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Livro Geografia I para Ensino Fundamental -píginas-54

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Geografia I para o Ensino Fundamental 71
precisam da ciência e da escola para apropriar-se do mundo dos sentidos e 
descrevê-lo, porém dependem do acervo cultural acumulado para compreen-
der porque o mundo vivido hoje é assim e não de outro jeito. Porque, hoje, aqui 
e agora, alguns têm acesso às conquistas históricas da humanidade e outros 
não. Com as palavras de Paro (2009):
(...) Não precisa tirar um milímetro do currículo que aí está, mas, por 
favor, não minimizem aquilo que é a nossa própria vida, o nosso próprio 
exercício na condição de humano. Precisamos pensar em métodos 
que não sejam tão retrógrados como os que estão por aí, Se a criança 
só aprende se quiser, então precisamos saber o que é preciso para 
levá-la a querer. Para isso é preciso saber mais sobre psicologia, sobre 
antropologia, sobre sociologia, sobre história, sobre a pedagogia de um 
modo geral, sobre todas as ciências que dão subsídios á educação e 
nos deixam mais didaticamente preparados para lidar com a criança, 
ou com o ser humano em desenvolvimento (p. 19)
 O que parece nos desafiar é exatamente essa fundamentação teórica 
sólida que nos permita a apreensão do mundo real, mas do mundo em suas 
múltiplas determinações, “em suas múltiplas interfaces de que se reveste e 
que devem ser percebidas pelos educandos” (GASPARIN, 2003, p. 54). Isso 
exige do professor o domínio da natureza do conhecimento a ser transmitido, 
pois do contrário, pouco ou nada poderá fazer para transformá-lo em produ-
ção de conhecimento novo. 
Não é possível, numa leitura crítica da realidade, estudar o relevo da 
área costeira de Fortaleza, por exemplo, sem nos depararmos com suas di-
mensões histórica, social, econômica e cultural, assim como não é possível 
desmitificar a “naturalização” dos fenômenos históricos e geográficos sem 
nos apropriarmos, e ajudarmos nossos alunos a se apropriarem, do acervo 
cultural da humanidade, pois como nos ajuda a esclarecer Saviani (1995), 
(...) Se os membros das camadas populares não dominam os conteú-
dos culturais, eles não podem fazer valer os seus interesses, porque 
ficam desarmados contra os dominadores, que se servem exatamen-
te desses conteúdos culturais para legitimar e consolidar a sua domi-
nação (p. 66). 
No âmbito do ensino da História e da Geografia o desafio que se impõe 
é a necessidade de reaproximar o currículo formal do currículo real, o ontem e 
o hoje, o “aqui, o lá e o acolá”, o conhecimento da Geografia de outras áreas 
e dimensões do conhecimento humano, visando ultrapassar as perspectivas 
curriculares que, sob diferentes estratégias, tentam separar o ensino sobre o 
mundo da concretude do mundo.

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