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CARVALHO, L. V.; MOURA, M. L.50 No processo de complexização das sociedades humanas, o espaço da vida foi modificado pelo trabalho humano. Os objetos do mundo natural deixam de ser naturais e passam a ser transformados em objetos técnicos. A terra, objeto da natureza, tem sido transformada pela ação dos homens, assim como os prédios, as ruas, as casas, os parques foram produzidos pelo traba- lho humano, porém a matéria prima foi retirada da natureza. A vida em sociedade nos revela a natureza contraditória dos objetos na sua relação com as ações dos homens em sociedade. A tarefa da Geografia, numa abordagem crítica e transformadora, deve ser a de auxiliar o aluno a apreender esse movimento e a ligação entre os objetos do mundo e a ação da pessoa hu- mana no mundo que no desenvolvimento da história formam os espaços sociais. Nessa direção, o lugar, a paisagem e o território não podem ser enten- didos como fenômenos puramente naturais, destituídos de historicidade. 2.2. O lugar: o espaço em que se cria vivências e identidades O lugar é fonte inspiradora de poetas, compositores e artistas de vários gê- neros. O desconhecimento dos conceitos geográficos não foi impedimento à construção de versos que reforçam o lugar como espaço constituído de relações dos homens entre si e com o mundo natural. Espaço de criação de vivência, de identidades, de contradições, de conflitos que fazem a vida continuar. Na música Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim, encontramos o conceito de lugar na voz de um poeta: Vou voltar, sei que ainda vou voltar Para o meu lugar Foi lá , e é ainda lá Que eu hei de ouvir cantar Uma sabiá, cantar, uma sabiá Vou voltar, sei que ainda vou voltar Vou deitar a sombra de uma palmeira Que já não há Colher a flor, que já não dá E algum amor Talvez possa espantar As noites que eu não queria E anunciar o dia
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