Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Imuno-hematologia Grupos sanguíneos = polimorfismos antigênicos presentes na superfície de eritrócitos. Sistema ABO É o sistema de antígenos em eritrócitos humanos mais comumente usado como sistema de grupo sanguíneo para aplicações forenses. Dois tipos de antígenos (A e B), dão origem a quatro grupos sanguíneos: A: possuem o antígeno A B: possuem o antígeno B AB: possuem os antígenos A e B O: não possuem nenhum dos antígenos Esses antígenos podem ser encontrados em outros fluidos corporais também, como fluido amniótico, saliva, sêmen, assim como em muitos órgãos incluindo rim, pâncreas, fígado e pulmão. Biossíntese dos antígenos Todos os indivíduos normais produzem o Antígeno O, também conhecido como Antígeno H. Ele é sintetizado pela fucosiltransferase, uma transferase de fucose codificada pelos genes FUT , que adicionam uma fucose no fim de um glicolipídeo (em eritrócitos) ou glicoproteína (em tecidos). Um monossacarídeo adicional é então transferido ao antígeno O por uma transferase codificado pelo lócus ABO. A especificidade dessa enzima então determina o tipo sanguíneo: Alelo A: produz a A-transferase, que transfere N-acetilgalactosamina para o antígeno O e então dá origem ao antígeno A Alelo B: produz a B-transferase, que transfere galactose ao antígeno O, e então sintetiza o antígeno B. 2 Alelo O: possui uma mutação (pequena deleção) que elimina a atividade transferase, então nenhuma modificação no antígeno O ocorre. Assim, os antígenos A e B diferem na sua molécula de açúcar terminal. Subgrupos dos tipos A e B foram descritos, sendo os mais importantes os antígenos A1 e A2: células contendo antígenos A1 reagem mais fortemente com anticorpos anti-A do que células com A2. Aparentemente, células com A1 contêm mais cópias do antígeno A do que células com A2. Bases moleculares do sistema ABO Gene ABO A-tranferases e B-transferases são codificadas com um único gene, o gene ABO, no cromossomo 9. Gene ABO é organizado em 7 éxons. Os alelos A e B diferem por quatro substituições de aminoácidos Os alelos A1 e A2 diferem em uma única deleção de nucleotídeo Subgrupos do tipo O também já foram reportados. Herança dos antígenos A e B Alelos A e B são dominantes o Em heterozigose com IO AO – transferase sintetiza o antígeno A BO – transferase sintetiza o antígeno B o Em heterozigotos AB = codominância – ambas as transferases são expressas Homozigotos OO – não produzem nenhuma transferase, então não possuem nenhum dos antígenos Prova de Coombs O teste direto de antiglobulina é usado principalmente para determinar se uma anemia hemolítica (tipo de anemia causado por destruição das hemácias) é provocada por anticorpos ligados a elas. Isso pode ocorrer em anemias hemolíticas autoimunes, em que a pessoa produz anticorpos contra suas próprias hemácias. O teste direto de antiglobulina também pode ser usado no diagnóstico de anemia hemolítica do recém-nascido, resultado da incompatibilidade de grupos sanguíneos entre a mãe e o bebê. Esta era uma causa frequente de anemia hemolítica em recém-nascidos, mas hoje é rara devido ao tratamento da mãe durante e após cada gravidez. A incompatibilidade mais frequente entre mãe e bebê é do grupo ABO, especialmente em mães do grupo O. O teste direto de antiglobulina também é usado no diagnóstico de reações transfusionais. Quando há suspeita de reação transfusional hemolítica, o teste é feito para determinar se há anticorpos nas hemácias transfundidas. Hemácias revestidas com anticorpos são destruídas ou removidas da circulação com maior rapidez que as hemácias normais. Coombs direto Identifica a presença de anticorpos fixados sobre as hemácias. Adição de anticorpos anti-globulina humana http://www.labtestsonline.org.br/understanding/conditions/anemia?start=4 http://www.labtestsonline.org.br/glossary/antibody http://www.labtestsonline.org.br/glossary/hemolytic 3 Diagnóstico de anemia autoimune (diferencia de outras anemias hemolíticas) Diagnóstico de anemia hemolítica do recém-nascido Diagnóstico de anemia hemolítica induzida por drogas (resulta na produção de anticorpos contra eritrócitos) Coombs indireto Identificação de anticorpos antieritrocitários no soro Avaliação de gestantes Rh negativo detecção de anticorpos anti-D circulantes em mães Rh negativo sensibilizadas Triagem de anemias hemolíticas Fases pré-transfusionais Fenotipagem de hemácias Realizado em 4 etapas: o Fase fria (temperatura ambiente) o Fase em meio proteico o Fase quente (37ºC) o Fase aglutininas IgG e anticorpos fixadores de complemento Anti-soros do sistema ABO Padrões de aglutinação de certos eritrócitos: A, B, O. Anti-A – ocorre naturalmente no soro de todos os indivíduos do grupo B Anti-B – ocorre naturalmente no soro de todos os indivíduos do grupo A Anti-A, anti-B – ocorrem naturalmente no soro de todos os indivíduos do grupo O. São potentes IgM ou IgG e determinam forte aglutinação direta. São capazes de ativar a cascata do complemento, determinam reação transfusional grave e doença hemolítica peri-natal de forma clínica moderada. Prova direta Consiste em pôr em contato soros-teste conhecidos (anti-A, anti-B e anti-AB), com glóbulos vermelhos para se identificar a presença dos antígenos. Prova reversa (prova de Simonin) Pesquisa do anticorpo no soro do paciente. Deve ser feito com hemácias tipadas A e B. 4 Antígenos A, B e H das secreções Além dos eritrócitos, indivíduos cujos antígenos A, B e O podem ser encontrados em outros tipos de fluidos corporais são chamados de secretores. 80% dos caucasianos são secretores. O antígeno O é sintetizado por uma fucosiltransferase codificado por genes FUT. O cromossomo 19 contém dois genes homólogos: FUT1 – expresso nos tecidos de origem mesodérmica (tecidos embrionários que servem de precursores para tecidos hematopoiéticos, músculo, esqueleto, e órgãos internos) responsável pela síntese do antígeno O nos eritrócitos. É o chamado “gene H”. FUT2 – expresso nos tecidos de origem endodérmica (tecidos embrionários que são precursores do estômago e outros órgãos internos) responsável pela síntese do antígeno O nas secreções. É o chamado gene Secretor. Não-secretores Cerca de 20% dos caucasianos são homozigotos para uma mutação no FUT2, resultando em uma proteína truncada (alelo não-secretor se). Fluidos corporais de pessoas tipo A ou B não-secretores (homozigotos para a mutação no FUT2 - sese) não contêm antígenos A ou B apesar de conterem transferases A e B ativas. Esse problema pode ser investigado em casos de estupro onde o tipo sanguíneo da evidência de sêmen precisa ser determinada. No entanto, não-secretores têm antígenos O em eritrócitos sintetizados pelo FUT1 e então têm os antígenos A ou B no sangue. Indivíduos secretores podem ser homozigotos ou heterozigotos (SeSe ou Sese). A relação entre o sistema ABO e o sistema secretor ABH na saliva e em outro líquidos orgânicos é um exemplo de interação gênica não-alélica, que ocorre quando dois ou mais genes em lócus diferentes atuam juntos para produzir um fenótipo. Quando um indivíduo possui o genótipo Sese ou SeSe, secreta os antígenos A, B e H tanto nas hemácias quando nas secreções; quando possui genótipo sese (portanto, é não-secretor), secreta os antígenos A, B e H apenas nas hemácias. Assim, o lócus secretor interfere na manifestação do lócus ABO. Bombaim (Oh) / “Falso O” Muito raramente, indivíduos carregando mutações homozigóticas (hh) no gene FUT1 (lócus H) produzem eritrócitos deficientes de antígeno O, nos quais não ocorre expressão dos antígenos A nem B, independentementedo genótipo ABO. As pessoas de fenótipo hh não produzem a enzima necessária para se colocar o antígeno O/H na superfície das hemácias. Desse modo, a sua ausência faz com que essas pessoas não apresentem quer o antígeno A, quer o B, nos seus glóbulos vermelhos, mesmo que possuam alelos referentes à síntese dessas substâncias. https://pt.wikipedia.org/wiki/Gl%C3%B3bulos_vermelhos https://pt.wikipedia.org/wiki/Alelo 5 Os indivíduos com o fenótipo de Bombaim podem doar sangue para qualquer membro do sistema ABO (a não ser que outro fator sanguíneo, como o Rh, seja incompatível), mas não podem receber de nenhum membro do sistema ABO (cujo sangue contém sempre um ou mais antígenos A, B e H); somente recebem sangue de indivíduos com o fenótipo de Bombaim. Os testes costumeiros para o sistema ABO os apontam como integrantes do grupo O, porém incompatibilidades relacionadas a cruzamentos podem evidenciar o falso "O". O teste para detectar se uma pessoa é realmente “O” ou falso “O” é feito aplicando-se o anticorpo anti-H em uma gota de sangue. Se houver aglutinação, o indivíduo é um “O” verdadeiro, ou seja, “ii”. Se não ocorrer aglutinação, ele é falso “O”, podendo ser IAIA, IAi, IBIB, IBi ou IAIB. Verificação do caráter secretor Deve ser observado outro sistema de tipo sanguíneo – o sistema de Lewis, pois o gene que codifica o tipo de secretor (gene Secretor) também codifica o Sistema Lewis. No sistema de Lewis, é possível produzir dois antígenos: Lewisa e Lewisb. As pessoas podem ser: Lewis A-B+ o Também são secretores o Os secretores – convertem todos os antígenos Lewisa na forma Lewisb (formando então Lewis B+) o Genótipo: possuem pelo menos um gene funcional (Le) e um funcional secretor (Se) LeLe ou Lele + SeSe / Sese Lewis A+B- o Também são não secretores o Os não-secretores não convertem – formando Lewis A+ o Genótipo: possuem pelo menos um gene funcional (Le) mas são homozigotos para o Secretor (sese) LeLe ou Lele + sese Lewis A-B- o Não é possível utilizar esse teste. Nunca possuem característica +a ou +b no sangue ou secreções, pois não têm capacidade de produzir substâncias Lewis. o Podem ser secretores ou não secretores o São homozigotos pro alelo recessivo le (lele) o Possuem anticorpos Lewis, quase sempre IgM. Lewis A+B+ muito raro!!! o São sempre secretoras ABH (SeSe/sese), porque senão não produziriam o B+ https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_ABO https://pt.wikipedia.org/wiki/Fator_Rh 6 Sistema de Lewis Os antígenos Lewis fazem parte do esqueleto de proteínas (glicoproteínas) ou lipídeos (glicolipídeos). As glicoproteínas Lewis podem ser encontradas nas secreções tais como, leite, saliva ou plasma. Glicolipídeos, ao contrário, são encontrados ou em complexos com lipoproteínas circulantes no plasma, ou inseridos em membranas celulares com a porção glicídica voltada para o ambiente extracelular. Os antígenos Lewis presentes nos eritrócitos, plaquetas e macrófagos são adquiridos secundariamente do plasma (são o único grupo de moléculas sintetizadas por células tissulares e depois absorvidas pelos glóbulos vermelhos). O locus Lewis inter-relaciona sua genética bioquímicamente com o locus ABO, por tanto, é indispensável ter em conta este sistema quando se estuda o ABO e os sistemas associados. A expressão dos antígenos Lewis requer duas diferentes fucosiltrasferases (enzimas Se e Lewis), produtos de dois diferentes genes (FUT2 e FUT3). No recém-nascido, os antígenos Lewis são evidenciáveis nas secreções, mas só podem ser determinados nas hemácias com segurança após os 2-3 anos de idade. A enzima Lewis pode usar como substrato tanto o precursor tipo 1 como o precursor tipo 2. A enzima Lewis adiciona uma fucose, em ligação α(1,4), no precursor tipo 1 (galactose) produzindo o antígeno Lea que não pode ser posteriormente glicosilado. O antígeno Leb é sintetizado quando o antígeno H, gerado pela enzima Se a partir do precursor tipo 1, é usado como substrato pela enzima Lewis. 7 Imunoensaios ELISA É um imunoensaio enzimático envolvendo reação antígeno-anticorpo específico ligado a uma fase sólida, que se liga ao antígeno a ser dosado e este por sua vez se liga a um outro anticorpo específico marcado com uma enzima. A reação da enzima com a fase sólida é medida através da intensidade de cor produzida (colorimétrica) (espectofotométrica) que é proporcional a quantidade do antígeno presente na amostra. O modelo mais simples é conhecido como ELISA indireto, onde um antígeno que encontra-se aderido a um suporte sólido (placa de ELISA) é preparado e, em seguida, colocado sobre os soros que estão sendo testados, em busca de anticorpos contra o antígeno. ELISA Direto ou Sanduíche – pesquisa do antígeno no soro. Outro método é o chamado ELISA de bloqueio ou competição, em que a presença de anticorpos em determinado soro é revelada pela competição com um anticorpo específico (mono ou policlonal) dirigido contra o antígeno. Igualmente, o resultado é dado pela adição de um conjugado, porém a coloração aparecerá nos poços onde não havia anticorpos. ELFA É um ensaio imunoenzimático fluorescente que associa o método sanduíche em duas etapas, com uma detecção final por fluorescência. A reação antígeno-anticorpo é marcada com um anticorpo associado com uma enzima fosfatase alcalina, que reagirá com um substrato que produzirá um composto fluorescente. A emissão de fluorescência é proporcional a quantidade de Antígeno ou (anticorpo) presente na amostra. Imunocromatografia O sistema é realizado em uma matriz constituída de membrana de nitrocelulose ou de náilon coberta por acetato transparente para facilitar a visualização do teste. O antígeno ou o anticorpo é fixado na membrana na forma de linhas ou pontos e o restante da membrana é bloqueado com proteína inerte como nos testes imunoenzimáticos (ELISA). Para detecção de antígenos podem ser utilizados anticorpos fixados na linha de captura e como conjugado um segundo anticorpo conjugado ao corante. Um dos métodos imunológicos desses testes emprega corante insolúvel, como ouro coloidal (róseo) ou prata coloidal (azul marinho) como revelador da interação antígeno- anticorpo. 8 Imunofluorescência Imunofluorescência é definida como uma técnica que possibilita a visualização de antígenos nos tecidos ou em suspensões celulares, por meio da utilização de anticorpos específicos, marcados com fluorocromo, capazes de absorverem a luz ultra-violeta (UV), emitindo-a num determinado comprimento de onda, permitindo sua observação ao microscópio de fluorescência (com luz UV). Direta Utiliza-se esta técnica, também conhecida como técnica de camada simples, para detecção de antígenos em amostras clínicas utilizando-se anticorpos marcados com fluorocromos. As indicações desta técnica são: detecção de vírus, parasitas, antígenos de tumor de amostras ou monocamadas de células do paciente. É utilizado também na identificação da distribuição de um antígeno no interior de um tecido ou compartimento de uma célula. Indireta Utiliza-se este tipo de imunofluorescência, também conhecida como técnica de dupla camada, na detecção de anticorpos no soro do paciente por meio de antígenos fixados em uma lâmina, na qual se aplica primeiramente um anticorpo específico não fluorescente. Por fim, coloca-se um anticorpo fluorescente com especificidade marcada contra determinados antígenos do primeiro anticorpo usado para reagir com o antígeno. Esta técnica tem como vantagem possibilitar uma fluorescência mais evidente, uma vez que os anticorpos fluorescentesassociam-se somente aos anticorpos primários, além de permite trabalhar com diversos anticorpos primários específicos para distintos tipos de antígenos, sendo capaz de identificar qual a classe a qual o anticorpo pertence. Habitualmente, a imunofluorescência indireta é utilizada na detecção de auto-anticorpos, e também, na detecção de anticorpos anti-nucleares encontrados no soro de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Tipagem sanguínea Aplicações forenses Permite excluir suspeitos de uma cena de crime. Os antígenos A e B são muito estáveis e podem ser identificados em sangue seco mesmo após muitos anos. Eles também podem ser encontrados no sêmen e outros fluidos corporais dos indivíduos secretores. Assim, em casos de estupro, por exemplo, o tipo ABO da amostra de sêmen pode ser examinado para identificar o suspeito. http://www.infoescola.com/sistema-imunologico/anticorpos/
Compartilhar