Prévia do material em texto
DESCRIÇÃO A abordagem histórica da temática ambiental sob o enfoque das políticas públicas e da conjuntura ambiental; principais políticas ambientais em vigor no Brasil; Economia Ambiental. PROPÓSITO Para que o profissional da área de Engenharia ganhe robustez em seu repertório histórico, político e econômico, é fundamental que compreenda a evolução da temática ambiental no século XX e início do século XXI, as principais políticas ambientais em vigor no Brasil e o funcionamento das economias Ambiental, Ecológica e Verde. OBJETIVOS MÓDULO 1 Compreender a evolução da temática ambiental MÓDULO 2 Conhecer as principais políticas ambientais em vigor no Brasil MÓDULO 3 Reconhecer a Economia Ambiental nos seus vários aspectos ABORDAGEM HISTÓRICA DA TEMÁTICA AMBIENTAL, AS PRINCIPAIS POLÍTICAS AMBIENTAIS NO BRASIL E A ECONOMIA AMBIENTAL MÓDULO 1 ABORDAGEM HISTÓRICA DA TEMÁTICA AMBIENTAL Compreender a evolução da temática ambiental EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL Quando o engenheiro e o gestor ambiental realizam seu trabalho, eles alinham a atividade econômica aos preceitos do desenvolvimento sustentável. A preocupação com os impactos ambientais decorrentes da ação humana na natureza passou a receber maior atenção a partir de 1960. Veja a seguir as principais ações criadas no decorrer das décadas. DÉCADA DE 1960 A publicação do livro Primavera silenciosa de Rachel Carson, em 1962, trouxe um alerta sobre a utilização de pesticidas na agricultura e levou à proibição do DDT e outros pesticidas. Em 1968, surgiu o Clube de Roma, uma organização composta por empresários, cientistas e políticos, com o objetivo de analisar os limites do crescimento econômico em relação aos recursos naturais disponíveis. DÉCADA DE 1970 Em 1970, foi criada a Agência Americana de Proteção Ambiental com o objetivo de proteger a saúde humana e o meio ambiente. Em 1972, um grupo de cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) alertou sobre os riscos do crescimento econômico baseado na exploração de recursos naturais não renováveis. O planeta Terra não suportaria o crescimento populacional em razão da pressão sobre os recursos naturais e energéticos e o aumento da poluição. As projeções indicavam o esgotamento desses recursos em poucas décadas. Muitas das previsões do relatório não se concretizaram, pois novas tecnologias foram descobertas permitindo, por exemplo, a exploração de petróleo em águas profundas (na época, eram a 100 metros de profundidade). A crise energética causada pelo aumento do preço do petróleo, porém, levou à discussão o seu uso e a busca por combustíveis de fontes renováveis. Nessa década, na Alemanha, surge o primeiro selo ecológico destinado a rotular produtos considerados ambientalmente corretos. Selo ecológico alemão DÉCADA DE 1980 A ONU indicou a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para coordenar a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, com o objetivo de estudar o assunto. O resultado da Comissão foi o documento Nosso futuro comum, também conhecido como Relatório Brundtland, que propõe um desenvolvimento sustentável definido como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”. No documento, fica claro que há um limite para a utilização dos recursos naturais, tornando necessário preservá-los para as gerações futuras. Na década de 1980, foram criadas legislações que visavam controlar a poluição de novas instalações industriais, assim como as que já estavam em operação. Na época, o padrão de tratamento dos efluentes industriais era o método “final do tubo”, em que os efluentes, resíduos ou emissões, uma vez gerados, eram tratados no final do processo produtivo. Esse processo levava a um custo adicional para a organização. No controle da poluição “final do tubo”, primeiro era gerado o vazamento (lavagens) durante o processo produtivo e, depois, se executava o tratamento dos efluentes industriais que, por sua vez, eram tratados antes de serem despejados no rio ou esgoto. Essas tecnologias representavam aumento de custos, pois não agregavam nenhum valor aos produtos. Nessa mesma época, resíduos perigosos passaram a ocupar lugar de destaque nas discussões sobre a contaminação ambiental, mas a proteção ambiental estimulava apenas soluções corretivas que visavam atender à legislação. Ao mesmo tempo, algumas empresas começaram a perceber que as propostas de cuidado ambiental poderiam representar redução do desperdício de matéria-prima e, consequentemente, diminuição de custos, além de boa imagem na visão dos consumidores. As preocupações ambientais permitiram a aprovação do Protocolo de Montreal, em 6 de setembro de 1987, que bania os clorofluorcarbonos (CFCs). DÉCADA DE 1990 A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida também como Rio 92, produziu documentos como a Carta da Terra e a Agenda 21. Em 1997, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, foi aprovado um tratado internacional chamado Protocolo de Kyoto, que definiu metas para a redução de emissões de gases do efeito estufa. Nessa década, a otimização dos processos produtivos e a redução do impacto ambiental tornaram-se foco de discussões e reflexões sobre como reduzir a matéria e a energia colocadas no meio ambiente. A prevenção da contaminação também ganhou destaque, e foram aumentados os esforços para a difusão de tecnologias mais limpas e menos poluentes. O conceito de “ciclo de vida dos produtos” foi criado, com a preocupação de tornar os produtos ecologicamente corretos desde a fase de desenvolvimento e fabricação até o descarte ou reaproveitamento. A introdução da gestão ambiental e a adoção de códigos de conduta pelas indústrias químicas modificaram as posturas reativas dos empresários. Entraram em vigor as normas britânicas sobre o meio ambiente, que serviram de base para a elaboração de um sistema de normas ambientais em nível mundial, a série ISO 14000. A questão ambiental passou a ser uma importante variável na consolidação da imagem e credibilidade das empresas na sociedade. SÉCULO XXI Dez anos após a Rio 92, foi realizada a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como Rio +10. As discussões englobaram a preservação do meio ambiente e os aspectos sociais, como a busca por medidas para reduzir em 50 % o número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza até 2015. Também foram abordados os seguintes tópicos: disponibilidade de água tratada, saneamento básico, energia, saúde e agricultura. Os países integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e o Estados Unidos não concordaram em passar a utilizar 10% de fontes energéticas renováveis, tais como eólica, solar, geotérmica e biomassa. Porém, a meta de reduzir pela metade o número de pessoas que não têm acesso à água potável e nem a saneamento básico até 2015 foi aprovada. O meio empresarial passou a adotar normas ambientais como as da série ISO 14000 e o conceito Ecoeficiência nos seus processos produtivos. A Rio +20 ocorreu na cidade do Rio de Janeiro em 2012 e teve dois temas principais: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza. Foi a segunda etapa da Cúpula da Terra (ECO-92). A partir da Rio +20, os estudos sobre os ciclos de vida dos produtos e as mudanças dos padrões de consumo ganharam um sentido mais amplo. As antigas práticas passaram a ser vistas como procedimentos que desperdiçam recursos naturais e aumentam os custos das organizações. A questão ambiental começou a abordar assuntos como o uso de matérias- primas escassas e não renováveis, a racionalização do uso da energia, o combate ao desperdício e a redução da pobreza — e tudo pode ser resumido à qualidade ambiental. As discussões do período levam à conclusão de que o caminho a ser tomado é o do desenvolvimento sustentávelpara assegurar um futuro econômico, social e ambientalmente sustentável para o planeta e as gerações presentes e futuras. FASES DA PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL E ESTÁGIOS EVOLUTIVOS A seguir, vamos conhecer as três fases da evolução da preocupação ambiental em nível internacional. PRIMEIRA FASE SEGUNDA FASE TERCEIRA FASE PRIMEIRA FASE A preocupação ambiental vai de meados do século XX até 1972, com foco nos limites do crescimento econômico. SEGUNDA FASE Essa etapa começa com a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano em 1972 e vai até 1992, caracterizando-se pela busca de uma nova relação entre meio ambiente e desenvolvimento. TERCEIRA FASE Tem início com a realização da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, no Rio de Janeiro, onde foram aprovados documentos relativos aos problemas socioambientais globais. Como vimos anteriormente, na década de 1990, o foco passou a ser a otimização do processo produtivo. Buscou-se reduzir o impacto ambiental com a diminuição de matéria e energia descartadas no meio ambiente. Difundiram-se o conceito da prevenção, com o uso de tecnologias mais limpas, menos poluentes, e o conceito do “ciclo de vida” do produto, desde o nascimento até o seu descarte ou reaproveitamento. A introdução da Certificação Ambiental, Atuação Responsável e Gestão Ambiental marcou o novo relacionamento das empresas com a sociedade e com os órgãos de fiscalização ambiental. Assim, para as empresas, a questão ambiental deixou de ser um problema para se tornar parte de uma solução com impacto na credibilidade social por meio da qualidade e da competitividade de seus produtos! O processo produtivo passou a ser avaliado desde a seleção da matéria-prima até o descarte dos resíduos pelo consumidor. Essa nova realidade permite resultados em termos ambientais e a redução de desperdícios de recursos que incorriam em custos, além de mostrar que uma gestão ambientalmente responsável pode reduzir custos e aumentar a competitividade das empresas. FASES DA PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL E ESTÁGIOS EVOLUTIVOS NO BRASIL Vamos ver, agora, os estágios evolutivos no Brasil com relação à preocupação ambiental no decorrer das décadas. DÉCADA DE 1960 Foram criados o Estatuto da Terra (1964), o novo Código de Defesa Florestal (1965), a Lei de Proteção à Fauna (1967), o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Também foram instituídos parques nacionais, reservas indígenas e reservas biológicas. DÉCADA DE 1970 As nações começaram a estruturar seus órgãos ambientais e a estabelecer legislações, visando ao controle da poluição ambiental após a Conferência de Estocolmo. Poluir o meio ambiente passou a ser considerado crime em diversos países. Nesse contexto, em 1973, foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), que assumiu a função de estabelecer normas e padrões relativos à preservação do meio ambiente. DÉCADA DE 1980 Entraram em vigor legislações específicas que visavam controlar a instalação de novas indústrias e estabelecer exigências para as emissões das indústrias já existentes. Em 1981, foi sancionada pelo Congresso Nacional a Lei nº 6.938, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente. Surgiram empresas especializadas na elaboração de Estudos de Impacto Ambiental e de Relatórios de Impacto Ambiental. A Constituição Brasileira de 1988 formalizou a preocupação com a preservação ambiental: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988). DÉCADA DE 1990 A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) foi criada pela Lei nº 9.433 de 1997. Ela declara que a água é um bem de domínio público, que o Poder Público (União ou estados ou municípios) gerencia esse recurso de uso comum. A PNRH reconhece a água como um recurso natural limitado e dotado de valor econômico, logo seu uso deve ser adequado para evitar seu esgotamento. SÉCULO XXI Em 2001, foi aprovado o Estatuto das Cidades, que tem por objetivos promover a ordenação do uso, a ocupação do solo urbano e a gestão democrática da cidade. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi criada pela Lei nº 12.305 de 2010. Declara que resíduos produzem impacto negativo ao ambiente, infiltrando-se no solo e contaminando os lençóis freáticos. É preciso fazer uma gestão desses resíduos e fomentar sua reutilização, diminuindo a pressão sobre o meio ambiente. VEM QUE EU TE EXPLICO! Abordagem Ambiental século XXI Abordagem Ambiental Evolução no Brasil VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 POLÍTICAS AMBIENTAIS NO BRASIL Conhecer as principais políticas ambientais em vigor no Brasil POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA) A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi criada pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Ela define meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição, poluidor, recursos ambientais, e cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), os instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente e seus objetivos. SAIBA MAIS Segundo o PNMA, poluição é a degradação ambiental resultante de atividades que, de modo direto ou indireto: Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população. Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas. Afetem desfavoravelmente a biota. Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente. Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. A PNMA tem por objetivo a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental, visando assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico e à proteção da vida humana. Os objetivos específicos da PNMA são: Compatibilizar o desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. Definir áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Estabelecer critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais. Desenvolver pesquisas e tecnologias visando ao uso racional de recursos ambientais. A PNMA deve ser compreendida como o conjunto de instrumentos legais, técnicos, políticos e econômicos destinados ao desenvolvimento sustentável da sociedade brasileira. Deve ser implementada com base nos princípios estabelecidos pela Constituição e pela legislação brasileira. A Política Nacional do Meio Ambiente deve garantir: O meio ambiente como um patrimônio público a ser assegurado e protegido. A racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar. O planejamento e a fiscalização do uso dos recursos ambientais. A proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas. O controle e zoneamento das atividades potencialmente poluidoras. Os incentivos à pesquisa de tecnologias para o uso racional dos recursos ambientais. O acompanhamento do estado da qualidade ambiental. A recuperação de áreas degradadas. A proteção de áreas ameaçadas de degradação. A educação ambiental a todos os níveis de ensino. Para atender aos princípios e implantar os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei nº 6.938/1981 estabeleceu uma série de instrumentos: o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, o zoneamento ambiental, a avaliação de impactos ambientais, o licenciamento ambiental, os incentivos à criação de tecnologia voltada para a melhoria da qualidade ambiental, a criação de espaços de proteção ambiental, o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente, o cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental, as penalidades disciplinares ou compensatórias para preservação ou correção da degradação ambiental, o relatório de qualidade ambiental e o cadastrotécnico federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de recursos ambientais. A PNMA define que a degradação da qualidade ambiental é qualquer alteração adversa das características do meio ambiente. A poluição é a degradação da qualidade ambiental que resulte de atividades que prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população, criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, afetem desfavoravelmente o ambiente ou lancem matérias ou energias em desacordo com os padrões ambientais. Assim, a pessoa física ou jurídica que seja responsável, direta ou indiretamente, por atividade que cause degradação ambiental será considerada poluidor. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA) A Lei nº 6.938/1981 também criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), que é o conjunto de órgãos e entidades públicas responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. O Sisnama é composto pelos órgãos do Poder Executivo nas esferas da União, estados, Distrito Federal e municípios que cuidam da gestão do meio ambiente no país, conforme o quadro a seguir. Estrutura do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) Conselho de Governo Ministério do Meio Ambiente Órgãos Seccionais Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) Ibama e Instituto Chico Mendes Órgãos locais Órgão superior do governo federal Órgão central Órgãos ou entidades estaduais de meio ambiente Órgão consultivo e deliberativo Órgãos executores das leis federais de meio ambiente Entidades municipais de meio ambiente Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Estrutura do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) segundo Lei n° 6.938. Elaborado por Ney Joppert De acordo com a Lei nº 6.938/1981, o Sisnama estrutura-se da seguinte maneira: CONSELHO DE GOVERNO É o órgão superior. CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que é o órgão consultivo e deliberativo. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA É o órgão central. IBAMA E INSTITUTO CHICO MENDES São os órgãos executores. DIVERSOS ÓRGÃOS SECCIONAIS São órgãos da esfera estadual. DIVERSOS ÓRGÃOS LOCAIS Correspondem aos órgãos municipais. A seguir, vamos conhecer as funções de cada órgão: Conselho de Governo — Tem por função assessorar o presidente da República na elaboração da política nacional para o meio ambiente. Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) — O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) tem a finalidade de assessorar, estudar e propor diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente, além de deliberar sobre normas e padrões ambientais. É formado por representantes de órgãos federais, estaduais e municipais do setor empresarial e da sociedade civil. Outras competências do Conama: Deliberar sobre as normas e os padrões a serem observados em relação ao meio ambiente, inclusive em relação ao licenciamento de atividades poluidoras e à realização de estudos de impacto ambiental. Produzir normas ambientais em suas Resoluções, relacionadas a normas técnicas, critérios e padrões quanto à proteção ambiental. Mediante proposta do Ibama, compete estabelecer normas e critérios para o licenciamento ambiental a ser concedido pelos estados e supervisionado pelo Ibama. Determinar a realização de Estudo de Impacto Ambiental e apreciá-lo após sua elaboração. Estabelecer normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos, aeronaves e embarcações. Estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, visando ao uso sustentável de recursos como água e ar. Em relação a licenciamentos federais, visa determinar a realização e efetuar a análise do estudo de impacto ambiental e de licenças ambientais. Ministério de Meio Ambiente — Tem por finalidade planejar, coordenar e supervisionar a política nacional e as diretrizes governamentais estabelecidas para o ambiente. É o órgão federal que orienta as políticas nacionais para o meio ambiente. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade — São os órgãos que executam a política ambiental em âmbito federal. O IBAMA atua de forma geral e o Instituto Chico Mendes atua nas unidades de conservação. Órgãos seccionais ou locais — Os órgãos seccionais são as unidades ambientais estaduais, criadas para proteger o meio ambiente no âmbito dos estados. No caso de licenciamentos estaduais ou municipais, serão competentes para exigir e analisar os processos de licença. Os órgãos locais do Sisnama são as entidades de proteção ambiental em âmbito municipal, a exemplo das secretarias e dos conselhos municipais para o meio ambiente. Os órgãos estaduais e municipais são os responsáveis pela execução de programas, projetos, controle e fiscalização de atividades capazes de provocar degradação ambiental. LICENCIAMENTO AMBIENTAL E ESTUDOS AMBIENTAIS De acordo com a PNMA, compete ao Conama estabelecer normas e critérios para o licenciamento, determinar a realização de Estudo de Impacto Ambiental e estabelecer normas e padrões da qualidade ambiental. Sobre o licenciamento, não podemos deixar de mencionar a Resolução do Conama nº 237, de 1997, que regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente. Essa resolução define o licenciamento ambiental como procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, a instalação e a operação de empreendimentos que utilizam recursos ambientais, considerados potencialmente poluidores ou que possam causar degradação ambiental. A licença ambiental é o meio pelo qual o órgão estabelece as condições, as restrições e as medidas de controle ambiental que deverão ser observadas pelo empreendimento que a solicitou. Esses empreendimentos dependem de licenciamento prévio do órgão ambiental em termos de localização, instalação e operação. A Resolução nº 237/1997 lista alguns empreendimentos e atividades sujeitos ao licenciamento ambiental, tais como: ferrovias, lavra de minerais, fabricação de aço, barragens e polos industriais. A seguir, veremos com mais detalhes as principais licenças ambientais passíveis de serem solicitadas, sendo elas a prévia, de instalação e de operação, mas outras também podem ser solicitadas pelo órgão licenciador. LICENÇA PRÉVIA (LP) É concedida na fase preliminar, em que se aprova a localização e o projeto do empreendimento atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos que devem ser observados nas próximas fases. LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI) Autoriza a instalação do empreendimento de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados e medidas de controle ambiental. LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO) Autoriza o funcionamento do empreendimento. É concedida após se verificar o cumprimento do conteúdo das licenças anteriores, das medidas de controle ambiental e de outras condicionantes determinadas para a operação. As licenças podem ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com o empreendimento e a critério do órgão ambiental. O licenciamento ambiental deve começar pela licença prévia. IMPACTO AMBIENTAL A avaliação de impacto ambiental é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Há vários tipos de avaliação, como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) e o Plano de Recuperação de Área Degradada (Prad). Lembre-se de que impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por forma de matéria ou energia resultante das atividades geradas pelo ser humano ou que tenha o potencial de causar impacto significativo no ambiente. Quando houver obra ou empreendimento com potencial de causar significativa degradação ambiental, é necessária a realização de um estudoprévio de impacto ambiental conhecido como EIA. O Relatório de Impacto Ambiental (Rima) é um resumo adaptado do EIA para o público impactado pelo futuro empreendimento. ATENÇÃO Estudos ambientais são relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, à instalação e à operação de um empreendimento. Eles são necessários para a análise da licença ambiental. Ao estudo ambiental, deve ser dada publicidade e realização de audiências públicas. O Estudo de Impacto Ambiental obedecerá às seguintes diretrizes gerais: DIRETRIZ 1 DIRETRIZ 2 DIRETRIZ 3 DIRETRIZ 4 DIRETRIZ 1 Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução. DIRETRIZ 2 Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade. DIRETRIZ 3 Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto. DIRETRIZ 4 Considerar os planos e programas governamentais propostos na área de influência do projeto e sua compatibilidade. As atividades técnicas mínimas do estudo de impacto ambiental compreendem: Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto com a descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, a fim de caracterizar a situação ambiental da área antes da implantação do projeto, considerando o meio físico, o biológico e os ecossistemas naturais e o meio socioeconômico. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando impactos positivos e negativos, diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e os benefícios sociais. Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, tais como: os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados. O estudo de impacto ambiental deve ser realizado por equipe multidisciplinar habilitada, que não dependa direta ou indiretamente do proponente do projeto ou empreendedor e seja responsável tecnicamente pelos resultados apresentados. As despesas e os custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, desde a coleta dos dados, os trabalhos de campo e as análises laboratoriais até o acompanhamento e monitoramento dos impactos e elaboração do Rima, ficam por conta do proponente do projeto. EIA e Rima O Estudo de Impacto Ambiental é um estudo abrangente e técnico, pois aborda uma descrição completa da área do projeto e de seus impactos no ambiente, identificando como esses impactos podem ser mitigados e monitorados. Durante a elaboração do EIA, deve haver um exame das alternativas para o projeto, um plano de mitigação dos impactos significativos que o projeto possa acarretar e a oportunidade para que o público afetado possa participar efetivamente do processo. Assim, o EIA é um instrumento que melhora o processo decisório e permite transparência ao Poder Público na concessão ou não de licenças ambientais. Ele se fundamenta, portanto, em princípios da prevenção e da precaução! O Relatório de Impacto Ambiental (Rima) reflete as conclusões do estudo de impacto ambiental e deve ser apresentado de maneira objetiva e adequada ao público impactado pelo empreendimento, em linguagem acessível com mapas, gráficos, quadros etc. O Rima deve permitir o entendimento das vantagens e desvantagens do projeto, bem como as consequências ambientais de sua implementação. Esse documento deve conter as seguintes informações: Os objetivos e as justificativas do projeto. A descrição completa do projeto e de seus impactos no ambiente, com suas alternativas tecnológicas e locacionais. O diagnóstico ambiental da área de influência. A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, considerando alternativas ao projeto e a sua não implementação. A descrição do que se espera das medidas mitigadoras previstas para os impactos negativos. O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos. Recomendações quanto à alternativa mais favorável em relação ao projeto. Apresentados o EIA e o Rima pelo empreendedor, o órgão ambiental competente terá um prazo para se manifestar de forma conclusiva sobre o empreendimento, dando sequência ao processo de licenciamento ambiental. A concessão de licença ambiental para atividades e empreendimentos, considerados efetivamente ou potencialmente poluidores ou capazes de causar degradação ambiental, dependerá de prévio estudo de impacto ambiental (EIA), bem como do respectivo relatório de impacto ambiental (Rima), ao qual se dará publicidade. Reiteramos que o EIA e o Rima são instrumentos diferentes, uma vez que o Rima é o documento que traz as conclusões do EIA, de maneira clara e de fácil compreensão para o público impactado pelo projeto. POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS E RECURSOS SÓLIDOS POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) foi criada pela Lei nº 9.433 de 1997 e declara água como sendo um bem de domínio público. O Poder Público é o gestor desse recurso de uso comum. A água é considerada um recurso natural limitado dotado de valor econômico. Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos deve ser para o consumo humano. SAIBA MAIS O Poder Público tem o papel de: Difundir as tecnologias na área ambiental e desenvolver a consciência da necessidade de preservação do meio ambiente. Preservar e restaurar recursos ambientais relacionados à sua utilização e disponibilidade. Determinar ao poluidor e ao predador a recuperação e/ou a indenização dos danos causados; ao usuário, a contribuição pela utilização dos recursos ambientais com fins econômicos. A PNRH propõe uma gestão dos recursos hídricos que permita o uso múltiplo das águas, com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. O objetivo da PNRH é manter as águas disponíveis em padrões de qualidade adequados aos diversos usos. A PNRH considera os aspectos de quantidade e qualidade e deve ser realizada de forma integral em relação ao ambiente (fauna, florestas, uso do solo etc.). Ela define a sustentabilidade dos recursos hídricos em três aspectos: disponibilidade de água de boa qualidade; utilização racional; utilização integrada. Os planos de recursos hídricos são planos diretores de longo prazo elaborados pelo Poder Público para orientar a implementação da PNRH e o gerenciamento dos recursos hídricos. Eles serão elaborados por bacia hidrográfica, por estado e para o país. ATENÇÃO A bacia hidrográfica é a unidade territorial de implementação da PNRH. A duração da PNRH está atrelada aos programas e projetos que devem apresentar: Diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos na área de abrangência. Análise de alternativas de crescimento demográfico e evolução de atividades produtivas. Balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos. Metas de racionalização de uso, quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos. Medidas a serem tomadas, os programas a serem desenvolvidos e os projetos a serem implantados para o atendimento das metas previstas. Prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos. Diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos. Propostas para a criação de áreas sujeitas à restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos. O enquadramento dos corpos de água em classes é feito de acordo com os usos pretendidos da água. O importante é garantir que as águas tenham qualidade compatível com sua destinação.A água destinada para consumo humano deve ter qualidade melhor do que aquela usada para abastecer indústrias. A Conama 357/2005 define a classificação das águas doces, salobras e salinas, com base em seus usos, em 13 classes de qualidade. A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos é uma autorização do Poder Público e tem como objetivo assegurar o controle dos usos e o exercício dos direitos de acesso à água. Na outorga, é importante observar as prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos, respeitando também a classe em que a água está enquadrada. Assim, se a prioridade é o consumo humano, não será permitida a outorga para lançamento de esgoto. O prazo da outorga do direito de uso de recursos hídricos não excede a 35 anos, podendo ser renovado ou suspenso. A cobrança pelo uso dos recursos hídricos tem por finalidade reconhecer a água como bem de valor econômico, incentivar seu uso racional e permitir a obtenção de recursos financeiros pelo Poder Público para financiar programas e projetos previstos nos Planos de Recursos Hídricos. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos coleta e armazena informações sobre esses recursos, permitindo a divulgação da situação das águas no país e fornecendo elementos para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos. A Lei nº 9.433/1997 criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH), com os objetivos de coordenar a gestão integrada das águas, implementar a PNRH, preservar e recuperar os recursos hídricos e promover a cobrança pelo seu uso. Esse Sistema compreende um conjunto de órgãos: Conselho Nacional de Recursos Hídricos, Agência Nacional de Águas, Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do DF e Comitês de Bacia Hidrográfica. POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS SÓLIDOS A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi criada pela Lei nº 12.305 de 2010. Os resíduos produzidos pela sociedade causam impacto negativo no ambiente, infiltrando-se no solo e contaminando os lençóis freáticos. É preciso fazer uma gestão objetiva desses resíduos e fomentar sua reutilização, diminuindo a pressão sobre o meio ambiente. No Brasil, grande parte dos municípios coloca os resíduos sólidos a céu aberto sem qualquer tratamento ou reaproveitamento, o que ocasiona degradação ambiental e riscos à saúde humana. A gestão integrada compreende o conjunto de ações que busca soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social. Já o gerenciamento de resíduos sólidos compreende o conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos. De acordo com a Lei nº 12.305/2010, os resíduos sólidos correspondem a todo material, substância, objeto ou bem descartado, resultante de atividades humanas, nos estados sólido, semissólido, bem como os gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento no esgoto ou cursos d’água ou exijam soluções inviáveis técnica ou economicamente. ATENÇÃO Resíduo sólido é toda sobra de material que pode ou não ser reutilizada, enquanto rejeito é a sobra que não pode ser reaproveitada. Os resíduos sólidos são classificados na PNRS pelos critérios de origem e de perigo: QUANTO À ORIGEM Podem ser resíduos domiciliares, de limpeza urbana, de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, industriais, de serviços de saúde, de construção civil, de agrossilvopastoris, de serviços de transportes e mineração. QUANTO À PERICULOSIDADE Podem ser resíduos perigosos e não perigosos. Os perigosos são os que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental. A PNRS adota expressamente vários princípios, tais como da prevenção e precaução, do poluidor-pagador, do desenvolvimento sustentável, da cooperação entre o Poder Público, o setor empresarial e a sociedade, e da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. A PNRS consiste no conjunto de atribuições dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, além de reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos. A responsabilidade compartilhada compreende mecanismos de coleta e destinação final adequados, revisão da cadeia produtiva pela substituição por produtos recicláveis, reutilizáveis ou que gerem menor quantidade de resíduos e pela divulgação de informações sobre reciclagem ou forma de eliminação de determinado resíduo. Entre as diretrizes da PNRS, podemos destacar a ordem de prioridade no gerenciamento dos resíduos sólidos: não geração; redução; reutilização; reciclagem; tratamento dos resíduos sólidos; disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. O foco em uma política de resíduos sólidos sustentável é não gerar resíduos, mas, caso sejam gerados, sua reutilização e, em último caso, sua disposição final devem ser priorizadas. São alguns dos objetivos da PNRS a não geração, a redução, a reutilização, e a reciclagem de resíduos, bem como o tratamento dos resíduos sólidos e a sua disposição final ambientalmente adequada. A PNRS estimula a adoção de padrões sustentáveis de produção, a redução do volume e da periculosidade dos resíduos, o incentivo à indústria da reciclagem e o estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto, à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável. Os planos de resíduos sólidos compreendem o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, os planos estaduais, os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos e os planos de gerenciamento de resíduos sólidos. Assim, a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios devem elaborar seus planos de resíduos sólidos com base em suas esferas de atuação. A coleta seletiva e a logística reversa são ferramentas para implementação da responsabilidade compartilhada. Na coleta seletiva, os resíduos sólidos são separados conforme sua composição, de modo a viabilizar seu reaproveitamento. As cooperativas e associações de catadores desempenham um papel importante na coleta seletiva. Os planos municipais devem conter metas de coleta seletiva — se os municípios instituírem a coleta seletiva, os consumidores são obrigados a acondicionar os resíduos sólidos de maneira adequada. A logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social que consiste em um conjunto de ações e procedimentos destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para serem reaproveitados em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos ou em outra destinação adequada. O retorno do produto pelo consumidor até a empresa é realizado pelos próprios fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes. O retorno é obrigatório para: produtos agrotóxicos (resíduos e embalagens); pilhas; baterias; pneus; óleos lubrificantes (resíduos e embalagens); lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio, de mercúrio, de luz mista; produtos eletroeletrônicos e seus componentes. Outros instrumentos da PNRS incluem o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir), o Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos, o Fundo Nacional do Meio Ambiente, o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas de catadores de materiais recicláveis, o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária, além de instrumentos da PNMA, como a avaliação de impactos ambientais e o licenciamento ambiental. VEM QUE EU TE EXPLICO! Política Nacional de Recursos Hídricos Política Nacional de Resíduos Sólidos VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Reconhecera Economia Ambiental nos seus vários aspectos ECONOMIA AMBIENTAL E SUAS ALTERNATIVAS ECONOMIA AMBIENTAL Nas décadas de 1960 e 1970, como vimos, houve uma crescente preocupação com a temática ambiental, e assim surgiram questionamentos de como o sistema econômico poderia minimizar a destruição do meio ambiente diante de um desenvolvimento desenfreado. Para alcançar a sustentabilidade do sistema econômico, é necessário que a utilização dos bens naturais não ultrapasse a capacidade de renovação de ecossistemas e os resíduos gerados sejam reduzidos e tratados para não poluírem o meio ambiente. O respeito a essas regras implica a disponibilização dos recursos necessários para a economia e a manutenção de um padrão mínimo de poluição, além de uma vida digna para a população. A sustentabilidade requer a substituição dos recursos não renováveis por recursos renováveis, por exemplo, substituir a energia do petróleo por energia solar. A Economia Ambiental visa a um crescimento econômico que permita o bem-estar social, preservando recursos naturais e mantendo sustentável a economia. Uma de suas características é atribuir valor aos recursos naturais. A Economia Ambiental atua: Na relação entre desenvolvimento econômico, social e proteção dos recursos ambientais. Nas empresas, pois as que investem em questões ambientais tornam-se mais competitivas. Na conscientização das empresas e na melhoria da eficiência dos processos produtivos, a fim de evitar prejuízos ambientais advindos das inovações tecnológicas. A Economia Ambiental propõe a valorização econômica dos recursos ambientais e alerta para os possíveis impactos negativos da Economia no meio ambiente. É um modelo que defende o crescimento econômico sustentável e a consciência no uso dos recursos naturais, pois entende que esse uso não pode ultrapassar a capacidade de renovação dos ecossistemas. Além disso, chama a atenção para a necessidade da minimização dos resíduos gerados em prol do meio ambiente. ECONOMIA ECOLÓGICA A Economia Ecológica apareceu quando a problemática ambiental começou a ganhar notoriedade no mundo. Para esse conceito, a matéria e a energia são captadas em um ciclo fechado e transformadas em produtos e serviços. Esse processo acontece com os seres vivos que consomem os recursos, utilizam o que é necessário para si e depois devolvem ao meio ambiente o que será reaproveitado. O propósito da Economia Ecológica é a imitação da natureza conectada com o sistema econômico. O modelo ecológico da economia usa os materiais e a energia retirados do meio ambiente de forma sustentável, utilizando os resíduos de uma indústria como matéria-prima para outras indústrias, o que reduz consideravelmente os resíduos que seriam direcionados ao meio ambiente. A Economia Ecológica é importante para a gestão ambiental e tem por finalidade promover a sustentabilidade no planeta. ECONOMIA VERDE A Economia Verde foi lançada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O relatório Rumo à Economia Verde, do Pnuma, a define como um modelo econômico que resulta em “melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica” (O ECO, 2015). A baixa emissão de carbono e a eficiência no uso de recursos que impeçam a perda da biodiversidade caracterizam a Economia Verde, que propõe: Diminuir o uso de energia proveniente de combustíveis fósseis e aumentar o uso de energia de fontes renováveis. Usar produtos que provêm da biodiversidade. Usar tecnologias visando aumentar a eficiência do processo produtivo e diminuir os resíduos com reciclagem interna e externa. A inovação tecnológica é o cerne da Economia Verde. A Economia Verde tem como base os seguintes princípios: redução da pobreza, baixo carbono, eficiência energética e inovação. COMPARAÇÃO ENTRE OS MODELOS ECONÔMICOS SUSTENTÁVEIS Os três modelos econômicos aqui apresentados têm como princípio o desenvolvimento sustentável e primam pela substituição dos recursos não renováveis por recursos renováveis. A Economia Ambiental tem como propósito valorizar monetariamente o meio ambiente, mas utiliza as ferramentas da Economia tradicional nas soluções de problemas; a Economia Ecológica procura produzir de maneira sustentável; a Economia Verde visa diminuir a emissão de carbono, erradicar a pobreza e promover o uso eficiente de recursos. A Economia Ambiental procura a melhor forma de utilizar os recursos de maneira eficiente, e o crescimento econômico faz parte de seus objetivos. A Economia Ecológica enfatiza a “reciclabilidade” de acordo com os processos naturais e visa à proteção dos recursos naturais e à eficiência e eficácia dos processos produtivos, englobando várias empresas em um condomínio ecológico. A Economia Verde requer adequações para que se torne sustentável, pois é ambiciosa ao propor a erradicação da pobreza, além dos objetivos já citados. Principais características dos sistemas econômicos Modelos Características Economia Ambiental Atribuição de valor monetário a bens ambientais; favorável ao crescimento econômico e à preservação de recursos naturais suficientes para manter a economia. Economia Ecológica Uso sustentável dos materiais e da energia; utilização dos resíduos de uma indústria como matéria-prima para outra indústria, reduzindo os resíduos gerados. Economia Verde Erradicação da pobreza; diminuição das emissões de carbono; uso eficiente dos recursos naturais. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Principais características dos sistemas econômicos Elaborado por Ney Joppert A Economia Ambiental tem como prioridade preservar os recursos ambientais para perpetuar as atividades econômicas. É composta por quatro princípios: Não extrair recursos além da capacidade do meio ambiente de se autorrenovar. Não gerar desperdícios de material e energia no processo produtivo que impactem o meio ambiente com poluição. Substituir recursos não renováveis por renováveis. Realizar estudos de impactos ambientais. A Economia Ecológica vê o sistema econômico de forma diferente e tem como metas: Preservar o meio ambiente e utilizar os bens naturais de maneira sustentável imitando a natureza. Alertar para os processos de entropia. Evitar o esgotamento do capital natural. A Economia Verde pode trazer as seguintes contribuições para o meio ambiente: Diminuir a emissão de carbono e o impacto nas mudanças climáticas. Trazer eficiência no uso dos recursos naturais nos processos produtivos, o que resulta em menos degradação ambiental. Incentivar a inovação tecnológica visando diminuir a poluição com o tratamento adequado dos rejeitos da produção. Substituir recursos não renováveis por renováveis. Defender a biodiversidade, trazendo benefícios e preservação. VEM QUE EU TE EXPLICO! Economia Ecológica Economia Verde VERIFICANDO O APRENDIZADO CONSIDERAÇÕES FINAIS A evolução histórica da temática ambiental mostra as dificuldades e os desafios encontrados desde meados do século XX. O início do processo de conscientização em nível nacional e internacional permitiu alcançar o compromisso político para a realidade contemporânea e a implantação de políticas ambientais em vários países. A aproximação entre a questão ambiental e a economia ocorreu em razão do agravamento da poluição, do aumento do valor do petróleo e da preocupação em atender à demanda da população cada vez crescente em relação ao consumo de recursos naturais não renováveis. PODCAST Agora, o especialista Ney Joppert Junior encerra nosso estudo falando sobre os principais tópicos abordados. CONCLUSÃO AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS (O) ECO. O que é a economia verde. Dicionário Ambiental, Rio de Janeiro, 16 mar. 2015. Consultado eletronicamente em: jun. 2021. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1998. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a PolíticaNacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Consultado eletronicamente em: jun. 2021. BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do Art. 21 da Constituição Federal, e altera o Art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Consultado eletronicamente em: jun. 2021. DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa: fundamento e aplicação. 3. ed. Rio de Janeiro: GEN, 2018. MIHELCIC, J. R.; ZIMMERMAN, J. B. Engenharia ambiental: fundamentos, sustentabilidade e projetos. 2. ed. Rio de Janeiro: GEN, 2018. SEBRAE. Sobrevivência das empresas. DataSebrae, 2021. Consultado eletronicamente em: jun. 2021. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, leia: Sobre as atribuições do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH) no site da Ambiente Brasil. Sobre a atuação dos órgãos do Sisnama, especialmente do Ibama e do Instituto Chico Mendes, explorando os portais institucionais dos dois institutos. A Resolução nº 4 de 18 de setembro de 1985 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e verifique todas as áreas que são consideradas reservas ecológicas. Consulte o site do Ibama para ler a íntegra da resolução. CONTEUDISTA Ney Joppert Junior