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O Sacramento da Comunhão


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vos receba e me uno convosco em caridade. Por isso imploro 
vossa clemência e vos suplico a graça particular de que todo me 
desfaleça em vós e me consuma em amor, sem mais cuidar de 
nenhuma outra consolação. Porque este altíssimo e diviníssimo 
Sacramento é a saúde da alma e do corpo, remédio de toda 
enfermidade espiritual; cura os vícios, reprime as paixões, vence 
ou enfraquece as tentações, comunica maior graça, corrobora a 
virtude nascente, confirma a fé, fortalece a esperança, inflama e 
dilata a caridade. 
3. Muitos bens condedestes e concedeis ainda a miúdo aos vossos 
amigos, neste Sacramento, quando devotamente comungam, ó 
Deus meu, amparo da minha alma, reparador da humana fraqueza 
e dispensador de toda consolação interior. Porque lhes infundis 
abundantes consolações contra várias tribulações e os levantais do 
abismo do próprio abatimento à esperança da vossa proteção e os 
recreais e iluminais interiormente com a nova graça, de sorte que 
os mesmos que antes da comunhão se sentiam inquietos e sem 
afeto, depois de recreados com o manjar e a bebida celestiais se 
sentem melhorados e fervorosos. Tudo isso prodigalizais aos 
vossos escolhidos, para que verdadeiramente conheçam e 
evidentemente experimentem quanta fraqueza têm em si mesmos 
e quanta bondade e graça alcançam de vós. Pois de si mesmos 
são frios, tíbios e insensíveis; por vós, porém, tornam-se 
fervorosos, alegres e devotos. Quem, porventura, se chegará 
humilde à fonte da suavidade, que não receba dela alguma 
doçura? Ou quem, junto de um grande fogo, deixará de sentir 
algum calor? E vós sois a fonte sempre cheia e abundante; o fogo 
que sempre arde sem jamais se apagar. 
4. Por isso, se me não é dado haurir da plenitude desta fonte, nem 
beber até me saciar, chegarei, todavia, meus lábios ao orifício do 
canal celeste, a fim de que receba daí ao menos uma gota, para 
refrigerar minha sede e não morrer de secura. E se não posso 
ainda ser todo celestial, nem tão abrasado como os querubins e 
serafins, contudo me empenharei por permanecer na devoção e 
dispor meu coração, para que pela recepção humilde deste 
vivificante Sacramento receba ao menos uma tênue faísca do 
divino incêndio. O que me falta, porém, ó bom Jesus, Salvador 
santíssimo, supri-o pela vossa bondade e graça, pois vos dignastes 
chamar-nos todos a vós, dizendo: Vinde a mim todos que penais e 
estais sobrecarregados, e eu vos aliviarei.

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