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CURSO DE PSICOLOGIA AMÁLIA VÍRGINIA DA SILVA FREIRE CAIO VICTOR ALVAREZ DE SOUZA CECILIA IZABEL MACIEL CAVALCANTE GABRIELLI KAROLINA MONTEIRO NESTOR JOSÉ DA SILVA JACOB JUNIOR LAURA BULHÕES BICALHO DOS SANTOS MARIA REGINA DE SOUZA ALBUQUERQUE RAQUEL MESQUITA DA SILVA RENAN CHAVES PINHEIRO DIFICULDADES NA INCLUSÃO DE ALUNOS QUE POSSUEM DEFICIÊNCIA AUDITIVA E TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: SENSIBILIZAÇÃO E INTERVENÇÃO COM PROFESSORES Belém 2021 NILZABETH LEITE COELHO GOSTEI DO TITULO AMÁLIA VÍRGINIA DA SILVA FREIRE CAIO VICTOR ALVAREZ DE SOUZA CECILIA IZABEL MACIEL CAVALCANTE GABRIELLI KAROLINA MONTEIRO NESTOR JOSÉ DA SILVA JACOB JUNIOR LAURA BULHÕES BICALHO DOS SANTOS MARIA REGINA DE SOUZA ALBUQUERQUE RAQUEL MESQUITA DA SILVA RENAN CHAVES PINHEIRO DIFICULDADES NA INCLUSÃO DE ALUNOS QUE POSSUEM DEFICIÊNCIA AUDITIVA E TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: SENSIBILIZAÇÃO E INTERVENÇÃO COM PROFESSORES Projeto Integrado apresentado como pré- requisito para a obtenção de nota do 2º semestre do curso de Psicologia, sob orientação das professoras: Nilzabeth Coêlho e Tereza Cruz. Belém 2021 Resumo O processo de inclusão de alunos com deficiência auditiva e Transtorno do Espectro Autista é um desafio em escolas nas quais a maioria dos professores não possui formação em ensino inclusivo. Depende principalmente da disposição e criticidade dos educadores em modificar suas percepções, romper estereótipos e reinventar suas metodologias de ensino. A reflexão acerca da realidade do discente beneficia o interesse na mudança de atitudes por parte dos professores ao enfatizar o papel dos educadores em auxiliar a aprendizagem e o desenvolvimento de seus alunos. O objetivo da intervenção é a sensibilização e a conscientização dos docentes a respeito das vivências dos estudantes no contexto de aulas não adaptadas e o incentivo à formação continuada como ferramenta de inclusão e desenvolvimento profissional. A metodologia utilizada consiste em uma dinâmica interativa de simulação de obstáculos de aprendizagem e em uma orientação educacional sobre inclusão e o papel do professor, além da aplicação de formulários para coleta de dados sobre a mudança de percepção e feedback sobre a atividade realizada. Os resultados esperados como consequência da intervenção dizem respeito ao aumento no número de professores que adaptam suas aulas aos alunos e auxiliam na produção de material didático adaptado. Palavras-chave: Educação Inclusiva; Transtorno do Espectro Autista; Deficiência Auditiva; Surdez; Sensibilização. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 5 1.1 A percepção de docentes na educação de alunos com TEA e Deficiência auditiva/surdez 5 1.2 A formação continuada de docentes como ferramenta de inclusão 6 2 PROBLEMA 7 3 JUSTIFICATIVA 8 4 OBJETIVOS 9 4.1 Objetivo geral 9 4.2 Objetivos específicos 9 5 REVISÃO DE LITERATURA 10 5.1 História da atuação da Psicologia no processo de inclusão 10 5.2 Aspectos importantes de acessibilidade 11 5.3 Deficiência auditiva e surdez: definições, diferenças e inclusão 13 5.4 Transtorno do Espectro do Autismo: definições, diferenças e inclusão 15 5.5 A percepção de professores sobre os discentes e a formação de docentes inclusivos 17 6 METODOLOGIA 19 6.1 Público Alvo 19 6.2 Proposta da ação 19 7 CRONOGRAMA 22 8 RECURSOS NECESSÁRIOS 22 9 RESULTADOS ESPERADOS 23 REFERÊNCIAS 24 5 1 INTRODUÇÃO O objetivo desse Projeto de Intervenção é provocar a sensibilização e reflexão nos professores funcionários da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Jarbas Passarinho a respeito das dificuldades que alunos com Deficiência Auditiva e Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) enfrentam ao não receberem suporte adaptativo necessário durante as aulas, e oferecer uma orientação inicial a respeito de metodologias de ensino e recursos pedagógicos que podem ser utilizados por eles para promover uma maior inclusão no ambiente escolar. A motivação para esse estudo surgiu a partir das condições de ensino-aprendizagem de alunos com Deficiência Auditiva e Transtorno do Espectro do Autismo observadas pelos componentes da equipe e pelas Professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE) no ambiente da E. E. E. F. M. Jarbas Passarinho em relação à ausência de medidas adaptativas tomadas pelos professores que ministram as aulas para os estudantes em questão. Para a análise desta problemática, é necessário abordar a percepção de professores a respeito da educação para estudantes com TEA, Deficiência auditiva e Surdez, e conceitos sobre a formação continuada de professores para uma educação inclusiva. 1.1 A percepção de docentes na educação de alunos com TEA, Deficiência auditiva e Surdez No processo de educação de qualquer estudante, é necessário que o professor possua certa noção da realidade do aluno para que possa desenvolver práticas pedagógicas eficientes e acessíveis, que contribuam em todos os âmbitos possíveis para o seu desenvolvimento. Segundo Freire (1997, p. 53), procurar conhecer a realidade em que vivem nossos alunos é um dever que a prática educativa nos impõe: sem isso não temos acesso à maneira como pensam, dificilmente então podemos perceber o que sabem e como sabem, ou seja, a percepção que um educador tenha a respeito das condições de vida e de aprendizagem do educando permeia a forma que o professor irá contribuir para a educação do indivíduo. Partindo dessa premissa, é possível concluir que uma percepção distorcida das condições de pessoas deficientes auditivas, surdas ou autistas, em conjunto NILZABETH LEITE COELHO pessoas com deficiência auditiva NILZABETH LEITE COELHO Colocar a citação entre aspas 6 com a ausência de formação adequada desses professores em educação especial, provocam, muitas vezes, a criação e perpetuação de estereótipos acerca das deficiências mencionadas e a frustração dos docentes em não saberem lidar com os comportamentos ou limitações dos alunos. Acerca da percepção dos educadores sobre alunos com TEA, Cassady (2011), Nunes, Azevedo & Schmidt (2013), citados por Schmidt et al (2016, p. 230), ressaltam que: “A percepção positiva dos professores em relação a seu aluno com autismo é um elemento fundamental para o sucesso de sua inclusão escolar. Nesse sentido, prover suporte e orientação aos professores, fornecer uma melhor compreensão das necessidades do aluno e avaliar as estratégias eficazes para seu aprendizado são passos importantes para construção da inclusão.” A respeito da percepção de educadores sobre alunos com deficiência auditiva e surdez, Tenor (2008, p. 27), citando Oliveira (2005), aponta como uma percepção deturpada dessa condição afeta o desenvolvimento escolar de tais estudantes: "Ao estudar as práticas docentes de professores do ensino regular junto a alunos surdos, Oliveira (2005) observou que os professores das classes regulares não acreditavam que os alunos surdos pudessem aprender e continuar seus estudos. Face a essa visão de incapacidade, adotavam práticas pedagógicas diferenciadas que pouco contribuíam para a ampliação das possibilidades de aprendizagem nesses alunos." De acordo com a explícita importância da percepção e do conhecimento dos docentes sobre os alunos a quem ministram suas aulas como parte do processo de inclusão, é possível afirmar que esse fator pode se tornar uma barreira ou uma ferramenta favorável ao profissional que busca promover a inclusividade em sala de aula. 1.2 A formação continuada de docentes como ferramenta de inclusão A partir da inserção da educação inclusiva no modelo de ensino regular, a instituição e os professores buscam maneiras de rever suas ações e práticas pedagógicas, buscando assim maneiras de rompercom essa separação. Nesse sentido, os professores começam a trabalhar com turmas cada vez mais diversificadas, levando-os a buscar métodos de ensino que atendam todas essas demandas. O processo de formação continuada desse professor, se desenvolve no decorrer de sua trajetória profissional. Sendo assim, a aprendizagem da docência não se inicia nem se esgota nos momentos iniciais de sua formação, mas se 7 estende por toda sua trajetória profissional, sofrendo mudanças constantemente e havendo sempre necessidade de adaptação. Nesse sentido, Figueiredo (2008, p.141), aponta o investimento na formação inicial e continuada dos professores, como uma possibilidade de renovação pedagógica. “A formação inicial, bem como a formação continuada de professores visando a inclusão de todos os alunos [...] precisa levar em conta princípios de base que os instrumentalizam para a organização de ensino e gestão de classe, bem como princípios éticos, políticos e filosóficos que permitam a esses profissionais compreenderem o papel deles e da escola frente ao desafio de formar uma nova geração capaz de responder às demandas do nosso século.” É possível observar então que a partir da inclusão no ambiente escolar, os professores possuem a oportunidade de expandirem suas habilidades e competências, diante o ensino inclusivo. Por isso, segundo Figueiredo (2008, p. 144) a formação continuada deve considerar: “[...] a formulação dos conhecimentos do professor, sua própria prática pedagógica, seu contexto social, sua história de vida, suas singularidades e os demais fatores que o conduziram a uma prática acolhedora.” Esse processo de educação continuada e inclusão deve ser incentivada, pois ela vai além da formação. Para alcançá-la deve-se promover uma maior qualificação desses profissionais e também uma reflexão sobre a sua didática e a maneira como ele se conecta com o aluno e atende suas necessidades em sala de aula. 2 PROBLEMA Após uma análise do ambiente da E. E. E. F. M. Jarbas Passarinho, e de diálogo com as professoras do Atendimento Especial a respeito das adaptação das aulas ministradas pelos professores para alunos com deficiência, identificamos que muitos estudantes sofrem com os problemas gerados pela ausência de preparo de muitos educadores para lidar com os alunos com deficiência auditiva, surdez e TEA, e de ausência de criticidade e reflexão docente a respeito do entendimento das aulas pelos alunos com as condições citadas. NILZABETH LEITE COELHO citações de até 3 linhas não precisam vir destacadas com esse deslocamento no texto. 8 3 JUSTIFICATIVA A escolha da problemática sobre metodologias de ensino para pessoas com TEA e deficiência auditiva foi baseada nas vivências e experiências de professoras do AEE da E. E. E. F. M. Jarbas Passarinho ao tentarem auxiliar ou intervir nas aulas ministradas para alunos com deficiência auditiva, surdez e TEA por docentes sem formação em educação inclusiva. Tais tentativas, no entanto, não foram bem sucedidas por conta da indisposição desses educadores em adaptar suas aulas e seus materiais didáticos, de tal modo que os alunos que possuem as condições mencionadas são prejudicados tanto em seu desenvolvimento cognitivo quanto nas suas relações interpessoais. Um dos principais fatores influenciadores na inclusão de alunos com deficiência diz respeito ao tipo de abordagem que a escola ou os profissionais escolhem para ensinar. Segundo Alvez, Ferreira e Damázio (2010, p. 7-8), a educação escolar para com alunos com deficiência auditiva/surdez teve início há aproximadamente dois séculos, e desde então houve a fundamentação de três abordagens educacionais diferentes: oralista, comunicação total e a atuação por meio do bilinguismo. Ainda que haja divergências a respeito de qual abordagem seja a mais adequada, a escola onde ocorrerá a intervenção não busca utilizar nenhuma abordagem ou método específico para o ensino de alunos com deficiência auditiva/surdez, o que limita a capacidade de que os estudantes citados tenham autonomia de se expressarem, tanto pelas libras quanto por qualquer outra língua. Em muitas situações, o profissional de educação enfrenta barreiras ao lecionar a estes estudantes, por motivos de falta de instrução ou por falta de criticidade em relação à maneira que leciona. A adaptação dos professores à utilização de estratégias pedagógicas possibilita ao ambiente escolar um local em que possa haver a prática da aptidão perceptivo-cognitiva dos alunos. Os educadores da escola também não apresentam os conhecimentos necessários para a educação adequada dos estudantes autistas, frequentemente sem saberem como atrair a atenção do aluno e como lidar com as características comportamentais que o indivíduo apresenta em sala de aula. Além disso, a respeito 9 das dificuldades no ensino de alunos autistas por professores despreparados, Schmidt et al. (2016, p. 224) ressalta, citando Alves (2005), Camargo & Bosa (2009) e Martins (2007): “A falta de conhecimento, resultante de lacunas na formação inicial e continuada e, particularmente, percepções romantizadas do autista, como um ser preso a um mundo próprio e inacessível, parecem negativamente impactar a prática pedagógica dos docentes.” Destarte, o projeto de intervenção tem por justificativa instigar o questionamento dos professores sobre seus métodos de ensino e sensibilizar o docente, a fim de promover, como consequência, uma maior inclusão dos alunos com TEA e deficiência auditiva/surdez na sala de aula, ajudando em seu crescimento educacional e no melhor desenvolvimento das relações interpessoais no ambiente escolar. 4 OBJETIVOS 4.1 Objetivo geral: Sensibilizar docentes sobre as dificuldades enfrentadas por alunos com deficiência auditiva e TEA em sala de aula e expor a necessidade da formação continuada. 4.2 Objetivos específicos: ● Identificar a percepção dos professores a respeito das dificuldades de aprendizagem que os alunos possam ter em sala de aula, e as noções pré- concebidas que os docentes possuem a respeito da deficiência/transtorno; ● realizar uma atividade lúdica sobre as dificuldades enfrentadas pelos alunos com deficiência auditiva, surdez e transtorno do espectro autista; ● identificar a percepção dos professores a respeito das dificuldades de aprendizagem e preconceitos a respeito da deficiência/transtorno após a dinâmica de simulação, para análise da mudança ou permanência de seus pontos de vista; ● promover o diálogo acerca das necessidades e dificuldades que os estudantes possuem no processo de aprendizagem e desconstruir percepções falsas a respeito da deficiência/transtorno em foco; NILZABETH LEITE COELHO Excelente objetivo 10 ● orientar sobre metodologias/práticas de ensino que podem ser utilizadas com os estudantes com deficiência/transtorno em foco; ● expor a importância da formação continuada como ferramenta para o desenvolvimento profissional e para a inclusão. 5 REVISÃO DA LITERATURA 5.1 História da atuação da Psicologia no processo da inclusão No contexto brasileiro, a atuação da Psicologia no processo de inclusão surge principalmente no âmbito educacional, iniciando-se ainda no século XVIII, momento em que a Psicologia ainda não era consolidada como profissão e a produção de saberes psicológicos residiam nas áreas de educação e medicina. (CRPSP, 2013) Nesse contexto, com a adoção de práticas higienistas, o processo de instalação de hospícios no Brasil se iniciou, locais nos quais eram internadas pessoas com deficiências, problemas mentais e indivíduos considerados fora do padrão social para tratamento psiquiátrico aplicado por doutores em medicina. (CRPSP, 2013) Durante a primeira década de 1900, com a ascensão do movimento escolanovista e a criação das Escolas Normais, no qual o teórico John Dewey enfatiza o papel democratizadorda educação, os conhecimentos de Psicologia foram aplicados principalmente na forma de avaliação psicométrica do coeficiente de inteligência de estudantes, além da criação de serviços diagnósticos e classe especiais para alunos com deficiência por Helena Antipoff. (BENITEZ, 2017, p. 15) Assim começa a consolidação da Psicologia Educacional, onde o papel do psicólogo foi importante para o estudo e desenvolvimento de metodologias de inclusão de pessoas com deficiência na escola regular. Durante o início do século XX, o psicólogo Lev Vygotsky (1896-1934) foi um dos pioneiros no desenvolvimento intelectual de crianças na escola, criando mecanismos e estratégias para ajudar no seu desenvolvimento educacional; além disso, a inovação da pedagogia de Paulo Freire no Brasil trouxe grande relevância para o tópico de inclusão de grupos marginalizados na educação, no qual o autor ressalta que “A inclusão acontece quando [...] se aprende com as diferenças e não com as igualdades”. (FREIRE, 1998, p. 108) NILZABETH LEITE COELHO se a citação for literal colocar as pas no começo e no final dela. 11 Nacionalmente, a criação do Código de Ética Profissional do Psicólogo em 1967 inclui a inibição de práticas discriminatórias contra qualquer tipo de pessoa, segundo o Art. 2 do documento em que consta que “[...]É vetado praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão”. Durante o século XXI, foi criada a Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216, 2001) que promoveu o fechamento de hospícios e manicômios, garantiu direitos para pessoas com deficiência e gerou assistência na saúde desses pacientes. Como consta no relatório feito pelo Ministério da Saúde (2005, p. 9) ao fim de 2004, os investimentos feitos no âmbito da saúde mental chegam a cerca de 64%, demonstrando o impacto dos profissionais da área no Brasil, incluindo o psicólogo. Dessa forma, o principal papel dos psicólogos na inclusão de pessoas com necessidades especiais se dá através da produção, pesquisa e experimentação de metodologias inclusivas de ensino, como diz Anache (2009, p. 228): “Trabalhar a partir da representação do espaço de sala de aula com espaço criativo exige de educadores e psicólogos o desenvolvimento de novos conhecimentos, novas competências e muita criatividade (sic), porém, precisamente, nesse esforço de experimentação, de fracasso e de acerto.” 5.2 Aspectos importantes de acessibilidade e inclusão Antes de começar a descrever sobre os aspectos importantes para garantia de direitos de inclusão e acessibilidade escolar, é importante conceituar e apresentar os principais pensadores e autores desses termos. A educação inclusiva pode ser definida como um modelo de ensino que visa igualdade de acesso e oportunidades na rede regular de ensino para os estudantes com necessidades especiais. A acessibilidade é um modo de garantir a inclusão, assegurando a possibilidade e o alcance com autonomia da utilização dos espaços públicos por pessoas deficientes. A partir desses conceitos, podemos citar alguns autores que abordam sobre esse assunto, sendo eles, Mantoan, Carvalho e Sassaki. A educação inclusiva, segundo Sassaki (1998, p. 8), é a preparação das escolas de qualquer nível em proporcionar e atender as necessidades de ensino das crianças com deficiência, proporcionando uma educação de qualidade, sendo esse um processo em que a sociedade se adapta ao indivíduo, para a inclusão dessas pessoas nos sistemas sociais. 12 No tocante à inclusão em escolas regulares, Mantoan (2008, p. 19) questiona as políticas e as instituições de ensino ao defender a ideia de que para que ocorra a inclusão efetiva, a sociedade e a escola devem promover uma reestruturação, reconhecimento e eliminação das condições tradicionais presentes no modelo de ensino, ressaltando as mudanças necessárias que a instituição deve garantir, se adequando à criança deficiente, e não ao contrário. Nessa mesma linha de raciocínio, Carvalho (2005, p. 72) defende a equiparação de oportunidades, buscando remover barreiras para que se possa garantir para as crianças com deficiência a oportunidade de ingresso e de permanência no ambiente escolar. A garantia de direitos para a inclusão e acessibilidade no contexto da educação brasileira, se inicia a partir da década de 60, com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (N° 4.024, 1961), que estabelecia o atendimento educacional das pessoas com deficiência, como é possível constatar no trecho: “A Educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de Educação, a fim de integrá-los na comunidade”. Essa mesma lei passou por mudanças no ano de 1996, com a Lei N° 9.394, abordando a formação dos professores, métodos e recursos para o atendimento de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Havendo também um capítulo específico para a educação especial, o Art. 58, declara: “[...] O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a integração nas classes comuns de ensino regular.” A partir de 1988, a Constituição Federativa Brasileira afirma, de acordo com o Art. 208, que é dever do Estado garantir atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. A Lei N° 7853 de 1989, assegura os direitos individuais e sociais para as pessoas com deficiência e sua integração social. No âmbito da educação, essa lei garante no Art. 2° a inclusão e oferta obrigatória e gratuita, da Educação Especial no sistema educacional. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, segundo o Art. 54 assegura para os alunos com deficiência o atendimento educacional especializado 13 na rede regular de ensino e visa além disso a prioridade no atendimento de políticas públicas de proteção a essas crianças e adolescentes nessa condição. A Lei N° 10.436 de 2002, reconhece como meio legal de comunicação a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), garantido no Art. 2° formas regularizadas de apoio ao seu uso e sua difusão como meio de comunicação. Já no Art. 4°, garante o ensino da LIBRAS nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério. A partir dessa conquista, a Língua Brasileira de Sinais passou a ganhar mais visibilidade no país, sendo desenvolvidas diversas ações com o objetivo de torná-la cada vez mais acessível. O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) assegura para as pessoas com deficiência a inclusão social, promovendo condições de igualdade e o exercício de direitos garantidos a eles. Na esfera escolar, o Art.28°, pretende promover o desenvolvimento dos sistemas educacionais, ofertando serviços e recursos para a eliminação de barreiras, para a promoção da inclusão. 5.3 Deficiência auditiva e surdez: definições, diferenças e inclusão Segundo Andrade et al (2008, p. 22), o sistema auditivo se divide em duas partes: a parte periférica, que se encontra em sua totalidade de formação no nascimento, e a parte central, que irá maturar até os dois anos de idade. As perdas auditivas são conhecidas por dois tipos, a neurossensorial, que pode ocorrer como parte do processo de envelhecimento, ou condutora, que normalmente é causada por um tipo de obstrução no ouvido. Podem ser medidas também por sua intensidade, como profunda, grave, moderada e leve. A deficiência auditiva é caracterizada pela perda de audição ou diminuição na capacidade de ouvir certa faixa de frequência. Sendo assim, a existência prévia de problemas auditivos não tratados podem levar a deficiência auditiva. (FREITAS; MARANHÃO; FÉLIX, 2017 apud CORREIA 2019) Apesar de serem tratadas similarmente na sociedadepor serem percebidas como equivalentes, as pessoas deficientes auditivas e as pessoas surdas possuem características distintas no que diz respeito aos conceitos que definem suas condições e linguagens. O deficiente auditivo é aquele que possui incapacidade 14 auditiva, que pode ser classificada como total, em que o indivíduo não possui uma audição funcional no seu cotidiano; ou parcial, na qual embora a pessoa tenha limitações na audição, essa função sensorial ainda é funcional, podendo utilizar ou não próteses. (CHAVEIRO; BARBOSA apud SILVA; ANDRADE, 2018). Enquanto isso, o surdo é conceituado como a pessoa que tem um potencial para aprender e desenvolver seus meios cognitivos por meio de recursos visuais, como por exemplo a língua de sinais. (CAMPUS, 2014) Culturalmente, pessoas surdas e pessoas deficientes auditivas se diferenciam não apenas pela forma de comunicação que utilizam ou escolhem, mas também em quais comunidades se inserem, sendo que pessoas com deficiência auditiva ainda podem se inserir no “mundo auditivo” por meio de tecnologias (próteses auditivas, implantes cocleares) ou utilizar leitura labial, audição residual pela própria língua portuguesa, além de muitos buscarem formas de recompor sua audição. Enquanto isso, pessoas surdas percebem a sua incapacidade de ouvir como algo normal e natural, e que não há necessidade de buscar medidas corretivas para a sua surdez; a surdez faz parte da identidade desses indivíduos. A respeito da inclusão escolar, Espote, Serralha e Scorsolini-Comin (2013, p. 78-79) apontam que atualmente já se tem um entendimento de que para que ocorra a inclusão, os alunos com deficiência auditiva e/ou surdez não devem frequentar escolas especiais, visto que é uma forma de segregação social, e não devem frequentar a escola em turnos irregulares por não ser viável ou eficaz para o aprendizado do aluno. Para o ensino desse estudante, é necessário utilizar recurso visual e deve-se ter o cuidado na diferença linguística, pois a estrutura da língua de sinais é diferente da língua portuguesa, com a finalidade de que aluno com deficiência auditiva/surdez seja capaz de adquirir conhecimento integralmente nas escolas. (ARAGON; SANTOS, 2015) Sendo assim, devido às limitações na audição, muitos alunos enfrentam barreiras no quesito educacional, onde são prejudicados na aprendizagem por motivos como a falta de estímulo cognitivos e do próprio desenvolvimento no conhecimento escolar. (BRASIL, 2007) A conduta dos professores em relação ao processo de inclusão do aluno com deficiência influencia o aprendizado, sendo necessário que ocorram alterações no tratamento do educador para com o aluno de 15 maneira a cumprir a legislação, oferecendo acessibilidade e facilitando o aprendizado desses alunos com deficiência auditiva ou surdez. (RICARDO, 2018) 5.4 Transtorno do Espectro do Autismo: definições, diferenças e inclusão O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V, 2014, p. 50-56) caracteriza o Transtorno do Espectro Autista (TEA) como um transtorno que afeta áreas do neurodesenvolvimento responsáveis pela comunicação, interação social e o comportamento do indivíduo. Tal transtorno se refere também a uma série de condições observáveis por algum grau de comprometimento na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva. O TEA pode ser identificado já na infância, e tende a persistir na adolescência e na idade adulta; na maioria dos casos, as condições são aparentes durante os primeiros cinco anos de vida. Atualmente, conhecem-se alguns fatores que podem aumentar as probabilidades de uma criança nascer com autismo, a exemplo de fatores ambientais (pais gerarem filhos em idade avançada; baixo peso ao nascer e/ou exposição fetal a ácido valpróico). Além disso, sabe-se hoje que até 15% dos casos de TEA estão relacionados a uma mutação genética conhecida, com diferentes variações no número de cópias do gene denominado “De Novo” ou mutações do “De Novo” em genes específicos associados ao transtorno em diferentes famílias. (DSM- V, 2014, p. 57) Vale ressaltar que, segundo a atualização mais recente do DSM-V (2014, p. 52), existem diferentes níveis de gravidade para o TEA, são eles: leve, moderado e grave. No grau leve, o indivíduo é mais independente em comparação a outros níveis, e apresenta dificuldades na comunicação e na iniciação de uma interação social, podendo possuir interesse reduzido por socialização, além de apresentarem inflexibilidade no comportamento e dificuldade na troca de atividades, assim como demonstram problemas de organização e planejamento. No grau moderado, o autista apresenta déficits de linguagem em comunicação verbal e não-verbal, prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de apoio, limitação em dar início a interações sociais e resposta reduzida ou anormal a aberturas sociais que partem de outros, e por isso necessitam de auxílio na aprendizagem e interação social, além de 16 também apresentarem em comum a inflexibilidade no comportamento, dificuldade em lidar com mudanças, com o diferencial de comportamentos restritivos e repetitivos que aparecem com maior frequência. No grau grave, a pessoa apresenta déficit de comunicação grave, capacidade cognitiva prejudicada e grave limitação para iniciar uma interação social, demonstrando em comum com outros níveis a inflexibilidade de comportamento, e com o diferencial na extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos e repetitivos, o que interfere acentuadamente no funcionamento do indivíduo em todas as esferas, podendo ocasionar grande sofrimento e dificuldade para alternar o foco ou as ações. Quanto à legislação brasileira, os autistas têm capacidade e direito garantidos a serem incluídos no ambiente escolar desde 2013, através da Lei nº 12.764, que institui a "Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista", a qual foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff. A medida faz com que os autistas passem a ser considerados oficialmente pessoas com deficiência, tendo direito a todas as políticas de inclusão do país — entre elas, as de educação. No que tange a participação de crianças com TEA nas escolas regulares, segundo o Censo Escolar do INEP (2019, p. 45-46), o número de alunos com TEA que estão matriculados em classes comuns no Brasil aumentou 37,27% entre 2018 e 2019. Portanto, para que a inclusão do crescente número de alunos com autismo seja efetivamente realizada, é necessário que os professores tenham contato e conhecimento de técnicas pedagógicas especializadas para essas crianças, como os métodos de Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Desvantagens na Comunicação (TEACCH) que possibilitam a garantia da generalização da aprendizagem, facilitação da compreensão, adaptação do ambiente e o desenvolvimento da independência. http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2012/lei-12764-27-dezembro-2012-774838-publicacaooriginal-138466-pl.html 17 5.5 A percepção de professores sobre os discentes e a formação de docentes inclusivos De acordo com Robbins et al (2011, p. 159) “[...] o comportamento das pessoas baseia-se em sua percepção da realidade, não na realidade em si.”, ou seja, a percepção possui um papel muito importante quando se trata da relação entre docente e discente. Quanto ao ensino inclusivo em escolas regulares, mesmo com a presença do Atendimento Educacional Especializado, muitos professores que não possuem formação ou conhecimento acerca de educação inclusiva possuem noções pré-concebidas a respeito das deficiências de alunos que requerem metodologias adaptativas de ensino, uma delas sendo a de que promover a inclusão estaria fora do alcance profissional desses docentes porconta das dificuldades de aprendizado de tais estudantes. A respeito de noções pré-concebidas, também denominadas de estereótipos, Robbins et al (2011, p. 164) define que “Quando julgamos alguém com base em nossa percepção do grupo do qual essa pessoa faz parte, estamos usando uma forma de simplificação chamada estereotipagem”. É através de generalizações que muitos profissionais buscam ou decidem não buscar novas metodologias para incluir o aluno com deficiência, caso tenham a percepção de que a adaptação do ensino para aquele estudante demandará muito esforço do professor ou não será o suficiente para o desenvolvimento escolar do indivíduo. No entanto, mesmo com ausência de formação adequada, que suprisse todas os aspectos do fazer docente dentro do curso de graduação, é papel do professor praticar a criticidade de si mesmo e do ambiente ao seu redor, e utilizar da dialogicidade como ferramenta pedagógica para possibilitar que a relação docente- discente funcione também como parte do processo de inclusão e do processo reflexivo do educador sobre os seus próprios conhecimentos. Freire (1983, p. 78-79) expõe a importância do diálogo no processo de ensino-aprendizagem: “O diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto sua relação eu-tu. [...] Por isso o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir dos sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consumidas pelos permutantes.” 18 Além disso, Cruz e Ferreira (2019, p. 5888), ao dissertarem sobre a Pedagogia Freireana aplicada ao ensino inclusivo, explicitam que o fazer docente exige diversas habilidades para que a educação cumpra o seu papel de emancipadora e libertadora: “[...]Conclui que ensinar exige algumas posturas do(a) professor(a), dentre elas, o saber ouvir, falar, respeitar às diferenças, ter coerência entre o que diz e faz, ter segurança na prática docente, ou seja, ensinar não se resume a uma simples transmissão de conhecimento, mas na entrega total ao buscar novos caminhos para a prática educativa.” E ressaltam a necessidade de autonomia do docente em seu próprio processo de aprendizagem continuada (2019, p. 5884): “Assim, ser professor(a) na educação inclusiva requer autonomia, saída da encruzilhada das dificuldades e partir para busca de caminhos possíveis de lutas, que façam da escola um espaço emancipatório e não opressor, pois a escola do século XXI não há mais lugar para exclusão. A formação continuada é uma das possibilidades para que o(a) professor(a) tenha a oportunidade de refletir sobre o seu desenvolvimento profissional e buscar o conhecimento para suprir as lacunas da formação inicial.” No que tange a formação de profissionais da educação, ainda há dificuldades enfrentadas que retardam o progresso e o aumento destes atuantes na área do ensino inclusivo. Essas dificuldades são exemplificadas pela carência de recursos materiais e as barreiras financeiras estatais, como a falta de incentivos financeiros e a precariedade na formação acadêmica. Esses empecilhos não conseguem acompanhar as transformações na educação, além de não incentivarem o professorando a realizar uma especialização focada na inclusão. Contudo, Freitas (2009, p. 227) afirma: “[...] no contexto sociopolítico brasileiro, só a existência de políticas públicas não é o suficiente para a implementação de ações. Da mesma forma, é preciso frisar que, embora se defenda em todo momento a escolarização da pessoa com deficiência, defende-se também a qualidade dessa inclusão.” Ou seja, não se pode culpabilizar apenas a falta de estrutura e recursos para a dificuldade enfrentada ao formar docentes inclusivos. Previamente dito, existe ainda, a estereotipização e o preconceito instaurado nos professores, o que aumenta a dificuldade a formação dos profissionais, que em sua grande maioria se recusam a ter “mais trabalho”, ou, em uma outra perspectiva, não se sentem aptos ou preparados, uma vez que ao ter uma sala de aula com um aluno portador de deficiência, o docente haverá de criar um ambiente e uma metodologia educativa NILZABETH LEITE COELHO Eliminem o uso do termo "portador". Sempre falem aluno com deficiência 19 diferenciada que englobe tanto o aluno com deficiência quanto os demais alunos, além de assumir a responsabilidade de participar e crescer ativamente na vida escolar, em função de promover o convívio e o respeito entre todos e o ensino de valores. Assim diz na Conferência Mundial Sobre Necessidades Educativas Especiais (1997, p. 18): “O desafio que enfrentam as escolas integradoras é o de desenvolver uma pedagogia centralizada na criança, capaz de educar com sucesso todos os meninos e meninas, inclusive os que sofrem de deficiências graves. [...] a aprendizagem deve, portanto, ajustar-se às necessidades de cada criança, em vez de cada criança se adaptar aos supostos princípios quanto ao ritmo e à natureza do processo educativo.” Portanto, a mudança não está tão somente nas atitudes práticas, também se faz presente na capacidade do professor de reconhecer que seus alunos são diferentes e individuais, com capacidades, potenciais e condições de aprender. 6 METODOLOGIA 6.1 Público Alvo O projeto de intervenção será direcionado para professores que atuam na E. E. E. F. M. Jarbas Passarinho. 6.2 Proposta da ação A ação do projeto de intervenção foi desenvolvida de maneira que busca simular os obstáculos e dificuldades que pessoas deficientes auditivas e pessoas autistas deparam-se no contexto da sala de aula, quando o material didático não é adaptado às suas necessidades e o educador não está preparado para lecionar nos moldes da educação inclusiva. A partir disso, a ação será composta de dois momentos principais: o momento de dinâmica e o momento de orientação. É importante ressaltar que antes e após o momento da dinâmica, os participantes deverão preencher um formulário sobre percepção para comparação de resultados e de impacto da dinâmica em educadores. Cada momento é composto por duas etapas, de acordo com a deficiência/transtorno que será trabalhado. NILZABETH LEITE COELHO pessoas com TEA NILZABETH LEITE COELHO pessoas com deficiência auditiva NILZABETH LEITE COELHO Excelente referencial teórico. Completo e com uma boa organização de pensamento para conectar os tópicos e idéias. Parabéns! 20 A) Momento de dinâmica: a dinâmica simulará aspectos de uma aula presencial, apresentando objetivos a serem cumpridos pelos participantes. Os objetivos, embora pareçam simples de serem alcançados, não são exigidos em condições consideradas “normais” para os participantes da atividade, e sim em situações exageradas, de maneira que o cumprimento dos objetivos se torna impossível, o que é arquitetado para que ocorra de maneira proposital. ➢ Etapa 1: Simulação de obstáculos para pessoas com deficiência auditiva. ● Um membro da equipe atuará como “professor” da sala de aula, enquanto os participantes atuarão como “estudantes”. Outros membros da equipe atuarão, também, como “estudantes”, porém com papéis específicos, portanto, para fins de entendimento, denominaremos esses membros de “estudantes infiltrados”. ● Os estudantes infiltrados serão posicionados estrategicamente em carteiras distribuídas ao longo da sala de aula, e estarão cientes de suas posições previamente. ● Os estudantes terão a liberdade de escolher as carteiras onde se sentarão após os estudantes infiltrados tomarem suas posições designadas. ● O professor explicará que os estudantes deverão cumprir os objetivos que serão apresentados impressos numa folha de papel, mostrada pelos membros da equipe responsáveis por isso. ● Os estudantesserão instruídos a colocarem os tampões de ouvido, abafadores auditivos e algodão nos ouvidos, todos previamente esterilizados (ou ainda não abertos, no caso do algodão), de maneira que não conseguirão ouvir sons ou ouvirão, porém muito pouco e de forma dificultosa. ● Após a colocação dos materiais devidos, um dos membros da equipe mostrará uma placa (folha de papel) com o primeiro objetivo: “Identifique o tema do que está sendo falado pelo professor e escreva na folha abaixo”. ● O professor começará a falar sobre um assunto improvisado, porém, como os estudantes não conseguem ouvir, eles serão obrigados a tentarem fazer leitura labial ou qualquer outra forma de identificação do que está sendo falado, sem poder ouvir. ● Enquanto isso, o professor também dificultará o processo de leitura labial, praticando atitudes que não são recomendadas para um professor que tenta 21 ensinar para um aluno surdo, como por exemplo, ficar de costas para os estudantes e se movimentar pela sala fora do campo de visão dos estudantes. ● Ao mesmo tempo, os estudantes infiltrados criarão distrações visuais, dificultando ainda mais a leitura labial pelos estudantes. ● Ao fim da explicação, será indicado pelos outros membros da equipe que os estudantes devem escrever suas respostas. ● Assim que todos os estudantes terminarem de escrever, as anotações de todos serão recolhidas, membros da equipe irão apresentar outra placa (folha de papel), onde estará descrito o segundo objetivo: “Responda as perguntas apresentadas na prova”. ● Em seguida, aos estudantes será dado uma “prova”, escrita completamente em Libras, que conterá perguntas simples (“Qual o seu nome?”, “Quando você nasceu?”). Caso o estudante saiba e entenda a escrita em Libras, ele será capaz de responder; caso contrário, essa tarefa não será possível. ● Após todos os estudantes terminarem, as provas serão recolhidas e os membros da equipe irão os instruir a retirarem os equipamentos. ➢ Etapa 2: simulação de obstáculos para pessoas com TEA. ● Continuando a lógica da etapa anterior, um dos membros da equipe atuará como “professor”, enquanto os participantes da atividade atuarão como “estudantes” e outros membros da equipe atuarão como “estudantes infiltrados”; ● Os estudantes infiltrados permanecerão nas mesmas carteiras anteriores, assim como os estudantes participantes da atividade. ● A dinâmica dará continuidade aos objetivos apresentados pelos membros da equipe, porém sem que os estudantes utilizem equipamentos restritivos de audição, seguindo para o terceiro objetivo: “Leia e explique, em voz alta, o significado do trecho a seguir”, onde será entregue aos estudantes uma folha com um trecho de um poema abstrato ou conceito abstrato. O terceiro objetivo deverá ser cumprido em um determinado intervalo de tempo, no entanto, o professor irá interromper a leitura ou explicação do estudante antes do intervalo de tempo acabar, de maneira proposital. ● Após todos os estudantes terem falhado em cumprir o terceiro objetivo, os membros da equipe irão apresentar o quarto e último objetivo, que é similar ao 22 primeiro: “Ouça com atenção e em seguida, explique de forma clara e objetiva o significado do que foi exposto”. ● Em seguida, o professor iniciará um monólogo composto inteiramente por metáforas, enquanto estudantes infiltrados provocarão distrações durante o monólogo do professor e durante a resposta de cada estudante. ● Terminando as respostas dos estudantes, a dinâmica será finalizada, de forma que nenhum participante conseguirá cumprir todos os objetivos propostos. B) Momento de diálogo e orientação: este momento da ação é onde será discutido as experiências e percepções dos participantes da atividade, correlacionando as dinâmicas com situações reais e cotidianas de um aluno que não é incluído em sala de aula. Questões serão levantadas a respeito do fazer docente e da formação continuada, e em seguida, será realizada uma apresentação pelos participantes da equipe sobre metodologias de ensino e práticas pedagógicas específicas para discentes com deficiência auditiva/surdez e TEA. 7 CRONOGRAMA TEMPO ATIVIDADE 3 min Formulário sobre percepção 5 min - 6 min Dinâmica de simulação (Deficiência auditiva) 8 min - 7 min Dinâmica de simulação (TEA) 2 min Formulário sobre percepção - continuação 40 min Discussão da dinâmica e orientação educacional 2 min Formulário de feedback sobre a ação 8 RECURSOS NECESSÁRIOS Os recursos necessários para a execução da ação são: ● Formulários sobre percepção impressos; 23 ● Formulários de feedback impressos; ● Canetas; ● Tampões de ouvido/abafadores de ouvido/algodão; ● “Prova” escritas em Libras impressas; ● Projetor/Datashow; ● Slides de orientação educacional; ● “Conceito abstrato” impresso; ● Ambiente de sala de aula; ● Carteiras; 9 RESULTADOS ESPERADOS Com o término da execução do projeto, espera-se que ocorra: a) a modificação da percepção dos educadores a respeito do entendimento do estudante autista e com deficiência auditiva/surdez acerca das aulas não adaptadas ministradas pelos docentes, através da dinâmica de simulação de obstáculos de uma aula não adaptada. b) a desconstrução de estereótipos acerca da deficiência auditiva e do TEA. c) a assimilação da importância do relacionamento interpessoal entre docentes- discentes e da cooperação entre professores do ensino regular e professores do AEE no processo de inclusão de pessoas com deficiência. d) a instigação do interesse dos professores em se desenvolverem profissionalmente por meio da aprendizagem de métodos pedagógicos de ensino inclusivo, de modo que valorizem o processo de formação continuada e reinventem suas formas de ensinar. e) um aumento na quantidade de professores que adaptam suas aulas de forma adequada e produzem material didático adaptado. 24 REFERÊNCIAS ALVEZ, C. B.; FERREIRA, J. P.; DAMÁZIO, M. F. M. A educação especial na perspectiva da inclusão escolar: abordagem bilíngue na escolarização de pessoas com surdez. 4. ed. Ceará: Ministério da Educação; Secretaria de Educação Especial, 2010. 24 p. ANDRADE, G. M. Q. de et al. Deficiência auditiva na toxoplasmose congênita detectada pela triagem neonatal. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 7, Belo Horizonte, v. 1, n. 74, p. 21-28, Janeiro, 2008. ASSOCIATION, American Psychiatric. Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. ARAGON, C. A.; SANTOS, I. B. Deficiência auditiva/surdez: conceitos, legislação e escolarização. Revista Educação, Batatais. vol.5, n.2, p.119-140,2015. BARBOSA, R. M.; ARAÚJO C. M. M. Psicologia escolar no Brasil: considerações e reflexões históricas. Brasília, 31 de janeiro de 2011. BENITEZ, P. Psicologia e educação especial: a história da psicologia no país. Londrina: Editora Educacional S. A., 2017. 184 p. 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