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Tal entendimento será fundamentado sob a égide do Federalismo de Cooperação, cuja pedra de toque está nas competências concorrente - também chamada de competência suplementar - e comum – essa entendida como a grande inovação do sistema de repartição. Nesse ínterim, será tratada a questão do Anteprojeto da CRFB/88, também chamada de Comissão Afonso Arinos e se encontra fundamentada no precedente do art. 10º da Carta de 1934, dispositivo cujo correspondente reside no texto do art. 23 da CF atual, que tem por base os pressupostos da Constituição da República Federativa da Alemanha, a Lei Fundamental de Bonn, de 1949. Analisar a nova modalidade de competência – comum – bem como a sua forma de repartição entre as três esferas, será de suma importância para a perfeita compreensão do significado do termo Interesse Local, visto que a autonomia municipal encontra seu limite nos Interesses dos Estados-membros e Distrito Federal (Regionais) e da União (Nacional). Aqui se encerra o primeiro Plano, o do Interesse Local, tendo no Município o seu campo de atuação. O Segundo Plano deste Trabalho consiste na introdução do conceito de Interesse Translocal, como esse novo Interesse evoluiu no cenário brasileiro e de que forma ele interagiu com o Interesse Local do Município a ponto de se tornar o fundamento fático dos Consórcios Públicos Intermunicipais. Entretanto, deve-se ressalvar que o ente jurídico imediatamente superior ao Local é o Estadual, sendo os Consórcios Públicos Intermunicipais considerados entes políticos, e não jurídicos, pois não fazem parte da estrutura federalista brasileira formal. Em linhas gerais, os Consórcios Públicos constituem-se em parcerias formadas por dois ou mais entes da federação, para a “realização de objetivos de Interesse comum, em qualquer área21”. Com a instituição da Competência Comum, os 21 BRASIL. Comentários sobre Consórcios Públicos. Disponível em: <http//www.planalto.gov.br>. Acesso em: 19 jul. 2015. (grifo do autor) Nesse mesmo sentido: “Consórcio, do latim consortiu, implica a idéia de associação, ligação, união e, no âmbito das relações intermunicipais, nada mais apropriado do que a formação de entidades visando o estudo, o acompanhamento, o diagnóstico das soluções que, via de regra, envolvem municípios limítrofes e com problemas que se identificam numa ordem cada vez mais crescente em função de forte demanda dos administrados”. http://www.planalto.com.br/ Municípios passaram a ter liberdade política para tratar da organização de seus serviços públicos e de seus Interesses Locais, podendo para tal organizarem-se em Consórcios Intermunicipais, outrora chamados de Associações de Municípios. Hely Lopes Meirelles, ao referir-se a tal Instituto, costumava identificá-lo como uma “Autarquia Interfederativa”22, visto que, na forma do §1o do art. 6o do mesmo diploma23, um Consórcio Público que assumir personalidade de pessoa jurídica de direito público integra a Administração Pública Indireta de cada um dos entes consorciados, ainda que de distintas esferas. Nesse sentido, o referido autor entendia que os Consórcios Intermunicipais consistiam em acordos firmados entre entidades estatais, autárquicas e paraestatais, sempre da mesma espécie, para realização de objetivos comuns dos partícipes24. Nesse contexto, a apresentação de um segundo segmento histórico faz-se tão importante quanto a primeira apresentação histórica pois, como já salientado, o Interesse Translocal está intimamente ligado à Autonomia Municipal e suas nuances, ao longo de nossa história constitucional, “marcada por fases de plenitude e períodos de queda e de negação”25. Um Consórcio Público Intermunicipal é reflexo da Autonomia Municipal, visto que “a criação deste tipo de associação independe de sua menção explícita nas leis constitucionais, já que os Municípios podem, em qualquer tempo, criá-las, desde que gozem de autonomia quanto à organização de seus serviços”26. Assim, depreende-se que, onde há Autonomia Local, é faticamente possível a formação de um Consórcio Intermunicipal para o oferecimento eficaz de dado serviço, pois haverá liberdade para TORRES, L. A. G. Consórcio Intermunicipal: Estudos, Pareceres e Legislação Básica. Informativo Jurídico do Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (CEPAM) no 11. São Paulo: CEPAM/Fundação Prefeito Faria Lima, 1995. p. 35. 22 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 33. ed. São Paulo: Malheiros, 2007. p. 379. 23 “Art. 6o O consórcio público adquirirá personalidade jurídica: (...) § 1o O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados”. BRASIL, Lei Nº 11.107, de 06 de abril de 2005. Planalto. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm>. Acesso em: 19 jul. 2015. 24 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro. 16ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 433-434. 25 HORTA, Raul Machado. Direito Constitucional. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2002. p. 450. 26 TAVARES, Hermes. Planejamento Microrregional e Consórcios Intermunicipais. Revista de Administração Municipal. Rio de Janeiro: v. 24, n. 144, set./out. 1992. p. 53-64. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm Márcia Regina Zok da Silva Márcia Regina Zok da Silva
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