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A Constituição Federal de 1988 encerra os panoramas históricos dos interesses 
local e translocal, desembocando em um período de transição o qual consiste na 
terceira e última parte deste Trabalho. 
Tal período caracteriza-se pela ascensão do Município à categoria de ente 
federado, levando a uma consequente necessidade de reformulação da prestação dos 
serviços públicos, como resultado da consolidação dos princípios da Administração 
Pública Gerencial. Os Consórcios Públicos Intermunicipais são reflexo de tal 
reformulação, pois a máxima centralização de competências administrativas em mãos 
da União, quando da prestação dos serviços públicos, não mais atendia de forma 
eficaz e adequada as necessidades da coletividade Municipal, trazendo a 
necessidade da implantação de novo modelo, o qual conjugasse os interesses locais 
no atendimento de matérias de sua competência material – os Consórcios Públicos 
Intermunicipais. 
Por ironia, foi o Decreto-Lei N° 200/67 (do período ditatorial - em seu art. 10°), 
o instrumento legal que deu suporte inicial para a reformulação dos pressupostos da 
Administração Pública, ao prever a descentralização administrativa. Assim, surgiu o 
Princípio da Adequação do Serviço Público37, positivado na Lei Federal N° 8987/1995, 
a Lei da Concessão e Permissão dos Serviços Públicos, (que viria a relacionar-se 
mais tarde com o Princípio da Eficiência, introduzido pela EC 19/1998), tendo por 
corolário o Princípio da Boa Administração, pedra de toque do Direito Italiano38. 
Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá ser 
amplamente descentralizada. 
§ 1º A descentralização será posta em prática em três planos principais: 
a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se 
claramente o nível de direção do de execução; (grifei) 
b) da Administração Federal para a das unidades federadas, quando estejam 
devidamente aparelhadas e mediante convênio; 
c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos ou 
concessões. 
 
37 “Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno 
atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo 
contrato. § 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, 
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.” 
BRASIL. Lei Nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Planalto. Disponível em: 
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987cons.htm>. Acesso em: 19 jul. 2015. 
38 BANDEIRA DE MELLO. Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 21ª Ed. São Paulo: 
Malheiros Editores, 2006. p. 118. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987cons.htm
 
Aos Consórcios Públicos Intermunicipais, aplica-se o disposto na alínea “a”, 
modalidade de descentralização denominada por serviços, funcional ou técnica39, pois 
ela ocorre no âmbito da própria Administração Pública, sendo para isso criada uma 
nova pessoa jurídica, de direito público e por meio de lei específica. 
Assim, os novos contornos da administração impuseram a descentralização de 
seus serviços como forma de resolver tal impasse o que, consequentemente, levou 
ao surgimento de pessoas jurídicas de direito público (Autarquias e Fundações) e de 
direito privado (Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista) para absorver 
a demanda40. 
Já sob a Carta de 1988, a Emenda Constitucional N° 19/98 introduziu o art. 
24141, tratando pela primeira vez, e em nível nacional, dos Consórcios Públicos, tal 
qual como hoje os conhecemos, cuja base está no Princípio da Eficiência, nos termos 
do caput do art. 3742: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer 
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá 
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, 
também, ao seguinte:” (grifei) 
Em que pese existisse a obrigação de Eficiência na prestação dos serviços 
públicos, bem como o comando constitucional do art. 241, faltava o diploma 
regulamentador de tal instituto. Em 2005, surgiu então a Lei Federal N° 11.107, de 06 
de abril de 2005, a Lei dos Consórcios Públicos e, posteriormente, seu Decreto 
 
39 DI PIETRO. Sylvia Zanella. Direito administrativo: atualizada com a reforma previdenciária – EC 
n. 41/03. 17ª Ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 350. 
40 DI PIETRO, op. cit.,. p. 351. 
41 “Art. 241. União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os 
consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão 
associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, 
pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.” (grifei) 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 19 jul. 2015. 
42 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 19 
jul. 2015. 
	Márcia Regina Zok da Silva
	Márcia Regina Zok da Silva

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