As iniciativas de RSE mais transversais às 
empresas deste sector são o combate ao 
HIV/SIDA e programas de formação para co-
laboradores
Verificamos que o sector do Petróleo e Gás é o 
sector onde estes temas apresentam maior ma-
14 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
turidade e onde o posicionamento é mais uni-
forme no universo de empresas. Tipicamente, 
nas empresas deste sector, existe um departa-
mento de responsabilidade social ou de susten-
tabilidade que, em conjunto com outras áreas 
e com o Conselho de Administração define e 
implementa a estratégia de responsabilidade 
social empresarial. Estão globalmente alinhadas 
com os 10 princípios do Global Compact. As áre-
as de actuação são abrangentes tanto em ter-
mos dos temas relevantes como em termos ge-
ográficos. Do ponto de vista de comunicação já 
existem práticas de comunicação e reporte, em-
bora ainda não transversais a todas as empresas 
deste sector, pelo que existe ainda potencial a 
capitalizar. 
Sector Petróleo e Gás – Factos Chave
•	 100% das empresas analisadas declara conhecer e assegurar o cumprimento dos princí-
pios do Global Compact
•	 100% das empresas analisadas tem um departamento de Sustentabilidade ou de Res-
ponsabilidade Social Empresarial para liderar estes temas
•	 É o sector que mais investe em actividades de responsabilidade social empresarial, em 
parte também devido ao enquadramento legal e contratual 
•	 As áreas de maior investimento são a Educação e a Saúde (em média 40% e 22%, do or-
çamento do RSE, respectivamente)
•	 As iniciativas de RSE mais transversais às empresas deste sector são o combate ao HIV/
SIDA e programas de formação para colaboradores 
Sector Construção – Factos Chave
•	 75% das empresas analisadas declara conhecer totalmente e estar alinhado com os princí-
pios do Global Compact
•	 50% das empresas analisadas sector tem um departamento de Sustentabilidade ou de Res-
ponsabilidade Social Empresarial para liderar estes temas
•	 As áreas em que o investimento é maior são a Educação (em média 54% e 26% do Orça-
mento em RSE, respectivamente). 
•	 O tipo de iniciativas de RSE mais transversais às empresas deste sector são programas de 
saúde para os colaboradores, programas de para formação, promoção do emprego jovem 
(desenvolvidas por 100% das empresas inquiridas), e também a dinamização da economia 
local
O sector da Construção encontra-se num está-
gio um pouco menos maduro que o do Petró-
leo e Gás. Apesar de possuírem uma actuação 
abrangente em termos de áreas de actuação e 
de demonstrarem práticas de comunicação e 
alinhamento com os princípios do Global Com-
pact, verifica-se uma elevada divergência entre 
empresas deste sector, reflectindo-se numa ava-
liação geral pouco consistente. Por outro lado, a 
maior parte das empresas analisadas ainda não 
tem uma abordagem estratégica relativamente 
às iniciativas de responsabilidade social, facto 
que é reflectido na percentagem de empresas 
deste sector que declara ainda não ter uma es-
tratégia de RSE. Por outro lado, estes temas es-
tão ainda associados às áreas de comunicação 
e marketing, e consequentemente menos in-
tegrados nas práticas de gestão e negócio das 
empresas. 
15Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
No sector da Banca, que está alinhado em ter-
mos de maturidade com o sector da construção, 
os temas de responsabilidade social empresarial 
são tipicamente da responsabilidade das Direc-
ções de Comunicação, Marketing ou ainda asso-
ciados a Fundações que implementam a estra-
tégia delineada. Existe um alinhamento parcial 
com os princípios do Global Compact e quase 
total com as áreas de actuação definidas como 
materiais. Em termos de comunicação, o sector, 
na sua grande maioria demonstra pouca proac-
tividade, demonstrado pela baixa percentagem 
de empresas deste sector que comunicam as 
suas práticas. 
Sector Banca – Factos Chave
•	 33% das empresas do sector declara conhecer totalmente e assegurar o cumprimento dos 
princípios do Global Compact, sendo que as restantes declaram conhecer parcialmente
•	 33% das empresas deste sector tem um departamento de Sustentabilidade ou de Respon-
sabilidade Social Empresarial para liderar estes temas
•	 As iniciativas de RSE mais transversais às empresas deste sector são iniciativas destinadas 
aos colaboradores, nomeadamente no âmbito da formação e saúde. Para a comunidade, 
revelam fazer um forte investimento na cultura. Todas as empresas analisadas referem ain-
da promover a transparência e a ética na condução do negócio. 
Sector Transportes – Factos Chave 
•	 As empresas consultadas referem conhecer parcialmente os princípios do Global Compact; 
•	 As empresas consultadas não têm uma área ou departamento específico de responsabili-
dade social empresarial ou de sustentabilidade; 
•	 As iniciativas desenvolvidas por todas as empresas da amostra prendem-se com escolarida-
de, alfabetização e promoção da saúde materna. 
•	 As áreas de maior investimento são a Educação, Saúde, Cultura, Ambiente e Desenvolvi-
mento económico (representam cerca de 14% do orçamento destinado a RSE das empresas 
do sector) 
O sector dos Transportes apresenta menos ma-
turidade na definição de uma estratégia de RSE, 
não existindo ainda em muitos casos a atribui-
ção formal destas competências na estrutura 
organizacional. As iniciativas desenvolvidas ain-
da não cobrem a totalidade dos temas materiais 
nem reflectem totalmente as expectativas dos 
stakeholders. A comunicação que é feita das ini-
ciativas é também ainda muito incipiente.
De notar ainda que relativamente aos outros 
sectores, cuja análise não foi realizada de forma 
desagregada por ausência de representativida-
de (eque é composto por empresas do sector 
das Telecomunicações, Bebidas, Seguros, Minei-
ro, Infra-estruturas e Agro-Indústria), verifica-se 
que relativamente às empresas analisadas, em 
termos médios, já existe um nível de maturidade 
significativo assim como práticas de responsabi-
lidade social empresarial bastante abrangentes. 
Nestes sectores existe uma grande disparidade 
entre as empresas e sectores que representam, 
no que diz respeito à maturidade dos temas de 
RSE. De forma geral, a comunicação nestas or-
ganizações é também ainda incipiente.
16 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
2 Enquadramento 
2.1 O que é a 
esponsabilidade Social Empresarial
Apesar do conceito estar a ser trabalhado des-
de os anos 70, não existe uma definição única 
que seja universalmente aceite. No entanto é 
consensual que resulta de um equilíbrio e pre-
ocupação equitativa entre as três dimensões 
fundamentais para o desenvolvimento econó-
mico, promoção social e preservação ambiental. 
Neste sentido, o conceito assenta nos seguintes 
pressupostos: 
•	 Gestão responsável para com os colabo-
radores - deve ser assegurado o adequado 
governo corporativo, com princípios éticos 
e de transparência, as condições e direitos 
laborais dos colaboradores e a sua formação 
e oportunidades de desenvolvimento;
•	 Envolvimento com os stakeholders internos 
e externos – manter um diálogo próximo 
e cooperante com os principais grupos de 
stakeholders, auscultando as suas principais 
expectativas;
•	 Desenvolvimento económico a nível local 
e nacional – promover o desenvolvimento 
económico através da contratação de mão-
de-obra local, selecção de fornecedores lo-
cais e geração de negócios de suporte;
•	 Compromisso para com a sociedade onde 
se insere – desenvolver prioritariamente 
projectos com elevado retorno e impacto 
social.
•	 Respeito na utilização dos recursos natu-
rais e na minimização dos impactos – criar 
a consciência do impacto que os negócios 
causam na utilização dos recursos naturais, 
seja pela sua degradação ou uso insusten-
tável. 
A perspectiva integrada destes aspectos torna 
necessariamente a gestão de empresas mais 
responsável, com uma visão holística dos princi-
pais riscos e oportunidades ao nível social, eco-
nómico e ambiental. 
O World Business Council for the Sustainable 
Development (WBCSD) (Conselho Empresarial 
Mundial para o Desenvolvimento Sustentá-
vel) define responsabilidade social empresa-
rial como: ”o compromisso das empresas para 
contribuir para o desenvolvimento económico 
sustentável, enquanto, aumentam a qualidade 
de vida dos seus colaboradores e suas famílias, 
bem como da comunidade e sociedade em ge-
ral”. 
A Comissão Europeia define Responsabilidade 
Social Empresarial como “a responsabilidade 
das empresas pelos seus impactos na sociedade, 
e pelo desenvolvimento de um processo para 
integrar as considerações sociais, éticas, direitos 
humanos e preocupações dos consumidores na 
estratégia de negócio e nas operações”.
Na perspectiva das Nações Unidas o conceito de 
RSE pode ser interpretado à luz dos princípios 
do Global Compact. (ver caixa)
Entendido como um mecanismo para o pro-
gresso social, a RSE ajuda as empresas a alcança-
rem as suas responsabilidades como cidadãos 
globais e a adaptarem-se a um mundo em mu-
dança, não devendo ser confundido com o de-
ver ético moral, caridade ou simples filantropia. 
O que são os Princípios do Global 
Compact? 
Os princípios do Global Compact, defini-
dos pelas nações unidas, desafiam as em-
presas a aceitarem, apoiarem e aplicarem, 
dentro da sua esfera de influência, um 
conjunto de valores fundamentais nas 
áreas de direitos humanos, padrões de 
trabalho, meio ambiente e combate à 
corrupção.
17Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Na perspectiva das Nações Unidas o conceito de 
RSE pode ser interpretado à luz dos princípios 
do Global Compact. (ver caixa)
Entendido como um mecanismo para o pro-
gresso social, a RSE ajuda as empresas a alcança-
rem as suas responsabilidades como cidadãos 
globais e a adaptarem-se a um mundo em mu-
dança, não devendo ser confundido com o de-
ver ético moral, caridade ou simples filantropia. 
O desafio da Responsabilidade Social Empre-
sarial 
A RSE está na ordem do dia a nível nacional e 
internacional, e os desafios sociais, económicos 
e ambientais que afectam os países em desen-
volvimento têm impacto directo na capacidade 
competitiva das empresas em se posicionarem 
num mercado global e sem fronteiras. Neste ca-
pítulo, Angola e as empresas Angolanas, têm a 
oportunidade de reforçarem a sua imagem ao 
nível das questões dos direitos humanos, prá-
ticas laborais e preservação ambiental. Simul-
taneamente, as empresas Angolanas assumem 
cada vez mais uma posição activa enquanto in-
vestidores nos mercados internacionais, contan-
do já com participações relevantes em grupos 
empresariais fora de Angola. Este facto reforça a 
necessidade de Angola assumir o seu papel na 
responsabilidade social empresarial.
Em Angola, as pressões para o desenvolvimen-
to sustentado e sustentável colocam desafios 
para os quais as empresas necessitam cons-
truir uma resposta, estruturada e consistente. 
A diversificação da economia, as necessidades 
de formação e especialização dos recursos hu-
manos, o desenvolvimento e a construção de 
infra-estruturas, a evolução da legislação, a cres-
cente pressão dos clientes, o acesso a recursos e 
matérias-primas ou a inclusão dos cidadãos na 
economia formal, são apenas alguns dos desa-
fios, aos quais as empresas mais competitivas, 
conseguem hoje, dar uma resposta coerente e 
sofisticada.
Alguns dos desafios que as empresas enfrentam na definição e implementação de uma 
estratégia de responsabilidade social, relacionam-se com os seguintes aspectos:
•	 Identificação dos parceiros adequados;
•	 Obtenção de linhas de orientação prioritárias;
•	 Monitorização dos projectos;
•	 Avaliação da viabilidade do projecto;
•	 Sustentabilidade de longo prazo;
•	 Aprovação dos órgãos governativos;
•	 Inexistência de infra-estruturas de suporte.
A proposta de valor da Responsabilidade So-
cial Empresarial
A origem da responsabilidade social empresarial 
nasce do sentimento de “obrigação moral” por 
parte das empresas, de devolver ou distribuir à 
comunidade parte dos resultados do negócio, 
como contrapartida da utilização dos recursos 
humanos, naturais, materiais e financeiros das 
regiões onde se inserem. Os desafios sociais que 
se vivem em Angola ao nível da pobreza, saúde, 
educação, infra-estruturas, igualdade do géne-
ro, jovens, desenvolvimento económico, entre 
outros, fazem com que as organizações tenham 
cada vez mais consciência dessa responsabilida-
de, alocando parte dos seus orçamentos anuais 
a estas questões. Nesta perspectiva, é de rele-
var o compromisso das empresas em contribuir 
18 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
para estas causas e, em muitos casos, já existe 
consciência que a RSE deve constituir não só um 
investimento social com retornos para o desen-
volvimento da sociedade, mas também para as 
empresas a médio-longo prazo. 
Em que se materializa uma estratégia 
de Responsabilidade Social Empresa-
rial? 
A agenda de RSE inicia-se com o compro-
misso de incorporação dos aspectos am-
bientais, sociais, económicos e éticos na 
estratégia de negócio. Estende-se à forma 
como estes aspectos podem influenciar o 
negócio e os stakeholders relevantes
•	 Ganhos reputacionais e fortalecimento das 
relações com os stakeholders – Os ganhos 
reputacionais e de notoriedade da marca 
junto aos stakeholders chave, como as co-
munidades locais, autoridades e clientes, e 
atribuir valores de responsabilidade social 
à marca. Por outro lado estas acções per-
mitem também estreitar os laços com estas 
partes interessadas;
•	 Inovação e desenvolvimento – A oportuni-
dade de apostar em inovação, ao nível dos 
produtos e serviços prestados comcarac-
terísticas de responsabilidade social (como 
por exemplo produtos financeiros de micro-
crédito ou microseguro) e o desenvolvimen-
to e procura de modelos de negócio que 
garantam a criação de valor nos diversos 
pilares; 
•	 Gestão de risco – A integração dos aspectos 
de responsabilidade ambiental e social na 
estratégia de gestão de risco é também uma 
oportunidade para considerar aspectos me-
nos tradicionais na gestão de risco, como os 
riscos das alterações climáticas ou da dispo-
nibilidade de recursos naturais;
•	 Atracção e retenção dos colaboradores – 
Num mercado onde a competitividade pe-
los recursos humanos é elevada, observa-se 
cada vez mais um interesse por empresas 
que partilham valores e uma cultura empre-
sarial de responsabilidade social.
•	 Potenciar o crescimento do mercado – No 
contexto económico e social de Angola, a 
responsabilidade social empresarial é tam-
bém vista como um meio para potenciar o 
desenvolvimento económico, nomeada-
mente nas regiões onde as organizações 
estão presentes por exemplo através da 
criação de emprego ou da contratação de 
fornecedores locais. 
2.2 O contexto Internacional 
A nível internacional, as pressões em direcção 
ao desenvolvimento sustentável também se 
fazem sentir cada vez mais pelas organizações, 
governos e agências internacionais de promo-
ção de desenvolvimento. Angola tem vindo 
a dar um conjunto de passos importantes, ao 
assumir perante estes agentes, o compromisso 
de promover o desenvolvimento social estabe-
lecendo metas e objectivos concretos a médio 
prazo. 
Angola assinou, em Setembro do ano 2000, 
conjuntamente com outros 190 Estados de 
todo o mundo a declaração do Milénio das Na-
ções Unidas, tendo adoptado os Objectivos de 
Desenvolvimento do Milénio. O documento 
resultante da avaliação do progresso dos esta-
dos membros, publicado em Setembro de 2005, 
reafirmou o compromisso conjunto das Nações 
Unidas e dos seus estados membros em atingir 
os objectivos até 2015. Ao nível das condições 
do trabalho, é de destacar o facto de Angola ter 
ratificado as oito convenções fundamentais da 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), 
enquanto compromisso assumido pelo Execu-
tivo para a melhoria das questões dos Direitos 
Humanos, Trabalho Forçado, Trabalho Infantil e 
Condições Laborais.
19Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Objectivos de Desenvolvimento do 
Milénio
1. Erradicar a Pobreza Extrema e a Fome
2. Atingir o Ensino Universal
3. Promover a Igualdade entre os géne-
ros e Autonomia das Mulheres
4. Reduzir a Mortalidade Infantil 
5. Melhorar a Saúde Materna
6. Combater o HIV/SIDA, Malária e outras 
Doenças
7. Garantir a Sustentabilidade Ambiental 
8. Estabelecer uma Parceria Mundial para 
o Desenvolvimento
À semelhança de outras agências (fundos e pro-
gramas) das Nações Unidas, o Programa das Na-
ções Unidades para o Desenvolvimento (PNUD) 
deriva o seu Plano de Acção (CPAP) do UNDAF, 
documento quadro de cooperação no qual as 
Nações Unidas espelham a sua contribuição 
para com o Governo e o Povo de Angola, atra-
vés do seu contributo específico para a imple-
mentação das prioridades nacionais (PND). O 
programa do UNDAF (2009-2013) foi construído 
em torno de seis prioridades do plano nacional 
a médio prazo: 
•	 Promover a união e coesão social, consolida-
ção da democracia e das instituições nacio-
nais; 
•	 Garantir um desenvolvimento económico 
saudável, com estabilidade ao nível macro-
económico e a transformação e diversifica-
ção das estruturas económicas; 
•	 Promover o bem-estar social e desenvolvi-
mento humano; 
•	 Estimular o desenvolvimento do sector pri-
vado e o empreendedorismo nacional; 
•	 Promover o desenvolvimento equitativo do 
território nacional; 
•	 Promover a competitividade para inserir An-
gola no contexto dos mercados internacio-
nais. 
As Nações Unidas procuram, igualmente, in-
fluenciar os agentes privados, nomeadamente 
as empresas, a actuarem mais proactivamente 
nestes temas. Uma das principais ferramentas 
para o fazer, são os Princípios do Global Com-
pact, um conjunto de 10 princípios que definem 
linhas orientadoras de acção e zonas “proibidas” 
para empresas que visam estar alinhadas com a 
contribuição para o desenvolvimento económi-
co, social e ambiental onde operam. 
Na esfera das questões ambientais, Angola 
tem demonstrado vontade em seguir a agen-
da global para o desenvolvimento sustentável, 
através da adesão a compromissos internacio-
nais de sustentabilidade ambiental, entre eles 
a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre 
as Alterações Climáticas; a Convenção de Viena 
sobre a Protecção da Camada do Ozono; a Con-
venção das Nações Unidas de Combate à Seca e 
Desertificação; a Convenção sobre a Biodiversi-
dade (UNCBD), entre outras.
No âmbito da agenda internacional para as Alte-
rações Climáticas, permanece o desafio do pro-
tocolo de Quioto, no entanto, num futuro próxi-
mo a revisão do mesmo, ou pós-Quioto, poderá 
implicar a obrigatoriedade de cumprimento de 
metas de redução de emissões de CO2 para os 
países em desenvolvimento. Por outro lado, o 
resultado da discussão relativamente aos mo-
delos de financiamento ao desenvolvimento de 
uma matriz energética mais limpa em países em 
vias desenvolvimento, poderá também ter um 
impacto significativo na economia Angolana, 
contribuindo para a resolução do deficit ener-
gético ao nível da produção e da elevada de-
pendência de combustíveis fósseis.
Estes compromissos têm vindo a ser materiali-
zados a nível interno através da criação de me-
canismos legais que visam promover o desen-
volvimento de políticas e a regulamentação de 
actividades com elevado impacte ambiental. A 
efectividade da aplicação da legislação é apon-
tada como um dos principais desafios sentidos 
actualmente.
20 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
2.3 O contexto Angolano 
2.3.1 Estratégia Nacional para o desenvolvimen-
to
 
A estratégia do Executivo Angolano está espe-
lhada no Plano Nacional de Desenvolvimento 
de Médio Prazo (2013-2017), que tem o enqua-
dramento estratégico de longo prazo estabele-
cido pela Estratégia Nacional “Angola 2025”, que 
fixa as grandes orientações para o Desenvolvi-
mento de Angola. O Plano Nacional de Desen-
volvimento (PND) para 2013-2017, que inicia 
um novo ciclo da história, é o primeiro plano 
de médio prazo elaborado no quadro da nova 
Constituição do País e após a aprovação da Lei 
de Bases Gerais do Sistema Nacional de Plane-
amento. Vem complementar o esforço que foi 
realizado para reconstruir o País, para uma fase 
de Modernização e de Sustentabilidade do De-
senvolvimento, centrada na estabilidade e cres-
cimento e na valorização do Homem Angolano. 
Esta valorização assenta, em primeiro lugar, na 
alfabetização e escolarização de todo o Povo 
Angolano, que são a base para a formação e 
qualificação técnico-profissional e formação 
superior dos seus Quadros, essenciais ao Desen-
volvimento Sustentável e Equitativo de Angola.
Objectivos Nacionais a médio prazo constantes 
do PND: 
1. Preservação da unidade e coesão nacional;
2. Garantia dos pressupostos básicos necessá-
rios ao desenvolvimento;
3. Melhoria da qualidade de vida;
4. Inserção da juventude na vida activa;
5. Desenvolvimento do sector privado;
6. Inserção competitiva de Angola no contexto 
internacional.
É de salientar que, em 2012, a despesa social or-
çamentada cresceu 1,6%, representando 33,3% 
do montante global de investimento, o dobro 
do que será gasto em segurança, defesa e or-
dem pública. Os orçamentos da educação e da 
saúde aumentaram cerca de 10%. Após 30 anos 
de menor atenção durante a guerra civil, a edu-
cação tem visto o investimento público aumen-
tar. O Governo também ampliou o ensino técni-
co e profissional com vista a resolver a massiva 
escassez de competências. 
 
2.3.2 Desenvolvimento Económico 
O início do período de paz permitiu consolidar a 
unidade Nacional, perspectivando oportunida-
des de crescimentofuturo, fortemente alicerça-
do pela reconstrução do país, pela exploração 
das riquezas naturais e pelo aumento das ex-
portações.
Angola registou nos últimos anos um cresci-
mento médio de cerca de 12% (fonte: Plano 
Nacional de Desenvolvimento), sendo que as 
previsões apontam para que este crescimento 
se mantenha. No entanto, a base da economia 
Angolana mantém-se maioritariamente assen-
te nos sectores petrolíferos, diamantífero e de 
gás (sectores de capital intensivo), permitindo 
gerar riqueza disponível para financiar outros 
sectores da economia mais intensivos em mão-
de-obra, contribuindo assim para melhorar os 
níveis de emprego.
Fonte – Análise KPMG (Dados do Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 
– 2017)
21Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Tabela 2 – Taxas de crescimento do PIB por sector (fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017)
Diversificação Económica
Nos últimos 5 anos, a economia de Angola cres-
ceu a uma taxa média de 9,2% ao ano. Quando 
consideramos apenas a economia não petrolífe-
ra, observamos que, a taxa média de crescimen-
to foi de 12,0% neste período, tendo duplicado 
nos últimos 5 anos. 
O período entre 2009-2010, caracterizou-se por 
um decréscimo da produção petrolífera fruto 
da diminuição da procura, acompanhado pela 
redução do ritmo de crescimento de outros sec-
tores importantes na estrutura do PIB, como o 
da agricultura e o dos serviços mercantis. Esta 
redução do ritmo de crescimento da economia 
trouxe grandes desafios à política económica 
(diversificação da economia, reformas estru-
turais, gestão da dívida pública, controlo dos 
preços, gestão cambial, melhoria dos índices 
de competitividade externa, etc.), visto que não 
se podia desperdiçar os significativos ganhos 
económicos e sociais conseguidos nos anos 
precedentes. O sucesso de um amplo progra-
ma do Governo implementado entre 2009 e 
2012 que visou aliviar as pressões de liquidez, 
restabelecer a confiança do mercado, restaurar 
a excelente posição macroeconómica anterior 
à crise financeira mundial e realizar reformas 
estruturais importantes, apoiado pelo Fundo 
Monetário Internacional com base num acordo 
Stand-By (através do qual o Governo de Ango-
la beneficiou de um financiamento de USD 1,4 
mil milhões), e, em particular, a finalização de 
importantes investimentos, deu lugar ao ter-
ceiro momento (2011-2012), caracterizado pela 
estabilização do ritmo de crescimento do sector 
não-petrolífero em torno de 9,5%, o que consti-
tuiu evidência de que a economia não-petrolífe-
ra está a ganhar níveis de sustentabilidade que 
lhe permitem apresentar um desempenho cada 
vez menos dependente do sector petrolífero.
As actividades económicas que estão concen-
tradas essencialmente em Luanda ( que conta 
actualmente com um terço da população), di-
zem respeito a empresas do sector de serviços, 
construção, e transformação, que representa-
ram cerca de 40% do PIB em 2012. O diagnós-
tico sócio-económico do IBEP de 2008/9, indica 
que 36,6% da população vive abaixo da linha de 
pobreza de 2 USD/dia. Este número sobe para 
58,3% na população rural, em comparação com 
18,7% em áreas urbanas. Outras disparidades 
entre as populações urbanas e rurais incluem: 
22 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
1. Acesso à energia eléctrica (66,3% contra 
8,6%); 
2. Acesso regular ao abastecimento de água 
(59,7% contra 22,8%); e,
3. Saneamento básico (84,6% contra 31,1%). 
O Governo colocou em prática políticas públi-
cas para contrariar o êxodo rural e estimular o 
emprego, mobilidade e reequilíbrio geográfico 
da população - inaugurando centros de forma-
ção profissional, muitos em áreas rurais, em li-
gação com o sector privado para programas de 
formação e estágio, que visa capacitar a classe 
jovem e estudantes universitários a obterem 
experiência no mercado de trabalho. Por outro 
lado, um dos objectivos das políticas nacionais 
do PND 2013-2017 é promover o surgimento 
de novas empresas de base nacional e apoiar as 
empresas de capitais maioritariamente Angola-
nos a ultrapassar o desnível competitivo que as 
separa das concorrentes de referências interna-
cionais.
Potencialidade e Debilidades por Sectores
Agricultura 
+ Potencialidades
•	 Cluster agro-alimentar considerado prioritá-
rio, solos de elevada aptidão agrária e eleva-
da biodiversidade;
•	 Abundantes recursos hídricos;
•	 Elevada proporção da população cuja acti-
vidade está directamente relacionada com a 
produção agrícola.
- Debilidades 
•	 Produção agrícola de subsistência praticada 
por camponeses com baixo nível de forma-
ção ou literacia;
•	 Existência de minas em determinadas re-
giões que desaceleram o desenvolvimento 
agrícola;
•	 Baixa produtividade agrícola e falta de expe-
riência no sector empresarial.
Petróleo
+ Potencialidades
•	 Grandes reservas de recursos petrolíferos 
por explorar e descoberta de novos campos 
de produção, incluindo no pré-sal;
•	 Elevado potencial para a produção de for-
mas alternativas de energias renováveis 
bem como de LNG;
•	 Aumento da capacidade de refinação com a 
construção e operação da Refinaria do Lobi-
to.
- Debilidades
•	 Ausência de integração do Plano Director da 
Rede de Distribuição do Sector Petrolífero 
(PDR);
•	 Escassez de recursos financeiros para o de-
senvolvimento da estratégia dos Biocom-
bustíveis; 
•	 Ocorrências de avarias mecânicas e outras 
em algumas unidades de processamento 
bem como de paragens de emergência de 
algumas plataformas, deposição de con-
23Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
sectores pertinentes; 
•	 Problemas recorrentes nos desalfandega-
mentos de equipamentos por falta de defi-
nição dos respectivos processos;
•	 Necessidade de concluir a Reforma Tributá-
ria e de celebrar acordos para evitar a dupla 
tributação com os principais países fonte de 
investimento directo estrangeiro (IDE).
Comércio
+ Potencialidades
•	 Lançamento do Programa Nacional de Pla-
taforma Logísticas;
•	 Organização do Comércio Rural;
•	 Programa “Train for Trade” para desenvolver 
a capacidade de negócios. 
- Debilidades
•	 Escassez de quadros com formação acadé-
mica qualificada, capacidade financeira, co-
densados e hidratos em linhas de gás de 
elevação.
Geologia e Minas
+ Potencialidades
•	 Grande potencial diamantífero já descober-
tos e ainda por descobrir; 
•	 Possibilidade de escoamento de minério pe-
las vias marítimas e ferroviárias.
- Debilidades
•	 Insuficiente cobertura e conhecimento do 
parque geológico do País;
•	 Escassez de infra-estruturas geológicas e de 
transporte (ramais ferroviários);
•	 Insuficiência de meios técnicos, materiais e 
humanos para o cumprimento integral das 
tarefas relacionadas com a fiscalização mi-
neira e ambiental.
Indústria Transformadora
- Potencialidade
•	 Orientações do Executivo para o desenvol-
vimento sustentado da indústria transfor-
madora no período de 2013-2017 focado na 
inovação das competências e na coopera-
ção intersectorial;
•	 Condições adequadas para implementação 
de pólos de desenvolvimento industriais; 
•	 Reabilitação de infra-estruturas, com desta-
que para estradas, caminhos-de-ferro, pon-
tes e de fontes de fornecimento de energia 
eléctrica e água;
•	 Lançamento de novos programas de finan-
ciamento às MPME.
 
- Debilidades
•	 Insuficiência de escolas, centros de forma-
ção, centros de competências e de inovação, 
incubadoras de empresas e outros instru-
mentos de apoio ao desenvolvimento das 
empresas industriais nacionais;
•	 Falta de um Plano e de Programas estratégi-
cos para a industrialização de Angola, a mé-
dio e longo prazo, em sintonia com outros 
24 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
mercial, profissional, vocação e/ou cultural 
comercial na maioria dos comerciantes e de 
agentes económicos locais;
•	 Ausência de um Fundo de Garantia de Cré-
dito à Actividade Comercial;
•	 Inexistência de Quadro Jurídico-Legalde 
alienação de Imóveis do sector do comércio, 
ainda propriedade do Estado para reforço 
da capacidade de negociação patrimonial 
dos comerciantes Angolanos 
Saúde
+ Potencialidades
•	 Municipalização dos Serviços de Saúde, pro-
movendo intervenções integradas e em arti-
culação com as Políticas Públicas e financia-
mento para os cuidados primários de saúde 
prestado directamente aos Municípios;
•	 Existência em todas as Províncias de Mapas 
sanitários utilizadas como ferramenta para o 
desenvolvimento e gestão da rede sanitária.
 
- Debilidades
•	 Grande escassez e distribuição assimétrica 
de recursos humanos qualificados, a todos 
os níveis, insuficiente cobertura sanitária e 
dificuldade na manutenção das unidades de 
saúde existentes; 
•	 Elevadas taxas de mortalidade materna, in-
fantil e infanto-juvenil, assim como elevado 
nível de malnutrição em menores de 5 anos;
•	 Alta incidência de doenças crónicas não 
transmissíveis, infecciosas e parasitárias, 
com destaque para as grandes endemias, 
doenças respiratórias e diarreicas bem como 
a persistência de surtos de Cólera, Raiva e 
Sarampo.
Educação
+ Potencialidades
•	 Implementação da Iniciação Escolar e alar-
gamento da Escolaridade obrigatória;
•	 Forte aposta no desenvolvimento do ensino 
técnico profissional.
- Debilidades
•	 Elevada taxa de analfabetismo, em particu-
lar nas zonas rurais;
•	 Dificuldade em recrutar docentes nacionais 
para as disciplinas técnicas profissionais;
•	 Falta de condições mínimas nos espaços 
educativos para o desenvolvimento no pro-
cesso educativo.
Água
+ Potencialidades
•	 Existência de 47 bacias hidrográficas princi-
pais;
•	 Perspectiva de expansão do fornecimento 
de água potável a toda a população;
•	 Existência do Programa “Água para Todos”.
- Debilidades
•	 Inadequado mecanismo de fixação de pre-
ços;
•	 Dependência do mercado externo para 
a aquisição de matérias e equipamentos, 
25Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
acessórios e peças;
•	 Insuficiência de quadros técnicos e recursos 
locais, dificultando a gestão e a sustentabili-
dade dos sistemas instalados.
Construção 
+ Potencialidades 
•	 Melhoria substancial das infra-estruturas ro-
doviárias na maior parte do território nacio-
nal, permitindo o restabelecimento da circu-
lação entre todas as capitais provinciais;
•	 Cluster Habitação considerado prioritário e 
disponibilidade de reservas fundiárias; 
•	 Necessidade de completar a rede nacional 
de estradas, em particular das vias de liga-
ção municipal e comunal.
- Debilidades
•	 Escassez de mão-de-obra nacional qualifica-
da;
•	 Existência de minas em regiões destinadas a 
projectos de construção;
•	 Reduzida oferta nacional de materiais locais 
de construção, com forte repercussão nos 
custos das obras.
Telecomunicação e Tecnologia de Informa-
ção
+ Potencialidades
•	 Rápida expansão da procura de TIC’s (Tecno-
logia de Informação e Comunicação), a nível 
individual, empresarial ou institucional; 
•	 Implementação do Programa de Governo 
Electrónico;
•	 Operacionalização dos conceitos de “Cor-
reio de Proximidade” e de “Estações Multi-
funcionais”, que poderão funcionar como 
importantes ferramentas para a fixação das 
populações nas suas áreas de origem.
- Debilidades 
•	 Escassez de recursos humanos, em qualida-
de e quantidade nas especialidades do Sec-
tor;
•	 Escassez de infra-estruturas postais em todo 
o País assim como insuficiência de meios 
rolantes tecnológicos para o transporte de 
malas postais e distribuição de correspon-
dência;
•	 Ausência de integração cooperativa com 
outras entidades que executam programas 
de infra-estruturas semelhantes às do sector 
e dificuldades na aquisição dos direitos de 
passagem e de superfície.
Transportes
+ Potencialidades
•	 Sector considerado prioritário com impor-
tantes projectos estruturantes aos níveis de 
estrutura, sistema e logística;
•	 Relançamento do sector marítimo nacional, 
para o transporte marítimo internacional e 
nacional;
•	 Expansão de acordos políticos com a Comu-
nidade de Desenvolvimento da África Aus-
tral (SADC) e a Comunidade Económica dos 
26 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Estados da África Central (SADCE).
- Debilidades
• Conservação precária nas infra-estrutu-
ras;
• Ausência de infra-estruturas e equipa-
mentos de suporte aos transportes públicos co-
lectivos de passageiros;
• Situação deficitária das empresas do 
sector do transporte.
Emprego
Apesar de a economia estar ainda fortemen-
te alavancada no sector petrolífero, este é um 
sector essencialmente de capital intensivo, ver-
ticalizado e sem grandes ligações directas com 
a economia real, empregando menos de 1% da 
força de trabalho total. Tal facto não potencia a 
diversificação económica e a tão necessária cria-
ção de emprego. A taxa de desemprego está es-
timada em cerca de 26% em 2012 (Fonte: Africa 
Economic Outlook).
Como resultado do nível de lacunas de compe-
tências face aos requisitos do mercado de tra-
balho, a maioria da mão-de-obra qualificada em 
Angola é proveniente de outros países, apesar 
do sistema de quotas para salvaguardar o em-
prego de cidadãos nacionais. Angola ocupa um 
lugar baixo no Relatório Doing Business 2012, do 
Banco Mundial, o 178º lugar no item “empregar 
trabalhadores”, o mais baixo da África Subsaaria-
na. 
O crescimento económico e a mudança da 
composição do PIB nacional, tem ocorrido pelo 
crescimento e desenvolvimento de sectores 
mais empregadores como o da construção ci-
vil, agro-pecuário e serviços, afectando direc-
tamente na expansão do emprego no período 
de 2000 a 2008, de acordo com o Relatório de 
Progresso dos Objectivos de Desenvolvimen-
to do Milénio, de 2010. O crescimento paralelo 
das actividades do sector informal na economia 
Angolana agrega desde trabalhadores autóno-
mos, a micro-empresas informais do comércio, 
pequenos serviços e vestuário.
A proporção de desempregados regista contu-
do grandes assimetrias espaciais, sendo que os 
números demonstram que é mais acentuado no 
meio urbano. Este facto pode ser explicado pelo 
êxodo rural da população das províncias para a 
capital, à procura de melhores oportunidades 
de vida.
Por outro lado, também segundo o Inquérito In-
tegrado sobre Bem-Estar da População (IBEP), a 
proporção de trabalhadores por conta própria e 
de trabalhadores não remunerados foi de 66%, 
dos quais 87% pertencem ao meio rural. Além 
disso, como seria esperado, o trabalho por con-
ta própria e familiar é ainda mais acentuado nas 
mulheres e nos trabalhadores mais idosos. Nos 
dias actuais de paz, alguns cidadãos já come-
çam a regressar às suas províncias de origem, 
porém algumas províncias ainda não possuem 
as mesmas estruturas e oportunidades como 
as da capital. Algumas empresas estão a criar 
condições de emprego e desenvolvimento no 
sector de agricultura, porém, a falta de mão-de-
obra, a falta de meios de transporte de merca-
dorias e o longo processo de desminagem em 
certas regiões, são os principais desafios para o 
desenvolvimento no sector agrícola.
 
Combate à Pobreza e Fome
Apesar dos progressos substanciais verificados 
na melhoria das condições sociais desde 2002, 
o país ainda enfrenta enormes desafios na redu-
ção da pobreza e melhoria do desenvolvimento 
humano. 
Até 2015 o governo Angolano pretende di-
minuir para 34%, a percentagem da popu-
lação que vive abaixo da linha da pobreza, 
sendo que em 2001 essa percentagem foi 
de 68% e em 2009 de 36,6%. 
Fonte: IBEP (2008-2009)
27Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
A pobreza continua a ser um grande desafio 
para o Governo Angolano e sociedade em geral, 
mas dados recentes revelam um progresso sig-
nificativo neste campo, no entanto, as regiões 
rurais apresentam piores índices de pobreza do 
que as regiões urbanas.
Segundo os resultados do IBEP (2008-09), a 
proporção de pessoas com rendimento inferior 
a 2USD por dia, passou de 68% em 2001,para 
37% em 2009. A percentagem de pessoas que 
comem menos de 3 refeições por dia na região 
urbana, é quase o dobro do que na região rural, 
sendo que 51% da população Angolana se en-
contra nesta condição.
A fome e a má nutrição infantil continuam a ser 
problemas críticos para o desenvolvimento eco-
nómico e social de Angola que só são comba-
tidos eficazmente através de uma abordagem 
multissectorial e multidisciplinar, como é o caso 
do Programa Integrado de Combate à Pobreza e 
Desenvolvimento Rural que visa combater três 
problemas nacionais inter-relacionados: Pobre-
za, Subnutrição e Baixa Produtividade da agri-
cultura.
Temas como o acesso a alimentação e a servi-
ços públicos essenciais no meio rural irão pro-
mover a atracção da população que antes teria 
procurado melhores condições na capital ou 
em regiões urbanas, agora com condições de se 
manterem com as suas famílias na região rural e 
contribuírem para o seu desenvolvimento. 
Promover o empreendedorismo social e o crédi-
to rural, possibilitará à população localizada em 
regiões rurais, desenvolver um negócio susten-
tável para a sua família. O aumento da alfabeti-
zação através da melhoria do acesso ao ensino 
primário e secundário, serão a base para que a 
população tenha capacidade de resposta e se-
guimento aos projectos de desenvolvimento do 
país.
Figura 6 – Modelo do Programa Integrado de Combate à Pobreza e ao Desenvolvimento Rural (fonte: Ministério do Planeamento)
28 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Segurança Alimentar e Agricultura
O conflito em Angola, provocou a destruição 
física das infra-estruturas de apoio à produção 
agropecuária, bem como a desestruturação das 
famílias rurais e dos seus rendimentos, contri-
buíram para a redução drástica dos níveis de 
produção agrícola. As práticas incorrectas de 
cuidados alimentares, o fraco conhecimento do 
valor nutritivo de alguns alimentos e o deficien-
te acesso aos serviços de saúde são temas que 
afectam negativamente a saúde da população 
e, consequentemente, o desenvolvimento do 
sector alimentar nacional.
O Governo tem em vista o aproveitamento do 
enorme potencial hídrico através do Plano Na-
cional de Irrigação que visa a planificação e a 
gestão integrada desses recursos para a pro-
dução agro-alimentar e industrial, para além 
do objectivo de implementar programas para 
facilitar o acesso dos produtores rurais a crédi-
tos financeiros (contribuindo directamente para 
a melhoria das condições de vida das comu-
nidades), através da extensão dos serviços de 
educação, da saúde, da promoção da habitação 
condigna, água potável, electricidade e sanea-
mento básico.
Angola desenvolveu a sua Estratégia Nacional 
de Segurança Alimentar e Nutricional (ENSAN) 
que visa promover uma abordagem ampla e 
transversal da complexa questão de inseguran-
ça alimentar. O objectivo comum do Governo, 
sociedade civil e do sector privado, é de alcançar 
a erradicação da fome e a redução significativa 
da pobreza em Angola. A ENSAN está articulada 
com programas como Estratégia de Combate à 
Pobreza e o Programa Integrado de Combate à 
Pobreza e Desenvolvimento Rural.
 
Desenvolvimento Rural
O Programa de Extensão e Desenvolvi-
mento Rural (PEDR), que visa apoiar as 
explorações agrícolas familiares, per-
mitiu aumentar as áreas cultivadas e 
as áreas em produção. Dados recentes 
mostram uma evolução na área cultiva-
da de 3.054 mil hectares e de produção 
de 11.363 mil toneladas em 2005/2006, 
para 4.556 mil hectares de área cultivada 
e 20.394 mil toneladas de produção em 
2010/2011. (in: Programa de Governação 
2012-2017)
29Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Acesso a Água, Energia e Saneamento 
O acesso a água potável, a segurança do seu 
abastecimento e a energia eléctrica, são temas 
fulcrais em termos de desenvolvimento econó-
mico, pelo impacto que têm ao nível da quali-
dade de vida das comunidades e do funciona-
mento e competitividade das empresas. Angola 
registou um avanço significativo no abasteci-
mento de água potável às populações nos prin-
cipais centros urbanos, suburbanos e rurais. É 
de se destacar a implementação do programa 
“Água Para Todos” que apresenta uma cobertura 
de 47,5% da população rural. O Plano Nacional 
do Desenvolvimento pretende assegurar a ges-
tão integrada dos recursos hídricos com a cria-
ção de entidades de gestão das bacias prioritá-
rias com planos directores e a implementação 
de tarifas adequadas que permita a cobertura 
dos custos de operação para garantir a sus-
tentabilidade do serviço público. O objectivo 
é promover o desenvolvimento e a gestão dos 
recursos hídricos, do uso do solo e afins, com o 
objectivo de maximizar o bem-estar económico 
e social sem comprometer a sustentabilidade 
dos ecossistemas e do meio ambiente, através 
de uma Gestão Integrada de Recursos Hídricos 
(GIRH). 
A disponibilidade e a qualidade de água potável 
são dos factores que mais contribuem para os 
elevados índices de doenças que ocorrem em 
Angola, e que são, na sua maioria, doenças mor-
tais. A deficiência ou inexistência de infra-estru-
turas de água e saneamento traduz-se na neces-
sidade das populações acederem a este recurso 
de forma precária e sem condições mínimas de 
segurança e higiene. As empresas conscientes 
desta realidade precária, investem em projectos 
de cariz social, através da construção de redes 
de distribuição de água e saneamento comu-
nitário, essencialmente em zonas suburbanas e 
rurais, onde as condições são piores.
A segurança energética tem sido definida como 
o acesso a serviços de energia confiáveis e aces-
síveis para garantir as actividades das famílias e 
empresas, tais como aquecimento, iluminação, 
comunicações e usos produtivos (Nações Uni-
das), e como “a disponibilidade física ininterrup-
ta de energia a um preço que é acessível, respei-
tando as preocupações ambientais”.
Entre 2002 e 2011, a produção de energia eléc-
trica aumentou 3,2 vezes. Este aumento deveu-
se à construção e início de funcionamento do 
Aproveitamento Hidroeléctrico de Capanda. 
Contudo, a percentagem de população com 
acesso a energia eléctrica continua baixo (cerca 
de 30%) e ainda muito concentrada na Provín-
cia de Luanda. As prioridades traçadas no Pla-
no Nacional do Desenvolvimento no sector da 
energia são: aumentar a capacidade de produ-
ção, com o recurso à recuperação e construção 
de novas centrais hidroeléctricas e termoeléctri-
cas; desenvolver a Rede Nacional de Transporte, 
com a reabilitação e construção de linhas e su-
bestações, incluindo a interligação Norte – Cen-
tro – Sul e promover a reabilitação e a constru-
ção de redes de distribuição de energia eléctrica 
30 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
nas áreas urbanas, suburbanas e rurais, com o 
recurso a soluções técnicas mais económicas. O 
objectivo é garantir o abastecimento de água e 
energia a 80% das cidades, até 2017. 
A disponibilidade e interrupção do forneci-
mento de energia representam actualmente 
um desafio para os cidadãos e uma barreira ao 
crescimento e expansão das empresas a operar 
em Angola. O acesso à energia condiciona os 
padrões de qualidade de vida e bem-estar que 
os cidadãos e a sociedade construíram, uma vez 
que tudo depende de energia: as comunica-
ções, as indústrias, os transportes, os produtos, 
os serviços e as empresas. A capacidade insta-
lada para suprir a procura de energia, é actual-
mente insuficiente para suprir as necessidades. 
Água e Energia 
O programa “Água para Todos” beneficiou 
cerca de 1.200.000 pessoas com água po-
tável.
O reforço na reabilitação das barragens 
do Gove, Mabubas, Lomaum e Cambam-
be, permitiu um aumento da capacidade 
de energia eléctrica em Angola em 295,6 
MW.
(in: Programa de Governação 2012-2017)
Acesso a novas tecnologias
O acesso às novas tecnologias de comunicação 
é também crucial para o desenvolvimento de 
um país, contribuindo grandemente para a in-
clusão sociale tecnológica. No caso de Angola, 
a taxa de acesso à rede fixa é praticamente nula. 
Das linhas telefónicas existentes, 79,4% encon-
tram-se na área urbana 18,1% na área rural. 
(fonte: Relatório de Progresso dos Objectivos de 
Desenvolvimento do Milénio, de 2010).
De acordo com dados da International Telecom-
munication Union (ITU), a taxa de penetração de 
dos serviços móveis em 2011, foi de aproxima-
damente de 50% da população com acesso a 
telemóvel. 
É de salientar ainda a evolução das empresas 
que prestam serviços de internet que registou 
um aumento de 369% entre 2009 e 2011 (fonte: 
Ministério do Planeamento).
A capacitação da população no sector da in-
formática, como a inclusão digital, permite que 
ocorra o desenvolvimento para a introdução 
de novas tecnologias no país. O Plano Nacio-
nal do Desenvolvimento tem como prioridades 
assegurar a expansão de qualidade às infra-es-
truturas de suporte de serviços de informação 
e comunicação, em todas as regiões do país a 
preços acessíveis para a população, promover 
o desenvolvimento da sociedade por meio do 
combate à exclusão digital e à expansão dos 
projectos de governação electrónica e assegu-
rar a formação de quadros com qualidade para 
que eles possam estar aptos para capacitar e da-
rem sustentabilidade no programa nacional do 
Governo.
Capacidade Institucional 
A capacidade institucional para assegurar a 
efectiva implementação das políticas de Exe-
cutivo em todas as áreas, é frequentemente re-
ferida como um dos riscos e desafios mais sig-
nificativos no desenvolvimento sustentável de 
Angola. 
31Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
A capacidade institucional, a formação e o nível 
de escolaridade são apontados como os maiores 
riscos ao êxito do desenvolvimento económico 
sustentável, e têm sido foco de preocupação 
crescente do Governo de Angola. A educação é 
a base para uma sociedade mais humana, sau-
dável e capaz de enfrentar os desafios futuros 
nas suas diferentes dimensões.
Figura 7 – Factores mais problemáticos para a realização de Negócios em Angola (Fonte: World Bank – The Competivness Development Report 2011-2012)
Desenvolvimento Económico – Principais Desafios 
•	 Diversificação regional e sectorial de uma economia fundamentalmente dependente do 
petróleo e indústria extractiva, fomentando o desenvolvimento do 3º sector (para além 
da construção)
•	 Capacitação e formação das pessoas a todos os níveis de escolaridade para que consigam 
responder aos desafios da sociedade
•	 Desenvolvimento de um sector agrícola que promova o desenvolvimento rural, a fixação 
e desenvolvimento destas comunidades, lançando a base para o desenvolvimento de 
uma economia local que contribua para a redução dos níveis de pobreza e fome
•	 Promoção de condições económicas para a empregabilidade, sobretudo, dos jovens atra-
vés de programas de formação e capacitação, superior e tecnológica
•	 Ajustamento do desenvolvimento de infra-estruturas como estradas, sistemas de trata-
mento e distribuição de água, electricidade e saneamento básico às necessidades da eco-
nomia crescente
•	 Garantia da existência de processos de governação transparentes, eficazes que promo-
vam a competitividade económica de Angola e a sua capacidade para atrair investimento 
e empresas estrangeiras
Segundo um estudo do World Bank, a seguir à 
falta de mão-de-obra qualificada, a burocracia 
associada aos processos governativos é um dos 
principais entraves à competitividade económi-
ca de Angola e à sua capacidade para atrair in-
vestimento e empresas estrangeiras. 
32 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Objectivos do PND 2013-2017 para o Desenvolvi-
mento Económico:
•	 Aumentar para 2.200 as empresas criadas 
com capital maioritariamente Angolano 
com programas de apoio aos empreende-
dores, operacionalizar o fundo de fomento 
empresarial, reforçar o sistema de Microcré-
dito, adoptar medidas especificas de apoio 
à criação e competitividade de empresas 
Angolanas, estruturar e apoiar a entrada em 
funcionamento de escolas do empreende-
dor e introduzir mecanismos de apoio às 
empresas Angolanas e de controlo das im-
portações;
•	 Aumentar a taxa de crescimento do PIB não 
petrolífero para 10,4% até 2017. Serão ela-
boradas estratégias para a diversificação da 
economia, assegurar a coordenação entre os 
investimentos públicos e privados, realizar 
estudos sectoriais sobre a cadeia de valor, 
em particular, para os clusters prioritários;
•	 Aumentar a taxa geral de emprego para 
75% até 2017, adoptando medidas legais 
que permitam o acesso predominante de 
Angolanos aos postos de trabalho que exi-
jam altas qualificações, estabelecer meca-
nismos de consulta e orientação vocacional 
e profissional e combater o desemprego de 
longa duração.
33Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
2.3.3 Desenvolvimento Social Saúde 
O Governo tem um forte compromisso com o in-
vestimento no sector de saúde, nomeadamente 
em infra-estruturas. No entanto, ainda é fragili-
zado por graves carências de técnicos de saúde 
qualificados, se traduz num acesso reduzido da 
população a serviços de qualidade. Actualmen-
te, apenas 30% da população tem acesso aos 
serviços de saúde. Dados recentes mostram um 
bom progresso nos últimos 10 anos em diversas 
áreas. A esperança de vida à nascença foi revista 
em alta para 52 anos contra 46 anos em 2000; a 
mortalidade materna diminuiu de 880 para 610 
mortos por cada 100.000 nados vivos; a taxa de 
mortalidade infantil de menores de cinco anos 
decresceu de 21,2% para 16,1%; e prevalência 
de crianças com subnutrição em menores de 5 
anos diminuiu de 37% para 27,5%.
Estes indicadores, por serem multidimensionais 
e dependentes de inúmeros factores socioe-
conómicos como nutrição materna e infantil, 
vacinação, habilitações literárias, condições de 
higiene e sanitárias, são chave na avaliação do 
nível de desenvolvimento de cada país. 
A luta contra a malária em Angola tem estado 
predominantemente centrada na prevenção, 
com significativas contribuições de ONG inter-
nacionais. A malária é responsável por cerca 
O Governo Angolano tem delineado um 
programa de combate à mortalidade 
infantil que tem como principais eixos 
de actuação: Vacinação; Nutrição; Higie-
ne e realização de campanhas de cons-
ciencialização da população para com o 
tema, sendo que um dos objectivos do 
PND 2013-2017 é a redução significativa 
da mortalidade materna, infantil e infan-
to-juvenil.
de11% da mortalidade em crianças menores de 
cinco anos de idade, por 25% da mortalidade 
materna, e representa a principal causa de mor-
talidade, doença e faltas ao trabalho e à escola. 
Os principais desafios para a redução de doen-
ças entre as crianças são o esforço contínuo na 
vacinação das crianças que residem nas zonas 
rurais, na melhoria das condições de acesso à 
água potável e na ampliação dos investimentos 
das recolhas e tratamento de lixo melhorando o 
saneamento básico.
Em termos de prevalência do HIV, Angola tem 
a menor taxa de prevalência da África Austral, 
com cerca de 2% da população adulta infecta-
da, em parte explicado pela baixa mobilidade 
das populações nos últimos 30 anos. Embora 
existam Centros Médicos nas 18 capitais pro-
vinciais de Angola, que fornecem terapias anti-
retrovirais (ART), apenas 24% das pessoas infec-
tadas pelo HIV estão actualmente a receber ART.
Em 2011 estima-se que houve mais de 12 mil 
mortes relacionadas com a SIDA, e em relação 
às mulheres adolescentes estima-se que 120 mil 
mulheres com idade de 15 anos vivem com o 
vírus HIV.
34 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola 
Os programas de envolvimento das empresas 
na área da saúde estão essencialmente relacio-
nados com a prestação de cuidados básicos de 
saúde e a programas de prevenção e combate à 
Malária e HIV-SIDA. A negligência inconsciente 
dos actos e comportamentos humanos, poten-
ciam a proliferação de doenças graves