Buscar

Abordagens comportamentais de crianças na Educação

Prévia do material em texto

EMBASAMENTO TEÓRICO
O trabalho pedagógico na Educação Infantil envolve inúmeras possibilidades de abordagens de ensino. O lúdico se apresenta com grande expressividade devido ao seu caráter formador e desenvolvedor de habilidades psicomotoras, bem como o bem-estar da criança em meio escolar. Todavia, por mais concentradas e qualificadas sejam as atividades desenvolvidas pelos professores, surgem eventualmente casos em que a criança não consegue estabelecer ou seguir os limites de atividades lúdicas, bem como aquelas que envolvem as habilidades de concentração e atenção, características do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Não sendo obrigatório, estima-se que o TDAH manifesta suas características em crianças com faixa etária entre 7 e 12 anos de idade, uma das principais fases de desenvolvimento físico, cognitivo e motor da criança.
O TDAH é uma das principais constatações das dificuldades de aprendizagem dos alunos em seus primeiros anos de vida escolar. Professores ocasionalmente se deparam com alunos muito empolgados, que muitas das vezes acabam perdendo o foco quando, em muitos outros casos, nem conseguem prestar a atenção inicial. Esse transtorno é a exteriorização de ideias de maneira compulsiva, sendo expresso, em sala de aula, em comportamentos excessivos, como correr, contar muitas histórias e gritar, dentre outros, o que consequentemente será refletido no baixo desempenho escolar devido à falta de concentração e dedicação.
Crianças com TDAH acabam transcendendo e dispersando a atenção dos demais colegas de sala, haja vista o comportamento inquieto e envolvedor, em que a criança acaba compartilhando novas descobertas de maneira expressamente espontânea, em que o contar ao amigo torna-a o centro das atenções, uma característica bastante inerente a crianças com TDAH. Essas circunstâncias exigem muito das habilidades docentes de controlar e conduzir uma aula assegurada do alcance dos objetivos pedagógicos preestabelecidos, em que os alunos com TDAH necessitam de atenção especial; em muitos casos as aulas acabam sendo comprometidas pela elevada quantidade de alunos sob sua responsabilidade em sala de aula.
Nossa perspectiva é que este estudo possa contribuir tanto para professores quanto para pais acerca de uma compreensão mais abrangente da temática, sendo de suma importância saber as causas e como lidar com o TDAH.
No dia a dia da prática docente, o professor é capaz de identificar as principais características de comportamento dos alunos, que se refletem nas dificuldades de aprendizagem. Todavia, essa análise deve ser associada ao apoio pedagógico para que todos os envolvidos na aprendizagem da criança com TDAH possam contribuir para o atendimento de qualidade e com maiores chances de sucesso escolar.
Para Oliveira (2017, p. 2),
o ensino na rede pública enfrenta dificuldades para garantir a aprendizagem dos alunos de maneira geral, ainda mais nos dias atuais, quando os professores são desafiados a elaborar atividades que sejam atrativas a todas as crianças. Ao direcionarmos o pensamento na aprendizagem das crianças com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), percebemos que a problemática torna-se ainda maior. O transtorno não é uma deficiência, e sim um distúrbio do neurodesenvolvimento infantil, e pode persistir ao longo da vida.
Percebe-se que o atendimento às crianças com TDAH muitas vezes encontra-se em risco, tornando a dificuldade de aprendizagem um agravante cada vez mais complexo e com consequências iminentemente negativas para o futuro aprendizado delas.
Diante desse contexto de diagnósticos e impasses, o professor encontra-se na linha de frente em busca de metodologias alternativas para poder munir-se do mínimo de direcionamento às crianças com TDAH dentre aquelas que apresentam outras manifestações clínicas, além da própria indisciplina discente.
Inúmeros são os casos em que o professor da Educação Infantil não possui qualificação acadêmico-profissional suficiente para poder traçar planos de ensino capazes de contemplar e desenvolver um trabalho pedagógico coerente com as especificardes do TDAH.
Sobre escola, professores e alunos com TDAH, Lima (2014, p. 2.437) aponta:
Ressaltamos que a mola propulsora a um trabalho docente de qualidade é o fato de o professor precisar compreender o que é o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e quais são as características que os alunos apresentam nesse quadro clínico. Nesse tocante, devemos considerar que a escola é um espaço no qual os educandos passam boa parte do seu tempo. Assim, a função por ela desempenhada deve ser a de possibilitar que as práticas pedagógicas possam fomentar nos alunos êxito na dinâmica de ensino e aprendizagem.
A escola deve ser ativa e desempenhar seu papel formador oferecendo aos professores condições mínimas para trabalhar as diferenças; ela é responsável por oferecer formações continuadas de acordo com as necessidades pedagógicas enfrentadas pela equipe pedagógica.
Para Tozetto (2017, p. 24.538),
A docência requer responsabilidade por uma boa prática pedagógica que está ligada às atitudes críticas, discutidas com o coletivo que compõe o processo ensino-aprendizagem em uma formação continua. O profissional criterioso faz escolhas subsidiado no conhecimento científico, constrói seu conhecimento considerando a diversidade social, cultural, econômica, política e humana.
Para poder desempenhar uma docência de qualidade, o professor deve estar munido de conhecimento científico capaz de ampará-lo diante da necessidade da prática de novas abordagens que possam assegurar-lhe mínimas condições para poder propor atividades coerentes com as dificuldades enfrentadas. Essa é a urgente necessidade da promoção e aquisição do conhecimento oportunizado pelas formações continuadas na educação.
Indubitavelmente, os professores precisam estar bem preparados, teórica e metodologicamente, ao receber um aluno que venha a mudar suas estratégias de ensino, pois, assim como todos os demais educandos da classe, ele tem direito a aprender (LIMA, 2017, p. 2.445).
Diante de ocasiões que requerem do trabalho docente atenção redobrada, o professor deve lançar mão de estratégias de ensino que viabilizem o ensino-aprendizagem de modo natural, sem que os integrantes do processo sofram alterações em suas rotinas, o que muitas vezes acaba não acontecendo, pois, devido à falta de conhecimento, muitos professores acabam adquirindo instabilidades emocionais e psicológicas.
Os efeitos da pressão psicológica do trabalho pedagógico podem ser identificados em Tostes et al. (2018, p. 89):
A desvalorização do trabalho do professor se traduz pelo desrespeito por parte dos alunos, baixos salários, carga de trabalho exaustiva, alto número de alunos por classe e pressão por metas de produtividade, fatores responsáveis pelo intenso sofrimento docente. A isto se somam o aumento dos contratos temporários e a perda de garantias trabalhistas; falta de preparo durante a formação; dificuldades na relação com alunos e pais, diante das fragilidades da escola; exigência de adoção de uma pedagogia que não corresponde ao modelo de escola instituído; cumprimento de várias jornadas em diferentes escolas, sobrecarga advinda da assunção de tarefas como preenchimento de relatórios, cálculo de notas e anotações de frequência.
Todo esse cenário culmina na qualidade da aula, especialmente tratando-se de classes com alunos com TDAH, o que pode inferir que o trabalho docente sofra pressões de inúmeras partes, e manter tal qualidade acaba por ser um desafio complexo e arriscado.
Além do mais, ainda há a cobrança dos responsáveis pelo sucesso escolar, evidenciando que o ciclo de apoio e parceria entre escola, família e aluno, transcritos na comunidade escolar, acaba impondo a cobrança sem identificar ou zelar pelo cumprimento de condutas básicas, como acompanhamento escolar do aluno, bem como as observações e contribuições do professor em prol do aluno.
REFERENCIAS
LIMA, Tatiana de. Processo de inclusão de alunos com transtornode déficit de atenção e hiperatividade. XIV ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA: 1964-2014, 50 anos de golpe militar no Brasil. Disponível em: http://www.erh2014.pr.anpuh.org/anais/2014/341.pdf. Acesso em: 30 mar. 2023.
LIMA, Uirassú Tupinambá de; CAVALCANTE, Verônica Maria Serpa. Crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade - TDAH: entendendo-as para a construção de um novo caminho em sua aprendizagem. Revista Travessias. Disponível em: http://saber.unioeste.br/index.php/travessias/article/download/8415/6228. Acesso em: 30 mar. 2023.
OLIVEIRA, Claudia Cibeli Silveira. Os desafios aos professores no ensino dos alunos com TDAH: descobrindo caminhos para o desenvolvimento da leitura e escrita. Disponível em: http://dspace.unipampa.edu.br/bitstream/riu/2829/1/TCC%20Claudia%20Oliveira%202017.pdf. Acesso em: 30 mar. 2023.
TOSTES, Maiza Vaz; ALBUQUERQUE Guilherme Souza Cavalcanti de; SILVA, Marcelo José de Souza; PETTERLE Ricardo Rasmussen. Sofrimento mental de professores do ensino público. Revista Saúde Debate, Rio de Janeiro, v. 42, nº 116, p. 87-99, jan./mar. 2018.
TOZETTO, Susana Soares. Docência e formação continuada. XIII EDUCERE - Congresso Nacional de Educação, 2017.

Continue navegando