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Aula_9_-_IC677_T01_2023-2_Parte_4

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Novembro 2023
Química Inorgânica I (IC677)
Prof. Gustavo B. da Silva
AULA 9:
Introdução à Química do Estado Sólido
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Instituto de Química
Departamento de Química Fundamental
Estruturas cristalinas de sólidos iônicos: exemplos
Sal-gema (NaCl)
Todos os sítios Oh estão ocupados pelos cátions e os sítios Td estão vazios
• Maioria dos haletos de metais alcalinos e de Ag+ além de vários 
calcogênios de metais bivalentes adotam a estrutura sal-gema 
(Tabela 1).
Tabela 1. Sólidos iônicos com estruturas sal-gema (com valores de parâmetro de rede a)
Estruturas cristalinas de sólidos iônicos: exemplos
Cloreto de césio (CsCl)
• Maioria dos haletos de elementos monovalentes grandes e 
compostos intermetálicos (Tabela 2).
Tabela 2. Sólidos iônicos com estruturas cloreto de césio (com valores de parâmetro de rede a)
Estruturas cristalinas de sólidos iônicos: exemplos
Blenda de zinco/esfalerita (ZnS)
• Normalmente compostos que apresentam maior caráter covalente (Tabela 3).
Todos os sítios Oh estão vazios e metade dos sítios Td estão ocupados
Tabela 3. Sólidos iônicos com estruturas blenda de zinco (com valores de parâmetro de rede a)
Estruturas cristalinas de sólidos iônicos: exemplos
Wurtzita (ZnS)
• Calcogênios de metais divalentes que apresentam maior caráter iônico (Tabela 4).
Todos os sítios Oh estão vazios e metade dos sítios Td estão ocupados
Tabela 4. Sólidos iônicos com estruturas wurtzita (com valores de parâmetros de rede a e c)
Estruturas cristalinas de sólidos iônicos
• Resumo das estruturas AB (A+B–, A2+B2–, A3+B3– e AB – compostos intermetálicos)
Estrutura Célula unitária
Número de 
coordenação 
(N.C.)
Número de 
fórmulas 
unitárias (Z)
Caráter de ligação
Sal-gema Cúbica (ecc/cfc) 6 4 Tipicamente iônico
Cloreto de césio Cúbica (P) 8 1
Tipicamente iônico/
Metálico
Blenda de zinco (esfalerita) Cúbica (ecc/cfc) 4 4 Mais covalente
Wurtzita Hexagonal (ech) 4 2 Razoavelmente iônico
A densidade: 𝑑 =
𝑚á𝑡𝑜𝑚𝑜
𝑉𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎
Do número de Avogadro, temos que: 6,022 x 1023 compostos 
AB = massa molar de AB (MM).
Portanto, a massa de um composto AB é =
𝑀𝑀
6,022×1023 𝑜𝑢 =
𝑀𝑀
𝑁𝐴
Por fim, vimos que para esta estrutura sal-gema, Z = 4.
Largura da aresta: l = 2 rcátion + 2 rânion
𝑑 =
4( ൗ𝑀𝑀
𝑁𝐴
)
𝑙3
Estruturas cristalinas de sólidos iônicos
• Expressando a densidade da sal-gema
Exercício: Calcule a densidade (em g.cm–3) do NaCl cujos r(Na+) = 116 pm e r(Cl–) = 167 
pm.
𝑑 =
4( ൗ𝑀𝑀
𝑁𝐴
)
𝑙3
𝑑 =
4[ Τ22,99 + 35,45 𝑔. 𝑚𝑜𝑙−1 (6,022 × 1023 𝑚𝑜𝑙−1)]
[ 2 × 1,16 × 10−8 𝑐𝑚 + 2 × 1,67 × 10−8 𝑐𝑚 ]3
𝑑 = 𝟐, 𝟏𝟒 𝒈. 𝒄𝒎−𝟑
Experimentalmente é 2,14 g.cm–3
Estruturas cristalinas de sólidos iônicos
• Expressando a densidade da sal-gema
Estruturas cristalinas de sólidos iônicos: N.C.
Fluorita (CaF2) Rutilo (TiO2)
N.C. (Ca2+) = 8 e N.C. (F–) = 4 N.C. (Ti4+) = 6 e N.C. (O2–) = 3
Estruturas cristalinas de sólidos iônicos: Z
Fluorita (CaF2) Rutilo (TiO2)
Número de fórmulas 
unitárias na célula: 
Z = 2
a) Ocupação dos cátions:
8 íons nos vértices x 1/8 = 1 + 6 íons nas faces x 
½ = 3 → Há 4 cátions na célula unitária
b) Ocupação dos ânions:
8 íons no interior = 8
Há 8 ânions na célula unitária
Número de fórmulas 
unitárias na célula: 
Z = 4
a) Ocupação dos cátions:
8 íons nos vértices x 1/8 = 1
1 íon no interior = 1
Há 2 cátions na célula unitária
b) Ocupação dos ânions:
4 íons nas faces x ½ = 2
2 íons no interior = 2
Há 4 ânions na célula unitária
Estruturas cristalinas de sólidos iônicos: exemplos
Fluorita (CaF2)
• Óxidos e demais calcogênios de metais alcalinos adotam uma estrutura antifluorita 
enquanto fluoretos de metais grandes e divalentes e óxidos de metais tetravalentes 
cristalizam num arranjo fluorita (Tabela 5).
Tabela 5. Sólidos iônicos com estruturas fluorita/antifluorita (com valores de parâmetros de rede a)
Todos os sítios Oh estão vazios e os sítios Td ocupados
Estruturas cristalinas de sólidos iônicos: exemplos
Rutilo (CaF2)
• Fluoretos de metais divalentes e óxidos de metais tetravalentes cristalizam num arranjo 
rutilo (Tabela 6).
Tabela 6. Sólidos iônicos com estruturas rutilo (com valores de parâmetros de rede a e c)
Energia de rede dos sólidos iônicos
• Energia liberada (energia de estabilização) 
quando dois íons se aproximam do infinito para 
formar o cristal:
M+
(g) + X–
(g) → MX(s) + energia
• O modelo eletrostático pode ser utilizado, porém 
energias não eletrostáticas, como as provenientes 
das repulsões das camadas internas, forças de 
dispersão e do ponto zero devem ser incluídas na 
descrição da ligação.
• O tratamento teórico da energia de rede foi 
iniciado por Born e Landé.
Forças repulsivas de Born
Forças atrativas 
de Coulomb
Energia de rede dos sólidos iônicos
• Da lei de Coulomb:
• Dessa forma, a energia do par iônico M+X– é dada por:
𝐸 =
𝑍+𝑍−
4𝜋𝜀𝑜𝑑
𝐸𝑐 =
𝑍+𝑍−𝑒2
4𝜋𝜀𝑜𝑑
• Na rede cristalina, é necessário levar em 
consideração as interações na disposição 
geométrica adotada → constante de 
Madelung (A)
• Em geral, o valor de A aumenta com o 
número de coordenação (N.C.) já que 
átomos vizinhos levam a uma maior 
contribuição. 
Tipo de estrutura A
Cloreto de césio 1,763
Fluorita 2,519
Sal-gema 1,748
Rutilo 2,408
Blenda de zinco 1,638
Wurtzita 1,641
Tabela 7. Constantes de Madelung.
1) Equação de Born-Mayer
• Associada à energia gasta para separar dois íons no estado sólido;
• A equação de Born-Mayer para as entalpias de rede nos permite justificar a 
sua dependência com as cargas e os raios dos íons nos sólidos:
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
𝑁𝐴 𝑍+𝑍− 𝑒2
4𝜋𝜀𝑜𝑑𝑜
1 −
𝑑
𝑑𝑜
𝐴
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 ∝
𝑍+𝑍−
𝑑𝑜
Energia de rede dos sólidos iônicos
1) Equação de Born-Mayer
• Uma outra contribuição para a entalpia é a interação de van der Waals entre 
íons e moléculas (interação de dispersão ou ”interação de London”)
• Surge das flutuações transientes na densidade eletrônica de uma molécula 
(momento de dipolo) que provoca uma flutuação na densidade da molécula 
vizinha, ocorrendo uma atração entre dois dipolos elétricos instantâneos.
• Para íons polarizáveis (como I– e Te+), tais termos podem contribuir 
significativamente.
𝐸𝑝 =
−𝑁𝐴𝐶
𝑑6
Energia de rede dos sólidos iônicos
1) Equação de Born-Mayer
• Exercício: determine a energia de rede do LiF (estrutura 
sal-gema) a partir da equação de Born-Mayer.
Energia de rede dos sólidos iônicos
Resolução:
De uma tabela de raios iônicos, temos para N.C. = 6: r(Li+) = 90 pm e 
r(F–) = 119 pm.
Portanto:
Tipo de estrutura A
Cloreto de césio 1,763
Fluorita 2,519
Sal-gema 1,748
Rutilo 2,408
Blenda de zinco 1,638
Wurtzita 1,641Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
𝑁𝐴 𝑍+𝑍− 𝑒2𝐴
4𝜋𝜀𝑜𝑑𝑜
1 −
𝑑
𝑑𝑜
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
(6,022 × 1023 𝑚𝑜𝑙−1) (+1)(−1) (1,602 × 10−19 𝐶)2
4𝜋(8,854 × 10−12 𝐶2. 𝐽−1. 𝑚−1)(2,09 × 10−10 𝑚)
1 −
34,5 𝑝𝑚
209 𝑝𝑚
1,748
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 = 9,70 × 105 𝐽. 𝑚𝑜𝑙−1 Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 = 𝟗𝟕𝟎 𝒌𝑱. 𝒎𝒐𝒍−𝟏
1) Equação de Born-Mayer
• Exercício: determine a energia de rede do CaCl2 (estru-
tura rutilo) a partir da equação de Born-Mayer.
Energia de rede dos sólidos iônicos
Resolução:
De uma tabela de raios iônicos, temos para N.C. = 6: r(Ca2+) = 114 pm 
e r(Cl–) = 167 pm.
Portanto:
Tipo de estrutura A
Cloreto de césio 1,763
Fluorita 2,519
Sal-gema 1,748
Rutilo 2,408
Blenda de zinco 1,638
Wurtzita 1,641Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
𝑁𝐴 𝑍+𝑍− 𝑒2𝐴
4𝜋𝜀𝑜𝑑𝑜
1 −
𝑑
𝑑𝑜
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
(6,022 × 1023 𝑚𝑜𝑙−1) (+2)(−1) (1,602 × 10−19 𝐶)2
4𝜋(8,854 × 10−12 𝐶2. 𝐽−1. 𝑚−1)(2,81 × 10−10 𝑚)
1 −
34,5 𝑝𝑚
281 𝑝𝑚
2,408
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 = 2,09 × 105 𝐽. 𝑚𝑜𝑙−1 Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 = 𝟐𝟎𝟗𝟎 𝒌𝑱. 𝒎𝒐𝒍−𝟏
2) Equação de Born-Landé
• Valores dos expoentes de Born (n):
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
𝐴𝑁𝐴𝑍+𝑍−𝑒2
4𝜋𝜀𝑜𝑑𝑜
1 −
1
𝑛
Configuração do íon n
He 5
Ne 7
Ar, Cu+ 9
Kr, Ag+ 10
Xe, Au+ 12
Energia de rede dos sólidos iônicos
A depende somente da 
geometria darede
2) Equação de Born-Landé
• Os resultados obtidos são bastante satisfatórios e se adequam próximos ao 
valor experimental;
• O modelo iônico é razoavelmente válido quando a diferença de 
eletronegatividade é maior que 2, porém a ligação se torna mais covalente 
quando for menor que 2;
• A eletronegatividade ignora a polarização.
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 = 1,39 × 105 𝑘𝐽. 𝑚𝑜𝑙−1 𝑝𝑚
𝑍+𝑍−𝐴
𝑑𝑜
1 −
1
𝑛
 
Energia de rede dos sólidos iônicos
2) Equação de Born-Landé
• Exercício: determine a energia de rede do LiF (estrutura sal gema) a partir 
da equação de Born-Landé.
Energia de rede dos sólidos iônicos
Resolução:
De uma tabela de raios iônicos, temos para 
N.C. = 6: r(Li+) = 90 pm e r(F–) = 119 pm.
Portanto: Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
𝐴𝑁𝐴𝑍+𝑍−𝑒2
4𝜋𝜀𝑜𝑑𝑜
1 −
1
𝑛
Tipo de estrutura A
Cloreto de césio 1,763
Fluorita 2,519
Sal-gema 1,748
Rutilo 2,408
Blenda de zinco 1,638
Wurtzita 1,641
Configuração do íon n
He 5
Ne 7
Ar, Cu+ 9
Kr, Ag+ 10
Xe, Au+ 12
2) Equação de Born-Landé
• Exercício: determine a energia de rede do LiF (estrutura sal gema) a partir 
da equação de Born-Landé.
Energia de rede dos sólidos iônicos
Resolução:
De uma tabela de raios iônicos, temos para N.C. = 6: r(Li+) = 90 pm e r(F–) = 119 pm.
Portanto: Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
1,748 × (6,022 × 1023 𝑚𝑜𝑙−1)(+1)(−1) (1,602 × 10−19 𝐶)2
4𝜋(8,854 × 10−12 𝐶2. 𝐽−1. 𝑚−1)(2,09 × 10−10 𝑚)
1 −
1
6
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 = −𝟗𝟔𝟗 𝒌𝑱. 𝒎𝒐𝒍−𝟏
Energia liberada na formação do LiF
2) Equação de Born-Landé
• Exercício: determine a energia de rede do CaCl2 (estrutura rutilo) a partir da 
equação de Born-Landé.
Energia de rede dos sólidos iônicos
Resolução:
De uma tabela de raios iônicos, temos para 
N.C. = 6: r(Ca2+) = 114 pm e r(Cl–) = 167 pm.
Portanto: Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
𝐴𝑁𝐴𝑍+𝑍−𝑒2
4𝜋𝜀𝑜𝑑𝑜
1 −
1
𝑛
Tipo de estrutura A
Cloreto de césio 1,763
Fluorita 2,519
Sal-gema 1,748
Rutilo 2,408
Blenda de zinco 1,638
Wurtzita 1,641
Configuração do íon n
He 5
Ne 7
Ar, Cu+ 9
Kr, Ag+ 10
Xe, Au+ 12
2) Equação de Born-Landé
• Exercício: determine a energia de rede do CaCl2 (estrutura rutilo) a partir da 
equação de Born-Landé.
Energia de rede dos sólidos iônicos
Resolução:
De uma tabela de raios iônicos, temos para N.C. = 6: r(Ca2+) = 114 pm e r(Cl–) = 167 pm.
Portanto: Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
2,408 × (6,022 × 1023 𝑚𝑜𝑙−1)(+2)(−1) (1,602 × 10−19 𝐶)2
4𝜋(8,854 × 10−12 𝐶2. 𝐽−1. 𝑚−1)(2,81 × 10−10 𝑚)
1 −
1
9
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 = −𝟐𝟏𝟏𝟕 𝒌𝑱. 𝒎𝒐𝒍−𝟏
Energia liberada na formação do CaCl2
3) Equação de Kapustinskii
• Usada para estimar as energias de rede de compostos iônicos e fornece uma 
medida dos raios termodinâmicos de seus íons.
• Onde: K = 1,21 x 105 kJ.pm/mol e n é o número de íons por fórmula unitária.
• Por exemplo: NaCl = possui um Na+ e um Cl–, logo n = 2.
• Essa abordagem é utilizada só para sistemas com N.C. = 6.
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
𝑛 𝑍+𝑍−
𝑑𝑜
1 −
𝑑
𝑑𝑜
𝐾
Energia de rede dos sólidos iônicos
3) Equação de Kapustinskii
• Exercício: estime a entalpia de rede do fluoreto de lítio usando a equação de 
Kapustinskii, sabendo que este sal cristaliza em uma estrutura de sal gema.
• Exercício: estime a entalpia de rede do cloreto de cálcio usando a equação 
de Kapustinskii, sabendo que o sal anidro cristaliza na forma rutilo.
Δ𝐻𝑅𝑒𝑑𝑒 =
𝑛 𝑍+𝑍−
𝑑𝑜
1 −
𝑑
𝑑𝑜
𝐾
Energia de rede dos sólidos iônicos
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