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Mateus Castro MED 2021 SEMANA 4 CIRURGIA II SÍNDROME DISFÁGICA Disfagia: dificuldade de deglutição. ESÔFAGO - O 1/3 proximal do esôfago é composto por músculo esquelético. A contração da musculatura esquelética é voluntária. - Os 2/3 distais do esôfago são compostos por músculo liso. A contração da musculatura lisa é involuntária. Classificação de Disfagia Transferência - Dificuldade de transferência de alimento da boca para o esôfago. - Clínica: esgasgo. - Doenças musculares ou doenças neurológicas. Condução - Característica clínica: entalo. - Obstrução mecânica da luz do esôfago ou distúrbio motor. Na análise de um caso clínico, quando o paciente tem uma disfagia de transferência, é só um achado dentro do caso. Já quando se trata de uma disfagia de condução, a disfagia é a principal queixa e principal característica do caso clínico. DISFAGIA DE CONDUÇÃO Manifestações Clínicas • Disfagia → entalo. • Regurgitação de alimentos não digeridos. • Halitose. • Perda de peso. Abordagem Inicial 1° exame: esofagografia baritada. Paciente ingere um contraste e realiza um RX, para avaliar a luz esofágica. Causas Obstrução mecânica: • Divertículos → Zenker. • Anel de Schatzki. • Tumores, estenose péptica. Distúrbio motor: • Acalasia. • Espasmo esofagiano difuso, esclerodermia. Divertículo de Zenker - Hipertonia do EES (músculo cricofaríngeo). Todas as pessoas que irão desenvolver Zenker tem uma hipertonia do EES que é feita pelo músculo cricofaríngeo. Tendo essa hipertonia, à princípio não ocorrerá nada, pois é só engolir mais forte que o alimento irá passar tranquilamente (o músculo responsável por essa engolida mais forte é o tireofaríngeo). O problema são anos e anos forçando essa situação – até o momento que ocorre a formação do divertículo (uma bolsinha de mucosa e submucosa) no triangulo de Killian (área de maior fragilidade) que fica entre o crico e tireofaríngeo. - Área de formação do divertículo: triângulo de Killian. - Divertículo por pulsão: falso (divertículo verdadeiro é formado por todas as camadas do órgão. O de Zenker é formado apenas por mucosa e submucosa). - Mais comum em idosos, pela 7° década de vida e mais comum à esquerda. Manifestações Clínicas • Disfagia. • Halitose terrível (acúmulo de alimento na bolsinha do divertículo que vai apodrecendo). • Regurgitação. • Massa palpável na região cervical (a bolsinha do divertículo). A massa alivia quando é comprimida com os dedos (esvazia a bolsinha de resto de comida podre). Diagnóstico 1° exame e padrão-ouro: esofagografia baritada. Na análise da imagem: imagem em adição (a bolsinha do divertículo). Mateus Castro MED 2021 SEMANA 4 Tratamento • Divertículo < 2cm: miotomia (destruição do EES). • Divertículo > ou igual 2cm: miotomia + Pexia (até 5cm) ou ectomia. • Divertículo > ou igual 3cm: EDA (miotomia + diverticulectomia). Divertículo Médio-Esofágico - Divertículo verdadeiro. - Formação: • Tração → linfonodos inflamados ou infecções fibrosantes. • Pulsão → distúrbios motores. - A maioria é assintomático. Quando envolver tratamento, é indicado apenas nos casos sintomáticos. Divertículo Epifrênico - Formação: • Pulsão → distúrbios motores. ACALASIA Distúrbio motor do esôfago por destruição dos plexos mioentéricos. hipertonia do EEI (P > 35 mmHg). - A principal causa de acalasia é a idiopática. Mas, no Brasil um importante causa é secundária à doença de Chagas. Características: • Hipertonia do EEI (P > 35 mmHg). • Perda do relaxamento fisiológico do EEI. • Peristalse anormal. Manifestações Clínicas • Disfagia. • Regurgitação de alimentos não digeridos. • Perda de peso. Um dos diagnósticos diferenciais de acalasia é o CA de esôfago. Algumas características que podem diferenciar é que na acalasia o paciente geralmente é mais jovem, a progressão da disfagia é mais arrastada, assim como a perda de peso que é mais lenta. Diagnóstico 1° exame: esofagografia baritada. - Achado do sinal de bico de pássaro. Outros exames: 1 – EDA: é realizada para afastar diagnóstico de CA. 2 – Esofagomanometria: padrão-ouro. Através desse exame, é possível identificar as 3 principais características de acalasia. Tratamento O tratamento é feito de acordo com a evolução. Classificação Mascarenhas (Dilatação Esofágica) Abordagem Terapêutica Grau I: até 4cm Tratamento conservador: Nitrato, sildenafil, botox. Grau II: 4 – 7cm Dilatação endoscópica. Grau III: 7 – 10 cm Cardiomiotomia a Heller + Fundoplicatura (feito para evitar refluxo). Grau IV: > 10cm Esofagectomia. ANEL DE SCHATZKI Estreitamento laminar do corpo do esôfago. Clínica – Disfagia intermitente: grandes pedaços de alimentos – paciente não tem disfagia com a ingesta de líquidos ou comidas pastosas. Síndrome Steaksouse Diagnóstico: achado do estreitamento laminar do corpo do esôfago por meio da esofagografia baritada. Tratamento: dilatação endoscópica. ESPASMO ESOFAGIANO DIFUSO Contrações simultâneas do corpo do esôfago. Clínica: • Disfagia. • Cólica esofágica (precordialgia) – diagnóstico diferencial com IAM. Diagnóstico: esofagografia baritada com achado de esôfago em saca-rolha. - O padrão-ouro para o diagnóstico é a esofagomanometria com achado de contrações simultâneas. Tratamento: nitratos. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 4 PEDIATRIA II SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS NA INFÂNCIA I Diante de um caso clínico que mostre uma infecção respiratória aguda na infância, um dos primeiros passos é identificar sinais-chave: Estridor Obstrução das grandes vias de condução extrapleurais. Taquipneia Marcador de maior sensibilidade de doença das vias aéreas inferiores. Taquipneia na infância: - Até 2m: > ou igual 60 irpm. - 2 a 12m: > ou igual 50 irpm. - 1 a 5 anos: > ou igual 40 irpm. Criança sem taquipneia e sem estridor: IVAS. Criança com estridor (FR variável): doenças periglóticas (laringe, epiglote e tecidos adjacentes a epiglote). Criança com taquipneia e sem estridor: pneumonias. RESFRIADO COMUM Infecção viral, causando inflamação da mucosa nasal. Etiologia: Rinovírus – principal agente. A principal forma de transmissão é o contato direto. Quadro Clínico • Coriza inicialmente hialina, tornando-se posteriormente mucopurulenta. • Obstrução nasal – podendo auscultar roncos na AP. A presença de roncos demonstra presença de secreção. • Tosse predominantemente noturna. • Febre. O quadro clínico geral tende a ter duração média de 7 dias. Diante de uma criança, em especial se pequena, que inicia quadro de febre alta súbita, acompanhada de sintomas gripais gerais pode-se pensar em uma síndrome gripal, onde o tratamento é específico para o Influenza com Oseltamivir. Tratamento • Lavagem nasal com soro fisiológico. • Aumento na ingestão de líquidos – importante para fluidificar as secreções da criança. • Antipiréticos – dipirona, ibuprofeno ou ibuprofeno. O uso de AAS é proscrito, uma vez que por mais que seja pequeno o risco, pode ser uma infecção pelo vírus Influenza e ao fazer AAS tem um risco aumentado de desenvolver Síndrome de Reye – degeneração hepática com encefalopatia hepática. O que não usar no tratamento: • Antitussígenos. • Descongestionantes. • Mucolíticos. Complicações As principais complicações são: 1 – OMA: mais frequente. 2 – Sinusite bacteriana aguda. OTITE MÉDIA AGUDA • Especialmente comum em < 2 anos. Quadro Clínico Comumente o paciente evolui após um quadro de resfriado comum. • Dor – queixa inespecífica em crianças menores. Se apresenta com irritabilidade, choro acentuado. • Otorreia – no momento que ocorre a perfuração a dor desaparece. Confirmaçãodo diagnóstico: otoscopia. Otoscopia Normal Otoscopia OMA Membrana Timpânica: - Transparente. - Brilhante. - Côncava. - Móvel. Membrana Timpânica: - Hiperemiada. - Opaca. - Abaulada. - Imóvel. Durante a otoscopia, para confirmar o diagnóstico de OMA, é necessário ter o abaulamento da membrana timpânica. SOS: a presença de otorreia não é sinônimo de OMA – pode se tratar de um caso de otite externa, onde o principal agente é Pseudomonas. Os principais fatores de risco são banho de piscina, ida à praia. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 4 Etiologia • S. pnemoniae. • H. influenzae não tipável. • M. catarrhalis. Tratamento 1 – Analgésicos e antipiréticos. Indicações de Antibioticoterapia - Crianças < 6 meses. - Em crianças de 6 meses a 2 anos: casos bilaterais - Em qualquer idade: otorreia ou casos graves. Casos Graves: • Dor moderada a grave. • Febre > ou igual 39°C. • Dor > 48 h. Nos demais casos, é possível apenas observação. Esquema Terapêutico - 1° escolha: Amoxicilina 50mg/kg/dia – 80 a 90 mg/kg/dia. - Falha terapêutica: Amoxicilina + Clavulanato. Situação especial: OTITE + CONJUNTIVITE - Agente: EYEmófilo. - Iniciar tratamento já com Amox + Clav. SOS: Algumas crianças tem a presença de líquido na orelha média, mas sem presença de infecção aguda – esses casos são chamados de otite média com efusão ou otite média serosa. - Esses casos tem evolução favorável. Em média de 3 meses ocorre resolução do quadro. Complicações Mastoidite aguda: infecção e inflamação do periostio (periostite) – • Edema e sinais inflamatórios na região retroauricular. • Deslocamento do pavilhão por conta do edema. • Internação + ATB EV. SINUSITE BACTERIANA AGUDA Infecção bacteriana dos seios paranasais. SOS: os seios paranasais não são todos formados desde o nascimento. • < 5 anos: seios maxilares e etmoidais. Quadro Clínico • Quadro arrastado (até 4 semanas) – sintomas por > 10 dias, com tosse diurna. • Quadro grave – presença de febre > ou igual 39°C, secreção purulenta por mais de 3 dias. • Quadro “que piora”. Dica de vida: paciente com quadro viral agudo que apresenta uma piora súbita – pensar em uma complicação bacteriana sobre o quadro agudo. Diagnóstico: clínico. Etiologia: igual OMA. Tratamento 1° opção: Amoxicilina • Individualizar a duração do tratamento. • Manter o tratamento por 7 dias APÓS A MELHORA CLÍNICA. Complicações Celulite orbitária (SBA seio etmoidal): • Inflamação da pálpebra. • Proptose. • Dor à movimentação ocular. • Edema na conjuntiva (quemose). Conduta: internação + exame de imagem + ATB. Diagnóstico Diferencial Rinite Alérgica • Prurido importante. • Espirros frequentes. • Palidez de mucosa. • Eosinofilia. Sífilis Congênita • Rinite sifilítica é uma das primeiras manifestações. • Manifestações nos 1° - 3° meses de vida. • Obstrução intensa. • Secreção sanguinolenta. Corpo Estranho • Rinorreia fétida, sanguinolenta. • Sintomas unilaterais. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 4 FARINGITE BACTERIANA Etiologia: Streptococcus B hemolítico do grupo A (pyogenes). Quadro Clínico • Principal faixa etária: 5 – 15 anos. • Febre alta e dor de garganta desde o início do quadro. • Exsudato amigdaliano: a presença não é obrigatória e o mesmo exsudato pode estar presente em infecções virais. • Pode ter dor abdominal. • Petéquias no palato. • Adenomegalia cervical – em geral única e dolorosa. • Não tem coriza ou tosse – se houver, deve se tratar de uma faringite viral. O dado isolado do exame físico que mais se relaciona com a infecção bacteriana são as petéquias. Diagnóstico Diferencial Herpangina • Lesões ulceradas na região posterior da cavidade oral. • Etiologia: Coxsackie A. Adenovirose • Faringite exsudativa com Conjuntivite associada. • Adenomegalia pré-auricular. Mononucleose Infecciosa • Linfadenopatia generalizada. • Esplenomegalia. • Linfocitose com atipia linfocitária. • Agente: EBV. • Se usar Amoxicilina o paciente pode cursar com exantema. PFAPA – Síndrome de Marshall • Febre periódica. • Estomatite aftosa. • Faringite. • Adenite. - Geralmente iniciada após os 2 anos de idade. - Episódios recorrentes e autolimitados e fora das crises a criança é assintomática. - Tratamento da fase aguda: corticoide. Na prova: quadros recorrentes + aftas + culturas negativas nas investigações. Diagnóstico Complementar 1 – Teste rápido feito com swab de orofaringe. • Pode ocorrer falso negativo. 2 – Cultura de orofaringe: o mais sensível. Teste Rápido +: tratamento - : cultura Positiva: tratamento Negativa: acompanhamento Tratamento 1 – Penicilina Benzatina IM. 2 – Amoxicilina VO por 10 dias. Complicações Supurativas Abscesso Peritonsilar Quadro Clínico • Amigdalite. • Disfagia / sialorreia (marcador de disfagia grave). • Trismo (não consegue abrir a boca). • Desvio de úvula. Tratamento • ATB que cubra SGA + anaeróbios – Clinda. • Incisão e drenagem do abscesso. Abscesso Retrofaríngeo Quadro Clínico • IVAS recente. • Febre alta e dor de garganta. • Disfagia e sialorreia. • Dor à mobilização do pescoço. • Estridor (raro). EPIGLOTITE AGUDA Infecção bacteriana do tecido que reveste a epiglote e dos tecidos adjacentes. Quadro Clínico • Doença aguda e de curso fulminante. • Febre alta e sinais de toxemia (grave comprometimento do estado geral). • Dor de garganta, disfagia e sialorreia. • Estridor – preditor de uma obstrução de via aérea iminente. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 4 • Posição em tripé – tentativa de melhorar a passagem do ar. Conduta Imediata Garantia de via aérea – via aérea difícil. Etiologia / Tratamento Principal agente: Haemophulis Influenzae B – atualmente não tem uma grande incidência pois esse agente é o da vacina penta. Nos casos clínicos de epiglotite, sempre será falado que o paciente não foi vacinado ou que a situação vacinal é desconhecida. Outros agentes: 1 – S. pneumoniae. 2 – S. pyogenes. 3 – S. aureus. Tratamento: via aérea e ATB. Achado radiológico: sinal do polegar. O diagnóstico é clínico, assim não é recomendado fazer exames de imagem antes de garantir via aérea, uma vez que ao deitar o paciente ele pode ter perda da consciência. LARINGOTRAQUEÍTE VIRAL AGUDA – CRUPE VIRAL Etiologia: Vírus parainfluenza (75% dos casos). Quadro Clínico • Pródromos catarrais. • Febre baixa. • Tosse metálica (CRUPE) – de cachorro. • Estridor. • Rouquidão. Exames Complementares Radiografia simples: achado de um estreitamento infraglótico – sinal da torre / sinal da ponta do lápis. Tratamento Paciente com Estridor em Repouso Paciente sem Estridor em Repouso - NBZ com adrenalina: 0,5 ml/kg até 5 ml. - Corticoide: Dexa. - Corticoide. O principal critério para alta hospitalar é ausência de estridor em repouso após 2 hrs do uso da adrenalina. Diagnóstico Diferencial Laringite Estridulosa – Crupe Espasmódico Quadro Clínico: • Despertar súbito sem pródromos. • Melhora rápida dos sintomas. • O quadro pode recorrer algumas vezes. Traqueíte Bacteriana Quadro Clínico: • Evolui com febre alta e piora clínica. • Resposta parcial ou ausente à NBZ com adrenalina. • Agente: S. aureus. CAUSAS NÃO INFECCIOSAS DE ESTRIDOR Estridor Agudo - Anafilaxia: alterações cutâneo-mucosas e manifestações respiratórias ou cardiovasculares. - Aspiração de corpo estranho. Estridor Crônico - Laringomalácia: causa mais comum de estridor congênito. É iniciado nas primeiras semanas de vida e ocorre piora na posição supina e quando a criança fica agitada. Anotações:
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