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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” ECO 5024 - Agricultura, Sociedade e Natureza As Políticas Públicas como ferramenta para a adaptação da legislação sanitária voltada para a regulamentação de pequenos produtores e produtores artesanais de alimentos e sua inserção no mercado Discente: Thayná Caroline Baldini Guedes Piracicaba/SP 2023 SUMÁRIO Introdução 3 O debate acerca da adaptação da legislação sanitária de alimentos para a produção de pequeno porte e artesanal no Brasil 5 As políticas públicas de segurança alimentar e a necessidade de ampliação de suas ações através da teoria das justificações 8 Conclusão 11 Referências Bibliográficas 12 Introdução Os caminhos pelos quais a sociedade contemporânea foi se moldando despertou a necessidade da construção de uma ferramenta para mitigação dos impactos resultantes da configuração moderna, as políticas públicas. Com o avanço do capitalismo, da mercadoria, da fragmentação a partir da divisão social do trabalho e da industrialização, houve o agravamento de problemas de integração da sociedade, levantando assim uma necessidade de ordenar os setores como uma forma de coordenação, cabendo ao Estado o cumprimento deste papel. Dessa forma, com a inter-relação entre diversos setores e, inclusive, entre objetivos conflitantes, as políticas públicas emergem enquanto dispositivos na tentativa de diminuir a incompatibilidade de atores divergentes, com o Estado enquanto mediador (LIMA; SCHABBACH, 2020). Com o tempo e com as necessidades sociais e econômicas cada vez mais latentes, as políticas públicas acabam adquirindo um conceito muito mais amplo do que somente um instrumento técnico, que propõe um diálogo entre dois fatores analisados por Pierre Muller, em sua abordagem de análise de políticas públicas: autorreferencialidade e auto reflexividade, ou seja, na relação entre como a sociedade se enxerga e como ela age sobre si, na intenção de transformação dela mesma. Ainda que, em sua origem, as políticas públicas possuíam como principal meta sustentar o avanço da industrialização baseado na preservação da ordem social e de classe, eventualmente incorporaram o desafio de regulação entre todas as partes da sociedade, a fim de superar as desigualdades colocadas entre as divisões que a compõem, mesmo frente às suas contradições (LIMA; SCHABBACH, 2020). É importante aqui colocar que, sendo as políticas públicas um instrumento do Estado, os períodos nos quais elas são construídas e elaboradas sofrem impactos das dinâmicas e regimes predominantes, e são frutos de contradições expressas pelas falhas estruturais, bem como são dependentes da liberdade de atuação dos atores. Isso significa que elas não somente são colocadas a partir de mudanças de ideais, mas sim frente a crises provenientes do próprio sistema, numa relação de tentativa de ajustes entre a esfera global e setorial, que abrem possibilidade de movimentação de atores que buscam a transformação dessas contradições, bem como dependem de determinadas condições para serem aplicadas e gerenciadas. Em outras palavras, são suscetíveis à governabilidade vigente e sua predisposição à pressão dos setores interessados nas criações e aplicações das políticas públicas (LIMA; SCHABBACH, 2020). Ainda assim, mesmo com essas dificuldades mencionadas acima, a importância dessas políticas é indiscutível. Trazendo este aspecto para a atualidade, e utilizando como exemplo uma política pública aplicada no Brasil, temos o caso do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), estabelecido pelo artigo 19 da Lei nº 10.696, de 2 de julho de 2003, para a realização de compras por vias institucionais de alimentos produzidos pela agricultura familiar, visando diversificar saídas para a comercialização desses produtos e colaborar com o desenvolvimento desse setor. Essa iniciativa surgiu após uma série de acontecimentos marcantes tais como o surgimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), da instauração do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA), do Programa Fome Zero, dentre outros elementos fundamentais que se colocaram enquanto referenciais para este avanço no país (MARQUES, 2022). Toda essa trajetória é marcada pelo avanço de debates acerca da Segurança e Soberania Alimentar, que se constitui de inúmeras camadas que envolvem a multifuncionalidade da agricultura, os circuitos curtos de comercialização, e o desenvolvimento da sustentabilidade na agricultura, proporcionando, através do PAA, a regulamentação para facilitar a compra desses alimentos e direcioná-los a Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias e Banco de Alimentos. Dessa maneira, impacta na geração e garantia de renda das famílias beneficiadas, na aplicação de técnicas mais ecológicas de produção de alimentos a partir da necessidade de diversificação dos produtos incentivando a agroecologia, bem como também na promoção de uma alimentação mais saudável, não somente para as famílias que consomem sua própria produção, mas também para aqueles que usufruem da mesma visto que os alimentos possuem tendência a serem produzidos livres de venenos e contaminantes (MARQUES, 2022). Inclusive, é interessante mencionar a variedade de alimentos que são adquiridos no PAA tais como: alimentos in natura (frutas, hortaliças, legumes, fabio Destacar fabio Máquina de escrever Não se relacionada diretamente com o surgimento do MST, que se deu na déc de 1980, mas sim com pressões de movimentos sociais em defesa da agricultura familiar e SSAN raízes, ovos, carnes, cereais e mel), alimentos da agroindústria familiar (queijos, polpas, doces, farinhas, pães, bolos e conservas) e produtos da sociobiodiversidade (açaí, castanha-do-brasil e azeite de babaçu) (SAMBUICHI, R. H. R.; SILVA, S. P., (2023). Mas, um elemento que deve ser levado em consideração é de que o PAA é voltado especificamente para a agricultura familiar e, consequentemente, muitos pequenos produtores e produtores artesanais que não se encaixam na categoria não podem se beneficiar por essa política pública. Há, no Brasil, um debate em ascensão nos últimos anos no que se refere à adaptação da legislação sanitária de produção de alimentos para que outros tipos de pequenos produtores possam ter a oportunidade de se inserir no mercado, visto que a legislação de alimentos por si só é majoritariamente voltada para a produção em larga escala e para a indústria, o que marginaliza outras modalidades de pequenos produtores, que se mantêm na informalidade por não conseguirem se adequar às normas (DA CRUZ, 2020). O debate acerca da adaptação da legislação sanitária de alimentos para a produção de pequeno porte e artesanal no Brasil Há alguns anos, vem crescendo discussões sobre como a legislação brasileira de produção de alimentos tem, em seu seio, a especificidade de ser mais voltada para indústrias de grande porte e que, consequentemente, afeta diretamente produções pequenas e artesanais. O que acontece é que, de forma geral, a lei desconsidera que existem dinâmicas diferentes para cada tipo de produção, sendo assim necessárias exigências diferentes para cada uma. Os parâmetros colocados, que é importante mencionar aqui que são extremamente relevantes para a indústria em larga escala, são os mesmos aplicados para produções mais caseiras, de origem familiar, e que muitas vezes esses produtores não conseguem alcançar estes parâmetros e, portanto, não regulamentam suas produções. Somente em 2013 foi estabelecida uma Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) n°49/2013, que finalmente reconhecia a necessidade de caracterização deste setor e que minimamente alavancou algumas mudanças na direção do reconhecimento da pequena produção de alimentos (CINTRÃO, 2017; DA CRUZ, 2020). fabio Destacar fabio Máquina de escrever Esses tb se encaixam na categoria de "agricultura familiar", o que os excluí não é a categoria,mas o rigor das normas sanitárias e a falta de acesso às PP. Algo interessante a ser citado, é que esse processo de uma legislação extremamente rigorosa foi intensificado especialmente nos anos 1990, com uma reestruturação das cadeias agroindustriais graças à liberalização econômica e comercial e à globalização, ou seja, existiram uma série de acontecimentos que pressionaram as grandes cadeias produtivas a alcançarem um padrão mais elevado nos quesitos de sofisticação e de alto uso de novas tecnologias, caminhando para uma chamada “modernização conservadora”, cuja complexidade demandava mais controle legislativo. Com isso, a legislação foi se adaptando a essa realidade das multinacionais e da produção em larga escala extremamente tecnológica, promovendo um processo mais exacerbado de concentração e de especialização, e acarretando em um outro processo ainda maior de marginalização da produção familiar de pequeno porte e artesanal. Além de que também houveram diversos acontecimentos que evidenciaram a necessidade de maior rigor no quesito sanitário da produção industrial e que repercutiram internacionalmente, como a gripe aviária e a gripe suína (WILKINSON; MIOR, 2013; CINTRÃO, 2017). Também é interessante colocar que existe uma importante diferença entre o que é considerado informal e o que é considerado ilegal. O informal indica que os produtos não são proibidos, mas sim, que não correspondem ao quadro legal vigente de regulações, sendo, nesse caso, voltados à instalações ou normas técnicas de produção. As normas colocadas, a propósito, são apontadas em alguns casos como uma imposição de interesses e enquanto uma barreira travada justamente para diminuir a competição e concentrar o mercado, pois como é difícil estar de acordo com o que é exigido, somente aqueles que conseguem acabam tendo amplo acesso ao mercado, assim como também conseguem influenciar nas decisões legais que afetam a todos da categoria. Existe, portanto, uma forte correlação entre produção de pequeno porte e o setor informal, principalmente no quesito de falta de capital para adaptação de sua produção às exigências estabelecidas (WILKINSON; MIOR, 2013). Como foi mencionado na introdução, existem avanços significativos quando se fala em agricultura familiar, ou seja, no estabelecimento de legislação para agroindústrias familiares e também o surgimento de políticas públicas para a inserção dessa modalidade de produção no mercado, principalmente institucional. Porém, existe uma alta invisibilidade quando se trata de processamento em âmbito fabio Máquina de escrever , padronização doméstico, por exemplo, e também, existem poucos trabalhos voltados para essa problemática, evidenciando essa invisibilidade. Mas, ainda assim, vale ressaltar que isso não significa que esse tipo de produção não seja significativa, apesar de em grandes números ser majoritariamente de origem informal (DA CRUZ, 2020). Outro fator relevante a ser colocado é que a dinâmica de produção em pequena escala e em circuitos curtos de comercialização se diferencia significativamente da produção em larga escala, em diversos aspectos tais como o tamanho da produção, a mão-de-obra, as técnicas de fabricação, e o próprio conceito mais voltado ao artesanal. Muito dessa produção ocorre em ambiente domiciliar, o que dificulta ainda mais a regulamentação, mas que constitui de uma importante fonte de renda para inúmeras famílias. Além de que, a regulamentação e regularização desse setor produtivo tem relação intrínseca com os objetivos de segurança e soberania alimentar, no que diz respeito à, por exemplo, valorização da cultura alimentar local e ao fortalecimento de técnicas mais sustentáveis e rudimentares de produção, à facilitação do acesso a alimentos de qualidade para a população através do fortalecimento de circuitos curtos de comercialização, que baseiam a distribuição desses tipos de alimentos, ao incentivo a uma alimentação mais saudável com menos uso de químicos na produção, e à geração de renda para a população através da regulamentação dessas atividades (CINTRÃO, 2017). Por fim, um aspecto importante também que fundamenta o debate é a concepção, considerada errônea por diversos autores, de que as leis e exigências aplicadas atualmente são estritamente de cunho científico, e que a base das mesmas tem caráter neutro. No entanto, a concepção moderna de risco traz consigo uma carga social, cultural e política desenvolvida através dos anos. Isso explica, por exemplo, a tendência de achar que o que não é proveniente de uma produção industrial apresenta altos riscos à saúde da população, por estar pré-estabelecido que o padrão de higiene e inocuidade dos alimentos correto a ser seguido é o mesmo das grandes indústrias, e que o que foge deste padrão automaticamente não deve ser confiável. Aqui é interessante fazer um adendo de que muitas dessas produções são tradicionais, feitas há muitos anos e com conhecimentos passados de geração em geração. Mesmo que não haja uma base considerada científica, ou mesmo o padrão tecnológico avançado, isso não significa que não exista todo um procedimento de higienização e boas práticas de fabricação por parte dos fabio Destacar fabio Máquina de escrever tradicionais produtores, os quais inclusive possuem maior controle sobre a produção, justamente por toda sua cadeia ser realizada em um mesmo ambiente, com menos atravessadores, e pelo próprio núcleo familiar. Não parece justo, dessa forma, desqualificar uma produção simplesmente porque ela não atende a um padrão que na realidade não corresponde com a sua dinâmica. Também, é importante considerar a carga cultural e diversa que a produção de alimentos nesse âmbito compõe, de forma que sua valorização traz consigo, intrinsecamente, o reconhecimento de identidades territoriais e de conhecimentos tradicionais (CINTRÃO, 2017; DA CRUZ, 2020). As políticas públicas de segurança alimentar e a necessidade de ampliação de suas ações através da teoria das justificações A orientação produtivista na elaboração e implementação de políticas públicas voltadas para a produção de alimentos, alavancada num período de modernização da agricultura, tem sido bastante questionada nos últimos tempos, visto que a justificativa de distribuição em grande quantidade e a preços acessíveis (definição preliminar de segurança alimentar) tem apresentado um custo elevado no que diz respeito aos aspectos ambientais e sociais. Dessa forma, existe todo um processo de redefinição do que seria o termo de segurança alimentar e a inclusão do termo soberania, se voltando ao questionamento frente aos problemas acarretados pela produção em larga escala tanto no quesito de sanidade quanto de qualidade alimentar, considerando os impactos negativos sobressalentes (MARQUES, 2013). Dessa forma, a elaboração, ampliação e aplicação de políticas públicas tem se ancorado sobre outras justificações que não somente mercantil e industrial, mas sim de natureza cívica e doméstica na perspectiva de um referencial voltado à sustentabilidade e democratização da participação popular na tomada de decisões voltadas para interesses gerais. Aqui, elementos como pleno emprego, geração de renda, tradição, localidade, confiança e coletividade tomam a frente para a concepção de alternativas que possam mitigar as profundas desigualdades fabio Destacar fabio Máquina de escrever Me parece que ficou um título ambíguo. A teoria das justificações serve de análise, mas não como meio para ampliar as ações das PP. demarcadas pelo capitalismo e pela noção produtivista da distribuição de alimentos para a população. Ainda assim, o aspecto mercantil permanece, pois a defesa de agriculturas familiares e produções locais, por exemplo, colabora na construção de normas que ajudam a manter a dinâmica e coesão de comunidades, através do fortalecimento da economia local e de aspectos culturais das localidades em particular (MARQUES, 2013). É nessa perspectiva quefoi desenvolvida a Política Nacional de Segurança Alimentar (PNSA) como um importante marco no avanço da mudança de concepção sobre o conceito de segurança alimentar no Brasil. Essa proposta foi liderada em oposição ao governo de Fernando Collor de Melo, pelo chamado governo paralelo, enquanto estratégia, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva. Com a deposição de Collor e com a constituição do governo Itamar Franco, alavancou a implementação de variadas iniciativas em prol da segurança alimentar, abarcado pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA), instituído posteriormente ao PNSA. Além de que, o CONSEA colaborou com a formação de comitês organizados da Ação de Cidadania contra a Fome e a Miséria em favor da Vida e, depois, realizando a primeira Conferência Nacional de Segurança Alimentar em 1994, ainda nessa perspectiva de ressignificação, a partir da concepção cívica, do conceito de soberania e segurança alimentar (MARQUES, 2013) Houve, também, o importante papel da Via Campesina com o marco importante de sua participação na Cúpula Mundial da Alimentação em Roma, em 1996, a partir de sua defesa a agriculturas locais baseada na priorização da produção agrícola local, medidas de acesso a crédito e acesso fundiário a agricultores, o favorecimento de uma produção camponesa ecológica e sustentável e o direito à participação popular em âmbito legal. Foi a partir dessas mobilizações que as ações públicas ganharam mais força e passaram a ter uma orientação muito mais ampla do que somente o acesso à alimentação e a distribuição em larga escala a priori estabelecido. E que o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) ou mesmo o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foram elaborados e implementados sob o ponto de vista mais profundo e mais amplamente discutido desde então (MARQUES, 2013). Considerando o ponto de vista de Pierre Muller com base nos referenciais mencionados acima e com toda a problemática apresentada, o qual explicita que as políticas públicas são baseadas em uma representação da realidade que as referenciam (MORUZZI, 2013), que a profundidade das necessidades identificadas pela população vão se aflorando e tomando mais forma. É nesse contexto que neste trabalho, se coloca o surgimento da adaptação das políticas públicas para tais necessidades, a destacar a mudança na legislação para abranger de forma considerável os pequenos produtores e produtores artesanais de alimentos. Pois, se por um lado existem alguns avanços, por outro ainda há muitas transformações que se colocam enquanto necessárias. Aqui serão colocadas reflexões acerca de como as políticas públicas podem contribuir para o processo de adaptação da legislação de alimentos, com base em toda a argumentação já levantada. Utilizando o PAA enquanto exemplo, o qual considera produtores da agricultura familiar e estabelece exigências mínimas que devem ser contempladas para adentrar ao programa, é interessante colocar que tais exigências podem ser aplicadas para abranger diversos outros tipos de produtores. Inclusive, mesmo que sob uma perspectiva mais rural do programa, sua base pode ser analisada para ser ampliada a nível urbano, estabelecendo parâmetros gerais e ao mesmo tempo também reconhecendo a multiplicidade de configurações de produção. Nesse aspecto, quando se fala em participação popular como citado anteriormente, o uso de consultas públicas e o fortalecimento de espaços de participação de pequenos produtores e produtores artesanais se faz necessário para que haja uma elaboração conjunta e coletiva de alternativas que possam ter impactos mais concretos. A propósito, com o reconhecimento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no que se refere a essa problemática, existe a construção desses espaços participativos, ainda que limitados, para favorecer o diálogo entre os agentes fiscalizadores e os produtores em questão (CINTRÃO, 2017). O próprio papel das agências fiscalizadoras tem sido colocado a prova, visto que o desenvolvimento de suas ações foi reforçado por um caráter punitivista e policialesco, algo bastante criticado por diversos autores, e deixado de lado o caráter orientador que deveria ser impulsionado com base no fortalecimento do diálogo e na participação dos pequenos produtores na tomada de decisões. A RDC fabio Destacar fabio Máquina de escrever Me parece que isso não é um problema dentro do PAA, pelo contrário, ele é capaz de abranger a diversidade de agriculturas tanto rurais quanto urbanas, desde que organizadas em associações ou cooperativas. nº49/2013 é um exemplo de abertura de espaço para esse tipo de trocas, visto que para sua construção foram realizadas consultas públicas para garantir maior êxito na abrangência de suas diretrizes, bem como para facilitar na categorização de algumas modalidades de produção de pequeno porte no Brasil (CINTRÃO, 2017). Fica claro que com um esforço coletivo entre agências fiscalizadoras, órgãos estatais, movimentos sociais e outras organizações da sociedade civil, e a participação direta de pequenos produtores e produtores artesanais nas tomadas de decisão, apesar da complexidade, é possível que traga bons frutos para o desenvolvimento da categoria. As políticas públicas, nesse âmbito, detêm o potencial de cumprir seu papel de mediadoras e estabelecer cada vez mais alternativas que contemplem as demandas do setor. Utilizando modelos de políticas públicas já existentes e em vigor, como o caso do PAA citado acima, em parceria com órgãos municipais e estaduais que, inclusive, alguns já apresentam normas específicas para a fabricação e comercialização de alimentos artesanais, forma-se uma rede de colaboração para facilitar mudanças nesse sentido de maneira mais ampla. Aqui um adendo específico à uma legislação do Estado de Santa Catarina, com a Lei Estadual nº10.610, de 1997, que abriu espaço para normas sanitárias adequadas à elaboração e comercialização de produtos artesanais de origem animal e vegetal (DA CRUZ, 2020). Conclusão A importância das políticas públicas e de seu papel para a sociedade é evidente. Esse dispositivo carrega um enorme potencial para abranger as demandas apresentadas pelo presente trabalho, contemplando cada vez mais as necessidades levantadas pelo setor de produção de pequeno porte e artesanal de alimentos. A valorização e regulamentação das atividades dessa categoria se faz fundamental para que haja crescimento efetivo não somente dos empreendimentos, mas também das economias locais e consequentemente da economia nacional. Além disso, o movimento que está sendo realizado atualmente em direção aos objetivos que envolvem a soberania e segurança alimentar demandam um olhar mais cuidadoso para com os pequenos produtores e produtores artesanais, de fabio Destacar fabio Máquina de escrever aprimoramento de PP adequadas e condizentes à categoria (?). forma a buscar maneiras, principalmente alicerçadas sobre as políticas públicas, para mitigar os problemas estruturais nos quais se baseiam as desigualdades enfrentadas pelo povo brasileiro. E, também, para colaborar na mudança de paradigmas contemporâneos, em busca de melhorar as condições materiais através de ações que interfiram diretamente nas raízes dos problemas atuais. Referências Bibliográficas CINTRÃO, Rosângela Pezza. Segurança alimentar, riscos, escalas de produção - Desafios para a regulação sanitária. 2017. Disponível em: https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/view/971. Acesso em: 04 jan. 2024. DA CRUZ, Fabiana Thomé. Agricultura familiar, processamento de alimentos e avanços e retrocessos na regulamentação de alimentos tradicionais e artesanais. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/resr/a/SgJJgFpm3hYySw4jfXYg9dH/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 04 jan. 2024. LIMA, Luciana Leite; SCHABBACH, Letícia Maria (org.). Políticas Públicas: questões teórico-metodológicas emergentes. Questões teórico-metodológicas emergentes. 2020.Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7983602/mod_resource/content/1/C%C3%A 1tia%20Grisa%20pol%C3%ADticas%20p%C3%BAblicas%20UFRGS.pdf. Acesso em: 04 jan. 2024. MARQUES, Paulo Eduardo Moruzzi. Críticas e justificações em torno de alternativas agrícolas no estado de São Paulo. 2013. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/8000001/mod_resource/content/1/Tese%20li vre%20doc%C3%AAncia%20sobre%20as%20justifica%C3%A7%C3%B5es.pdf. Acesso em: 04 jan. 2024. MARQUES, Paulo Eduardo Moruzzi. Referências emergentes de sustentabilidade para a ação pública agroalimentar: um estudo do Programa de Aquisição de Alimentos no estado de São Paulo. Agricultura familiar e políticas públicas no estado de São Paulo. Seção 4: Políticas federais para a agricultura familiar no Estado de São Paulo. Tradução . São Carlos, SP: EDUFSCAR, 2022. Acesso em: 04 jan. 2024. SAMBUICHI, Regina Helena Rosa; SILVA, Sandro Pereira (org.). Vinte anos de compras da agricultura familiar: um marco para as políticas públicas de desenvolvimento rural e segurança alimentar e nutricional no Brasil. Brasília: Ipea, 2023. ISBN: 978-65-5635-060-8. DOI: http://dx.doi.org/10.38116/978-65-5635-060-8. Acesso em: 04 jan. 2024. WILKINSON, John; MIOR, Luis Carlos. Setor informal, produção familiar e pequena agroindústria: interfaces. Revista Estudos, Sociedade e Agricultura, v.7, n. 2, Seção 13 de outubro de 1999. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Disponível em: https://revistaesa.com/ojs/index.php/esa/article/view/159/155. Acesso em: 04 jan. 2024. fabio Máquina de escrever Bom trabalho, bem articulado com os textos e discussões sobre PP abordados em aula, além da Teoria das Justificações, ainda que faltou a esta última uma melhor fundamentação e referências diretamente relacionadas. A análise realizada baseia-se nas políticas públicas alimentares brasileiras e pode ser fortalecida pelos debates e propostas atuais que emergiram da última conferência nacional de segurança e soberia alimentar e nutricional, realizada em dezembro2023, em Brasília.
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