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Métodos e Técnicas de Pesquisa

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MÉTODOS E 
TÉCNICAS DE 
PESQUISA 
 
 
 
 
 
 
Eber da Cunha Mendes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EBER DA CUNHA MENDES 
 
 
 
 
 
 
MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FABRA 
2017 
 
 
 
 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR FABRA 
MANTENEDOR DO CENTRO DE ENSINO SUPERIOR FABRA 
CRED. PELA PORT. Nº 2787 DE 12/12/2001 
D.O.U. 17/12/2001 - CNPJ 03.580.192/0001-40 
Aditada pela Portaria MEC n 467 de 13/09/2013 – publicada no D.O.U em 16/09/2013 
Rua Pouso Alegre, 49 – Barcelona – Serra/ES 
Tel.: 27 3241-9093 – www.soufabra.com.br 
Copyright@FABRA 2017 
Elaboração: 
Eber da Cunha Mendes 
 
Revisão: 
Irislane Figueiredo 
 
Produção e Capa: 
Centro de Ensino Superior Fabra 
 
Projeto Gráfico e Editoração: 
Central Edições Ltda. 27 99986-6804 
Adão Rocha • Luciano Vidal 
 
Catalogação na publicação elaborada pela Biblioteca Central da FABRA. 
 
Mendes, Eber da Cunha. 
M5381m Métodos e técnicas de pesquisa / Eber da Cunha Mendes. 
– Serra, ES: Centro de Ensino Superior Fabra, 2016. 
168 p. : il.. 
 
ISBN 978-85-92808-00-6. 
 
1. Pesquisa. 2. Pesquisa - Metodologia. 3. Metodologia 
científica. 4. Redação técnica. I. Título. 
 
CDU 001.8 
CDD 001.4 
http://www.soufabra.com.br/
A 
 
 
 
 
Apresentação 
 
 
pesquisa científica é um caminho que todos os que amam e anelam 
pelo conhecimento precisam trilhar. Toda pesquisa tem dimensões 
pessoais, sociais e políticas, abrangendo a realidade e as necessida- 
des de compreender o mundo e de melhorá-lo a cada dia. 
Ao adentrar em um curso de graduação, o novo aluno é desafiado a elaborar 
novas formas de construção do conhecimento e a pensar e a produzir cienti- 
ficamente. Agora, é-lhe exigido também trabalhar metodologicamente. Para 
isso, esse aluno precisa organizar suas estratégias de trabalho, de leitura e 
de pesquisas. A metodologia e as técnicas de pesquisa seguirão esse aluno- 
pesquisador em toda a sua trajetória, quer seja na graduação, quer seja na 
pós-graduação. 
E foi para atender essa necessidade que surgiu este livro-texto. Nossos obje- 
tivos são contribuir com o processo de construção do conhecimento científi- 
co. Para tanto, apontaremos os caminhos que, no entender da FABRA, são 
mínimos e básicos na formação do aluno-pesquisador. 
Acreditamos na grande e urgente necessidade de formamos pensadores e 
pesquisadores que, em suas empreitadas, serão capazes de suprir deman- 
das da sociedade atual, em que cada um, na sua área de competência, 
poderá contribuir de forma sólida e real com o mundo e a sociedade. 
A pesquisa nasce da inquietude humana, do seu desejo de avançar, da sua 
curiosidade inata, da sua ambição por melhorias na realidade, das necessi- 
dades de conquistar mais espaço. A pesquisa também nasce e se desenvol- 
ve por causa da habilidade humana em discutir o discutido, em redescobrir 
o descoberto, em ressignificar conceitos, em explicar e confrontar verdades 
e teorias. A pesquisa nos ajuda a elucidar o passado, a explicar o presente 
e a construir o futuro. 
 
 
6 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
Optamos por uma linguagem mais simples, que, mesmo assim, pretende 
não perder sua profundidade teórica e metodológica. Na unidade I abordare- 
mos os desafios da vida e da produção acadêmica. Avançaremos nas ques- 
tões da organização e das competências que o aluno-pesquisador precisará 
desenvolver para aproveitar seus estudos e suas leituras. Na unidade II 
analisaremos os fundamentos teóricos sobre a construção do conhecimento 
e da pesquisa. Nessa unidade apresentaremos os diversos tipos e as dife- 
rentes modalidades de trabalhos acadêmicos. Com isso, esperamos ajudar 
o aluno-pesquisador a conhecer, a diferenciar e a praticar diversas formas 
de construção da pesquisa. Na unidade III avançaremos nas questões me- 
todológicas. Estudaremos o processo de construção de uma pesquisa, des- 
de sua gênese, passando pela construção de um projeto de pesquisa, até 
a pesquisa propriamente dita. Nessa unidade também apresentaremos as 
normas técnicas da ABNT e o padrão que utilizaremos para as pesquisas e 
os trabalhos científicos realizados no contexto da FABRA. 
Assim, damos boas vindas à sua jornada como pesquisador e desejamos 
sucesso em seus estudos e objetivos! 
 
 
Prof. Eber da Cunha Mendes 
 
 
 
O segredo de seu sucesso nos estudos 
Não deixe de acessar nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Nesse ambien- 
te você ampliará seus conhecimentos e assuntos abordados neste livro. Este é mais 
um segredo para um melhor aproveitamento dos estudos, maior aprendizado e para 
a boa formação! 
 
 
 
 
Programa de Ensino 
 
 
EMENTA 
A vida acadêmica. O ato de estudar. Fundamentos da pesquisa científica. 
Os tipos de conhecimento. Tipos e Técnicas de pesquisa. Métodos de aná- 
lise e métodos de abordagem de conteúdo. Os diversos tipos de trabalhos 
acadêmicos: TCC, fichamento de leitura, resenha, resumo, seminário, artigo 
científico, paper. Normas técnicas na formatação de trabalhos acadêmicos. 
Elaboração do Projeto de Pesquisa. 
 
 
OBJETIVOS 
• Ambientar os novos alunos da graduação ao ambiente acadêmico, meto- 
dológico e científico; 
• estudar e compreender os pressupostos teóricos, éticos e práticos da 
pesquisa científica; 
• caracterizar as diversas formas de organização do conhecimento acadê- 
mico e científico; 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
BRANdÃo, carlos Rodrigues (org.). Pesquisa participante. 7. ed. São Pau- 
lo: Brasiliense. 
MARCONI, Marina de Andrade, LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de me- 
todologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas. 
seVeRiNo, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Pau- 
lo: Cortez. 
 
 
8 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
ceRVo, Amado Luiz; BeRViAN, pedro Alcino. Metodologia científica. 5. ed. 
São Paulo: Makron Books. 
GALLIANO, A. Guilherme. Método científico: teoria e prática. São Paulo: 
Harbra. 
RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estu- 
dos. 5. ed. São Paulo: Atlas. 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina Andrade. Metodologia do trabalho 
científico. São Paulo: Atlas. 
 
 
AGENDA DA DISCIPLINA 
 
ENCONTROS ATIVIDADES EM SALA AVALIAÇÕES 
 
ENCONTRO 1 Apresentação da 
Explicação do trabalho 
a ser entregue pelo 
aluno no Encontro 2 
DIA disciplina 
 Apresentação da 
 / / Unidade I 
ENCONTRO 2 
DIA 
Discussão e correção 
da Unidade I 
Apresentação da 
Entrega do trabalho 
0 a 10 - Peso 
 / / Unidade II 
ENCONTRO 3 
DIA 
Discussão e correção 
da Unidade II 
Apresentação da 
Avaliação AV 1 
0 a 10 - Peso 
 / / Unidade III 
ENCONTRO 4 
DIA 
 
Discussão e correção 
da Unidade III 
Avaliação AV2 
0 a 10 - Peso 
 
 / / 
Revisão Geral 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 UNIDADE I 
CAPíTULO 1 - BEM VINDO à VIDA ACADêMICA! ..................................................... 15 
1.1 VidA AcAdêMicA: Aspectos cieNtíficos, pRofissioNAis e poLíticos .......... 16 
1.2 o tRipé dA uNiVeRsidAde e o pRocesso do coNHeciMeNto ................... 18 
1.3 o desAfio dA pesquisA NA eRA dA pÓs-ModeRNidAde ........................... 21 
RESUMO DO CAPíTULO 1 ............................................................................... 27 
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 28 
CAPíTULO 2 - O ATO DE ESTUDAR .................................................................. 29 
2.1 ORGANIZAÇÃO ..................................................................................... 30 
2.2 DISCIPLINA ......................................................................................... 32 
2.3 ApRoVeitAMeNto dAs AuLAs .................................................................. 37 
2.4 ApRoVeitAMeNto dAs LeituRAs ............................................................. 39 
RESUMO DO CAPíTULO 2 ...............................................................................44 
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 45 
SíNTESE DA UNIDADE 1.................................................................................. 46 
AMPLIE O CONHECIMENTO NO AVA - “Ambiente Virtual de Aprendizado” ................ 47 
 UNIDADE 2 
 
 
CAPíTULO 1 - FUNDAMENTOS DA PESQUISA CIENTíFICA ................................ 51 
1.1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ............................. 51 
1.2 OS TIPOS DE CONHECIMENTO ............................................................... 55 
1.2.1 Conhecimento popular ou senso comum ......................................... 41 
1.2.2 Conhecimento filosófico ............................................................... 42 
1.2.3 Conhecimento religioso ................................................................. 43 
1.2.4 Conhecimento científico ................................................................ 44 
1.3 o que é pesquisA?............................................................................. 61 
1.3.1 Conceito e características .............................................................. 62 
1.3.2 Tipos e Técnicas de Pesquisa ........................................................ 62 
1.3.3 Métodos de Análise e de abordagem do Conteúdo............................ 65 
RESUMO DO CAPíTULO 1 ............................................................................... 75 
AUTOATIVIDADE............................................................................................. 77 
 
CAPíTULO 2 - OS DIVERSOS TIPOS DE TRABALHOS ACADêMICOS................... 
 
79 
2.1 MoNoGRAfiA, disseRtAÇÃo e tese?................................................... 79 
2.2 FICHAMENTO DE LEITURA ................................................................... 83 
2.3 RESENHA ........................................................................................... 87 
2.4 RESUMO.............................................................................................. 89 
2.5 SEMINÁRIO ......................................................................................... 90 
2.6 ARtiGo cieNtífico ............................................................................. 91 
2.7 PAPER ................................................................................................. 95 
2.8 pAssos pARA A eLABoRAÇÃo de uM ARtiGo cieNtífico ou de uM pApeR 96 
RESUMO DO CAPíTULO 2 ............................................................................... 97 
AUTOATIVIDADE............................................................................................. 98 
SíNTESE DA UNIDADE 2 ................................................................................. 100 
AMPLIE O CONHECIMENTO NO AVA - “Ambiente Virtual de Aprendizado”........... 101 
 UNIDADE 3 
 
CAPíTULO 1 - NORMAS TÉCNICAS PARA A FORMATAÇãO 
DE TRABALHOS ACADêMICOS ............................................................... 105 
1.1 estRutuRA BÁsicA do tRABALHo AcAdêMico.......................................105 
1.1.1 Formatação gráfica 105 
1.1.2 Estrutura do Trabalho Acadêmico .................................................. 113 
1.1.3 Modelos de capa, folha de rosto e sumário ...................................... 114 
1.2 coMo fAZeR As RefeRêNciAs BiBLioGRÁficAs .....................................117 
1.3 COMO UTILIZAR AS CITAÇÕES ................................................................... 134 
1.3.1 Citação indireta 134 
1.3.2 Citação direta ou textual .............................................................. 134 
1.3.3 Citação de citação 135 
1.4 coMo utiLiZAR As NotAs de RodApé ....................................................136 
1.5 COMO UTILIZAR EXPRESSÕES E TERMOS LATINOS ................................ 137 
1.6 COMO UTILIZAR TABELAS E ILUSTRAÇÕES ............................................ 140 
RESUMO DO CAPíTULO 1 ............................................................................. 142 
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................. 144 
CAPíTULO 2 - COMO ELABORAR UMA PESQUISA CIENTíFICA? ......................... 145 
2.1 coMece LeNdo ARtiGos cieNtíficos puBLicAdos ................................... 145 
2.2 fAÇA seu pRoJeto de pesquisA ................................................................... 145 
2.3 eLeMeNtos de uM pRoJeto de pesquisA..............................................146 
RESUMO DO CAPíTULO 2 ............................................................................. 158 
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................. 160 
SíNTESE DA UNIDADE 3................................................................................ 163 
AMPLIE O CONHECIMENTO NO AVA - “Ambiente Virtual de Aprendizado” ............. 164 
BIBLIOGRAFIA COMENTADA ................................................................................ 165 
REFERêNCIAS .............................................................................................. 166 
 
MÉTODOS E TÉCNICAS DE P 
 
 
 
ESQUISA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 1 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 
 
 
Bem vindo à vida acadêmica! 
 
Ao entrar no mundo da academia, você deu mais um passo rumo a um 
futuro melhor e promissor. Esse caminho não é curto e nem sempre fácil, 
mas é o melhor. Construir algo sólido demora tempo, dedicação e esforço. 
Você precisará também construir um caminho alicerçado em bons funda- 
mentos, bons aprendizados e boas referências. 
Nessa sua jornada, a disciplina Métodos e Técnicas de Pesquisa será 
sua grande e inseparável aliada. Você precisará dela para aproveitar o que 
terá de melhor em suas leituras, aulas e pesquisas. Ela servirá também 
para ajudá-lo a produzir conhecimento e circulá-lo, pois todo conhecimento 
precisa circular, ou seja, sair das esferas da individualidade e alcançar a 
coletividade. 
A qualidade de sua formação dependerá de uma parceria entre a insti- 
tuição de ensino, o professor e, o mais importante, você mesmo. Estudar e 
produzir conhecimento sempre serão exercícios que lhe exigirão um método, 
uma boa disciplina pessoal, uma organização de atividades e a articulação 
de estratégias básicas, que se forem seguidas, garantirão grandes resultados 
em sua formação. 
O ser humano é sempre um ser aberto ao saber e ao mundo, pois ele 
sempre está pesquisando a si mesmo, aos outros e ao mundo que o cerca. 
Neste contexto, entram a pesquisa, os estudos e as técnicas. Mas tudo isso 
só terá sentido a partir de você, de seu esforço e de sua dedicação. Costumo 
dizer sempre aos meus alunos: “o tanto que você quer, será o tanto que você 
se esforçará”. quem quer muito, precisa se esforçar muito, quem quer mé- 
dio, pode se esforçar médio, e quem quer pouco, pode se esforçar pouco. 
Neste capítulo, desejamos desafiá-lo nos primeiros passos de sua jorna- 
16 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
da científica. Falaremos dos aspectos científicos, políticos e profissionais da 
educação superior, do processo de construção do conhecimento e, por fim, 
do papel da instituição de ensino. 
 
1.1 VIDA ACADêMICA: ASPECTOS CIENTíFICOS, 
PROFISSIONAIS E POLíTICOS 
 
O alvo final da formação universitária não é outro senão a construção de 
uma vida humana melhor e mais sustentável. Nesse sentido, tudo que se 
faz é útil à sociedade e ao mundo que nos cerca. A criação e a circulação do 
conhecimento são compromissos da educação, dos mecanismos de ensino, 
das faculdades e se produz no ambiente acadêmico e científico, através de 
métodos, e destina-se a universidades e a todos os setores que lidam com 
o ensino e a formação. 
Podemos dizer que o fim último do labor acadêmico é a dignidade da 
pessoa humana. Essa é uma qualidade intrínseca,inseparável de todo e 
qualquer ser humano. é nossa essência, sendo exatamente o que nos define 
como humanos. O ser humano, independentemente de qualquer condição 
ou particularidade, é titular de direitos, e esses devem ser respeitados e 
buscados pelo Estado, pelos indivíduos e por tudo aquilo que se faz em 
sociedade. 
O pensador Leonardo Boff, ao analisar a questão da dignidade humana, 
lembra-nos o seguinte: 
 
Nada mais violento que impedir o ser humano de se relacionar 
com a natureza, com seus semelhantes, com os mais próximos 
e queridos, consigo mesmo e com Deus. Significa reduzi-lo a um 
objeto inanimado e morto. Pela participação, ele se torna res- 
ponsável pelo outro e con-cria continuamente o mundo, como 
um jogo de relações, como permanente dialogação (ano, pág?). 
 
Dessa forma, o ensino superior deve contribuir com a formação de uma 
sociedade mais consciente e mais cidadã, sendo a Instituição de Ensino 
superior (ies) responsável por uma parcela dessa formação. formar profis- 
sionais, apenas, não expressa a missão de uma IES. Essa formação deve 
contemplar o bem comum, os fundamentos éticos e políticos, a solidarieda- 
de e a alteridade entre homens e povos. 
uNid Ade 1 • 17 
 
Nos dizeres de Antônio Joaquim severino, 
 
o ensino superior, tal qual se consolidou historicamente, na tra- 
dição ocidental, visa atingir três objetivos, que são obviamente 
articulados entre si. O primeiro objetivo é o da formação de 
profissionais das diferentes áreas aplicadas, mediante ensino/ 
aprendizagem de habilidades e competências técnicas; o segun- 
do objetivo éo da formação do cientista mediante a disponibili- 
zação dos métodos e conteúdos de conhecimento das diversas 
especialidades do conhecimento; e o terceiro objetivo é aquele 
referente a formação do cidadão, pelo estímulo de uma tomada 
de consciência, por parte do estudante, do sentido de sua exis- 
tência histórica, pessoal e social (2008, p.22). 
 
Essa afirmação nos coloca diante de 3 grandes desafios: 
• formação de profissionais de qualidade; 
• iniciação da prática científica através de métodos e técnicas; 
• conscientização político-social dos estudantes. 
Sendo assim, a formação universitária deve trabalhar por uma formação 
de qualidade e integral, na qual figuram, juntos, o conhecimento técnico, o 
conhecimento científico e o conhecimento político e social. 
Nessa direção, toda educação com qualidade profissional, científica e 
social de referência torna-se possível e real quando trabalhada no horizonte 
em que a formação integral contribui com a consolidação da cidadania. 
Nesse contexto, estabelecem-se o direito social, o direito de cidadania e o 
direito do ser humano. A formação universitária deve ter essa visão huma- 
nística e ancorada nos pilares da justiça social, da igualdade, da cidadania, 
da ética, da emancipação e da sustentabilidade. 
Castro também sinaliza que a Instituição deve envolver a sociedade e 
permitir, ao mesmo tempo, que essa sociedade envolva-se com seus sujei- 
tos (cAstRo, 2009, p. 41). esse processo de envolvimento deve obedecer 
aos princípios da autonomia, da perspectiva interdisciplinar, tanto entre a 
educação profissional e a educação básica quanto entre as diversas áreas 
profissionais e do entrelaçamento entre o ensino com a pesquisa e a exten- 
são. Essa formação deve também ser integral, considerando a produção, 
a socialização e a difusão do conhecimento científico, técnico-tecnológico, 
artístico-cultural e desportivo. Isso tudo, sem perder o foco da inclusão so- 
cial e da diversidade. 
18 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
1.2 O TRIPÉ DA UNIVERSIDADE E O PROCESSO DO 
CONHECIMENTO 
 
Conhecido por muitos de “tripé” da Universidade, os compromissos da 
Universidade giram em torno do Ensino, da Pesquisa e da Extensão. Por lei, 
a Universidade deve oferecer essas 3 modalidades de atividades, no entan- 
to, tem sido uma prática comum que os Centros Universitários e Faculdades 
também os ofereçam. Vejamos detalhadamente a natureza e a função de 
cada uma dessas modalidades: 
Ensino: Diz respeito ao processo de transmissão, articulação e exposi- 
ção dos conteúdos e dos conhecimentos acumulados e 
adquiridos pela humanidade. 
Pesquisa: Diz respeito ao processo de constru- 
ção e produção do conhecimento. 
Extensão: Diz respeito ao processo de cir- 
culação e articulação do conhecimento pro- 
duzido e estudado na academia dentro 
da sociedade. 
Severino conceitua “Educação” como o 
processo pelo qual o conhecimento é produzido, reproduzido, conservado, siste- 
matizado, organizado, transmitido e universalizado na sociedade (2008, p.23). 
Assim, o processo de Educação não acontece apenas em uma sala de aula 
ou em uma estrutura específica, mas em toda trama social. Todo processo de 
educar está diretamente vinculado ao processo da construção do conhecimento 
que, por sua vez, envolve os 3 processos articulados entre si. 
qual dos três processos educativos se apresenta como o mais importan- 
te? de forma rápida, não podemos concluir que um processo seja melhor 
ou mais importante que o outro. Todos têm seu lugar e sua importância. No 
entanto, como Severino afirma, a pesquisa é o eixo central, básico e susten- 
tador de todo o processo na educação superior (2008, p.23). A pesquisa 
torna-se um elemento imprescindível em todo o processo de ensino-apren- 
dizagem, pois sua prática fomenta o ensino de forma eficaz, e à medida que 
isso acontece, a comunidade será beneficiada com esse conhecimento dis- 
posto e estendido a ela mesma. A pesquisa torna-se, assim, um elemento 
mediador da educação superior de qualidade. 
uNid Ade 1 • 19 
 
Isso nos aponta para 3 dimensões da pesquisa: 
• A dimensão epistemológica - pois aponta para a construção e os ca- 
minhos do conhecimento; 
• A dimensão pedagógica - pois decorre de sua relação com a aprendi- 
zagem; 
• A dimensão social - pois trata de sua extensão e de sua contribuição 
com a sociedade. 
A pesquisa sempre exercerá um papel decisivo no processo de conheci- 
mentoo qual, ao ser bem descoberto, sistematizado, ensinado e estendido, 
permitirá aos homens um agir humano diferente das suas outras espécies. 
O conhecimento é a estratégia dos homens e estará sempre presente e ativo 
na história da humanidade. Aliás, o conhecimento constrói nossa identida- 
de humana, nosso destino e nossa humanidade. 
A construção do conhecimento sempre apontará para uma dimensão 
política, já que se propõe a formar um ser integral, profissional, acadêmico 
e, ao mesmo tempo, despertando-o para o entendimento de seu papel so- 
cial. Assim, espera-se que todo centro de ensino superior forme não apenas 
tecnicamente seu alunos, para adentrarem ao mercado de trabalho e com 
excelentes conhecimentos técnicos e científicos, mas que esse aluno tenha 
uma consciência social e se veja parte de um mundo maior que o seu, 
transformando-o. 
Severino alerta para a articulação intrínseca e mútua que o ensino, a 
pesquisa e a extensão devem promover. Cada processo será legitimado dire- 
tamente aos outros, sendo os três igualmente relevantes. 
 
Com efeito, a pesquisa é fundamental, uma vez que é através 
dela que podemos gerar o conhecimento, a ser necessariamente 
entendido como construção dos objetos de que se precisa apro- 
priar humanamente. Construir o objeto que se necessita conhe- 
cer é processo condicionante para que se possa exercer a função 
de ensino, eis que os processos de ensino/aprendizagem pressu- 
põem que tanto o ensinante como o aprendiz compartilhem do 
processo de produção do objeto. Do mesmo modo, a pesquisa é 
fundamental no processo de extensão dos produtos do conheci- 
mento à sociedade, pois a prestação de qualquer tipo de serviço 
à comunidade social, que não decorresse do conhecimento da 
objetividade dessa comunidade, seria mero assistencialismo, 
saindo assim da esfera da competência da Universidade.20 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
Por outro lado, o conhecimento produzido, para se tornar ferra- 
menta apropriada de intencionalização das práticas mediadoras 
da existência humana, precisa ser disseminado e repassado, 
colocado em condições de universalização. Ele não pode ficar 
arquivado. Precisa então transformar-se em conteúdo de ensino, 
de modo a assegurar a universalização de seus produtos e a 
reposição de seus produtores. Tal é a função do ensino. 
 
Mas os produtos do conhecimento, instrumentos mediadores do 
existir humano, são bens simbólicos que precisam ser usufruí- 
dos por todos os integrantes da comunidade, à qual se vinculam 
as instituições produtoras e disseminadoras do conhecimento. 
é a dimensão da extensão, devolução direta à mesma dos bens 
que se tornaram possíveis pela pesquisa. Mas, ao assim proce- 
der, devolvendo à comunidade esses bens, a Universidade o faz 
inserindo o processo extensionista num processo pedagógico, 
mediante o qual está investindo, simultaneamente, na formação 
do aprendiz e do pesquisador. A função extencionista, articulada 
à prática do ensino, não se legitimaria, então, se não decorresse 
do conhecimento sistemático e rigososo dos vários problemas 
enfrentados pelas pessoas que integram determinada sociedade 
ou parte dela (2008, p.34,35). 
 
A estratégia de integração entre o ensino, a pesquisa e a extensão é im- 
portante para materializar a qualidade da formação acadêmica. Para isso, 
a extensão e a pesquisa devem ser sempre ser compreendidas como prin- 
cípios educativos próprios da formação acadêmica, e inerentes ao processo 
de ensino. 
Todo curso de graduação deve pensar na implementação de ações de 
pesquisa e de extensão como partes da formação dos estudantes em geral, 
e isso implica no envolvimento efetivo de todos os docen- 
tes com o ensino. 
Para tanto, faz-se necessário o diálogo in- 
terdisciplinar de educadores envolvidos com as 
questões da investigação e das necessidades da 
sociedade. Também é necessário que o graduan- 
do seja orientado para desenvolver ou apri- 
morar atitude investigativa diante da 
realidade. Assim, este poderá ser 
mais consciente do seu papel de 
uNid Ade 1 • 21 
 
agente social, compondo as condições imprescindíveis ao seu desenvolvi- 
mento técnico-cientifíco e cultural e à sua formação cidadã e política. 
Como parte de um ensino universitário de qualidade é fundamental, 
ao lado das boas condições de infra-estrutura e de salário condizente com 
as suas responsabilidades e efetiva dedicação ao ensino, um bom conheci- 
mento sobre a sua área de formação, que ele também tenha domínio dos 
conteúdos da sua disciplina e saiba fazer as interfaces com as disciplinas 
correlatas, dentre outras competências. 
Assim, a integração ensino, pesquisa e extensão apresenta-se, em qual- 
quer sentido, como um princípio acadêmico da instituição e deve fundamen- 
tar-se em vários princípios norteadores: 
• No contexto da graduação, o ensino pode e deve ser gerador de pro- 
jetos de pesquisa e de extensão e, da mesma forma, a pesquisa e a 
extensão podem e devem retroalimentar o ensino; 
• os docentes devem aliar o incentivo à qualificação para o ensino, 
para que os alunos de graduação se envolvam com projetos de pes- 
quisa propostos pela IES ou pelos docentes, o que criará uma prática 
de atitude reflexiva e de comportamento investigativo em sala. 
• o reconhecimento da interação entre as ações acadêmicas e o de- 
senvolvimento social farão a conexão da graduação com o mundo do 
trabalho e com a inserção profissional dos discentes. 
 
1.3 O DESAFIO DA PESQUISA NA ERA DA PÓS-MODERNIDADE 
 
Neste livro, não discutiremos a questão teórica ou histórica que cerca o 
tempo atual, chamado por muitos historiadores e sociólogos de pós-moder- 
nidade. Mas o que destacamos é que a sociedade atual vive um momento 
de desencantamento generalizado, e por causa disso, temos perdido muito 
de nossa reflexão crítica e, rapidamente, estamos nos esvaziando de alguns 
fundamentos. 
O pós-guerra inseriu a humanidade numa espécie de “cansaço” ideoló- 
gico e racional. O que nos restou foi a superficialidade, a individualidade e a 
desconstrução de teorias e abordagens clássicas e modernas. Mesmo assim, 
o mundo continua exigindo muito de cada um. Em todos os setores da so- 
ciedade houve muitas mudanças, novas tecnologias e novos paradigmas. 
Z 
22 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
 
 
ygmunt Bauman é um dos sociólogos 
mais aclamados da atualidade. Suas 
críticas e seus livros rendem milhares de 
reflexões acerca da condição humana na 
pós-modernidade. qual é o ponto essen- 
cial disso tudo? Há um ponto essencial? 
A importância de Bauman vai além de 
suas aparições na mídia nos últimos 
anos. Zygmunt Bauman é autor de diver- 
sos livros que tentam interpretar o mo- 
mento cultural e a estrutura social que 
vivemos atualmente. Declaradamente 
um crítico da pós-modernidade, os livros 
de Bauman ultrapassam as esperanças 
com o presente e fazem dele um campo 
de lutas mais invisíveis. Lutas e coerções 
que acabam parecendo liberdade, que 
parecem livre-escolha. 
A importância de Bauman está na inter- 
pretação da fluidez dos tempos pós-mo- 
dernos. Bauman é duro nesse aspecto, 
declara-se um sociólogo crítico e recusa 
o rótulo de “pós-modernista”. Para ele, 
“pós-modernista” é aquele que reproduz 
a ideologia do pós-modernismo, que se 
recusa a qualquer tipo de debate, que re- 
lativiza a vida ao máximo e que, dentro 
dessa superrelativização, não consegue 
estabelecer críticas e nem formar regras 
para guiar a sociedade. Pós-modernista é 
aquele que foi construído dentro de uma 
condição pós-moderna, ele a reproduz e 
é constituído por ela. 
Fonte: http://obviousmag.org/ 
archives/2014/01/a_critica_de_ 
zygmunt_bauman_a_pos-modernidade. 
html#ixzz3kz5j0pqm (texto adaptado) 
 
 
Diante disso, a pesquisa deverá exercer um papel diferencial, pois este 
mundo está em permanente mudança, ainda que se exija aprimorá-lo, e 
com alta velocidade. Para compor ainda mais esse quadro, há um bombar- 
deio de informações em todos os cantos. Seja por internet, seja por outros 
meios midiáticos, as informações que surgem a cada segundo padecem, em 
grande maioria, de credibilidade, de recriação e de ressignificação. 
Na pós-modernidade, vivemos uma série de contradições e desafios. Ao 
mesmo tempo em que crescemos em tecnologia, em conquistas espaciais, 
em grandes reformulações da comunidade científica, padecemos na ques- 
tão ambiental, nas questões sociais, nas inadimplências com um mundo 
sustentável, nas questões climáticas, na distribuição de renda, na injustiça 
social, dentre outros déficits. 
A pesquisa séria, promovida pelas universidades e faculdades, pode ser 
http://obviousmag.org/
uNid Ade 1 • 23 
 
uma grande estratégia de mudança, de abertura de novos horizontes e de 
novas possibilidades. O já conhecido pode ser reelaborado, o descoberto 
pode ser melhorado, o já alcançado ainda não encerrou suas buscas, a reali- 
dade pode ser repensada e melhorada. Nesse aspecto, o olhar crítico poderá 
ser um grande aliado. 
Em tal cenário, os centros de ensino superior poderão impulsionar e mo- 
tivar jovens e adultos estudantes no processo de recuperação, de libertação 
e de transformação. O mundo globalizado exige novas posturas, novas men- 
talidades e novos conceitos. E somente os países que exigirem e investirem 
no conhecimento e nas pesquisas poderão avançar. 
Em um mundo marcado pela exclusão social e pela alienação cultural, a 
pesquisa científica promovida nos cursos superiores pode promover emanci- 
pação cultural e científica. Nesta época, exige-se dos alunos que façam uma 
boa formação acadêmica, e isso não se limita ao dia-a-dia de uma sala de 
aula. é mais do que o ato de assistir a aulas, fazer os trabalhos acadêmicos 
e realizar as avaliações propostas. Ao alunode graduação, assim como aos 
dos cursos de pós-graduação, é exigido que se preocupe continuamente 
com o enriquecimento da formação. Uma boa forma de começar é participar 
de eventos científicos, realizar estágios, ler obras de interesse e artigos de 
boas revistas científicas, participar de grupos de pesquisa, publicar artigos 
em revistas especializadas, por exemplo. 
Acreditamos que na medida em que as instituições de ensino superior 
se propuserem a formar cientistas e pesquisadores, desde os primeiros anos 
da graduação, ela contribuirá com a consolidação de uma educação supe- 
rior de qualidade, pautada e marcada pela autonomia do indivíduo/cidadão 
e, com toda certeza, estará conectada com as exigências futuras da pós- 
modernidade. 
 
D e acordo com Hebling, nos dias de hoje a humanidade leva apenas dezoito minutos para dobrar o conhecimento acumulado. “Na primeira vez que isso 
ocorreu, foram necessários seiscentos anos de pesquisa. Assim, muito em breve, 
uma descoberta realizada no café da manhã já será obsoleta na hora do almoço” 
(HeBLiNG, 2006, p.4). 
24 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
 LEITURA COMPLEMENTAR 
 
A importância da metodologia 
para a construção do 
conhecimento científico 
Antes de tudo, vale destacar que o termo Metodologia significa “[...] es- 
tudo dos caminhos, dos instrumentos usados para se fazer ciência” (deMo, 
1995, p. 11). Ainda, segundo demo (1995), a metodologia é uma disci- 
plina que instrumentaliza quanto aos procedimentos a serem tomados na 
pesquisa, possibilitando acesso aos “caminhos do processo científico”, além 
disso, ela visa, também, promover questionamentos acerca dos limites da 
ciência sob os aspectos da capacidade de conhecer e de interferir na reali- 
dade. 
para severino (2007, p. 17-18) o trabalho científico 
[...] refere-se ao processo de produção do próprio conhecimento cien- 
tífico, atividade epistemológica de apreensão do real; ao mesmo tempo, 
refere-se igualmente ao conjunto de processos de estudo, de pesquisa e de 
reflexão que caracterizam a vida intelectual do estudante [...]. 
O conhecimento é importantíssimo para todos os segmentos da humani- 
dade, e tornou-se valioso, pois quem o domina pode ter acesso a inúmeras 
oportunidades. (teiXeiRA, 2010). 
Vieira et al. (2003) apontam que o conhecimento tomou proporções que 
vão além dos limites das instituições de ensino ou do que o professor pode 
dispor, podendo ser construído em várias formas e em diversos lugares. 
Frente a essa afirmativa há a necessidade de sistematizar o conheci- 
mento científico, pois a partir disso a metodologia começa a ser instituída e 
atrela a pesquisa ao seu pleno desenvolvimento. 
Nesse sentido, Severino diz que a pesquisa assume três dimensões na 
Universidade: 
De um lado, tem uma dimensão epistemológica: a perspectiva do co- 
nhecimento. Só se conhece construindo o saber, ou seja, praticando a signi- 
ficação dos objetos; [...] assume ainda uma dimensão pedagógica: a pers- 
uNid Ade 1 • 25 
 
pectiva decorrente de sua relação com a aprendizagem. Ela é mediação 
necessária e eficaz para o processo de ensino/aprendizagem. Só se aprende 
e só se ensina pela efetiva prática da pesquisa. Mas ela tem ainda uma di- 
mensão social: a perspectiva da extensão [...] (seVeRiNo, 2007, p. 26). 
Nesse contexto, a pesquisa assume papel importante, pois tanto o do- 
cente, quanto o estudante farão uso da pesquisa para aprimorar, pôr em 
prática e construir conhecimento de maneira significativa. severino (2007, 
p. 25-26) diz que o “professor precisa da prática da pesquisa para ensinar 
eficazmente; o aluno precisa dela para aprender eficaz e significativamente 
[...]”. 
segundo teixeira (2010), para que se alcance uma educação de quali- 
dade, ela deve estar atrelada ao conhecimento. Dessa maneira, será possível 
a construção do conhecimento voltado para uma educação comprometida e, 
realmente, construtiva. 
Portanto, compete aos professores e estudantes, através da prática de 
pesquisa, proporcionar a sociedade novos conhecimentos com a finalidade 
de torná-la padrão na praxe do ensino superior e nas demais modalidades 
de ensino (principalmente no ensino médio), o que certamente facilitaria, 
significativamente, a vida do ingressante de ensino superior. 
 
 
A missão do estudante num 
contexto universitário 
Ao ingressar na universidade o estudante depara-se com situações pou- 
co comuns a sua realidade, até então. A partir disso, é necessária uma ade- 
quação, por parte do estudante, ao novo ambiente. para severino (2007, 
p. 37), no ensino superior os bons resultados do ensino e da aprendizagem 
dependerão em muito do empenho pessoal do aluno no cumprimento das 
atividades acadêmicas, aproveitando bem os subsídios trazidos seja pela 
intervenção dos professores, seja pela disponibilidade de recursos pedagó- 
gicos fornecidos pela instituição de ensino. 
teixeira (2010), ao mencionar sobre as competências transversais do 
ofício do aluno, diz que o estudante precisa desenvolver três hábitos aca- 
G 
26 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
dêmicos: o de estudar, o de ler e o de escrever textos para torna-se atuante 
na sociedade. Isso servirá como requisito para que o estudante torne-se um 
pesquisador. 
O ato ou o hábito de estudar está diretamente ligado ao de aprender 
através de boas práticas de leitura e atenção às aulas, dando ao aluno 
a possibilidade de participar, interpretar e envolver-se no desenvolvimento 
de tais práticas. Sendo assim, deve-se aproveitar ao máximo as aulas em 
sala, pois “esse material didático científico deve ser considerado e tratado 
pelo estudante como base para seu estudo pessoal, que complementará os 
dados adquiridos através das atividades de classe” (seVeRiNo, 2007, p. 
43), além das leituras de bons livros que possibilitem atuação e/ou reflexão 
do estudante. 
Diante todo o exposto, quanto as suas atribuições, será necessário, para 
que obtenha sucesso na universidade, que o estudante se empenhe, pois 
dele serão exigidas responsabilidades condizentes do ensino superior e que 
superam as de suas experiências anteriores. 
 
Fonte: SANTOS, Alex Robson dos Anjos. A Importância da metodologia científica para 
estudantes no contexto universitário. Disponível em http://meuartigo.brasilescola.com/ 
educacao/importancia-metodologia-cientifica-para-estudantes-contexto-universitarios.htm. 
Acesso em 19/03/2015. 
 
 
 
DICA DE FILME 
ostaria de indicar-lhe um filme que poderá 
ajudar na reflexão sobre a importância da 
pesquisa na construção de um mundo melhor. 
 
O Óleo de Lorenzo - Dirigido por George Mil- 
ler. EUA: Universal Picture/Columbia Pictures, 
1992. 129 min. Nick Nolte e Susan Sarandon 
protagonizam este drama baseado em história 
real. Em uma das cenas, temos uma grande 
frase que merece nossa atenção: “Talvez não 
tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lu- 
tamos para que o melhor fosse feito... Não 
somos o que deveríamos ser, não somos o que 
iremos ser. Mas graças a Deus, não somos o 
que éramos.... 
http://meuartigo.brasilescola.com/
uNid Ade 1 • 27 
 
 RESUMO DO CAPíTULO 1 
 
Principais ideias vistas neste 
capítulo 
• os 3 grandes desafios da educação superior são: formar profissionais de 
qualidade, iniciar os alunos na prática científica através de métodos e 
técnicas; fomentar a conscientização político-social dos estudantes . 
• o conhecido “tripé” da universidade é: Ensino, que diz respeito ao pro- 
cesso de transmissão, articulação e exposição dos conteúdos e dos co- 
nhecimentos acumulados e adquiridos pela humanidade; Pesquisa, que 
diz respeito ao processo de construção e produção do conhecimento; e 
Extensão, que diz respeito ao processo de circulação e articulação do 
conhecimento produzido e estudado na academia dentro da sociedade. 
• A pesquisa, o ensino e a extensão se apresentam em 3 dimensões, res- 
pectivamente: a dimensão epistemológica- pois aponta para a cons- 
trução e os caminhos do conhecimento; a dimensão pedagógica - pois 
decorre de sua relação com a aprendizagem; e a dimensão social - pois 
trata de sua extensão e de sua contribuição com a sociedade. 
• Nos desafios da era pós-moderna, a pesquisa poderá ser uma grande 
estratégia de mudança, de abertura de novos horizontes e de novas pos- 
sibilidades. 
 
 
28 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
 AUTOATIVIDADE 
 
Com base nos textos lidos, responda 
1 Como a pesquisa poderá ajudar no processo de ensino-aprendizagem 
promovido pelas instituições de ensino superior? 
 
 
 
 
 
 
2 qual o papel do aluno em seu processo de ensino-aprendizagem? 
 
 
 
 
 
 
3 Como a pesquisa poderá contribuir com a formação de profissionais de 
qualidade e, ao mesmo tempo, com indivíduos que sejam conscientes de 
sua cidadania? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 
 
 
 
 
 
 
O ato de estudar 
 
A sabedoria, o sucesso e o conhecimento são produtos da perseverança 
e do aprendizado. Enfim, é preciso estudar, e estudar com qualidade. Toda 
ação humana requer disciplina, esforço e principalmente métodos adequa- 
dos, caso contrário será tortuoso e pouco produtivo. Aprender os métodos 
de estudo é condição imperativa para a eficiência da aprendizagem e para o 
afinamento da prática da pesquisa. 
Boa parte dos alunos que saem do 
ensino fundamental e do ensino médio 
não aprendeu e nem desenvolveu um 
método adequado de estudo. A maioria 
não foi bem orientada e não tem no- 
ções básicas sobre procedimentos de 
estudo, de pesquisa, de leitura e de re- 
alização de trabalhos acadêmicos. 
O propósito deste capítulo é ajudar 
com alguns princípios simples, mas 
práticos, sobre o ato de estudar e tudo que isso envolve na prática. Antes de 
tudo, que fique claro que saber como “estudar” também é um aprendizado. 
Com o tempo e com o exercício de bons hábitos, o progresso nos procedi- 
mentos de estudo e leitura vão se aperfeiçoando rumo à maturidade e à 
autonomia intelectual. 
Dessa forma, a metodologia científica deixa de ser apenas um monte de 
regras e normas a serem decoradas pelos alunos com o propósito único e 
final de realizarem uma prova, e passa a ser vista também como a oferta de 
instrumentos fundamentais para que os alunos atinjam seus objetivos. 
30 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
Eis, portanto, alguns princípios importantes para a maturidade e a auto- 
nomia intelectual, de acordo com severino (2008): 
 
Ao iniciar essa nova etapa de sua formação escolar, a etapa do 
ensino superior, o estudante dar-se-á conta de que se encontra 
diante de exigências específicas para a continuidade de sua vida 
de estudos. Novas posturas diante de novas tarefas ser-lhe-ão 
logo solicitadas. Daí a necessidade de assumir prontamente essa 
nova situação e de tomar medidas apropriadas para enfrentá- 
la. é claro que o processo pedagógico-didático continua, assim 
como a aprendizagem que dele decorre. No conjunto, porém, as 
posturas de estudo devem mudar radicalmente, embora explo- 
rando tudo o que de correto aprendeu em seus estudos anterio- 
res. Em primeiro lugar, é preciso que o estudante se conscientize 
de que [...] o resultado do processo depende fundamentalmente 
dele mesmo. Seja pelo seu próprio desenvolvimento psíquico e 
intelectual, seja pela própria natureza do processo educacional 
desse nível, as condições de aprendizagem [...]. A aprendiza- 
gem, em nível universitário, só se realiza mediante o esforço 
individualizado e autônomo do aluno. [...] é com o auxílio des- 
ses instrumentos que o estudante se organiza na sua vida de 
estudo e disciplina sua vida científica. [...] Dado o novo estilo de 
trabalho a ser inaugurado pela vida universitária, a assimilação 
de conteúdos já não pode mais ser feita de maneira passiva e 
mecânica como costuma ocorrer, muitas vezes, nos ciclos ante- 
riores. Já não basta a presença física às aulas e o cumprimento 
forçado de tarefas mecânicas: é preciso dispor de um material 
de trabalho específico de sua área e explorá-lo adequadamente 
(p.38,39). 
 
2.1 ORGANIZAÇãO 
Muitos alunos chegam ao ensino supe- 
rior sem nunca terem aprendido a organizar 
um plano de estudo. A desorganização tem 
um preço muito alto aos que dela sofrem. 
O mercado, a sociedade, as demandas des- 
te tempo corrido, demandam de todos um 
mínimo de organização em tudo que se pro- 
põe a fazer. 
Pessoas organizadas produzem mais 
e produzem com mais qualidade. A orga- 
uNid Ade 1 • 31 
 
nização é a chave do sucesso, tanto na vida acadêmica quanto na vida 
profissional. Por isso, o aluno deve fazer uma boa preparação criando um 
programa de estudo. 
Comece separando suas atividades e seu tempo. Se não programarmos 
o estudo, acabamos não estudando. E isso é certo, pois acontece mesmo 
com uma grande maioria. Na correria da vida, sempre surgirá algo mais 
importante na hora. Sempre algo do quadrante “urgente” aparecerá para 
lhe tirar do foco e do propósito. Para que isso não aconteça e você possa 
priorizar o mais importante, crie uma agenda semanal com as atividades 
principais que não possam ser mexidas, como o horário da faculdade, o 
horário do trabalho, o horário da academia, etc. 
Ao organizar sua agenda fixa, você verá que sobrará muito espaço vazio, 
e é aí que serão encaixados os estudos. Organize seu tempo. A partir dessa 
organização você observará que tudo fluirá muito melhor. A desorganização 
traz uma sensação de que tudo está atrasado, revirado e confuso. Essa de- 
sorganização é, antes de tudo, mental e emocional. Somente depois é que 
se torna algo real. 
 
DICAS PARA A ORGANIZAÇãO DOS ESTUDOS 
 
• organize um local para seus estudos. escolha um local limpo e bem ilu- 
minado; 
• organize a ordem de disciplinas a serem estudadas em cada dia. o ideal 
é estudar uma matéria diferente a cada dia; 
• organize-se para estudar o conteúdo das aulas antes e após as aulas. 
Isso lhe colocará em exposição mais frequente ao conteúdo, o que lhe 
ajudará melhor na memorização, na reflexão e no aprendizado. 
• organize um mapa de conteúdos a serem estudados. solicite ao professor 
que lhe forneça o Plano de Ensino da Disciplina que contém o conteúdo 
programado para a disciplina; 
• organize a prioridade de estudos conforme seu grau de dificuldade. Gaste 
mais tempo nas matérias de maior importância pra você e que lhe apre- 
sentam uma dificuldade mais acentuada; 
32 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
• organize seu tempo. A escolha de um horário fixo ajudará muito no pro- 
cesso de adaptação e na criação e manutenção do hábito. Horários alea- 
tórios ou muito diferentes podem facilitar o aborto dos estudos. Criar um 
hábito demora certo tempo, mas depois dos primeiros dias, ficará mais 
fácil; 
• estabeleça prazos e metas. crie prazos que lhe ajudem a alcançar suas 
metas dentro de seu plano de estudo; 
• seja fiel aos planos e à sua agenda. distrações com coisas pequenas e 
não importantes, ao que chamamos de “urgência do apagar fogo”, tenta- 
rão tirá-lo de seu foco. 
 
2.2 DISCIPLINA 
 
Você é disciplinado? caso positivo, parabéns! continue assim, pois des- 
sa formavocê só tem a ganhar. Se você não é disciplinado, não desanime, 
ainda há tempo para desenvolver essa virtude. A virtude da disciplina é a 
marca daqueles que venceram ou estão na rota do sucesso acadêmico e 
profissional. Muitos alunos alegam não terem tempo para estudar. Na verda- 
de, todos têm, o que falta é disciplina de tempo. Se começarem a registrar 
o tempo que gastam com afazeres triviais, 
sem importância ou não prioritários, ficarão 
assustados com o “desperdício”. 
A disciplina é o grande combustível de 
todo processo. Disciplina de tempo, discipli- 
na nos estudos, disciplina na sala de aula, 
disciplina emocional, o que muitos chamam 
de “foco”. Normalmente encontramos pes- 
soas muito ocupadas e, ao mesmo tempo,muito produtivas. O segredo da maioria de- 
las é a disciplina pessoal. 
A vida acadêmica exige disciplina, caso 
contrário, você perderá muito tempo e inves- 
timento naquilo que se propõe a fazer. Al- 
guém disse que há um tempo mínimo para 
uNid Ade 1 • 33 
 
a consolidação de um novo hábito, que é de 40 dias. Acreditamos que a 
disciplina pode ser aprendida e exercitada ao longo da graduação. quanto 
mais disciplinado, mais longe você pode chegar. Não é a velocidade do iní- 
cio que conta, mas a disciplina em perseverar sempre, em perseverar com 
qualidade e em perseverar até o fim. 
Pode parecer um fardo para alguns a ideia de ficar em casa estudando 
enquanto há tantas outras coisas mais divertidas para se fazer. Entenda que 
os benefícios a longo prazo compensam qualquer pensamento, inclusive o 
de que seja um sacrifício. A verdade é que a disciplina e a organização po- 
dem fazer com que você aproveite melhor o seu tempo e não deixe de fazer 
absolutamente nada daquilo que gosta de fazer. 
 
O psicólogo Miguel Lucas nos dá a seguinte direção em seu artigo Exer- 
cícios para melhorar a sua força de vontade e autodisciplina: 
 
Ter força de vontade significa sermos capazes de fazer o que 
devemos de forma intencional, vencendo as dificuldades e/ou os 
estados de ânimo. A força de vontade estabelece uma relação 
muito forte com a motivação. Motivação, é ter um motivo para 
a ação, esta ação terá tanto mais ímpeto quanto mais disciplina 
você tiver. Juntando os conceitos: a força de vontade utiliza a 
motivação que temos para a ação, a ação é tanto mais orientada 
quanto mais disciplina for colocada na persecução do objetivo 
a alcançar. 
 
Não é preciso grande força de vontade para fazer coisas praze- 
rosas como divertir-se ou ficar deitado sem fazer nada. Pois à 
nascença todo o ser humano traz já no seu repertório uma ten- 
dência natural para a adaptação hedónica (adaptação natural a 
acontecimentos considerados positivos e prazerosos). por isso a 
força de vontade pode ser considerada uma virtude preponde- 
rante na nossa vida, esta virtude destaca-se porque permite-nos 
realizar aquilo que naturalmente não é fácil, mas que necessita 
de grande esforço, dedicação e trabalho da nossa parte. De uma 
forma geral, quem na sua vida tem um elevado grau de força 
de vontade, destaca-se dos outros, é apreciado e admirado pela 
capacidade de orientar e governar a sua vida. 
 
REFORÇAR A FORÇA DE VONTADE 
No reforço e prática da força de vontade valem todos os pe- 
quenos esforços: Por exemplo quando se trata de terminar a 
34 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
obrigação apesar do cansaço, de estudar a matéria que nos cus- 
ta, recolher o que está fora do lugar, vestir-se apropriadamente, 
levantar da cama apesar da falta de vontade, tudo isto pode ser 
um excelente exercício de força de vontade na vida quotidiana. 
Encaminhamo-nos passo a passo a grandes conquistas pesso- 
ais, pela força do hábito de nos forçar a criar rotinas que depen- 
dem da nossa disciplina mental (controlo do que queremos pela 
ação da vontade própria). Aos poucos vamos forjando pela força 
de vontade um caráter que atua de forma coerente com aquilo 
com o qual nos propomos. 
 
NãO PARE NO FRACASSO 
quando fracassamos não devemos parar no fracasso. podemos 
ter fracassado porque não nos empenhamos bastante, ou por- 
que criamos uma expectativa irreal sobre um determinado curso 
de ação, lugar, coisa ou pessoa. E quando essas pessoas ou 
circunstâncias nos desapontam pensamos que fracassamos de 
alguma maneira. Mas os fracassos ou desencantos devem ser 
vistos como uma ótima oportunidade para aprendermos sem 
nunca nos determos neles mais que o necessário para perspec- 
tivarmos novas formas de obter o que desejamos. 
 
O fracasso que na grande maioria das vezes tememos enfrentar 
e aceitar, é o que nos impede de nos realizarmos como pessoa, 
de realizar o nosso projeto de vida. Persistir, recomeçar ou em- 
penhar-nos mais da próxima vez, essa deve ser sempre a nossa 
lição nos pequenos fracassos, porque nunca deixamos de olhar 
o objetivo maior, por ficarmos com o olhar preso no obstáculo 
que caiu mais atrás, nunca deixamos de nos focar intencional- 
mente na reta da meta. 
 
Adaptando uma perspectiva otimista, não interessa as vezes que 
caímos, mas sim aquelas que estamos dispostos a levantarmo- 
nos. Às vezes os fracassos despertam novas potencialidades, 
possibilidades e oportunidades, e até por vezes algumas das 
nossas forças escondidas. 
 
Com relativa facilidade, podemos deixar-nos levar pelo estado de 
ânimo do momento, deixando de fazer as coisas que deveríamos 
(aquelas que achamos ser boas para nós e desejamos alcançar), 
porque é grande o impulso para nos dedicarmos às coisas das 
quais obtemos prazer de forma fácil, rápida e sem necessidade 
de termos qualquer habilidades ou competência. 
uNid Ade 1 • 35 
 
MUNDO DE POSSIBILIDADES 
Vivemos numa época em que a competitividade se tornou fe- 
roz, em que a mudança é certa, somos forçados diariamente 
a constantes adaptações. Por tudo isto reconheço que querer 
concretizar determinados objetivos, pode tornar-se num calvário 
repleto de obstáculos, dificuldades e desilusões. Em contrapar- 
tida, nunca vivemos numa época em que existisse tantas pos- 
sibilidades. O mundo está repleto de possibilidades para todos, 
a informação e a educação estão cada vez mais acessíveis no 
mundo global. Talvez escolher entre tantas oportunidades e pos- 
sibilidades se torne só por si uma tarefa de Hércules. é aqui que 
a força de vontade e disciplina mental se tornam fundamentais. 
Desenvolver e trabalhar estas áreas é um caminho para nos 
munirmos de “armas” para combater as dificuldades que inevi- 
tavelmente se nos deparam na vida. 
 
SABER AQUILO QUE GOSTAMOS E QUEREMOS 
é preciso estarmos atentos ao que nos rodeia, e tentar perceber 
onde é que as nossas paixões se podem encaixar, onde é que 
as nossas melhores habilidades e competências podem surtir 
melhores resultados. Aliado a tudo isto, e mais importante que 
qualquer coisa, é necessário conhecer e reconhecer aquilo que 
gostamos, e que queremos estabelecer como objetivo. Aquilo 
que nos faz sentir bem, no qual nos possamos sentir como peixe 
na água. Este caminho de descoberta, pode ser o nosso maior 
aliado tornando-se num facilitador de vida. Saber do que gos- 
tamos, conhecer as nossas forças e virtudes, as nossas capaci- 
dades e como colocá-las em ação, é meio caminho para sermos 
bem sucedido nos objetivos que traçamos. 
 
TRAVAR OS IMPULSOS 
Para melhorarmos a nossa força de vontade, devemos munirmo- 
nos da sua melhor aliada a auto-disciplina. A auto-disciplina é 
o companheiro da força de vontade, dotando-a com a resistên- 
cia para persistir em qualquer coisa que você faça. Ela confere 
a capacidade de suportar privações e dificuldades, seja física, 
emocional ou mental. Ela concede a possibilidade de rejeitar a 
satisfação imediata, a fim de obter algo melhor, mas que exi- 
ge esforço e tempo. Esta capacidade está descrita no mundo 
da psicologia como uma componente primordial na inteligência 
emocional, que é a capacidade para adiar a recompensa. 
Todos nós temos no nosso mundo interior, impulsos inconscien- 
tes, ou parcialmente conscientes, que pontualmente nos levam 
a dizer ou fazer coisas que lamentamos mais tarde. Em muitas 
ocasiões, nós seres humanos não pensamos devidamente an- 
36 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
tes de falar ou agir. Ao desenvolver estes dois poderes, a força 
de vontade e auto-disciplina tornamo-nos conscientes da nossa 
vida interior, dos nossos impulsos subconscientes, ganhando as- 
sim a capacidade de os rejeitar quando não são bons para nós 
ou para os objetivos que queremos alcançar. 
 
Às vezes, você deseja ir dar um passeio, sabendo o quanto é 
bom para a sua saúde e como se sentirá muito bem com isso, no 
entanto,por vezes sente preguiça, e prefere ver tV. Você pode 
estar ciente do fato de que precisa mudar os hábitos alimentares 
ou parar de fumar, no entanto, não tem a força interior e persis- 
tência para mudar esses hábitos. 
 
SERÁ QUE ISTO LHE É FAMILIAR? 
quantas vezes você já disse: “eu gostaria de ter força de vontade 
e auto-disciplina”? quantas vezes você iniciou alguma coisa, 
para depois passado pouco tempo desistir? certamente todos 
nós já tivemos experiências como estas. 
 
Todos nós possuímos alguns vícios ou hábitos que desejaría- 
mos superar, como o tabagismo, ingestão excessiva de comida 
e álcool, a preguiça, a procrastinação ou falta de assertividade. 
Para superar esses seus hábitos ou vícios, é preciso ter força 
de vontade e auto-disciplina. Estas virtudes fazem uma grande 
diferença na vida de todos, promovendo a força interior, auto- 
domínio e determinação. 
 
Estes dois poderes ou virtudes, como quiser considerar, ajudam- 
nos a escolher o nosso comportamento e reações, em vez de 
sermos governados por elas. A implementação deles no nosso 
caráter não irá permitir que a vida se torne monótona ou aborre- 
cida. Pelo contrário, você vai sentir-se mais poderoso, responsá- 
vel por si mesmo, feliz e satisfeito. 
 
Quantas vezes você se sentiu muito fraco, preguiçoso ou com 
vergonha de fazer algo que você queria fazer? 
 
Você pode ganhar força interior, promover a iniciativa e a capa- 
cidade de tomar decisões e segui-las. Acredite em mim, não é 
difícil desenvolver estas duas potências. Se você for sincero con- 
sigo mesmo e estiver disposto a tornar-se mais forte, certamente 
vai ter sucesso. 
 
(fonte:disponível em http://www.escolapsicologia.com/10-exer- 
cicios-para-melhorar-a-sua-forca-de-vontade-e-auto-disciplina/) 
http://www.escolapsicologia.com/10-exer-
uNid Ade 1 • 37 
 
2.3 APROVEITAMENTO DAS AULAS 
 
Assistir a uma boa aula com um bom professor é muito importante no 
processo de aprendizagem. Porém, não é o fator mais decisivo em todo o 
processo de aprendizado e na formação. Muitos alunos colocam todo o peso 
de sua formação acadêmica na performance do professor, porém, esque- 
cem-se de que eles, os alunos, também são sujeitos de sua formação. 
O Educador brasileiro Paulo Freire, em suas obras, faz duras críticas ao 
tipo de educação em que o aluno é passivo em todo processo, deixando para 
o professor o polo ativo no processo. Foi o que ele chamou de “Educação 
Bancária”: 
 
[…] a narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educan- 
dos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a 
narração os transforma em “vasilhas”, em recipientes a serem “en- 
chidos” pelo educador. quanto mais vá “enchendo” os recipientes 
com seus “depósitos”, tanto melhor educador será. quanto mais 
se deixam docilmente “encher”, tanto melhores educandos serão. 
Desta maneira, a educação torna-se um ato de depositar, em que 
os educandos são os depositários e o educador o depositante. […] 
Na visão “bancária” da educação, o “saber” é uma doação dos que 
se julgam sábios aos que julgam nada saber […] Daí, então, que 
nela: o educador é o que educa; os educandos, os que são educa- 
dos […] o educador é o que pensa; os educandos, os pensados […] 
o educador é o que diz a palavra; os educandos, os que escutam 
docilmente […] o educador, finalmente é o sujeito do processo; os 
educandos, meros objetos. […] Se o educador é o que sabe, se os 
educandos são os que nada sabem, cabe aquele dar, entregar, le- 
var, transmitir o seu saber aos segundos. Saber que deixa de ser de 
“experiência feita” para ser de experiência narrada ou transmitida. 
(fReiRe, 1988, p.58,59). 
 
Ser sujeito significa participar 
de todo processo. O aluno não 
pode se permitir ser apenas recep- 
tor de uma boa aula narrada. Ele 
precisa engajar-se a partir do início 
da disciplina. Para que ele tire pro- 
veito das aulas, inclusive daquelas 
38 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
aulas que ficaram a desejar pelos professores, o aluno deverá, antes de 
tudo, preparar-se para a aula. Algumas dicas práticas para que isso acon- 
teça são: 
 
• tenha em mãos e acompanhe a ementa de cada disciplina. A ementa da 
disciplina contém os conteúdos a serem trabalhados no semestre. Nela 
também há informações sobre os textos, as obras e as leituras pertinen- 
tes àquela disciplina. 
• exponha-se ao conteúdo que será ministrado pelo professor antes da 
aula. Frequente a biblioteca, leia os livros propostos na ementa e busque 
outras fontes de informações sobre o assunto a ser tratado. Assim você 
levará suas dúvidas e sua contribuição para a sala de aula. 
• Durante a aula, desenvolva o hábito de fazer boas perguntas. Perguntas 
boas são perguntas consistentes, pertinentes e bem fundamentadas. Alu- 
nos que não estudam com antecedência, fazem perguntas rasas e sem 
fundamento. 
• Durante a aula, contribua com suas reflexões e seus apontamentos de 
estudo. Isso ajudará no desenvolvimento da aula e elevará o nível de dis- 
cussão e de reflexão propostos pelos professores. 
• Após a aula, faça revisões rápidas ainda dentro da semana. Isso ajudará 
no processo de fixação do conteúdo e de entendimento/redução das difi- 
culdades. Essa revisão poupará você de um desgaste em época de prova. 
Muitos alunos fazem revisão somente às vésperas de provas, o que não é 
muito produtivo. 
Se conseguir praticar essas dicas, consequentemente, estará se ex- 
pondo ao conteúdo em 3 tempos distintos: antes, durante e depois da 
aula. é muito provável que isso aumente seu rendimento e facilite seu 
processo de aprendizagem, colocando-o à frente de muitos outros que 
apenas “assistem às aulas” e, ao final do período, desgastam-se em ho- 
ras intensas de estudo. 
uNid Ade 1 • 39 
 
2.4 APROVEITAMENTO DAS LEITURAS 
 
uma boa formação acadêmica precisa atentar-se para este preceito: “é 
PRECISO LER, LER MUITO e LER BEM”. 
o filósofo inglês francis Bacon (1561-1626) é autor de uma conheci- 
da frase nesse sentido: “A leitura torna o homem completo; a conversação 
torna-o ágil, e o escrever dá-lhe precisão”. 
Martins nos aponta para a seguinte consideração em O que é leitura?: 
 
Seria preciso, então, considerar a leitura como um processo de 
compreensão de expressões formais e simbólicas, não impor- 
tando por meio de que linguagem. Assim, o ato de ler se refere 
tanto a algo escrito quanto a outros tipos de expressão do fazer 
humano, caracterizando-se também como acontecimento histó- 
rico e estabelecendo uma relação igualmente histórica entre o 
leitor e o que é lido. [...] As inúmeras concepções vigentes de 
leitura, grosso modo, podem ser sintetizadas em duas caracte- 
rizações: 
 
1 - Como uma decodificação mecânica de signos linguísticos, por 
meio de aprendizado estabelecido a partir do condicionamento 
estímulo-resposta (perspectiva behaviorista-skinneriana); 
 
2 - Como um processo de compreensão abrangente, cuja dinâ- 
mica envolve componentes sensoriais, emocionais, intelectuais, 
fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos e 
políticos (perspectiva cognitivo-sociológica) (MARtiNs, 1994, 
p.30,31 ). 
 
Para produzir qualquer trabalho, realizar pesquisa, escrever bons textos, 
escrever adequadamente e ampliar o conhecimento, a leitura com qualidade 
deve ser o alvo de todo aluno determinado a vencer. 
elizabeth teixeira (2005) indica alguns princípios para aproveitar bem 
as leituras que fazem parte da vida acadêmica: 
• A primeira leitura deve apreender a ideia principal/central do texto. Nela, 
o leitor deve procurar identificar a fonte do texto, o autor. O texto deve ser 
lido inteiramente, sem marcações ou anotações. 
• A segunda leitura deve procurar os significados, os conceitos principais 
abordados, as ideias correlatas com a ideia central. Nessa leitura, o leitor 
40 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
fará destaques e sublinhará ou destacar apenas os trechossignificativos 
do texto. A autora sugere que nada seja anotado ainda. 
• A terceira leitura é como uma discussão com o autor do texto. Nesse 
nível, o leitor faz análises, comparações com seu pensamento e com 
os outros conteúdos já lidos. é o que a autora chama de interpretação 
autônoma, pela qual se compreende de forma crítica o autor lido ou a re- 
alidade observada. é neste nível que o leitor tem condições de contrapor, 
refutar, concordar, ampliar e caminhar com o autor. 
Outras dicas práticas para o aproveitamento no ato de leitura: 
• tenha dicionários específicos para entender os conceitos e as palavras 
que ainda não conhece. 
• identifique o estilo do autor, suas ideias, seus paradigmas principais. se 
possível, pesquise sobre as influências acadêmicas e autorais que esse 
autor recebeu. 
• faça perguntas e anotações no texto. 
• se o autor ou texto em questão é de difícil entendimento, não desista. 
Muitas vezes será necessário refazer a leitura várias vezes. Ler uma rese- 
nha já publicada pode ajudar. Mas cuidado para não ser direcionado pelo 
resenhista; tenha suas próprias opiniões. 
• destaque a tese principal, os argumentos principais, a metodologia que 
o autor utiliza, seus fundamentos teóricos e suas conclusões. 
• tente montar um diagrama de síntese (conforme os descritos em nossos 
cadernos - síNtese dA uNidAde). isso ajudará a ter um visão mais 
geral e mais ampliada de todo o conteúdo. 
• Arquive sua leitura fazendofichamentos, resumos e/ou resenhas. em ou- 
tro momento, estudaremos as formas mais adequadas para fazer esse 
tipo de arquivamento de leitura. 
uNid Ade 1 • 41 
 
 PARA REFLETIR 
 
Leitura é alienação? 
O PRAZER DE LER: SOBRE LEITURA E BURRICE 
 
Ler pode ser uma fonte de inteligência. Freqüentemente é uma fonte de 
emburrecimento. Muitas, pessoas, inteligentes por nascimento, ficaram 
burras por excesso de leitura. Essa afirmação contraria aquilo que os pro- 
fessores dizem e fazem. Eles acreditam que livros, quanto mais, melhor. 
E a partir desse princípio, emprestado por analogia da antiga etiqueta 
culinária mineira, obrigam os seus alunos a ler lista infindáveis de livros 
- provas da seriedade de seu saber e do rigor de seus cursos: Na antiga 
culinária mineira era assim: vinha a dona da casa e enchia o prato da 
gente - e a gente comia com prazer. 
 
Aí, quando o prato estava raspado e limpo, a gente feliz com a barriga 
cheia, vinha ela com outra concha cheia e, sem pedir licença, reenchia 
o prato vazio que a gente era obrigado a comer. Essa prática se baseava 
em duas pressuposições. A primeira dizia que os estômagos são muito 
maiores do que parecem. A Segunda dizia que as pessoas sempre querem 
comer mais, e não o fazem por acanhamento. “Livros, quanto mais, me- 
lhor” é tão verdadeiro quanto “comida, quanto mais, melhor”. 
 
Nietzsche disse que leva muito tempo para a gente ter coragem de dizer 
o que sabe. Faz muito tempo que sei que o excesso de leitura faz mal 
para a inteligência, mas nunca me atrevi a dizê-lo. Tinha medo de ser 
condenado à fogueira. A coragem me veio quando descobri um aliado: 
um livrinho muito pequeno - pode ser lido em meia hora -, Sobre livros e 
leitura. Autor: Arthur Schopenhauer. Como ninguém se atreverá a acusar o 
filósofo inimigo da leitura e do pensamento, transcrevo o que ele escreveu: 
“quando lemos, outra pessoa pensa por nós: só repetimos o seu processo 
mental. Durante a leitura nossa cabeça é apenas o campo de batalha de 
pensamentos alheios”. 
 
Em outras palavras: ler é um exercício de alienação. Alienação é a pala- 
vra que os ativistas políticos de eras passadas cobriram de excrementos. 
Nome feio e malcheiroso. Foi identificada com um estado no qual a pessoa 
não tem consciência do que está acontecendo no mundo em que vive, o 
oposto da tão louvada “consciência crítica”, expressão obrigatória em todo 
o documento sobre educação. A palavra vem do latim, alius, “outro”. O 
alienado é uma pessoa que está fora de si, caminha num mundo que não é 
o seu; é de outro. Para ler é preciso fazer “parar meu mundo”. Se o mundo 
42 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
que me é próprio não for “desligado”, não poderei entrar no mundo que 
se encontra no livro. Abro o livro. Desligo meu mundo. Começo a leitura. 
Entro num mundo que não é meu; é de outro. 
 
A alienação é uma das fontes do prazer da leitura. Por meio dela sou ca- 
paz, ainda que por um curto espaço de tempo, de sair de minha realidade 
e viver a realidade do outro. Ainda ontem, relendo a parte final do livro 
Zorba, comecei a chorar. O feitiço da leitura faz com que eu me esqueça 
de meu mundo e me transporte para o lado de Zorba. Esse exercício vo- 
luntário de alienação é parte da boa saúde mental, e quem não consegue 
fazê-lo é porque está meio enlouquecido. 
 
Mas aquilo que é remédio, no varejo, vira veneno, no atacado. Schope- 
nhauer continua: “ Daí se segue que aquele que lê muito e quase o dia 
inteiro, e que nos intervalos se entretém com passatempos triviais, perde, 
paulatinamente, a capacidade de pensar por conta própria. Porque quanto 
mais lemos menos rastro deixa no espírito o que lemos: é como um quadro 
negro, no qual muitas coisas foram escritas, uma sobre as outras. Assim, 
não se chega à ruminação: é só com ela que nos apropriamos do que 
lemos, da mesma forma como a comida não nos nutre pelo comer mas 
pela digestão”. 
 
ele continua: “é por isso que, no que se refere as nossas leituras, a arte de 
não ler é sumamente importante”. Por vezes, ao ver as listas de livros indi- 
gestos e sem sabor que os professores obrigam seus alunos a ler, tenho vi- 
sões infernais de um buffet imenso, centenas de pratos - que os alunos são 
obrigados a comer (digerir e assimilar é outra coisa. Via de regra a refeição 
acadêmica termina em vômito ou diarréia. o engolido é esquecido). 
 
“Esse é o caso de muitos eruditos: leram até ficarem estúpidos. Porque a 
leitura continua, retomada a todo instante, paralisa o espírito ainda mais 
que um trabalho manual contínuo, já que neste ainda é possível estar 
absorto nos próprios pensamentos”. 
 
Nietzsche pensava o mesmo. Eis o que ele disse no Ecce Homo: “Os eru- 
ditos, que hoje nada mais fazem que de dar livros (ir virando as páginas 
com o dedo), acabam por perder inteiramente a capacidade de pensar por 
eles mesmos. Enquanto vão lendo não pensam. Os eruditos gastam todas 
as suas energias dizendo Sim e Não na crítica daquilo que outros pensa- 
ram - eles mesmos não têm mais a capacidade de pensar. Vi com meus 
próprios olhos: pessoas bem-dotadas e com liberdade de espírito que, aos 
trinta anos, já haviam lido a ponto de se arruinar...” 
 
é um equívoco imaginar que a quantidade de livros lidos desenvolve a 
capacidade de pensar. Comida ingerida em grande quantidade prova per- 
uNid Ade 1 • 43 
 
turbações digestivas ou obesidade. Eruditos, com freqüência, são obesos 
de espírito. 
 
Livros lidos em grande quantidade provocam perturbações no pensamen- 
to. Borges, numa conferência sobre “O livro”, cita Sêneca, quem censura o 
dono de uma biblioteca de cem livros. “quem”, ele pergunta, “é capaz de 
ler cem livros?” Nietzsche, no mesmo espírito, diz que ele se contentava 
em ler poucos livros. e acrescenta: “uma sala de leitura (salas enormes, 
nas bibliotecas, onde se vai ler) me deixa doente”. 
 
Pelo que conheço das práticas escolares, esse é o resultado das leituras, 
nas escolas. Os alunos aprendem que as coisas importantes estão escritas 
em livros, e com isso eles são desencorajados de pensar seus próprios 
pensamentos. Pesquisar é fazer resumos dos artigos da Barsa. Num tra- 
balho acadêmico, tudo o que o aluno diz tem de ser confirmado por aquilo 
que outro disse num livro - um nome e uma data entre parênteses. Os alu- 
nos terminam por pensar que a educação é parar de pensar seus próprios 
pensamentos e pensar os pensamentos de outros - pelos quais elesnão 
têm o menor interesse. Valendo-me das metáforas culinárias, atrevo-me 
a dizer, com freqüência, as chamadas avaliações escolares (as provinhas) 
são ocasiões pós-refeição em que provocam vômitos intelectuais nos alu- 
nos, para verificar se o vomitado é idêntico ao que foi engolido. 
 
Eu me alimento de alguns livros diariamente: eles podem ser maravilho- 
sos. Mas é preciso que sejam comidos com prazer para fazer bem à inte- 
ligência. E note que “prazer” não quer dizer “facilidade”. Existe um prazer 
imenso em escalar uma montanha...Livros comidos com prazer são livros 
a serem ruminados pelo resto da vida. Livros não-ruminados são livros 
esquecidos. Não entraram no sangue, não viraram carne. Mas ruminação 
é virtude que se deve aprender com as vacas. Rumina-se num tempo de 
vagabundagem, de paciência e pachorra, tempo quando não se pasta. 
Mas essas são virtudes que os educadores não conseguiram incluir em 
suas pedagogias e psicologias. 
ALVes, Rubens. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. São 
Paulo: Ed. Loyola, 1999. 
44 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
 RESUMO DO CAPíTULO 2 
 
Principais ideias vistas neste 
capítulo 
• o ato de estudar requer organização, disciplina, proveito das aulas, pro- 
veito das leituras. 
• pessoas organizadas produzem mais e com mais qualidade. A organiza- 
ção é a chave do sucesso, tanto na vida acadêmica quanto na vida pro- 
fissional. Por isso, o aluno deve fazer uma boa preparação, e para tanto, 
precisa criar um programa de estudo. 
• A disciplina será o grande combustível de todo o processo de aprendi- 
zagem. é importante disciplinar o tempo, os estudos, as emoções e a 
vontade. 
• Ler antes da aula poderá ser um grande diferencial nos objetivos de uma 
formação acadêmica de qualidade. 
• para produzir bons trabalho, realizar pesquisas sérias, escrever adequa- 
damente e ampliar o conhecimento, a leitura com qualidade deve ser o 
alvo de todo aluno determinado a vencer. 
uNid Ade 1 • 45 
 
 AUTOATIVIDADE 
 
Com base nos textos lidos, responda 
1 o que você entendeu como “educação Bancária”? pesquise e reflita sobre 
a proposta de Paulo Freire, chamada por ele de “Educação Problematiza- 
dora”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 Ao ler o texto de Rubem Alves, O Prazer de Ler: Sobre Leitura e Burrice, 
o que lhe vem à mente sobre a questão da qualidade de leitura em rela- 
ção à quantidade de leituras que o estudante precisa cumprir? 
 
 
 
 
 
 
3 Faça uma lista de ideias, estratégias ou maneiras que um estudante pode 
usar para equalizar quantidade com qualidade de leituras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
 SíNTESE DA UNIDADE 1 
 
 
 
DIMENSãO 
EPISTEMOLÓGICA 
ExTENSãO PESQUISA ENSINO 
O TRIPÉ DA 
UNIVERSIDADE 
CONSTRUÇãO DO 
CONHECIMENTO 
DIMENSãO 
POLíTICA 
DIMENSãO 
PEDAGÓGICA 
uNid Ade 1 • 47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMPLIE O CONHECIMENTO NO AVA 
“Ambiente Virtual de Aprendizado” 
 
Links de textos complementares 
eNsiNo-pesquisA-eXteNsÃo: uM eXeRcício de iNdissociABiLidAde NA 
pÓs-GRAduAÇÃo 
www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n41/v14n41a06.pdf 
 
o Ato de estudAR NA VidA AcAdêMicA www.prac.ufpb.br/anais/iXenex/ 
iniciacao/.../4.../4CFTDCSAMT01.pdf 
 
 
Vídeos 
PAULO FREIRE - Importância do ato de ler 
https://www.youtube.com/watch?v=hgdnZdteBiu 
 
LeituRA do MuNdo, LeituRA dA pALAVRA - pAuLo fReiRe 
https://www.youtube.com/watch?v=-oAYsrs_oLe 
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n41/v14n41a06.pdf
http://www.prac.ufpb.br/anais/iXenex/
http://www.youtube.com/watch?v=hgdnZdteBiu
http://www.youtube.com/watch?v=-oAYsrs_oLe
http://www.youtube.com/watch?v=-oAYsrs_oLe
 
MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 2 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 
 
 
Fundamentos da Pesquisa Científica 
 
1.1 O PROCESSO DE CONSTRUÇãO DO CONHECIMENTO 
 
Em toda a história da humanidade, o homem é um sujeito construtor de 
conhecimento. Nada do que temos foi nos dado em uma única vez, e não 
está pronto e terminado. Essa é uma condição de nossa humanidade, ou 
seja, o homem, como ser racional e pensante, tem a capacidade de elabo- 
rar, discutir, ressignificar e construir conhecimentos. 
O conhecimento é de importância vital para a humanidade. A busca 
pelo saber deve ser constante e incansável. Neste capítulo, analisaremos 
esse processo, sua natureza, suas modalidades e sua dinâmica. 
etimologicamente, Vera Rudge Werneck define o processo de constru- 
ção do conhecimento assim: 
 
Considera-se como construção o ato de construir algo, e, como ato 
ou ação a terceira fase do processo da vontade. Ante um objeto que 
mobilize o sujeito vão ocorrer três etapas: a deliberação, a decisão e 
por fim, a execução. A ação é entendida como um processo racio- 
nal e livre decorrente, portanto, da inteligência e da vontade. Em- 
bora se possa falar em ato reflexo, ato instintivo e ato espontâneo 
como movimentos que partem do sujeito independentemente da 
sua vontade, percebe-se que nesses casos não se tem propriamen- 
te um ato, uma ação livre, mas apenas um movimento involuntário 
indeterminado. [...] Pode-se, portanto entender a construção do 
conhecimento como a constituição dos saberes que resulta da in- 
vestigação filosófico-científica (2006, p. ?).1 
 
1 FONTE: Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.14, n.51, p. 173-196, abr./jun. 2006. Disponível em 
www.scielo.br/pdf/ensaio/v14n51/a03v1451.pdf 
http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v14n51/a03v1451.pdf
52 • Métodos e téc Nic As de pesquis A 
 
Nessa definição, temos dois elementos fundamentais: o sujeito e o ob- 
jeto. O sujeito é o que conhece, daí chamado de sujeito cognoscente, e o 
objeto, o que será conhecido, também chamado de cognoscível. Ao sujeito, 
cumpre a tarefa de estudar, interpretar, analisar e estudar o objeto de seu 
estudo, a fim de entendê-lo e, ao mesmo tempo, ampliá-lo. Esse processo, 
na filosofia, é chamado de Teoria do conhecimento. O ser humano, ao ser 
incomodado pela dúvida, pela curiosidade ou pela necessidade, procura 
respostas, soluções e certezas, então o processo do conhecimento é ativado 
e nele prossegue. 
Assim, o homem transforma a natureza através de ações individuais e 
coletivas. Nesse processo, cada um compreende a sua cultura, tanto em 
relação ao presente quanto ao passado, e como membro da sociedade que 
historicamente o formou, ele vai transformando-a. 
Nesse diapasão, o filósofo Husserl diz: 
 
[O sujeito] deve, a partir disso, criar passo a passo, novos meios 
de compreensão. Deve, partindo do que é geralmente compre- 
ensível, abrir um caminho à compreensão de camadas sempre 
mais vastas do presente, depois mergulhar nas camadas do pas- 
sado que, por sua vez, facilitam o acesso ao presente (1980, 
p.113). 
 
O homem, ao buscar o saber, como sujeito, pode fazê-lo de várias for- 
mas, mesmo empiricamente, aprendendo a fazer sem compreender o nexo 
causal que dá origem ao fenômeno. por exemplo, dirigir um automóvel sem 
que tenha a compreensão do processo mecânico que sua ação desencadeia. 
Também pode simplesmente aceitá-lo, como ao aceitar um comportamento 
de fé, um ensinamento que lhe é transmitido sem nenhuma consciência de 
seu conteúdo, que é normalmente o caso das superstições, ou aquele que 
toma uma cápsula de remédio, acreditando que pode curar sua doença, 
sem ter o mínimo conhecimento da relação da substância contida na pílula 
com o seu mal-estar. Mas essas formas não podem ser classificadas como 
conhecimento científico. 
Na atualidade, há uma pluralidade de discursos científicos e teorias 
diversas sobre a ciência e seus processos. O que temos a partir disso é que 
cada saber científico tem seu próprio estatuto de cientificidade que deve ser 
considerado pelo aprendiz em específico. 
uNid Ade 2 • 53 
 
Mesmo assim, é pertinente que façamos algumas considerações de 
cunho teórico sobre o conceito de ciência.

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