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Anna Clara Guimarães Tomaz de Souza – TOL1 Fundamentos de Eletromagnetismo (FIS069) Universidade Federal de Minas Gerais Produção de Conteúdo T1: Força Elétrica e Campo Elétrico Para entendermos o conceito de Campo Elétrico e como se relaciona com a Força Elétrica, vale relembrar alguns tópicos conceituais sobre cargas elétricas: • Os fenômenos de eletrização estão intrinsecamente relacionados à teoria atômica, que prevê a formação da matéria por átomos, que são constituídos de prótons, elétrons e nêutrons; • Cargas de mesmo sinal se repelem, enquanto cargas de sinais opostos se atraem; • A carga elétrica é a grandeza física que determina a intensidade de interação entre cargas no ambiente (no SI é Coulomb); • A carga de um sistema isolado é sempre constante, ou seja, não é possível “sumir” ou “aparecer” com alguma carga, sem que haja interferência externa; • Nêutrons e prótons estão ligados a uma força muito forte, tanto que ainda não foram encontrados livres; enquanto isso, elétrons são ligados a uma força elétrica, permitindo que eles transitem entre corpos diferentes Sabendo disso, cabe agora a explicação conceitual de Força Elétrica, ou Força Eletrostática, que foi comprovada com princípios semelhantes aos da teoria da Gravitação através da Lei de Coulomb. Essa Lei descreve o comportamento de cargas pontuais durante os processos de atração e repulsão que é proporcional ao produto das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. 𝐹𝑒⃗⃗ ⃗ = 𝑘 . |𝑄1|. |𝑄2| 𝑑2 �̂� Coulomb comprovou também, que a força elétrica é um par de ação e reação e a direção é a linha que une as cargas, enquanto o sentido vai depender do sinal da carga. Além disso, a força elétrica é instantânea e depende do meio em que as cargas estão situadas (altera-se a constante eletrostática). Cargas 1 e 2 Distância entre as cargas Constante eletrostática Vetor unitário + + + - - - F F F F F F https://www2.ufmg.br/engmecanica/engmecanica/Home/O-curso/Programas-de-disciplinas-Ementas/FIS069-Fundamentos-de-Eletromagnetismo https://www2.ufmg.br/engmecanica/engmecanica/Home/O-curso/Programas-de-disciplinas-Ementas/FIS069-Fundamentos-de-Eletromagnetismo Pelos conhecimentos descritos conjugados com o de cálculos vetoriais, também conseguimos concluir que dado um conjunto de cargas que exercem força sobre uma carga Q, a Força resultante em Q é a soma vetorial de cada uma das forças exercidas sobre ela. Outro ponto interessante a se descrever quando citamos a Lei de Coulomb é a relação que podemos criar com a Segunda Lei de Newton. Na mecânica newtoniana, a Lei de Coulomb pode ser vista como uma analogia à Lei da Gravitação Universal de Newton, onde a força entre duas massas é diretamente proporcional ao produto das massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. 𝐹𝑒⃗⃗ ⃗ = 𝑘 . |𝑄1|. |𝑄2| 𝑑2 𝐹𝑔⃗⃗ ⃗ = 𝐺 . 𝑚1. 𝑚2 𝑑2 Em que: k e G são constantes; as forças são divididas pelo quadrado da distância entre os corpos em análise; 𝑸𝟏 e 𝑸𝟐 são medidas de cargas elétricas e 𝒎𝟏 𝒆 𝒎𝟐 são medidas de massas Uma vez que sabemos o que é Força Elétrica, cria-se então a dúvida de como ela é criada. Para isso, inicialmente, vale ressaltar a diferença entre um campo escalar e um campo vetorial: • um campo escalar é definido em 𝑅2 ou 𝑅3, ele é composto por uma função contínua onde dado um valor, sua imagem é outro valor associado; • já o campo vetorial, gerado aplicando-se o operador gradiente a um campo escalar, é composto por funções vetoriais contínuas em 𝑅2 ou 𝑅3, ou seja, a cada ponto do campo, temos um vetor associado como imagem. Quando tratamos de cargas em movimento, não podemos associar a variação instantânea estabelecida pela Lei de Coulomb, ou seja, é preciso considerarmos a ação à distância e em determinado intervalo de tempo, motivando o conceito de Campo Elétrico. O Campo Elétrico é criado por uma carga, ou uma distribuição de cargas, e é responsável pelo surgimento da força elétrica em um ponto do espaço onde uma carga de prova é colocada. O campo elétrico é medido pelo vetor campo elétrico (�⃗� ), que é definido como a força por unidade de carga em um ponto do espaço e depende da posição no espaço e do meio em que as cargas que o geram estão presentes. O campo elétrico é um campo vetorial e a unidade de campo elétrico é obtida das unidades de força e de carga elétrica. No SI, ela é o Newton por Coulomb (N/C). �⃗� = 𝑁 . 𝑄 𝑑2 �̂� Do ponto de vista matemático, o campo elétrico é estabelecido por meio de uma carga de prova que experimenta uma força de interação (atração ou repulsão) devido ao campo criado por uma carga puntiforme. Carga elétrica Distância entre as cargas Constante eletrostática Vetor unitário na direção radial É crucial destacar que o campo elétrico é uma entidade independente da carga de prova, e esta não exerce influência sobre o campo elétrico sendo investigado; sua função reside unicamente em detectá-lo e calcular suas propriedades. A carga de prova deve ser suficientemente pequena para não alterar o campo no ponto o qual ela foi inserida. �⃗� = 𝐹 𝑞 Considerando que a carga de prova é sempre positiva, a direção do campo coincide com a direção da força. Como a carga geradora do campo é positiva, a força exercida sobre a carga de prova é repulsiva, resultando no campo apontando para fora da carga. No caso de uma carga negativa, o campo é direcionado para dentro da carga. Na imagem, observamos o campo “saindo” do positivo e “entrando” no negativo; Alguns pontos importantes ressaltar sobre Campos Elétricos: • Quanto maior o módulo do Campo, mais linhas de campo temos (elas serão mais próximas umas das outras); • Quando as cargas são de mesmo sinal, o campo é repelido; Na imagem, observamos como o campo se comporta com cargas de sinais opostos(atração) e de sinais iguais (repulsão) Todos esses conceitos facilitam a compreensão da diferença entre um campo elétrico uniforme e outro que não é uniforme. Um campo uniforme possui todas as linhas de Força elétrica Carga de prova campo com mesmo módulo, direção e sentido; geralmente é gerado quando temos placas carregadas paralelas e infinitas. Quando consideramos o campo em uma placa finita, o campo irá ser representado por uma linha curva nas extremidades, conforme ilustração: Nós conseguimos relacionar a Segunda Lei de Newton com a Lei de Coulomb quando uma carga elétrica entra em um campo elétrico uniforme e sofre a ação de uma força elétrica constante. A ação da força elétrica resultará em um movimento acelerado, onde o vetor 𝑎 é dado pela equação a seguir e sua direção é a mesma daquela do campo onde a carga está inserida. 𝑎 = 𝐹 𝑚 O sentido da aceleração vai depender do sinal da carga (mesmo que o campo se positiva e o contrário se negativa) Por fim, ainda é importante evidenciar um último conceito: dipolos elétricos; estes que podem gerar torque e campo elétrico. Para serem consideradas dipolos, devemos estar com um sistema composto por um par de cargas separadas por uma distância d constante, de mesmo módulo, porém de sinais opostos: uma positiva e outra negativa. Quando inseridos em um campo elétrico externo, aparece um troque que tende a girar as cargas, de modo que o dipolo seja alinhado com o campo. Levando em conta os conhecimentos de equilíbrio entre cargas, o centro de massa desse sistema é mantido estático, e quando o campo elétrico em questão é uniforme, a força resultante do dipolo é nula. A intensidade do torque gerado é igual a: �⃗� = �⃗⃗� 𝑿 �⃗⃗� 𝝉 = −𝒑. 𝑬. 𝒔𝒊𝒏𝜽 (Torque está “entrando na folha”) A Energia Potencial gerada por esse dipolo é calculadaatravés da integral do torque realizado, que resulta em: 𝑼 = −𝒑. 𝑬. 𝒄𝒐𝒔𝜽 A EP será mínima quando p está alinhado e no mesmo sentido do campo elétrico e é máxima quando estiver no sentido oposto ao do campo. Por fim, conseguimos ainda calcular um campo elétrico relacionado a este dipolo. Sabendo que cada carga tem o seu campo associado, podemos dizer que o campo do dipolo é a soma vetorial dos campos de cada uma das cargas que compõem o dipolo Dessa forma, o cálculo do campo elétrico resultante é dado por: Sendo “a” a distância entre as cargas e Yp a distância das cargas com o ponto P Com isso, conclui-se que o campo do dipolo é inversamente proporcional ao cubo de Yp e o momento do dipolo elétrico, dado por p = 2aq, é sempre na direção que as cargas fazem da negativa para a positiva. Fontes: materiais de estudos de aula disponibilizados pelo professor e os seguintes sites: dipolo elétrico – UFBA, campo elétrico – mundo educação, campo elétrico – brasil escola http://www.fotoacustica.fis.ufba.br/daniele/FIS3/DipoloEletrico.pdf https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/campo-eletrico.htm https://brasilescola.uol.com.br/fisica/campo-eletrico.htm
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